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Parkman.

Ei, soldado.

Aqui é Parkman.

Disseram-me para lhe chamar em Parkman.

Quem lhe disse?

Os caras que colocaram você
no ônibus.

Eles me disseram que Parkman
era a sua cidade natal.

-Não é?
-Sim.

Costumava ser.

-Só essas duas?
-Sim.

Não, obrigado.
Tem tempo para uma cerveja?

Não, obrigado.
Não tem nenhum lugar aberto mesmo.

Ei, para onde vai?

Não ia sem mim, ia?

Olhe, meu bem, é um pouco cedo para...

Mas olha só. Você chama uma pessoa
para viajar com você e depois...

Espere, espere, espere. Eu chamei você?

Se não tivesse chamado,
não acha que eu teria vindo, acha?

O que acha que sou,
uma promíscua ou algo assim?

Gilly's Green Room, Chicago.

Eu estava com o Raymond.

-Raymond. Raymond?
-O cara que você socou.

-Ah, sim.
-Agora se lembra?

Eu gostaria de esquecer.

Nossa, Dave, sabe,
você foi um doce comigo.

-Olhe...
-Sabe de uma coisa?

Eu até que adoraria uma cama macia.
O que acha de...

O que acha de irmos descansar...

e depois, vamos conhecer a sua família?

Esse é o maior elogio
que um cara pode fazer à sua garota.

-Pedir para conhecer a família e tudo mais.
-Espere, espere, querida.

Eu me sinto mal por isso, mas esta não é
uma cidade para uma garota como você.

Você não me quer aqui?

Não, eu não disse isso.

É só que, bem,
tenho coisas para fazer aqui, entende?

Então, por que não vai para algum lugar,
descansa um pouco e se refresca?

O ônibus sai ao meio-dia
ou às 12h30, não sei.

Não precisa fazer isso, Dave.

Bem, levei você
para bem longe do seu caminho.

Cinquenta dólares.

Olhe, sinto muito mesmo.

Mas sabe como é, um cara fica bêbado...

conhece uma garota e, você sabe...

Você é uma boa garota. Gosto de você.

Cuide-se, certo?

Oi.

Devo ter cochilado.

-Eu poderia ter roubado essa espelunca.
-É, se precisasse de selos.

Quero o seu melhor quarto.

A US$ 7,50 por dia?

Prometi a mim mesmo que se eu tivesse
que voltar aqui, ficaria no melhor quarto.

101.

Hirsh?

-Ei, você é parente de Frank Hirsh?
-Irmão.

Não sabia que ele tinha um.

Eu estava começando a pensar
a mesma coisa.

-Você não parece com ele.
-Obrigado.

JOALHEIRO
FRANK HIRSH

Por aqui.

Mais alguma coisa, Sr. Hirsh?

Sim, pode me pegar
um balde de gelo?

E...

tenho um cheque aqui de 5.500 pratas.
Quero que o leve até...

o Banco Nacional do Cidadão.
Assim que abrir, deposite-o.

Cinco mil e quinhentos?

Isso.

E traga-me
umas garrafas de uísque.

Qualquer uísque Blended
está de bom tamanho.

Você disse Banco Nacional?

Sim.

Seu irmão, Frank, não está
na diretoria do outro banco?

Banco de Parkman?

Sim, acredito que esteja.

Não poderei sair
até que o mensageiro chegue aqui.

Mas os bancos não abrem antes das 10h.

Às 10h está bom. Tudo bem.

HISTÓRIA INACABADA
POR DAVID HIRSH

-Esse modelo é muito popular hoje em dia.
-Lindo.

-Bom dia, senhoras.
-Bom dia.

-Já fazendo compras para o casamento?
-Estamos só olhando algumas pratarias.

Virginia, não tive a chance
de lhe dar os parabéns.

-Obrigada.
-Encontrou algo do seu interesse?

Bem, Virginia gosta do estilo moderno,
e é ela quem vai se casar.

Mas acho muito sem graça.

Bem, eu, pessoalmente,
prefiro o tradicional mesmo...

mas muitas senhoras distintas
estão atrás de modernidade nos dias de hoje.

Al, vamos mostrar o modelo Tobi.
É adorável.

Frank, acabei de ouvir que o seu irmão,
Dave, está de volta à cidade.

Não é emocionante?

Veja, tem linhas clássicas,
mas mantém a simplicidade do moderno.

Frank, perguntei se não está animado
pela volta do seu irmão à cidade.

Ah, Dave. Certamente que sim.
E é muito bom tê-lo de volta.

-Suponho que...
-Bem, fiquem à vontade...

e, Al, cuide muito bem delas.

Vou tentar, Sr. Hirsh.

Ah, só um minuto.
Ele acabou de chegar.

-Bom dia, Sr. Hirsh.
-Bom dia, Edith.

É para você.

-Quem é?
-Ned Deacon. Ele disse que é importante.

Isso significa que é importante para ele.

Olá, Ned.
Qual é o problema, se é que existe um?

Soube que o seu irmão, Dave,
está de volta à cidade?

Claro que eu soube.
Ele me ligou esta manhã.

Bem, seu irmão lhe contou...

que depositou mais de US$ 5.000
em outro banco?

Agora, Frank,
como diretor do Banco de Parkman...

isso com certeza
não fica bem para você.

Tenho certeza de que ele
se confundiu com os bancos.

Sim, eu sei disso, Ned.

Sei que você me arrumou
aquela nomeação, sim.

Ah, com certeza.
Pode apostar que vou resolver isso.

Sim.

Sim. Até mais.

Algo errado, Sr. Hirsh?

Ah, não, não. Nadinha.

-Dave?
-Entre, é aqui mesmo.

-Como sabia que era eu?
-Achei que seria você.

Dave, seu danado,
bem-vindo ao lar.

-Sente-se.
-Ah, é bom ver você, rapaz.

Já faz muito tempo.

-Dezesseis anos.
-Você é uma figura.

Dezesseis anos
e nem mesmo um cartão postal.

Não achei que se preocuparia comigo.

Você parece bem, Dave.

É, eu sei, eu sei,
está ficando um pouco ralo em cima.

Mas, como dizem, "Não cresce
muita grama em rua movimentada."

Pode estar perdendo o cabelo,
mas não perdeu a sagacidade.

-Quer uma bebida?
-Às 10h30 da manhã?

Não fico vigiando o relógio.

Ah, o que aconteceu
com a sua escrita?

Quando víamos seu nome impresso...

pelo menos sabíamos
que você estava vivo.

-Eu desisti.
-Por quê? Você estava indo muito bem.

-Você tem alguns...
-O velho ainda está por aí?

Ah, você não sabia?

Não, não, que Deus o tenha.
Ele faleceu há quatro ou cinco anos.

Perto do final, Dave,
ele deu muito trabalho.

-Bebedeira?
-Bem, o que mais seria?

Que família.

Espere até ver a nova geração,
Dave.

Aquela sua sobrinha é uma verdadeira dama.

Diga-me, por que não arruma suas coisas
e fica lá em casa?

Temos muito espaço.

Bem, tenho quase certeza de que temos.

Não, obrigado, Frank.
Estou bem aqui.

Deixe-me ligar para Agnes e pedir
que prepare um belo jantar de boas-vindas.

-Você jantará conosco hoje.
-Desculpe, Frank, já tenho planos.

Ah, bem, quais são seus planos, Davey?

O que fez você decidir
voltar a Parkman?

Abri minha matraca
para alguns amigos bêbados...

-e contei onde nasci.
-Qual é o problema? Parkman é a sua casa.

Como sabia que eu estava aqui?

Praticamente todos na cidade
sabiam que estava aqui antes de mim.

Podia ter me ligado, Dave.
Você me devia isso.

Ah, eu lhe devo mais do que isso.

Quatrocentos e dez dólares,
para ser exato. Já fiz até o cheque.

Para que isso?

Este cheque é pela hospedagem e alimentação
no pensionato da Sra. Dilman.

US$ 3,50 por semana, dos meus 12 anos
até quando tomei meu rumo.

-Não acredito que ainda fica remoendo isso.
-Não estou remoendo. Sou grato.

Eu estava um pouco melhor do que a maioria
das crianças. Eu tinha um irmão generoso.

Eu era o que eles chamavam
de pensionista semiórfão.

O que esperava que eu fizesse?
Levasse a família comigo?

Você sabia que eu havia
acabado de me casar com a Agnes.

Meu Deus, Dave,
você é um homem agora.

Sabe que um homem precisa
viver sua própria vida.

Como está a Agnes, Frank?

Davey, fiz o que eu achava que era certo.

Ninguém pode fazer mais do que isso.

Claro que foi difícil para você,
mas como acha que me senti?

Colocar você no pensionato?
Meu único irmão.

Não sou de ferro, Dave.

Se soubesse quantas noites
passei em claro.

Sua história
me leva às lágrimas.

-Pegue o cheque.
-Ah, vamos...

Pegue.

Tudo bem,
se vai lhe deixar mais feliz.

Não vou brigar com você, Dave.
A vida é muito curta para isso.

Por que não janta conosco?
Eu adoraria.

Não que pareça estranho
se você não for, sabe...

mas você vai?

-A que horas?
-Quer dizer que você vai?

Se tem certeza de que a Agnes
não vai vomitar.

-Não sou o parente preferido dela.
-Ah, deixe de coisa.

Encontre-me na loja lá pelas 17h.

Vou ligar para a Agnes e pedir que prepare
algo bem especial, certo?

Sobre aquela sua brincadeira
de colocar o dinheiro no outro banco...

-sabe, é...
-Sabia que acharia engraçado.

-Vejo você às 17h.
-Até mais.

Não, Frank. Ah, não.

Não vou recebê-lo em minha casa.

Mas, Agnes, ele é meu irmão.

Você não tem orgulho próprio?

Depois que ele veio aqui lhe humilhar
deliberadamente?

E aquela...

Toda aquela sujeira que ele escreveu
sobre mim no livro.

Era nojento, malicioso e...

Por que continua insistindo
que ele estava escrevendo sobre você?

Agnes, era só um romance,
pelo amor de Deus.

Ninguém leu. Já foi esquecido.

Agnes.

De que adianta brigar?
Eu já o convidei. Ele irá.

Bem, então, não espere
me encontrar aqui.

Sairei com a Dawn
e comeremos no clube.

Eu... Frank, não...

Frank, eu me recuso
a continuar discutindo esse assunto.

Você não é assim, querida. Um irmão.

Acha que as pessoas não vão notar
como o tratamos?

Acha que não vão falar?
Por favor, querida...

Agora, espere um minuto. Sejamos justos.

Eu disse alguma coisa quando
aquele seu primo aproveitador estava aqui?

Fumando meus melhores charutos?
Comendo como um porco? Eu disse?

Agnes.

COQUETÉIS

Olá, Joe. Vi a Milly ontem,
ela disse para lhe mandar lembranças.

David. David Hirsh. Vejo você depois.

Não se lembra de mim, não é?

Jane Barclay, eu tinha
aquela loja de doces na Rua Chester.

Ah, claro, eu me lembro.

Era o único lugar onde uma criança podia
comprar fiado uma barra de alcaçuz.

Ah, sim. É por isso que
faço trabalhos domésticos hoje.

E sabe para quem estou trabalhando?
Seu irmão, Frank.

Ele com certeza se deu bem na vida.

Minha filha até trabalha
como secretária particular dele...

e ele a trata
como se fosse parte da família.

-E isso é bom?
-Bem, com certeza.

Pode me fazer um favor? Esqueça
que você me viu saindo do Smitty's.

Sabe, só parei para uma cervejinha.

-Quer outra?
-Para dizer a verdade, sim...

mas não, obrigada, tenho que ir.

Devo dizer, você com certeza
se tornou um rapagão, Dave.

-Quer dizer, Sr. Hirsh.
-Ainda sou o Dave.

