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Meados de 1980
Nelson Mandela est� na cadeia.

Apartheid - segrega��o racial - �
a lei do homem na �frica do Sul.

O apartheid controla
toda a regi�o.

Toda a �frica do Sul est� prestes
a lan�ar-se numa guerra.

Distribuir cartas...

Este � meu segredinho.

Reflete o mundo.

� muito parecido com a vida,

voc� n�o joga com as cartas
que voc� queria ter,

mas com as cartas que recebeu.

Eu crio ordem a partir do caos.

Eu aplico uma regra ao acaso.

O sucesso, se � que existe,

s� pode ter suas chances revisadas
e redistribu�das pelo homem.

PLANO PARA A PAZ

Subrip: Pix
Sincronia by DanDee

ATIRAR EM N�S NUNCA VAI
PARAR NOSSA LUTA

QUANDO VOC� EST� SE SENTINDO BEM
POR SE SENTIR BEM

Centro de Manhattan

Ele nunca falou
sobre sua contribui��o.

WINNIE MANDELA
Ativista do ANC - �frica do Sul

Eu me senti pequena assim,
quando descobri quem ele era

e por que ele era t�o solid�rio
com nossa luta.

Eu n�o acho que ele
encenou um pol�tico,

ele encenaria qualquer outro
papel. Mas n�o um pol�tico.

THAMBO MBEKI
Ex-presidente - �frica do Sul

Ele n�o receberia uma medalha
de Mandela,

se n�o valoriz�ssemos seu papel.

MATHEWS PHOSA
Ativista do ANC - �frica do Sul

Quando tem um homem
como Jean-Yves, nada vai vazar,

mas os resultados ser�o
trazidos, e foi o que ele fez.

ROELOF "PIK" BOTHA
Ministro - �frica do Sul

A chance de ser um agente duplo
que n�o se importava com isso.

JOAQUIM CHISSANO
Ex-presidente - Mo�ambique

N�s n�o diz�amos a ele o que n�o
quer�amos que ele soubesse.

Aeroporto O. R. Tambo - Wilbank
R24 - Joanesburgo

O que ele estava procurando, eu n�o sei.
Porque ele nunca me pediu dinheiro.

Chefe da Intelig�ncia Militar
da �frica do Sul

Na verdade, ele gastou
muito dinheiro,

especialmente nas trocas de
prisioneiros, do seu pr�prio bolso.

Ele mesmo investe

em situa��es pol�ticas que n�o t�m
nenhuma rela��o com neg�cios.

Ministro de Seguran�a Mo�ambique

Mas, naturalmente,

penso como qualquer
homem de neg�cios.

Se puder intervir e depois
ter alguma vantagem, � melhor.

Ele fez muito dinheiro.
Ele fez muitos contatos.

Ele conhecia pessoas
de todos os cantos do mundo.

E acho que ele teve uma conversa
consigo mesmo

que foi mais ou menos assim,

"Bem, eu n�o tenho fam�lia,
n�o tenho filhos,

gostaria de deixar algo,
pelo qual fosse lembrado".

MICHAEL LEDEEN Conselho de
Seguran�a Nacional - EUA

A �frica � um lugar
onde um �nico indiv�duo

ainda pode fazer
um grande efeito.

Eu sei que perguntas
j� est�o sendo feitas,

e alguns se perguntam
como o p�blico vai reagir,

se as pessoas v�o
apoiar minha hist�ria.

Bem, � o p�blico
que decide isso.

Eu comecei minha carreira
como comerciante de cereais.

Depois mudei para o petr�leo.

Eu sempre estabeleci minhas opera��es
comerciais em pa�ses dif�ceis,

que precisavam de mais do que
apenas fixa��o de pre�os,

como o Congo, a Eti�pia,
o Marrocos e Mo�ambique.

Quando o conheci,

est�vamos tentando chegar
a um acordo com o Ir�.

Jean-Yves Ollivier deu a ideia
de que poder�amos

conseguir petr�leo de forma
mais vantajosa revendendo.

Ele sabia como fazer.

Jean-Yves Olivier deu a ideia
de que poder�amos

sobre embargo,
totalmente isolados,

o que me ofereceu opera��es
mais sofisticadas

do que apenas a troca
de mercadorias.

Para sobreviver ao embargo,

a �frica do Sul foi for�ada a inventar
seu pr�prio modo de produ��o.

� por isso que escolhi
a �frica do Sul.

A �frica do Sul era totalmente
diferente do que eu esperava.

A �frica do Sul que descobr�amos
ao descer do avi�o

era um pa�s branco

um cen�rio quase europeu
fora do tempo,

isolado, sem nenhuma rela��o
com o mundo exterior,

e ainda menos com a realidade
de dentro do pa�s.

Havia um ou dois jornais.

Havia um canal de TV transmitindo
por apenas algumas horas por dia,

e por que ele era t�o solid�rio
� nossa luta.

A �frica do Sul branca parecia um
filme americano dos anos 1950,

onde todos cuidam
de suas ocupa��es,

param �s 22h

e as ruas se esvaziam.

Domingo era o dia do Senhor.

As pessoas fazem churrasco
nos seus jardins.

Eu disse a mim mesmo, "Essas pessoas
vivem num planeta diferente.

N�o percebem que amanh�,
ou o dia depois de amanh�,

haver� tanques nas ruas,

sacos de areia protegendo
pr�dios p�blicos,

e soldados com Kalashnikovs
ou metralhadoras?

Se ningu�m disser a eles
ou tentar ajud�-los a entender

que eles precisam mudar

e aceitar viver juntos
e trabalhar juntos,

o destino id�ntico
vai acontecer com eles:

eles ser�o 'jogados no mar'".

Esta � a express�o usada
na minha Arg�lia.

Eu nasci na Arg�lia,
numa fam�lia francesa.

ARG�LIA FRANCESA

Os brancos no apartheid
da �frica do Sul

ZONA FRANCESA

eram t�o cegos quanto eu costumava
ser enquanto crescia na Arg�lia.

Eu era adolescente durante
a guerra da independ�ncia

quando me juntei ao lado
que queria permanecer franc�s.

Claro que, em retrospectiva, e com o
benef�cio da experi�ncia de vida,

hoje eu vejo as
coisas diferente.

Arg�lia se torna independente -

Eu e meu povo perdemos.

Meus pais estavam desesperados.

Eu vim de uma boa fam�lia, mas de
classe m�dia, uma fam�lia modesta.

Eles deixaram a Arg�lia
sob as piores circunst�ncias,

num �xodo.

