All language subtitles for 911.One.Day.In.America.S01E02.1080p Brazil

O PROGRAMA CONTÉM OS EVENTOS
DE 11 DE SETEMBRO,

COM CENAS FORTES
DE SOFRIMENTO E TRAUMA.

VERIFICAR CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA.

E você vê o avião,
fazendo uma manobra.

E um pouco depois, "bam"!

Uma explosão?

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- 08
- H46

A TORRE NORTE
DO WORLD TRADE CENTER

É ATINGIDA POR UM AVIÃO.

MAS A TORRE SUL ESTÁ INTACTA.

AS PESSOAS NA TORRE SUL
DEVEM FAZER UMA ESCOLHA:

FICAR OU SAIR.

Ficamos bem na frente
do elevador.

Delise, eu e outras 18 pessoas
do meu escritório.

Todos figurões.

O chefe de recursos humanos,
o gerente geral.

Todos esses figurões
parados ali.

Nada é dito,
as portas abrem, e entramos.

Saindo do elevador,
o segurança olha para mim e diz:

"Aonde você está indo?"

"Para casa.

Vi bolas de fogo
caindo do outro prédio."

"Seu prédio está bem e seguro.
Volte para o escritório."

Dava para ouvir os alarmes.

"Seu prédio está bem e seguro.
Volte para o escritório.

Mais ninguém está saindo."

Delise saiu

e disse: "Stan, estou com medo.
Quero ir para casa."

Eu disse:
"Vá, tire o dia de folga."

Tenho a escolha de voltar
para o elevador ou ir para casa.

E não sei o que fazer.

As portas quase fechando

e Jack Andriaccio
segura uma delas.

Manny Gomez
está segurando a outra.

"Vamos lá, Stan, você não está
com medo de voltar."

"Vamos, Stan,
não temos o dia todo."

E eu voltei para o elevador.

E tudo o que eu fiz
foi respeitar a autoridade.

Falaram para voltar.
Certo, voltamos.

A porta fecha
e ainda me lembro da expressão

de todo mundo naquele elevador.

Fui o último a entrar

e estava todo mundo
olhando para mim.

"Por que demorou tanto?
Estávamos esperando."

Sem imaginar que nunca mais
os veria de novo.

NATIONAL GEOGRAPHIC APRESENTA

EM COLABORAÇÃO OFICIAL

COM O MEMORIAL E MUSEU
DO 11 DE SETEMBRO

UMA PRODUÇÃO DA 72 FILMS

UM ÚNICO DIA

CONTADO NA ÍNTEGRA

POR AQUELES QUE SOBREVIVERAM

MEMÓRIAS DO 11/9

EPISÓDIO DOIS
TORRE SUL

- DAS 08H48 ÀS 09
- H59

- 08
- H48

OS PARAMÉDICOS CHEGAM

Vimos muitas coisas aquele dia
que ninguém deveria ver.

Até hoje, ainda tenho
momentos de crise

quando penso nisso.

Teve vezes que eu passava

pela ponte do Brooklyn
para trabalhar,

e isso vinha tão forte
que eu não aguentava mais

e, enquanto dirigia na ponte,

eu tinha vontade
de virar o volante para o lado

só para cair da ponte
e não lidar mais com isso.

Toda vez que eu sentia isso,
eu pensava:

"Você não pode fazer isso,
só continue, você consegue."

Eu era técnico
de emergência médica.

Eu era novo.
Só tinha 21 anos.

Estávamos indo
para o World Trade Center

para ajudar as pessoas.

Quando chegamos,

vimos centenas de pessoas
correndo na nossa direção.

E você só fica olhando
e não sabe para onde ir,

porque tem tanto caos
acontecendo.

- Nossa, cara!
- Nossa!

Meu Deus!

Minha nossa...

Eu estava pegando minhas coisas
para ver o que fazer,

e pessoas corriam para mim:
"Você tem que ajudar meu amigo!"

"Calma, onde está seu amigo?
O que aconteceu?"

"Ele pulou."
"De onde?"

"Lá do 30o andar."

