All language subtitles for Investigation.Of.A.Citizen.Above.Suspicion.1970-portuguese

"INVESTIGA��O SOBRE UM CIDAD�O

ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA"

Muitas tomadas foram filmadas na
Piazzale del Caravaggio

complexo administrativo da
Beni Stabili, S.p.A.

Qualquer semelhan�a com eventos
e pessoas � pura coincid�ncia.

JUSTI�A

CI�NCIA

Como vai me matar dessa vez?

Vou cortar sua garganta.

Al�?

Al�.
Central de Pol�cia?

Por que demorou tanto?
Estava dormindo?

Aconteceu um crime.

Sim, aconteceu um crime.

Via del Tempio 1.

N�o � via del Tempo, idiota.

Via del Tempio 1.

Augusta Terzi.

Apartamento 1.

Voc� entendeu? Anotou?
Repita para mim.

Por favor.

- Por favor.
- Por favor.

Um momento!

- Parab�ns, Doutor!
- Parab�ns.

Parab�ns, Doutor.
Conseguimos.

N�o ter�amos conseguido sem o
seu direcionamento.

Precisamos de um homem como voc�.

A situa��o pol�tica � favor�vel.
Tive muitas ideias.

N�o se preocupe com nada.
Nos vemos mais tarde.

Piantone, traga-me 15 ta�as.

- O que aconteceu?
- Doutor, houve um homic�dio.

- Via del Tempo 1.
- Tempio.

Sra. Augusta Terzi.

- Quando recebemos a liga��o?
- Dez ou vinte minutos atr�s.

- Dez ou vinte?
- N�o especificaram.

"CHEFE - DIVIS�O DE HOMIC�DIOS"

Precis�o.

Precisamos de precis�o.

N�s checamos a rua e o nome.
Eu estou indo para l�.

Esse trabalho irrespons�vel d� aos
suspeitos uma chance de criar um �libi.

Vai perceber isso quando eu
n�o estiver mais aqui.

"Oficial abre fogo."
Quem � ele?

OFICIAL ABRE FOGO:
OPER�RIO FERIDO

N�o conhecemos.

E, claro, deixou a arma cair
e ela disparou.

Essa � a vers�o mais prov�vel.

V� para via del Tempio.

Parab�ns.

Vamos, �nimo!
Que caras s�o essas?

Fique tranq�ila, madame.
Seu filho vai sair em dez anos.

Eu j� n�o sou mais o respons�vel.
Terminei aqui.

Mantiglia, Cascio,
Mangiaracine, Del Re, vamos!

Todos voc�s, vamos!

Finalmente voc�s est�o
se livrando de mim.

Anda.

Panunzio!

Vamos fazer Panunzio
abrir-nos uma garrafa.

- Aqui est�.
- Meus sinceros parab�ns, Doutor.

Toruzzo!
Voc� vem comigo.

- Mangani!
- Voc� vem comigo, entendeu?

Parab�ns.

N�o vai ser f�cil para mim
substitui-lo.

N�o seja bobo.
Do que est� falando?

- E Panunzio? Onde ele est�?
- Aqui.

Aqui est� ele!

- Panunzio, �?
- Poder�amos entrar?

Ent�o, j� arrancaram a confiss�o
de Proietti?

Ele ainda insiste que foi suic�dio.

Beba. O champagne vai
clarear sua mente.

Mas n�o tem nada para clarear!

- Sou inocente.
- N�s entendemos.

Ela se matou apenas para
colocar numa confus�o.

- Sim!
- Sim.

Ou perdeu o equil�brio.

Ela devia estar tonta.
Eu n�o sei!

Voc� a empurrou.

N�o, eu estava dormindo,
como quando me encontraram.

Eu estava dormindo.
E mais, eu sou um cara violento.

Eu teria estrangulado a vagabunda!

Beba, Sr. Inocente.

Beba.

Todos s�o inocentes aqui.

S� existe uma parte culpada...

e sou eu.

Quieto, por favor.

N�o estou dizendo isso para chamar
aten��o de um oficial superior,

que � tamb�m um grande amigo,

mas ningu�m merece essa promo��o
mais que voc�.

Em todos esses anos,
investigamos 102 casos de assassinato,

e apenas 10 n�o foram solucionados.

Estou certo,
que nesses tempos dif�ceis,

a Divis�o de Politica ser� t�o
eficiente quanto a de Homic�dios.

Desejo que tenha l� tanto sucesso
quanto teve aqui.

Eu brindo � sua sa�de e � sua
incr�vel carreira.

Sa�de.

Chega de puxar-saco.

- A festinha acabou. Vamos.
- Via del Tempio 1!

Via del Tempio 1 � o lugar!

Mangani, Panunzio, vamos!

Te encontro l�.

Voc� tem um suspeito?

- Foi o marido.
- Bom!

O que encontrou?

Recortes de not�cias de homic�dios.

H� uma foto sua. Veja.

- Onde est� ela?
- Por ali.

Descubra.

A caixa de j�ias est� vazia.

- E isso?
- 300,000 liras em dinheiro.

Ela era uma libertina,
como D'Annunzio.

N�o encontramos nenhuma roupa
de baixo na casa.

- Nem mesmo calcinhas.
- Que loucura.

Eles estavam na cama, fazendo amor.

Algum sinal de orgasmo?

N�o, em uma an�lise pr�via.

Cubra.

Pegue aquela garrafa e aquele copo.

Algum dos inquilinos
viu ou ouviu algo?

Estamos pegando seus nomes.

Voc� est� se sentindo bem?

- Quem � o vizinho?
- Um cirurgi�o conhecido.

Um indiv�duo acima de suspeita.

O apartamento est� no nome de quem?

Da v�tima.

Quem herda tudo?
O marido?

Eles est�o separados h� 3 anos.

Encontre-o. Interrogue-o.

Veja isso.

A v�tima posando para fotos
de crimes falsos.

H� uma cole��o delas aqui.

Me parece o trabalho de um amador,

um bastante infantil, eu diria.

O que voc� acha?

Deite na cama e vire-se.

Vou mostrar como encontramos aquela
prostituta no Viale Coccia di Morto.

- Onde?
- Assim est� bom.

- Agora venha comigo.
- Aonde?

Uma comiss�ria alem� transou com um
cliente turco num voo intercontinental.

Encontramos ela estrangulada no
banheiro do Aeroporto de Fiumicino.

Fique parada!

- Qual voc� quer agora?
- Vamos fazer a cantora jovem.

Sim. Parioli, 1967.

Uma jovem cantora de rock
teve a garganta cortada.

Seu corpo estava coberto de discos
de m�sicas religiosas.

Um crime er�tico e m�stico.

O assassino,
um seminarista,

foi encontrado minutos depois,

escutando atentamente a voz de
sua v�tima numa jukebox.

N�o era seminarista, burro.
Ele era organista.

N�o se mova.

- Vamos fazer a jovem revolucion�ria.
- Sim.

Estudante. Trento.

Ela foi sufocada por um
professor titular de sociologia

com 10,000 em notas de lira.

Foi estuprada depois de morta.

Fique nessa posi��o.

Abra as pernas. Bem assim.

N�o se mova.

Pronto.

N�o fica excitado quando as
encontra assim?

�s vezes.
Uma vez, um detalhe me excitou.

Uma adere�o.

- Qual?
- N�o, tenho vergonha de dizer.

Com licen�a.

- Doutor.
- O que �?

Acho que ele � um completo idiota.

- Quem?
- O assassino.

Por que acha isso?

N�o apenas est�pido, tamb�m �
superficial e descuidado.

Finge um roubo levando as j�ias,
mas deixa 300,000 liras na c�moda.

Ent�o se veste,
toma banho.

Se embeleza,
usou o sabonete franc�s da v�tima.

- E?
- Veste os sapatos.

Depois pisa no sangue, deixando
pegadas em todo o lugar.

�til para nosso trabalho, mas
que sujeito burro.

N�o?

Ele � um idiota.

