All language subtitles for Spector.S01E02

E aqui está ele,

o rei dos adolescentes,

o homem que produz
todos esses discos

que seus filhos
estão cantando e dançando.

Aqui está o Sr. Phil Spector!

O sucesso pode fazer
coisas estranhas.

Ele pode dar mais confiança
ou desequilibrar totalmente.

O que há de novo
no mundo dos discos?

Trouxe alguma inovação...

Nada novo.

Tenho muita dificuldade
em superar as coisas antigas.

- Sério?
- É sério.

Deixamos as inovações
para os outros.

E acho que ele sempre se sentiu

desconfortável com o sucesso,

por mais que desfrutasse dele
e acreditasse que o merecia.

O sucesso permitiu
que ele explorasse

alguns dos piores aspectos dele,

além de trazer

um certo nível de paranoia.

O que foi,
acha que sou algum idiota?

Você está tentando
me encurralar.

- "E as músicas?"
- Se eu fosse você...

Aí está, lá vamos nós...

Vão começar a falar de mim.

- Não quer que eu fale com você?
- Não precisa.

Pode falar
com a antagonista Eartha Kitt.

Comecei a ver
algumas coisas nele

que não me agradavam.

Eu sabia que ele tinha
algumas inseguranças masculinas,

mas surgiram outras coisas,

como quando a gente saía
para almoçar

e ele levava dois guarda-costas.

Tenho amigos nos bastidores
que não aceitam bem

aquela bobagem sobre...

- Quem está nos bastidores?
- Não importa.

Você verá
quando atravessarem a parede.

Quando alguém puxava briga
com ele,

ele falava:
"Vamos lá para fora!"

E os dois guarda-costas saíam,
mas ele ficava.

Ele não ia brigar.

Ele parece estar muito sensível.

Muito sensível, claro.

Vou jogar vocês dois na rua.

Por que está sensível?

Ignorância. Isso que me afeta!

Ele sabia

que não estava bem.

Ele sabia muito bem

como estava
a própria saúde mental.

Mas uma coisa
que eu não entendo...

Ele percebeu
que havia algo errado.

Os outros já viam claramente,
mas ele começou a perceber.

Vamos, Eartha, pode falar.

- Eu acredito em Sócrates.
- É mesmo?

- É.
- E o contrário?

"Dê..."

"Dê corda suficiente a alguém,
e ele sempre se enforca."

Começa como se fosse
um homicídio misterioso.

A vítima,
uma linda atriz de filmes B

chamada Lana Clarkson.

Lana Clarkson era uma atriz
de filmes B.

A atriz de filmes B
apareceu morta

na mansão de Phil Spector.

Uma das coisas

mais decepcionantes

dessa situação toda

é que sempre começavam dizendo:

"A atriz de filmes B,
Lana Clarkson."

Lana Clarkson,
alta, loira, 40 anos,

atriz de filme B.

Ele conhece Lana Clarkson,
a atriz em decadência.

Ela passou a maior parte da vida
também torcendo para ser famosa.

E agora, ironicamente, ela é.

Quando alguém fala isso,
automaticamente pensa o quê?

Que deve ser

uma péssima atriz, mal paga,

que fez filmes que ninguém viu.

Para mim,
é uma forma de humilhação.

É, cara...

Alguns de vocês
talvez me reconheçam,

embora não queiram admitir.

Não, senhor, não fiz pornôs.

É horrível, de verdade.

Eu preferia

que ninguém

a julgasse.

As pessoas logo supõem
que não tenho cérebro,

que tenho seios falsos

e que vou liberar tudo
por dinheiro e prêmios.

Mas nenhuma dessas alternativas
é a correta.

Na verdade, como tenho cérebro
e meus seios são de verdade,

não libero tudo.

O que é que estão
querendo retratar?

Ela tinha atuado, feito filmes,

fazia parte
da indústria de Hollywood.

E já interpretei

todas as burras gostosas
que dá para imaginar.

É só falar o nome,
já a interpretei.

Comissária de bordo,
dançarina, prostituta,

amante,
massagista, prostituta...

Guerreira...

Algumas... E prostituta.

Estão percebendo um padrão?

Só não confundam os papéis
com a mulher.

Entenderam? É isso, basicamente.

Ela era atriz.

E podemos ir mais além:
era só uma pessoa.

E eu realmente...

Sempre que eu ouvia isso,
me dava arrepios.

Poderia ficar a noite toda
interpretando personagens,

mas escolhi

a personagem
mais difícil de interpretar:

Lana.

No papel de investigador,
acho que a primeira coisa,

e a mais importante,

é cuidar da coleta de provas.

Ao lado da Lana,
havia uma escrivaninha,

com a gaveta meio aberta.

Dentro da gaveta,
havia um coldre

compatível com a arma encontrada

aos pés dela.

Uma das provas essenciais
certamente era a arma,

a arma utilizada no crime.

A arma utilizada
para matar Lana Clarkson

foi um revólver calibre.38.

Com o tempo,
várias armas foram recuperadas

dentro da residência,

em vários locais da casa.

No quarto dele,

havia cinco ou seis

tipos diferentes de pistolas,

rifles e espingardas.