"Ele morreu.
A ponte é para lá. Só corra!"

E eu lembro que pegamos

as primeiras pessoas
ensanguentadas que vimos

e corremos
para a nossa ambulância.

As regras quase foram
para o ralo.

Você fazia o que podia
por quem podia.

TRÁFEGO AÉREO DE NOVA YORK

Pode olhar pela janela agora?

Está vendo um cara
a 1.200 metros,

uns cinco a leste do aeroporto?

Sim, estou vendo.

Ele está descendo
do prédio também?

É, está descendo muito rápido.

A mais de um quilômetro.

Acabou de cair
uns 240 metros de uma vez.

Essa é outra situação.

Sem aglomerar, vamos!
Nada para ver aqui.

Eu estou no 81o andar
da Torre Sul,

em um enorme escritório
com janelas de vidro.

O telefone toca.

Eu atendo e é uma moça
que conheço:

"Stan, saia daí."

"Por que tenho que sair?"

Com o telefone na mão, de pé,

e olhando
para nenhum lugar específico.

Mas algo
chama minha atenção ao sul,

na direção
da Estátua da Liberdade.

O que eu vi foi uma coisinha
que parecia um avião.

Em um segundo,
ele ficava maior e maior.

"Meu Deus, está vindo para cá.
Ele está vindo aqui!"

E eu fico olhando.

E em questão de segundos,
vejo o avião inclinando.

Bem devagar.

Eu olho para ele, hipnotizado,
não consigo parar de olhar.

E dá para ouvir o som alto
que o motor fazia.

De quando o avião decola,
aquele som,

só que multiplicado por mil.
E o avião está vindo para mim.

A minha mente
reage muito rápido,

e eu não sei o que fazer.

A única coisa que me lembro
de dizer, nem sei por quê:

"Senhor, eu não consigo.
O Senhor assume."

Largo o telefone, grito
e pulo debaixo da mesa.

- Corra!
- Vá!

- Vá, levante-se!
- Corra, rápido!

- Peguei, vá!
- Corra!

Meu Deus...

- Meu Deus!

- Vá!
- Corra, droga!

Um segundo avião, um 727,
acabou de bater no prédio!

Para onde eu vou?
Vou para casa?

É um jato da US Airway
que bateu nele.

- Eu vi quando aconteceu.
- Eu vi também...

Alô, Gerald?
Vou sair da cidade, cara.

- Não fico aqui.
- Olhe, no segundo prédio!

Quando o avião bateu,
fui arremessada

e bati na parede de mármore
com a parte de cima do corpo.

E então minha força de vontade
ou minha abstinência ligou.

E pensei: "Não mesmo.

Não vou deixar
meus filhos órfãos hoje.

Vou sair daqui."

Fomos para as escadas

e trombamos com um senhor
que tinha pernas artificiais.

Ele se sentou e disse:
"Não posso ir mais."

Dois homens só disseram:
"Não com a gente aqui."

Pegaram-no
e carregaram-no para baixo.

E uma mulher na escada
estava tendo um ataque de asma.

Eu tinha um inalador
na minha bolsa.

Dei para ela e disse:
"Aqui. Pode usar."

Ela usou e disse:

"Agora consigo respirar",
e desceu.

Então, todo mundo estava fazendo
o que precisava para ajudar.

Foi tudo muito rápido mesmo,
mas as pessoas foram gentis.

Estávamos bem no caminho
dos destroços

do segundo avião e do prédio.

Foi tudo arremessado
para a nossa ambulância.

Os pacientes,
todos amontoados no chão,

todos agachados
com as mãos na cabeça.

Estávamos por cima deles.

Eu estava com medo.
Não posso falar por todos,

mas falo por mim
e eu estava apavorado.

- Por aqui!
- Corra!

Corra, droga!

Olhei para meu parceiro e disse:
"Temos que sair daqui."

Quando saímos de lá,
eu o ouvi gritar na frente:

"Estão sinalizando.
Estão chamando."

Eu abri a porta
e perguntei o que foi.

"Pularam na minha frente,
para ajudarmos uma mulher."

