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Uma Restaura��o

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Walter Santos

Este filme recebeu pr�mio da
Funda��o Philip Morris para o Cinema.

Domingo � Dia das M�es.
Escreva um poema bonito.

Nathalie, leia o seu poema
para mim, por favor.

"Os meus cumprimentos, m�e. Espero que
Voc� goste do presente que te dei."

"Eu vou lhe contar uma hist�ria:"

"Voc� � bonita,
como um peda�o de p�o de trigo."

"� como sentir o cheiro
agrad�vel da lavanda."

"E seus pensamentos s�o rosas,
como as rosas da floresta."

"E voc� vai se tornar um anjo,
com todos aqueles cora��es,"

"Eu espero que voc� seja feliz."

Muito bom.

E voc�, Mado, n�o escreveu nada?

Eu n�o gosto de minha m�e.

Sil�ncio!

Alexandra, continue.
E fale alto.

"M�e, o seu amor � mais forte
que o vento,"

"Voc�, que perdoa os meus erros,
voc� que me ama,"

"Eu te amo, m�e."

Deixe-me em paz.

- N�o se aproxime, eu n�o te conhe�o.
- Mas eu nem estou me mexendo.

- Quer que eu acredite em voc�?
- Eu nunca fiz mal a ningu�m.

Voc� n�o � muito gentil.
N�o � como a garota que vi no caminho.

Ela sorriu para mim.
Ela � sua filha?

- O que voc� sabe?
- Eu a conhe�o.

Eu n�o conhe�o voc�.

Se continuar, eu vou bater em voc�.

Ser� que ela vai bem na escola?

Ela s� faz bobagens e co�a
as espinhas, sem parar.

- Voc� � uma mulher bonita.
- N�o me toca.

- Por que, voc� � casada?
- Isso importa?

Por que voc� n�o vem comigo?

Voc� acha que eu
n�o entendo dessas coisas?

Voc� � muito pegajoso.

Vem sentar-se.

Eu vou curar sua filha.
Tenho dom pra curar.

Eu sei como curar queimaduras.
Espinhas s�o a mesma coisa.

Elas s�o quase
consideradas queimaduras.

Minha av� me deu o dom.
Eu conhe�o a f�rmula e posso te dizer,

mas sem o dom, n�o adianta.

"Fogo, desapare�a tal como Judas
no Jardim das Oliveiras."

Pe�a-me para ir � sua casa
e eu vou cur�-la.

Voc� n�o pode,
meu namorado est� l�.

Eu vou cur�-la
de qualquer maneira.

Eu n�o vou te machucar.

Eu s� quero falar com voc�.

Vamos dar um passeio.

- Est� bem, mas n�o na floresta.
- Tudo bem.

Eles n�o devem nos ver.

- Posso te dar um beijo?
- Apenas um.

Voc� v� o quanto eu sou bom?

- Voc� n�o parece ruim, mas eu estou preocupada.
- Eu vi sua m�e.

Eu disse a ela que eu vou
curar suas espinhas e ela concordou.

Mas voc� tem que vir
para a minha casa.

Minha casa � legal.
Eu tenho uma TV.

Eu tenho que te amarrar.
Eu n�o quero que voc� escape.

Voc� n�o tem televis�o em casa.

Eu posso amarrar seus p�s?

- Voc� pode, mas n�o muito forte.
- N�o, n�o precisa.

Eles n�o devem nos ver.

N�o � da conta deles.

N�o! Saia.
Eu tenho que voltar.

Voc� � pesada.

Eu ainda estou com medo.

Temos de voltar �s 5:00.

Mantenha sua cabe�a a� dentro.

Se voc� se mexer de novo,
eu te mato.

Vamos, c�o.
Vamos.

Mickey!

N�o se mexa.

Eu estou com medo.

Este � o meu quarto.

Mas n�o � para dois.

Eu vou mostrar e voc� vai me dizer.

E s� h� uma cama.

Se importa de dormir
na mesma cama que eu?

N�o, n�o me importo.

V� pelo canto da casa,
atr�s da escada

e esconda-se.

