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DO DESTINO NINGU�M FOGE

UMA PROV�NCIA REMOTA
DA CHINA - 1947

Mais ch�, Padre?

N�o, obrigado, Sra. Sigman.
Estou bem assim.

Correu um grande risco ao
atravessar sozinho as montanhas.

Deveria ter esperado pela
caravana de comerciantes.

Estava ansioso por chegar � miss�o
o quanto antes, Dr. Sigman.

- O que foi celeste?
- Li Kwan est� morrendo.

Padre, sei que est� muito cansado.
Mas h� um moribundo na enfermaria,

est� agarrado � vida
esperando voc� chegar aqui.

A Scotty acredita que a alma dele
imortal est� em risco, Padre.

- Mas est�!
- Ent�o, Scotty?

Li Kwan tem 80 anos.

Um magn�fico exemplo da
sobreviv�ncia dos menos aptos,

mas n�o me digam que tenho de
levar a s�rio a sua alma imortal.

- Dave, querido!
- Desculpe, Scotty.

Quando terminar com ele, Padre, vou
gostar de lhe fazer uma aut�psia.

A minha mala perdeu-se quando
atravessava o rio,

bem como o c�lice, os �leos
sagrados, as minhas vestes...

Ele precisa muito da sua
b�n��o, Padre.

Onde est� esse homem?

Li Kwan...
O Padre O'Shea est� aqui.

Aben�oe-me, Padre.

J� passou muito tempo desde
a minha �ltima confiss�o.

Calma, velhote.
Calma.

Ele apenas rezava, Padre, para
ficar vivo tempo suficiente

para o senhor chegar aqui e estar
junto Dele no final.

Tinha muita f� e resist�ncia.

Lamento que n�o tenha recebido
a extrema un��o que esperava.

Podemos rezar, Padre?

Sim... Sim, claro.

Em nome do Pai, Filho, e do
Esp�rito Santo...

Pai nosso que estais no c�u,
venha a n�s o vosso reino

seja feita a vossa vontade assim
na terra como no c�u.

O p�o nosso
de cada dia nos dai hoje,

e perdoai-nos
as nossas ofensas,

assim como n�s perdoamos
a quem nos tem ofendido.

N�o nos deixeis cair em tenta��o,
mas livrai-nos do mal, Am�m.

Ave Maria cheia de gra�a,
o Senhor � convosco

bem dita sois v�s entre as mulheres
e bem dito � o fruto do vosso ventre

Jesus.

Santa Maria, m�e de Deus,
rogai por n�s pecadores

agora e na hora da nossa morte.
Am�m.

Bem... a Scotty
pagou a sua d�vida.

Vamos para casa.

Bom dia, Padre.
Vai rezar missa?

Missa?!
N�o.

Desculpe, ainda estava
um pouco sonolento.

- Como se chama?
- John Wong, Padre "Ochi".

Trato de tudo para o Padre, tomo
conta da casa, ajudo na igreja

�s vezes sou coroinha.

Aqui tem roupas limpas
e engomadas.

Tamb�m tenho uma lista.
Quer que a leia agora, Padre Ochi?

Sim...

Sim.
Leia a lista.

- 42 casamentos.
- O qu�?!

42 casamentos.
Muitos meses sem Padre.

- Estou vendo.
- 36 batizados. Deveriam ser mais.

Talvez agora apare�am mais.

Trinta e seis � um bom n�mero.
Que mais?

Muitos querem confessar-se,
seja r�pido.

O trabalho acumulou-se, n�o foi?

H� quanto tempo passou por aqui
a �ltima caravana de mercadores?

Foi j� h� muito tempo.

- Est� bem, John. Vou me vestir.
- Sim, Padre.

Ol�, bom dia.
J� vou a� com voc�.

Leve-o para a cl�nica para
acabar o exame.

Sente-se.

- Ainda bem que apareceu. Charuto?
- N�o, obrigado.

� a minha �ltima caixa.

Encomendei mais da costa,
isso se a caravana chegar aqui.

O John disse-me
que j� faz muito tempo

desde que a �ltima caravana
esteve aqui.

Exato.

Acho que lhe disseram
em Sinkiang

que recomendei
o fechamento da miss�o.

O que o bispo decidiu fazer?

Bem...

Eu teria vindo de t�o longe,

se o bispo tivesse decidido
encerrar a miss�o?

Vamos mant�-la aberta, claro.

O bispo est� errado.
A miss�o deveria ser fechada.

Viu a minha cl�nica.
Um �nico doente.

Com n�meros como estes � um
desperd�cio de tempo e dinheiro.

H� muito mais na miss�o do que
a sua cl�nica, n�o acha doutor?

Existe?
Veja...

Um dos nossos Padres morreu
num deslizamento,

o Padre Coleman, o seu predecessor
morreu de ataque card�aco.

Os Chineses acham que deve haver
algo de errado numa religi�o

que n�o consegue manter saud�veis
os seus sacerdotes.

E pensam o mesmo do meu hospital.

Por isso mant�m-se afastados.

N�o h� raz�o para manter
a miss�o aberta.

Mas o bispo n�o acha que as raz�es
terrenas sejam t�o importantes

como as espirituais.

� essa diferen�a entre
a minha profiss�o e a sua.

Eu tenho mais interesse
pelas coisas materiais

do que pensa, doutor.

Vamos ao que interessa, n�o se trata
apenas da minha cl�nica,

ali em cima, nas montanhas, h� um
senhor da guerra chamado Yang,

n�s estamos nos limites
do seu territ�rio.

O bispo falou sobre ele?

Sim, creio que sim.
Tudo o que percebi foi que

a pol�tica do Yang era a de
n�o interferir com a miss�o.

Soldados dele invadiram algumas
aldeias vizinhas.

Mas al�m do Yang, agora existe
um perigo pol�tico.

Disseram-lhe em Sinkiang quantas
miss�es foram obrigadas a fechar?

Eu... Creio que
n�o sei o n�mero exato.

Estou surpreso, Padre, que o bispo
o tenha enviado at� aqui

com t�o pouca informa��o.

Talvez ele n�o tenha
achado importante.

Essa resposta ofende-me. Somos
tr�s aqui com as vidas em risco;

a minha mulher, a enfermeira
americana, e eu mesmo.

A China est� a ser despeda�ada
pela guerra civil.

Acho que temos o direito de
saber sobre qualquer informa��o

que o bispo lhe deu.

O bispo e eu n�o somos exatamente
melhores amigos.

Isso era para ter gra�a?

Este lugar j� matou dois Padres.

N�o tenciono acrescentar-me
e � minha mulher

� lista de m�rtires, entenda isso.

Quando fa�o uma pergunta, espero
uma resposta civilizada,

n�o est� falando com um dos
seus paroquianos.

E voc� n�o est� falando com um
dos seus pacientes ind�genas.

N�o confie muito nessa batina,
Padre O�Shea.

Quer que a tire?

