All language subtitles for Juana In+®s s01e02 1

UMA S�RIE ORIGINAL NETFLIX

CIDADE DO M�XICO, 1665.

A BASTARDIA EM TUTORAS
N�O � BEM VISTA

NA CORTE
ONDE JOVENS DE BOAS FAM�LIAS

PROCURAM CASAR.

Aqui, foi por onde entraste,
aqui, por onde sair�s.

Vim expulsar-te,
para que n�o fa�as mais mal.

Vai viver para bem longe daqui,
pois trago incenso branco...

... castanho e amarelo.

O dem�nio!

O dem�nio!

O dem�nio!

O dem�nio!

O dem�nio!

A minha Juanita.

Deixa-nos a s�s.

Por favor.

- Tenho uma coisa importante para dizer.
- N�o, diz de manh�.

Coisas importantes fazem-me ins�nias.

- � necess�...
- Despe-me estas roupas.

� urgente. Posso...?

Esfrega-me �leo de am�ndoas
na minha pele.

Pe�o-lhe que me escute.

- N�o sou quem cr� que sou.
- Sil�ncio.

Nos meus peitos.

Continua.

Continua.

D�-me licen�a.

Est� na hora das minhas ora��es.

Permita-me que me retire.

Eu sei quem �s.

Soube,

desde a primeira vez em que te vi.

�s a muito amada da Vice-Rainha.

Espero que um dia me possas perdoar.

N�o, eu � que te pe�o perd�o.

N�o posso desobedecer aos meus pais.

Jamais permitiriam
que casasse com uma filha ileg�tima,

mesmo sendo a estrela
de toda a Nova Espanha.

O desejo carnal � mais forte
do que os princ�pios morais e religiosos.

N�o, o pecado est� em mentir
para conseguir um estatuto.

Todos mentimos. Por isso � que existe
o sacramento da confiss�o.

Perdoe-me a indiscri��o, Vossa Excel�ncia,

mas...

... n�o o preocupa o que ela poder�
estar a ensinar � sua filha?

N�o, Padre.

O seu conhecimento n�o tem
nada que ver com ser ileg�tima.

- A bastardia...
- O que me preocupa mais

� pensar que tenho de a expulsar da corte.

A Vice-Rainha n�o o suportaria.

Uma abelha e um bezerro

Mas n�o era uma abelha.

N�o, n�o. Era uma ovelha.

- Porque correm pelos campos.
- Claro. Com o bezerro.

Uma ovelha e um bezerro

Vossa Excel�ncia.

O Padre Nu�ez pediu-me
para lhe entregar isto em m�os.

- � urgente.
- Deixa em cima da cadeira.

Pediu-me tamb�m que n�o falasse
com Juana In�s

at� ler esta nota.

Alecrim.

Rosmarinus.

- O que quer dizer?
- Rosa?

Maria.

Tal como Vossa Excel�ncia,
ambos v�m de Espanha.

Serve para a lembran�a e para a mem�ria.

Isto

� mastruz.

Juana In�s!

Juana In�s!

O que fizeste?

Comprometeste a minha honra.

Pensavas que com os teus versos
me terias aos teus p�s, n�o �?

E, assim, garantias o teu lugar na corte

at� que encontrasses um marido.
Foi isso, n�o foi?

Ningu�m tem culpa desta dece��o,
sen�o eu. Ningu�m!

O que haveria de esperar
de algu�m que se apresenta � corte,

a falar a l�ngua dos �ndios?

O que sabe uma bastarda como tu
sobre a honra e a dec�ncia?

Estou a falar contigo!

Que Deus aben�oe Vossa Excel�ncia.

Agrade�o-lhe toda a sua bondade.

Pe�o que me d� licen�a.

Juana In�s...

Senhora.

ADEUS, MEU AMOR.
SEMPRE, IGNACIO

"Adeus,

meu amor,

sempre, sempre.

Ignacio."

Imploro-lhe.