Obrigada, Dave.

-E obrigado pelo alcaçuz.
-Não há de quê. Não há de quê.

O que quer, que eu perca
a minha licença? Tente na loja de bebidas.

Calma, cara.
Já disse que fiz 21 anos na semana passada.

Ah, parabéns.
Agora, pare de me encher.

Uísque.

Diga, amigo, pode arrumar para mim?

Uma garrafa daquele Old Eagle.

Tenho um encontro muito legal hoje.
Coisa muito boa.

Já lhe disseram que uísque é bebida de
homem? Por que não corre para a mamãe?

Essas crianças de hoje.

Idiota. Na idade dele,
nunca tive problemas para encher a cara.

Deixe-me lhe pagar uma bebida, Sr. Hirsh.

Vá em frente, sirva outro.

Como sabia quem eu era?

Ah, soube que estava na cidade, uniforme.

Uma semelhança um tanto familiar.
Sem ofensas.

Conhece o meu irmão?

Bem, ele não me manda
cartões de Natal.

Sou Bama Dillert.

-O que posso fazer por você, Sr. Dillert?
-Nada.

Só estou aqui para lhe dar as boas-vindas
ao happy hour do Smitty.

Você parece ter atingido
o calo do velho Frank.

Sabe, colocando o seu dinheiro
no outro banco.

-As notícias correm rápido por aqui.
-É a única coisa rápida nesta cidade.

Joga baralho, Sr. Hirsh?

Um pouco, por quê?

Bem, é só que alguns dos rapazes
e eu...

jogamos um pouco de pôquer
de vez em quando.

Até que gostaríamos de ter
um pouco de sangue novo.

E dinheiro novo.

Você não mede palavras.

Bem, tento não medir.

Mas precisa lembrar que
somos apenas velhotes do interior.

Não conhecemos as sutilezas do jogo.

Mas queremos aprender.

E sempre dá para aprender
com um cara que economiza o seu dinheiro.

Ganhei aquela grana
de vários caras.

Bem, isso é ainda mais inteligente.

Caso se interesse, teremos um jogo
aqui esta noite, lá nos fundos.

-Talvez eu dê uma passada, Sr. Dillert.
-Será um prazer, Sr. Hirsh.

-Compre algo para você.
-Obrigado.

Em que posso lhe ajudar, senhor?

Tem alguma argola de nariz?

Nada muito caro.
Conheço uma garotinha no Congo.

Às vezes, ela fica agitada.

Dave?

-Sim.
-Ah, entre.

Só tenho que trancar o cofre.

Falo com você em um minuto.

-Você tem muita coisa bonita por aqui.
-Ah, obrigado.

Ah, esta é a minha secretária, Srta. Barclay.

Esse é o meu irmão nômade, Dave.

-Como vai, Sr. Hirsh?
-Srta. Barclay.

Bem, tudo pronto.

-Tchau, Srta. Barclay.
-Adeus, Sr. Hirsh.

Aqui estamos.

Bem, tivemos uma enorme batalha
para aprová-lo.

Eu estou
no Conselho da Cidade.

PARKMAN INDIANA
FESTIVAL CENTENÁRIO

E ficou tudo incerto por um tempo.

Significará muito para a cidade.
Deve atrair muitos negócios.

Aquela garota, muito atraente.

-Que garota?
-Sua secretária.

Nunca cheguei a notar.
Tenho uma regra de não... com funcionárias.

Se está pensando alguma besteira,
pode esquecer.

Ela é uma garota muito boa.

-Todas as garotas são boas, irmão.
-Pois é.

Não posso argumentar contra isso.

Ah, esta é uma pergunta engraçada
de se fazer ao próprio irmão...

mas você não é casado, é?

-Não.
-Bem, teremos que lhe encontrar uma garota.

Beleza. Hoje à noite está bom?

Já decidiu o que vai fazer,
agora que saiu do Exército?

Claro. Nunca voltar para lá.

Tem muitas oportunidades
em uma cidade pequena, Davey...

mas se eu estivesse
começando hoje...

eu iria para um dos centros metropolitanos.

Tem mais espaço no topo.

-Está sugerindo que eu saia daqui?
-Não, não, não, Davey.

O que eu quis dizer foi que
um homem deve escolher o seu lugar...

não ficar vagando pelo mundo.

-Não foi o que disseram ao Colombo?
-Pois é. E ele não morreu rico.

Bem.

-Lar doce lar.
-Nossa...

É a antiga casa dos Carmichael.

Sim. Demos uma arrumadinha.

Acho que a Agnes deve estar
adorando isso, não?

Ah, esqueci de contar...

ela está no comitê feminino
do Centenário de Parkman.

Elas estão fazendo
uma reunião hoje à noite, e...

Quer dizer que a Agnes não estará aqui?

Bem, ela tentou ao máximo vir,
mas sabe como são essas coisas.

Tão em cima da hora.
Ela lamentou muito por não poder vir.

Ah, sim. Posso imaginar
como ela ficou.

Dave.

Esta é uma bela surpresa.

Sim, para mim também.

Bem, ainda é o mesmo malandro bonitão.

Por que não consegue
manter a forma também, Papi?

Ah, bem,
eu seria bem esguio também...

se não tivesse esses pés chatos.

Você não mudou nada, Agnes.

Ah, que mentiroso. Vamos entrar.

E conte-nos tudo
que aconteceu com você.

Estou lhe tirando da sua reunião?

Ah, aquela reunião do comitê.
Falei ao Dave sobre isso.

Ah, isso.
Não, terão que se virar sem mim.

Onde está a Dawn? Espere até dar
uma olhada na sua sobrinha, Dave.

Dá para ver o quanto
ele odeia essa garota.

-Dawn.
-Sim?

Dawnie?

Dawn. Bem, aqui está o seu Tio Dave.

Bem, beije-o. É o seu tio.

-Oi.
-Oi.

Eu não o teria reconhecido.
Ele não se parece nada com o papai.

Mal a reconheci.

Na última vez que a vi,
você estava nua na banheira.

Dave, seu malandro,
está deixando-a envergonhada.

-Não está.
-Venha, Dave.

Por que não me avisou
que você mudou de ideia?

Queria que eu não tivesse
um encontro hoje, Dave.

Tentei desmarcar,
mas ele não estava em casa.

Querida, ninguém jamais
desmarcou um encontro para ficar com o tio.

Ela vai sair outra vez
no meio da semana?

-É só um filme.
-Mas é com o Wally.

Ah, sim, rapaz maravilhoso.

Agora, não volte muito tarde,
entendido?

-Aposto que o Dave aceitaria uma bebida.
-Não, obrigado.

É claro que ele aceitaria.
Pode preparar, Papi?

Ordens da chefia.
Quer uma também, Mama?

Ah, talvez uma apenas.
É uma ocasião muito especial.

Espero que goste de Manhattans, Dave.

Papi é famoso por seus Manhattans.
Só um, é o meu limite.

Não esta noite.
Esta noite, você está entre amigos.

Papi, tem que prometer não me deixar
tomar mais do que uma bebida.

Fico animadinha.

Gosto das minhas garotas animadinhas.

Dave, se lembra de Robert Haven French
e sua filha Gwen, não lembra?

-Acho que não.
-Eles são do corpo docente...

na Faculdade Parkman.
Estão vindo nos buscar.

-Vamos jantar no clube.
-Os French?

Sim, eles ligaram assim que souberam
que Dave estava na cidade.

Gwen French não poderia estar
mais encantada. Ela...

-O que ela ensina, Dawnie?
-Redação criativa e crítica.

Isso mesmo. Ela disse que leu
cada palavra que você escreveu.

Qual é o problema?

Ah, Agnes,
a comunidade literária me dá nos nervos.

Eu parei de escrever.
Não podemos fazer isso outra noite?

-Você se importaria?
-Não seja bobo. Claro que eu me importaria.

Já esperamos tempo demais
para termos uma noite com você.

Vale muito a pena conhecer os French.
É uma família muito tradicional.

-Papi, e aquelas bebidas?
-Ah, a chefe quer serviço.

-Mama, pode me dar uma mãozinha?
-Bob French é dono de toda aquela terra...

entre o rio e a reserva.
São pessoas maravilhosas.

Você podia ter me dito
que os French viriam.

Agnes.

Tem sorte que eu esteja ao menos
falando com você.

Eu invejo você, Dave.

Inveja? Por quê?

Bem, você saiu de casa por conta própria
mais novo do que eu...

viveu sua própria vida,
teve experiências.

Uma garota não poderia fazer isso.

Por que ela iria querer?

Vagar por aí, fazendo todo tipo de trabalho.
Isso não lhe ajudou a se tornar um escritor?

Dawn, querida...

vagar por aí
só torna alguém um vagabundo.

Ora, ora, ora,
todos sob o mesmo teto.

A família toda reunida.
Nada melhor, não é, Davey?

Nada.

É o Wally.

Agora, o que precisamos
é fazer você se estabelecer, Davey.

Coloque seu dinheiro para trabalhar.
Quero ver você economizar uma boa grana.

-Wally, como está?
-Boa noite, senhor.

-Olá, Wally.
-Sra. Hirsh.

Wally, esse é o meu Tio Dave.

Wally Dennis.

Como está, senhor?

-Nada mal.
-Que bom. Bom.

Já nos encontramos antes?

Não me lembro, senhor.

-Eu... Está pronta, Dawn?
-Um segundo.

-Boa noite, Dave.
-Boa noite, garota.

-Vou lhe ver antes de você partir?
-Não vejo por que não.

Ah, deve ser os French.

Boa noite.

Boa noite, senhor.

Você vai adorar o velho Bob French.

Dawnie, Wally.

Bob, como está?
Deixe-me guardar o seu chapéu.

Dave, acredito que não se lembre
do Professor French.

Lembro sim. Carreguei os tacos de golfe dele
e nunca recebi menos que um dólar.

Não era para que ficasse calado
sobre a minha pontuação?

-E eu fiquei calado.
-Obrigado.

Ah, você se lembra da minha filha Gwen?

-Olá.
-Estou certa de que ele não se lembra de mim.

Eu estava algumas séries atrás de você
na escola primária.

Sou uma admiradora sua, Sr. Hirsh.

Até que as pessoas me conheçam,
elas geralmente são.

Ah, eu quis dizer como escritor.
Foi por isso que quis lhe conhecer.

Mas não sou escritor.
Não sou há anos.

Não sei se concordo com você.
O fato de um autor estar inativo...

não significa necessariamente
que ele não é um autor.

Significa exatamente o quê?

Acho que poderia significar
que ele deveria voltar ao trabalho.

Disseram-me que você ensina
redação criativa.

-Sim, ensino.
-Gostaria de me ensinar?

Ela precisa disso. Continue.

Receio que minhas aulas estejam cheias
este semestre. Talvez no próximo ano.

Digam, vocês estão prontos
para um pouco de flexão de cotovelo?

-Eu estou.
-Flexão de cotovelo.

Ele está acostumado a conversar
com caixeiros-viajantes.

-Querido, nossos convidados são intelectuais.
-O que são intelectuais?

Mal pagos.

Não, obrigado.

Acha que este traje
está adequado ao seu clube?

-É o uniforme do seu país.
-Um brinde. Um brinde.

Bebamos ao retorno
do herói conquistador.

-Quando foi a última vez que fez isso?
-Em Dijon.

Esta é a primeira vez que danço com
uma professora de redação criativa. Gostei.

Bem, a mesa não fica para lá?

Sim, fica,
mas achei que poderíamos ir até o bar.

-Você se importa?
-Nem um pouco.

Frank, gosto do seu irmão.

Ah, ele é um bom rapaz.
Fico feliz em tê-lo em casa.

Sim, esperamos que ele fique.

Sabe, não é imediatamente aparente...

mas ele é um homem
extremamente sensível.