D�-me tuas m�os,
Eu vou cortar a corda.

Esconda-se.

Suba a escada.

N�o fa�a barulho,
v� para a cama, voc� est� cansada.

Eu n�o estou com fome.

Voc� tem que me dizer
o que gosta de comer.

O que voc� prefere?

Eu n�o sei.

- Atum.
- Em lata?

- Desfiado.
- No �leo?

Sim.

Azeite de oliva?

Eu n�o sei, o �leo normal.

E do que mais voc� gosta?

- Salsichas.
- Cozidas?

Cozidas?

Eu n�o sei, as vermelhas
que est�o na lata.

As de Estrasburgo?

Eu n�o sei.

� a mesma coisa comigo.
Estou nervoso demais.

E se chove ou fica �mido,
n�o consigo me acalmar.

Amanh� vou cur�-la.

Quantos anos voc� tem?

17 anos.

O que houve?

Nada.

Claro que tem alguma coisa.

Eu n�o gosto de
ouvir hist�rias.

Que hist�rias?

Voc� diz que tem 17 anos e
raspa o seu bigode.

Voc� deve ter 19 para isso.

Isso n�o � verdade .
Eu comecei a raspar aos 15 anos.

Voc� n�o acredita em mim?

Eu? Acredito em tudo
que me contam.

Vem, eu vou cuidar
de suas espinhas.

Coloque o seu cabelo
assim para cima.

- Est� co�ando?
- Um pouco.

N�o tem muito o que fazer,
minha m�e tentou de tudo.

Fale mais baixo.

Um m�dico veio,
n�s compramos pomada,

amarraram minhas m�os na cama
para eu n�o me co�ar.

Mas n�o curou e eu me cocei.

Cada vez que voc� se co�ar,
eu vou bater nos seus dedos.

O que voc� quer ser
quando crescer?

Eu n�o quero ser nada.

Eu quero ser uma vendedora,
se eu puder.

Voc� n�o pode ficar aqui,
voc� tem que ir para a cama.

Eu volto em cinco minutos.

Ele grava tudo.

Enquanto eu n�o estiver aqui,
vou poder ver tudo que voc� fizer.

Eu quero fazer xixi.

"Pouco antes da curva,"

"pouco antes da curva fechada,"

"pouco antes da curva fechada..."

"Fe-cha-da".

Eu n�o me importo,
isso n�o conta.

"Fe-cha-da"!

Eu n�o entendo isso.

Voc� vai ter que obedecer.
Se n�o, cuidado!

Sua m�e me disse que
eu poderia bater em voc�.

Ela me batia com um cinto.

Mas faz tempo que isso
n�o acontece.

Quando ela me batia,
eu n�o dizia nada,

nem chorava.
Aquilo n�o servia pra nada.

Para o que eu quero ser,
um ditado n�o serve.

Somente as quest�es de aritm�tica.

E eu sei como calcular,
n�o preciso estudar isso.

Agora eu n�o estou com cabe�a
para pensar em escrever bem.

Vamos escrever.

Se voc� n�o conseguir um diploma,

n�o ser� nada na vida.
Eu n�o quero isso.

- � necess�rio para ser uma vendedora?
- Com certeza.

N�s vamos continuar,
mas s� um pouco.

Coloque o seu nome em cima,
na esquerda.

Meu nome � Madeleine.

Fique de joelhos.

Por que voc� n�o � boa comigo?

E por que eu tenho que ser?

Eu n�o posso te dizer.

Por qu�?

Voc� n�o � a primeira garota
a ser raptada.

Voc� sabe quem as rapta?

Os chefes.

E isso aqui
� o sangue de uma menina.

O chefe veio at� aqui e
sangrou outra garota antes de voc�.

Ela tinha 12 anos.

Quem s�o os chefes?

Aqueles que d�o as ordens.

Ao v�-los, saber� que s�o maus.

Voc� entende? N�o sou eu.
Eles roubam as garotas.

Um tempo atr�s, eles me pediram
para cuidar de uma delas,

em seguida,
a jogaram na �gua.