Também encontramos munição

em diversos locais da mansão.

Então, demos o próximo passo.

Tentamos determinar

se outros incidentes semelhantes
haviam ocorrido

e se, de fato, havia um padrão.

Em todos aqueles anos
trabalhando com ele,

eu soube
de várias coisas que ele fazia

e pensava: "O Phil?

Sei que ele é meio maluco,

mas armas? Que história é essa?

Nunca vi o Phil Spector
puxar uma arma."

Teve uma vez

que cheguei
para uma gravação com o Phil,

e todo mundo saiu correndo
do estúdio.

Perguntei
o que estava acontecendo.

"O Phil está lá dentro, armado!"

"Armado lá dentro?
Ele tem uma gravação comigo!

Como assim, ele está armado?"

E falaram que ele estava
lá dentro brincando,

com a arma na mão.

Falei:
"Vocês que são os malucos.

Estão lá dentro com ele
e deixaram isso acontecer?"

O pessoal do estúdio o deixava

bancar o louco das armas.

Ele se sentia
no direito de fazer aquilo,

porque ninguém falava nada,
ninguém tentava impedir.

Eu é que não vou enfrentar
um cara que está armado.

O Phil ficou

descontrolado,

e o comportamento dele
foi piorando.

Parecia até que ele era
recompensado por isso.

Quanto pior ele fosse,
mais sucesso fazia.

Vamos lembrar
que ele fez sucesso muito jovem.

Muito jovem mesmo.

Ele tinha
vários problemas emocionais

e vários problemas
psicológicos...

Acho que foi fermentando
e só piorando.

Eu era um adolescente
de carona até Hollywood,

e fui até o Gold Star.

Falaram que dava para entrar
escondido pelos fundos

no beco.

Eu via qualquer gravação
que me deixavam entrar,

e acabei vendo algumas gravações
do Phil Spector.

O Phil estava produzindo
um disco,

e o Dave Gold,
um dos donos do estúdio,

era o engenheiro de som.

Vi o Dave apertar um botão,

e ele ficou com uma cara

que parecia
uma expressão de horror.

Ele olhou para o Phil
e falou: "Phil,

acabei de apagar

uma faixa."

O Phil falou: "O quê?"

"É, acabei de apagar o coral."

E o coral era
a gravação mais cara,

porque são 20 pessoas
recebendo por escala,

está entendendo?

O Phil ficou
com uma expressão incrédula,

e ele se enfiou
embaixo da mesa de som.

Ele ficou lá embaixo
em posição fetal, soluçando,

chorando mesmo, bem alto, sabe?

Quer dizer, eu...

Pensei:
"Está na hora de eu ir embora."

Mais tarde, o Dave veio falar

que ele tinha passado
quatro horas ali embaixo.

Ele não queria sair.

Ele ficou ali embaixo da mesa,
chorando.

Vi o Phil ter um colapso mental

em 1964.

Em 1964,
o Phil foi ao Reino Unido

pela primeira vez.

Ele fez contato com os Beatles,

que eram muito fãs

das Crystals, das Ronettes,
daqueles grupos.

E houve esse momento histórico

com os Beatles, os Stones

as Ronettes e o Phil Spector

ali, juntos,
em um caldeirão cultural.

Estávamos na Inglaterra

com um produtor
muito importante.

Ele aparece

todo nervoso, ansioso,

falando com uma voz falsa,

uma voz que ficava falhando.

E o pessoal perguntando
o que tinha dado nele.

Era o nosso produtor,

e ele tinha meio que surtado.

Foi quase como se houvesse
uma transferência de poder ali.

O Phil voltou para Nova York

no mesmo avião dos Beatles,

e isso parecia ser
simbolicamente importante.

E há imagens bem marcantes

dos Beatles descendo
a escada do avião,

sendo recebidos
por multidões de fãs gritando

ali no terminal.

E aí, atrás deles,

anônima e ignorada,

a figura do Phil Spector
no território dos Beatles.

Naquele momento, o Phil percebe

que o recado estava dado
para a muralha de som dele.

Mas ele estava um pouco perdido,
não sabia bem o que fazer,

para onde seguir com isso.

E há dois cantores
chamados os Righteous Brothers,

com vozes sensacionais,
impressionantes.

E o Phil enxergou potencial

e decidiu gravar com eles.

O Phil ficou muito animado,
porque sabia que eram ótimos,

e ele os admirava muito,

principalmente no começo.

Ele percebeu que precisava
de uma música sensacional

para lançar
os Righteous Brothers.

E eles compõem

"You've Lost
That Lovin' Feelin'."

A música vira
o maior sucesso dele

desde o lançamento
de "He's a Rebel",

quatro anos antes,

e ele ganha um sopro de vida
uma segunda vez.

Superou "Yesterday",

superou "Always",
de Irving Berlin.

Superou tudo,
ganhou todos os prêmios.

É a música mais tocada
da história da música,

"You've Lost
That Lovin' Feelin'."

THE RIGHTEOUS BROTHERS
BILL MEDLEY E BOBBY HATFIELD

E foi nessa época
que começamos a ver o Phil

nos talk-shows
e em outros programas de TV.