Vamos torcer para ter sido o marido.
Pode empacotar tudo.

- E ent�o?
- Nua.

- Foi violentada?
- N�o, o sexo foi consensual.

Foi morta depois.
Sem sinal de arrombamento no apartamento.

Escreva isso. Crie uma atmosfera
sexual, por favor.

� m�rbido. Lembra o caso D'Annunzio.
H� sangue por todo lado.

Saia da�, vou dirigir.

Ela tinha um corpo bonito?

Pele de cetim, como uma aut�ntica
cortes� do Imp�rio Romano.

E uma coisa para os seus leitores
de esquerda.

Nenhuma calcinha foi encontrada
no apartamento.

- Um fetichista?
- N�o. Ela que n�o usava mesmo.

J� tenho a manchete.

Fa�a-me um favor, Patan�,
foque no marido.

Fa�a-me um favor.

Comiss�rio.

Voc� n�o me conhece.

Estou falando com o poderoso
Chefe da Homic�dios?

N�o, voc� n�o me conhece.

Voc� nunca me viu antes.

Eu n�o saio com policiais.

Quem sou eu?

Poderia ser uma ladra,
uma man�aca, usa assassina,

um dos 30 assassinos que ainda
andam livres por essa cidade.

Qual � o meu nome?

V� descobrir.
Voc� � t�o esperto.

Posa para as fotos e concede entrevistas.

E por falar nisso,
procure perder peso.

Chefe, socorro!

Alguem est� invadindo minha casa.
Posso ouvir os seus passos.

Estiveram me amea�ando por meses:
cartas, liga��es an�nimas.

� algu�m que quer me possuir,
me estuprar.

Ele est� aqui!
Ele est� sem as cal�as!

Que horror.

Estou t�o sozinha, nua.

Vou ser violentada e morta.

� o meu destino. Socorro!

Sempre de preto,
sempre em luto.

Escute, n�o se iluda.

Fisicamente n�o me interessa.

� um italiano comum.
� muito peludo.

Provavelmente sua demais.

E tenho certeza que cheira a
graxa de sapato, n�o �?

Todo policial cheira. Admita.

Um policial � cheio de segredos,
como um padre.

� a sua mente que me excita.

Sou uma admiradora da pol�cia.

Sou uma aspirante confiante.

O que eu n�o daria para ser
interrogada por voc�.

Quem faz isso � a puta
da sua irm�!

- Quem �?
- Pol�cia.

Quem mais poderia ser?
Um ladr�o ou um policial.

A quem isso pertence?

Um homem.

Quem � voc�?
O que quer?

Por que me liga?

Vamos deixar algo claro.

- Eu n�o pago pelas mulheres.
- Bom.

Voc� deveria ter ligado para o
socorro, n�o para a Homic�dios.

Quem acha que eu sou?

Qual � o seu jogo?

S� estou me divertindo.

Como encontrou todos
esses milion�rios?

Ligou para eles tamb�m?

Voc� � bom.

Nossa, que policial.

Mas h� um erro aqui.

Em 1966, eu estava sozinha,

como um c�o.

De p�!

Toruzzo.

Como est�?

- Como est� voc�?
- Bem.

Cavalheiros, eu espere�o que apreciem
a pauta deste encontro.

Um pouco "a americana"!

N�s n�o temos homens suficientes
para enfrentar o que vem a�.

- � isso mesmo!
- Precisamos de muito mais!

Sentem-se.

Hoje, fui nomeado o Chefe da
Divis�o Pol�tica.

Todos voc�s sabem que at� ontem
eu estava prendendo assassinos,

e, com um certo sucesso.

Existe uma raz�o para eles
escolherem um homem como eu,

num momento como esse,

para dirigir a Divis�o Pol�tica.

A decis�o foi tomada pelo
seguinte motivo:

A diferen�a entre criminosos
comuns e criminosos pol�ticos

est� diminuindo a cada dia.

Praticamente desapareceu.

Memorizem esta regra:

Dentro de todo criminoso,
pode se esconder um subversivo,

e dentro de todo subversivo,
pode se esconder um criminoso.

Nesta cidade que foi confiada
aos nossos cuidados,

subversivos e criminosos j�
teceram uma teia.

Nosso trabalho � desmont�-la.

Qual � a diferen�a entre um grupo
de criminosos que assalta um banco

e a subvers�o organizada,
institucionalizada, legal?

N�o h� nenhuma.

Os dois tem o mesmo objetivo.
S� usam m�todos diferentes.

Seu objetivo � perturbar a
ordem social.

6,000 prostitutas catalogadas.

Um aumento de 20% nas greves e
ocupa��es p�blicas e privadas.

2,000 prost�bulos conhecidos.

30 tentavivas de depreda��o de
patrim�nio p�blico em manifesta��es.

200 estupros em um ano.

50,000 estudantes do ensino
m�dio protestando nas ruas.

Um aumento de 30% nos roubos a bancos.

10,000 novos subversivos registrados.

600 homosexuais registrados.

Mais de 70 grupos de subversivos
operando fora dos limites da lei.

Aumento de 50% em fal�ncias
fraudulentas e protestos de d�vidas.

Um n�mero indescrit�vel de revistas
pol�ticas encorajando revolu��es.

O exerc�cio da liberdade

amea�a a estabilidade da nossa
estrutura de poder,

nossa autoridade estabelecida.

O exerc�cio da liberdade faz o
cidad�o acreditar que possa julgar

e nos impedir de realizar o nosso
dever sacrossanto!

Somos os protetores da lei,

e isto � imut�vel,
est� gravado nas pedras.

O popular n�o tem maturidade.

A cidade est� doente.

Deixem aos outros a tarefa
de curar e educar.

Nosso dever � reprimi-los!

Repress�o � a nossa vacina!

Reprimir � civilizar!

Muito bem, Chefe.

Bravo, Chefe!

Sem aplausos, por favor.
N�o foi nada.

Sou modesto, por favor.

Voltemos ao trabalho.

Comunistas est�o nesta sess�o.

Ali os guerrilheiros,
Trotskistas, Maoistas e anarquistas.

- E os partidos pol�ticos?
- Por ali.

Aqui temos os movimentos cat�licos.

L� atr�s, os social-democratas
e seguindo � direita partidos de oposi��o.

Com o progresso, obviamente,
tudo isso ser� destru�do,

e tudo vai caber em pequenas salas.

Por aqui, por favor.

Canes, venha aqui.

Gostaria de olhar as fichas dos
meus colegas da Homic�dios,

de brincadeira.

Nas �ltimas duas semanas estivemos
inserindo as informa��es dos arquivos.

Isso � o progresso.

- Fa�amos um teste.
- Vamos.

Imaginemos que o caso Terzi
tenha uma motiva��o pol�tica.

- Qual � o endere�o, exatamente?
- Via del Tempio, 1.

- Qual � a regi�o?
- Centro.

Perguntemos ao computador

se na via del Tempio existe algum
indiv�duo politicamente perigoso.

- Como funciona?
- Assim.

O que � isso?
A Am�rica chegou aqui!

� revolucion�rio!

Um dos nossos antigos fichados
vive na via del Tempio, 1.

Um indiv�duo politicamente e
socialmente perigoso.

- Antonio Pace.
- Sim.

Nascido em Ravenna, 24 de maio de 1946.

estudante de qu�mica,
membro do movimento estudantil.

Subversivo, passional,
fan�tico, e perigoso.

- O telefone dele est� grampeado?
- � claro, Doutor.

Desde maio de 1968.

A express�o de criminoso.

Vou arranc�-la da cara dele.

Doutor.

Por favor entre.

At� a pr�xima.

- Emin�ncia.
- N�o, filho, melhor n�o.

- Aceitaria um charuto?
- Obrigado.

Pegue.

Acomode-se.

Ent�o, est� satisfeito?

Bem, voc� sabe, satisfeito...

Em 1917, a responsabilidade da derrota
de Caporetto caiu sobre o General Cadorna.