Bem... Acho que fui
um pouco brusco.

A minha mulher pediu-me que o
convidasse para jantar esta noite,

ela acha que j� deve estar farto
da comida chinesa.

Obrigado, estou mesmo.

Podemos continuar a discuss�o com
uma gota de algo "medicinal".

Estou ansioso por isso, doutor.

Bom dia.

Bom dia, Padre.

Eu ia � aldeia.

Mas se quiser visitar o hospital,
ficarei feliz em...

Isso seria muito interessante,
mas prefiro visitar a aldeia.

A aldeia tamb�m ainda n�o o viu.
Ser� um grande acontecimento.

Duvido muito.

H� muito tempo que n�o passeava
com uma mulher bonita.

Assusta sempre as pessoas
dessa forma, Padre?

Por qu�?

Nunca imaginei Padres
passearem com mulheres.

N�o nasci Padre, na verdade ainda
me lembro do dia em que

fui eleito o maior namoradeiro
da faculdade.

S�rio, Padre?

Onde morava nos Estados Unidos?

Columbus, Ohio.

Deve sentir-se solit�ria aqui.

Por vezes, mas a Beryl
e eu fazemos coisas juntas,

e h� sempre o meu trabalho.

- Beryl?
- A mulher do Dr. Sigman.

� fant�stica.

Aprendi muito com ela.

Lugar solit�rio para se exibir duas
mulheres incr�veis.

Est� sendo muito lisonjeador,
Padre O�Shea.

Eu n�o tenho nada de incr�vel.

� incr�vel, pelo menos para mim,
que voc� esteja aqui.

� uma longa hist�ria, Padre, e
provavelmente vou entedi�-lo com ela

um dia, se tiver a amabilidade
de me ouvir.

Eu disse-lhe que o senhor era uma
celebridade, Padre.

- Parece que sim.
- Bom dia, Shen Fu.

- Este � o Ben So Lin, Padre.
- Bom dia.

Esperamos muito pela sua chagada,
Shen Fu.

Estou muito feliz por estar aqui.

Este, Shen Fu, � o homem
mais velho da nossa aldeia,

pai de muitos filhos.

Quer a sua b�n��o.

Tamb�m quero a sua b�n��o.

Foi magn�fico.

Conhecia-os t�o bem.

Foi a coisa certa a fazer para
impressionar a aldeia.

Talvez magn�fico demais.

Os chineses adoram gestos desses,
voc� ver�.

Agora v�o encher a miss�o.

Isso deixar� o Dr. Sigman feliz,
ter� a cl�nica cheia e a miss�o

pode continuar aberta.

N�o fica feliz, Padre, por a miss�o
poder continuar aberta?

Onde leva aquela estrada?

- � aldeia n�mero 5.
- E a mais algum lugar?

N�o.

O Dr. Sigman disse-me que a caravana
de mercadores vem c� regularmente.

Costumavam vir. J� se passaram
meses desde a �ltima caravana.

N�o h� outro meio de transporte
at� � costa?

Tirando a caravana?

Receio que n�o.

Estou vendo...

Est� aqui preso, Padre O�Shea,
quer goste ou n�o.

Sim...
� o que parece, n�o �?

Desculpe interromper, Padre.

- Vim fazer a cama.
- N�o obrigado, John, eu...

eu mesmo trato da cama.

O Padre tem de visitar 6 aldeias
em breve, e conhecer pessoas.

- Tenho?
- Muito necess�rio,

hoje visitou uma aldeia e aben�oou
pessoas, Cristo morreu por todos.

Bem visto, John. Cristo morreu
por todos, sem favoritismos.

Vai rezar missa amanh�, Padre?

Bem, creio que n�o poderei celebrar
a missa amanh�, John.

Amanh�, Domingo,
ser� a 1� missa em Saint Mary

desde a morte do Padre Coleman.

Perdi uma mala no rio onde estavam
as minhas vestes e o c�lice

creio que temos de esperar
at� que as possa substituir.

A aldeia em peso estar�
na igreja amanh�.

Ter�o de esperar. Podem carregar os
seus pecados mais um pouco.

N�o, Padre "Ochi" errado.

Os pecados n�o podem esperar!

As pessoas est�o cansadas, j�
carregam os pecados h� muito tempo,

desde a morte do Padre Coleman.

Pesados. Padre "Ochi" levanta,

depois as pessoas
n�o ficam cansadas.

Ent�o o que sugere, John?

Padre "Ochi" prega serm�o forte.

Muito bem, vou providenciar
para que a par�quia

receba um serm�o extra forte
amanh�.

- Boa noite, John.
- Sim, Padre.

Serm�es selecionados

- Bom dia.
- Tem que ir.

O John Wong vai te
excomungar se voc� se atrasar.

- Perfume.
- Ainda tinha um pouco.

Para ir � igreja? Tamb�m est�
bonita, Anne.

Tecnicamente,
estamos na Primavera.

Claro, e o Padre O�Shea �
muito atraente.

Beryl, por favor.

Isso � sacril�gio, querida?

Mas ele �, sabia?

Parcialmente � dos seus olhos,
s�o magnificamente infelizes.

Beryl, por favor, n�o pode
falar assim.

Mas, querida, estou elogiando-o.

� um bom Padre ou n�o
estaria aqui nesta selva.

Mas o homem tem magnetismo.

E n�o tem nada que ver
com a batina que veste.

Olha, Beryl, o Padre O�Shea
� um sacerdote.

Sei que n�o � cat�lica, mas sabe
o que isso significa para mim.

N�o posso pensar nele como homem.

N�o devo.

Eu sei, entendo.

Agora deixou-me perturbada e
nem consigo pensar direito.

Sinto-me culpada por
ter-me vestido assim.

Claro, � Primavera.
Tamb�m fiz uns retoques

e n�o estava
pensando em deixar o Dave.

Meus amados, ensinei
a estranhos e peregrinos

a absterem-se dos desejos carnais
que lutam contra a alma.

� essa a vontade de Deus.

Fazendo o bem

emudecemos a ignor�ncia
dos homens insensatos.

Vivam como homens livres,

sem contudo usarem essa liberdade
como disfarce para a mal�cia

mas sim como servos de Deus.

Honrem todos os homens,

amem a fraternidade,

temam a Deus, honrem o Rei.

Acabei de ler a voc�s uma carta de
um grande amigo nosso, S�o Pedro.

O que faz aqui?

Fa�o o ch�.
Chinelos.

N�o, obrigado.

O Padre Coleman sempre bebia
ch� depois da missa.

Esquece.
N�o quero.

- Bom dia.
- Bom dia.

Desculpe, Padre, tive de vir ver
se estava bem.

Claro que estou.

Quer sentar-se?
Toma uma x�cara de ch�?

O Wong o fez com todo o carinho
de uma esposa.

- N�o, obrigada.
- Mulher para padre n�o � bom.

Obrigado por me lembrar.

Aquele homem...

