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Achei que a pr�tica
deste departamento...

Pr�tica? Desde quando � que
o departamento de publicidade

deste jornal define
as praticas deste jornal?

- Eu n�o agi sozinho.
- Pois n�o, n�o tens coragem.

Foste ter com o Warden,
para publicar a hist�ria.

Falei com a Alice Garrison.
O Sr. Warden veio c�.

Lig�mos-lhe. Foi por indica��o dela.

Ela n�o tem autoridade para isso.
N�o enquanto eu aqui estiver.

- Ou tamb�m trataste disso?
- N�o, senhor.

Est�s a falhar.

Fale com o Sr. Warden,
ele est� aqui � espera.

Uma produ��o

QUANDO O JOGO � O AMOR

M�sica

Fotografia

Argumento

Produ��o

Realiza��o

Acho que vou querer uma pizza simples.

- Uma pizza simples.
- E...

Quero um copo de vinho tinto,
por favor.

- Um copo de vinho tinto.
- Obrigada.

- Quer-se sentar mais � frente?
- Obrigada.

Lilli, anima-te. Ainda te amo.

Aposto que sim.

- Alguma vez te menti?
- J�... Mas n�o pares.

Que tal o ''My Blue Heaven''?

- Que � que tem?
- N�o a conheces?

N�o te oi�o.

Quem lhe falou em mim?

- Como?
- N�o veio por ter ouvido falar?

- N�o.
- Ent�o, porqu�?

Bem, eu... eu queria uma pizza.

Posso nunca mais voltar a tocar.

Ent�o, s� um refr�o?

Que querias, por um d�lar?

Escolha uma can��o,
a primeira � por conta da casa.

Bem... ''But Not For Me.''

Estou? Estou?

Sim?

- N�o chegaste a tempo?
- N�o.

Bem, como a m�e dizia,
se for importante, voltam a ligar.

J� me sinto melhor.

Desculpa estar tudo t�o desarrumado...
N�o estava � espera de visitas.

Nem eu...

Obrigada.

N�o tenho bourbon.

Pode ser qualquer coisa.

P�e-te � vontade.

Estou sempre.

Sou p�ssima a servir bebidas.

- Um falha desculp�vel.
- Obrigada.

- Sa�de.
- Sa�de.

- Tocas h� muito no Tony's?
- H� sete meses.

H� quanto tempo est�s em Las Vegas?

H� demasiado tempo.

H� quanto � isso?

Cinco anos.

lmaginas se proibissem o jogo,
como esta cidade ficaria deserta?

Falhaste uma fala.

Devias ter perguntado
h� quanto tempo c� estou.

N�o me interessa
h� quanto tempo c� est�s.

Ainda bem.

N�o sendo particularmente honesto,
admiro-o noutras pessoas.

H� tr�s, quase quatro anos.
� h� quanto tempo c� estou.

- Gostas de Las Vegas?
- Odeio, abomino, detesto.

Porque ficas c�?

Eu... costumava... jogar um pouco,
mas n�o toco numa ficha h� meses.

Paguei aos meus credores,
abri uma conta no banco,

e quando chegar aos 5.000 d�lares

paga o meu bilhete
para fora deste lugar infecto.

- Espero que consigas.
- Obrigado.

E tu, porque ficas?

ln�rcia.

Essa � uma das minhas palavras
preferidas.

O que � que fazes para te divertires?

Leio um pouco. Vejo muita televis�o.

Filmes antigos, sou viciada.
Gostas de Bogart?

''Se queres alguma coisa,
basta assobiar.''

Essa � a fala da Lauren Bacall!

Quem achavas que era?

O que eu mais gosto no Bogie
� que ele � muito feio.

Nunca gostei de homens bonitos.

Acho que ent�o estou fora, n�o?

� a primeira vez que te oi�o rir.

Bem, n�o acontecer� outra vez.

Muito engra�ada, muito engra�ada.
As coisas est�o-se a compor.

N�o me gozes.

N�o gosto de ser gozada.

Desculpa.

Fico arrepiada.

- Comigo a cantar?
- Com essa m�sica.

Eu sei. Eu sei. Eu sei.

�s t�o honesta que n�o
te consegues controlar, n�o �?

Tu achas que �s um bom cantor?

Estamos sens�veis?

Tive um dia horr�vel.

- Qual � a tua desculpa?
- Venho de um lar desfeito.

- Est�s sempre a fazer piadas?
- S� quando estou nervoso.

Porque est�s nervoso?

N�o sei como te levar daqui
para o quarto.

Essa � a pior frase de engate
que alguma vez ouvi.

Obrigado pela bebida.

S� por curiosidade,
porque me convidaste para vir c�?

Tu atra�s-me.

Bem, o sentimento
era mais do que m�tuo.

Ent�o?

- Ent�o o qu�?
- Fico ou vou-me embora?

Quero l� saber.

lsso � mentira.

Ent�o, passa por aquela porta
a ver se te tento impedir.

N�o me tentarias impedir, mas n�o
quer dizer que n�o te importas.

Mas tu �s algum psiquiatra?

N�o preciso de o ser para ver
que est�s t�o interessada como eu,

ou t�o sozinha...
- N�o gosto dessa conversa.

- N�o eras a favor da honestidade?
- Sai daqui!

Eu n�o luto.. n�o vou insistir...
N�o consigo.

Se queres ir para a cama, vamos.
Mas se n�o queres... n�o vamos.

Leva-me ao colo.

Como?

Leva-me para o quarto,
gosto de ir ao colo. Por favor.

Obrigada.

Se alguma vez deitarem a tal bomba,
espero que ela me encontre assim.

Que maravilha fumar na cama.

- Porqu�?
- Nunca o fa�o sozinha.

Aquelas hist�rias horr�veis que se
ouvem... das pessoas adormecerem.

Quando foi a �ltima vez
que fumaste na cama?

N�o sejas matreiro.

Esquece a pergunta.

- H� tr�s meses.
- Como?

Passaram-se tr�s meses
desde que fumei na cama.

Tamanho normal ou gigante?

- lsso n�o tem piada.
- Eu sei.

N�o tenho a certeza de gostar de ti.

- Sabia que t�nhamos algo em comum.
- P�ra com isso.

Desculpa.

J� pedi desculpa.

Est�s a chorar?