Olha, vou pedir 100 mil discos,

e isso é só o começo.

Com licença,
é o Sr. Phil Spector?

Olha, foi um dia muito ruim.
Poderia voltar em abril?

E, aí, o Phil fez uma ponta
em Sem Destino,

com Peter Fonda e Dennis Hopper.

Naquele momento,

o Phil estava se tornando
uma celebridade.

O personagem "Phil Spector"
começava a crescer.

Isso nunca tinha acontecido
com outro produtor musical,

e, provavelmente,
nunca mais vai acontecer

com outro produtor musical.

Então, nesse sentido,
ele chegou ao auge absoluto.

Mas isso acabou prejudicando
o bem-estar mental dele.

O sucesso não fez
muito bem para ele.

Você nunca será bem-sucedido
se as pessoas não te odiarem,

e é isso
que todos odeiam sobre mim.

Se formos resumir
o que todos odeiam realmente

sobre o Phil Spector,

ele...

Ele controla tudo,

e isso é um saco.

Mas, 40 anos depois,

ainda está cantando
as mesmas músicas

que cantava 40 anos atrás.

E aí?

O Phil dominou
a indústria americana da música

entre 1963 e 1964.

Mas a impressão é que ele
precisava se reinventar.

Ele queria produzir
seu próximo disco.

E agora, Ike & Tina Turner!

Fui vê-la,

e o show foi hipnotizante.

E fiquei imaginando

como seria produzir com ela
um disco de sucesso,

ela poderia ir no Ed Sullivan,

ir para Las Vegas,

romper
a barreira da cor da pele.

Ela realmente...
Era algo possível.

O Phil idolatrava
vozes do soul, vozes negras.

Ele ficou totalmente perplexo
com a Tina Turner,

querendo gravar com ela.

O único obstáculo
era o Ike Turner.

Se o Phil Spector era possessivo

com a esposa e as namoradas,

o Ike Turner era muito pior.

Eles formavam
uma dupla inseparável,

e o Ike tinha a reputação de ser

um valentão,

de sair por aí armado,

de não ter paciência
para papo furado.

O Phil tinha a tarefa
de falar com ele

para convencê-lo a permitir
que a Tina gravasse com ele.

E eu concordaria
em deixá-lo fazer isso

do jeito que ele queria
sem nenhuma interferência.

Perguntei: "Com a sua reputação,
por que eu deveria interferir?

Se você acha que consegue,
pode tentar."

Concordei em deixá-lo
ter controle total,

e concordei...

A Tina iria diariamente
à casa dele para os ensaios.

O Phil criou uma música chamada
"River Deep, Mountain High".

Eu sentia toda a energia aqui.

Era muito grande.

E a minha voz estava
muito diferente

com todos aqueles sons
junto dela.

Ike e eu ficamos impressionados.

E ali havia, na época,
a maior cantora de soul,

a Tina Turner,

havia os melhores compositores
do momento,

e o melhor produtor musical,

o Phil Spector.

Não tinha erro.

"River Deep, Mountain High"
fez sucesso internacionalmente,

mas não nos Estados Unidos.

Você ficou arrasado com...

- "River Deep"?
- Isso.

Os Beatles falaram publicamente

que era o melhor disco
que já tinham ouvido,

então, na Inglaterra,
ele ficou no topo das paradas.

Falei umas coisas nos EUA

que me prejudicaram muito
com a rádio americana.

Disse que Benedict Arnold
estava certo.

Como assim?

Benedict Arnold foi
um traidor dos EUA.

Ele se juntou aos ingleses
contra George Washington.

- Entendi.
- Comentários horríveis que fiz.

Mas eu estava puto,
estava com raiva!

O Phil enlouqueceu.
Ele ficou muito chateado.

E ele se vingou.

Bom, não posso afirmar
se foi consciente e racional,

mas a vingança dele foi:

"Não vou gravar mais nada."

A impressão é que muita coisa
se acumulou naquele período,

mas, em quatro anos,

o Phil tinha conseguido

sair do anonimato

para se tornar
o produtor musical

mais bem-sucedido do rock.

E, curiosamente,
também foi nessa época

que a Lana Clarkson nasceu.

A Lana foi a minha primogênita.

Sempre soubemos
que ela seria especial.

Aqui, é a Lana e o pai dela.

Parece que ela está
com cerca de dois anos na foto.

Ela já era artista
naquela época.

Ela decorava poemas infantis,
memorizava,

e sempre queria recitar poemas
para mim.

Eu me lembro de vídeos caseiros
de uma festa,

com todo mundo fantasiado.

Quando ela apareceu,
fez uma entrada triunfal.

Ela apareceu fazendo
toda uma apresentação.

Ela tinha cerca de 12 anos,

então aquilo ali já era
um sinal.

Quando o pai dela morreu,
a Lana tinha 16 anos.

Ele sofreu um acidente na mina.

O sistema de sprinklers
estava entupido,

então ele subiu para desentupir,

e, de repente, recebeu
uma dose letal de cianeto.

Ele morreu com 34 anos.