-Ele com certeza é.
-Deve ser uma característica de família.

Frank é assim. Extremamente sensível.

Senhor.

Sabe, observei todas as etapas
da sua carreira com um grande interesse.

Você deve ter muito tempo livre.

Eu podia dizer pelas suas histórias
onde você estava e o que estava fazendo.

Eu me lembro de quando
trabalhou naquele cargueiro.

E quando estava trabalhando
nos campos de petróleo.

Não.

Então, acho que foi em 1940
que perdemos o seu rastro.

Ah, o suspense está me matando.
Não pare agora.

Sério, o seu primeiro romance foi
mais ou menos autobiográfico, não foi?

-Acho que foi mais ou menos ruim.
-Bem, não é verdade.

Pode ter pecado um pouco na escrita...

mas é um estudo muito poderoso da rejeição.

Ah, com certeza.
Ele foi rejeitado por 42 editoras...

e por quase todo o público literário.

Olhe, já lhe disse antes,
não sou um escritor.

Você tem dois livros
na Biblioteca Parkman.

E esses dois livros
já me renderam exatamente US$ 48.

-Nenhuma satisfação pessoal?
-US$ 48 de satisfação. Senhor.

-Outro conhaque?
-Chega para mim, obrigada.

-Uísque.
-Sim, senhor.

Não acredito que o talento possa ser desligado
como se fosse uma torneira.

-Faça uma dose tripla, certo?
-Sempre bebe tanto assim?

Só quando tenho dinheiro.

Vou só tomar esta...

e depois voltamos para a pista, certo?

Prefiro conversar, a menos que
a dança seja uma das suas paixões.

Não, minhas paixões
são bem convencionais.

-Quando falei do seu talento, eu estava...
-Você esqueceu uma coisa.

Um pouco de talento para um escritor...

significa tanto quanto
um pouco de talento para um neurocirurgião.

Você se subestima. Seu segundo romance
foi o melhor livro que já li.

-Srta. French.
-Sim?

Por que não saímos daqui
e vamos para outro lugar?

Ou seu pai desaprovaria?

Eu desaprovaria.

Deveríamos voltar.
Não fazia ideia de que era tão tarde.

Gwen, sem brincadeira.
Vamos sair por algumas horas.

O que tem em mente?

Já que está tão interessada
na minha escrita...

achei que gostaria
de voltar ao hotel comigo.

Tenho uma história lá que está incompleta.
Achei que gostaria de vê-la.

Sr. Hirsh, se tem uma história,
eu gostaria muito de vê-la.

Por que não a leva para minha casa?
Nossa porta está sempre aberta.

Talvez eu não fique aqui
por muito tempo.

-Por favor, não levante.
-Não vimos vocês.

Agnes, me desculpe, tenho que sair.
Ainda tenho trabalhos para corrigir.

-Ah, que pena.
-Poderia me deixar?

-Bem, meu pai...
-Acho que vou ficar mais um pouco.

-Frank pode me deixar.
-Claro, claro.

-Tudo bem. Boa noite e muito obrigada.
-Boa noite.

Boa noite.

Onde quer que eu lhe deixe?

Não quero.

Eu preciso.
Tenho mesmo trabalhos para corrigir.

Gosto do jeito que arruma o seu cabelo.

Tenho a sensação de que você está
fugindo de algo. Ou está atrás de algo.

Claro, você tem que saber qual é,
antes que possa descobrir o que é.

Você também tem olhos fascinantes.

Tenho uma teoria de que
escritores criam para compensar...

alguma carência em suas vidas pessoais.

Isso é porque
precisamos ser estimulados.

-Que cheiro bom. O que é?
-É repelente. Você gostou?

Sr. Hirsh, sei que meus olhos
não são fascinantes.

Uso o meu cabelo desta forma
para agradar à diretoria da faculdade.

Se quer me cortejar, só tenho
uma característica boa: a minha mente.

Seria mais seguro.

Quem quer segurança?

Para onde devemos ir?

Quando sugeri que poderia haver
uma carência em sua vida...

não estava me oferecendo
como compensação.

Não, mas essa é uma ótima ideia.

Por que não paramos em algum lugar
e conversamos sobre isso?

Sr. Hirsh,
eu pareço uma adolescente delinquente?

Não, não parece, professora.

-Quem é o homem em sua vida?
-Que homem?

Ah, só supus que havia um.
Ou é apenas falta de interesse em mim?

Bem, você sabe que tenho
um interesse por você. Pelo seu talento.

Falo sério. Eu queria poder lhe influenciar
a escrever novamente.

Ótimo, aí nos tornaríamos
amigos por correspondência.

Bem, eu gostaria de...

Eu ia dizer "lhe estimular".

Mas eu gostaria de lhe ajudar se você
decidir voltar a escrever. Sou uma boa crítica.

Pode parar na esquina
para eu saltar, por favor?

De cabeça.

Obrigado pela carona
e pela análise.

-Boa noite, Dave Hirsh.
-Boa noite, professora.

Olá.

-Olá.
-Eu não parti.

-Acredito em você.
-Cai fora, soldado.

Dá para sentar, seu estúpido?

Este é Raymond Lanchak
de Chicago. Lembra-se dele?

Sabia que ele me seguiu
de lá até aqui?

-Como vai, amigo?
-Continue andando.

Seu amigo é mal educado.

Olhe, você me socou em Chicago
quando eu não estava olhando.

Agora, dê o fora,
ou limparei o chão com o seu uniforme.

Isso seria antipatriótico
e você poderia sair machucado.

-Só estou lembrando que ela é minha garota.
-Você é?

Raymond, dá para parar com isso, por favor?

Não sou a garota dele. Não sou nada dele.
Ele só me pagou algumas bebidas.

-Sim, e o casaco?
-Você quer de volta?

Não dê ouvidos a ele, Dave.
Como eu disse, ele é só uma grande peste.

Posso sair com quem eu quiser.

Nesse caso, fique por aqui.
Vejo você mais tarde.

Olhe, se quer o meu conselho...

Não quero.

Olhe, Ginnie,
não quero nenhum problema.

Há um ônibus saindo às 23h10.

-Boa sorte. Espero que consiga um bom lugar.
-Vou lhe dizer de novo.

-Não brinque comigo, entendeu?
-Pode me fazer um favor? Vá para casa.

Cartas, par de dois.

Possível sequência.

Ás de ouros. Ás de espadas.

Sete de paus. O par aposta.

Ah, o par de dois vai apostar apenas US$ 2.

-Pago.
-Eu fico.

Bem, aqui é onde descubro
se sou um covarde.

Você é?

Sou um covarde.

Vou jogar. Cartas.

-Trinca de dois.
-Que tal isso?

Um belo chute na cabeça.

Nada. Nada.

Par de seis.

Trinca de dois faz a aposta.

Bem, já que vocês são todos meus amigos,
só vou apostar...

US$ 25.

-Ah, ele está sendo encantador.
-Não dá para mim.

Estou fora.

Você disse que o limite era...

Bem, não se preocupe
com o limite, Dave.

Vá em frente e faça
o seu próprio limite. Aposte o que quiser.

Tudo bem, quero ver essa aposta.

Devo-lhe 25 mais 150.

Pode ter um terceiro seis.

Possível.

Cento e cinquenta mais...
Sabe o que "mais" significa?

-Sim, entendi.
-Mais cento e cinquenta.

Ei, esse é um pote bem poderoso.

Cheio demais para mim.

Acho que podemos enchê-lo mais.
Não se importa, não é?

Claro que não.

Devo-lhe 150 mais 500.

Estou aumentando em 500, Sr. Dillert.

Ah, é um belo pote, não é?

Com certeza.

Pessoal, acho que ele tem o terceiro seis.

Aí está um jogador de pôquer inteligente.

-É todo seu, Dave.
-Você dá as cartas, Bama.

Ei, pessoal, encerrem tudo, certo?

O xerife acabou de entrar.
Nunca se sabe com aquele cara.

Se o xerife tivesse chegado aqui
mais cedo, eu seria um homem mais rico.

É assim que funciona.

Dave, você se saiu muito bem.

Diga-me uma coisa, Bama.

Como um profissional experiente como você
veio parar em um buraco como este?

Eu?
Ah, eu estava só de passagem pela cidade.

O pneu furou, tive que parar.

O carro na minha frente bateu em um trem.
Poderia ter sido eu.

Então, percebi que alguma coisa queria
que eu ficasse em Parkman.

E quer saber?
Estou me dando bem por aqui.

Acredito em você.

Que tal relaxar um pouco?

Conhece essas moças?

Quem não conhece?
Esse é o turno da noite da fábrica de sutiãs.

Ei, Rosalie.

-Oi, bonitão.
-Venha aqui, querida.

Volto logo.

Ela tem uma amiga.
Biscate, mas não é de toda ruim.

-Rosalie, querida, cumprimente o Dave.
-Oi, como vai?

-Oi, meu bem.
-Sente-se, querida.

Venha, junte-se a nós.

Com licença, acho que vi
uma das minhas próprias amigas.

-Que tal uma bebida?
-Eu adoraria.

Olá, Srta. Chicago.

Bem, quando pediu para eu esperar,
não pensei que fosse por metade da noite.

-Onde está o garanhão?
-Quem, Raymond?

Ele foi arrumar um quarto.

Sabe, ele realmente pensa
que vou encontrá-lo lá.

Ele terá uma grande surpresa.

-Ei, Smitty.
-Sim?

Sabe...

não quero que tire nenhuma
conclusão precipitada sobre mim e Raymond.

Sabe, só porque uma pessoa
tem uma queda por outra...

não significa que os dois...

-Sabe o que quero dizer.
-Ah, sei. Eu sei.

Na verdade, ele é uma das razões pelas quais
fiquei feliz em sair de Chicago.

-Quer saber a outra?
-Qual é?

-Eu realmente não deveria contar.
-Não precisa me contar.

É porque acho que eu poderia me apaixonar
por um cara como você.

Eu?

Uma garota linda como você?
Com essa classe?

Com uma cabeça tão boa?

Ah, pare. Está de brincadeira comigo.

Quantos drinques tomou, Dave?

Alguns, por quê?

Sabia que você só é gentil comigo
quando está bêbado?

Vamos ficar bêbados.

Aqui.

Mas em comparação com esta manhã,
estou muito bem.

-Você está bem.
-Lavei o cabelo e fiz um penteado.

Na barbearia. Custou só um dólar.
Eles fizeram um bom trabalho.

Sim. Por falar em trabalho,
você não tem que voltar para o seu?

Ah, posso sempre voltar
para o trabalho que tenho.

Eu trabalho em um...
Você sabe, clube.

Sou uma espécie de recepcionista.

Aposto que esse é um belo,
inteligente e interessante trabalho.

É mesmo.

Mas o único problema é que...

bebo muito, e isso me deixa
inchada como um balão.

Bem, a vida flutua, sabe?

Sim.

Como eu estava dizendo,
o que realmente quero é ser modelo.

Mas você precisa ter silhueta de menino.

É. E isso você não tem.

Importam-se que nos juntemos a vocês?

Ah, venham para cá.
Venham. Vamos.

Não vai nos apresentar?
Sou Ginnie Moorehead.

Sinto muito. Este é Bama Dillert,
e esta aqui é Rosalie.

-Oi.
-Ginnie.

Ele sempre usa chapéu
na presença de damas?

-Todo o tempo.
-Ele até dorme com o chapéu.

Eu acho.

Verdade.

-Por quê?
-Bem, tenho uma teoria.

Aprendi há algum tempo que
certas condições trazem sorte ao jogador.

Obrigado.
E este chapéu aqui é uma delas.

Sempre que tiro este chapéu,
algo ruim acontece.

E não quero
que aconteça de novo.

Sim. Sabe, eu sentia exatamente
a mesma coisa por um gato preto que tive.