Tia.
Com quem est� a falar?

� da febre.

O m�dico j� vem a caminho.

Espera.

Juana In�s.

Tenho estado a pensar
que dev�amos ir a Nepantla.

Beber chocolate e comer tamales.

E aprender algumas palavras
da l�ngua dos �ndios.

Ensinavas-me?

O que desejar, Vossa Excel�ncia.

S� tu.

S� tu d�s sentido � minha vida.

Aceitarias levar-me a Nepantla?

Pod�amos ir s� as duas.

S� se o Venancio vier connosco.

Ouviste, Venancio?

Vamos a Nepantla.

Sim.

Vamos a Nepantla.

Vamos.

Obrigado, Don Manuel.

Agradecia que me deixasse s�.

De onde me vem todo este louvor?

De onde me vem tamanho elogio?

De que estatuto me fazeis?

N�o sou quem pensais.

N�o ser nascida de pai honrado

seria uma falta, a meu ver...

... se recebi dele o meu ser,

n�o o � de mais ningu�m.

"Das Revolu��es das Esferas Celestes."

Nicolau

Cop�rnico.

J� queimei o livro, n�o me denuncie.

N�o pode continuar assim, Juana In�s.

� protegida da Vice-Rainha,
mas quando ela regressar a Espanha,

vai ficar indefesa.

O casamento para si seria complicado.

Nenhuma fam�lia crist�,

como a de Ignacio,

vai aceit�-la.

O que lhe resta?

Apenas ser uma concubina, como a sua m�e.

E rodear-se de filhos ileg�timos.

� isso que pretende?

O que quer fazer da sua vida?

O que achar melhor, Padre Antonio.

Tudo o que quero � estudar
e ter tempo para escrever.

Estou disposta a ir para onde me disser.

Tem talento, Juana In�s.

Entregue-o a Deus.

E salve a sua alma dos pecados
da vaidade e do orgulho.

Aceitaria ser meu confessor?

Vossa Rever�ncia?

Coloco a minha vida nas suas m�os.
Ao menos olhe para mim.

O importante � que se cumpra
a vontade de Deus.

N�o a sua.

N�o a minha.

Creio que sei do lugar ideal para si.

Como se chama a nova novi�a?

Juana In�s de Asbaje.

Mentes.

Sabemos que n�o �s �ndia.

�s uma mesti�a batizada.

Filha de pais que professam a f� crist�.

Neste Santo Of�cio,

n�o se prende ningu�m,
sem provas suficientes

por terem agido contra
a nossa santa f� cat�lica.

Foi denunciada por praticar feiti�aria.

O milho est� enfermo.

As pessoas t�m fome.

Pelo amor de Deus.

Se praticas a mesma f� dos teus pais,

por que pecas contra a nossa f�?

Arrepende-te.

Salva a tua alma.

Arrepende-te!

Arrepende-te!

As Carmelitas Descal�as.

O seu novo lar.

Despe�a-se deste mundo miser�vel,
Juana In�s.

Vai deixar de fazer parte dele.

sou capaz de renunciar a tudo,
para encontrar a paz para estudar.

T�-la-�, filha.
Garanto-lhe.

Recordo-lhe apenas que,
a partir de agora,

a sua principal responsabilidade

� servir a Deus.

Claro, Vossa Rever�ncia.

Acima de tudo.

Juana In�s!

- Faltam os meus livros.
- Depois levam-lhos.

N�o acredito que n�o vou
voltar a ver mais a pra�a,

o lago, o mercado.

Fecha-se ao mundo, mas abre-se ao Senhor.

Se houve algum dia em que Lhe agradou,
hoje � o dia.

- Vou l� levar-lhe os ba�s?
- N�o.

M�e? A ansiedade est� a consumir-me.

Pode ao menos dizer-me o nome dele?

Filha.

Imagino a tua tristeza.

- Tristeza?
- Sim, sei o que ela significava para ti.