Porque est�s a chorar?

Pronto, eu pe�o desculpa. Desculpa.
N�o sei bem porqu�, mas desculpa.

Obrigadinha.

- N�o suporto choros.
- Ent�o, vai-te embora.

Est�s a precisar
de mudar esta l�mina.

Vou p�r na lista das compras.

Queres sumo de laranja ou de anan�s?

Anan�s.

- Sa�de.
- Sa�de.

- Aqui estamos outra vez...
- Sim.

- N�o te lembras de mim.
- Claro que me lembro de ti.

- Onde foi?
- Onde foi o qu�?

Eu sabia.

De que est�s a falar?

H� tr�s ver�es atr�s,
numa festa em casa do Al Russo.

Quem � o Al Russo?

Apanh�mos uma pedra, tu e eu.

Sa�mos da festa
e acab�mos em minha casa.

Eu nunca te vi na vida...
at� ontem � noite.

Parab�ns! N�o h� muitas mi�das
nesta cidade

que se lembram de todos os tipos
com quem dormiram.

Que se passa?

Que tipo de pessoa �s tu?

Do tipo que gosta de ser lembrado.

Acho que devias...
Acabar o teu caf� e sair daqui.

Porqu�?

Porque eu sei antever as m�s not�cias.

N�o, porque haveria de acabar o caf�?

�s muito esperta.

''Porqu�?'' Pergunta ela,
incapaz de resistir � curiosidade?

''Porque eu te partiria o cora��o.''
Diz ele galantemente.

J� comi muitos malucos,
mas tu �s o pior deles todos.

- Comi?
- Quis dizer conheci.

N�o, tu disseste comi.

Tu �s demais.

Queres dizer que posso acabar o caf�?

Como queiras.

H� quanto tempo estamos casados?

Parece que � desde sempre.

Se n�o fossem os mi�dos,
ia-me embora.

- Pois, eu tamb�m.
- Que tal abandonarmo-los?

- N�o era capaz.
- Eu era.

Acredito que sim.

O Nelson Algren diz
que nunca devemos dormir

com algu�m que tenha
mais problemas do que n�s.

- Tu alguma vez falas a s�rio?
- De vez em quando.

Bem... liga-me da pr�xima vez
que sentires que vai acontecer.

- Acabou?
- Sim.

- O tipo na fotografia... � especial?
- �.

Seria de mau gosto perguntar
mais sobre ele, n�o?

- Sim.
- Onde est� ele?

Em S�o Francisco com a mulher.

� o que acontece quando te envolves
com um tipo com olhos tristes.

Bem, sempre tive um fraquinho
por olhos tristes.

Est�-me a custar ir-me embora.

J� reparei.

Que tal qualquer coisa simples como:
''Diverti-me ontem � noite''.

Experimenta.

Diverti-me ontem � noite.

Eu tamb�m.

Talvez possamos repetir?

Talvez.

Porque n�o apareces
no clube esta noite?

Veremos.

Vou deixar uma vela � janela.

F�-lo.

Adeusinho.

Que tal lhe correm as coisas?

- Bem, e consigo?
- �ptimas.

A que horas come�a a m�sica?

Boa pergunta.
Aquele vadio n�o apareceu.

- Sim?
- Sim.

Que quer que diga ao vadio
quando ele aparecer?

Diga-lhe que eu disse adeusinho.

Ele ganha a carta, Capit�o Flagg?

- Tem l� calma, mi�do.
- Deixa-o falar!

O Soldado Chocolate
esqueceu-se de voltar.

Ou talvez os alem�es o tenham
capturado e possam ir para casa!

� assim que se joga, Capit�o Flagg?

Atira-lhe um esmagador de batatas.

�s vezes penso que te est�s
a tentar livrar de mim.

lmportas-te que d� uma vista de olhos?

Estava complicado naquela ravina.

Quem �?!

Tens um homem a� contigo?

O que � que tu queres?!

Posso entrar?

N�o!

- Gostava de pedir desculpa.
- Porqu�?!

- Por te deixar pendurada.
- N�o sei de que est�s a falar.

- N�o foste l� esta noite?
- N�o!

Ent�o, porque est�s zangada?

Quem est� zangada?!

Vamos l�, mi�da, abre esta porta
sen�o...

Sen�o, o qu�?

Sen�o, sopro e sopro
e mando a tua casa pelos ares.

Vai-te embora!

Vais acordar o pr�dio!

Vai-te embora!

Ol�.

Diz o que tens a dizer
e vai-te embora.

Quero... N�o queres saber
porque n�o estava l�?

- N�o!
- Apesar de ser por tua culpa?

- Minha culpa?
- A que horas sa� de c�, ontem?

N�o reparei!

Meio dia. Faziam 31 graus.

Sei que eram 31�, porque passei pelo
Sahara e vi. Est�s a acompanhar?

- 31 graus.
- E meio, acabou de mudar.

Enquanto olhava para o letreiro,
um dos meus pneus rebentou.

De que lado?
� que eu adoro pormenores.

Da esquerda atr�s.

J� te disse que estava de bom humor,
ontem?

- N�o.
- Mas estava.

- De muito bom humor, gra�as a ti.
- Que honra.

Para que saibas, normalmente,
um pneu furado estraga-me o dia.

Mas ontem n�o. Fui a uma bomba
e estavam ocupados.

Disseram-me que ia demorar uma hora.
Fiquei furioso?

N�o podia,
estava bem disposto demais.

- Gra�as a mim.
- Gra�as a ti.

E que vou fazer durante uma hora?

O Sahara � mesmo ali, tenho uma amigo
no bar, no turno de dia,

vou l� cumpriment�-lo.

Bourbon! Para mim?

N�o te iludas.

Mas ele n�o estava l�, o meu amigo.

Tomei uma bebida e depois outra.

Passeei pelo casino, parei para
observar uma das mesas de dados,

a mesa est� fria, como o gelo,
e ent�o aparece o Harol C. Carver.

Sei que � ele, porque tem
uma etiqueta que diz:

''Harol C. Carver
- Hideway Products, lnc.

E tamb�m sei com toda a certeza,
que o Harol vai ter uma m�o muito boa.

- N�o acredito!
- N�o te antecipes.

Eu tinha 80 d�lares,
o Harold ganha 4 vezes seguidas.