Descemos e vemos uma moça deitada,

metade na rua,
metade na calçada.

Orlando e eu conseguimos
movê-la um pouco para o lado,

e vimos que toda a parte de trás
parecia ter sido arrancada.

Dos ombros até embaixo da coxa.

Parecia que tudo
tinha sido arrancado.

Na hora não sabíamos,

mas depois descobrimos
que ela foi atingida

pelo trem de pouso
do segundo avião,

que arrancou
metade de suas costas.

Enquanto dirigíamos,
ela gritava de agonia.

Lembro dos outros três ou quatro
pacientes na ambulância.

E dava para ver
que estavam com medo.

Todos chorando,
olhando em volta, para mim.

E eu tinha 21 anos.
O que falar?

E eu me lembro
da mulher na maca,

ela estava acordada,
olhava para mim e gritava:

"Está doendo, me ajude!
Alguém, por favor, me ajude."

E eu me lembro de ajoelhar,
pegar a mão dela, me aproximar,

e dizer: "Está tudo bem,
estamos aqui.

Estou aqui e vou te levar
para o hospital.

Vamos cuidar de você."

Mantenham as calçadas livres.

Tinha muitos médicos
esperando por nós na porta.

E eles começaram a pegar
alguns pacientes que trouxemos.

E dissemos: "Não, esqueça-os.
Você tem que pegar esta aqui."

Você entrega a paciente.

"Certo, fiz minha parte.
Fiz o melhor que pude por ela.

E eu a trouxe para quem
pode ajudar muito mais."

Eu achei mesmo
que tinha morrido.

Mas estou vivo.

Isso não é possível.

Com o impacto,
um grande pedaço do avião

ficou preso
na porta do escritório.

A pressão do ar era tão forte
que sugava tudo.

É como se uma equipe
de demolição

tivesse passado pelo andar.

Todas as paredes quebradas.

Todos os móveis destruídos.

Eu estava embaixo da mesa.

Parece que um saco
gigante de cimento

foi jogado no ar.

Aquele cheiro forte
de combustível de avião.

O som foi tão ensurdecedor
que meus ouvidos doíam.

Fiquei surdo por um tempo.

Todos os cabos
pendurados no teto caíram.

Estão em curto-circuito,
por causa dos sprinklers.

E parte do andar desabou.

E pairando assim,
bem sobre a mesa.

"Se eu não me queimar,
vou ser eletrocutado.

Se não for eletrocutado
ou queimado,

então o andar vai cair.

Eu vou morrer.
Vou ser esmagado.

E se nenhum dos três acontecer,

então vou ser sugado
pela pressão, ou seja, é o fim."

E eu comecei a gritar.

Quando a segunda torre
foi atingida,

foi um momento horrível.

É claro que agora sabemos
que não foi um acidente.

Que foi intencional.

E isso muda toda a sua percepção

daquilo com que você
está lidando.

Uma coisa que passou
pela minha cabeça

foi manter a calma, sabe?

Eu teria que tomar
algumas decisões muito sérias

envolvendo a vida das pessoas.

Era o meu trabalho,
para o que fui treinado,

e muito bem treinado
no corpo de bombeiros.

E eu queria tomá-las
com minha cabeça no lugar.

Então, eu tive que evitar
aquele pânico

que vem no início.

Eu estava subindo as escadas
da Torre Norte.

A ordem era para nos reportarmos
no 23o andar.

Eu estava andando pelo andar,

procurando o chefe
a quem devia me reportar.

E escutei uma conversa.

Escutei pessoas falando.

E eu fiquei curioso.
Não era para ter ninguém lá.

Abri a porta

e tinha duas pessoas
na escadaria.

Uma secretária ferida,
uma mulher,

e o seu chefe,
que ficou com ela.

Um cara incrivelmente heroico.

Queria poder lembrar
o nome dele.

Mas ele ficou e tentou tirar
a secretária ferida do prédio.

E eles estavam na escada C.
Estavam sozinhos.

Não tinha mais ninguém lá.
Fiquei preocupado com eles.

Então, eu disse:
"Vão para a escada B.