E nunca o deixei dormir comigo.

Quem diria?

Eu estive esperando.

Continue esperando, Raymond.

-Vamos.
-Dá para tirar suas patas de cima de mim?

-Tudo bem, amigo, saia daqui.
-Estou falando com ela.

Por que não faz o que ele disse?

Está cometendo um grande erro, camarada.

Claro, claro.

Ele é um carrapato.

Sabe de uma coisa?

Ele me seguiu até aqui
desde Chicago.

Para quê?

-Os homens não são terríveis?
-São mesmo, não?

-Vamos terminar e ir para a minha casa.
-O que tem lá?

-Vamos para lá descobrir.
-Vou pagar a conta.

-Smitty.
-Sim?

-Quanto lhe devo?
-Dois dólares.

Eles não vêm?

-Sim, está uma noite linda, não?
-Sim.

Vamos tomar um pouco de ar, certo?

Raymond!

Se eu não estivesse tão cansado,
faria você engolir seus dentes.

Chame a polícia! Chame a polícia!

Está se exercitando um pouco, Dave?

Venha, vamos entrar no carro.
Vamos.

Entre no carro.

-Oi, Sherm.
-Olá, Bama.

Alguém andou lutando?

-Sim, mas já acabou.
-Receio que isso não seja possível.

-Você começou isso?
-Não, não comecei.

Ele começou. Começou em Chicago.

Você tem muita coragem.
Eu posso lhe contar quem começou isso.

-Não me diga, diga ao juiz.
-Não foi nada.

-Olhe, houve uma denúncia formal.
-Por que eu?

-Tudo que fiz foi apanhar.
-Posso lhe dar a minha palavra.

Conheço este cavalheiro.
Ele é um rato desprezível.

-Ele atacou o meu amigo com uma garrafa.
-Parece que ambos tomaram uma garrafa.

-Vamos.
-Pode me ouvir? Sou uma testemunha.

Bem, então você é testemunha.
Talvez seja melhor vir também. Vamos.

Seja bem-vindo, Dave.

Dave, não se preocupe com nada,
estarei com você.

Entre.

Bom dia, Sr. Hirsh.
Ou seria boa tarde?

-Meu irmão está aqui?
-Ah, meu novo pensionista? Claro que está.

-Lá dentro.
-Obrigado.

A porta está aberta.
Achei que ele precisava de um pouco de ar.

Olha só para você.

Um bom dia para você, senhor.

Muito bem, Dave.
Estou muito orgulhoso de você.

Um dia na cidade, apenas um dia...

e já foi pego bêbado em uma briga
com uma meretriz e jogado na prisão...

-como um bandido qualquer.
-Sei o que aconteceu, Frank.

-Só não entendo você.
-Esse é o seu problema desta manhã?

-O que tem contra mim?
-Nadinha.

Ah, sim, você tem algo.
Eu lhe recebo em minha casa...

apresento às melhores pessoas da cidade,
como os French.

E esse é o agradecimento que recebo.

Você parece ressentido com a minha posição.

Não é crime ser bem sucedido.

Eu trabalhei duro por tudo que tenho.
Ninguém me ajudou.

Este será mais um
daqueles longos sermões?

Ah, eu deveria ter imaginado.

Frank, não estou tentando lhe irritar.

Não me sinto bem. Estou com dor de cabeça
e tenho que ir ao tribunal.

Não terá que ir ao tribunal.
Dei um jeito nisso.

E aquele seu amigo mafioso
já saiu da cidade.

-Vocês dois se livraram com fiança.
-Ah, obrigado.

Não fiz isso por você, Dave.
Estou criando uma menina decente.

Isso ela é. É uma boa garota.

E eu disse ao juiz
que você sairá da cidade.

Disse para onde eu ia?

Como vou saber
para onde você vai?

-Como sabia que eu ia partir?
-Não vai?

Sim, acho que sim.

Eu queria poder dizer
que sinto muito, Dave.

Eu também queria que você pudesse.

Bem, acho que estará em todos os jornais
da tarde. Era tudo que eu precisava.

Justo quando o meu nome
estava começando a ser respeitado.

Como pôde fazer isso comigo?

Eu, eu, eu.

Nunca se cansa de pensar em si mesmo,
seu ganancioso e mesquinho?

Agora, saia daqui. Estou cansado
de ouvir você. Dê o fora daqui.

Adeus, Sr. Hirsh.

Cara, você com certeza não está
muito bonito nesta manhã, Dave.

Sabe o que não entendo?

Você toma três drinques para cada um meu
e está bem como um touro.

Bem, isso depende
da natureza de cada homem.

Eu posso beber e você pode escrever.
Ah, eu sei sobre aqueles dois livros.

-Ei, Bama?
-Sim?

Parece que alguma coisa morreu aqui.

Ah, não. É a echarpe de pele da Ginnie.

É um antigo truque feminino.
Deixam algo para que possam voltar depois.

Não devia estar no tribunal?
É melhor pegar o meu carro.

Não, não preciso ir ao tribunal.

Meu generoso irmão deu um jeito para mim.

Mas eu poderia usar o seu carro,
quero ir ao centro comprar algumas roupas.

Fique à vontade, meu amigo.

Ei, Dave...

que tal levar uma boa e agradável vida,
sem muita dificuldade?

-Fazendo o quê?
-Bem, vamos formar uma equipe.

Acho que poderíamos nos dar bem.

-Quer dizer jogando?
-Claro. É uma boa profissão.

E você é muito bom nisso.

Não, só tenho sorte.

Diga-me uma coisa na vida
que não precise de sorte.

Tome o meu velho como exemplo.

Ele apostava em quando deveria arar
os campos, na esperança de uma colheita.

Às vezes, ele conseguia,
às vezes, não.

Então, penso que se um homem tem
que apostar, que o faça sem ter que arar.

Não, também não vou
ficar por aqui mesmo.

E, além disso, como conseguiríamos
uma boa grana em um buraco como Parkman?

Ah, esta é apenas a minha sede.
Viajo por todas as cidades grandes por aqui.

É uma boa ideia, Dave.
Você teria muito tempo para escrever.

Por que não pensa nisso?

Acabei de pensar.

Atenda a porta.

Oi. Espero não estar atrapalhando em nada.

Está bem aqui.

Obrigada. Disseram-me
que não temos que ir ao tribunal.

Isso mesmo.

Também tenho boas notícias, Dave.
Quer ouvi-las?

Consegui um trabalho aqui na cidade
na fábrica de sutiãs. Está feliz?

Estou em êxtase.

Sério, sempre que você não bebe,
fica com raiva de mim.

Ontem à noite e em Chicago,
você não poderia ter sido mais amável.

E agora, de repente,
você está agindo assim.

Querida, não estou com raiva. Eu...

-Eu só estava brincando. Não percebeu?
-Claro que estava.

Você tem que ir agora,
porque tenho que fazer algumas coisas, certo?

Boa sorte na sua nova carreira.

Obrigada.

Não sei o que acontece
com essas biscates...

mas sempre parecem melhores à noite.

Sim.

Isso é parte do seu texto?

Sim, se quiser chamá-lo assim.

Dave.

Que surpresa agradável.

-Eu estava passando e pensei...
-Entre. Entre.

Gwen, querida.

É o Dave Hirsh.

Isso é um Canaletto.
Não sei diferenciar um pintor do outro...

mas quando menciono esse nome,
as pessoas ficam impressionadas.

Olá, Dave Hirsh.

Que bela surpresa.

-Espero não estar interrompendo.
-Não, estamos felizes por estar aqui.

Vamos para a cozinha.
É o nosso melhor cômodo.

É linda.

Papai insiste em manter os livros aqui.

A gordura da comida vai arruiná-los,
mas ele é muito obstinado.

-Eu ouvi isso.
-Bem, para onde vai?

Larry Channock chamou alguns professores
para um de seus coquetéis aguados.

-Não lhe contei?
-Não.

Voltarei bem tarde, querida.

Larry me espera para o jantar,
e você sabe o preço dele. Baralho.

Bem, dirija com cuidado.

Ah, Dave, há muitos quartos extras
se quiser passar a noite.

-Vou lhe mostrar o terreno pela manhã.
-Eu mostrarei o terreno.

Mas, claro,
adoraríamos que ficasse aqui.

Bem que eu queria.

Se decidir pelos martinis,
o vermute está na prateleira inferior.

Tchau, Dave.
Esperamos lhe ver mais vezes.

Tchau, professor.

Gostaria de um martini?

Não, acho que não tomarei nenhum.
Mas vá em frente.

Estou tomando café.
Está fresco e quente.

Café eu aceito.

Diga-me uma coisa...
Só açúcar, por favor.

-O que ia dizer?
-Nada de mais, só que você agiu...

como se não quisesse
ficar sozinha comigo.

Que grande absurdo.
Por que pensou isso?

Porque você parecia terrivelmente perturbada
quando seu pai estava saindo.

Só estava um pouco irritada com ele.

Pobrezinho.
Ele só é estranho assim...

quando está tramando me deixar sozinha
com alguém que ele gosta.

Ele se convenceu
de que não tenho amigos suficientes.

-E você tem?
-Ninguém tem amigos suficientes.

Com licença.

-Acho que já soube do meu problema ontem.
-Ah, várias versões. É uma cidade pequena.

Ouvi dizer que há um relato minucioso
no jornal da tarde.

Aposto que sim.

Dê uma olhada.

"Dave Hirsh volta
e é preso após briga por mulher."

Você saiu vitorioso?

-Saí bêbado.
-Não, obrigada.

Bem, esse teria sido o meu palpite.

Ficou chocada?

Esperava que eu ficasse?

Não sei.

Bem, não estou chocada, Dave Hirsh.

Mas não estou indiferente também.

Odeio ver a energia de um escritor
desperdiçada em bebedeira e lutas.

Qualquer homem
tão talentoso quanto você...

Eu trouxe aquela história da qual falei.

Pela aparência, não parece
ter acabado de sair da máquina de escrever.

Acertou em cheio.

Fiz isso há algum tempo
e nunca consegui continuar...

até que você demonstrou interesse.

Bem, o que lhe fez continuar?
Meu interesse no seu trabalho?

Meu interesse em você.
Acho que estou me apaixonando por você.

Seu tolo. Você deve ser mesmo escritor,
você é tão tolo.

Eu falei sério.

Vamos esclarecer uma coisa, Dave.

Eu disse que poderia lhe ajudar com o seu
trabalho, estou sempre de portas abertas.

Não acha que deveríamos trancá-las?

Beba o seu café.

Aparentemente, você não ouviu
o que eu disse. Estou apaixonado por você.

E eu estava evitando o óbvio comentário
de que você diz isso...

com a facilidade de um homem
que já disse isso para inúmeras mulheres.

-Isso não é verdade.
-Devemos ler suas façanhas no jornal?

Eles entenderam tudo errado, Gwen.

Eu prefiro discutir a sua história.
É sobre o quê?

É sobre o amor.

E acho que aprendi
muito mais sobre isso agora.

Por favor, por favor, não.

Agora, sente-se e deixe-me guardar
estes trabalhos. Depois, lerei a sua história.

Corrige trabalhos
todas as noites durante a semana?

Praticamente.

-Vai a encontros?
-Raramente.

Quantos anos você tem, Gwen?

Tenho uma pergunta, Dave Hirsh.

-Você gosta do meu pai?
-Gosto.

Você tem um relacionamento amigável
com ele, não tem?

Muito amigável.

Então, por que não pode ter
o mesmo tipo de relacionamento...

com uma mulher inteligente?

Estou feliz que não seja
professora de biologia.

E se eu fosse,
eu não confundiria biologia com amor.

Bem, vamos passear pelo jardim
e depois lerei a sua história.

Ei. Quando terminar com essas páginas,
elas darão ótimos aviões de papel.