Fiquei sem 80 d�lares, tinha de pagar
ao homem da esta��o de servi�o.

Dirigi-me ao banco, tencionava fazer
um levantamento de 200 d�lares.

Alguma coisa me acontece e vejo a
minha m�o escrever 2.000 d�lares,

que por acaso � tudo o que tenho.

- N�o quero ouvir mais.
- Volto ao Sahara...

Perdeste tudo e vens aqui...

pedir-me 5 d�lares para poderes
ter o carro de volta.

Voltei ao Sahara
e ganhei 6.000 d�lares,

ficando assim com 8.000 no total,

e vou deixar
esta cidade horr�vel amanh�.

Gostava de festejar
a minha �ltima noite aqui contigo.

- 8 mil?
- 8.000 d�lares.

E devo-o tudo a ti.

Porqu�?

Como podia perder
estando de t�o bom humor?

Que se passa?

Estou t�o feliz por ti.

Apetece-te ir at� � cidade?

Apetece, sim.

Tenho muita gente
de quem me despedir,

come�amos numa ponta da Strip
e vamos at� ao fim.

- Tudo o que quiseres.
- D� c� um beijo.

Porque o faria?

Porque sou um vencedor,
e os vencedores s�o irresist�veis.

- Por favor!
- Alto e p�ra o baile!

Tenho 8 mil no bolso,
uma rapariga linda,

estou prestes a gozar
com todos os espertinhos

que disseram
que nunca sairia de Vegas.

Este � um momento perfeito.

Vou absorv�-lo bem
para nunca o esquecer.

Oi�am bem, oi�am bem.

- Oi�am todos.
- Afasta-te desse piano.

Tenho um an�ncio a fazer.

Tamb�m eu. Est�s despedido!

Uma pessoa vem dar uma boa not�cia
a um amigo e � esse o agradecimento.

lsto n�o � uma loja de passatempos.

Vou-me embora, amanh�.

Mike, bebidas para todos, pago eu.
Bebidas para todos.

Vou-me embora.

Cumprimentos ao Mannie.

Sim, eu escrevo-te
quando estiver instalado.

Boa, boa.

Muito bem.

- Como est�s?
- Como est�s, Pete.

Diz-me a verdade, nunca pensaste
que eu conseguiria, pois n�o?

- Fique com o troco.
- Obrigada!

� s� um momento
para recuperar aquela nota de dez.

� a �ltima aposta,
mais vale faz�-la a s�rio.

Cem em como sim.

- Cem em como consegue.
- Cem em como sim.

Cem em como acerta.

O que � que fa�o?

Apanhe-os e atire-os
para o fim da mesa.

Dois ases.

Cem em como conseguem.

Aposto duzentos que acertam.

Dois ases.

Quero 500.

''N�o queres entrar?''
''Bem, j� agora...''

Podes dizer, sim.

O que h� para dizer?

Bem, para come�ar, podes chamar-me
um tonto... um idiota...

... um anormal, um parvo.

- lsso fazia-te sentir melhor?
- Um pouco.

Est� bem, �s um tonto,
um anormal, um idiota...

um fraco, um mi�do...
- Calma, limita-te ao gui�o.

Julguei que querias ser castigado.

- Acho que estou na casa errada.
- Eu tamb�m.

Agora que se foi a conversa de chacha,
podes emprestar-me 20 d�lares?

Perdeste tudo?

Todos os d�lares, todos os tost�es.

- Como � que conseguiste?
- Foi f�cil.

Estou farta das tuas piadas.

''Costumava jogar um pouco.
N�o o fa�o h� meses.''

Podes dar-me os vinte?
Basta um sim ou n�o.

''S� preciso de 5.000 d�lares
para deixar este lugar infecto.''

N�o vim c� para ouvir um serm�o.

Ser� que estou a ver alguma raiva?

Oito mil.

Tinha-os na minha m�o.

Serei doido?

Nem imaginas como tenho pena.

Oito mil.

Oito mil d�lares.

Queres uma bebida?

- Tens cianeto?
- Vou ver.

Sabes que a taxa de suic�dio
em Las Vegas � a maior do pa�s?

V� l�...

Descansa... n�o tenho coragem.
Se tivesse n�o estava aqui.

S� precisava de 5.000 e tinha oito.

Mas para qu� precisas
de alguma coisa?

Porque n�o te podes ir embora?

Tens de estar em Nova lorque seis
meses at� conseguir entrar no 802,

para conseguir o cart�o.
At� l� s� podes fazer biscates.

Mas cinco mil d�lares para seis meses?

Eu dou boas gorjetas.

Mas isso s�o 200 d�lares por semana!

N�o me apetece nada
uma aula de economia.

- Desculpa.
- Sempre me arranjas os 20?

N�o. las logo ao casino
mais perto queim�-lo.

Obrigado por me deixares usar a sala.

Podes ficar a noite se quiseres.

lsso � pena
ou uma proposta indecente?

Pena.

Nesse caso aceito,
n�o me apetece a outra coisa.

Cinco mil e eu tinha oito.

- Queres tomar um banho quente?
- N�o me apetece.

Ajudava-te a descontrair.

- N�o quero descontrair.
- Eu lavo-te as costas.

N�o quero as costas lavadas.

Tira l� as roupas
que eu ponho a �gua a correr.

O banho est� quase...

Vais ficar bem.

- Como � que pude faz�-lo?
- Amanh�, j� n�o custa tanto.

Depois de amanh� ainda menos.

A seguir ainda menos.

Vais ver. Vamos.

Anda, vem tomar banho. V�.

''Se fizeres uma pilha
com todos os teus ganhos,

e arriscares tudo numa s� jogada,

e perderes e voltares
a come�ar de novo,

e nunca falares na tua perda...''

� isso que vais fazer,
recome�ar de novo?

Que mais hei-de fazer?

Quanto tempo se demora
a poupar 5.000 d�lares?

Se deixar de comer e beber...

''Se conseguires n�o perder a cabe�a,

enquanto perdes tudo
e s� te culpares a ti.''

� assim que come�a.

� o Rudyard Kipling a enumerar
as virtudes masculinas.

Tinha uma c�pia desse poema em cima
da minha cama em Newark, Nova Jersey.