Foi uma boa tutora.

- Para!
- M�e.

J� n�o escolheste um?

- Um qu�?
- O meu marido.

N�o estou com cabe�a para isso, filha.

E, agora, sem Juana In�s,
n�o sei como vou fazer.

Tenho a certeza de que a Marquesa
de Mancera passar� bem sem ela.

M�e.

Pe�o-lhe que n�o se esque�a de mim.

Encontre-me um marido.

Por mais que olhes para ela,
n�o se abrir� mais.

Faltam-me os meus ba�s.

Bem-vinda � clausura, Irm�,
tal como todas n�s.

Para a alma n�o h� clausura nem pris�o
que a impe�a,

s� pode ser encarcerada
se for de si pr�pria.

Podes impressionar os Vice-Reis,
mas Deus

n�o est� interessado nas tuas rimas.
Apenas nas tuas ora��es.

Sou S�ror Pilar, tua prioresa.

Acompanha-me.

J� pensaste como te vais chamar

nesta nova vida que vais iniciar?

Juana In�s de la Cruz.

- Em homenagem � nossa fundadora?
- Precisamente.

E cr�s estar � sua altura?

Gostaria de crer que poderei vir a estar.

Ent�o, S�ror Juana de la Cruz ser�.

Irm�s!

Renunci�mos � sumptuosidade
e escolhemos a pobreza.

Renunci�mos � vaidade
e escolhemos a unidade.

Renunci�mos ao pecado

cortando o nosso cabelo,

para n�o tentar o dem�nio que quer
entrar, constantemente, no nosso corpo.

O Marqu�s de Villanueva,

Rodrigo Garza y Ruiz.

- Ficou vi�vo h� um ano.
- N�o. Um vi�vo, n�o.

O terceiro filho do Duque do Infantado,

Jose de Silva y Mendonza.

- Idade?
- Nasceu em 1954. Tem treze anos.

Anota para o considerarmos.

Tamb�m temos

Don August�n.
- Juana In�s!

Onde est� ela? Ela regressou?

N�o, Vossa Excel�ncia.

S� os seus pertences.

Acompanhai-me.

Refugio!

Catalina! Chame o Padre Nu�ez!

Imediatamente!

Que assunto impacienta tanto,

a Vice-Rainha?
- Padre,

por que � que as coisas
de Juana In�s n�o est�o com ela?

- J� n�o vai precisar mais delas.
- Mas disse-lhe que podia t�-las l�.

Disse-lhe o que precisava de ouvir
para que fosse na dire��o certa.

� assim que a Igreja atua.

Com falsas promessas.

Vossa Excel�ncia, n�o preciso
que compreenda

os motivos da Igreja.

Apenas que atuamos sempre
pelo bem supremo.

Padre Nu�ez, n�o quero fazer mais alarido
com este assunto.

Esses livros devem regressar
� sua propriet�ria.

N�o quero fazer mais alarido,
Excel�ncia.

Pe�o-lhe apenas que recorde

que, como assessor do Santo Of�cio,

sou a autoridade m�xima em livros.

E n�o seria conveniente
descobrir-se que a sua protegida

tinha livros ainda n�o expurgados

na sua posse.

Vossa Excel�ncia, como hei de dizer...

N�o preciso que compreenda
os nossos m�todos.

Mas n�o deve duvidar dos nossos motivos.

O h�bito fica-te bem.

O problema n�o � se fica bem, S�ror Pilar,
� o facto de fazer comich�o.

� intencional. Oferece o teu
desconforto ao Senhor

e nunca nos acostumamos.

Guiamo-nos pelas horas can�nicas
e tens de acompanhar as tuas irm�s

� igreja para rezar as matinas,
� meia-noite.

As laudes, ao amanhecer

e as v�speras, ao entardecer.

A Prima, a Ter�a, a Sexta e a Noa

poder�s rez�-las onde quer que estejas,
ao ouvires o sino.