O homem em quem bateu.

Era um estranho, n�o era?

Nunca o vi em nenhuma
das aldeias.

Cuspiu, e por instantes esqueci-me
que era Padre.

Est� desiludida comigo, n�o est�?

Viol�ncia n�o era exatamente o que
esperava do Padre O�Shea.

� dif�cil sermos sempre o que
esperam de n�s.

Sim, acabei de descobrir isso.

Anne, estou pensando em
fechar a miss�o.

Fechar a miss�o?

- Mas n�o pode fazer isso, Padre.
- E por que n�o?

Porque estas pessoas
precisam de um padre.

N�o mais do que as pessoas
de qualquer outro lugar.

N�o pode acreditar nisso.

Nem o Padre Coleman conseguiu
o que o Sr. conseguiu

- no tempo em que est� aqui.
- Eu n�o consegui nada.

Falei com o Dr. Sigman.

Ele acha perigoso continuar aqui
e tem raz�o.

Viu o que aconteceu
hoje no vilarejo.

A China est� tornando-se
num pesadelo, Anne.

Aqui estamos, os quatro,

o que estamos realmente
fazendo por estas pessoas?

Voc� enfia-lhes um term�metro
na boca para ver a febre

e eu cuido das almas.

- O senhor est� errado.
- Estou?

Ponho os alde�es na igreja

e prego-lhes
um serm�o sobre fraternidade

para depois sair e bater no primeiro
estranho que encontro.

Eu n�o perten�o a este lugar,
Anne, nem voc�.

O seu lugar � nos Estados Unidos.

Casada, criando uma fam�lia.

J� fui casada, Padre.

Sim...

Por isso estou aqui.

Ele era piloto, e caiu
em algum lugar por aqui.

Tinha a ideia est�pida e rom�ntica

que o Tom poderia ser trazido
para um hospital de miss�o

e eu seria enfermeira.

Agora sei que � in�til.

E mesmo assim ficou.

Que mais poderei fazer?

H� muito trabalho
a ser feito aqui.

Algu�m tem que faz�-lo.

Mesmo que falhemos, Padre,

estaremos sempre deixando
uma parte de n�s aqui.

O que estamos fazendo,
seja por que motivo for,

� o que � necess�rio ser feito
pelas pessoas destas aldeias.

Eles precisam disto,
de medicamentos e de ora��o.

E n�s temos para dar.

N�o, Padre. Mesmo que feche
a miss�o, eu fico.

Sozinha, se tiver que ser.

Estas pessoas significam
tanto assim para voc�?

Sim, Padre.

E ficar� aqui, apesar do perigo?

Sim, Padre.

Desculpe, n�o pretendia
fazer um discurso.

Adeus, Padre.

Sabe, Padre, as nossas profiss�es
n�o s�o assim t�o diferentes.

Tamb�m eu tenho a minha trindade:
Diagn�stico, progn�stico e cura.

A diferen�a � que a minha profiss�o
termina onde come�a a sua.

Que quer dizer?

Bem, por exemplo, h� um bar a
"Casa Amarela" na aldeia 1.

� propriedade de algumas
mulheres "famosas".

- N�o sabia disso?
- N�o, n�o sabia.

Mas existe, e � uma imundice.

Elas tiveram aqui
e tratei delas,

dei uma bronca
aos anci�es da aldeia,

mas � tudo que posso fazer.

Se essas mulheres s�o assim t�o m�
influ�ncia, porque n�o vai um pouco

mais longe e faz com que eles as
obriguem a abandonar o neg�cio?

Cheque.

Isso seria sair do meu campo.

A moral � o seu departamento, Padre.

Ent�o acha que, como Padre,
devo fazer alguma coisa?

N�o necessariamente.

Claro que o velho m�todo seria

o de apedrejar
essas mulheres at� � morte.

N�o foi assim que Cristo
lidou com o problema.

- Cheque.
- N�o, acho que n�o.

Mas o senhor parece
que prefere a a��o direta.

A minha mulher disse-me que bateu
num dos alde�es uns dias atr�s.

- N�o era um alde�o.
- N�o estou contra, Padre.

Gosto de ver um homem a ser violento
de vez em quando,

faz bem � circula��o.

Apenas me questionei sobre a t�cnica
que ir� usar nessas mulheres.

Bem, certamente que n�o irei
apedrej�-las. Cheque.

Quando decidir o que fazer, Padre,
avise-me, est� bem?

Acho que o peguei, Padre.

Ainda n�o.

Mate.

Bem, Padre, talvez o tenha
subestimado.

Vai ficar bom depressa, Mey Lo.

Mantenha-o quente,
como o m�dico te disse.

Obrigado, Shen Fu.

Shen Fu, Shen Fu!

Padre, tem de vir.

� um dia muito ocupado.

Indica o caminho, filho.

Este � o Shen Tin, Padre.

Vai andando.

O beb� nasceu morto, Shen Fu.

Deixem-nos a s�s, por favor.

Conte-me uma hist�ria, Padre.

Que hist�ria quer ouvir?

Sobre o est�bulo...

a m�e...

e S�o Jos�.

Bem,

havia uma mulher chamada Maria

deitada numa cama de palha,
num est�bulo.

esperando que o seu filho nascesse.

Ela morreu, Padre?

Sim.

Onde est� o marido?

Foi para a casa amarela, Padre.

Shen tin viu o filho nascer morto.

Agora vai ficar na casa amarela
a beber para esquecer a sua dor.

Devia estar aqui.

- Mostra-me o caminho, Dan.
- N�o � lugar para o Shen Fu ir.

- Indica-me a casa.
- � um lugar mau, Padre.

Pronto, Dan.
Volta para a aldeia.

Pao Chu morreu.

Eu amava-a, Shen Fu.

Creio que ela est� com algu�m que
a ama tanto quanto voc� amava.

Estou certo que onde est� agora,
Pao Chu est� feliz.

Acredita nisso, Padre?

Sim, acredito. Vamos.

Vamos embora, Padre. N�o h� nada
mais que possamos fazer aqui.

Malditas parteiras.

Se tivessem me chamado a tempo;
aquela crian�a n�o teria sido morta.

Velhas ignorantes e est�pidas.

Esta � a aldeia
mais atrasada de todas.

Quem disse que a ignor�ncia
� uma b�n��o

devia ser cozido em �leo fervente.

O rapaz disse-me que subiu a colina
at� � casa amarela, conseguiu algo?

- N�o se pode ganhar sempre.
- E vai deixar as coisas assim?

N�o me diga que a igreja
as abandonou, Padre.

A medicina n�o o fez.
Avan�a para onde estiver a luta.

Quando a medicina chegar ao ponto
de dizer que nunca teve que desistir

de nenhum caso, ent�o o senhor. pode
criticar a igreja por ter deixado

alguma doen�a espiritual por curar.

Gostaria que
o O�Shea bebesse.

� muito tenso.