Foi uma ideia do meu pai.
Acho que, para ele, era um ant�doto

para o permissivismo
e os mimos da minha m�e.

Acho que o meu velho vivia num medo
permanente que eu sa�sse maricas.

- O teu pai ainda � vivo?
- Porqu�?

Gostava de lhe mandar uma declara��o
de que �s heterossexual.

Obrigado. O teu pai ainda � vivo?

Quem me dera saber.

Que quer isso dizer?

Ele desapareceu
quando eu tinha 10 anos.

Nunca se voltou a saber dele.

Deve ter sido dif�cil.

Acabou por matar a minha m�e.

Sabes uma coisa?

O qu�?

Acho que o meu pai veio ao meu quarto
na noite em que se foi embora.

Acho que acordei.
E o encontrei sentado na minha cama.

Ele estava a chorar.
Perguntei-lhe porqu�.

Ele n�o disse nada.

S� se debru�ou para mim e beijou-me.

E fez-me festas na cabe�a
at� eu adormecer.

Alguma vez foste casada?

N�o.

E tu?

Ent�o, preferes
a liberdade e uma carreira?

Pelo contr�rio, o meu maior desejo
� casar-me e ter uma fam�lia.

Acho que a minha m�e
me est� a chamar.

Descansa, j� estou prometida.

Com os Olhos Tristes?
H� quanto tempo dura isso?

- Cinco anos.
- Que fazes por isso?

Fiz-lhe um ultimato.
Nunca mais bater � minha porta,

a n�o ser que seja para ficar.

Que aconteceu?

N�o o vejo h� tr�s meses.

- Qual � o teu pr�ximo passo?
- Espero.

- Quanto tempo?
- At� ele vir.

Tens a certeza que vem?

Ele tem fam�lia. Um grande neg�cio,
responsabilidades sociais,

n�o pode deixar tudo de repente.
lsso leva tempo!

- Parece-me que o est�s a citar.
- � verdade.

Eu acredito. E tu?

P�ra.

Gostas do teu emprego?
De dan�arina?

- N�o.
- Porque continuas?

Gosto de comer.

Achei que o teu namorado
tinha muito dinheiro.

Sou eu que pago as minha contas
e sempre o fiz!

Olha para aquele arm�rio,
n�o tenho peles!

V� em qualquer uma das gavetas,
n�o h� j�ias verdadeiras!

Cinco anos, �?

- Cinco anos.
- Estou a pensar numa coisa...

O qu�?

Onde � que me enquadro nesta promessa
de amor eterno e devo��o?

N�o te enquadras.

Lamento ser t�o directa,
mas n�o te quero enganar.

N�o lamentes, at� fico aliviado.

Foi o que pensei.

Para ser franco, estava com medo
que te estivesses a apaixonar por mim.

N�o h� hip�tese.

� o que todas dizem, e depois...
caem de cabe�a.

Vou tentar proteger-me a todo o custo.

Faz isso, sim. N�o te queria ver
a acabar como as outras.

Estou disposta a arriscar.

Onde � que ficamos?

Podes vir morar comigo, se quiseres.

Qualquer um de n�s � livre para
se afastar sem ter de dar explica��es.

Qualquer um de n�s � livre para
se afastar sem ter de dar explica��es.

Dividimos as despesas a meias?

Dividimos as despesas a meias.

- Quanto � a renda?
- 1 75 por m�s.

Acabaste de encontrar
um colega de quarto.

Porque queres que viva aqui?

Para poder fumar na cama
sempre que me apetecer.

A s�rio!

Bem, eu j� lhe fiz v�rios ultimatos.

Nunca tive coragem
para cumprir nenhum.

Sentia-me demasiado sozinha,

e acabava sempre
por lhe pedir para voltar.

Comigo como apoio imoral,
esperas consegui-lo, desta vez?

� mais ou menos isso.

Vou tentar, e sempre
que te achar a fraquejar,

canto alguns versos do
''All, or Nothig at All.''

E sempre que te vir
a ires para a mesa de dados,

canto uns versos de
''Come To Me, My Melancholy Baby''.

Divididos... Unidos conquistamos,
divididos ca�mos.

A uni�o est� na for�a.

BARCOS DE ALUGUER LAKE MEAD

Que idade � que tu tens?

Quando tiveres 97 eu vou ter 94.

- N�o vai fazer diferen�a.
- N�o importa agora.

Dev�amos voltar.

Porque n�o podemos
ficar aqui para sempre?

Larga!

Tu ligas sempre.

Porque n�o ligaste?

Ol�.

Porque n�o ligaste?

Eu liguei.
Estou a ligar h� dois dias.

Ol�, Sou o Joe... Joe Brady.

Pode falar um pouco mais alto?

Se tiver que ser.

Obrigada por me trazeres a casa.

O qu�?

Obrigada por me trazeres a casa.

Sim... � melhor ir-me embora.

Prazer em conhec�-lo.

Fica bem.

Fico, sim.

Tenho estado a viver com ele.

Bem, eu...

Sentia-me t�o sozinha...

Frances, n�o me deves explica��es.

N�o sei o que teria feito
se ele n�o tivesse aparecido.

Fran, n�o preciso de explica��es.

Um tipo que n�o liga durante 6 meses,
merece uma surpresa desagrad�vel.

Obrigada.

Tenho estado muito ocupado...
com tantas coisas...

Sim, eu sei.

Eu... fiz planos para n�s...

Sabes o que quero que fa�as?

Esque�as tudo isto.
Os �ltimos seis meses, tudo.

Tenho de ir � lnglaterra,

quero que fa�as uma mala
e venhas comigo.

Tudo igual? N�o.

O que � isso?

� verdade.

''Por este meio, fica concedido
o div�rcio terminante e definitivo

ao arguido, Thomas J. Lockwood.''

Fizeste-o. Fizeste-o mesmo.

N�o disse que o faria?

Mas... eu...

Porqu� agora?

Bem...

Desculpa, precipitei-me.

Dois bilhetes de avi�o.

Londres, Paris, Riviera,
onde quiseres ir.

Pelo tempo que quiseres.

- Uma lua-de-mel?
- Uma lua-de-mel.

Mas... n�o costuma ser
depois do casamento?

- Quando?!
- Agora mesmo.

- N�o!
- Come�a a fazer as malas.

Qual � a pressa?