-Podemos jogá-los através do rio.
-Silêncio.

Sua garota foi por ali.

Dave. Dave.

É tão ruim assim?

Dave, você tem um talento muito emocionante.

-Quer dizer que gostou de alguma coisa?
-Gostei de tudo.

As pessoas são tão reais, tão comoventes.

-Está brincando.
-É uma bela história, Dave.

Eu chorei, e não costumo chorar.

Bem...

talvez eu tente terminá-la.

-Mas está terminada.
-Não sei o que quer dizer.

Bem, no minuto que a garota sai,
a história acaba.

Não há mais nada a dizer. Foi por isso
que você não conseguiu continuar.

Claro. Quem diria?
Como nunca pensei nisso?

Mandarei redigitar e enviarei para O Atlântico.
Tenho quase certeza de que vão se interessar.

Eu não sabia que havia mulheres como você.

Dave, tenho só
uma pequena sugestão a fazer.

-Vou lhe mostrar.
-Antes, um beijo de agradecimento.

Cem por cento platônico, não foi?

-Em torno de 75.
-Ah, posso fazer melhor do que isso.

Dave, vamos falar sobre a história.

Não. Não, Dave.

Gwen.

Gwen, amo você de verdade.
Não vê isso?

Não.

Não.

E David Hirsh,
irmão de Frank Hirsh...

pagou 100 dólares de fiança,
quando ele e um...

Aí está de novo.
De hora em hora.

Bem, não precisamos escutar.

...para responder às acusações
de perturbação da paz...

Por quanto tempo mais vai deixar
seu irmão nos desgraçar?

O que posso fazer?
Querida, esqueçamos isso, certo?

Tive um dia difícil.

Como acha que foi o meu dia?
A cidade inteira falando sobre isso...

Nunca fui tão humilhada.
Daqui a pouco vão nos pedir...

-para sairmos do clube de campo.
-Ah, ninguém nos pedirá para sair.

Muitas famílias têm uma ovelha negra.

Além disso, você casou comigo,
não com o meu irmão.

Sabe de uma coisa?

Você ainda é a garota mais bonita
de Parkman.

Claro, tem um pouco mais de você...

mas isso significa apenas
que há um pouco mais para amar.

O que acha de sairmos?

Dar uma relaxada?

-O que acha?
-Não seja bobo. Estou com dor de cabeça.

-Boa noite, papai.
-Boa noite?

Boa noite, mãe.
Não se preocupe, estou com a chave.

-Diga-me, para onde ela vai?
-Sair.

Ah, muito obrigado.

Você se importa de me dizer
para onde ela vai e com quem?

Eu não sei.

Como assim, não sabe?
Você é a mãe dela, não é? Dawn.

Se não for demais, poderia me dizer
para onde você está indo?

Vou só dar um passeio com o Wally.

Se fosse alguma coisa demais,
sabe que eu lhe diria.

-Ele chegou.
-Satisfeito?

Se eu conduzisse o meu negócio como você
conduz esta casa, estaríamos falidos.

O seu negócio? Você parece esquecer
que a loja era do meu pai.

Esquecer? Como posso esquecer?

Você me lembra disso
duas vezes ao dia, há 18 anos.

Vou sair.

Ah, Sr. Hirsh, você...
Você me assustou.

O que está fazendo aqui tão tarde?

Ah, tem...

Tem muitos pedidos pendentes.
É sempre mais tranquilo à noite.

Não gosto que trabalhe tão tarde.
Não parece certo.

Não me importo com o que
as pessoas pensam, Sr. Hirsh.

Além disso, estou quase acabando.

Você já acabou, mocinha.

Vá para casa.

Sim, senhor.

Bem, acho que a noite
deve estar apenas começando para você.

-Ah, como é bom ser jovem.
-É o que me dizem.

Qual é o problema?
Brigou com o seu namorado?

Fala do Ed Remick?

Ah, parei de vê-lo há muito tempo.

Rapazes jovens podem ser muito chatos.

Deve haver muitos outros
esperando para tomar o lugar dele.

-Não há?
-Claro, centenas.

Edith, espero que não ache
que estou sendo atrevido ou algo assim...

mas estou melancólico esta noite.

Eu estava pensando
se poderíamos passear um pouco.

Claro.

É uma bela noite.

Ah, isso é bom.
Minhas costas estão cansadas.

Não é à toa, sentada atrás de uma mesa
o dia todo, trabalhando à noite.

Sabe, eu deveria lhe colocar no colo
e lhe dar umas palmadas.

Trabalhar é melhor
do que ficar sentada em casa sozinha.

Você é uma garota atraente,
deveria se divertir mais.

Tanto trabalho e nenhuma diversão...

Na verdade,
você é uma garota excepcional.

Conheci muitas no meu tempo, e eu sei.

Ouça o conselho de um velho, Edith.

Divirta-se enquanto é jovem.

Você está muito longe de ser velho,
Sr. Hirsh.

Bem, sou mais velho do que eu gostaria.

Especialmente quando estou...

Quando estou sentado ao lado
de uma jovem atraente como você.

Wally, por favor, vamos para casa.
Eu disse que não queria parar.

Isso sempre termina
nos mesmos sermões.

Não temos que ouvir esse sermão.

Você ouviu o que eu disse.

Qual é o problema?

Eu... Vou querer essa bebida.

Claro.

Não, não quero mesmo.
Wally, me leve para casa.

-Dawn.
-Por favor, Wally, me leve para casa.

-Alguma ligação?
-Não, ela não ligou.

-Comprei aquele carro do qual falei.
-Bom. Então, pretende ficar, não é?

Consegui um pensionista fixo.

Não espero assinar um contrato.

Para onde vai?

Terre Haute, Indianápolis.

Para relaxar um pouco,
talvez ganhar uma grana.

Quer vir junto?

Não, acho que não.

Sabe, os rapazes em Terre Haute
não estabelecem limites.

Poderíamos nos dar bem.

Acho que é melhor eu ficar.

Dave, você não está agindo
como um homem adulto.

Quer ver a sua professorinha, não quer?

Por que não sai e vai vê-la?

Ela disse que ia me ligar.

Bem, eu não finjo ser
uma autoridade em matéria de damas...

mas de uma coisa eu tenho certeza.

Ou elas recebem ordens, ou dão.

E assim que elas percebem que estão
dando as rédeas, elas montam em cima.

E como você tem estado?

Bem...

caso mude de ideia sobre a viagem,
não partirei antes da meia-noite.

Dave.

Está ocupada?

-Para falar a verdade, estou, mas entre.
-Senti sua falta.

Esse é um terno muito atraente.

Gwen, você disse que ligaria.

Bem, estive atolada corrigindo trabalhos, Dave.

Gostaria de uma bebida?
Ainda é café?

Nada, obrigado.

Teremos uma resposta da revista
sobre a sua história a qualquer momento.

Gwen.

Qual é o problema? Está agindo
como se estivesse em outro planeta.

Não sei o que aconteceu. Na última
vez que nos vimos, você parecia...

Eu não esqueci.

Suponho que esteja arrependida, então?

Não vamos falar sobre isso, Dave.

Acho que deveríamos falar sobre isso.

Você é uma garota brilhante. Isto é importante
para mim. Estou apaixonado por você.

Não quero que esteja apaixonado por mim.
Por favor, não.

-Isso foi uma tolice, não foi?
-Foi muito tolo.

-Não entende o que estou tentando...
-Por favor.

Dave, não deixei claro
que não quero este relacionamento?

Bem, que tipo de relacionamento
você quer?

Não aja como um garotinho
que levou uma palmada.

Sabe o quanto estou atraída por você
e o quanto admiro o seu talento.

Esqueça o talento, vamos direto ao ponto.
Você não me ama, não é?

Acho que amo,
mas não tenho certeza de que quero amar.

-Gostaria de esclarecer isso?
-Não sou uma estudante, sou uma professora.

Esperei muito tempo.
Você não deve me apressar.

Essa espécie de agressividade me assusta.

Do que você tem medo?

Não é fácil descrever
essas coisas com palavras.

Intelectualmente, posso entender
e até invejar um pouco o seu estilo de vida.

Mas emocionalmente...

Bem, emocionalmente,
sou uma pessoa bastante banal.

Quem não é? Olhe, eu parei de beber.

Eu mudei. Sei que não mudei
cem por cento, mas mudei.

-Ah, Gwen.
-Dave.

Quer se casar comigo?

Isso é apenas curiosidade
ou uma proposta de casamento?

Não. É só uma pergunta
que tem apenas duas respostas.

Também há uma terceira.

Não sei ainda.

Dave, nos encontramos exatamente
três vezes. O que eu sei sobre você?

O que você sabe sobre mim?

Só sei que sou o rapaz
que quer se casar com você.

Gwen, quero isso mais do que
qualquer outra coisa no mundo.

Chega disso.
Não sou uma das suas meretrizes de botequim.

Tem razão, professora.
Você está completamente certa.

Fui um menino mau.

Fui impertinente. Na verdade,
eu nem sequer pertenço à sua classe.

É bem provável que não.

Bem, você não terá a chance
de me reprovar novamente.

Bama. Bama?

Bama.

Já disse que é o aniversário dela.

Estou com um bolo no forno.

-Não vai nem nos oferecer uma bebida?
-Você sabe onde elas estão.

Claro.

Ah, Dave.

Pensamos que nunca mais voltaria.

Você arrumou um companheiro de quarto.
Quando partimos?

A qualquer minuto.
Não foi muito bem, foi?

-Vamos começar.
-Você vai a algum lugar?

-Sim.
-Sim, Terre Haute. A festa acabou.

-Ah, pode nos levar?
-Dave, por favor, nos leve.

Ah, por favor, podemos dizer
às meninas da fábrica que estamos doentes.

-Por favor, Dave.
-Ah, vamos lá, é aniversário dela.

-Parabéns.
-Obrigada.

Podemos ir? Podemos?

Dave?

-Não é de verdade.
-Não é o quê?

Não é o meu aniversário. Inventei aquilo.

-Por quê?
-Ah, você sabe, todo mundo faz isso.

Talvez para festejar um pouco,
ganhar um presentinho ou algo assim.

Mas eu não deveria
ter lhe dito aquilo, Dave. Eu...

Eu realmente não deveria ter feito algo assim
com um cara como você.

Vamos, ajude-me a fazer as malas.

Certo.

-Estes?
-Não, eles machucam.

Agnes, não sei
o que mais podemos fazer.

Temos que ligar para o gabinete do xerife.

Para a história ir parar
no jornal de amanhã?

Também não quero isso,
mas percebe que horas são?

O que o Wally disse?

Já lhe disse três vezes. Ele não a viu.
Ele não sabe onde ela está.

Não sei o que afetou essa garota.

-Desde que seu irmão chegou aqui...
-Quer parar com isso?

Diga, você não brigou com ela
ou algo assim, brigou?

Por que eu brigaria com ela?
Honestamente.

Alô? Ah, sim.

-Certo, certo, certo.
-Quem é?

-Sim.
-Quem é?

Sim.

-Frank.
-Só um minuto.

É a Edith, ela andou fazendo ligações.
Dawn está bem.

Ela está em Terre Haute.
Um amigo de Willy Packer a viu lá.

-Sim.
-E como isso pode estar certo?

-O que ela está fazendo em Terre Haute?
-Por favor.

Obrigado.
Muito obrigado, Edith.

Suponho que não possa falar agora, não é?

Eu entendo. Boa noite, Frank.

Ah, sim, querida. Calma.
Isso, calminha.

Bom, sente-se. Devagar.

-O que aconteceu com ela?
-Boa garota. Você está bem, querida?

-Sim, está tudo bem.
-Cigarros.

Certo. Fume,
não deixe de se divertir.

Boa garota.

Aí está.

Aí está.

Tem certeza de que não quer
que eu guarde o seu chapéu?