Um milh�o de pessoas,

toda a minha comunidade

partiu dentro de tr�s meses.

Perto do fim da guerra,
em maio de 1962,

eu transportei
mensagens secretas.

Fui preso e colocado na pris�o
aos 17 anos de idade.

POL�CIA

Cinco meses atr�s das grades
em Paris, onde fazia frio.

Eu fui agredido,
para n�o dizer torturado,

quando questionado pela pol�cia.

LIBERDADE

A experi�ncia me marcou
pela vida toda.

IGUALDADE

FRATERNIDADE

A Arg�lia me ensinou do jeito mais
dif�cil que o que considerava "justo"

n�o era necessariamente justo
aos olhos de outras pessoas.

Isto quis dizer muito para mim

sobre mim mesmo, sobre os outros,
sobre estas supostas causas justas.

Eu aprendi

que "o outro" era eu mesmo
em outras circunst�ncias.

APENAS BRANCOS
RESERVADO NO ATO 49

Foi como eu me senti quando
descobri a terra do apartheid.

PRAIA E MAR
APENAS BRANCOS

BRANCOS 1

O regime do apartheid entraria em
colapso mais cedo ou mais tarde.

Este sistema n�o
poderia sobreviver.

Eu tinha essa convic��o.

Meu objetivo n�o era
destruir o regime,

que j� era moribundo,

mas contribuir para
essa destrui��o.

Ent�o essa morte do apartheid
n�o requereria

a morte da comunidade branca!

SAN��ES AGORA

SOLIDARIEDADE ANC!

O pa�s estava sentindo
os efeitos econ�micos da san��o.

D�LARES PAGAM GENOC�DIO

O movimento anti-apartheid

e o ANC tiveram sucesso em persuadir
a comunidade internacional

de que o pa�s deveria
ser isolado.

Diretor-geral de Assuntos
Externos da �frica do Sul

N�s apoiamos o povo
da �frica do Sul!

LIBERTEM NELSON MANDELA!

N�O COMPREM BENS AFRICANOS

Eu n�o acredito em san��es.

Presidente P.W. Botha

Voc�s n�o for�ar�o os sul-africanos
a cometer suic�dio nacional.

Eu desconsiderei as san��es.

San��es eram contra produtivas:

elas isolavam o pa�s,

impediam o di�logo
e, precisamente,

a abertura ao mundo exterior.

Gra�as ao meu neg�cio
eu conheci grandes banqueiros

que me forneceram
um livro de contatos,

e � verdade que,
muito rapidamente,

eu conheci os figur�es
da pol�tica sul-africana,

incluindo o Presidente P.
W. Botha,

"o velho crocodilo".

NOT�CIAS

Boa tarde. Muitas pessoas foram
mortas numa explos�o em Pret�ria.

O Ministro da Defesa descreveu a explos�o
como uma a��o de guerra comunista.

A fac��o militar da
nossa organiza��o

montou ataques t�o cru�is
contra o regime do apartheid,

e o pa�s estava em chamas.

ANC
PODERES DO POVO

O ANC tinha chamado as massas,

MATHEWS PHOSA
Ativista do ANC

para tornar o pa�s ingovern�vel
e o apartheid impratic�vel.

N�o estamos mais preparados
para tolerar

WINNIE MANDELA

esse ato criminoso
praticado pela minoria.

Nossa causa � uma causa justa.
� por isso que vai prevalecer.

Mas, meus irm�os e irm�s,
eu desaprovo

DESMOND TUTU

e me oponho a todas
as formas de viol�ncia.

Eu vou manter a ordem
na �frica do Sul.

E ningu�m no mundo vai
me impedir de manter a ordem.

A primeira vez em que
estive na solit�ria,

eu cheguei ao ponto, eu acho,
um limiar

no qual o corpo n�o podia
suportar mais a dor,

e depois desmaiei.

Mesmo neste momento,
eu n�o vou me render.

Eles podem tirar minha vida,
eu n�o me importo.

Mas vou lutar at� a �ltima gota
do meu sangue cair.

Estamos cansados.

N�s estamos cansados n�o
necessariamente de homens brancos,

estamos cansados de branco. Estamos
cansados de tudo que for branco.

Eu estava na �frica do Sul, um
pa�s em chamas sob o apartheid.

Mas eu tamb�m me movi
pelos pa�ses vizinhos,

as chamadas linhas de frente,

onde o regime foi bombardeado,
infiltrado e desestabilizado.

Eu tentei fazer neg�cios
num campo de batalha regional.

O apartheid era a causa
de todas as batalhas,

de toda a viol�ncia.

DENIS SASSOU-NGUESSO
Presidente - Congo-Brazzaville

A paz n�o podia ser estabelecida
na �frica do Sul

sem o fracasso do apartheid.

Poder para o povo!

"A LUTA � MINHA VIDA"

O Congresso Nacional Africano,
o ANC,

era uma organiza��o banida
dentro da �frica do Sul.

Ent�o eles tinham c�lulas,
em todos os estados vizinhos.

ESTADOS DE LINHA
DE FRENTE

�frica do Sul - Mo�ambique

Angola - Z�mbia -Zimb�bue

Fomos atacados v�rias
vezes em Mo�ambique.

Casas foram bombardeadas.

� uma vida de "Se me
pegar, pego voc�".

Se n�o est�o dormindo,
voc� n�o est� dormindo.

Voc� est� se infiltrando,
eles est�o contra infiltrando.

� uma guerra.

Este governo n�o vai tolerar...

PIK BOTHA
Ministro

seus territ�rios sendo usados

por terroristas que vierem
matar nosso povo.

A maioria morreu
nesta casa do ANC

depois de um cuidadoso
golpe coordenado

por um pelot�o homicida
n�o identificado.

Sab�amos que seria
muito dif�cil...

JOAQUIM CHISSANO
Ex-Presidente

ganharmos pelas armas.

Valia a pena explorar o di�logo.

Meses de negocia��es entre a
�frica do Sul e Mo�ambique

chegaram ao seu ponto
mais alto hoje

com a assinatura
do hist�rico Acordo de Nkomati.

O regime do apartheid,
diretor de Estado

passando por esses
soldados negros,

e fazendo rever�ncia para a
bandeira deste pa�s comunista,

foi uma coisa muito emocionante.

Nkomati, foi um
cen�rio interessante.

Dois l�deres de n�vel dos dois
lados se encontraram na fronteira

e concordaram em n�o fazer
malvadezas um com o outro.