Porque reservei-nos o voo das 20h
para Nova lorque.

Mas... vou levar horas.

Uma mala s� com o essencial.

Queres que...
que deixe tudo?

- Assim, sem mais?
- Tudo, sem mais.

Vai fazer as malas.

- Sim, senhor.
- E rapidinho.

Com certeza.

� demais!

� para ti.

Santo Deus!

N�o me digas quantos quilates tem,
teria medo de o usar.

- Est� bem.
- Quantos?

Dez.

- Dois por cada ano.
- Continua a fazer a mala.

- S� o essencial?
- S� o essencial.

Que consideras tu essencial?

Tudo o que n�o se conseguir
encontrar em Nova lorque.

lsto n�o est� mesmo a acontecer,
pois n�o?

N�o...

- � um sonho.
- Pois �. Toma.

Obrigada.

Aos bons tempos que tivemos
e aos melhores que h�o-de vir.

Sabes... senti a tua falta.

Muito mesmo.

Espera... temos um avi�o
para a apanhar, lembras-te?

Apanhamos outro mais tarde.

Sabes o que se diz, traz m� sorte
vermo-nos antes do casamento.

Est� bem, ganhaste!

O que faz ele na vida?
O teu amigo.

� m�sico. Toca piano.

Toca bem?

Mais ou menos.

Como te envolveste
com algu�m como ele?

Como assim ''algu�m como ele''?

Um falhado.

- Porque achas que � um falhado?
- N�o �?

Ent�o?

Sim, acho que �...

Ent�o, como te envolveste com ele?

Acho que estava cansada
de bem sucedidos.

Vou tomar isso como um elogio.

N�o!

- Que se passa?
- N�o vais levar essa tralha toda!

Esta tralha tem
muito significado para mim.

Vou arranjar algu�m que ta mande.

- Ter�o cuidado?
- Sem d�vida.

- E a mob�lia?
- Esquece-a.

Mas vale alguma coisa!

Deixa-a ao n�o-sei-quantos.

- Ele n�o a aceitaria.
- Porque n�o?

O orgulho dele n�o lho permitiria.

Sem talento mas muito orgulho.

Eu n�o disse que n�o tinha talento.
Disse que era mais ou menos.

Desculpa.

- E a mob�lia?
- Mando algu�m tratar dela.

Queres despachar-te?

Vai, vai, vai!

Est�s pronta?

Ent�o?

- Est�s pronta?
- Sim.

Deixa que eu levo a tua mala.

Que se passa?

- Eu tenho de o avisar.
- Ao n�o-sei-quantos?

- Sim.
- Deixa-lhe um recado.

N�o, � mais f�cil telefonar-lhe.

N�o demoro nada.

Estou?

O pr�prio.

O Joe est� a�?

Vou cham�-lo.

� para ti.

Estou?

Casa da m� fama da Tia Harriet,
fala a Tia Harriet?

Estou?

Joe?

Ol�.

�s tu?

Tanto quanto sei.

- Fran.
- Estou?

- Fran.
- � s� um momento.

Estava a pensar num Domingo,
lembras-te?

Sabes o que me passa
pela cabe�a, agora?

Estava a lembrar-me de um Domingo
que pass�mos juntos em Monterey.

Fran?

- O qu�?
- Lembras-te?

Fazia frio e chovia.

N�o sa�mos do quarto. Lembras-te?

Sim.

Sim, o qu�?

Se eu pudesse voltar a viver qualquer
dia da minha vida, um qualquer...

Seria esse dia, aquele Domingo.

Joe!

Que se passa?

Lembras-te daquele Domingo?

Fran?

Estou?

Fran?

Vamos ter muitos dias
como aquele Domingo.

Vamos ter tantos dias,
lindos e maravilhosos.

Miss�o cumprida?

Que se passa?
Passa-se alguma coisa?

O que foi?
Que disse ele que te perturbou?

N�o me posso casar contigo.

Tu o qu�?

N�o me posso casar contigo!

Que est�s a dizer?!

A voz dele ao telefone...
n�o me consegui despedir.

Deves estar doida!

A quem o dizes!

- Fran, h� cinco minutos...
- lsso foi naquela altura!

Que fa�o agora?!

� muito simples.

Vens comigo.

N�o posso!

Fran, se me for embora agora
� para sempre.

Para sempre.

Tom?

O anel.

- Fica com ele.
- N�o posso.

- Fica bem.
- Tu tamb�m.

Quem �?

O pap�o.

Estavas com a voz esquisita
ao telefone, fiquei preocupado.

Estou bem.

Onde est� ele?

Foi-se embora.

Que aconteceu?

Queres mesmo saber?!

S� se me quiseres contar.

Disse que n�o conseguia
viver sem mim,

que ia voltar para casa e meter
imediatamente os pap�is do div�rcio.

Que lhe disseste?

Disse que acreditaria nele...
quando me trouxesse o papel...

... e mo pusesse na m�o.

Parab�ns.
Por te manteres firme.

Obrigada.

Quanto tempo vai levar
a conseguir o div�rcio?

- N�o sei.
- Uns meses, talvez?

Talvez.

Que disse ele sobre mim?

- Nada.
- Deve ter sido �bvio que eu vivia c�.

N�o pareceu incomod�-lo.

Que insulto.

Desculpa.

A s�rio. Fico aliviado, tinha medo
de te estragar a coisa.

Fica... descansado.

Ent�o, � melhor come�ar
a fazer as malas.

Fazer as malas?!

Sim, as malas.

Porqu�?

N�o te quero causar problemas.

Olha... vai se quiseres ir,
mas poupa-me a treta de cavalheiro.

Est�s a dizer que posso ficar?

Estou a dizer para ires se quiseres,
ou ficares se quiseres!

Bem...

Daqui a seis ou sete semanas
consigo o dinheiro,

era um disparate alugar uma casa
por seis ou sete semanas.

N�o era?

Tu �s crescido! Eu n�o posso...

Tu... � que tens de tomar
as tuas decis�es.

Mesmas regras, ambos livres
de partirmos, sem pris�es?

Sim! Raios te partam!

Eu fico.

Boa!

N�o chores.
Vais ver, vai tudo correr bem.

Antes de nada ser�s
a Sr.� Thomas J. Lockwood.

Sa�de.