Que chapéu, moça?

O que foi?
Qual é o problema?

Ah, Dave, é essa música.
Eu a amo. É tão triste.

-Bama, não acha que é triste?
-Sim, me toca bem aqui, querida.

Tudo bem? Assim está melhor?

-Linda voz, não é?
-Ela andou estudando, sabia?

Sim. Diga. Linda?

Ei, amigo, tire aquela moça
de perto da banda.

Olhe, não quero nenhum problema.
Vai tirá-la ou teremos que ir?

Como assim, teremos que...

Dave, se houver uma briga por causa
da cantoria da Ginnie, estou com ele.

Sim, e eu estou com ele.

Com quem você está, meu bem?

Vamos, meu bem, vamos dançar.
Eles não valorizam a sua voz nesta espelunca.

Mas você valoriza a minha voz,
não é, Dave?

Eu prometi que nunca lhe pediria nada...

mas só para que eu tenha
uma lembrança desta viagem...

pode me comprar
um daqueles travesseiros?

Claro que posso. Vamos.

Ei, moça.

-Dê um travesseiro desses para ela, certo?
-Não, esse não.

Ninguém jamais foi
tão doce assim comigo, Dave.

E você também está sóbrio. Praticamente.

Claro.

-Sabe o que a Rosalie ouviu?
-Não, o que ela ouviu?

Ela ouviu que você estava caidinho
por aquela professora, a Srta. French.

-Isso é verdade, Dave?
-Não.

-Dave, você sempre pode...
-Vamos sentar e tomar um drinque.

A melhor da casa. Obrigado.

Cigarros.

Dois coquetéis de menta.

Olá, Dawn.

Sinto muito. Este é o Teddy...

Harperson.

-Não quer sentar e se juntar a nós? Nós...
-O que está fazendo aqui?

Estamos passeando pela cidade.
Já fomos a quase todos os lugares.

Sinto muito, este é o meu tio,
Dave Hirsh, o escritor.

-Ah, como vai?
-Vocês dois se conhecem há muito tempo?

-Bem, não. Na verdade...
-Acabamos de nos conhecer hoje.

Teddy é caixeiro-viajante.

E eu sou a filha do fazendeiro.

Adeus, Sr. Harperson.

-Ah, você já está indo?
-Não, você está.

Espere um pouco.

-Acho que você entendeu errado. Nós...
-Ela é só uma criança.

-Tenho 18 anos.
-Eu disse adeus, Sr. Harperson.

Não dê ouvidos a ele,
ele não pode fazer isso.

Dave, não estrague tudo,
estou me divertindo.

Ah, com certeza.
Você está em êxtase.

-Olhe...
-Cai fora.

Venha aqui. Dê-me o café.

-É para a outra mesa.
-Pegue outro.

-Sim, mas eu...
-Pegue outro.

Ah, claro.

Afaste.

-Seu pai sabe onde você está?
-Não.

Também não sei onde ele está.

-Não lhe parece engraçado?
-Estou morrendo de rir.

Ei, Ginnie.

-Esta é Dawn, minha sobrinha.
-Ah, olá.

Minha cabeça dói.

-Talvez consiga uma toalha fria para ela.
-Não quero, eu me sinto péssima.

Ah, querida.
Isso é porque você está de porre.

Uma garota da sua idade
não deveria beber tanto.

Vamos.

Você a ajuda a melhorar e eu a levo
para tomar um pouco de ar mais tarde.

Uma só de ida para Parkman.

Não seja tão dura com o seu pai,
querida.

Às vezes, quando um homem mira alto,
ele erra.

-Não quero falar sobre isso.
-Bem, então, deixe que eu falo.

Sei que está tentando atingir o seu pai.

Mas quem você está realmente prejudicando?

E o que você vai provar,
tornando-se uma promíscua?

Não vou me tornar uma promíscua.

Não é muito difícil, querida.

Mais alguns manés como aquele
que estava com você e alguns drinques, e...

Bem, eu deveria saber,
sou especialista em mulheres promíscuas.

Não posso morar naquela casa.

Morar naquela casa não é tão ruim, garota.

Vou arrumar um emprego em Nova York.

Bem, olhe, faça-me um favor
e não faça nada até eu voltar.

Promete?

Prometo, mas você não vai
me fazer mudar de ideia.

Milton, Delford Junction,
North Oaks e Parkman.

Desculpe-me se lhe chateei.

Se me chateou? Não seja boba.

Você fez eu me sentir
como um membro da família.

É uma sensação nova para mim
e gostei disso.

-Seja uma boa menina.
-Obrigada.

Tchau, garota.

-Ela está bem?
-Está sim.

-Quando pretende ir para casa?
-O quê?

Na hora que quiser, Dave.

-Que tal depois de Indianápolis?
-Está bem. Está ótimo.

Ei, Bama, devia tê-lo visto
com a sobrinha.

Ele não poderia ter sido mais gentil.

-Sobrinha?
-Bem, ela é sobrinha dele.

-E o Bama é meu tio.
-Ela é sobrinha dele sim.

Parem com isso.
Prefiro ouvir a música.

-Meu bem, que tal outra bebida?
-Eu adoraria.

-Dawn, é você?
-Sim.

-Sabe que horas são?
-Ela está aqui? O que aconteceu?

Onde você estava?

-Terre Haute.
-Com quem? Para onde foi?

Para algumas casas noturnas
com ninguém que você conheça.

-Boa noite.
-Boa noite?

-Dawn, queremos saber o que...
-Estou cansada. Não quero conversar.

Boa noite.

Dawn.

O VINEDALE EM INDIANÁPOLIS
O MELHOR HOTEL A PREÇO POPULAR

Baixou as cartas como se estivesse fora.

-Vai jogar?
-Estou dentro. Estou dentro, pai.

-Certo.
-Eu pago.

-Estou fora. Quantas cartas?
-Três cartas.

-Quantas?
-Estou fora.

Quantas?

-Duas belezinhas.
-Duas belezinhas.

Aí está. Quantas?

-As mesmas duas belezinhas.
-Duas belezinhas.

É a minha ligação. Estou fora.

-Do topo.
-Uma do topo.

Alô.

Alô? Sim?
Só um minuto, por favor.

-É de Indianápolis.
-Ainda não estou.

Pode esperar só um minuto,
por favor?

Gwen, querida, não vou dizer
que você não está.

Dave já ligou duas vezes.

Além disso,
você tem algo para contar a ele agora.

Prefiro que você conte.

Gwen, querida.

Sei que vocês brigaram,
e isso lhe deixou infeliz.

Você acha que será mais feliz
se nunca mais o vir?

Alô? Sim, é a Srta. French.

Alô?

Olá, Dave. Temos uma notícia
maravilhosa para você.

O Atlântico aceitou a sua história.

Quinhentos dólares.

É mesmo? Ei, isso é bom, não é?
Isso é ótimo.

Mas tenho algumas coisas mais importantes
para falar com você.

Acho que não falei com você
porque não tenho nada a dizer.

Dave, eu estive tão confusa
e conturbada...

e agora não estou mais.

Basta falar com você.

Eu tinha esquecido
o quão acolhedora e profunda é a sua voz.

Sim, estou com saudades.

Estou com saudades de você.

É impressionante o quanto.

Quando?

Estarei aqui.

Boa noite, Dave. Obrigada.

Boa noite, meu bem.

Ás.

Três noves.

Ah, dia feliz.
Você conseguiu de novo.

Sim, um pouco de sorte.

Vocês devem estar
alguns milhares na frente, não?

-Ah, mais ou menos.
-Vocês sempre jogam juntos?

Geralmente.

Vocês dois são muito sortudos.

Acho que precisamos de um novo baralho.

Diga-me uma coisa. Aquela ligação...

Era algo muito interessante?

Para mim, sim. Por quê?

Por nada, só que...

lembrei-me de um jogador
que conheci na Filadélfia.

Esse cara tinha um truque muito bom.

Ele se sentava nas mesas de baralho...

um amigo dele saía
e ligava para ele e, adivinhem.

Ele contava a mão de cada jogador no jogo.

Faz você pensar, não é?

Sim, eu diria que ele era
um vagabundo desonesto.

Sabe de uma coisa? Ele era.

-Charlie, é melhor eu esclarecer...
-Vai com calma.

Esse cara aqui perdeu pesado hoje, acho que
ele tem o direito de ser um pouco estúpido.

-Agora, quem poderia ter ligado?
-Distribua.

Bem, digamos que o garçom.

-O garçom?
-Sim, ele estava aqui, não estava?

-Ele poderia ter visto as cartas de todos.
-Sim.

Mas lembre-se,
eu não disse que ele fez isso.

-Você nunca tira esse chapéu, não é?
-Não, nunca o tiro.

Por quê?

Ele tem um pequeno transmissor
costurado no chapéu.

E ele nos dá sinais informando
o que vocês têm nas mãos. Por quê?

Sabe de uma coisa?

Talvez essa brincadeira tenha
um fundo de verdade.

Vamos só dar uma olhada, certo?

Tudo bem, afastem-se da grana.

Tudo bem.

Não gosto que toquem no meu chapéu.

Agora, apanhe-o.

Apanhe e coloque na cabeça dele.

Tudo bem, caiam fora. Caiam fora.

Mexam-se, saiam daqui.

-Você está bem?
-Não sei. Onde está o meu chapéu?

-Esqueça o chapéu. Levante-se aqui.
-Vou buscá-lo.

-Aqueles cachorros.
-Segure isso.

Vamos voltar para Parkman.
Vou levá-lo ao hospital.

-Não há nada que possamos fazer?
-Faça o que mandei.

-Não gosto que toquem no meu chapéu.
-Coloque o seu braço em volta de mim. Vamos.

-Aqui está o seu terno.
-Bem pensado.

Devagar.

Sr. Dillert.

Nunca soube de ninguém
que dormia com um chapéu.

Bem, minha senhora, está sabendo agora.
Ele me traz sorte.

Isso é uma superstição pagã.

Sim.

Com certeza, minha senhora.

Entre.

Como se sente, parceiro?

Como me sinto, parceiro?

Como você se sentiria,
com estranhos entrando aqui dia e noite...

virando você,
mexendo nas cobertas?

Rapaz, eles com certeza
se familiarizam por aqui rapidinho.

-Ele está sendo um paciente difícil, Irmã?
-Enquanto ela tentava pegar o meu chapéu...

eu estava ensinando a ela como dar
a segunda carta do topo primeiro.

Ensinando não, Sr. Dillert,
me mostrando.

-Por favor, não demore muito.
-Não demorarei.

Quer ouvir uma coisa engraçada?
Ela estava ganhando de mim.

O Senhor está do meu lado, Sr. Dillert.

Então, você finalmente chegou aqui, Dave.
Demorou um bocado.

Eles só permitem visitas na parte da tarde.

Bem, é melhor você se apressar
e me tirar dessa armadilha de pulgas.

Por quê?

Por quê? Não confio nessas Irmãs.

Como assim, não confia nessas Irmãs?

Elas roubaram as minhas roupas.
Não sobrou um alfinete aqui.

São ordens médicas, idiota.
Elas pegam as roupas de todos.

-Só ele pode trazê-las de volta.
-Então, traga-me o médico.

Por que não toca esse sino?

Ele não funciona mais.
Fiquei com raiva e o arrebentei.

Dave, você me colocou nessa cama,
agora me tire daqui.

Certo, vou falar com o médico.

-Ah, olá, doutor.
-Oi.

Quero as minhas calças, doutor.

Receio que teremos
que lhe manter aqui por um tempo, Sr. Dillert.

O que é isso?
Um hospital ou uma prisão?

Não é uma questão de legalidade. É uma
questão de responsabilidade profissional.

Você é um homem doente, Sr. Dillert.
Não do ferimento à faca, que foi leve.