Foi muito difícil
para todo mundo.

Mas a Lana foi forte
em várias situações.

Acho que ter
uma família unida...

Sempre nos demos apoio
e nos ajudamos como dava.

Eu era mãe solo com três filhos,

e tivemos que vir
para Los Angeles.

A Lana tinha me convencido
de que ela ia me ajudar,

que arranjaria um emprego,
se eu a tirasse da escola.

Na época, ela queria ser modelo.

Tinha apenas 16 anos.

Resolvi voltar para Napa Valley,

e ela ficou aqui
e começou a trabalhar.

A Lana sempre foi
muito independente...

Na foto que mostrei
com ela aos dois anos,

ela falou:
"Mãe, sou independente."

Me lembro de perguntar
o que significava isso,

e ela colocou a mão na cintura
e falou:

"Significa que prefiro fazer
tudo sozinha."

Eu não via nenhum problema
em ela ficar para trabalhar.

Ela era muito esperta

e conseguia se virar sozinha
muito bem.

Sou especial nessa história,
porque eu conhecia os dois.

Não sei de ninguém
que tenha conhecido os dois.

Eu conhecia o Phil Spector
e a Lana Clarkson.

A gente saiu por um tempo,

mas acabamos ficando
amigos muito próximos.

A Lana era uma daquelas jovens

cheias de energia e de otimismo.

A Lana era
uma das pessoas mais altas

que você ia ver na vida.

A presença dela era gigante.

Ela era tão cheia de vida

que chegava a soltar faísca.
A Lana era isso.

Não tinha como não a notar.

Ela sempre falava:

"Sunny, um dia, vou ser famosa.

É melhor tirar uma foto minha."

E ela foi assim até morrer,
a gente vivia tirando fotos.

E ela sempre pedia
para eu fazer uma foto,

sempre tinha alguma ideia.

Acho que ela tinha 20 anos
quando foi para a Europa.

Esta aqui é a Sposabella,

uma revista italiana de noivas.

O ensaio dela está na frente.

Olha ela aqui...

É um ensaio lindo.

É verdade o que eles dizem

sobre os homens italianos
serem agressivos nas ruas...

Com certeza, são péssimos.

Quer dizer, eu os amo,
são maravilhosos.

Mas, no meu aniversário,

eu estava na rua, e um rapaz,

com cerca de 17 anos,

bateu no meu calcanhar
com uma bicicleta.

Então eu me virei e o derrubei.

Mas ele me puxou
e começou a me socar.

Fiquei com muita raiva,

então bati nele
e peguei a bicicleta.

Foi a adrenalina.
Joguei nele com uma mão só.

Bateu nele,
em uma vitrine de gelateria...

E tudo mais. Foi terrível.

Então, há uma lição:

não bata com a sua bicicleta
na Lana.

É isso aí.

Ao longo de vários anos,
voltando a 1967 e 1968,

o Phil ficou curtindo a fama.

Ele tinha dinheiro suficiente

para viver como um ermitão.

Ele era meio inconsequente
na indústria da música,

mas como os Beatles
eram os maiores do mundo,

ele ficou interessado.

E os Beatles, naquela época,

tinham gravado o último disco,
Let It Be.

Os Beatles estavam procurando
alguém para salvar esse projeto,

então chamaram o Phil Spector
para assumir.

O Spector produziu
uma mistura estranha

do som dos Beatles
com a muralha do som.

Claro que o disco ganhou
um Grammy,

e o Phil podia se gabar

de ter produzido
o último disco dos Beatles.

Ele continuou produzindo
mais discos com John Lennon,

inclusive, claro,

o disco que rendeu a música

mais conhecida do John Lennon,
"Imagine".

Por que você e John
se deram bem?

Nós nos amávamos.

Era um casamento perfeito.

O que você gostou nele?

Não sei, mas eu o amava.

E nós nos amávamos.

Ele amava como eu trabalhava,

como eu pensava...

Ele era como um irmão
que nunca tive.

É ótimo trabalhar
com você, Phil.

Já trabalhei com muitos
no meu tempo.

Sinceramente, é ótimo.
Brilhante.

- Beleza!
- Próxima música.

O Spector entregou
músicas brilhantes para o Lennon

e produziu
dois discos excelentes.

Mas, naquela época,

já dava para ver

que Phil estava bebendo muito.

E aquilo começou a prejudicar
seu talento como produtor,

assim como a concentração dele.

E há histórias
do Phil no estúdio,

levemente descontrolado,
mais alcoolizado do que deveria,

mais excêntrico
do que deveria ser.

E, para jogar
mais lenha na fogueira,

John Lennon estava passando
por um momento difícil

com a Yoko Ono.

Então o plano
era os dois gravarem

um disco
de clássicos do rock juntos.

Logo ficou evidente

que as gravações
estavam fora de controle.

Os dois ficavam

muito bêbados.

Então ficava
praticamente impossível.

Eram dois gigantes
que não davam a mínima.

O Phil, claro,

na época que estava gravando
esse disco de rock,

sacou uma arma.

Ele não chegou a ameaçar o John,

mas sacou a arma,
ficou a sacudindo

e a disparou contra o teto.