Este ano a centro-esquerda

pode tornar-se outra Caporetto
para os governates.

O pa�s est� em tens�o.

Me sentiria melhor se tivesse
uma equipe maior para comandar.

Preciso de mais 100 homens e mais
recursos para pagar meus informantes.

Vou levar isso para o minist�rio.

- Eu gostaria...
- Continue.

- O que realmente gostaria...
- Conte-me.

- Bem.
- Conte-me.

Alugar um ou...

tr�s apartamentos em uma vizinha calma,
como Prati, para meus informantes

para poder estabelecer uma rela��o
com eles que fosse mais...

- Mais?
- Confidencial.

Tudo bem.

Mas oficialmente,
eu n�o sei nada sobre isso.

Meu escrit�rio preparou uma lista
de mais 630 n�meros para grampear.

N�o sei, se... seria necess�rio
alguma autoriza��o para isso.

- Eu n�o sei.
- Voc� decide.

- Algo mais?
- Oh, sim.

Aquela mulher que foi assassinada
tr�s dias atr�s...

- Quem? Sra. Terzi?
- Exato. Augusta Terzi.

Linda mulher.

Eu vi as fotos.

Eu a conhecia.

Sim.

Tive um caso com ela.

Como era?

Boa? Como era?

Ah, voc� sabe.

Eu queria perguntar se voc�
acharia, digamos, necess�rio

informar esta situa��o aos
investigadores?

Realmente n�o sei.

O que acha?

Tchau.

- Tchau.
- Tchau.

Sabe, n�o sei.

Para mim, foi o marido.

Mande Panunzio entrar.

Bom dia doutor.

Trouxe de presente um retrato do
glorioso esquadr�o da Homic�dios.

Sente-se.

Sim, eu sei.

Meu cunhado � comunista
e secret�rio de um sindicato.

Mas o que posso fazer?

Na minha casa n�o p�e os p�s.

Al�m de que, nunca mais o vi.

Certo, honestamente, vejo-o,

mas uma vez por ano, no natal.

Doutor, s� me faltam dois anos.

N�o me transfira.

Tenho dois filhos que estudam.

Preciso control�-los,
sobretudo seus pontos de vista.

Como vai a investiga��o
do caso Terzi?

N�s temos uma boa pista.

Nas unhas da v�tima, a Cient�fica
encontrou um fio de seda azul

que parece ter sido arrancada
de uma gravata.

- O assassino n�o estava nu?
- Sim.

Ent�o voc� acredita que estava nu,
e de gravata.

� verdade.
Ningu�m tinha pensado nisso.

Panunzio.

O marido est� sendo interrogado?

Sim, doutor.

Estamos interrogando desde a
noite passada.

- Impress�es digitais?
- Nenhuma relevante.

Apenas as suas, doutor.

Minhas?

Minhas!

Sim, em uma ma�aneta.

E numa x�cara de caf�.
Voc� devia estar sonolento.

Esta estava no chuveiro,

mas todos n�s mexemos l�,
at� o Mangani, lembra-se?

E tamb�m na cozinha.

Aqui est�.
Na cozinha tamb�m.

Mas, todos n�s estivemos l�.

Voc� deve ter se distra�do e tocado
algo, sem lembrar-se das precau��es.

E no telefone tamb�m.
Onde est�?

Aqui, no telefone.

Sem d�vida, o senhor fez
uma liga��o aquela noite.

Eu me lembro perfeitamente.

E aqui num copo.
Aqui. Um copo de bebida.

Voc� n�o se sentia bem aquela noite.
Lembra-se?

Tomou um copo de Fernet.
Eu mesmo servi, lembra-se?

Eu escrevi nas minhas notas.

Sente-se mal, doutor?

Ent�o senhor...
ou deveria dizer madame?

Conte-nos sobre quando
tornou-se um homosexual!

Foi antes ou depois de voc�
e Augusta Terzi se separarem?

Por que sua esposa te expulsou?

Porque ele estava jogando
seu dinheiro pela janela.

N�o era bem assim.
Voc� n�o pode simplificar tanto!

Eu a amava!

Boa noite. Chegou na hora.

Ele est� acabado.

Duas ou tr�s perguntas do meu jeito
e ele confessa, tenho certeza.

Voc� est� chorando?

Voc� clareou as ideias,
artista, hippie, rainha dos travestis?

- Voc� vai falar?
- Deveria. N�s sabemos tudo.

� claro. � �bvio.

Voc� � um traveco. Ela era linda,
e voc� a matou.

- Foi isso que aconteceu.
- Isso n�o � verdade!

- Fale. Seja um bom garoto.
- Eu quero meu advogado!

- N�s n�o estamos na Am�rica.
- Eu quero meu advogado!

T�o r�pido quanto as leis mudam,
vou manda-lo a voc�.

Voc� � um artista, um cara sens�vel.

- Tente nos ajudar.
- Claro.

Agora ele vai nos contar a hist�ria toda.
Comecemos do in�cio.

No domingo em que sua esposa,
Augusta Terzi, foi morta,

que horas voc� chegou
vindo de Fregene?

- Eu j� falei.
- Conte-nos novamente.

- �s 4:00.
- E depois?

Eu peguei meu carro e fui para Roma.

Havia um engarrafamento,
centenas de pessoas, milhares.

T�o estranho.

Eu sei que parece estranho, mas...

- � mesmo um viado.
- O engarrafamento � seu �libi.

Que conveniente!

Eu j� contei tudo que sabia sobre ela,
sobre mim, sobre todos a voc�s!

Tudo n�o.

Ou pelo menos,
n�o sobre o seu acordo.

Voc� usou sua esposa para
alavancar sua carreira!

Se o seu companheiro n�o tivesse contado,
voc� nunca teria confessado!

Quer ver que eu consigo desperta-lo?

Interrogue-me.
Vamos fazer algo.

Pare de dormir.

Me deixe em paz.

Eu gosto quando voc� me interroga.

Voc� � t�o desconfiado.
Lembra-me meu pai.

Vamos, interrogue-me.

Interrogue-me!

Tudo bem, primeiro saia da cama.

Saia da cama!

Agora fique de joelhos.
Endireite-se!

Firme!

Entendi.
O sil�ncio � intimidador.

Endireite-se!

Agora tente imaginar que muitas
horas terr�veis vir�o.

Perguntas cru�is, truques,
chantagem, tudo!

Tente se lembrar de tudo que j� esqueceu.

Tente recordar as mem�rias
mais constrangedoras.

E lembre-se,
eu posso descobrir tudo sobre voc�

porque o governo me deu os meios de
expor um indiv�duo.

- Endireite-se!
- Bastardo.

Quero que pense que
eu sei tudo sobre voc�.

� assim que vou ativar o mecanismo de
culpa em voc�.

J� basta.

Interrogue-me!
Me fa�a perguntas!

- Quer que eu te interrogue?
- Sim.

Ent�o fale, fale!

Conte-me as coisas mais vergonhosas.
Fale.

Apenas se voc� confessar toda sua
fraqueza e vergonha

obter� meu perd�o e prote��o.

Eu compreendo.
Voc� os trata como crian�as.

Todos voltam a ser crian�as,

especialmente na presen�a das
autoridades estabelecidas.

Na minha presen�a,
porque eu represento o poder.

Endireite-se!

A lei.

Sente!

A lei.

Todas as leis,
tanto as conhecidas quanto as desconhecidas.

O suspeito volta a ser crian�a...

e eu me torno o pai,

o modelo de conduta.

Minha face torna-se a face de Deus,
a face da consci�ncia.

Tudo isso vai tocar fundo em voc�,
para expor sentimentos escondidos.

N�o fique triste. Veja.

Eu estou explicando isso teoricamente
porque...

Bem, por que voc� acha?

Estes s�o os fundamentos sobre os quais
as autoridades estabelecidas foram constru�das.

Professores universit�rios...

dirigentes de partidos pol�ticos,
auditores, gerentes.

Aqui.