Chega mesmo tempo,
vamos come�ar a ler o testamento.

Vodka t�nico.

- Aceita um?
- Obrigada.

Declaro-vos marido e mulher.

Desculpe, eu nunca esque�o uma cara,
foi em Singapura?

- N�o.
- Mal�sia?

Nutley, Nova Jersey.

Nutley, Nova Jersey...

Sa�ste-te bem esta noite, n�o foi?

Obrigada.

- Boa noite, Fran.
- Boa noite, Tony.

Boa noite, Joe.

O Tony vai sentir a tua falta.

''Chega de intervalos''.

Tem tr�s pessoas naquela espelunca

e grita se eu demoro
mais cinco minutos.

Achei que isso estava esclarecido.

No dia em que sair daqui,
vou-lhe dizer o que penso dele.

N�o falta muito.

Que tal me estou a sair?

N�o gostas que eu veja, n�o �?

- �.
- Ent�o, n�o vejo,

- Que tal estou?
- N�o tens nada com isso.

Afinal de quem � esse dinheiro?

- Teu.
- Ent�o quanto tenho?

N�s combin�vamos
que n�o sabias quanto tinhas

at� eu te dar os 5.000 d�lares.
A ideia foi tua.

S� quero uma pista,
para saber se posso fazer planos.

Sei que estou perto.

Estou perto ou n�o?

- Olha...
- Olha tu!

Eu n�o quis tratar do teu dinheiro,
tu � que insististe.

Para que est�s t�o nervosa?
N�o te estou a pedir o dinheiro.

S� queria saber se estou perto.

Se calhar tenho mais de 5 mil

e n�o me dizes porque n�o queres
que me v� embora.

4.347 d�lares.

Porque est�s t�o zangada?

4.347 d�lares,
� ainda mais perto do que pensava.

Com um pouco de sorte
posso ir-me embora no Natal.

As gorjetas melhoram
no Dia de Ac��o de Gra�as,

isso � que era algo
por que dar gra�as.

Sabes uma coisa?
� melhor p�-lo no banco.

T�m havido muitos assaltos.

J� o queria ter posto no banco,
mas tu disseste que n�o.

Podes faz�-lo, p�es na tua conta?

Amanh� de manh�.

Faltam oito horas at� o banco abrir.

� muito tempo,
muita coisa pode acontecer.

Posso mudar de ideias
e pedir-te o meu dinheiro.

Tu davas-mo?

Estou s� a testar-te, s� a testar.

Queres jogar uma paci�ncia?

Est�s sempre
a chagar-me para eu jogar.

Escolhe a tua arma.

V�, anda.

Anda, anda, anda.

Vamos jogar pelos 4.300 d�lares.

Estou a brincar!

Sinto-me bem esta noite.

Sinto que estou com sorte.

Pronta? Vamos.

O primeiro para o nosso lado.
E outra vez.

E outra vez.

E outra vez.

Parece que � a minha noite, n�o?

Tens de ser mais r�pida que isso.

Sou bom ou n�o sou bom?

Espera!

A pr�xima carta que virares...
vai ser um valete!

V�, vira-a.

O que � que te disse?

- Disseste valete.
- Rainha.

Disseste valete!

Estive a acertar aos dados o dia todo.

Estive numa mesa no Sands,
podia ter feito uma fortuna.

Se estivesse a apostar.

Conta tu.

Espero que tenhas raz�o quando
dizes que o dinheiro est� seguro.

Qualquer um pode entrar aqui.

- Ganhaste.
- Tinhas alguma d�vida?

Queres jogar outro?

Para qu�? Queres saber que mais?
Estou a ser demasiado r�gido,

devia pegar num pouco do dinheiro
e ver o que acontece.

Se tiver uma boa m�o,
posso ir-me embora amanh�.

Se perder, n�o h� mal nenhum.

Ent�o?

- Ent�o, o qu�?
- Quero uma parte do meu dinheiro.

- N�o.
- S� um pouco.

- N�o.
- Umas centenas!

- N�o.
- Cem.

N�o!

- Ouve...
- Ouve tu!

N�o vais receber nem cem
nem um c�ntimo.

N�o h� d�vida, fiz uma boa escolha!

Estava s� a testar-te.

Tretas.

Estava e posso provar-to.

Se quisesse o dinheiro,
achas que to pedia?

Entrava ali e tirava-o!

Teria de encontr�-lo primeiro,
mas ser� assim t�o dif�cil?

Onde o esconderias
num quarto daquele tamanho?

Conhecendo-te e a forma como pensas,
digo-te j� onde est�.

N�o sei o que fizeste com a caixa,

mas digo-te j� onde est� a chave.

Est� numa das canecas chiques
que a tua av� te deu.

Acho que � esta.

Acreditas que algu�m
seja assim t�o desastrado?

Se n�o estivesse t�o curioso,
acho que desistia.

Toma!

- N�o �s mesmo espertinha?
- Leva-o!

S� queria saber onde estava.

- Leva-o!
- Sabes o que vai acontecer.

Leva-o! Leva-o!

Desiludiste-me.

Achei que ias aguentar muito mais.

Boa noite.

Est�o a sair... ganha o sete!

D�-me 500 d�lares em fichas.

500 trocados para o jogo.

Est�o prontos?

Mais quinhentos.

Cem em como erra.

- Disse que erra?
- Disse cem em como erra.

S� o onze.

Onze, ganhou.

Duzentos em como erra.

Duzentos em como erra.

TWA.

O meu nome � Fran Walker,
queria... fazer uma reserva.

Quer lan�ar os dados, senhor?

320 em como acerto.

Passa a 220.

Dados novos, sim?

Lan�o cem.

Sete ganha. Ganha o sete.

Lan�o duzentos.

Ganha o onze, o onze ganha.

Mant�m.

Seis � f�cil. Foi f�cil para o seis.

Nove a andar. Est� a dar nove.
Fica no campo. Seis na linha.

Ganha o seis, primeira linha.
Foi f�cil.

Os dados v�o rolar outra vez,
fa�am as vossas apostas.

Pronto, vai tudo.

Com calma.
Com jeitinho. Pode lan�ar.

Dez. Foi f�cil com o dez.

- Os dados v�o rolar outra vez.
- Lan�o tudo. Vai tudo.