O John Lennon deduziu
que eram balas de estopim

e falou:

"Está querendo prejudicar
a minha audição, Phil?"

Só na manhã seguinte,
quando alguém foi explicar

que tinham tirado a bala grudada
no teto do estúdio,

que perceberam
que o Phil estava andando

com bala de verdade.

Naquela época,
Phil estava muito envolvido

com a vocalista das Ronettes,
a Ronnie.

Eu estava apaixonada, eu...

Mesmo assim,
li que alguém o descreveu

como "um corpo e palidez
de um filé de vitela".

Isso não é nada atraente,
mas, para você, era seu marido,

por quem estava apaixonada.

Perdidamente apaixonada,
maravilhada com a escrita...

- Ele é um cara talentoso.
- É.

A produção de tudo dele...

Eu me apaixonei
pelo jeito dele no estúdio,

dizendo aos músicos o que fazer.

Ele tinha uma energia ótima.

Ele nos fazia dar risada,
fazia algum comentário.

E aí, mais tarde, na festa,

ele ficava sentado
com cinco pessoas em volta,

contando histórias.

Ele tinha

muito magnetismo, sabe?

Ele não se impunha nem nada,

mas gostava...
A voz dele era suave.

Ficávamos ouvindo,
ele falava coisas interessantes.

As Ronettes já tinham
se separado,

e o relacionamento do Spector
com a Ronnie se solidificou,

até que eles se casaram.

Ronnie, quando o Phil anunciou
a aposentadoria,

esperava que ele dedicasse
boa parte do tempo a ela

e à construção da carreira dela,

mas não foi assim.

Ele era um homem
que era dono da gravadora,

que escreveu e produziu
todas as minhas músicas.

Como eu poderia pensar
que ele iria

se aposentar dois meses
após nos casarmos?

Nos mudamos
para uma mansão de 23 cômodos,

e foi como se eu estivesse
longe de tudo,

porque fui criada
com família, pessoas, animação.

Então, de repente,
me casei e foi uma escuridão.

E Phil queria
a casa sempre escura.

Não havia rock.

Não me chamavam mais de Ronnie.

Ele me chamava de Veronica,

e os empregados
me chamavam de Sra. Spector.

Acredito que ele fez isso
subconscientemente,

para eu não pensar na Ronettes
ao me chamarem de Ronnie.

E foi aí que ele ficou recluso.

Quando ele ficou recluso,
eu também fiquei.

Sabe?

Ela tem permissão para sair
de vez em quando.

Mas ele também coloca
uma espécie de boneco inflável

no banco do passageiro
ao lado dela.

Assim,

vão pensar
que ela está acompanhada

e ninguém tentará
se engraçar com ela.

- Você dirigia com aquilo?
- Sim.

Gayle, eu fazia qualquer coisa
para sair daquela casa.

A única forma de sair
era com o homem inflável,

e era melhor do que não sair!

E aí, para tentar

construir essa ideia
do que uma família

e um casamento deveriam ser,

ele decide
que precisavam ter filhos.

Então ele traz
um bebê para casa, o Donte,

um filho adotivo.

Por um tempo, a Ronnie afirmou
que o Donte era dela mesmo.

Se a Ronnie falava
que estava grávida,

por que eu não ia acreditar?

Ela vai ter um filho,

e aí, anos depois:
"Ele não nasceu de mim.

O Phil trouxe para mim."

Ninguém ganha
uma criança de presente.

A história dos gêmeos
já é outra.

Acho que ela estava brava
com ele,

porque ela falou:

"Ele me deu de Natal."

É como se ela tivesse ganhado
dois cachorrinhos.

Isso não é normal.

Não é nada normal.

O Phil tentou afastá-la
de todos.

Ela estava bem desesperada.

Até que ela decide fugir,
finalmente.

A mãe dela estava com ela,

e isso deu mais coragem,
provavelmente.

Ele pegou os sapatos dela.

Foi assim que fugiram,

ela correndo descalça do Phil.

Não sei até onde ela foi,

como ela foi,

mas sei que estava descalça.

Era um comportamento irracional,
totalmente absurdo.

Um comportamento insano. Insano.

Então acho que ela ficou
aliviada por sair da casa.

Em todas as situações
que ficamos sabendo do Phil,

ele era o agressor.

E tem a história
do Leonard Cohen, não é?

Primeiro dia deles
no estúdio juntos.

Eram cerca de 18h.

E o Leonard falou:

"O dia foi estressante,
estou meio cansado."

Aí, em determinada música,
o Phil fala para o Leonard:

"Vamos colocar os vocais
nessa faixa."

O Leonard olha para o Phil
e fala:

"Sabe de uma coisa?

Será que dá
para fazer isso amanhã?

Estou meio cansado

e acho
que não vou dar tudo de mim."

Phil enfia a mão na maleta,
tira uma arma,

mete na cabeça do Leonard
e fala:

"Você vai cantar agora,
entendeu?"

E isso foi no primeiro dia.

Mas continuaram trabalhando.

Perguntei por que não colocava
um ponto final,

e ele respondeu
"Porque era fascinante."