Depois voltam para suas capitais

e continuam fazendo malvadezas
um com o outro.

CHESTER CROCKER Secret�rio
assistente do Estado - EUA

Nkomati s� adicionou
combust�vel ao fogo

sobre a quest�o da confian�a.

Os sul-africanos disseram:

"Voc� n�o pode confiar nessas pessoas.
Eles continuam apoiando ANC."

Os mo�ambicanos disseram:"Voc� n�o pode
confiar nos sul-africanos do apartheid.

Eles continuam
apoiando os rebeldes".

N�o havia confian�a
de modo algum.

A For�a de Defesa da �frica do
Sul, na �poca, fez de tudo.

Porque eles eram realmente
como um ex�rcito nazista.

GOVERNO
�FRICA DO SUL

A Rep�blica da �frica do Sul
se tornou uma casa de tesouros,

que tem que ser
guardada e protegida

contra o imperialismo sovi�tico
e marxista na �frica.

Por aqui, ningu�m acredita que o objetivo
da estrat�gia internacional sovi�tica

� menos do que a
domina��o mundial.

E na �frica, a �frica do
Sul � o alvo principal.

O aspecto da Guerra
Fria foi importante.

A �frica do Sul era pr�-americana
e estava do lado do Oeste,

mas estava cercada por
aliados sovi�ticos.

JEAN-CHRISTOPHE MITTERRAND

Conselheiro para assuntos
africanos Fran�a

Devemos conhecer o
desafio da amea�a

P. W. BOTHA
PRIMEIRO MINISTRO

pela expans�o sovi�tica
e outras for�as

de desestabiliza��o
contra a �frica do Sul.

Sab�amos que o envolvimento sovi�tico
nos nossos pa�ses vizinhos...

Chefe da Intelig�ncia

n�o objetivava esses pa�ses,

mas sim a �frica do Sul.

Mas n�o vai conseguir mudan�as
b�sicas na �frica do Sul

enquanto as for�as sul-africanas estiverem
engajadas em guerras em pa�ses vizinhos.

N�o vai acontecer.

A lideran�a sul-africana vai dizer, "N�o
podemos fazer isso, temos inimigos".

A lideran�a sul-africana sempre
esteve procurando por inimigos.

Eles n�o est�o sozinhos
a esse respeito.

Angola esteve em guerra desde que ganhou
sua independ�ncia de Portugal em 1975.

Uma guerra que se expandiu com o
fluxo das tropas estrangeiras

e com a ajuda letal
das duas superpot�ncias.

O pa�s, Angola.

Seu governo, o regime marxista do
Presidente Eduardo dos Santos,

que � apoiado pela Uni�o Sovi�tica
e 32 mil botas cubanas no ch�o.

O inimigo deles? Jonas Savimbi
e seu movimento rebelde, UNITA,

apoiado pela �frica do Sul
e os Estados Unidos.

O regime do apartheid est� envolvido
com sua defesa frontal em Angola

e no norte da Nam�bia,

o territ�rio vizinho
que a �frica do Sul ocupa.

Pret�ria
�frica do Sul

A Am�rica est� combatendo a expans�o
comunista na �frica do Sul.

Seu apoio, o l�der
rebelde Savimbi diz:

"Vira a balan�a do
poder em seu favor".

1985, n�o t�nhamos o suporte
dos americanos.

Agora temos esse apoio.

A decis�o tomada
foi ajudar Savimbi secretamente.

Nosso problema foi o grande interesse
da m�dia neste processo de decis�o.

E o Presidente Reagan n�o memorizou
todos os aspectos da quest�o.

Ent�o em um momento, Sam Donaldson,
um famoso rep�rter americano,

pegou Reagan em uma
de suas tocaias na Casa Branca,

e disse: "Senhor Presidente,
e a quest�o do Savimbi?

Por que n�o ajuda Savimbi?"

E o Presidente respondeu:
"N�s estamos, mas em segredo",

ele disse.

De qualquer modo, temos problemas �s vezes
com coisas secretas, nos Estados Unidos.

Ent�o, a paz tinha que ser
negociada globalmente,

entre a �frica do Sul e todos
os estados de linha de frente,

um pa�s neutro era necess�rio

como testemunha
para as partes beligerantes,

uma testemunha honesta capaz
de incitar confian�a.

Aquela famosa "confian�a",
que dizem os angl�fonos.

Eu achei que a Fran�a
poderia fazer este papel,

ent�o fui para Paris encontrar e
convencer meus contatos pol�ticos,

em particular Jacques Chirac.

"Chirac, Chirac!"

Chirac se tornara
Primeiro-ministro.

Eu o mostrei o cr�dito pol�tico
que poderia ganhar

encontrando uma solu��o
para a �frica do Sul.

Ele precisava de apoio
n�o-partid�rio.

E eu sou um el�tron livre.

Eu disse a ele:

"A liberdade de Mandela depende
da paz regional.

Rejeitar o di�logo,
entoar slogans,

clamar por san��es e isolamento
do regime de apartheid...

Tudo isso n�o permite
o progresso da paz".

Eu o convenci,
mas ele decidiu me testar.

Ele exigiu que Michel Roussin
fizesse uma viagem comigo.

Os sul-africanos nos levaram
de helic�ptero

para perto de...

da localiza��o de Savimbi.

Chefe de Estado do
Primeiro-ministro Fran�a

Deste ponto de entrega,
pessoas do UNITA nos buscaram.

Este encontro com o l�der
do UNITA, Savimbi,

me deu a chance de testar
no terreno

a realidade da rela��o
de Jean-Yves Ollivier

com os servi�os secretos
da �frica do Sul.

Assim que retornei a Paris,

eu estava em posi��o de afirmar que
pod�amos confiar em Jean-Yves Ollivier

para transmitir mensagens aos
servi�os secretos sul-africanos.

Eu acho que Ollivier pertencia
aos servi�os secretos franceses

e que seu disfarce como homem de
neg�cios era s� isso - um disfarce.

ODILE BIYIDI
Presidente da Survie - Fran�a

Jean-Yves Ollivier, que n�o fazia
parte do aparato do estado,

era, entretanto, um
jogador essencial,

porque ele tinha as chaves
para contatar os envolvidos.

A influ�ncia deste
tipo de gente,

que n�o tinha nenhum
posto oficial

nem pertencia a
partido pol�tico,

� extremamente antidemocr�tico.

Ministros s�o frequentemente contornados
por esse tipo de intermedi�rio,

que n�o devem satisfa��o a
ningu�m, exceto pelo Presidente.