Esta preocupa��o com o Padre
O�Shea � recente, n�o �?

Suponho que ele faz o seu
trabalho o melhor que pode.

Na China, n�o se pode pedir mais.

Mas tinha tanta certeza de que
havia algo estranho nele.

Posso ter me enganado.

N�o tenho tanta certeza disso.

Parece haver tanta coisa nele que
n�o combina com um Padre.

Outra vez a hist�ria do magnetismo?

Sim.

As mulheres n�o entendem
o celibato.

Os Padres s�o homens.

Isso � apenas vaidade feminina.

O sacerd�cio � tamb�m uma
condi��o, uma disciplina.

O O�Shea n�o v� nada mais importante
para ele do que ser Padre.

O que me preocupa � a sua sa�de.

Toda esta ten��o.

Matou o Padre Coleman.

Acende-me um cigarro,
est� bem, Dave?

H� algo mais que eu gostaria
que te preocupasse.

O qu�?

Acho que a Anne deveria ir
para casa.

A Scotty? O que tem ela?

Est� h� muito tempo na China.
Muito tempo nesta miss�o.

Ela me pareceu bem.

Parece?

Voc� � t�o simp�tico, e cego.

Est� toda derretida por dentro.

- Por qu�?
- Pelo Padre O�Shea.

N�o sabe do que est� falando.

Ser� que n�o?

Isso n�o � bom.
� melhor falar com ela.

J� tentei.

- E ent�o?
- Ela n�o tem culpa.

As mulheres s�o estruturas
biol�gicas simples.

Os corpos prestam pouca aten��o
aos c�rebros.

J� te disse,
h� tanta coisa no O'Shea

que n�o combina
com um Padre.

A mente dela sabe que ele � Padre
mas... o que ela sente...

Isso n�o me agrada, Dave.

Est� bem. Ela � boa enfermeira,
mas n�o podemos permitir que se

torne mais uma v�tima da China.

- E ela ir�?
- Para casa? N�o sei.

Acho que devia.
Na pr�xima caravana.

Pergunto-me se tamb�m n�s nos
iremos tornar em v�timas da China.

Tinha esperan�as que
fecharem a miss�o,

mas parece-me �bvio que n�o
pretendem faz�-lo.

Teria o mesmo respeito por mim
se eu desistisse?

Nunca o fizemos antes,
n�o �, Dave?

Ken-tucky.

Obrigado.

Dava-lhe jeito uma soprano
ligeiramente mais velha, Padre?

Primeiro temos de fazer
uma audi��o.

Certo.

Vejamos.

Ah! Aqui est� uma boa.

Oh, uma senhora foi a Hong Kong
depois foi para Singapura

Depois foi a Xangai...
- Conhece a m�sica?

...comprar um peda�o de p�o.

Um barqueiro sorriu-lhe
em Hong Kong

Um soldado sorriu-lhe
em Singapura

Um agricultor sorriu-lhe
em Xangai

Agora, com qual ela ir� casar-se?

Com os tr�s?

N�o, eu n�o.

- Dois?
- Isso nunca far�.

Ent�o qual?

Apenas um, por ele o meu
amor � verdadeiro.

Bem, o barqueiro ficou em Hong Kong

O Soldado ficou em Singapura...

Ganhou, Padre.
Esqueci do resto.

Al�m disso, est� na hora deles
irem se deitar.

Eles conseguem encontrar
o caminho, boa noite meninos.

Boa noite.

O que voc� quer?

Kentucky!

Lembra-se desta?

Certa vez...

Por favor, Padre,
preferia n�o cantar mais.

� tarde e tenho que ir.

As montanhas erguem-se como
sentinelas na noite.

Ouvindo o nosso concerto.

- Imagino o que ter�o pensado.
- Creio que gostaram.

Para elas deve-lhes
ter soado a chin�s.

Foi bem cantado.

Nos divertimos, n�o foi?

Se rezar uma missa cantada, Padre,
talvez eu possa ser sua solista.

Isso seria �timo.

Quero explicar uma coisa, Padre.

Sei que deve ter se perguntado
porque ainda n�o fui me confessar.

N�o pensei nisso.

N�o posso, Padre, pelo menos
por enquanto.

E n�o posso explicar porqu�.

Suponha que discutiremos esse
assunto em outra hora,

n�o no confession�rio.

Boa noite, Padre.

N�o est� na hora
de ir se deitar, John?

Muito trabalho a fazer, Padre.

Donde ter� surgido isto?

O doutor deu ao Padre Coleman.
Bom para o cora��o.

E tamb�m para os bancos
da igreja.

- O qu�?
- Muitas pessoas, muitos bichos.

Desperd�cio de um bom
u�sque, n�o �?

Certo, John, pode acabar
isso amanh�. Boa noite.

Boa noite, Padre.
Pulverizo amanh�.

Boa noite, Padre.
Posso entrar?

Com certeza.

A miss�o � um lugar solit�rio,
n�o �, Padre?

Para alguns de n�s, sim.

Sentimos t�o isolados,
t�o exclu�dos.

Pelo menos eu sinto-me.

A China � um pa�s dif�cil
de nos adaptarmos, n�o acha?

Por vezes acho. Mas um Padre
tem sempre a sua igreja.

Claro, n�o foi isso que quis dizer.

Estava pensando...

Bem, para ser franca,
falava da Anne.

Isto aqui � solit�rio e...

Bem, creio que ela tem
uma queda por voc�, Padre.

- Mas isso � imposs�vel.
- N�o � assim t�o imposs�vel.

Mas gostando ou n�o,
o senhor tem um problema.

Me acha presun�osa, Padre,
se eu lhe fizesse uma sugest�o?

N�o, de forma alguma.

Quando o Dave tem algum problema,
tento falar com ele

mas nem sempre isso ajuda.

O que ele mais precisa
nesses momentos

� de algu�m como ele, de outro
m�dico, outro profissional.

Algu�m que tenha passado pelo
mesmo e que possa entend�-lo.

Acho que o senhor tamb�m
precisa disso, Padre.

Preciso?

H� uma pequena miss�o protestante
do outro lado da montanha.

N�o sabia disso.

O reverendo Marvin est� na China
h� muito tempo, Padre.

Compreendo o que quer dizer. Talvez
tenha raz�o. Obrigado pela sugest�o.

O Sr. Marvin talvez seja capaz de
resolver alguns dos meus problemas.

Mas acha poss�vel que o Yang possa
ter cortado a estrada at� � miss�o?

Nunca se deu ao trabalho antes.

O Padre Coleman
fez a viagem uma vez.

O Sr. Marvin nos fez uma visita.

Estou certa de que n�o ter�
quaisquer problemas.

Parece que atraio problemas, n�o?

Bem, todos n�s atra�mos.

Est� uma lua brilhante, n�o est�?

Boa noite, Padre.

Sabe, trabalhei com
a sua gente em Ning Po

durante a guerra, Padre O�Shea.