Ent�o voc� tem que
ser boa comigo.

Se eles te ouvirem,
eles vir�o aqui em cima.

E eles v�o mat�-la.

Quando eu n�o fa�o
o que eles querem,

eles me batem.

Eu n�o quero ficar aqui.
Eu quero ir.

V� se quiser.

V� se voc� quiser!

Estou com medo!

Eu acho que vou chorar.
V� para a cama.

Vamos partir.

E pra onde eu iria?

Voc� n�o conhece os chefes.

Quando eu n�o estou em casa,
fico doente.

Devido �s mudan�as do ar.

Eu n�o vou chorar.

Vamos prender com um parafuso
assim n�o subir�o aqui.

Vamos prender com um parafuso
assim n�o subir�o aqui.

�s vezes eu pare�o severo,
ainda que n�o goste.

�s vezes � necess�rio.

Se n�o, voc� � um nada.

Aqui s� tem bolachas.

Eu estou indo
para o trabalho.

E vou voltar com comida.

Voc� n�o pode ficar aqui.
Os patr�es a ver�o pela janela.

Quando terminar,
v� para a cama.

Os patr�es n�o subir�o aqui
se n�o te ouvirem.

Voc� n�o precisa ter medo.

Quando eu voltar, vou bater 3 vezes
para mostrar que sou eu.

Ou eu vou tossir.
Voc� est� me ouvindo?

Est� me ouvindo?

Est� me ouvindo?

- Voc� est� fazendo barulho.
- Ent�o vamos falar mais baixo.

- Bater e tossir faz barulho.
- Eu vou bater suavemente.

N�s vamos ter que colocar
uma corda atrav�s esse buraco.

Por aqui?

Sim.

Ok, eu vou colocar
a corda inteira.

Eu n�o gosto de chocolate
com nozes, s� com leite.

Eu n�o sabia.

N�o foi nada.

Vou ver se eu posso trocar.

Sim, eles v�o troc�-lo para voc�.

- Mickey � o cachorro latindo?
- Sim. Ele � muito ruim.

- Oi, Fran�ois!
- Ol�, madame.

Deve valer uns 12 francos.

Anatole est� l� dentro, v� v�-lo.
Vou oferecer-lhe uma bebida.

O que voc� viu?

Seu barulhento!

Voc� quer subir na escada?

Vamos, des�a.

Vem comigo.

Pra dentro, vamos.

Entre.

Eu vim pegar de volta
o meu rel�gio.

- O que � isso?
- Ele n�o � seu, � do meu pai.

Agora � da sua m�e.

- O rel�gio, n�o. Ele me deu.
- Como voc� pode dizer isso?

Sim. Basta perguntar � Claudine.

O que voc� faria com ele
no seu quarto?

Voc� n�o precisa dele
para ir ao trabalho.

- N�o � minha culpa n�o achar emprego.
- Havia trabalho no frigor�fico!

Voc� deveria levantar �s 5:00.
Mas voc� � muito pregui�oso.

Eu n�o sou um ladr�o!

Eu n�o sou um ladr�o!

Vagabundo!

Sou eu! Abra.

Madeleine, voc� est� a�?
Deixe-me entrar.

N�s concordamos sobre a corda.

- Deixe-me entrar
- N�s concordamos sobre a corda.

Se dissemos a corda,
ent�o � a corda.

Eles n�o podem me chamar de
ladr�o ou de idiota, nunca.

- Houve gritos l� embaixo.
- Eu n�o sou um ladr�o, � o meu rel�gio.

- Ser� que o patr�o te bateu?
- Voc� vai ver.

Se ele vier, eu o mato!
Como um rato!

Des�a e mate-os.

Voc� est� louco?

- Eles sabem que eu estou aqui?
- N�o. Eles n�o queriam me dar o rel�gio.

- O chefe � o seu pai?
- Ele � meu padrasto.

Minha m�e concorda com ele, porque
n�o queria me devolver o rel�gio.

E n�s discutimos.

Desde que ele veio, eu s� tenho
me calado. E diz que � ele quem manda.