Tem bombeiros que vão ajudar."

E eles estavam paralisados,
não se mexiam.

Em choque.
Então eu gritei com eles.

Eu me senti mal, mas gritei:
"Saiam! Vão para a escada B!

Não vou falar de novo!"

Mas tive que fazer,
porque tive que assustá-los

para tirá-los
daquele estado mental.

E finalmente eles me ouviram
e foram para a escada B.

E sobreviveram.
Eles saíram.

Isso foi bom.

Abram caminho, por favor.
Com licença.

- Você, venha aqui.
- Estou com ela.

- Ponha aqui para mim.
- Preciso de espaço!

- Gente, precisamos de espaço!
- Ali! Estão ali.

Vocês são bombeiros?

- Ela precisa de um médico!
- Estamos chegando!

Para ajudar alguém,
você precisa fazer a triagem.

Você tenta determinar
o ferimento ali na hora.

Assim, a unidade
que vem depois de você

pode tratar essa pessoa
imediatamente.

Etiqueta verde,

para ferimentos leves,
que você entende na hora.

E a etiqueta vermelha
para imediato.

Quando chegamos nos falecidos,

nenhum cuidado é necessário.

Naquele momento,
a pessoa é considerada morta.

Eu estava embaixo das torres,
indo de área em área.

Não vi

ninguém vivo no chão.

Todo mundo estava morto.

Então, ao passar,
só arrancamos as etiquetas.

"Falecido, falecido."

Até que encontrei aquela pessoa.

Coloquei falecido,
que é a etiqueta preta.

Então ela disse: "Eu não morri.

Ligue para minha filha."

Mas ela não sabia o que eu sabia
e não via o que eu via.

A cabeça dela
não tinha batido no chão,

ou eu não pude ver,
porque o cabelo estava intacto.

Ela parecia trabalhar
em escritório,

parecia alguém
que talvez estivesse no avião.

E tinha maquiagem.

Mas vi, abaixo do torso,

uma desfiguração,
completamente esmagada.

Esta mulher
deve ter caído de pé.

"Você não pode...
Pare! Eu não estou morta!"

Eu poderia ter feito algo
na hora para ajudar.

Mas eu também estava em pânico.

Eu mesmo estava lidando
com a morte.

Mesmo não temendo a morte,
ou sem pensar nela.

Mas eu vi a morte.
Vi a morte por todo lado.

Ela não ia sobreviver
mais do que alguns minutos.

Então eu menti:

"Você está bem.
Isto aqui é só procedimento.

Arranquei a etiqueta errada.
Relaxe! Eles já estão vindo!

Esqueça o que eu fiz!"

Eu estava
com a consciência pesada

pelo que eu estava dizendo
e por mentir.

Mas não porque menti
sobre a condição dela.

Mas sim porque achei
que ela estivesse morta.

E aquela etiqueta preta
ficou comigo.

Levou três anos
para conseguir mover

desta parte do córtex
do meu cérebro

para a parte frontal,
da memória.

Ou colocar em algum lugar

com o psiquiatra e o terapeuta,

para ajudar a movê-la,

para que ela não ficasse
na minha mente

de dia ou de noite.

Ou em qualquer momento.

O corpo e a mente humana
não estão preparados,

o cérebro nunca está preparado

para lidar com a tragédia
de outro ser humano.

Você só pensa
que poderia ser sua mãe.

Ou seu pai, sua família.
É um ser humano.

Não se mente
para quem está morrendo.

Eu saí no 44o andar,
era onde nossa escada terminava.

Teve pânico e confusão.
Estava um breu.

De repente, na escuridão,
tinha uma voz.

Cantando, e acho que isso
distraiu todo mundo,

porque eles pararam para ver
por que ele estava cantando,

ou quem estava cantando.
E isso acalmou todo mundo.

E então ele disse
estas palavras:

"É um orgulho hoje
ser americano."

Era Rick Rescorla,
nosso chefe de segurança.

O Rick foi sempre
muito preocupado por tantos anos

com a segurança e a proteção
de todos no World Trade Center.