Haviam padres franceses e belgas

e um Padre irland�s que nunca
me esquecerei.

H� quanto tempo est� na China,
Sr. Marvin?

12 anos. Aqui somos
um pequeno estabelecimento.

N�o creio que tenhamos falhado
completamente.

A nossa gente
� profundamente leal.

E os nossos n�o nos abandonam
se ficarmos sem arroz.

Acho que mereci essa.
Fui um pouco competitivo, n�o?

Um pouco.

Eu n�o tenho qualquer direito de
competir com voc�, Sr. Marvin.

N�o estou a compreend�-lo,
Padre O�Shea.

Quis dizer que esse n�o � o
meu nome, n�o sou Padre.

Bem... ent�o quem �?

Sou um ex-piloto.

Me chamo James Carmody.

Fui gravemente ferido h� 3 anos,

quando cai com o meu
DC-3 sobre as montanhas.

Fui recolhido por um senhor
da guerra chamado Mieh Yang

Acabei trabalhando para ele.
N�o foi algo que me agradasse.

Eu devia ser o segundo
no comando, mas era seu prisioneiro.

Aquele tiro veio dos
nossos batedores.

Vamos!

Quem disparou nele?

Quem sabe, Capit�o?
O Shen Fu entrou na aldeia sozinho.

Tentei interrog�-lo.
Houve um disparo.

Ouviram as minhas ordens, eu
disse nada de tiros.

Quando dou uma ordem,
espero ser obedecido.

"PARA O PADRE JOHN O' SHEA"

Ponham o Shen Fu numa maca.

O Quartel-general do Yang

era um velho mosteiro
Budista nas montanhas.

Ele at� mandou vir uma garota de
Chungking para fazer-me feliz.

O Jan Teng que lhe veja
os ferimentos.

Isto aqui � t�o aborrecido
quando n�o est�.

Sabe, devia ter ficado
em Chungking.

Por qu�?

Bem, l� n�o � t�o aborrecido, e
est� a 20 dias mais perto da costa.

Est� assim t�o farto da China?

N�o � apenas da China.

H� 3 anos que estou � frente
do pequeno ex�rcito do Yang.

Em 3 anos cansa
seja do que for.

Pobre Carmody

Outros teriam inveja do que tem.

Do qu�, disto? Pode comprar
tudo isto num leil�o.

Eu tamb�m poderia ser comprada
em leil�o?

Sim, podia.
Se vendessem calend�rios.

Por que fica aqui, se odeia
tudo isto?

Ficar? Como � que saio daqui?

Esta � a melhor pris�o do mundo.

Claro, as acomoda��es s�o boas,
mas l� fora est�o milhares de km

de deserto e de montanhas e n�o
h� forma de atravess�-los

sem um passaporte emitido
pelo Yang.

Eu aguento. Ele gosta
dos seus rapazes pontuais.

Tamb�m eu, Carmody.

Ol�, Jimmy, ainda saud�vel?

Ainda saud�vel, Yang.

O que encontrou?

O relat�rio era verdadeiro, havia
uma expedi��o cient�fica

para cartografar ou explorar. Os
homens do Mao Tsu exterminaram-nos.

- E o saque?
- Alguns bin�culos, 6 autom�ticas,

uma delas era japonesa.

Alguns sobretudos, medicamentos
e comida enlatada.

Mandei fazer um invent�rio.

Fez bem.

� dia de pagamento.

- Um lan�amento ou tr�s?
- Um.

Consegue melhor que tr�s cincos.

Choro por voc�, Jimmy.

Sim, da outra vez me pagou
em dobro.

Pelas roupas douradas da Mary Yin?

Ter� que jogar dados com
a Mary Yin por elas.

Talvez um dia o fa�a.

Mais alguma coisa?

Sim.

O Pao Ching alvejou
um Padre numa das aldeias.

Um americano, trouxe-o para c�.

Um mission�rio? Que infelicidade.
Ainda est� vivo?

Alvejar um Padre n�o � inteligente,
e se resolvem investigar?

Quem?

N�o, mas acho que tem raz�o.

Acho que a ofensa � grave.
Vou multar o Pao Ching em 600 Yenes.

- Por alvejar um Padre?
- � muito?

Se ele n�o fosse americano
ficaria por 300 Yenes.

Afinal eu sou formado por uma
das suas universidades.

Acho que 600 yenes
� um pre�o justo.

Claro que seria estranho se
o Shen Fu sobrevivesse.

Por qu�?

Sabe que n�o podemos
permitir sobreviventes, Jimmy.

Al�m disso, foi um pouco
severo com o Pao Ching.

N�o � diplom�tico da sua parte,
Jimmy, agredir um chin�s.

- Ele desobedeceu �s ordens.
- Ordens de quem?

- Minhas.
- Eu dou as ordens, Jimmy.

As importantes.

Por que discutir?

Faremos com que o seu amigo
cl�rigo chegue ao c�u

um pouco mais cedo do
que esperava.

E voc� vai pedir desculpas ao
Pao Ching, de manh�.

Acho que tem que arranjar outro
para o meu lugar, Yang.

� alguma piada?

Sim, uma piada chinesa.
Quero sair.

Sair? Sabe que nunca aceito
demiss�es, Jimmy.

O Padre te preocupa?

N�o entro numa igreja desde
que era um coroinha.

Ent�o por qu�?

Olha, Yang, h� 3 anos
voc� me resgatou de um DC-3

e mandou o Jan Teng remendar o que
restou de mim. Me deu um emprego.

Conselheiro militar,
cobrador de impostos.

O seu n�mero 1.
Bem, j� te paguei a d�vida.

Estou farto desta "casa de ch�".

Eu me demito.

Jimmy!

O sacerdote de Cristo
est� morto, excel�ncia.

Discutimos a troco de nada.

Veio de t�o longe para fazer o bem.

E um idiota com uma arma que
n�o faz mais nada na vida

a n�o ser mat�-lo.

Estou farto desta
trapalhada toda.

Apenas o corpo dele morreu.

� a alma que um homem
tem que salvar.

Sim.

Apostaria a alma se pudesse
salvar-lhe o corpo.

Cada homem encontra o seu
pr�prio caminho.

S�o 72 dias at� � costa, �
um caminho dif�cil de se encontrar.

As caravanas de mercadores
fazem essa viagem.

Nenhum mercador me leva sem a
permiss�o do Yang.

Se eu tentasse ir sozinho,

todas as armas da colina
se viravam contra mim.

� uma grande pena que
o sacerdote de Cristo

n�o tenha chegado � sua miss�o.

Fica apenas a uma semana
de viagem pelas montanhas.

Tendo sido punido, o campon�s teria
medo de machucar outro Padre.

Tal homem estaria a salvo.

Sim.

Por algum tempo.

Dizem que as caravanas que v�o
para a costa param l�,

na miss�o.

Boa noite, Carmody.

Ent�o essa era minha escolha;
podia ficar como garoto do Yang,

Ou arriscar-me,
tentar chegar � miss�o.