Uma das primeiras coisas que organizei
para o Primeiro-ministro Chirac

foi que ele recebesse
Jonas Savimbi do UNITA,

bem como o Presidente Chissano
de Mo�ambique

e o Presidente Dos
Santos de Angola.

Os analistas pol�ticos n�o
entenderam por que Jacques Chirac,

da ala direita chegando ao poder
no meio da Guerra Fria,

receberia visitas oficiais

de dois chefes de estado
marxistas-leninistas,

que supostamente s�o inimigos
do governo franc�s de direita.

Al�m disso, o plano era que Chirac
recebesse o Presidente Botha.

Quando tudo estava pronto para que o
Presidente Botha chegasse na Fran�a,

eu recebi uma liga��o
do Primeiro-ministro Chirac,

"Ollivier,

cancele tudo!"

"Sr. Primeiro-ministro,
o que quer dizer?"

"Cancele o almo�o com
o Presidente Botha".

"Por favor, por qu�?
O que est� acontecendo?"

Eu declarei categoricamente

que se ele recebesse Botha
com as m�os manchadas de sangue,

eu n�o compareceria
� c�pula em Lome.

Por coincid�ncia,

uma c�pula franco-americana

foi marcada em Lome.

O presidente da organiza��o
da Unidade Africana...

LEO EVANS
Diretor-Geral

Presidente Sassou Nguesso,
amea�ou o governo franc�s

de que se isso acontecesse,

haveria consequ�ncias no
relacionamento Franco-africano.

O mundo desabou em mim

quando eu tinha feito
tanto progresso.

Foi embora meu desejo
de que a Fran�a

se tornasse o mediador da
negocia��o na �frica do Sul

e, em particular, da
soltura de Mandela.

O pr�dio desmoronou
e se tornou apenas poeira.

Eu fiquei desesperado.

Tanto esfor�o e progresso,

para nada!

...uma chegada t�o discreta
esta manh� de Pieter Botha,

o Presidente sul-africano.

Jacques Chirac tornou conhecido o
fato de que receberia o Sr. Botha

para expressar sua reprova��o
em rela��o ao apartheid,

mas ele n�o quis
contrariar os l�deres.

Paris
24 de novembro de 1986

Ao chegar em Paris e saber

que o Primeiro Ministro da
Fran�a n�o podia receb�-lo,

R. W. Botha ficou
absolutamente furioso.

Mas ficou claro que o
intermedi�rio, a pessoa que tinha

prometido e tinha organizado
o compromisso como tal,

tudo apontava para
Jean-Yves Ollivier.

Eu tinha falhado.

Chirac n�o podia mais fazer o papel
que eu tinha imaginado para ele.

O que eu podia fazer?

A solu��o s� poderia vir
de quem, involuntariamente,

tinha derrubado meu edif�cio -
Sassou Nguesso, Presidente do Congo.

Quem inspiraria mais confian�a
do que ele na �frica do Sul?

Ele era o Presidente da
Organiza��o da Unidade da �frica,

um marxista devotadamente
oposto ao apartheid,

um dos poucos que n�o
podiam ser acusados

de criticar a �frica do Sul de dia
e fazer com�rcio com ela � noite.

Ele era a pessoa que mais
se encaixava para mim.

� claro, os sul-africanos
tinham que aceitar

um representante anti-apartheid
t�o dur�o como ele.

N�o foi uma conclus�o
previs�vel,

mas Sassou podia
fazer o papel de Chirac

e Brazzaville podia
substituir Paris.

Eu consegui uma audi�ncia
com o Presidente Sassou.

Oficialmente, eu fui
como um comerciante de cereais,

Presidente Sassou Nguesso

Eu menti para
conseguir o encontro,

e eu disse a ele:

"Sr. Presidente, n�o estou aqui
para falar sobre gr�os.

Estou aqui para falar
sobre a �frica do Sul.

O senhor involuntariamente
destruiu algo

que poderia ter levado �
liberta��o de Mandela

e o desmoronamento
do apartheid".

A nova ideia que
desenvolvi com Sassou

foi de que a �frica
deveria se envolver.

Por que n�s, companheiros africanos, n�o
tomamos essa quest�o com nossas m�os

e negociamos o fim

do sistema de apartheid?

A �frica n�o deveria...

ser simplesmente uma espectadora

de um conflito Leste-Oeste.

Os angolanos n�o podiam deixar as
tropas cubanas partirem de seu pa�s

sem a garantia de que,
em retorno,

as tropas sul-africanas
deixariam o sul de Angola.

A �frica estava preocupada.

Ent�o achamos que os
l�deres africanos

deveriam procurar
encontrar uma solu��o

para este entrave.

TOGO - COSTA DO MARFIM - CONGO

Ele aceitou minha proposta.

O mesmo Sassou Nguesso que tinha
sabotado o encontro de Paris

entre a �frica do Sul e a Fran�a

me autorizou a voltar
48h depois

com os primeiros sul-africanos
a pisarem em Brazzaville.

Nunca tinha havido uma visita

de um oficial sul-africano
ao Congo

ou um oficial congolense
� �frica do Sul.

Foi a primeira vez

que fizemos

tal contato secreto.

O Presidente Sassou Nguesso
mostrou coragem na �poca

porque ele podia ser
criticado por receber

um sul-africano,

ent�o era preciso ter
coragem pol�tica.

Os sul-africanos que chegavam
ao aeroporto de Brazzaville

foram confrontados com posteres
grandes e vermelhos

em louvor ao marxismo,

e todos os slogans
eram anti-apartheid!

O Presidente Sassou n�o sabia
como lidar com os sul-africanos.

Ele disse: "O que
devemos servi-los?"

"Sr. Presidente,

a delega��o vai argumentar

que � a 'tribo
branca da �frica'".

Ent�o por que n�o servimos
comida africana?

Ele me olhou e disse:

"Voc� realmente acha que podemos
servir comida africana para eles?"

"Sim, podemos servir
comida africana".

Quando chegou a hora de comer,
o buf� foi servido.

Os sul-africanos olharam para o primeiro
prato, perguntando, "o que � isto?"

E eu os disse, honestamente,
"Isto � iguana".

Iguana � um lagarto grande.

Eles me olharam com surpresa
e foram ao segundo prato,

perguntando novamente:
"O que � isto?"

Eu disse: "� tartaruga".

Eles passaram para o terceiro prato
sem tocar nos dois primeiros.