Agora vou te mostrar como encontramos
aquela prostituta em Mandrione.

No fim, n�s, policiais, n�o somos
t�o diferentes dos criminosos.

Falamos da mesma forma,
temos os mesmos h�bitos.

Por vezes at� os mesmos gestos.

Voc� parece um menino,

mais que qualquer outro homem
que j� conheci.

Voc� n�o deveria dizer isso,

que sou uma crian�a.

N�o deve dizer, entendeu?

Os outros s�o as crian�as, entendeu?

- Vai desistir da hist�ria do engarrafamento?
- � a verdade!

N�o, espere.

Vamos deixar voc� sozinho
para pensar melhor.

Pense cuidadosamente no que deve
dizer, sim?

Estamos saindo.

- Mangani, voc� grita demais.
- Obrigado.

Eu grito demais.
Eu aprendi tudo com voc�.

Aquele cara estava entrando na linha.
Por que ele n�o vai fazer o seu trabalho?

- Tem raz�o, doutor.
- Ele est� atrapalhando a investiga��o.

Cacete.

Pegue um caf�.

Se n�o me engano,
voc� decorou a casa Moroni?

Sim.

Fiquei sabendo.
Voc� conseguiu solu��es inteligentes.

Arte Nouveau, n�o � mesmo?

Sr. Terzi, quando foi a �ltima vez
que viu a pobre Augusta?

Tr�s dias antes do assassinato.

Ela estava me chantageando.

Eu recebi liga��es an�nimas,
a voz de um homem.

- Foi ele.
- Quem?

O homem que estava com minha esposa.
Estavam tendo um caso.

Ele que estava me ligando.

Ele tinha um certo tom de voz,
de quem est� acostumado a comandar.

Por que te chantagiariam?

Gostavam de me ver sofrer,
me humilhar.

Como era essa chantagem?

Um dia, o homem me ligou e disse

que me ficharia como travesti.

Eu acho que deve ser algu�m importante.

Um militar, talvez.

Ou algu�m da auditoria.

Augusta gostava de homens poderosos.

O nome dele?
D�-me o nome.

Eu n�o sei.
Se soubesse n�o estaria aqui.

Acho que ele � um assassino.

� s� uma sensa��o.

Voc� esqueceu qual era seu nome?

Eu nunca soube.

N�o se preocupe, vai dar tudo certo.

Obrigado.

Ent�o?

- Eu acho que ele � inocente.
- Inocente!

Eu acho que ele � inocente.

�s 16h de domingo, 24 de agosto,

Eu matei a Sra. Augusta Terzi...

com frieza calculada.

H� uma circunst�ncia extenuante.

A v�tima me importunava sistematicamente.

Deixei provas por todos os lados,

n�o para facilitar a investiga��o,

mas para provar...

provar...

n�o para facilitar a investiga��o,

mas para provar...

provar...

que estou acima de qualquer suspeita.

No entanto...

No entanto...

No entanto,

se voc� mandar um homem inocente
para a cadeia em seu lugar,

ent�o o fato...

de que voc� est� acima de suspeita
n�o estar� provado.

CORREIOS

1,2 quilogramas.

900 liras.

Este pacote est� indo
realmente para a delegacia de pol�cia?

N�o sabe ler?

- Gostaria de falar com Patan�, not�cias.
- Um momento.

Not�cias.

- Ol�? Patan�?
- Quem fala?

N�o posso dizer meu nome.
Sua linha est� grampeada.

- Que brincadeira � essa?
- Al�?

A Homic�dios recebeu um embrulho
com as j�ias da v�tima Augusta Terzi,

o sapato do assassino e a l�mina usada.

Isso libera o marido das suspeitas.

� in�til disfar�ar a voz.
Eu te reconhe�o.

VIVA MAO

Em 1948, n�s removemos 2000 ocorr�ncias
de grafite exaltando Stalin,

50 para Lenin, 1000 para Togliatti.

Trinta para Marechal Tito.

300 para Mussolini.

411 para a Frente Comunit�ria.

Mas em 1956, Stalin caiu para 100.

Uma queda enorme.

- E Togliatti?
- Est�vel.

Em 1958, tivemos 100 "Viva Khrushchev,"

50 para Mao Tse,

e 500 "Abaixo Stalin" tamb�m apareceram.

Devo pontuar que recebemos ordens
de n�o remove-los, obviamente.

Ano passado, "Viva Mao" subiu para 3000.

Ho Chi Minh subiu para 10000,
Che Guevara, 1000,

Marcuse, 11, tanto a favor quanto contra.

E uma novidade.
Encontramos alguns "Viva Sade!"

O Marqu�s.

Este ano esperamos 10000 para Mao,

500 para Trotsky, 10 para Amendola

e entre 500 e 600 para Stalin.

O que aqueles dois est�o fazendo?

V� checar.

Veja se est�o com os documentos
e aonde v�o.

Jovens, jovens!

Pintando propagandas nas paredes!

Jovens estudantes e trabalhadores
vagando por a� na noite,

anunciando sua revolu��o por telefone,
nas escolas, no trabalho!

Usando toneladas de tinta
vermelha para nos insultar!

Eu sei o que precisa ser feito!

Eu vou usar mais que esfreg�es para combater
estes subversivos, indisciplinados!

Pace foi para a Divis�o de Homic�dios.

- Com quem ele est� falando?
- Mangani.

ASSASSINO

Devemos mandar
nossos jovens oficiais para as escolas.

Devem se infiltrar nas universidades e f�bricas,
deixar crescer a barba e o cabelo,

vestir roupas suadas.

Devemos saber tudo,
controlar tudo!

Usaremos nossos pr�prios filhos
se for necess�rio.

Ol�, Doutor.

Obrigado.

Ol� Doutor.

- As grava��es de Antonio Pace.
- Imediatamente.

- O caso Terzi.
- O que aconteceu?

Novas evid�ncias importantes.
Vou mante-lo informado.

- Ol�, Doutor.
- Ol�.

Doutor, preciso da sua assinatura.

Obrigado.

- Antonio, onde esteve o dia todo?
- Na delegacia.

A Divis�o Pol�tica est� te
assediando de novo?

- N�o. Eu estava na Homic�dios.
- Por qual motivo?

Por conta daquela mulher que foi morta
no meu pr�dio.

- Est�o te acusando?
- N�o.

Eles queriam saber se os inquilinos
viram algo.

- O que contou a eles?
- Nada, � claro.

- Nem mesmo que dormiu com ela?
- Puta.

Cale a boca.
Meu telefone est� grampeado.

Na verdade, j� que estou aqui, quero
falar com o policial que est� no comando.

Companheiro, voc� tem o trabalho degradante

de vigiar acima da lei
o nascimento da revolu��o italiana,

mas voc� tamb�m est� sendo explorado.

Junte-se a n�s,
ou pelo menos pe�a um aumento.

Desligue.

- Espere um momento, Doutor.
- O qu�?

As ideias dele s�o mesmo abomin�veis
exceto pela �ltima.

Estou trabalhando aqui h� 30 anos
e ainda ganho 140.000 liras por m�s

- Ent�o?
- Se eu n�o tivesse cultura cairia...

- O qu�?
- Venderia livros na rua.

- E o que eu tenho a ver com isso?
- Nada.

- Vou denunci�-lo.
- Doutor.

- S� um minuto.
- Not�cias.

- Ol�? Patan�?
- Quem fala?

N�o posso dizer meu nome.
Seu telefone est� grampeado.

- Que brincadeira � essa?
- Al�?

A Homic�dios recebeu um embrulho
contendo as j�ias Augusta Terzi's...

Quem ele te lembrou?

...o sapato do assassino e a l�mina usada.

- Um deles � Patan�.
- Sim, mas e o outro?

Voc� recebeu essa encomenda?

Recebi, mas foi uma hora depois
que a mat�ria foi publicada.

Ent�o n�o pode ser o marido, pois
estamos com ele aqui.

Ele poderia ter um c�mplice.