Decidi tentar a miss�o.

� uma hist�ria incr�vel, Carmody.

Um esc�ndalo que atinja qualquer
miss�o na China, afeta a todos.

J� pensou o quanto seria
perigoso para a miss�o

se o Yang descobrir
que est� l�?

Por isso quero fugir.

Temo que n�o possa fugir �s
consequ�ncias dos seus atos.

Uma vez que ofendeu a Igreja,

deve informar as autoridades
da miss�o imediatamente.

Posso dar-lhe o nome do seu bispo,
se ainda n�o o conhece.

Sugiro que lhe escreva.
Eu envio-a para voc�.

Tenho um servi�o de correio
para Sinkiang.

N�o est� entendendo, eu n�o
quero escrever-lhe.

Quero ir pessoalmente
com o correio.

Bem, ent�o acho que � assim.

J� que escolheu salvar
a pr�pria pele...

N�o � uma quest�o de salvar a pele.

H� uma garota, uma enfermeira...

Eu... n�o posso voltar
� miss�o.

Tirei este colarinho e n�o vou
voltar a p�-lo.

O Padre O�Shea est� morto,
acabou-se a farsa.

Daqui em diante sou o
James Carmody.

MISS�O METODISTA AMERICANA

Entre.

Desculpe-me, senhor,
pela intromiss�o...

- Que foi?
- Este cavalheiro, senhor,

- tem not�cias.
- Al� esteja convosco.

� Mieh Yang, Shen Fu.
Est� em marcha pelas montanhas.

Viu-o?

Sou apenas portador de rumores.

Um condutor viu-o numa vila
a Oeste das montanhas.

O rumor disse para onde ia o Yang?

Em dire��o �s sete aldeias, a Leste
das montanhas, foi o que disseram.

Est� bem, podem ir.

Ser� melhor colocar
o colarinho de novo.

N�o.

N�o vai voltar?

Vai deixar a miss�o
desprotegida?

O Yang me quer, n�o vai
incomodar a miss�o.

Ir� procurar-me nas montanhas.

Ent�o, vai voltar a fugir?

Parece ser a minha
especialidade, n�o �?

Antes, estava apenas a disfar�ar-se
com aquelas vestes.

Agora est� a desonra-las.

Acabou-se a f�, a esperan�a
e a caridade, Reverendo.

Um momento.

Talvez isto volte a ser �til.

Para proteger o seu pesco�o.

Bem...

Por que n�o?

A fuga est� dif�cil, n�o est�?

Cinco dias.

Onde est� o O'Shea?

Aposto que est�
se dirigindo para o Sul

t�o depressa quanto
a mula que o carrega.

Ele n�o nos abandonaria com
o Yang aqui.

Escolheu um momento estranho
para desaparecer, por qu�?

E por que est� o Yang a�oitou
estes desgra�ados e enviou

para c� pra dizer que
o Shen Fu vai cur�-los?

Por que o O�Shea haveria de ter
algum significado para o Yang?

Desde o princ�pio que digo que
deve haver algo de estranho

com o nosso amigo teol�gico.

Ele n�o nos deixaria sem
uma explica��o.

Ser� que n�o?
Que probabilidades d�?

Que probabilidades aceita?

Padre.

Quantos o Yang espancou
desta maneira?

Chegaram meia d�zia aqui
ao hospital.

Onde tem andado?

- Comecei a pensar que...
- O Dr. pensou que tinha se perdido.

E estive, temporariamente.

Quero falar com voc�, Padre.

- Est� bem.
- No meu gabinete.

Sente-se, Padre. Desculpe-me
se saltei a introdu��o educada.

Estava esperando
voc� voltar.

Nunca me ocorreu que o Yang
marchasse sobre n�s.

Eu achei que o faria.

Voc�?
E por que n�o nos disse?

N�o achei que adiantasse. N�o
havia muito que pudessem fazer.

- Pod�amos ter nos preparado!
- Preparar o qu�?

Estive falando com representantes
de todas as aldeias.

O Yang tem apenas 100 homens,
podemos recrutar o dobro disso!

Armados com o qu�?

H� algumas espingardas,
n�o muitas,

mas pelo menos 50 homens
podem lutar.

Teremos as colinas, o Yang estar�
em inferioridade num�rica.

Os alde�es estar�o defendendo
os seus lares.

Se o Yang tivesse
apenas 20 soldados,

ainda assim tomaria as aldeias.

A sua gente n�o s�o soldados,
doutor. S�o camponeses!

N�o, n�o aprovarei isso.

N�o terei a miss�o
transformada num forte.

Isso n�o � realista, Padre.
O Yang � um animal.

Est� pensando no que
a sua pol�tica de submiss�o

far� �s nossas mulheres?
� Anne, a mim?

N�o podemos colocar-nos � merc�
de algu�m que n�o conhece

a miseric�rdia, Padre.

N�o vamos depender
da miseric�rdia dele.

Vamos depender exatamente
do qu�, Padre? De hinos religiosos?

Pe�o-lhes que confiem em mim.
Deixem-me lidar sozinho com o Yang.

Se falhar, Padre O'Shea, tem a nossa
confian�a, mas e o que teremos n�s?

- As suas ora��es.
- Bem, desculpe Sra. Sigman,

n�o posso dar-lhe
uma garantia selada.

Mas n�o podemos lutar,
nem podemos fugir.

Aqui estou eu, Senhor.

N�o vou rezar.

O que irei dizer, gostaria de
diz�-lo de p�.

Estas pessoas pensam
que sou Padre.

Nada mais tenho a oferecer, sen�o
a f� num Deus em que n�o acreditava

ou sequer achava que existisse.

Agora n�o importa se eu estava certo
ou errado nas coisas que fiz.

Agora � tarde demais.

Facilmente mergulhamos num po�o

e depois temos
de sair com dificuldade.

Depois nada mais h� a fazer,

a n�o ser tentarmos
acertar o que est� mal.

Bem, � neste p� que est�o
as coisas.

Queria que soubesse.

Acorda, John.

Agora temos que ir.

Onde est� ele? Onde est�
aquele g�nio militar?

N�o queria transformar a miss�o
num forte. Veja a multid�o l� fora!

- Estou vendo.
- Deixei-o convencer-me ontem

e agora temos aquele
Napole�o de meia-tigela

acampado � nossa porta.
Voc� � o g�nio militar aqui,

- o que faremos agora?!
- Veja, Doutor.

Aqueles s�o homens do Yang,
n�o v�o machucar estas pessoas,

vieram por minha causa.

Vou at� � aldeia
me encontrar com ele.

Est� louco?! Se fala a s�rio,
� melhor eu ir junto.

Posso precisar de voc� aqui.

- Tem uma arma?
- N�o...

Fique com esta. Um dia explico
porque a tenho comigo.

� uma hist�ria muito interessante.

Tenha piedade, Excel�ncia.