Já tinha sido atacado antes
e ele tinha certeza

de que aconteceria de novo.

Ele previu que eles viriam
e quando viessem, viriam do ar.

É muito difícil proteger pessoas
de ataques que vêm do ar.

Então a única proteção
seria ensinar a sair

no caso de uma catástrofe.

TREINAMENTO DE SIMULAÇÃO
DE INCÊNDIO NO WTC, 1996

O Rick pediu
para refazerem escadarias,

para que fossem pintadas
e tivessem iluminação

para todos verem
aonde estávamos indo.

E quatro vezes por ano,
descíamos do 70o andar

até o saguão
para poder sair do prédio.

No início, as pessoas achavam
que aquilo era desnecessário,

que era um exagero.

"Precisamos mesmo fazer isso?"

Na minha cabeça,
meu ditado favorito era:

"Um raio não cai duas vezes
no mesmo lugar."

Depois de 1993,
eu nem pensava nisso.

Eu não achava que o prédio
voltaria a ser atacado.

Naquele dia,
as coisas estavam pegando fogo.

As coisas estavam explodindo,
e ele foi capaz

de reorientar todo mundo
bem rápido

e separar a multidão
nas escadarias certas

para tirá-los de lá.

Então, ver o Rick foi como ver
meu anjo da guarda

quando cheguei no 44o andar.

Eu não estava mais nervosa.
De verdade.

Olhe, Kim, a câmera.
Olhe que câmera legal.

Ele vai contar aos seus netos
que vocês estiveram lá.

É, estávamos.

Eu não estava sentindo nada
naquele dia.

Eu não estava
paralisado de medo,

não estava pensando
coisas horríveis.

A minha mente, felizmente,

me protegeu de absorver
qualquer horror.

A minha mente bloqueou
qualquer coisa horrível

que eu tenha visto,
eu não me lembro.

Além de todo o cinza.

Muitos morreram e eu não.

Eu não conseguia
pensar naquilo ainda.

De novo,
não consigo explicar o porquê.

E eu fico pensando
se eu não tenho coração.

Acho que não é isso.

Acho que eu sou gentil
e emotivo quando preciso.

É estranho.

Eu estava preso no 81o andar.

Eu me arrastei pelo departamento
de empréstimos,

o átrio, a sala de informática
e a sala de comunicação.

E foi o mais longe que deu.

Porque uma parede infeliz
ficou firme.

Uma parede.

Ficar ali esperando

foi a coisa mais dolorosa
que você pode imaginar.

Esperando, na esperança
de alguém vir ajudar.

E clamando a este Deus
que já decepcionei tanto.

Do 84o andar,
conduzi um grupo escada abaixo.

E chegamos ao 81o andar,
comigo liderando.

Chegando lá,
uma mulher apareceu e me parou.

"Acabamos de sair
de um andar em chamas,

então temos que subir."

Fiquei parado lá
e não conseguia passar,

com meu pessoal trombando atrás.

Agora tem um grupo
de umas dez pessoas,

no 81o andar,
que agora estão debatendo,

ouvindo-a e começando a discutir

se vamos subir ou descer,
ou o que fazer.

Estou atrás de uma parede

e gritando:

"Esperem por mim!
Não me deixem morrer!"

E ouvi algo como: "Socorro!

Estou preso! Tem alguém aí?
Não consigo respirar!"

Então eu acordo e penso:
"Tenho um trabalho para fazer."

Ligo a minha lanterna de novo.

E, espremendo-me ali no chão,

tenho uma lembrança bem viva
de todo mundo se virando

e começando a subir as escadas.

Então, comecei a ir
na direção da voz do estranho.

Só ouvia uma voz distante.

Coloquei minha mão
naquele buraco, falando:

"Aqui, por favor, minha mão!
Para a esquerda!"

Ouvindo um pouco,
a voz se afastava.

A voz estava se afastando
de mim.

"Não, volte para a sua direita!

Volte para a sua esquerda.
Agora para frente!"

E a voz estava mais perto.
Mais nítida.

"Para baixo!"

E lá estou eu,
com minha mão acenando para ele.