Eu creio que o marido da Terzi
� inocente e deve ser liberado.

Detetive, este caso � meu.
O marido permanece preso.

Certo.

- Certo, Biglia?
- Vamos mant�-lo na cadeia.

Quando voc� vai entender?

O homem � inocente.

� melhor segura-lo aqui,
pelo menos at� todos esquecerem o caso.

Voc� � um burocrata.

Voc� est� com medo da opini�o p�blica.

N�o fique triste.

N�o se preocupe.

Ele � um reacion�rio, um Bourbon
sa�do do Reino das Duas Sic�lias.

Ele se curva ao Ministro e
a opini�o p�blica.

Ele � como um par de cuecas velhas.
N�o vai durar.

N�o se preocupe.

O que voc� quer?

GRANDE VIRADA NO CASO TERZI

Aqui est�.

O que eu deveria dizer a ele?

- Dizer a quem?
- Mangani.

Dizer o qu�?

Ele quer saber se eu sei quem me avisou
sobre a entrega das j�ias.

Por que me pergunta?

Foi voc�.

Pense sobre.

Como eu poderia ter avisado sobre as j�ias
se o pacote ainda n�o havia chegado na delegacia?

Foi voc�!

Voc� n�o pode sair por a�
dizendo que eu te liguei.

Eu n�o te ligo!

Eu te fa�o favores,

e � melhor que seja cuidadoso.

Esta m�quina faz um espresso maravilhoso.

Eu sei, mas n�o posso tomar caf� espresso.

Pegue um cappuccino.

Voc� quer que eu desapare�a
com essa m�quina?

Mistic�, volte ao trabalho!

Voc� tamb�m.
Saia daqui, por favor.

D� o fora daqui.

Tchau.

Preciso da sua opini�o sobre algo.

O que est� te consumindo?

Me acompanhe.

- Se n�o ajudarmos um ao outro...
- Uma mensagem.

O que ser� agora?

Nesta cidade,
eles n�o est�o matando apenas prostitutas.

Est�o matando tamb�m a ordem e
a estabilidade social.

Tr�s revoltas em 24 horas.

Moradores de rua, estudantes, professores.

Os professores!

Italianos! Em seis meses,
81 milh�es de horas perdidas em greves.

- Tem um analg�sico?
- N�o.

Doutor, voc� acredita que
o marido da Terzi � inocente?

Claro que sim.

Existe apenas uma forma de provar
que o marido da Terzi � inocente.

- Precisamos encontrar o homem da gravata azul.
- Precisamos encontra-lo.

A gravata azul que voc� usou
na noite do assassinato...

- Onde voc� a comprou?
- Na Cenci, perto da Pantheon.

Ele vendeu duas delas.

A sua podemos descartar,

e ele lembra-se de vender a outra
a uma mulher.

Augusta Terzi.

Ent�o a v�tima deu a gravata
para o assassino.

A v�tima deu a gravata
para seu assassino.

Do jeito que era o casamento,
eu duvido ela ter presenteado o marido.

Isso faz sentido.
Soltem ele.

E eu?

O que posso fazer por voc�?

Como posso ajudar?

Talvez queira a minha gravata azul?

Voc� pode ir na minha casa.
Pedir.

Minha empregada est� l� toda manh�.

- Voc� tem um analg�sico?
- Posso mesmo ir a sua casa?

Voc� compreende,
tr�s revoltas em 24 horas.

Estudantes, moradores de rua, professores.

Professores.

- Posso ir?
- Sabe...

- Comparado a isso, prefiro a Homic�dios.
- � claro.

Obrigado, doutor.

Ent�o caso precise, posso mesmo
pegar a gravata na sua casa?

Que nojo.

Tire essa camisa.

Eu prometo que sua m�e nunca vai descobrir.

E mude essa camisa.

Est� parecendo um gar�om su��o.

Voc� veste meias curtas como um padre
ou um seminarista,

ou talvez como o que � mesmo:
um policial.

N�o tem uma roupa mais clara,
algo mais feliz?

- Algo normal, pelo menos?
- N�o.

As pessoas devem atravessar a rua
ao ver voc�

porque percebem que voc� � policial.

Voc� fede a quartel,
arquivos, celas.

Os padres tem cheiro de insenso, pelo menos.

As autoridades deveriam fornecer
desodorante aos empregados.

Eu vou te matar
com minhas pr�prias m�os.

Que corajoso.

Voc� coordenaria a investiga��o.

Quem descobriria o crime?

- Me faria um favor?
- Sim.

Voc� poderia entrar l�
e comprar todas as gravatas azuis?

Aquelas na vitrine.

Por que n�o vai comprar voc� mesmo?

Eles pensar�o que sou de outra loja
e que quero revender.

- Fa�a-me esse favor.
- Vai ficar muito caro.

- Quanto?
- 50 ou 60.000 liras.

Tudo bem, pegue o quanto precisar.

Mas estou curioso.
Por que todas tem que ser azuis?

Sou um empres�rio do teatro.

- Coisas da pe�a.
- Entendi.

O nome da pe�a �
"50 Gravatas Azuis por 50 Romancistas."

Bom.

Fa�a-me o favor.
Eu vou te esperar ali.

- Onde?
- Em baixo do toldo.

V� logo.

Aqui est�.

4000 liras � o troco.

Sabe o que aconteceu?
Essa foi boa.

Eles pensaram que eu era policial.

Me deram um desconto.

Um rapaz at� me chamou de Sargento.

Certo, aqui est�.

Conte. S�o 25.

- Com o que trabalha?
- O qu�?

- Com o que trabalha?
- Eu?

Sou um encanador.

- Um encanador.
- Eu trabalho quando tenho vontade.

- Em quem votou?
- Em quem eu votei?

Por que te interessa?

- Diga em quem votou!
- Em quem eu quis! Por qu�?

Vou ficar com essa gravata.
Voc� fica com as outras 24.

Qu�?
O que significa isso?

- Eu quero uma explica��o, senhor.
- Eu vou explicar agora.

Leve essas 24 gravatas
para a delegacia imediatamente.

V� � Divis�o de Homic�dios.

Eu n�o sou um empres�rio de teatro.

Sou um assassino.

O que disse?

Um assassino.

Um assassino.

Voc� l� os jornais?

Lembra-se da senhora
que foi morta na Via del Tempio?

Eu matei.

O que est� dizendo?
Um homem respeit�vel como voc�?

Est� me sacaneando, n�?

N�o, n�o estou te sacaneando.

Est� ferrado agora.

Por que ferrado?
N�o fiz nada!

Cale-se um minuto apenas!

Vou explicar como funciona.

Qualquer pessoa que entre em contato
com um assino se complica.

Corra para a delegacia,
Divis�o de Homic�dios.

D�-lhes uma descri��o detalhada de mim.

Informe a hora, o lugar,
como foi o nosso encontro.

Olhe para mim atentamente.
Descreva-me em detalhes.

N�o � todo dia que se fica a 30 cent�metros
de um assassino.

Examine tudo.

Guarde como penteio o cabelo,

se tenho bigode,
o que estou usando, se estou de gravata.

Pelo menos deixe eu ir em casa
ver minha mulher e meu filho.

V� para a delegacia.
V� para a delegacia!

- Pelo menos um tempo para me barbear!
- Pare de agir como idiota!

Aja como um cidad�o!

- Calma, escute.
- V�!

- Veja!
- V� a delegacia!

Espere, veja bem!

Senhor!

- Para a delegacia!
- Volte.

Vai, avance o sinal.
Voc� est� acima da lei.

N�o, o que est� me pedindo para fazer?

Vai, passe direto!
Avance o sinal!

- Quer que eu passe no vermelho?
- Sim, v�!

Voc� pode fazer tudo que quiser.

- Vai logo. Fa�a.
- Vou fazer, aten��o.

- Isso!
- Eu farei qualquer coisa!

Estou indo! Estou indo!

Olhe, est� vendo?

O agente de tr�nsito est� vindo.