Dez ou tudo.

500 em como n�o consegue.

Vai lan�ar.

Estou?

- Sr.� Frances Walker?
- � a pr�pria.

Fala da TWA. Conseguimos-lhe lugar
no voo mais cedo, das 5h 1 5.

Obrigada.

Perdeste?

� o que eu gosto em ti,
sem rodeios.

Tudo?

- Tens tr�s tentativas.
- Lamento.

T�o depressa vem como vai.

Vais ficar bem.

Pensa nas outras vezes.

Podes parar com isso?

- P�ra com isso!
- Lamento.

Perdi 500 d�lares em 10 minutos.

Eu... eu n�o... eu...

Mudei.
Comecei a apostar contra os dados.

Uma velhota com cabelo lil�s
e cheia de diamantes,

e uma cara pior que a morte,
acertou cinco vezes seguidas.

A seguir a cada vez,
olhava para mim e cacarejava.

Tens mesmo...?

Sobravam-me 200 d�lares,
apostei tudo numa fila, perdi.

Ainda n�o acabei.

J� n�o tinha dinheiro,
mas ainda tinha alguns bens.

O meu rel�gio, vendi-o a uma empregada
dos lavabos por 10 d�lares.

- Perdi os dez...
- Eu... Eu n�o quero ouvir mais nada.

Estou a chegar � melhor parte,
sobre o meu carro.

Vendeste o carro?

- Por 320 d�lares.
- Vale o triplo!

N�o �s 4h da manh�.

Que vais fazer sem carro e...
sem rel�gio?

Ainda n�o acabei.

Sabes quanto paguei
por aquele rel�gio?

Deixas-me acabar?

Achei que o rel�gio
tinha algum significado para ti.

E tem.

- Como podes t�-lo deitado fora?
- N�o o deitei fora.

Aqui est� ele.

Acabaste de dizer
que o vendeste por 10 d�lares.

E comprei-o de volta por 25.

N�o percebo.

- Senta-te.
- Onde arranjaste...

- Est�s pronta?
- Para o qu�?

Ganhei.

Sou um vencedor.
Um grande vencedor.

Que queres dizer?

Peguei nos 320 do carro,
voltei ao Cesar's Palace,

e comecei a melhor mar� de sorte
que alguma vez se viu.

Ganhaste?

Assassinei-os!

- Quanto?
- Uma fortuna.

Onde est�?

Aqui, aqui.

Aqui.

Alguma vez viste algo mais bonito?

Quanto... quanto �?

22 mil.
Mais cem, menos cem.

N�o acredito!

Aqui entre n�s, eu tamb�m n�o.

M�o atr�s de m�o,
tudo em que apostei saiu.

As pessoas estavam doidas,
todas a apostar comigo,

estavam sempre a mudar o comentador,
para ver se aquilo abrandava,

a multid�o vaiava, foi como um sonho!

Estava � espera que me abanasses
e me mandasses acordar.

M�o atr�s de m�o,
algo de estranho de aconteceu.

Comecei... a sentir-me desconfort�vel.

Comecei... a fazer apostas loucas.

Mas quanto mais apostava,
mais ganhava.

E quanto mais ganhava
mais desconfort�vel me sentia,

at� que, por fim...

N�o aguentei mais,
e levantei o meu dinheiro.

Deram-me 22 mil d�lares,

e nunca me senti pior na vida.

Porque achas que �?

Dou-te uma pista.

Comecei a vir para casa,
e senti-me tonto.

Senti-me t�o fraco
que tive de parar.

Sentei-me no passeio,

corria um ribeirinho de �gua
para a sarjeta,

por baixo das minhas pernas.

Fui buscar o meu len�o,

e veio com ele
uma nota de cem d�lares.

Dobrei uma nota de cem d�lares,

num barquinho,
como quando �ramos crian�as,

pu-lo na �gua,

e vi-o flutuar rua abaixo,
at� chegar a uma sarjeta,

e desaparecer.

Tentei sentir-me culpado,
pensei nas crian�as com fome no mundo,

mas n�o consegui.
A verdade � que...

Mandar aquela nota de cem
para a sarjeta,

animou-me imenso.

Lembrei-me de uma coisa.

Se deitar fora cem d�lares
me fez sentir t�o bem,

como me sentiria
se deitasse os 22 mil?

E, durante um momento, estive
verdadeiramente tentado a faz�-lo.

Pergunta-me porqu�.

Porqu�?

Porque achei que se n�o me livrasse
daquele dinheiro,

teria de me ir embora daqui.

E...

... essa ideia deixou-me muito triste.

Por isso, l� estava eu.

A mi�da ou a massa, escolhe.

Bonita, leal, generosa,
sensual e boa cozinheira.

22 mil d�lares. Que fa�o agora?

E depois... tive uma inspira��o.

Porque n�o posso ter as duas?

S� precisava de ter a coragem...

... para passar por aquela porta
e dizer que te amo.

Eu disse que te amo.

Lamento, mas parece ter havido
uma falha no som do nosso programa.

Vai... vai para a cama.

- Falamos de manh�.
- J� � de manh�.

Olha... tu estiveste a beber.

� verdade.

Est�s b�bado... amanh�...
n�o te lembras...

D�-me um papel
que eu ponho por escrito.

Por favor, n�o.

Ouve, estou a fazer piadas
porque estou aterrado,

mas nunca falei t�o a s�rio na vida.
Que me dizes?

Eu n�o quero falar sobre isso.

- Porque n�o?
- Porque n�o.

lsto n�o est� a correr como devia.

Quando disse que te amo,
devias saltar para os meus bra�os.

Olha... eu...

Estou muito... confusa.

Podemos, por favor..,
ir para a cama,

e falar sobre isto mais tarde?

Eu sei que te estou a pedir muito.

Ent�o, porque o fazes?

Porque te amo!

Podes parar de dizer isso, por favor!

Di-lo.

- Digo o qu�?
- Que me amas.

J� te ocorreu que este grande amor
que de repente sentes,

pode n�o ser m�tuo?!

O grande amor n�o � s�bito,
j� o sinto h� muito,

mas nunca tive a coragem de o admitir.

E se n�o � m�tuo
�s a maior actriz do mundo.

Est�s linda esta manh�.

E o nosso acordo?

Sem compromissos nem obriga��es?