Ele quer que eu me v�,
mas a casa � minha, n�o dele.

Ele p�e minha m�e contra mim.

Eu nem sequer falo com
a minha irm� quando ela vem.

N�o me parece que ela
fale muito com voc�.

Voc� bebeu demais?

Eu n�o estou acostumado com isso.

Eu s� bebo limonada.

Nem cidra eu posso beber muito.

Voc� sabe o que fazer
para me alegrar?

Voc� quer me alegrar?

Sim, eu quero.

Des�a e fa�a as pazes
com sua m�e.

N�o.

Ent�o, voc� n�o quer me agradar.

N�o fique se explicando, diga apenas
que voc� n�o queria brigar com ela.

Eu quero te alegrar,
mas n�o quero fazer isso.

Eu quero te dar um presente.

Se voc� quiser,
eu te dou o rel�gio.

Quando eu me for, n�o poderei lev�-lo.
� muito pesado.

N�o � pesado.

Eu n�o sei o que voc� quer.

Eu vou aceitar, mas voc� vai ter
que lev�-lo para mim.

Escreva um bilhete
para a sua m�e e d� a ela.

Assim n�o ter� que falar com ela.

Voc� � teimosa como toda mulher.

Des�a, fale atrav�s da porta
e suba rapidamente.

N�o � dif�cil de dizer:

"Sinto muito, eu n�o tive
a inten��o de brigar com voc�."

Eu n�o estou sentindo isso.

Vamos, ent�o teremos um abra�o.

Vamos.

Vamos l�!

Eu n�o posso!

Sinto muito!

Vire-se,
vamos dormir dessa maneira.

Na sua casa,
s�o ruins com voc�?

Eles me amarram na cama.

N�o deve ser f�cil te amarrar.
J� vi por esta tarde.

Quando eu for mais velha,
Eu vou sair daqui, vou para Vire.

Um dia, a vizinha
me deu uns sapatos.

Eles n�o me deixavam cal�ar
para n�o gast�-los.

Ent�o eu os coloquei na minha mochila
e calcei no meio da estrada.

Voc� sabe, os chefes n�o me pegam
porque eu resisto.

Mas ainda assim s�o maus.

Vamos parar de falar
e vamos dormir.

Vamos dormir bem assim.

Gosto da maneira como dormimos.

Somos como sardinhas.

Uma sardinha pequena
e outra grande.

Voc� � a grande.

Sil�ncio, vamos dormir.

Esta noite est� ventando muito.

Eu n�o quero que voc�
v� embora, assim t�o rapido.

Somente as pessoas
pregui�osas v�o embora assim.

E se algu�m
me pergunta alguma coisa...

Eu n�o sou pregui�oso.

Fique comigo hoje.

Eu tenho que trabalhar.
Quem vai comprar leite da�?

Eu n�o pedi nada,
Eu tamb�m gosto de cidra.

Pela manh�?

- N�o � pela manh�. N�o exagere.
- Voc� n�o v�?

Voc� ganha muito no seu trabalho?

Eu vendo papel�o velho a
20 cents o quilo.

Papel velho e sucata
a 30 cents o quilo.

E depois tem os cogumelos...
que eu recolho.

Fa�a-me rir um pouco.

Voc� v�? Voc� pode.
� s� querer.

Quando eu �a para a escola,
havia um menino chamado Fr�d�ric.

Brinc�vamos e nos toc�vamos um
ao outro atr�s do playground.

Por que n�o faz isso tamb�m?
Eu gosto.

Vou sair para buscar o leite.

Entre!

� para mais tarde.

Para o jantar hoje � noite.
Adivinha por qu�.

Porque se acalmou,
� um presente para mim.

Eu n�o sei.

Os chefes v�o sair.
Esta noite n�o estar�o em casa.

Vamos assistir TV.

E eu comprei coisas gostosas
para voc� comer.

� a festa de Sta. Madeleine.

- Posso ver?
- N�o.

Eu quero ver!

- S� uma vez, pra ver o que tem l� dentro.
- N�o.