"Havia uma eletricidade,
uma química,

um lance que dava a impressão
de que ia valer a pena.

E era o Phil Spector,
não era um cara qualquer.

Eu achava que tinha que ir
até o fim."

Essas histórias começaram
a se multiplicar.

Phil Spector, o gênio,
começa a ser ofuscado

pelo Phil Spector, o doido,

Phil Spector, o louco.

A vida dele girava
em torno do álcool,

girava em torno
da falta de limites.

E, de vez em quando,
jogavam uma boia salva-vidas:

"Dá para produzir isso?"
"Por que não produz aquilo?"

E foi isso que aconteceu

com a última gravação dele,
a saideira,

com os Ramones.

Em 1980,

Joey Ramone veio até mim,
que Deus o tenha...

E perguntou se eu poderia
ser o produtor deles.

Ele era um grande fã,

me idolatrava e tudo mais.

E achei que poderia ser legal

ser produtor
de um grupo de punk rock.

Acho que o papel do Phil
e aquela percepção

do que um produtor deveria ser

logo foram se tornando
algo do passado.

Ele demorou demais
para entender o conceito

de que estava ali
para auxiliar o artista.

E ele quis se impor
sobre os Ramones.

Trabalhar com o Phil

é muito difícil,

porque ele é perfeccionista,
gosta de passar muito tempo

refazendo coisas,
ouvindo novamente,

e é muito demorado.

É algo muito difícil

para o rock,
que tem que ser espontâneo

e feito um pouco mais rápido.

Eles criaram uma música chamada
"Rock N' Roll High School."

Foi um sucesso,

mas acho que o Phil não ficou
muito satisfeito com ela.

Phil parece estar
frustrado conosco.

Acho que está frustrado
consigo mesmo.

O lance com os Ramones
não foi nada fácil.

Foi um projeto complicado
em vários sentidos,

com vários problemas com ele.

Isso era muito forte no Phil,

de ele soltar a mão
da indústria fonográfica

e falar: "Chega. Vou sair fora.

Já gravei vários sucessos.

Não sei mais o que fazer
no estúdio,

qual vai ser o meu futuro
como produtor.

Acho que já deu."

Ele parecia um homem nas últimas

fazendo o nosso álbum,
estava bem deprimente.

Uma vez,
me fizeram uma pergunta.

Disseram...

Com licença, câmera.

Disseram: "Philip,

você não se sente sozinho
na mansão?

Deve ser muito solitário.

Tantos quartos para entrar.

Caramba, deve ser solitário!"

E sabe o que eu disse?

"Já morou em um lugar
com um cômodo só?

É muito solitário.

Só você e o banheiro,

você e a pia, você e a privada.

A solidão
é um estado de espírito."

Ele não queria
que os outros fossem embora,

por causa da solidão.

E você tinha
que estar preparado para isso.

Lembro uma noite

em uma das hamburguerias
preferidas dele

em East Side.

Eram cerca de 3h,

e falei
que eu precisava ir para casa.

Ele falou:
"Você não vai a lugar algum."

Retruquei que eu iria
trabalhar no dia seguinte.

Ele não gostava
que fossem embora,

que aquela química mudasse.

Tive um exemplo disso quando fui

meio que "prisioneiro" dele
no bar.

Estávamos cantando
"Irene, Goodnight",

e falei que ia levar meu filho
para a escola em algumas horas.

E ele falou:
"Não, não vá embora.

Você vai mudar
a química da música."

Tive que fingir
que ia para o banheiro

e sair pela porta dos fundos,
porque já estava amanhecendo.

Mas pensei:
"Nossa, ele está falando sério."

Tínhamos entrevistado o Phil

para o "All You Need Is Love",

e já tínhamos encerrado
a conversa.

Mas ele não nos deixava
ir embora.

Eu falei: "Já vamos,
porque, amanhã de manhã,

a gente tem que fazer..."

E ele fez de tudo

para a gente não ir.

Ele até ofereceu
outra entrevista.

Não!

Ele não queria
que fôssemos embora.

Ao longo da investigação,

ficamos sabendo
que o Phil Spector gostava

de levar gente para a casa dele
e trancá-las lá dentro.

Ouvimos isso de várias fontes,

de gente
que realmente ficou trancada.

O motorista dele

falou que tinha

que entrar e salvar as pessoas,

às vezes abrir uma janela
para elas poderem sair.

Havia uma configuração na casa

em que a pessoa passava
por uma porta, ela trancava,

e chegava em uma segunda área
com porta,

como há nas prisões,

e as pessoas
não conseguiam sair.

No papel de investigador,
é claro que analisamos a vítima

para fazer anotações detalhadas

da posição
em que ela se encontra.

A Lana Clarkson
estava sentada na cadeira

no hall de entrada da casa.

A bolsa estava pendurada
no ombro dela.

Por que ela estava
naquela posição?

Dava a entender

que ela já estava
se preparando para sair.

As nádegas estavam
quase na ponta da cadeira.

As pernas estavam esticadas
para frente,

e ela estava
com o tronco para trás.