Quando a luz iluminou minha mão,
a esperança estava lá.

Alguém, com uma lanterna,
seja quem for, vai me resgatar.

Vou viver.
Foi a esperança.

A sensação de saber:
"Quer saber? Eu vou viver."

A sensação
de saber que vai viver,

que estão ali
para te levar para casa.

Vou ver meus filhos de novo.

Vou encontrar
minha esposa de novo.

Eu vou viver.

Fui deixado para morrer,
mas vou para casa.

E esse homem fez isso mesmo.

Ele me resgatou
e eu pude ir para casa.

"Aleluia, eu fui salvo",
ele dizia.

"Preciso saber uma coisa.
Você conhece Jesus Cristo?"

Foi uma coisa muito estranha
de ouvir na hora.

Eu não estava pronto
para uma discussão filosófica,

então eu gaguejei
uma resposta meio boba.

"Vou à igreja todo domingo."

Foi a melhor resposta que dei.

"Vamos, temos que trabalhar."

Tinha destroços de um lado
e destroços do outro,

e uma parede imóvel entre nós.

E eu disse
que o único jeito de ele sair

era escalando a parede.

Mas ele tentou,
e eu não consegui pegar.

"Você tem que conseguir."

E então ele subiu e caiu em mim,
derrubamos a mesa,

caímos em uma pilha de destroços
e ele me deu um beijo.

Ele se levantou e disse:
"O que você está fazendo?"

Arrumou o terno e a gravata.

Estendeu a mão e disse:
"Brian Clark."

"Stanley Praimnath."

"Eu sou Stanley! Seremos irmãos
para o resto da vida."

"Bom, não tenho irmãos.
Tudo bem, podemos ser irmãos."

E percebi que eu tinha
um ferimento na mão direita.

E o Stanley também tinha
um ferimento na mão.

E eu juntei nossas mãos e disse:

"Irmãos de sangue
para o resto da vida."

E saímos de lá
de volta para o 81o andar.

Abaixei a luz e eu pensei:
"Não vejo fogo."

Só um pouco de fumaça.

Agradecido,
dei o primeiro passo importante

para baixo,
e continuamos descendo.

- Você viu para que lado ele foi?
- Continuem andando.

Venham!

Quando chegamos ao 22o andar,

a integridade do prédio
estava se deteriorando.

Tinha rachaduras nas paredes.

Todos pensamos:
"Droga, temos que sair daqui."

E começamos a acelerar,
quase a correr.

E tudo que eu pensava era:
"Este prédio não vai me levar.

Vou para casa ver meus filhos."

Então, continuei indo e indo.

Quando chegamos ao térreo,
gritamos: "Conseguimos!"

Algumas pessoas bateram palmas:
"Estamos com vocês."

SAÍDA PARA A RUA

Quando saímos do prédio,

sentimos um alívio
por estarmos seguros.

Esperem mais um pouco,
pessoal, ainda não acabou.

Fomos levados
até o outro lado da rua.

Meu pequeno grupo
sentou-se no meio-fio.

Estavam fazendo a triagem
atrás de nós,

carregando pessoas
muito feridas, deitando-as,

tentando ver o que podiam fazer.

Ao olhar para cima

e ver o incêndio
no nosso prédio,

a primeira coisa
que pensei foi: "Isso vai cair."

"Não vou morrer aqui na rua.

Acabei de sair dali.
Tenho que sair daqui."

Vocês têm que continuar.
Senhor, fique para trás.

Por favor, continue, senhor.
Continuem andando.

Pessoas que trabalhavam conosco

viram Rick
em um dos andares inferiores

enquanto saíam do prédio.

O Rick estava subindo
as escadas.

"Rick, venha conosco."

"Não, tenho que fazer
mais uma varredura

para garantir
que todo mundo está seguro."

Ele poderia ter saído.

Mas ele escolheu voltar.

Tudo o que sei é que ele fez

o que ele estava
destinado a fazer,

que era tirar
todo mundo do prédio.

E, conhecendo o Rick,

eu sabia que ele não iria embora
até a última pessoa sair.