E aqui eu reconhe�o gafanhotos.

Mas tive a coragem de dizer:
"S�o camar�es frescos".

Imediatamente, toda a delega��o
que n�o tinha provado nada

empilhou grilos em seus pratos
e come�ou a com�-los.

O Presidente, perplexo,
olhou para mim:

"Eles n�o sabem
como comer grilos?"

Eu perguntei, "Por qu�, Sr.
Presidente?"

"Voc� sabe muito bem

que n�o se come a cabe�a!
� amargo!"

A� estavam os bravos
sul-africanos

devorando uma comida
extremamente amarga

apenas para agradar
o Presidente Sassou Nguesso!

Depois do primeiro encontro,

Sassou percebeu que os brancos
em frente dele

n�o eram nazistas sanguin�rios
como ele pensou que seriam.

Sob certas condi��es,

podia-se dialogar com eles.

Eu avan�ava um
passo de cada vez.

N�s ainda est�vamos
em Guerra Fria:

Sassou, o marxista, n�o podia
desafiar os americanos,

que podiam sabotar
nossa iniciativa

se vissem isso como um desafio
a sua pol�tica internacional.

Ent�o eu precisava de uma
garantia da aceita��o americana.

Eu encontrei esta garantia em meu
querido amigo Michael Ledeen.

Sassou tinha um problema, que
era... Digo, quem est� envolvido?

Seguran�a Nacional

Os franceses, ele sabia.

Os russos, ele sabia.
Os americanos, ele n�o sabia.

Ent�o, eu acho que ele disse ao
Jean-Yves em um determinado momento,

"Consiga-me um americano que possa
explicar a Am�rica para mim".

E eu recebi uma liga��o dele dizendo:
"V� ao aeroporto, tem uma passagem.

Venha para Brazzaville,
eu vou encontrar voc�".

E eu disse: "O que
� Brazzaville?"

E ele disse: "� a capital
da Rep�blica Popular do Congo".

Eu disse: "Voc� est� louco?

O que eu vou fazer l�?"

Ele disse: "Voc� vai
conhecer o Presidente.

Vai ficar tudo bem.
Eu estarei no asfalto".

E l� estava ele.

Ent�o, sabe, entramos no seu carro e
est�vamos saindo, quando ele disse:

"Vamos para o clube noturno.
Hoje � o Dia Nacional.

Ent�o est�o todos celebrando.
Ningu�m est� trabalhando".

Vamos para este clube noturno.
Esta discoteca medonha.

Todos est�o dan�ando e coisas do
tipo e eu odeio clubes noturnos.

E eu odeio esse tipo de m�sica.
Estava terrivelmente alto.

E durou por algumas horas.

Depois, sabe, fui dormir
e conversamos no dia seguinte.

E acontece que era s� uma
quest�o de eu ir e voltar entre

Crocker no Departamento do
Estado e Sassou em Brazzaville.

E agir como um mensageiro, levando
mensagens de um lado para o outro.

Aqui � a Nightline do ABC News.

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Secret�rio do Estado,
Chester Crocker,

o arquiteto da pol�tica de
administra��o de Reagan

de envolvimento construtivo
na �frica do Sul.

A pol�tica de
envolvimento construtivo,

pode oferecer provas de que
esta pol�tica est� funcionando?

HOJE
NOVA IORQUE

Estamos buscando trabalhar ambos para
trazer mudan�as na �frica do Sul

e negociar acordos pac�ficos, bem como
reduzir a viol�ncia na �frica do Sul.

O objetivo de Chester Crocker
n�o era desmantelar o apartheid.

Para ele, os objetivos essenciais
eram a retirada dos cubanos

e a vit�ria americana na �frica
durante a Guerra Fria.

Claro, a verdadeira raz�o
� que a �frica do Sul

� o Golfo P�rsico de minerais
n�o combust�veis.

Est�vamos determinados a
perseguir nossos interesses.

N�o est�vamos num neg�cio de
caridade. T�nhamos interesses.

Acho que � muito importante
que as pessoas entendam isso

sobre a abordagem americana
na �frica do Sul.

As rodas foram
postas em movimento,

contatos foram estabelecidos,
come�amos a falar sobre media��o...

A �frica do Sul n�o conseguia superar
o fracasso do encontro de Paris

ESCRIT�RIO DO PRESIDENTE

...entre seu Presidente
e Jacques Chirac.

Foi uma humilha��o para eles.

Eu fui convocado pelo Ministro de
Assuntos Exteriores, Pik Botha.

DIRETOR-GERAL DE ASSUNTOS
EXTERIORES E INFORMA��O

Ao redor de uma longa mesa estavam
quatro ou seis de seus assistentes.

Estou na frente deles.
Chovem insultos em cima de mim.

Eu falhei, sou incapaz,
sou mentiroso e trapaceiro,

abusei da confian�a deles...

A agress�o verbal
foi muito rude.

Eu pedi para ver Pik Botha
em particular.

Ele pega sua garrafa de Johnny
Walker e tamb�m me d� u�sque.

Ele come�a se desculpando por ter
feito o que acabara de fazer

porque ele mesmo tinha sido mordazmente
criticado por minha causa.

Eu o interrompi

e disse: "Ou�a,

eu tenho a solu��o
para limpar meu nome.

Capit�o Wynand Du Toit
� importante para voc�, n�o �?"

Ele disse: "� claro.
Ele � de extrema import�ncia".

Eu disse: "Eu planejei uma estrat�gia
para negociar sua soltura,

e acredito que temos chance
de conseguir tir�-lo de l�".

Capit�o Wynand Du Toit e mais outros
oito foram mandados para uma miss�o

secreta de ataque em Cabinda.

O plano deles era

ASSUNTOS AFRICANOS
Central do CCP Cuba

explodir tanques de petr�leo
do Golfo em Cabinda.

Era um ato contra a
economia angolana

porque a Angola dependia
principalmente do petr�leo de Cabinda.

Ent�o de um ponto de vista militar,
fazia sentido ver isso como um alvo.

CAPIT�O WYNARD DU TOIT
For�as especiais - �frica do Sul

Se consegu�ssemos destruir as instala��es
de petr�leo do Golfo de Cabinda,

acelerar�amos o fim da guerra.

Luanda estava muito
longe da guerra.

E as pessoas das
prov�ncias sofriam

porque Luanda n�o estava sendo
pressionada para negociar com UNITA

para tentar encontrar
um modus vivendi com eles.

As plataformas de petr�leo em
Cabinda eram controladas por quem?