Ficou determinado
que a força do tiro

foi tamanha

que ela não teria
conseguido se mexer

depois de ser baleada.

O Phil achava

que a indústria fonográfica
tinha dado as costas para ele.

Então é óbvio

que ele se considerava um mártir

no assassinato da Lana Clarkson.

Ele achou que estava
sendo vítima de alguma forma

por ser o Phil Spector.

As ações do procurador,
semelhante ao Hitler,

e os capangas do Império

querendo uma denúncia contra mim

e censurar todos os meios
de eu conseguir provas

e mostrar a verdade

são repreensíveis,
inadmissíveis e desprezíveis.

Ele ficou fazendo comentários
na mídia,

por exemplo: "Ela se matou.

Quem ela pensa que é?

Por que faria isso
na minha casa?"

Nenhum crime foi cometido
na minha casa

em três de fevereiro de 2003.

O público
também descobrirá isso,

além de que o promotor está
buscando uma vingança pessoal

sem provas.

Não gostei.

Não gostei de ele tentar
julgar o caso fora do tribunal.

Não cabe a mim explicar

por que ela tirou a vida,

só que não tive
nada a ver com isso.

Quando começam
a falar de suicídio,

é preciso mostrar
provas contrárias

e garantir que não foi isso.

Tínhamos que investigar
a Lana Clarkson.

Tínhamos que descobrir

se ela tinha depressão,

se já tinha atentado
contra a própria vida,

se tinha armas,

qual era a rotina dela,

quem são os amigos dela,
o que eles podiam informar.

Então havia uma série de coisas
que não sabíamos.

A Lana trabalhava como modelo

e acabou indo para a Itália

fazer alguns trabalhos por lá.

E ela se divertiu muito.

Quando ela voltou,
um ano depois,

decidiu que sentia mais vontade
de atuar.

Quando a gente se conheceu,

ela fazia

tudo que uma jovem
tinha que fazer

para se tornar
estrela do cinema.

Picardias Estudantis

foi uma grande oportunidade.

Galera, esta é a minha esposa,
a Sra. Vargas.

Oi.

Ela fez Ilha da Fantasia,

Who's The Boss?

Na noite da camisa,
faço tudo que leio.

Ela fez
vários papéis maravilhosos,

sempre interpretando
esse mulherão,

essa loira que chegava

e roubava os olhares.

Eu costumava ser atriz.

Mas, agora,

estou mais interessada
na justiça.

Ser uma loira de 1,80 m
tinha vantagens e desvantagens.

Lá estava ela,

aquela mulher linda, alta.

Então havia muitos papéis
que ela não podia interpretar.

Era sempre
um papel estereotipado.

Não havia como ela esconder

a altura e a beleza dela.

Ela entrava em qualquer lugar,
e todo mundo olhava.

A vida fica difícil assim.

Ela aguentou muito desaforo,

como todas

as atrizes jovens e bonitas

aguentavam e ainda aguentam.

É triste,

mas representa bem

como as coisas
funcionam em Hollywood.

Ela falava

que tinha boas intenções

com algum cara,

mas ele só queria saber de sexo,

enquanto ela queria algo a mais.

E acabava decepcionada.

Ela passou muito por isso.

Não é a música, meu bem,
é o cantor.

Ela estava
em todas as camadas sociais.

Eu via aquilo
e tentava alertá-la,

que isso iria

se voltar contra ela
em algum momento,

para ela tomar cuidado.

Houve momentos
em que dava para ver

que ela estava furiosa
ou chateada.

Mas ela nunca se importou
com o resto do mundo.

"Tudo bem, tanto faz.

Dane-se,
vou conseguir do mesmo jeito."

Acho que, talvez,
essa tenha sido

a qualidade
mais persistente dela

em relação a ter que aturar
as palhaçadas em Hollywood.

Eu não me lembro de Lana falando

de fazer isso ou aquilo

para chegar em algum lugar.

Trabalhamos bastante

e estudamos muito,
nos preparamos,

torcendo

para, talvez,

ganhar nessa loteria
que Hollywood é.

Eu vi a Lana pela primeira vez

no teste

para um filme chamado
Deathstalker.

Lana se encaixava perfeitamente
na descrição do papel.

Ela quase levou o papel

antes mesmo de fazer o teste.

Eu a vi quando ela entrou

e pensei: "É ela!"

E acabou que ela era
uma ótima atriz.

Fiquei muito satisfeito
com a atuação dela.

Senti que tínhamos
uma protagonista

que podia interpretar
uma mulher guerreira,

então criei a Rainha Guerreira.

Uma mulher jura vingança.

Lana Clarkson
é a Rainha Guerreira.

Não serei escrava de ninguém.

E se eu não matar todos,

em nome dos deuses,
saberão que tentei.

Rainha Guerreira
foi um grande sucesso,

e foi a chance de ela ser
a protagonista.

Ela levou muito a sério.

Eu e a Lana achávamos

que Rainha Guerreira

a lançaria
como uma estrela do cinema.

A Lana tinha
uma presença muito poderosa.

Não diga nada, meu filho.

E ela tinha muita empatia.

A força,

a vulnerabilidade, eu diria...

O público a adorava.