As colheitas foram m�s.

Houve muitas doen�as.

Por que parou?
Por causa do Shen Fu?

O Shen Fu sabe que
esta � uma aldeia miser�vel.

A sua mercadoria n�o vale
o suor dos meus cavalos.

Os seus homens
n�o t�m habilidade

para esvaziarem
os meus baldes sujos,

as suas mulheres
s�o velhas e secas.

Ele sabe que � um tolo por me pedir
sequer que pense num estrumaria

como � esta vila, ou que me
preocupe com o que aconte�a a ela.

Devia ser queimada! Reduzida
a cinzas para purificar o ar!

N�o � verdade, Padre?

Esvazie a pra�a, traga uma cadeira
para o Shen Fu.

Esse � um uniforme pobre, Jimmy.
Desceu na vida.

� melhor do que parece, Yang.

Os seus soldados jamais
o reconheceriam.

Usa saias.

A miss�o � um territ�rio neutro,
sempre o respeitou.

Por que mudar
uma pol�tica s�bia?

Voc� estava aqui, Jimmy.

� um desertor.

N�o gosto de desertores, Jimmy.

Estava ficando gordo e desajeitado,
enquanto eu fazia o trabalho todo.

Te deixar foi bom para voc�.

Est� novamente em forma,
parece mais duro.

Eu sou duro.

Podia arrancar a sua pele e
mandar pendur�-lo pelos polegares.

Sim, podia, mas considera isto,

se eu suportasse bem a tortura, as
pessoas diriam que eu sou forte

e que o Yang n�o
conseguia dobrar-me.

Se eu fosse fraco e n�o
aguentasse, ficariam espantadas

por eu ter alguma
vez comandado as suas tropas.

Ficaria desmoralizado.

Os soldados come�ariam
a se perguntar

se voc� tamb�m
n�o seria um fraco.

E seria mau se isso acontecesse.

Agora que penso nisso, acho que
te dar um tiro talvez fosse melhor.

Poderia mandar faz�-lo com
dignidade, quase com tristeza,

aqui mesmo na pra�a da aldeia.

Onde todos pudessem ver que
te matar foi algo de lament�vel,

mas necess�rio.

� uma boa forma de morrer,
mas nego o direito de me matar.

Ent�o, Jimmy! Sabe fazer melhor
do que falar sobre direitos,

nunca foi est�pido.

Mas n�o quero te matar. Quero
que volte a trabalhar para mim.

O qu�, de saias?

N�o s�o apropriadas. Devia livrar-se
delas depressa, ofendem-me.

Ainda n�o. Voc� me disse o
que queria, isso n�o � educado.

Est� no meu territ�rio, devia
perguntar o que eu quero.

Devia arranjar
alguns soldados, Jimmy,

antes de come�ar a negociar.

Eles s�o sempre de grande valia.

O que quer?

Quero a seguran�a da miss�o,

quero a seguran�a das pessoas
e dos seus bens nestas aldeias.

Quero que volte para casa
e as deixe em paz.

Quer muito.

E que oferece em troca?

Nada.

N�o � um neg�cio razo�vel, Jimmy.
Por isso vou levar o que quiser.

Olha para aquilo.
O que h� para roubar?

Uma pilhagem barata, que n�o
vale o pre�o do transporte.

Uma miss�o miser�vel e imensa
desgra�a. Valer� a pena?

Podia te levar de volta, Jimmy.
Te obrigar a trabalhar para mim.

Como prisioneiro?

Tem raz�o, n�o seria
t�o divertido como prisioneiro.

Astuto, Jimmy, muito astuto.

De que outra forma poderia ter
enganado a miss�o e a mim?

Mas n�o me aborrece, e isso � um
talento muito importante. Digo isto:

dou a sua miss�o e os alde�es.

Se voltar comigo e me servir
lealmente por 3 anos.

S�o boas condi��es, Jimmy.

Acabaram-se as negocia��es.

Tudo ou nada, Yang.

Traga seus dados.

Pao Ching, os dados!

Deixa-me ser claro, Jimmy.

Retiro e te deixo
com estes miser�veis

e as suas aldeias fedorentas,

e ao seu esconderijo de
supersti��o se eu perder.

Se ganhar, vem comigo.
E acabaram-se as fugas

e as trai��es durante 5 anos.

3 anos.

5 anos, Jimmy.

J� n�o se tratam de certezas.

Est� bem.

De acordo, 5 anos.

N�o pode vencer os dados
com essas roupas, Jimmy.

Esquece as roupas, lan�a-os.

3 seis.
Pai, Filho e Esp�rito Santo.

4 tr�s.
Perdeu.

N�o devia ter invocado a Trindade.

Existe outra miss�o.

A Protestante.

� mais pequena, por isso s� ter�
que apostar 3 anos da sua vida.

Ou o seu Deus
tem apenas uma casa?

H� um texto no livro em que n�o
acredita, Yang e diz:

"Repartiram entre si as minhas vestes
e sobre elas lan�aram sortes."

Eu sei, dois soldados jogaram dados
em Jerusal�m. Tamb�m leio, sabe?

Par de 3.

Lan�a.

2.
Perdeu.

Volta comigo, eu duplico
o seu sal�rio.

Teria que matar-me a certa altura.
Eu tamb�m gosto de ser o chefe.

N�o seja tolo. Parei a caravana
nas montanhas,

vinham l� 2 Padres de Sinkiang,
eles sabem quem �,

ser� desmascarado,
vai cair em desgra�a.

N�o se preocupe com isso, Yang.

Est�o aqui em resposta a uma
carta que eu escrevi.

Bem, de qualquer forma,
eu n�o ia gostar de te matar.

Acho que tenho de agir com
benevol�ncia, criar uma lenda.

Fui tocado pelo Esp�rito Santo
e decidi poupar estes alde�es.

Ser� o sacerdote mais comemorado
de toda a China.

Acender�o fogueiras em a��es
de gra�as. Ser� um milagre.

Eu mesmo irei proclam�-lo.

Desistiu de uma boa mulher,
a Mary Yin, Jimmy.

Depois o Yang sentiu que lhe
tocavam novamente.

"Quem me tocou?"
Perguntou ele ao Padre O�Shea.

E o Padre O'Shea respondeu:
"Foi o Esp�rito Santo, Mieh Yang. "

Mieh Yang olha em volta e diz,
"N�o vejo o Esp�rito Santo!"

E o Padre O'Shea responde:
"Ele est� em todo o lado. "

E Mieh Yang tem medo que o
Esp�rito Santo lhe volte a tocar.

Ajoelha-se e diz ao Padre O�Shea:

"N�o vou queimar a aldeia
n�mero 1, Shen Fu. "

O Dr. Sigman e a Beryl estavam � sua
procura, mas partiu t�o de repente

que n�o tive oportunidade de
agradecer-lhe o que fez.

N�o h� motivo para agradecer-me.

Tive um momento de sorte.
Apenas isso.