Mas descobrimos acidentalmente
que você tem um caso avançado...

de diabetes mellitus.

Eu tenho o quê?

Diabetes?

Notei que havia considerável
teor de álcool em seu exame de sangue.

Quanto uísque você bebe
em um dia, Sr. Dillert?

-Essa é uma boa pergunta.
-Não sei bem.

-Três quartos de litro, talvez menos. Não sei.
-Talvez mais.

Claro, você terá que parar de beber,
Sr. Dillert.

O álcool adiciona uma enorme
quantidade de açúcar no sangue.

Você precisa de tratamento, Sr. Dillert.
Tratamento imediato.

Quer dizer que é sério assim?

No ritmo que o Sr. Dillert está agora,
é mais do que sério.

Tudo bem, você fez o seu dever, doutor.

Agora, me diga o que fazer
para sair deste lugar...

sem precisar derrubar a porta
e ficarei grato.

Vou mandar a liberação para você assinar.

Com licença.

Pode me dizer onde encontro
a Srta. French, a professora?

Segundo andar. Acho que é a sala 213.

Obrigada. Ela está dando aula agora?

O intervalo será
daqui a alguns minutos.

Bem, temos tempo
para mais algumas perguntas.

Wally?

Srta. French, você acha
que Émile Zola era imoral?

Não, de maneira nenhuma.

Mesmo quando escrevia
sobre pessoas depravadas...

a atitude dele era essencialmente moral.

-Mas ele tinha uma amante, não tinha?
-Terá que perguntar isso à Sra. Zola.

Por que pergunta?

Um amigo meu acredita que
escritores têm, bem, padrões diferentes.

Mas me parece que,
se está tudo bem para eles...

deveria estar tudo bem para qualquer um.

Bem, não concordo com o seu amigo,
Wally.

Mas acredito sim que bons escritores sentem
mais profundamente do que o resto de nós.

Eles têm mais apetite pela vida.

Se eu conhecesse Poe, ficaria, sem dúvida,
repelida por sua bebedeira...

mas eu tentaria compreendê-lo.

Assim como eu tentaria entender
o Dr. Johnson por sua gula...

De Quincy pelo uso de drogas,
e Baudelaire por sua promiscuidade neurótica.

Eles foram grandes homens.
Grandes em fraqueza, maiores em força.

-Você é a Srta. French?
-Sim.

Sou Ginnie Moorehead.

Você não me conhece, mas eu lhe conheço.
Ou ao menos sei sobre você.

Eu gostaria de falar com você sobre algo.

Bem, o que posso fazer por você?

Nossa, você não parece uma professora.

Obrigada.
Presumo que foi um elogio.

Ah, com certeza.

-Posso me sentar?
-Claro.

Pode não dizer ao Dave que eu estive aqui?
Ele vai arrancar o meu couro se souber.

Ele é amigo seu?

Sim.

Não vou tomar muito
do seu tempo, Srta. French.

Mas ele está de volta hoje,
e há algo que preciso saber.

Você vai se casar com ele?

Eu vou o quê?

Só preciso saber como as coisas estão.

-Bem, não tenho certeza de que posso...
-Srta. French, deixe-me explicar.

Acho que ele está apaixonado por você.

E se você for casar com ele,
então, vou cair fora.

Mas se for apenas uma das aventuras dele...

Você é de Chicago?

Sim. Sim, ele lhe contou sobre mim?

Não, li nos jornais.

Nossa, aquilo não foi terrível?

Eu sabia que não devia ter vindo...

mas sou completamente louca por ele,
Srta. French.

E esta é a mais pura verdade.
Quero que ele tenha o que ele quiser.

Mesmo que isso signifique você
em vez de mim.

Presumo que o Sr. Hirsh comentou sobre mim,
do contrário, você não estaria aqui.

Não é verdade.
Ele nunca disse nada.

Eu perguntava, mas ele nunca dizia nada.
Aqui, em Terre Haute e em Indianápolis...

-mas ele nunca dizia nada.
-Você foi naquela viagem?

Sim.

Ah, mas ele não está apaixonado por mim,
Srta. French.

Queria que estivesse.

Eu daria meu olho direito se ele estivesse.

Nunca me senti assim por ninguém
em toda a minha vida.

Ele só precisa me tocar para eu desmoronar.

Não chore, por favor.

Seja lá o que tenha imaginado,
ou o que o próprio Dave...

tenha dito a você...

não há absolutamente nada
entre mim e o Sr. Hirsh.

Eu o ajudei com a escrita, nada mais.

Consequentemente, não sou sua rival.

Ah, Srta. French,
estou contente por ter vindo, então.

Eu estava com tanto medo.

Não imagina o quanto eu estava com medo.

Porque eu sabia que você poderia
tirá-lo de mim, se quisesse.

Porque não sou rica
ou inteligente como você.

Não tenho nada.

Nem mesmo uma reputação.

Tenho certeza de que você tem
uma reputação, Srta. Moorehead.

Bem...

aí está uma coisa
que não incomoda o Dave.

Não quero ser rude,
mas a minha próxima aula vai começar agora.

Ah, já vou.
Não está magoada comigo por ter vindo?

De certa forma, estou grata.

Grata?

Não sei por que, Srta. French...

mas obrigada.

Muitíssimo obrigada.

Você não dirá nada a ninguém, não é?

Ninguém.

-Adeus, Srta. French.
-Adeus.

GRANDE
ESPETÁCULO SUTTON

Cara, essa cidade com certeza está animada.

"Centenário de Parkman, 1848-1948."

Cara, levou cem anos
para construir isto?

Que desperdício de tempo.

Por que não joga essa coisa fora?

Vamos, Dave.
Cara, não quero discutir.

Tenho vivido de uma certa maneira
toda a minha vida, e não vou mudar agora.

Não seja idiota.
Lembra o que o médico lhe disse?

Basta cuidar da dieta e continuar tomando
as injeções que viverá uma longa vida.

Por que não para com isso?

Se continuar fazendo isso,
vou perder um amigo.

E não tenho tantos amigos
para me dar ao luxo de perder um.

-Você não me dá escolha.
-A escolha não é sua.

Aquela parece ser a minha sobrinha.

Dawn.

Continue. Vou pegar o meu carro.

-Consegue dirigir só com um braço?
-Sim.

Como está a minha sobrinha preferida?

Muito bem. Consegui um emprego
em Nova York com uma editora.

Bem, serei apenas estagiária,
mas não é maravilhoso?

Acho que é ótimo.
Como seus pais reagiram?

Bem, como eu esperava,
mas eles vão superar.

Dave, poderia me dar um minuto, por favor?

Vou ligar para alguns amigos em Nova York.

Olhe, Dave, tenho aguentado
tudo que tem aprontado.

E não só a briga e o esfaqueamento...

Você me trouxe aqui
para outro sermão? Porque se trouxe...

-Baixe a voz.
-Eu não tenho segredos.

Venha aqui. Isto é importante.

Edith, se não se importa.

Acho que deve ficar, Srta. Barclay.
Esta reuniãozinha pode lhe interessar.

Tudo bem, Edith.

Certo, Dave, não vou nem discutir
a sua última desonra.

Claro, está em todos os jornais,
mas não importa, vamos esquecer isso.

Muito obrigado.

Tem algumas coisas
que eu gostaria de falar...

Você aconselhou a Dawn
a ir para Nova York, não foi?

-Não.
-Não me venha com essa.

Antes de você chegar, ela...

Bem, você não sabe o que isso significa
para mim, Dave. Você não é pai.

Isso é verdade.

Por isso, se eu for machucar alguém,
só machuco a mim.

Mas para um pai, é diferente.

Se for para ser hipócrita,
é melhor que seja bom nisso e não seja pego.

Onde está querendo chegar?

Aquela regra muito rigorosa
da qual você me falou.

Nunca se envolver
com suas funcionárias.

-Bem, o que tem isso?
-É uma ótima regra.

Especialmente se você estiver criando
uma boa e decente jovem.

-Está sugerindo...
-Estou afirmando, Frank.

Esta é uma cidade pequena, e o que eu sei,
a Dawn poderia facilmente saber.

Sejamos francos, isso não é bom.

-Sr. Hirsh, eu...
-Não dê ouvidos a ele.

Ele não vale nada agora,
nunca valeu e nunca valerá.

Se acabou com o seu sermão,
estou de saída.

Sinto muito, Srta. Barclay...

mas acontece que sou
muito afeiçoado à minha sobrinha.

Frank, eu... Eu vou deixar Parkman.

Calma, calma. Não fique nervosa.

Ele provavelmente estava jogando verde.

-Tenho certeza de que era um verde.
-Não.

Ah, Frank.
Por que não lhe conheci primeiro?

Tenho pensado muito nisso.

Não sei se você se deu conta disso...

mas quando me casei com a Agnes,
você tinha apenas 4 anos de idade.

Se não precisa mais de mim...

acho que vou para casa fazer as malas.

-Ah, Dave, entre.
-Olá, professor.

Temos um belo cheque
com seu nome...

e uma linda carta
de uma editora muito exigente.

-Parabéns.
-Obrigado.

Mas devo tudo a Gwen.
Onde ela está?

Você tem toda razão
de estar extremamente orgulhoso, Dave.

Contou a ela que eu liguei?

Infelizmente ela não estará conosco
esta noite.

Sinto muito. Aqui está a sua carta.

Ah, maldição.

Como invejo pessoas que podem
contar mentirinhas com convicção.

Ela pode mudar de ideia
amanhã ou depois.

Sei que ela não quer me ver,
mas se ao menos eu soubesse o porquê.

Caro Dave, primeiro deixe-me lhe preparar
um martini que é pura magia.

Pode não fazer
os problemas desaparecerem...

mas reduz o tamanho deles.

Mas onde ela está?
Ela deve estar em algum lugar.

Receio que isso não faça diferença, Dave.

Ela parece bastante determinada
a não ver você.

Por favor, não me pergunte por quê.
Não tenho o direito de interferir.

Ela está lá em cima, não está?

-Vou vê-la.
-Eu não teria como impedir.

-Você é mais jovem do que eu.
-Obrigado.

Gwen. Gwen, estou subindo.

Gwen?

Gwen?

Onde você está?
Você vai falar comigo.

Gwen?

Não acha que isso é
um pouco rude demais?

Sim. Agora, diga-me
que tipo de jogo você está fazendo.

Não sou autoridade em matéria de jogos
ou de pessoas que os frequentam.

-Se é por causa do pôquer...
-Este é o meu quarto. Eu não lhe convidei.

Certo, certo, peço desculpas mais tarde.

Agora, olhe, eu só viajei com o Bama
porque você estava me ignorando.

-Se isso significa tanto para você...
-Não significa tanto.

Não significa nada.

-Se não se importa, tenho que terminar isso.
-Que diabos aconteceu com você?

Quando estava no telefone comigo, você...

-O que lhe fez mudar?
-Não procure por implicações trágicas.

-Eu simplesmente organizei minhas ideias.
-Quer dizer que você as bagunçou.

Boa noite, Dave.

Gwen, estou apaixonado por você.
Você disse que estava por mim.

Não me segure, Dave. Suas mãos
em mim não são nada persuasivas.

Olhe, só me faça uma coisa.
Só me diga o que está incomodando você.

Se discutirmos isso,
talvez você perceba que está errada.

Eu disse boa noite.

Gwen.

Por que não paramos com isso?
Isso é muito...

Se colocar suas mãos em mim de novo,
chamarei a polícia e mandarei lhe prender.

Não gosto da sua vida.
Não gosto do jeito que pensa.

Não gosto das pessoas que você gosta.
Agora, me deixe em paz. Fique longe de mim.

-O que está fazendo aqui?
-Esperando por você.

Por quê?

Bem, sabe aquela revista
com a sua história?

Estava à venda lá na farmácia.