- S�o latas?
- S� uma vez.

N�o tem gra�a.

Diga-me alguma coisa.

O que voc� quiser.

Eu n�o sei.

Eu sempre come�o as conversas.

Voc� n�o quer se casar?

Depende.

Eu n�o sou um cara exigente,
mas isso depende.

Voc� tem uma noiva?

Sim, eu tenho uma.

- Ela � uma gracinha?
- Sim, ela �.

Voc� tem uma foto?

N�o, eu n�o tenho.

- Voc� n�o quer mostrar ela para mim?
- N�o, n�o vai dar.

Se voc� n�o tem uma foto,
voc� n�o tem uma noiva.

Se voc� tem uma noiva,
voc� sempre ter� uma foto.

Eu vou pegar uma pra voc�,
se voc� quiser.

S� se voc� quiser!
Pra mim d� no mesmo.

Vou ver se eles j� se foram,
Eu n�o vou demorar.

Sobre a TV que me prometeste.
Se n�o for verdade, eu vou embora.

Eu n�o disse a voc�
mas eu pensei em ir embora.

Ele n�o queria devolver
a chave, mas...

� p�o-duro demais
pra trocar a fechadura.

Eu n�o vou devolv�-la.

N�o toque em nada.

Deixe isso comigo.

- Voc� tem certeza de que � a chave?
- Sim.

A TV funciona bem,
vamos deixar baixinho.

Sen�o os vizinhos v�o nos ouvir.

Eu esqueci as salsichas!
Por que n�o me lembrou?

- Voc� s� n�o esquece a cabe�a.
- Vou busc�-las.

- Eu n�o ou�o nada.
- � hora de ir para a cama.

Eu vou me levantar cedo amanh�.

Eu n�o, estou de f�rias.

V� para a cama,
depois eu mesma me tranco.

N�o tem sido bom comigo.

Por que tem sido mau?
Madeleine tem sido m�?

Madeleine tem sido m�?

- Madeleine tem sido m�?
- Sim!

- Pois voc� tamb�m.
- N�o.

Ent�o, eu sou boa?

- N�o ria.
- Eu n�o estou rindo.

- Sim, eu vi voc� rindo.
- N�o.

Sim, voc� riu,
Voc� � t�o teimoso!

Voc� � t�o teimoso!

- Por que voc� me acordou?
- Temos de conversar.

- Voc� poderia ter sido mais gentil.
- Discorda de tudo o que eu falo.

Eu n�o falei nada.

Eu n�o quero discutir nada.

Se eu disser que tenho uma namorada
e nenhuma foto, n�o discuta comigo.

Voc� j� n�o faz ditados,
voc� n�o se lava, n�o se penteia.

Deixa tudo bagun�ado.

- Vai dizer que bato em voc� tamb�m?
- Sim, ontem � noite.

Voc� j� viu as suas m�os e as minhas?
Eu sou a �nica que se machuca.

Voc� est� sempre discutindo.

- Ou ent�o est� sempre mal-humorada.
- Nem sempre.

� verdade, nem sempre.

Eu dou as ordens aqui.

Voc� � muito chato.

Ok, voc� d� as ordens
mas, ent�o, tire a c�mera.

� muito pesada!

Quem d� as ordens aqui?

Voc�, mas me ajude.

Eu vou fazer isso mais tarde.

- Ser� que vamos assistir TV hoje?
- Os chefes est�o voltando.

- Bom dia.
- Bom dia.

Eu gostaria de uma foto.
� para a minha namorada.

Tem de 9 e de 13?
Qual delas?

Posso ver?

Se voc� quiser.

Eu s� quero saber o pre�o.

Ela n�o gosta que tirem
fotos dela,

mas quando ver isso, ela vai deixar,
e da� poderei traz�-la.

Depois devolvo a foto.

Senhor, eu n�o posso.
Estas fotos s�o de clientes.

Vou devolv�-la! E vou traz�-la
para tirar uma foto, eu juro.

Eu tenho que te contar uma coisa
e eu n�o sei como.

Como � que eu vou dizer?