- Sorte?
- Chame assim.

� mais do que isso.
At� o Dr. Sigman acha.

Finalmente superou-o.

Agora est� disposto a admitir
que o senhor tinha raz�o.

Anne, vou deixar a miss�o amanh�
com a caravana.

Mas � imposs�vel, como pode faz�-lo
depois do que aconteceu hoje?

O meu trabalho aqui terminou.

N�o sou Padre, Anne.
Nunca fui.

O qu�?

Que quer dizer, Padre?
N�o entendo.

Amanh� estar�o aqui
2 Padres com a caravana,

enviados de Sinkiang pelo bispo.

Eles sabem quem eu sou.

Queria que soubesse agora,
antes que chegassem.

N�o acredito. N�o poderia
ter feito o que fez hoje,

se n�o fosse o padre O�Shea.
As pessoas beijam a bainha

do seu manto, seguem-no como
se fosse um santo.

Santo?

Sabe como foi que me livrei
do Yang?

Joguei dados com ele.

- Dados?
- Jogo de azar.

N�o foi uma quest�o de f�,

n�o se tratou de milagres nenhuns.
Apenas tive sorte com os dados.

Mas se n�o � um sacerdote, Padre,
quem � o senhor?

Um mentiroso.
Como o seu marido.

Cai de avi�o, apenas sobrevivi.

E cometi um grande erro.

Tentei escapar � armadilha do Yang
e entrei em outra maior ainda,

esta, esta miss�o, Deus.

Descobri que
a armadilha Dele era...

mais dif�cil de escapar
do que do Yang.

Bem, agora terminou.

Amanh� todos saber�o, o Dr. Sigman,
os alde�es, que eu sou uma fraude.

Que nada do que fiz teve
qualquer autoridade.

O que a igreja decidir, eu cumpro.

N�o � o �nico que tem erros
a reparar.

Eu tamb�m tenho.

Voc�?

Apaixonei-me por um Padre.

Bem, um homem que n�o era Padre
apaixonou-se por voc�.

Receio, Joseph, que esteja velho de
mais para este tipo de transporte.

Eu tamb�m n�o estou
muito contente, Padre Cornelius.

- Boa tarde.
- Boa tarde.

Sou o Padre Cornelius.

Este � o Padre Keller.

Querem refrescar-se.
Tenho o quarto pronto.

Obrigado.

Shen Fu, a crian�a est�
muito doente.

Shen Fu.

Agora v� ao hospital, a Srta. Scott
vai tratar muito bem de voc�.

Ela saber� o que fazer.

� bom saber que ainda usa
o hospital de vez em quando,

e limita o seu n�mero
de milagres.

Li a sua extraordin�ria carta.

Expressa-se bem.

Estive inclinado a aceitar
a sua sinceridade.

Presumo que entenda
a forma como a igreja encara

um sacril�gio como o seu.

Sim, entendo, Padre.

- Boa noite, doutor.
- Sim.

Se precisar de mim,
estarei na cl�nica.

Gostaria de perguntar-lhe
sobre o Mieh Yang.

Na viagem das outras aldeias
para c�, ouvi v�rias vers�es

daquilo que aconteceu aqui.

O simples fato de ter permitido que
estas pessoas o encarassem

como um milagre faz-me duvidar
da sua sinceridade.

Quais eram, exatamente, os termos
do seu acordo com o Mieh Yang?

Qual era o pre�o do alegado milagre?
Dessa suposta resposta �s ora��es?

Bem, joguei dados com o Yang.

A aposta era de 5 anos da minha
vida, contra esta par�quia.

5 anos da sua vida?

E se tivesse perdido?

Talvez n�o justifique, Padre, mas
tinha o estranho pressentimento

que n�o iria perder.

- Sente-se, Carmody.
- Obrigado.

Pede-me que tolere um pecado
porque dele veio algum bem?

N�o pe�o nada.

Sei que n�o fui feito
para ser Padre,

isso requer outro tipo de homem.

Mas talvez haja um pouco do que �
preciso para ser Padre em todos n�s.

N�o muito, mas um pouco.

� uma teoria interessante.

Na sua carta afirmava estar
disposto a aceitar

a disciplina da igreja.
Eis a decis�o do bispo,

continue a usar o manto
e mantenha as apar�ncias

e a dignidade de um Padre

at� que se encontre pessoalmente
com o bispo em Sinkiang.

Ent�o ele conversar� com voc� e
ter� o meu relat�rio para o orientar.

Quer dizer que ningu�m pode
saber que n�o sou Padre?

- Seria bom para eles se soubessem?
- N�o.

Uma vez que a par�quia n�o sofreu
nenhum dano espiritual,

� melhor preservar a f� das pessoas
do que exp�-lo.

Partir� com a caravana amanh�.

A par�quia continuar� a pensar
que o senhor � o que finge ser.

Eu fico aqui com o Padre Keller.

H� outra quest�o, Padre.

- Refere-se � Srta Scott?
- Sim.

Ela sabe que n�o � Padre?

Sim, desde ontem � noite.

N�o houve nada entre
voc�s antes disso?

Nada.

Acho que seria melhor, n�o voltar a
falar no assunto com a Srta. Scott.

- Obrigado, boa noite.
- Boa noite.

Boa noite.

Shen Fu, vai embora?

Sim, John, amanh�.

Amanh�?

A igreja sabe o que � melhor.

Vou sentir muito a sua falta, John.

N�o devia deix�-los fazerem isto,
est� cedendo muito facilmente.

N�o, Dave. Est� tornando
as coisas mais dif�ceis.

O que ele quer dizer, � que
aprendemos a gostar muito de voc�.

N�o seja sentimental, o O�Shea
sabe que gostamos dele.

- Onde est� a Scotty?
- Com o Padre Cornelius, creio.

Pensei que me tinha apaixonado
por um Padre

e n�o podia confessar-me
porque o Padre era o homem

-por quem me apaixonei!
-Mas n�o sabia disso...

Que ele n�o era Padre?
Mas ele era pra mim,

tanto quanto para as pessoas
dessas aldeias.

Um bom sacerdote, Padre, que veio
para c� porque precis�vamos dele.

N�o exatamente, minha cara.

Teve outras raz�es.

Quem quer que fosse, ou quais
fossem os motivos da sua vinda,

ouvindo o amor verdadeiro
dessas pessoas,

elas depositaram a f� nele,

assim como eu, e ele
n�o falhou com eles.

O bispo vai entender isso,
n�o vai, Padre?

O senhor vai esclarecer isso,
n�o vai?

Para um homem t�o pouco
recomendado, parece que ele

conseguiu reunir nesta par�quia
uma grande quantidade de devo��o.

Deixe-me lhe mostrar o quanto.

Sabe, Padre, eu nem sequer
sei o nome dele.

Carmody, minha cara.

James Carmody.

FIM

Tradu��o Pt/Br: virtualnet.
Resync: virtualnet.