- Expirou.
- N�o, no que a mim diz respeito.

A seguir vais dizer-me
que est�s � espera

que o Sr. Tom Lockwood apare�a
no seu Cadillac branco.

- Talvez esteja.
- Deixa-te disso.

Achas que me contentava
com um pianista

se arranjasse algu�m como ele?

Acho que sim.

Bem, ent�o deixa-me ter
a oportunidade e logo vemos.

Tiveste a tua oportunidade.

Como assim?

Ele pediu-te em casamento
e tu recusaste-o por mim.

Como sabes isso?

N�o sabia at� agora,
mas sempre suspeitei.

lsso foi a maior crueldade, imundice

e golpe mais baixo
que algu�m j� me fez.

Vamos embora.

Onde?

- � C�mara Municipal.
- Para qu�?

Porque n�o nos podemos casar
sem uma licen�a.

Nem mesmo em Las Vegas.

- Casar?
- Casar.

Tu... tu...
Est�s a gozar.

P�e-me � prova.

Assim n�o.

- N�o... por impulso.
- Diz quando.

N�o... em Vegas.

Diz onde. Estou � espera.

- Tenho de pensar nisso.
- Certo. Quanto tempo?

P�ra de insistir!

P�ra de empatar.

Chega aqui e atiras-me com isto tudo.

Quem julgas que �s?!

Se julgas que te safas come�ando
uma discuss�o, esquece.

Estou demasiado bem disposto.

Que rica vida!

- Mulher de um pianista!
- Estou de �ptimo humor.

Sabes o que te vai acontecer
em Nova lorque?

Estou num humor transcendente.

O mesmo que te aconteceu aqui
vai-te acontecer l�.

Um humor de boa vontade
e paci�ncia inesgot�veis.

Tu �s p�ssimo!

Pronto, chega de fazer amor.

Porque n�o podemos continuar
como est�vamos?

Porque nos temos que casar?

Muito bem, n�o o queria dizer,
mas obrigaste-me a isso.

Acho que estou gr�vido.

lsso � um problema teu!

Tem piedade. Um dia,
ainda te pode acontecer a ti.

Fiz-te uma pergunta simples,
e gostava de uma resposta simples.

Porque n�o podemos
continuar como est�vamos?

Porque nos temos de casar?

� uma boa pergunta.
Eu acho que nos devemos casar

porque gostamos mais um do outro

do que quaisquer outras duas pessoas
que eu conhe�a,

porque custa muito, tempo e dinheiro,
manter a ilus�o,

de que n�o temos nenhum
compromisso ou obriga��o.

Porque para apreciar verdadeiramente
a alegria do que temos em m�o,

temos de ter a coragem
de o reconhecer.

Porque nos vai poupar o embara�o
quando nos registarmos nos hot�is,

ou ficarmos com amigos
que t�m filhos curiosos,

e, finalmente,
concedendo que o casamento

� a institui��o mais defeituosa,
remediada e insuficiente,

quando o jogo � o amor,
n�s vamos jog�-lo.

- lsso foi lindo.
- Tamb�m achei.

Casamento: a cura para tudo.

N�o pretendi afirmar isso.

Casarmo-nos n�o vai mudar nada.

- Tens a certeza?
- Absoluta.

- Ent�o de que tens medo?
- N�o tenho.

- Tens um medo de morte!
- N�o...

- Est�s aterrada!
- P�ra!

De que raio tens medo?

N�o sei.

- Di-lo.
- N�o sei.

Di-lo.

Se... te casares comigo,
vais-me deixar.

Ai, ai, ai...

Por favor, deixa-me ir para a cama.

Porque estaria mais apto
para te deixar se fossemos casados?

Se n�o... se n�o for... n�o for
para a cama agora, vou ficar doente.

Porque estaria mais apto
para te deixar se fossemos casados?

J� n�o haveria nada por que ficar.

Queres dizer que agora s� fico
porque n�o te tenho completamente?

Podes prometer-me
que nunca me deixar�s?

Tanto como tu mo podes prometer.

Ent�o, para qu� casarmo-nos?

Para que enquanto estivermos juntos,
estejamos mesmo juntos.

E quando nos separarmos
vai doer muito mais.

N�o � quando, � se.

E sim, � um risco que temos de correr.

Eu n�o quero corr�-lo.

Meses ap�s de meses,
semanas ap�s semanas...

O jornal, Sr. Walker?

Grady! Joe Grady!

Tenho passado por aqui
como o vil�o do apartamento 2C.

Ele � que vive
com aquela bailarina querida

e se recusa a torn�-la
uma mulher honesta!

Sabes como me senti culpado?

Come�as a preocupar-me, a s�rio.

Vais estragar isto para n�s os dois.

Bem, vou prever qual ser� o teu futuro
se n�o te casares comigo.

Ao olhar para
a minha bola de cristal,

vejo uma mulher velha e sozinha,

cujo �nico consolo � saber que nunca
deu totalmente o seu cora��o.

Nenhum marido a enganou,

nenhum filho a fez sofrer...

E ao aproximar-se o fim da sua vida,

ela pergunta-se:
''Que ter� sido pior?

Ter o cora��o partido, ou nunca
o ter usado completamente?''

Espera l�. � poss�vel que me estejas
a fazer o maior favor da minha vida?

Tenho 22 mil d�lares,
sou livre e descomprometido.

Conhe�o tr�s raparigas a quem ligar
em Nova lorque s� para come�ar.

Seria um tonto se o trocasse por algo
que no m�ximo � muito d�bio, n�o?

lsto � o que se chama por pouco.

Di-lo.

N�o consigo.

Se eu consigo, tu consegues.

V� l�.

Eu amo-te.

Muito bem, agora mais alto!

Eu amo-te.

Agora, mais uma vez
para a costa Oeste.

Eu amo-te, raios te partam!

Como te sentes?

Assustada.

''N�o tenhais medo,
a ilha � cheia de barulhos.''

Quando eu contar at� tr�s,
fechas os olhos.

Porqu�?

Porque vamos recordar
cada pormenor deste momento,

para quando formos velhos,
e quase encostados,

nos lembremos que tivemos um come�o.
Est�s pronta?

- Sim.
- Est� bem.

Um, dois, tr�s.

LEGENDAS: jmedeiros17