Meu pai foi embora
h� muito tempo,

e n�s n�o o vimos desde ent�o.
Ent�o, eu n�o tenho um pai.

N�o fa�a nada.
Eu vou cuidar disso.

Ent�o eu decidi
chamar voc� de pai.

- Voc� est� feliz?
- Sim.

Claro, que n�o vou cham�-lo
de pai sempre.

S� quando eu quiser,
ou quando voc� estiver legal.

Eu n�o sabia como te dizer.

Voc� pode me dar
um apelido tamb�m.

Se voc� quiser,
se voc� pensou em alguma coisa?

Em casa, eles me chamam de Mado.

As rillettes s�o boas.

Voc� pode come�ar.
Bom apetite!

Bom apetite!

Eu me chamo Fran�ois.

Faltam apenas flores.
Ter� que trazer algumas.

Se algu�m me ver com flores,
vai rir de mim.

Cuide para que n�o te vejam.

Se voc� quiser,
eu trago cidra hoje.

Voc� gosta?

Sim, mas eu vou ficar
um pouco tonta com a cidra.

Eu gostaria que voc� me trouxesse
um peda�o de giz, para brincar.

Eu n�o queria te mostrar,
mas ir� v�-la de qualquer jeito.

Voc� gosta dela?

Talvez ela n�o goste de voc�.

Pelo seu trabalho e porque voc�
n�o tem uma casa pr�pria.

Isso � importante para
as meninas mais velhas.

A mesma coisa aconteceu comigo
no ano passado na escola.

Eu gostava de um menino e
e eu nunca tinha lhe dito.

E um dia, fizemos
o jogo da verdade.

Ele disse que gostava
de uma menina. E eu nem sabia.

Ele secretamente a amava.

Depois, um outro menino disse
que gostava de mim. E eu nem sabia.

E ele me disse.

Bem, ele falou s� naquele jogo.

Eu n�o gostava muito dele.

Imagine, o menino falou o nome
de uma menina que eu nem conhecia.

Voc� est� a�?

Sim, estou!

Ainda bem!

Sua irm� vir� no pr�ximo domingo,
talvez ela suba para dar uma olhada.

Foi por um triz.

- Ela deve ter visto a mesa.
- Ela n�o viu nada.

Sinto como se estivesse tendo
um ataque card�aco!

Olha, �s vezes, ele p�ra...

Um dia, ele vai cansar
de todas essas hist�rias.

E vai parar completamente,
Eu n�o sei como ele pode continuar.

Ele est� batendo rapidamente,
mas ele n�o est� parando.

Eu n�o quero v�-la de novo.

N�s somos uma dupla
muito esquisita.

Voc� acha que eles
vir�o no domingo?

Eles est�o apenas
zombando de mim.

Bem, ou�a-me.

� uma casa para se rir.
N�o para rir dela.

Para rir de verdade.
Voc� entendeu?

Claro que vai rir em voz baixa,
por causa dos chefes,

mas � para rir, se divertir.
Esquecer dos problemas.

Entre.

Vamos.

Esse � o grande arm�rio para trancar
todos os problemas e as coisas tristes.

Guarde seus problemas.

Basta fingir,
como se fossem invis�veis.

Por exemplo, fa�a assim...

Fa�a isso, fa�a assim.

Vamos.

Quando voc� tiver algo engra�ado
para me dizer,

vou ver tudo e descobrir
o final antes de voc�.

Quando voc� estiver aborrecido
e n�o quiser dizer,

Vou l�-lo na sua frente
onde estar� escrito:

"Outra vez problema com o chefe?"

E voc� vai dizer:
"Sim, como adivinhou outra vez?"

"Est� escrito:"
Isso � que vou te dizer.

Voc� ficar� feliz e rir�.

� um pouco idiota.

Voc� que � idiota.

Eu estou fazendo
um grande esfor�o.

Depois do almo�o
n�o sinto vontade de rir.

Voc� tamb�m poderia fazer
um esfor�o e ser mais divertido.

Apague-o, se quiser.

Apague voc�
se n�o quer que eu apague.