- Mostre-lhe seu distintivo imponente.
- Claro que sim.

Mostre que homem importante voc� �.
Ele ir� tremer!

Seja grosseiro.

Carteira e documentos do ve�culo.

Pol�cia.

- R�pido, por favor.
- Perd�o, doutor.

Voc� pode cometer o crime que quiser.

Falo s�rio.

Bom. Voc� me lembrou
daquela garota decapitada em Castel Gandolfo.

Estupro.

Voc� acha que poderia me matar aqui
e mesmo assim n�o ser pego?

Tema: Como um policial assassina
em uma praia cheia sem ser pego.

O funcion�rio do estacionamento me viu,

o bilheteiro,

os salva-vidas

e as pessoas na cabana perto da nossa.

Eu diria que o funcion�rio do estacionamento
� o mais perigoso.

�, sim.

Um funcion�rio de estacionamento
denunciar um homem assim importante?

Imposs�vel.

Voc� teria que assinar o crime
com o nome completo para ser pego.

- De outra forma, quem desconfiaria de voc�?
- Augusta, n�o me provoque.

Seria muito f�cil para mim.

Vamos.

Invente um crime interessante.

Eu vou cortar sua cabe�a e enconde-la.

N�o, vou joga-la no mar

para os peixes.

Um salva-vidas vai encontrar seu corpo
na cabana no fim do dia.

O perito, um cara de Latina,
n�o examinar� seu corpo antes de amanh�,

quando j� estar� num est�gio
avan�ado de decomposi��o.

Mas que...

Babaca!

Augusta!

Augusta, pare com a brincadeira.
Saia.

MULHERES

Augusta, vamos!

Precisamos de um mandato oficial
para demolir esses bord�is.

Augusta!

Use o apoio, senhor.

Seu colega passou aqui essa manh�,
o jovem Napolitano.

- Qual era seu nome?
- Quem? Biglia?

Isso, Biglia.

- O que ele queria?
- Eu n�o sei.

Procurava uma gravata,
mas eu n�o dei para ele.

Como poderia?
Eu estou usando.

Ent�o voc� deve ter duas.

Eu vi a outra guardada
no seu sapato ontem.

Ele queria olhar os sapatos tamb�m.

Logo percebi que era um folgado.

Me perguntou v�rias coisas.

- O que ele queria saber?
- Se voc� trazia mulheres para c�.

- Algo mais?
- Se voc� tem namorada.

- Isso foi tudo?
- O que voc� faz nos domingos.

- Pode ir. Tenho trabalho a fazer.
- Eu ainda n�o acabei, senhor.

Acabe depois.

DIVIS�O DE HOMIC�DIOS

Bom dia!

- Como est�, Homicida?
- Como est�o as coisas na Divis�o de Pol�tica?

Bom dia.

Para poupar seu tempo,
trouxe minha gravata.

Qual � o problema?

- O que ele fez?
- Matou.

Eu faria demovo!

Matou o empregado.

Voc� pode entrar aqui por um instante?
Um rapaz...

- O que est� acontecendo de bom?
- Desculpe.

- Vai falar?
- Nada.

Deve ser um mentiroso psicopata.

Este cavalheiro deseja
fazer algumas perguntas.

Quem � ele?

- Sim?
- Com licen�a.

Perd�o, senhor.

Talvez...

O que estou dizendo?
Tenho certeza que me enganei.

Sobre?

- Confundi o senhor com algu�m.
- Com quem?

Mais cedo, ele pensou que tinha te reconhecido.

Ele diz que hoje de manh�

um estranho deu-lhe
dinheiro para comprar todas essas gravatas.

E depois confessou
ser o assassino de Augusta Terzi.

- E...
- Vamos ouvir.

- V� em frente, fale.
- Obrigado.

Bem, foi assim que aconteceu.

Eu encontrei essa pessoa

que me disse para vir direto
para a delegacia.

- Quem era?
- Quem saberia? Algum man�aco.

Talvez fosse dono de um teatro,
ou talvez trabalhasse com cinema.

E eu ca� nessa, claro.

Ele me advertiu
que eu estaria no fogo.

- Com o que trabalha?
- Eu?

Bem, eu...

Sou um encanador.

- Um bombeiro.
- Encanador.

Encanador?

Bombeiro.

- Bombeiro � um termo antigo.
- Diga que � um bombeiro.

Sim, sou um bombeiro.

- O que disse?
- Como voc� disse, sou um bombeiro.

- N�o h� nada a temer.
- Tenho sua palavra?

- Pode relaxar agora.
- Obrigado.

- Voc� � um cidad�o.
- Obrigado.

- N�s respeitamos nossos cidad�os.
- Que bom. Obrigado senhor.

Mangani, venha comigo, por favor.

Desta vez.

Vou resolver com voc� depois.

- Voc� forjou esse encontro...
- N�o, o bombeiro veio a n�s.

Sequer seguiu
o procedimento padr�o!

- Foi o Biglia, n�o fui eu.
- Mangani, eu vou pedir sua cabe�a!

- Cuide-se!
- Voltem para os seus escrit�rios!

O que est� fazendo?
Volte ao trabalho.

- � culpa minha.
- E voc� cale a boca!

Eu estou vendo embaralhado.
N�o pode ser ele.

Ele est� de azul
e o outro homem estava de bege.

- Tive uma ideia.
- Solte o meu bra�o.

Vou segurar os dois,

O marido da Terzi
e este idiota com as gravatas.

- O que voc� acha?
- Fa�a seu trabalho.

Vou fazer o que tiver que fazer.

Agora, querido bombeiro,
vai me contar a verdade.

Voc� est� envolvido,
e eu vou te foder!

Eu trouxe o cappuccino,
mas est� muito doce.

Voc� deveria misturar
metade caf� amargo e metade leite doce.

Mistic�, eu vou te
jogar de volta na Pra�a Navona!

Suma com essa m�quina daqui!

Se algu�m perguntar, n�o estou.

Perd�o, Comandante, est� sozinho?

Sim.

Queria saber se autorizou

alguma investiga��o sobre mim
como suspeito no caso Terzi?

Vou pedir um relat�rio
do oficial,

e poderei conversar sobre isso
no jantar esta noite.

N�o � suficiente.

Eu gostaria que todo o esquadr�o de Homic�dios
fosse colocado sob investiga��o!

Eu tenho uma bomba-rel�gio em meu escrit�rio
que poderia explodir todo o sistema,

as vidas p�blicas e privadas de todos!

Tenho a sujeira de todos,
e voc� sabe!

- Tudo bem, mas ser� por sua conta e risco.
- Claro.

T�cnico!

Preciso recuperar tr�s grava��es.
Divis�o de Pol�tica.

O comiss�rio me deu ordens
de n�o liberar nada.

- Quando recebeu essa ordem?
- N�o posso dizer.

Foi escrita ou pelo telefone?

Por favor desista.

Por que se importaria de eu pegar
tr�s fitas por algumas horas?

Ah, eu me importo. Eu perderia o emprego.

- N�s todos nos preocupamos com as carreiras.
- Exatamente, eu me importo.

Seja paciente.

Fa�a-me esse favor.

Foi uma bomba!

- Saia da frente!
- L� em baixo!

- Foi na ventila��o, Doutor!
- Pare!

Voltem aos seus postos! Pare!

- Onde aconteceu?
- L� embaixo.

Por favor, por favor!
Apenas policiais.

Todos os outros se afastem.
Voc� tamb�m. Saia, por favor!

- Aqui, Doutor.
- Cuidado.

- Cuidado!
- Por aqui.

Este � um problema grave.

- Deixem-me passar.
- Deixem que ele passe.

- N�o toque em nada!
- N�o mexa!

N�o toque em nada.

Dessa vez, eles arrumaram
uma confus�o das grandes.

Aten��o!

Eles est�o aqui.
Eles est�o vindo.

Este � o confronto derradeiro.
� incr�vel.

Acabei de receber a mensagem:
Houveram mais dois ataques �s 18:30.