Uma empresa americana.

Na �poca voc� tinha um incr�vel
paradoxo hist�rico:

as plataformas da empresa americana
eram protegidas por quem?

Pelos cubanos!

Isto se tornou um problema moral
ou pol�tico para os americanos.

Eu conhe�o o lugar.

Havia tanques e casas
bem em frente aos tanques.

Muitos tinham sido mortos,
americanos entre eles.

N�o t�nhamos nenhuma arma
sem silenciador,

que significa que n�o pod�amos
ganhar o tiroteio.

Roland me perguntou: "Capit�o,
o que fazemos agora?"

Eu n�o conseguia responder,
porque eu n�o sabia o que fazer.

Depois um estouro de RPG
nos atingiu,

um estouro que o matou
e me feriu

na omoplata.

Eles me levaram �
pris�o militar cubana,

onde eu era, � claro,
o �nico prisioneiro.

Eles me apresentaram
para a imprensa internacional.

Da� em diante, eu soube que estava
seguro. Sabia que n�o podiam me tocar.

Eu me senti um pouco culpado,

porque fui eu que fiz o pedido
pelos canais

para completar a opera��o.

Foi uma grande not�cia aqui.

Eu estava muito perturbado
porque eu n�o soube.

Eu encontrei o General Malan e disse:
"O que est� acontecendo aqui agora?

Voc�s lidam com a imprensa. Voc�
explica o que voc�s estavam fazendo.

Isso n�o tem nada a ver comigo.

Agora voc� est� prejudicando
nossas rela��es".

Porque eu conhe�o os americanos.

Eu sei que pensariam isso.

Eles estavam procurando
apenas uma coisa em Cabinda,

que era prejudicar ou danificar as
instala��es de petr�leo americanas.

Ent�o, n�o foi sempre f�cil ser Ministro
de Assuntos Exteriores da �frica do Sul.

Se eu libertasse o Sr. Mandela
sob termos humanit�rios,

n�o poderiam o Capit�o Wynand
Du Toit, Andrei Sakharov,

e Anatoly Sharansky

serem libertados tamb�m
sob termos humanit�rios?

Os dissidentes sovi�ticos
seriam logo soltos,

ent�o apenas restava
o Capit�o Du Toit.

Pude me reunir com o Presidente
angolano Dos Santos

para explic�-lo que soltando
o Capit�o Du Toit,

ele poderia contribuir
para a liberta��o de Mandela.

Presidente Dos Santos

Viva Angola!

Viva!

N�o era poss�vel
para os angolanos

conversar com a �frica do Sul
num n�vel oficial

sobre troca de prisioneiros.

ASSUNTOS EXTERIORES

O governo em Luanda entendeu claramente
que o governo da �frica do Sul

era o inimigo.

Os meios de comunica��o de
Jean-Yves com o governo de Luanda,

se eu me lembro, eram de fato realizados
por um contato em Mo�ambique.

Eu pedi a Chissano
que me apresentasse Dos Santos,

porque n�o o conhecia.
Nunca tinha estado em Luanda.

Os angolanos tamb�m
tinham prisioneiros...

Ex-Presidente de Mo�ambique

...nas m�os da �frica do Sul.

Ent�o esperavam que Dos Santos
participasse do jogo.

Eu entrei na sala

onde o Presidente Dos Santos
estava me esperando.

Foi nosso primeiro encontro.

Imediatamente, eu disse a ele

que havia visitado a fortaleza
do seu inimigo, Jonas Savimbi.

Isso causou tumulto entre
os amigos que me acompanhavam,

que se perguntavam se o encontro
chegaria a um final brusco.

Mas de maneira nenhuma,

Dos Santos estava pronto
para me ouvir.

Insisti que antes de voar
para �frica do Sul,

eu precisaria conhecer
Wynand Du Toit.

A porta se abre,
e entra Jean-Yves,

um gorducho de �culos.

Ele est� do meu lado?

Ele est� do outro lado?

Ele est� aqui para
conseguir informa��o?

O que ele est� tramando?

Eu n�o posso dizer a ele
por que eu vim.

Eu n�o quero dar-lhe esperan�a
de que vai ser solto.

Naquele momento eu n�o podia
confiar em ningu�m.

Digo, tinham homens me entrevistando
com sotaque americano.

Eles diziam
que ele era franc�s,

mas ele poderia ser russo
ou ingl�s.

E eu n�o confio em
nenhum desses homens.

Ele disse: "Posso escrever uma
carta para minha esposa?"

Eu entreguei papel
e caneta a ele.

Eu vejo que a carta dele
n�o � muito longa.

Quando ele me devolve a caneta,

eu digo: "Capit�o Du Toit,

fique com esta caneta como
lembran�a de minha visita".

Eu olhei aquela caneta cuidadosamente
quando voltei para a cela,

para ver se n�o havia algum tipo
de microfone escondido.

Quando voltei para a �frica do
Sul em 1989, mandei avaliarem

e valia aproximadamente
seis mil rands

na �poca.

Eu ainda a tenho.

Quando eu disse
aos sul-africanos

que eu iniciaria uma miss�o,

a liberta��o de Wynand Du Toit,

eu descobri uma �frica
onde a desconfian�a prevalecia.

Ningu�m mais conseguia
abrir um canal de comunica��o

e alcan�ar todas as
partes interessadas.

Oito partes,
tr�s movimentos revolucion�rios

seis pa�ses, entre eles

Angola, Fran�a, Mo�ambique, �frica
do Sul, incluindo Bantust�o...

MO�AMBIQUE

Apesar de o Minist�rio de Assuntos
Exteriores da �frica do Sul

pagar parte das despesas,

o dinheiro saiu principalmente
do meu bolso.

Eu administrei minha negocia��o
como um c�rculo de domin�s.

Eu empurro um, fazendo o pr�ximo
cair e assim por diante.

N�o havia acordos bilaterais,

apenas um global entre
todas as partes.

Eu fui do pa�s do apartheid
aos pa�ses marxistas-leninistas,

ou movimentos rebeldes.

Eu tinha que estar dispon�vel
para viajar de um lugar a outro

sem ser acusado
por quem me recebia

de ser ideologicamente ligado a
um dos pa�ses que havia visitado.

Eu fiz um zigue-zague
num campo de batalha

para come�ar minha negocia��o sobre
a liberta��o de Wynand Du Toit.

Ele foi um dos primeiros a descobrir
o grande segredo da �frica...

CONSELHO DE SEGURAN�A - EUA

...de que voc� n�o pode voar para
tr�s e para frente, de leste a oeste.