-Depois vou comprar uma.
-Você não pode. Eu comprei todas.

Só tenho mais uma.

Sabe, todos me parabenizaram hoje.

Sério? Pelo quê?

Por eu ser amiga sua.

Nossa, todas as garotas da fábrica
apertaram a minha mão.

Dei autógrafos o dia inteiro.

-Deu o quê?
-Autógrafos, sim.

Eu escrevo, "Espero que goste."
E assino o meu nome.

-Ótima publicidade, não acha?
-Por que não enfia na sua cabeça...

que ninguém assina seu nome
em uma história que outra pessoa escreveu.

Mas, Dave, você assina o seu nome
em um livro que manda a alguém de Natal.

Olhe, estúpida, você não teve nada a ver
com essa história.

Eu sou sua namorada.

Isso é outra coisa que quero discutir
com você. Você não é minha namorada.

Eu lhe paguei bebidas,
rimos um pouco, passeamos...

mas você não é minha namorada.

-Todo mundo pensa que eu sou.
-Não me importo com o que pensam.

Você não tem cérebro
nem força de vontade...

para sentar e ler essa história.

Você não pode falar assim comigo.

Não posso? Você não é capaz
nem de sair de uma chuva...

a menos que alguém
pegue você pela mão.

E isso porque você iria
para qualquer lugar com qualquer um.

Dave.

Ah, Dave, você realmente não deveria
ter falado comigo desse jeito.

Esqueça.

-Ei, essa é uma bela história, Dave.
-Obrigado.

Tem algo lhe incomodando?

Sim, é este lugar,
parece um ninho de ratos.

Por que não chamamos alguém
para limpá-lo?

Acha que poderíamos colocar a Ginnie
para manter este lugar limpo?

Está brincando?
Ela não consegue nem se manter limpa.

Ah, a propósito, quando é o casamento?

-Que casamento?
-Que casamento?

Dave, cá entre nós,
aquela sua professorinha...

sabe, ela não é uma influência muito boa.

Sabia que desde que largou a bebida,
você tem estado impossível, rapaz?

Mulheres...

O que acha que está fazendo aí?

Sentando.

Isso é ridículo. Entre.

Venha para cá.

Tudo bem.

Mas você não tem o direito de falar comigo
daquele jeito, Dave.

Sou um ser humano e tenho tantos direitos
e sentimentos quanto qualquer outra pessoa.

Certo, então, você é um ser humano.

Só porque aquela professora
não quer você...

não tem o direito
de descontar em mim.

Por favor, dá para esquecer isso, Ginnie?

Você ainda está apaixonado por ela,
não está?

Não, não estou.

Sim, você está. Posso perceber.

Olhe, não estou apaixonado por ninguém.

Dave.

Dave, fique apaixonado por mim.

Ah, eu te amo tanto.

Nunca conheci ninguém como você
em toda a minha vida.

Ah, eu te amo tanto, tanto.

Não chore, Ginnie, não chore.

Desculpe-me se lhe magoei. Perdoe-me,
não foi minha intenção. Sinto muito.

Você sabe que eu faria
qualquer coisa por você, Dave.

Eu faria qualquer coisa, pode pedir.

Você poderia...

Poderia limpar este lugar para mim?

-Ah, você deixa?
-Claro.

Mas é claro. Eu adoraria.

Mas é claro que sim. Eu adoraria.

Vou dizer o que farei.
Virei todos os dias antes do trabalho.

Basta me ligar.

Mas precisa se lembrar, sou um ser humano.

Tentarei não esquecer.

"E antes que ele se desse conta...

ele estava perdido.

Não havia sobrado muito tempo...

e ele percebeu que precisaria
retornar ao lugar de origem...

para buscar o ponto em que
poderia começar tudo de novo."

Esse é o fim?

-Você gostou?
-Nossa. Gostei sim, Dave.

Realmente gostei muito.

-Isso não quer dizer muita coisa.
-Não, verdade, realmente gostei muito.

Nossa, só em pensar que você pode colocar
palavras no papel assim...

e tudo que sei fazer é bainhas de sutiãs.

Sabe, isso realmente faz eu me sentir
uma grande fracassada.

-Do que você gostou, Ginnie?
-De tudo.

Como o quê?

Bem, eu... As pessoas.

-Que pessoas?
-Todas elas.

Certo, então, você gosta de todas as pessoas,
mas o que a história significa para você?

Bem, significa muito.

-Bem, então me diga do que se trata.
-Dave, não fique bravo.

Toda vez que eu abro a minha boca,
você fica com raiva de mim.

Você não entendeu uma palavra do que
eu disse. Você não entendeu a história.

Não, não entendi,
mas isso não quer dizer que eu não gostei.

Também não entendo você,
mas isso não significa que não gosto de você.

Eu amo você.

Mas eu não lhe entendo.

Então, qual é o problema disso?

Ginnie.

-O que foi?
-Quer se casar comigo?

O quê?

Case comigo, agora, hoje à noite.

Ah, Dave.

Você realmente não deveria brincar
com uma coisa dessas.

Ah, por favor, Dave, não brinque.

Você não sabe como isso me machuca.

Não estou brincando, Ginnie.

Ah, Dave.

Espero que não esteja.

Acho que quero isso mais do que quero
qualquer outra coisa no mundo.

-Não sei o que dizer.
-Basta dizer que casa.

Ah, Dave.

Sim.

-Bama.
-Bem, quem estragou a minha casa?

Bama, adivinhe.
Você jamais adivinhará o que aconteceu.

-O quê?
-Dave e eu vamos nos casar.

-Ah, isso é bom.
-Não, vamos de verdade, Bama.

Você perdeu o juízo?

Bama, você não tem o direito de dizer isso.

Olhe, com todo respeito à Ginnie,
mas você não vai mesmo se casar com essa aí?

Eu vou. Esta noite.

-Não sei se está louco ou...
-Bama, por favor, ele quer se casar comigo.

-Não tem o direito...
-Estou tentando falar com o Dave.

-Não precisamos dos seus conselhos.
-Seja uma boa menina e cale a boca.

É bom se acostumar com isso,
ela será a minha esposa.

Cara, isso simplesmente não faz sentido.

Não tenho nada contra a Ginnie.
Absolutamente nada.

-Mas até ela sabe que é uma biscate.
-Tudo bem, já chega.

Vamos, vá para casa
e vista algo bonito...

vou ligar para o juiz
e depois passo para lhe buscar.

Bama. Bama, por favor,
não estrague isso para mim.

-Por favor, Bama, isso me mataria.
-Ele não vai estragar, querida.

Eu nunca estive tão feliz
em toda a minha vida.

Ai, Deus.

Vou precisar de um padrinho.

Bem, com certeza não serei eu.

Não sei o que aconteceu
entre você e aquela professora...

mas você acabou de perder o juízo.

Não vai mesmo se casar
com aquela idiota mosca morta, vai?

Ninguém faria isso.

Não gostou do jeito
que ela limpou a sua casa?

Você não vai se casar com ela por isso.

Não, não vou.

Só estou cansado de ficar solitário,
só isso.

E o jeito que ela me ama, bem...

ninguém jamais sentiu isso por mim.

Além disso, talvez eu possa ajudá-la.

Eu com certeza não posso me ajudar.

Mas o fato permanece,
ela ainda é uma biscate.

Eu disse que vou me casar com ela,
então, cuidado com o linguajar.

Já se decidiu, não foi?

Sim, vou ligar para o juiz
e arrumar tudo para esta noite.

Tudo bem. Nesse caso,
acabei de perder um amigo.

Uma pessoa tão estúpida assim
não tem utilidade para mim.

Então, eu vos declaro marido e mulher.
Parabéns.

-Isso é tudo?
-Isso é tudo.

-Estamos casados?
-Amarrados como um nó.

Isso servirá de prova para qualquer um.

Os Hirsh.

-Boa noite.
-Boa noite.

PONTO DE ÔNIBUS

Pensei que a Dawn pegaria
um ônibus mais tarde.

Parece que esse é o último.

Será bom ter companhia.

Sim, não é mesmo?

Dave.

Bama deveria estar aqui.

Bem, ele estava ocupado, eu acho.

Não sei por que
ele não gosta de mim, Dave.

Acho que não adianta
chorar pelo leite derramado.

Dave?

Serei uma boa esposa para você, Dave.

Uma esposa muito boa.

Você não vai se arrepender.

Eu acredito em você.

Dave?

Podemos ir para Terre Haute
na nossa lua de mel?

Podemos ficar em um albergue.
Não custaria muito e faríamos a nossa comida.

Não importa para onde vamos, meu bem.
Só quero sair de Parkman.

E podemos passar na minha casa antes?

Eu queria...

pegar o meu travesseiro
e levá-lo conosco.

Lembra-se?
Aquele que você me comprou?

Eu me lembro.

E podemos ir ao Smitty's
tomar só uma cerveja?

Eu gostaria de ver as meninas.
Elas estão esperando.

Elas compraram arroz.

Bama, o que está fazendo aqui?
Achei que fosse o padrinho.

Eles estão voltando para se despedir.
Quer um pouco de arroz?

-Ele não veio aqui, veio?
-Quem?

Não sei o nome dele. Aquele amigo da Ginnie.
O encrenqueiro de Chicago.

Ele soube que ela se casou.
Ele está procurando o Dave.

-Ele só tem conversa.
-Ele está armado e bêbado como um gambá.

O que ele pretende fazer?

Matar o Dave, ele disse. Ele é louco.
Tentei falar com ele...

-e ele apontou a arma para mim.
-Você fica aqui e eu vou procurar o Dave.

Certo.

...e anuncia os produtos dos patrocinadores.

Pegue de graça. Aqui está, de graça.
Pegue de graça.

São todos gratuitos.
Pegue de graça, pegue de graça.

Tudo bem, senhoras e senhores,
aproximem-se.

Temos muitas lembranças
e muitos prêmios gratuitos para vocês.

Tudo o que pedimos é...

Percebeu que tenho falado
muito melhor ultimamente?

-Ah, sim, muito melhor.
-Eu peguei uma daquelas...

gramáticas da biblioteca.
Consegui com aquele professor quem...

Que.

"Que" é o pronome.

Quem disse o quê?

Setenta e cinco quilos.
Sente-se.

Levou por 200 gramas.

Aqui, pegue, escolha o seu prêmio.
Quem é o próximo?

Você não quer ir ao Smitty's de verdade,
quer, Dave?

-Você disse que queria ir.
-Eu não quero ir, se você não quiser.

Poderíamos ficar aqui.

Dá para se decidir, Ginnie?

Certo, é melhor irmos ao Smitty's.
As meninas disseram que iam esperar.

Nenhum mistério,
diminui o trabalho pela metade.

Aqui está mais um.
Repolho para salada.

Vejam isso. A melhor salada de ovos
que vocês já viram.

Aposto que a galinha que colocou esse ovo
ainda está cacarejando.

Mais um uso para este maravilhoso cortador:
batatinhas fritas.

Você gosta, eu gosto,
sua sogra gosta.

Todo mundo gosta de batatinhas fritas.

Uma vez que o espírito da falecida
retornou a Deus, que o criou...

nós entregamos o seu corpo à terra.

Da terra à terra, das cinzas às cinzas...

do pó ao pó.

"O Senhor é o meu pastor,
nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos...

guia-me mansamente a águas tranquilas.

Refrigera a minha alma.

Guia-me pelas veredas da justiça,
por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse
pelo vale da sombra da morte...

não temeria mal algum,
porque Tu estás comigo.

A tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante a mim
na presença dos meus inimigos.

Unges a minha cabeça com óleo...

o meu cálice transborda.

Certamente a bondade e a misericórdia divina
me seguirão todos os dias da minha vida...

e habitarei na casa do Senhor
por longos dias."

Tradução:
Joao Paulo Marinho Dantas