Mas farei uma promessa:

nós ganharemos!

A Lana Clarkson
estava construindo a carreira,

trabalhando como atriz
e fazendo sucesso

na mesma época

que a carreira do Phil Spector
começou a declinar.

Ele também ficou arrasado
com a morte do John Lennon,

logo depois de gravar
com os Ramones.

Aposto que isso
foi um grande fator

para o Phil desistir
da indústria fonográfica.

Era a morte de um amigo,

de alguém que ele amava,
que ele admirava.

Calhou que aquele
realmente foi o fim

da carreira do Phil Spector
como produtor musical.

E ele se retirou de cena,
basicamente.

Ele foi se tornando
uma figura mais isolada.

E, como tal, ele se tornou alvo

de fofocas e especulações

sobre seu comportamento,
sobre quem ele era.

E as histórias
foram se espalhando.

Eu não estava louco,

mas não estava
bem o suficiente para ser

uma parte normal da sociedade.

Então não fui.

Escolhi não ser.

Tive dificuldades sozinho,

e escolhi

não trabalhar,

e escolhi criar uma filha,

e escolhi colocar
a minha vida nos trilhos.

E demorou cerca de 10 anos.

Tive progresso recentemente.

Foi só por agora.

E fiz isso

porque eu estava determinado,
por causa da minha filha.

Eu queria que ela me admirasse

e achasse
que eu era um homem sensato,

para que ela tivesse

um bom relacionamento comigo.

Ele conversou muito comigo
sobre os remédios.

Ele nunca falava:

"Sabe aquela vez no estúdio,

que eu agi
de forma desequilibrada?

Esqueci dos remédios!"

Ele não ficava dando

desculpas analíticas
e explicativas sobre si mesmo.

Mas conversamos
sobre saúde mental

e a importância da medicação
e da terapia.

Quando ele era mais jovem,

disseram que era
maníaco-depressivo.

Não sei se era o melhor termo
que existia na época.

Mais tarde,
foi diagnosticado como bipolar.

Houve momentos na vida dele

em que ele misturava
os remédios com álcool,

o que não se deve fazer.

Durante a investigação,

algumas pessoas disseram que,

de 1997 a 2002,

Phil Spector largou totalmente
as bebidas alcoólicas.

Mas parece que, em 2002,
ele voltou a beber.

Por que era uma preocupação?

Phil Spector estava
sob cuidados médicos

e tomava remédios controlados.

Encontramos vários medicamentos
dentro da casa,

um monte
de remédios controlados.

Quando fizeram

o exame toxicológico nele,

detectaram algumas substâncias
no organismo dele,

só que boa parte
era bebida alcoólica.

Não acho
que isso o deixava violento,

acho que o deixava...

instável.

Não sei qual é o problema
dessa mulher,

mas ela não era segurança
na House of Blues.

E ela é uma merda!

Não tem o direito
de vir à porra do meu castelo,

explodir a própria a cabeça

e me deixar com um homicídio.

Qual é o problema de vocês?

É importante
as pessoas entenderem

que isso não significa
que ele era assassino.

Significa que ele era
um maníaco,

significa que ele...

delirava, possivelmente,

que podia falar coisas
e se arrepender,

podia agir de forma bizarra.

Ao escutar as fitas,

ele fala um monte de maluquices.

Eu fico de bobo aqui...

E quando alguém vem
na minha casa,

fingindo ser segurança
na House of Blues,

e vem até a minha casa...

E sou dono da House of Blues!

Isso não é verdade.

É megalomania, não é?

É um episódio de mania,

então ele vai falar
qualquer coisa.

Por isso é preciso analisar
o que as provas dizem.

Não ouça a pessoa,

analise as provas.

Aconteceu uma tragédia,

mas poderia ter acontecido
na casa de qualquer pessoa.

Só pode ser por quem eu sou,

por eu morar em um castelo.

Só podem estar me incriminando,

porque não é baseado
em provas que existem.

Não tive nada a ver
com a morte dela!

Caso encerrado.

Fizemos um perfil
psicológico forense nela,

e ninguém dos amigos íntimos,

ou familiares,

disse que a Lana Clarkson
era suicida

ou sequer falava sobre suicídio.

A Lana jamais falou em se matar.

Por que uma mulher linda
como ela,

no auge da vida,

cometeria suicídio

na casa de um estranho,
com tanto lugar por aí?

Isso é impossível.

Uma coisa que notei
durante a autópsia

é que ela tinha
um hematoma na língua.

Para mim, isso indica

que a arma foi forçada
a entrar na boca dela.

Quer se matar
e enfia a arma com força?

Sei não...

E somando esses fatores
ao longo do tempo,

percebe que não faz
qualquer sentido

essa moça tirar a própria vida

naquela situação.

Não era eu que teria

que provar isso
diante de um júri,

mas eu achava
que tínhamos provas de peso

para sustentar
que Spector era o assassino.

A cidade investiu muito dinheiro

para garantir
que prendessem alguém.

Eles finalmente encontraram

alguém com um passado sinistro,

então...

Todos os abutres
começaram a aparecer.

Ele era uma presa fácil.