Voc� tinha que voar
de norte a sul.

Ent�o, se quer ir de Brazzaville
a Nairobi � imposs�vel.

Devia-se viajar de Brazzaville
para a Europa

e da Europa para Nairobi,
ent�o levava muito tempo.

E era incrivelmente caro,

quando voc� podia contratar
um avi�o por pouco

e chegar l� em 1/10 do tempo.
Ele come�ou a fazer isso.

Ent�o ele come�ou a ser
o intermedi�rio entre

pessoas-chave de v�rios governos africanos
e explic�-los uns para os outros.

E isso funcionou.

Apenas um correspondente por pa�s
sabia o que eu estava fazendo.

Uma vez, durante uma
estadia em Luanda,

o Presidente Dos Santos
estava fora do pa�s.

Eu senti muita animosidade.

Ent�o eu decidi partir
rapidamente de Angola.

Quando chegamos no aeroporto,

a permiss�o para decolar
n�o foi cedida.

Depois de uma consulta
com meus pilotos,

eu os instru� de decolar
sem autoriza��o.

Eles desligaram todos
os aparelhos eletr�nicos

para n�o sermos localizados.

A torre de controle contatou os
pilotos e intimou que retorn�ssemos

e pous�ssemos imediatamente.

Como n�o respondemos
positivamente,

a torre de controle nos informou

que duas aeronaves haviam sido
instru�das para nos derrubar.

Num avi�o mergulhado na
escurid�o, sem luzes acesas,

os pilotos maximizaram
a velocidade,

e alcan�amos a fronteira
das �guas territoriais,

onde est�vamos seguros.

Foram sete meses
de idas e vindas.

Por sete meses,

eu tive que visitar os prisioneiros
e organizar seus deslocamentos,

saber como se vestiriam
e como se alimentariam,

quanto tempo teriam que esperar,
que tipo de avi�o pegariam,

que tipo de acrobacias
far�amos...

E eu estava sozinho!

Jonas Savimbi era um elemento-chave
na minha negocia��o.

Eu tinha que obter dele
a liberta��o

de mais de 100 prisioneiros

em troca de nada.

Eu pedi a ele
por atos pol�ticos gratuitos.

UNITA era quase uma extens�o da
For�a de Defesa da �frica do Sul,

para ser honesto.

Ent�o houve muita
intera��o entre mim,

Jean-Yves Ollivier e Savimbi.

Eu voei com Jean-Yves Ollivier
nesta ocasi�o.

No centro do avi�o
caixas de cartuchos para G6s

e um aparelho pr�ximo a eles
no lado do avi�o.

E uma vez que alcan�a a pista
no meio do feltro,

voc� era levado por soldados
sombrios pelos arbustos,

para os quarteis
e l� encontr�vamos Savimbi.

N�s engatamos numa negocia��o
que durou a noite inteira.

Os sul-africanos financiavam
Savimbi, forneciam armas a ele.

Ent�o eles tinham a influ�ncia
para amea�ar Savimbi.

Bem...

isso provocou a decis�o
final de Savimbi.

Pense nisso.

Para a troca de prisioneiros,
nenhum documento foi assinado.

Eu era o �nico fiador
desses acordos,

e eu estava repassando
esses acordos

para meus v�rios interlocutores,
que confiavam na minha palavra.

A troca de prisioneiros,

particularmente o retorno de
Du Toit, estava atrasada.

Os sul-africanos
estavam perdendo a paci�ncia

e pediram para me ver.

Eles me disseram:

"Temos a solu��o

que gostar�amos que sugerisse
para seus amigos angolanos".

Os sul-africanos s� se importavam
com Du Toit. Quanto ao resto...

Eu esperava uma
solu��o pol�tica.

Eu esperava que eles fossem
abrir um caminho pol�tico.

N�o mesmo!

Eles me trouxeram uma pasta...

e nela, em sacolas
de pl�stico transparentes...

eu os vejo como se fosse agora:

diamantes!

Eu disse a eles:
"Voc�s n�o entendem.

Podem guardar seus diamantes.

Eles n�o v�o fazer
nenhuma diferen�a".

Eles me deram uma
TV preta e branca.

Ela ficou numa cadeira

por tr�s das grades do port�o

e nos jornais eles diziam
que eu ia ser solto.

Perto das 9h, nada aconteceu.

Eu comecei a me preocupar.

Ent�o um comandante
cubano chegou...

parou na frente da minha cela
e disse para mim:

"Capit�o, chegou a sua hora.
Voc� vai para casa".

N�s chegamos no aeroporto.

Depois de fecharem
a porta do avi�o,

Jean-Yves sorriu para mim e
disse: "Venha e sente aqui".

Na �frica as coisas nunca
acontecem como s�o planejadas.

O avi�o n�o tomou
a rota planejada

porque as autoridades angolanas

tinham medo de que f�ssemos
interceptados e derrubados,

ent�o sa�mos do alcance
do radar sul-africano.

A corrente do Golfo
tem um perfil de voo espec�fico,

ent�o pod�amos deduzir

se era a velocidade da corrente
ou a altura. Portanto...

E eu disse a mim mesmo:
"Isto n�o � poss�vel".

Eles est�o ligando como se
estivessem l�, mas n�o est�o l�.

Os radares dizem que eles n�o est�o
l�. Eles est�o mentindo para n�s.

O p�nico se espalhou
no lado sul-africano,

mas ningu�m a bordo me disse
que t�nhamos mudado o curso.

Enquanto isso, o Presidente
de Estado nos chamou e disse:

"Qual � a situa��o?"

E eu disse a ele:
"Bem, temos um probleminha.

N�o sabemos se
Wynand est� no caminho...

Comandante da Intelig�ncia

...at� termos certeza
nenhum avi�o vai partir".

Mo�ambique
7 de setembro, 1987

N�s chegamos, e os outros avi�es
come�aram a aterrissar:

Uma d�zia de avi�es chegando
ao mesmo tempo.

Em um papel eu desenhei

a posi��o dos avi�es no asfalto.

Eu criei uma zona neutra,
uma "terra de ningu�m"

que apenas eu poderia cruzar.

Ent�o, se os angolanos
querem falar algo,

o canal seria eu.

Eu transmitiria a
mensagem deles,

e transmitiria a resposta
sul-africana

de volta para os angolanos.

Eu quero que Wynand
cruze a zona neutra,

e que os outros prisioneiros
cruzem do outro lado,

para verem uns aos outros.