Porque entre as ora��es,
h� uma atividade para cada irm�.

Quais s�o?

Vais sab�-las. A impaci�ncia nunca foi
uma virtude, S�ror Juana.

E o tempo de descanso?

Porque haveria de haver?
Consagr�mos as nossas vidas a Deus.

Para estudar.

Pai Nosso, que estais no c�u

Santificado seja o Vosso Nome

Venha a n�s o Vosso Reino

Seja feita a Vossa Vontade
na terra como no c�u.

Posso?

O p�o nosso de cada dia nos dai hoje.

Perdoai-nos as nossas ofensas

assim como n�s perdoamos
a quem nos tem ofendido.

Porque est�o castigadas?

N�o est�o.

S�o apenas cegas, mudas e humildes
como oferenda ao Senhor.

Espero um dia poder seguir-lhes o exemplo.

Venha a n�s o Vosso Reino

Seja feita a Vossa Vontade.

N�o vais comer?

N�o tenho apetite.

Perdoai

as nossas ofensas...

Esta � a tua cela.

Espero que seja adequada.

Madre, e as minhas coisas?

As tuas coisas?

Os meus ba�s

e os meus... livros.
- N�o somos da Ordem de S. Jer�nimo.

Aqui, os �nicos livros s�o os de ora��o.

- Deve haver um engano.
- N�o creio.

Quero falar com o Padre Nu�ez.

Se n�o incomodamos o Padre
com os problemas de uma irm�,

muito menos o faremos
pelos caprichos de uma novi�a.

Madre, por favor.

Vais encontrar paz ao renunciares aos bens
terrenos. Boa noite, S�ror Juana.

Madre, suplico-lhe por favor. O Padre
Nu�ez disse que podia trazer... Madre!

O que pretende a esta hora t�o tardia?

Quero ver Juana In�s de Asbaje.

Refere-se � S�ror Juana In�s de la Cruz.

- Infelizmente, n�o � poss�vel.
- � de extrema import�ncia.

Dever� saber que este convento
n�o aceita visitas.

Sou a Vice-Rainha.

Duvido. Ela n�o viria aqui.

Mas...

Minha Senhora!
Deixem-me sair daqui, por favor!

Por favor! Vossa Excel�ncia!

Ajoelha-te, Irm�.

Por que temos de estar sempre
a ajoelhar-nos?

Porque � um pequeno sacrif�cio,
comparado com o que Cristo fez por n�s.

Deus � mais feliz,
se nos sentirmos desconfort�veis?

Onde vais, S�ror Juana?

J� acabei de lavar todas as lajes.

Volta a lav�-las.

Mas j� est�o limpas.

N�o se trata de limpar o ch�o,
mas a tua mente, de impurezas.

A minha mente � pura, Madre.
Preocupo-me em cultiv�-la.

Sentes-te superior �s tuas irm�s?

N�o, n�o disse isso.

Pode ocupar-se a mente
com coisas mais produtivas.

- H� que curar essa arrog�ncia.
- Madre.

N�o quero causar nenhum problema.

Ainda estamos a tempo
de repensar a minha perman�ncia aqui.

A clausura significa estar sepultada
em vida entre quatro paredes.

Se alguma vez aplaudiram os teus versos,
em breve ser�o esquecidos.

Agora, ajoelha-te.

N�o!

N�o sou nenhuma freira.

J� est� limpo.

Aqui est�o as suas coisas.

N�o me toquem.

Deixem-me!

N�o me toquem!

Foram cinco escravos fugitivos
que assaltaram a carruagem.

S�o uma praga.

Temos de emitir um decreto que pro�ba
o envio de negros para esta col�nia.

J� nos chegam os �ndios.

N�o lhe parece uma medida extremista,
Vossa Excel�ncia?

Espanha n�o o aceitaria.

Padre Antonio. Qual � a sua opini�o?

Esses negros s�o um esc�ndalo.

N�o t�m decoro.