Voc� � horr�vel.

Estou farta disso.

Eu nunca mais
vou falar com voc�.

Se voc� quiser me denunciar
para os chefes, pode faz�-lo.

� uma moeda grande?

Eu vou falar com voc�
mesmo sem fazer as pazes.

Eu tenho algo para te dizer.
Sente-se.

Eu tenho pensado
muito sobre isso.

Eu quero um beb�.

Fa�a-me um beb�.

Passo o dia entediada.

Voc� est� louca?

Voc� � jovem demais
para se casar.

Minha irm� tem um beb�.
Ela n�o � casada.

Voc� n�o pode ter
um filho na sua idade.

Voc� sabe como
fazer um beb�?

Ele poderia machuc�-la e...

Voc� � um covarde,
um completo covarde.

Voc� n�o sabe nada sobre isso.

Com 11 anos voc�
n�o pode ter filhos.

Ficou maluca?

Por qu�?

Voc� s� pode t�-los
ap�s os 15 anos.

Antes n�o pode.

- Muitas meninas t�m antes.
- Voc� n�o tem nem ideia.

Voc� tem alguma ideia melhor?
Eu ficaria surpresa!

Voc� � um fraco.

N�o seria uma boa ideia.

Vamos para o mercado.

Vou pegar a motocicleta.

Abaixe a cabe�a para o chefe
n�o te ver,

e entre no reboque.

Esconda-se no milharal.

Vou ao mercado e j� volto.

Tome um pouco de ar fresco.
Voc� est� presa h� muito tempo.

O que voc� est� fazendo, menina?

O que est� fazendo a�, na estrada?

Eu n�o conhe�o voc�, filha.

Jogando pedras numa pobre velha!

N�o tem vergonha de fazer isso?

Entre.

- Boa tarde.
- Boa tarde.

N�o precisa vir a cada 15 dias.
N�o vai mudar nada.

N�o h� nenhum trabalho.

Eu estava passando.
N�o me custa nada perguntar.

Eu gostaria de trabalhar
num escrit�rio.

N�o vamos mais falar
sobre beb�s.

Nunca mais!

Ao meio-dia vou dar-lhe um pux�o
de orelha. Ela vai ver s�...

Quando minha irm� chegar, diga-lhe
para n�o subir. Deixe-me em paz.

De manh� poderia me dizer
alguma coisa. algo agrad�vel.

Sua orelha d�i?

Por que doeria?

N�o.

Eu tenho que te falar:
estou muito melhor.

De repente, elas se foram.

Eu n�o tenho mais
nenhuma espinha.

Est� tudo curado, olhe.

Eu disse que iria cur�-la.
Voc� viu? Eu tenho o dom.

Mas voc� n�o acreditou em mim.
Voc� est� feliz?

Sim.

Mas por que voc� �
sempre t�o teimoso?

- Voc� j� comeu?
- N�o.

Obrigado.

Olhe. Se voc� quer que a gente continue,
voc� tem que fazer um esfor�o, ok?

Ok.

Veremos.

Para provar que voc� concorda,
quero que me fa�a uma promessa:

Voc� vai me escrever
uma poesia ou uma hist�ria.

Escolha uma delas.

Escolha.

Uma poesia.

Eu tenho um outro
apelido para voc�.

Sangue-frio.

"Sangue-frio Fran�ois".
Entendeu?

Eu tamb�m vou cham�-lo
de "sangue quente".

Menos mal que posso contar piadas,
n�o �, "sangue frio"?

O eczema me deixou
de bom humor.

Eu vou continuar a escrever
a minha hist�ria.

Mas n�o vou falar dela
porque n�o lhe interessa.

Claro que voc�
pode falar dela.

Fico dividida entre a hist�ria
da garota chamada Charlotte e o Zorro.

Conhece o Zorro?

Se voc� tem algo
dif�cil de fazer,

pe�a para o Zorro
e ele vai faz�-lo.

Ou chame a mim a "Pequena Zorro"
e eu vou faz�-lo.

Ser� que o Zorro
cura espinhas?