Um no escrit�rio da American Express,
o outro no tribunal.

- Deixem ele passar, por favor.
- Sim, deixem ele pasaar.

Aqui � onde ocorreu a explos�o.

Na minha humilde opini�o,
dever�amos agir decisivamente.

N�s conhecemos cada um deles.

Precisamos nos mostrar resolutos.
Eles foram longe demais!

Estou dando carta branca a todos voc�s!

- Fui claro?
- Muito.

Bom.

Deixem ele passar, por favor.
Deixem ele passar!

Morte aos patr�es!

Mao, Mao, Ho Chi Minh!

Mao, Mao, Ho Chi Minh!

Morte aos patr�es!

- Doutor.
- O que voc� quer?

D� o fora daqui!

Confira a identidade de todos!

Sem declara��es � imprensa agora.

- Quantos deles s�o seus informantes?
- Cinco.

Segurem eles pelo menos at� o anoitecer.

O que voc� quer?

N�o, o que voc� quer?
Estava me encarando.

Eu? Sou quase cego.

N�o estou olhando para voc�.

Cuide da sua vida!

Ol�?

Sim, estou sozinha.
Estou com pressa. O que �?

Sozinha.

Sozinha!

Vai ter uma crise de ci�mes
pelo telefone?

Por que n�o grampea logo meu telefone?

Me distraia.
Esconda uma c�mera debaixo dos meus len��is.

Voc� est� no comando de 500 homens.
Ponha algum para me seguir.

Assim saber�
quem eu vejo e o que eu fa�o.

"Eu acho que chegou a hora de
terminar nosso caso."

Augusta, pegue essa
carta de despedida pat�tica

e meta bem entre as pernas!

Voc� est� fugindo?

Eu n�o vou fazer o "jogo do namorado ciumento".

Fa�a o que bem entender.

V� foder com quem quiser.
Eu n�o me importo.

Mas quero saber de tudo.
Quero v�-lo.

Precisamos ser c�mplices.

Voc� n�o pode fazer isso comigo.

Sou um homem respeit�vel.

Tenho nome.
Eu represento poder, Augusta.

Voc� deveria beijar o ch�o
onde eu piso, ouviu, vagabunda?

Quem � esse Pace? Puta!

� um amigo meu que mora no pr�dio.

Jovem, bonit�o e revolucion�rio.

Um revolucion�rio!

- Eu vou te fazer mal!
- Tire as m�os de mim, idiota!

Voc� n�o est� na delegacia.
Est� na minha casa!

Saia daqui!

N�o sou como os pobres vagabundos
que caem nas suas m�os, ouviu?

Voc� faz amor como um menino,
porque isso que voc� �!

- Quem voc� pensa que �?
- N�o grite.

Aposto que ainda faz xixi na cama!
Voc� n�o � nada, nada!

Voc� � um incompetente,
sexualmente incompetente.

- Entendeu?
- N�o me bata!

- Voc� � um incompetente.
- N�o me bata!

� um menino, entendeu?

Voc� � uma crian�a!

N�o levantem-se. Fiquem sentados.

P�r-do-sol bonito.

- J� estamos de p� por 16 horas.
- Vamos manda-los de volta ao quartel em breve.

Estamos exaustos.

- Pegue.
- Vida longa � Revolu��o Cultural!

Doutor, est�o usando os mesmos nomes
de trinta anos atr�s.

A revolu��o � como a s�filis.
Est� em seus sangues.

- Boa noite.
- 'noite.

'noite, Doutor.
N�o poderemos ag�entar muito.

Que dureza!

Assassinos! Fascistas!

Fascistas! Fascistas!

Espontane�stas!

Espontane�stas!

Mesmo presos, eles lutam.

Em duas horas, eles j� se dividiram
em quatro grupos.

� como uma rea��o em cadeia.

O bom � que eles n�o est�o unidos,
se n�o estar�amos ferrados.

Eu quero interrogar Antonio Pace.
Ele tem treinamento.

Mas primeiro mandem o cara do lado,
o que est� gritando, de bigode.

� o que voc�s s�o!

Servos do poder!
Servos do poder!

M�os fora do ch�o!

Todo o seu peso
precisa estar sobre os joelhos.

Voc� n�o � um cavalo
para ficar de quatro!

� cidad�o de uma democracia,
n�o um cavalo.

Voc� n�o � um cavalo!

O que prefere?

Outro gole de �gua salgada
ou permanecer de joelhos?

Eu n�o sei. Voc� decide.

Se quiser levantar,
recomendo que beba tudo.

Melhor voc� beber tudo.

Toda a �gua.

Nada.
De joelhos, de novo.

Voc� n�o deveria ter deixado de beber.

Poderia sair daqui em 10 minutos
e tomar um bom gole de �gua pura, fresca.

L�mpida, suave, �gua fresca.

Estudante.

Eu n�o quero leva-lo a julgamento.

N�s n�o somos a KGB ou a SS.

Somos a pol�cia de uma democracia.

Ficamos felizes quando conseguimos livrar
um cidad�o de uma pena dura.

Voc� � apenas um garoto.
Eu n�o quero arruinar seu futuro.

Sente-se direito!

Voc� pode ser um Marxista,
um anarquista, um situacionista.

Mao, Lin Biao.

Pode ler a cartilha vermelha,
pode fazer o que bem entender.

Voc� n�o � um cavalo!

Voc� � um cidad�o desta democracia,

e eu tenho que respeita-lo.

Mas, ataques terroristas,

intimida��o,

e bombas

fodem com a merda da democracia!

Voc� me conta quem atacou a delegacia
e o escrit�rio da American Express,

e agiria como um verdadeiro democrata,
percebe?

� �bvio.

Eu sei que n�o foi voc�.

Mas eu tenho certeza que voc� sabe o nome
da quadrilha culpada.

Por favor, me d� um pouco de �gua.

N�o queremos que voc� entregue seus amigos.

Queremos que aja como um
verdadeiro democrata.

Voc� me entende.
Falemos como homens modernos e civilizados.

Que democracia � essa?

Vamos admitir.

� o primeiro degrau para o socialismo.

Eu, por exemplo, voto nos socialistas.

N�o tema.

Sou seu confidente.
Todos aqui s�o faladores.

Mas nada vai acontecer.

Minha boca � um t�mulo.

Este pr�dio todo ser� um t�mulo!

Ent�o, vai me dizer a verdade?

Vai me contar?

Vai me dizer seu nome?

Foi Pace!

Pace armou a bomba
no dia que veio � delegacia!

Ele construiu a bomba?

Mattone, traga Antonio Pace.

J� acabamos com esse aqui.

Vamos. Levante-se.

Acabou. Voc� est� livre.

Se um dia precisar de algo,
pode me ligar.

Eu n�o queria dizer.

Eu n�o queria dizer.

Canes, Mattone, deixem-nos a s�s.
V�o tomar um caf�.

Deixem-me sozinho com meu "companheiro."

Um de seus companheiros
acaba de entrega-lo.

N�o se escapa da pris�o com um Doutorado!

No melhor dos casos, � julgado como
ladr�o de banco!

Pace, Antonio.

Nascido em Ravenna, 1946.

Estudante de qu�mica.

Anarquista independente.

Sentenciado a tr�s meses em 1968
por resistir � pris�o.

O que tem a dizer?

Sabe quem sou eu?

Eu acho que era o amante
da minha vizinha de baixo.

- A que foi assassinada.
- Por quem e quando?

Eu acho que voc� matou
na tarde de domingo, 24 de agosto.

Que horas?

Acredito que cometeu o assassinato
entre 17 e 19h.

Foi a hora em que
nos encontramos no port�o.

J� que est� t�o certo que fui eu,
me denuncie.

- Voc� gostaria, n�?
- Me denuncie!

Aqui voc� est� e aqui vai ficar.
Um criminoso liderando a repress�o.

- Est� perfeito! Est� perfeito!
- Me denuncie!

Voc� precisa me denunciar!