Esta � uma quest�o de pol�tica
e n�o de religi�o, Vossa Excel�ncia.

N�o s�o a mesma coisa?

Os portugueses n�o achariam bem.

A cada semana h� um novo dist�rbio.

- Trazem mais danos do que benef�cios.
- Vossa Excel�ncia.

Devo retirar-me.

Deve haver outra solu��o.

Diga-me qual �, Don Pedro.

Nada os dissuade.

Obrigada, Irm�.

Por amor de Deus, Juana In�s.
Isto � imoral.

N�o sou uma freira, Padre.
Tire-me daqui.

Tem o diabo dentro de si, Juana In�s.
Tape-se ou mando castigarem-na.

Mostro-lhe o corpo vil e desprez�vel,

para que veja
que n�o � digno deste h�bito.

Tape-se ou n�o haver� penit�ncia
que possa salv�-la.

P�s-me aqui.

Com a esperan�a de que se regenerasse.

Mas, at� agora, s� piorou tudo.

Esperava mais de si, Juana In�s.

E eu de si, Padre.

Mentiu-me.

Para o seu pr�prio bem.

Estava a condenar a sua alma
com tanto livro.

N�o sabia que se opunha aos meus estudos.
Sempre mostrou o contr�rio.

Ou s� o fez para cair
nas boas gra�as do Vice-Rei?

Juana In�s.

N�o se d� conta?

Sou a �nica pessoa que lhe resta na vida.

As suas tias,

as suas irm�s,

a sua m�e,

a Vice-Rainha,
e j� para n�o mencionar o seu pai.

Todos se distanciaram de si.

Mas eu estou aqui.

O que quer de mim?

Diga-me e f�-lo-ei.

- Salv�-la.
- Ent�o, salve-me!

Tire-me daqui.

Juana In�s,

tem uma vida toda � sua frente,

para aprender a amar estas paredes.

Padre Nu�es, por favor, imploro-lhe.

Padre Nu�ez! Ambos sabemos
que n�o perten�o aqui!

Sei que est� a ouvir-me! Os meus livros!

Quero os meus livros!

Por favor, Madre.

N�o mos tire.

- Senhores.
- Vossa Excel�ncia.

Estou desolada

pela falta de respeito
pela autoridade nos conventos.

Vossa Excel�ncia,
n�o sois a primeira a express�-lo.

Enviei diversas cartas �s Carmelitas

e n�o recebi qualquer resposta.

Compreendo a gravidade do assunto.

Prometa-me que fareis alguma coisa.

Suplico-vos.

O que estiver ao meu alcance,
Vossa Excel�ncia.

Vossa Excel�ncia,
o Vice-Rei Antonio Sebastian

Alvarez de Toledo Molina y Salazar

e sua filha, Maria Luisa
Alvarez de Toledo y Carreto.

Convoc�mos a nobreza da Nova Espanha

para celebrar o casamento

da nossa filha Maria
com Jose Maria Silva y Mendoza,

cavaleiro e comendador
de Estepa de Santiago

e homem gentil de Sua Majestade
Cristian�ssima e Primeiro Estribeiro.

Agradecemos ao seu ilustr�ssimo

Frade Payo Enriquez de Rivera,

recentemente nomeado Arcebispo,

que ir� uni-los no santo matrim�nio.

Eu � que tenho de agradecer a honra,
Vossa Excel�ncia.

Ao futuro pr�spero das casas
de Mancera e Silva,

e ao Reino de Sua Majestade Carlos II
e sua m�e,

Rainha Mariana da �ustria.

Sa�de.

Permite.

Desperd�cio.

Nenhum espa�o de tempo

� curto para aqueles que n�o permitem

que se desperdice a ociosidade.

Tempo.

Olha.

A prioresa disse que podes sair.

Para qu�?

Para ocupar o tempo com penit�ncias?

Sim. E para escreveres � Vice-Rainha.

Parece que ela pediu uma carta tua.