- Olhe o helicóptero.
-É.

Droga! Está caindo!

As cinzas encheram o ar
e bloquearam o sol.

E, estranhamente,
enquanto descíamos a Broadway,

não estava cheio de gente.
De repente, Stanley sumiu.

Olhei em volta,
procurando por ele.

E veio um sentimento de:
"Será que imaginei isso?

O Stanley era algum tipo
de anjo da guarda?"

Fiquei muito confuso

com o que tinha acabado
de acontecer.

Depois o Stanley me contou
que ele tinha parado

um cara em uma caminhonete:
"Leve-me para o Brooklyn!"

E, aparentemente, o cara levou.

O Brian me disse depois

que se ele tivesse escolhido
voltar como os outros,

ele teria morrido.

Mas havia algo naquele grito
que o levou a me ajudar.

Então, sempre que falo:
"Brian, obrigado por me salvar",

ele diz: "Não, Stan.
Eu que agradeço.

Se não tivesse gritado,

eu teria subido
e teria morrido."

RICK RESCORLA E OS MEMBROS
DE SUA EQUIPE DE SEGURANÇA,

JORGE VELAZQUEZ, GODWIN FORDE
E WESLEY MERCER,

ESTAVAM DENTRO DA TORRE SUL
QUANDO ELA DESABOU

SUAS AÇÕES AJUDARAM A SALVAR
MAIS DE DUAS MIL VIDAS

Sendo tão jovem
quanto eu era na época,

aquele dia
definitivamente me mudou.

Tem coisas que carrego até hoje,
que ainda me assombram de noite.

Quando começo a pensar
em como podia ser pior,

eu penso naquela paciente

que atendemos.

A mulher na maca.

Não achamos
que ela iria sobreviver.

Mas descobrimos
algumas semanas depois

que ela ainda estava viva.

DOIS MESES DEPOIS

Este é o Mag, de "magnífico".

Ganhei de um amigo do meu noivo.

Ele é tão legal.

Normalmente só tem
cobertas brancas aqui.

E ganhei o Mag ontem à noite,

e me fez perceber
que faltava cor no meu ambiente.

E ele apareceu
bem quando eu precisava.

Depois descobri
que o nome dela era Debbie.

Eu me lembro de ir vê-la
no hospital.

Fomos levados para o quarto dela
e ela ainda estava intubada,

mas sentada e consciente,
e ela nos viu e fez com a mão:

"São eles", apontando para nós.

E as pessoas na sala de espera
eram seus pais,

seu noivo e o resto da família.

Eles se aproximaram
e nos abraçaram.

Foi muito emocionante
para mim e para o Orlando.

E Frank Ruma foi o cara
que dirigia a ambulância

e parou para eu entrar.

Nas poucas vezes
que eu a vi no hospital,

ela estava sempre animada:
"Não se preocupe, vou melhorar."

E por muito tempo,
ela foi uma inspiração para mim,

para me tirar
de pensamentos ruins.

Saber que devolvi alguém
à sua família.

Ajudei a levar aquela pessoa
para casa.

Nossas ordens eram para subir
as escadas da Torre Norte

para busca e resgate.

E ouvimos um barulho alto
do lado de fora.

E vi Billy Burke vindo até mim
com uma expressão estranha.

E eu olhei para ele e disse:
"Isso é o que eu penso que foi?"

Pensando que um pedaço
do nosso prédio caiu.

E ele só olha para mim e diz:

"A Torre Sul acabou de cair."

E assim soubemos
que, bem do nosso lado,

milhares de pessoas
tinham morrido.

Alguns amigos nossos também.

Fiz um cálculo rápido
na cabeça e disse:

"Certo, se aquele caiu,
este também pode cair.

Hora de sair daqui."

E os rapazes não reagiram, nada.

Não queriam sair.

E eu disse:
"Vamos, é hora de ir."

Então, começamos a sair descendo
a escada B da Torre Norte.

E eu só perguntei baixinho
para Billy Butler:

"Billy, você pode andar
um pouco mais rápido?"

E o colapso da Torre Norte
começa conosco ainda lá dentro.

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