Eu cometi um erro,
e quero pagar por ele.

Pare de gritar!

Fa�a seu trabalho.

- Voc� precisa me denunciar porque...
- Me denuncie voc�!

Abra!

Pr�xima vez que armarmos alguma coisa,
eu vou te ligar.

Est� nas minhas m�os!

Volte aqui.
Est� agindo como um menino.

Vamos discutir a quest�o.
Por favor, sejamos sens�veis.

- Quero sair. Me solte.
- Segurem ele.

N�o � nada.
Deixem ir. Deixem ir.

N�o � nada. Deixem-o ir.

O estudante.

"Est� nas minhas m�os."

DIVIS�O DE HOMIC�DIOS

Como vai?

Voc� foi convocado
para o caso Botta tamb�m?

N�o, estou aqui pelo caso Terzi.

A linda mulher morta
com uma gilete?

Calados.
Mandei os dois se calarem.

Ol�, Doutor.

- Como est�o as coisas?
- �timo.

- Pallottella?
- Presente.

� sua vez. Entre.

Espere. Eu vou primeiro.

Pallottella, vamos.

Feche a porta.

Vamos, Pallottella.

V� em frente,
seu nervosinho.

Saia da�, seu filho da puta,
seu merda.

Um burocratazinho, fingindo ser policial.

Voc�s nunca entender�o
o significado de meus atos por completo,

de meu sacrif�cio,

com o qual eu espero reafirmar,
em toda sua pureza, o conceito de autoridade.

- Idiotas!
- O que eu fiz?

Estou entregando o assassino de Augusta Terzi
a voc�s.

Obrigado.

A partir de agora,
estou ao dispor da justi�a.

Quando quiserem me interrogar,
me encontrar�o em casa.

- Essas coisas acontecem.
- Bem, n�o deveriam.

N�o se preocupe. Estar� novamente
em casa antes de amanhecer.

Veremos.

- Por aqui, por favor.
- Senhor.

A partir de agora, pode dizer sem problemas
que me reconheceu.

N�o reconheci ningu�m.

N�o reconheci ningu�m!

Socorro!
Eu n�o reconheci ningu�m!

N�o! Socorro!

O que voc� fez?

O que voc� fez?

E quanto a n�s?
E quanto aos seus colegas?

Cumpra seu dever.

"Artigo 247:

Casos em que a pris�o em domic�lio
ser� autorizada.

Quando as circunst�ncias do crime

e o perigo moral que representa
o suspeito assim permitam,

o promotor do distrito...

ou o ju�z podem realizar
o seguinte decreto.

O C�DIGO PENAL

Ao contr�rio de ser encarcerado,

o prisioneiro pode permanecer
temporariamente detido

em sua pr�pria casa."

DIPLOMA DE ENSINO M�DIO

O reitor da Universidade de Messina
solenemente confere...

Doutor?

Eles est�o na sala.

Venha.

Senhor.

Excel�ncia.

Excel�ncia.

Estou arrependido de ter incomodado
tantas pessoas importantes.

Coma esse sal.

Onde esteve, caro colega,

entre 15 e 17h no dia
do assassinato de Augusta Terzi?

Excel�ncia, cavalheiros,

Estava com ela, pois eu a matei.

Pode provar que esteve na casa?

Tenho m�s not�cias.

Existe uma testemunha.

Infelizmente, o estudante Antonio Pace,
um conhecido subversivo,

viu-me quando entrava no pr�dio.

Isso n�o � verdade.

O estudante Antonio Pace
tem um �libi indubit�vel.

Ele n�o estava em Roma aquela tarde.

Eu o interroguei por horas,
meu caro colega,

e fiz ao meu modo!

Excel�ncia, as pegadas de sangue
descobertas no apartamento de Augusta Terzi.

N�o vieram da interfer�ncia na investiga��o,
vieram do meu sapato esquerdo.

Meu caro amigo,

existem milhares de sapatos
deste mesmo tamanho e modelo.

Eu possuo um par que � id�ntico.

- Eu tamb�m.
- Talvez.

Mas eu deixei impress�es digitais
por todo o apartamento,

mesmo no registro do chuveiro.

Porque, cavalheiros, Excel�ncia,

eu tomei um banho depois.

Estranho.

Todos deixaram impress�es no registro,
copos e ma�anetas, exceto voc�.

Sim, mas a linha azul descoberta
sob a unha vem da minha gravata.

Ent�o, d�-nos a gravata
com a linha faltando.

- Eu a destru�.
- Por qu�?

Naquele momento eu estava dividido
entre coloca-los no meu encal�o,

ou usar um pouco do poder que tinha
para cobrir meus rastros.

Uma dupla personalidade, desassociada.

Neurose.

Uma doen�a que provavelmente contra�
do prolongado exerc�cio do poder.

� uma doen�a ocupacional,

comum naqueles que seguram o cabresto
de nossa pobre sociedadezinha nas m�os.

Estou saud�vel.

J� chega de psicologia!

Precisamos de uma prova palp�vel da sua culpa.

N�o apenas as palavras, os fatos.

Eu fiz aquele pobre idiota que prendemos
comprar 25 gravatas azuis.

N�o � verdade.
Ele n�o reconheceu voc�.

Sim, mas podemos admitir
que aconteceu, entre n�s.

Ele negou por medo
quando come�ou a perceber quem eu era,

um policial.

Eu n�o vou tolerar essas
opini�es e insinua��es

contra seus colegas,
contra o batalh�o, nossa institui��o!

Falemos diretamente.

Seu motivo.

- Qual foi seu motivo?
- Ela ca�oou de mim!

Ela fez piada de mim e da nossa institui��o!

Nossa institui��o!

De todos voc�s, cavalheiros!

Este n�o � um motivo demonstr�vel.

Por favor perdoe-me, Excel�ncia.

Cavalheiros, perdoem-me.
Isto � particular.

N�o vai demorar muito.

Eu aposto na sua discri��o, Excel�ncia.

Conforme nos encontrava-mos,

minha infantilidade e minhas inseguran�as
iam ficando mais aparentes.

Absurdo! Imposs�vel!
Fic��o cient�fica!

Da�, ent�o, eu a matei
por puro ci�me!

- Voc� n�o a conheceu.
- V� em frente. Prove.

Ela n�o era sua namorada.
Nunca foram vistos juntos.

Isso mesmo.

S� um momento, cavalheiros.

Vou buscar a evid�ncia da minha culpa.

Apenas um momento, cavalheiros.

Voltarei r�pido.

Voc� matou algu�m in�til.

Qualquer outro poderia me matar.

Cedo ou tarde,
era meu destino morrer daquela forma.

Fa�a o que eles dizem.

Pense em seus colegas.

Pense em sua carreira.

Excel�ncia, cavalheiros,

estas fotos provam que a v�tima
foi fotografada bem aqui.

Observem os m�veis, o piso.

Vejam, a v�timas em posi��es er�ticas

que perversamente imitam fotos
de cenas criminais!

Eu abusei da situa��o
por meu amor � fotografia amadora!

Nojento!
Veja onde chegamos.

Estou no meu �ltimo suspiro.

Ele � s� um menino imaturo.

Eu sempre disse que n�o tinha esp�rito de equipe.

- Veja onde as coisas chegaram?
- Farei uma peti��o no tribunal!

� sua sa�de.

Farei o que quiser.

Muito bem, filho.

Tem algo a dizer?

Eu confesso minha inoc�ncia.

Agora assine aqui.

Est� tudo certo.
Acalme-se.

Cavalheiros, colegas,

n�o nos esque�amos que est� l� fora
o inimigo que conhece os fatos.

Ele usar� n�o apenas contra mim,

mas contra todos n�s,

contra o poder, contra Deus!

Este � um problema que teremos que resolver.

Entrem.

Fiquem a vontade, cavalheiros.

"N�o importa qual impress�o eles nos passa,

ele � um servo da lei.

Consequentemente, ele pertence � lei

e sobre ele n�o recai o julgamento humano." Kafka