Meu Deus!

Est�s a arder!

Esta mulher foi castigada
com humilha��o p�blica,

pelas pr�ticas
de feiti�aria e de supersti��o.

Por usar o milho de forma a corromper
os des�gnios de Deus Nosso Senhor

e por ter um pacto impl�cito
com o dem�nio!

- D�-me licen�a?
- � meu dever supervision�-la.

"Nenhum espa�o de tempo..."

A permiss�o � para uma carta,
n�o para um verso.

Escrevo cartas em verso, Madre.

Escrevo sempre versos em todo o lado.

Se n�o aprova,

por que n�o escreve � Vice-Rainha

a explicar por que n�o me permite
que lhe escreva versos?

Sinto-te! Sinto-te!

Louvado seja o Senhor!

Senhor!

Senhor!

O Senhor est� contigo!

- Irm�.
- Sim.

Tenha piedade de mim.

N�o me deixe morrer aqui.

Espera.

Espera.

Preciso de te pedir um favor.

N�o te pediria se n�o fosse
um caso de vida ou morte.

Vossa Excel�ncia,
esta criada insiste em v�-la.

- Deixai-me em paz.
- Ela traz uma mensagem das Carmelitas.

Vossa Excel�ncia,

� a S�ror Juana. Est� a morrer.

Tenho um carregamento de escravos
em Veracruz,

rec�m-chegado de �frica.

Vossa Excel�ncia,

n�o me deram autoriza��o
para os desembarcar

e, com este calor,
est�o a morrer a bordo.

Vende noutro porto.
N�o os queremos aqui.

Todas as semanas, h� pelo menos
um problema com escravos fugitivos.

Mais danos do que benef�cios.

E quando os �ndios morrerem de epidemia,
quem vai usar para o trabalho manual?

Se chegarmos a esse ponto,

ent�o permitirei escravos nesta terra.

Vossa Excel�ncia, o tr�fego de escravos

� uma fonte
de muitos benef�cios mercantis.

A corte de Madrid n�o ver� a sua decis�o
com bons olhos.

Maiores s�o as perdas nesta terra,

devido aos constantes
saques e dist�rbios.

Espanha necessita de fundos de guerra.

Ser� uma cat�strofe se n�o os receber.

E pior seria se perdesse a Nova Espanha.

Tem os humores completamente
desequilibrados.

Esperemos que a sangria os restabele�a.

Mas n�o vai debilit�-la demasiado?

� o melhor que podemos fazer por ela.

N�o posso garantir que sobreviva.

Vossa Excel�ncia, eles fazem
tudo o que podem.

N�o, ouvi dizer que os �ndios t�m rem�dios
que desconhecemos.

Vossa Excel�ncia,

quer recorrer a pr�ticas proibidas?

Vossa Excel�ncia n�o pode tirar
uma freira do convento.

N�o fiz nada de mal.

Pelo contr�rio.

Talvez tenha salvado uma vida.

Pense no exemplo que iria dar.

N�o queremos ver freiras desobedientes
a correr pela cidade.

Teria preferido que a tivesse
deixado morrer l�?

Teria preferido que se tivesse cumprido
a vontade de Deus

e n�o a sua.
- Ou querer� dizer, a sua, Padre.

Quer converter-nos a todas
em freiras de clausura.

Excel�ncia.

Juana In�s dever� regressar.

Ela n�o pode abandonar
as suas obriga��es, assim.

N�o, n�o h� nada para falar.

� aqui que ela pertence.

Pode ajud�-la?

N�o entendo.

Tem o nagual bloqueado.

E pode ajud�-la?
Pode fazer alguma coisa por ela?

Jacinto!

- Ajudem-me a despi-la.
- Catarina.

Cuidado, com cuidado.

Cuidado.

Vai correr tudo bem, Juana In�s.

Meu Deus!

INSPIRADO EM FACTOS REAIS

Tradu��o:
Sara Gomes