Eu sei l�!

� a minha irm� e o meu cunhado.
Vou descer para eles n�o subirem.

Esconda-se.

Ol�, m�e. Como voc� est�?

Ol�! Isto � para voc�.

- E Norbert est� bem?
- Muito bem.

- Muito obrigado.
- Entre.

Voc� deve agradecer-lhe
sobre as espinhas.

E diga-lhe para n�o ficar
irritado com os chefes.

E voc�, diga-me em voz baixa:
"Zorro, eu te amo."

Ent�o, h� um castelo l� em cima?
Qual o hor�rio das visitas?

Deus do c�u,
isso n�o � bom.

Vamos, vamos.

Vamos.

� uma poesia engra�ada.

"Jesus, tu que come�aste do zero,"

"pondo vitaminas nos bolos
e nas sardinhas que pegava."

"Pe�o que Mado tenha sempre
boa apar�ncia."

"E que os homens que se
interessem por ela..."

"tenham sempre bom car�ter."

Acabou.

N�o � muito grande,
mas � bonita.

Venha aqui.

Voc� quer colocar a cabe�a aqui,
nos meus joelhos?

T�o r�gido!
Vire-se.

� t�o dif�cil para voc� relaxar?

Voc� deve fazer como sua m�e,
mastigar um chiclete.

Eu a vi pela janela.

As vezes eu te quero muito,
outras vezes n�o.

Feche os olhos.

Eu n�o gosto de cabelo curto,
mas em voc�, fica bem.

Se a minha m�e
me visse agora...

Fran�ois!

A pol�cia veio falar sobre
o seguro da sua moto.

Voc� n�o pagou!

Deveria ter pago.

Ser� multado.
A intima��o est� em cima da TV.

20 dias de pris�o.
Voc� n�o tem vergonha?

20 dias preso
se voc� n�o pagar.

Deixe-me comida suficiente
enquanto estiver na pris�o.

20 dias passam r�pido.

Mado, quer realmente ficar?

Isso n�o � nada
al�m de mentiras.

E Fran�ois,
quer que Madeleine fique?

Voc� est� curada.
Eu vou te devolver para sua m�e.

� verdade sobre os policiais?

Os policiais...

Isso � uma hist�ria,
inventada pela sua m�e?

Voc� chorou porque
gosta de mim.

- E tem que me dar ao chefe.
- Isso n�o � verdade.

Claro que �!

Voc� est� louca!

Por que voc� est� zangada?

Amanh� vou lev�-la
para sua m�e.

Eu disse que faria isso
quando te curasse.

Se voc� quiser,
eu te levo agora.

Ser� que os chefes sabem onde
minha m�e mora?

N�o, eles n�o t�m nem ideia.

Se eu me mudar,
eles n�o me encontrar�o.

Jure por alguma coisa que voc�
nunca vai dizer-lhes nada.

Eu juro por Mado.

Eu juro.

Eu acredito em voc�.

Quando voc� gosta mais de mim?

Eu n�o sei.

Quando voc� me chama de "pai".

Eu vou ter um sono
tranquilo agora.

Voc� quer?

Onde estamos?

Tente pegar carona.

N�o diga a eles onde eu moro.

Eu n�o vou contar.

Eles n�o devem nos ver,
por favor.

� um presente.

Olhe bem.

Voc� n�o v� nada?

Veja. Eu escrevi algo em baixo.
Leia-o.

"EU PENSO EM VOC�"

� uma pulseira.

Coloque-a em seu pulso
e ent�o voc� vai pensar em mim.

Ap�s a pris�o,
venha me ver na escola!

Madeleine!

N�o foi isso
que voc� me contou.

E voc�, Fausson, a levou com
toda essa delicadeza?

N�o me enrole.
Vamos, mais uma vez.

N�o segure a minha m�o.
Ele entendeu, policial.

Vamos. Nos seus lugares.

- Foi ela quem segurou minha m�o.
- Vamos, Fausson.

Vamos fingir que estou morta.

Legendas em Portugu�s-Br
Walter Santos