O problema era que faltavam

dois prisioneiros
do n�mero total.

Aqui estamos n�s, e
n�o podemos trocar.

E foi determinado que aqueles
dois n�o entrariam no avi�o

porque eles casaram com mulheres

que estavam na
comunidade de Savimbi

e que preferiam ficar
com as mulheres que casaram.

Eu trapaceei um pouco.

N�s n�o t�nhamos estabelecido
o n�mero exato

de prisioneiros namibianos
que seriam libertados.

T�nhamos falado
sobre isso grosseiramente.

Bem, eu tornei tr�s
membros do SWAPO

em soldados FAPLA.

Sim, � verdade.

Eles mudaram a afilia��o pol�tica
naquela tarde por algumas horas.

Pik conseguiu ir para l�,
apesar de Jean-Yves me dizer

que os outros dois governos n�o
gostavam que ele estivesse presente.

N�s dissemos a ele que n�o �amos
fazer uma coisa pol�tica,

ent�o se ele quiser vir, ele
pode vir, mas ele fica no avi�o.

Logo depois Pik chegou,
ele j� estava fora do avi�o

e fazendo sua m�dia costumeira.

Os oficiais angolanos come�aram
a discutir sobre um comunicado.

Ele basicamente subentendia que Wynand
estava numa miss�o de sabotagem...

contra a seguran�a
nacional da Angola

e que est�vamos
assumindo a responsabilidade.

Pik Botha achou que t�nhamos
sido tra�dos pelos angolanos

e que isso era um truque deles.

Este foi o momento em que
percebi que t�nhamos uma crise.

Pik Botha estava irritado,

cercado por tr�s ou quatro
dos seus assistentes.

Eu lhe apontei o dedo dizendo:

"Eu soube que voc� n�o quer
assinar este comunicado.

Voc� vai assumir a responsabilidade
de todos n�s partirmos de novo,

incluindo o Capit�o Du Toit?

Voc� percebe a responsabilidade
humana e hist�rica

que tem sobre os ombros?

E tudo por causa de um documento,
apenas um peda�o de papel?"

Ele disse para mim: "Eu vou
assinar sob uma condi��o".

"Que condi��o, Sr. Botha?"

"Eu assino se me autorizar a
cruzar a 'terra de ningu�m'

para dar as boas-vindas
ao Capit�o Du Toit.

E eu quero c�meras".

Eu refleti sobre
isso, brevemente...

e depois pensei
no pobre Capit�o Du Toit

que estava desesperado para
se reunir com sua fam�lia,

e que tinha tido, como eu,
um longo dia.

Ent�o eu disse: "Tudo bem".

Neste momento eu percebi
que o avi�o que ia

me levar de volta
para a �frica do Sul

j� tinha decolado.

Eu me descobri sozinho no
asfalto do aeroporto de Maputo.

Todos tinham partido.

Todos os avi�es tinham ido!

Eu disse para mim mesmo:
"Que trag�dia!

Isto � inacredit�vel!"

Pobre Jean-Yves Ollivier,
foi esquecido.

E ele tinha que planejar como
chegaria na Cidade do Cabo,

indo, se me recordo bem, pelo
Porto Elizabeth ou algo assim.

A reuni�o da fam�lia Du Toit
levou ao cl�max

que intrinca a troca de prisioneiros
multinacional em Maputo,

envolvendo seis pa�ses e
libertando pelo menos 135 pessoas.

Capit�o Du Toit,
reunido com sua esposa e filho,

foi recebido na Cidade do Cabo pelo
presidente de Estado P. W. Botha.

A televis�o sul-africana ficou no ar
para transmitir essas cenas ao vivo

� 1h da manh�.

Confirma��o final de uma recep��o
e a poderosa mensagem pol�tica.

�frica do Sul, forte e resoluta.

Imediatamente Pik
Botha providenciou,

P. W. Botha recebeu Jean-Yves

e o agradeceu pelo que tinha
acontecido no dia anterior.

� certo dizer que n�o havia muito
entusiasmo na express�o de gratid�o

Eu fui levado ao Botha.

Botha virou para mim,

apontou o dedo para mim e disse:

"Meu povo me pediu
para agradec�-lo.

Ent�o eu o agrade�o.

Est� feito.

Adeus".

E depois nos separamos.

Ministro de Assuntos Exteriores,
Sr. Pik Botha,

premiado com a 'Ordem da Boa Esperan�a'
numa cerim�nia na Cidade do Cabo.

DE VILLIERS
reportagem

O misterioso homem de neg�cios,
"Senhor Jacques",

teve um papel principal
nas delicadas negocia��es,

que levaram �s trocas m�ltiplas de
prisioneiros em Maputo este ano.

E eu realmente n�o posso lhe
dizer o quanto eu agrade�o.

Porque a liberdade realmente
significa algo para mim agora.

Eu me tornei confi�vel,

o que era muito �til
no que eu estava fazendo.

A luta continua!

Cuba
Novembro de 1987

A vit�ria � certa!

P�tria ou morte!

N�s vamos conseguir!

Fidel Castro assumiu,
quase por telefone de Cuba,

e ordenou a introdu��o
de mais tropas.

Fidel Castro tinha aumentado
muito as expectativas

quando ele declarou
que as tropas cubanas...

...s� sairiam de Angola quando
o apartheid tivesse terminado.

Ele quase dobrou a disposi��o
militar de cubanos em Angola.

Eles criaram um tipo de cen�rio

que fez parecer que eles iam
expulsar os sul-africanos.

Eu realmente acredito que pessoas
razo�veis de todo o mundo

devem fazer algo sobre esse tipo
de agressividade da parte de Cuba.

Concordamos em mandar for�as...

JORGE RISQUET
Cuba

...nossos melhores avi�es,
nossos melhores pilotos

e nossa melhor artilharia
para controlar o espa�o a�reo.

N�s t�nhamos que expulsar
os sul-africanos de Angola!

Cuito Cuanavale foi
um momento decisivo.

Pela primeira vez,
as for�as angolana e cubana...

AFONSO VAN DUNEM Ministro das
Rela��es Exteriores - Angola

...tinham superioridade a�rea.

Todas as guerras s�o lutadas
da mesma forma,

que � guerra
com negocia��es,

cada parte procurando negociar a
partir de uma posi��o de for�a.

A batalha de Cuito Cuanavale
foi parte desse jogo.

Cuito Cuanavale foi o soco...

e o gancho direito,
o avan�o oeste at� a Nam�bia.

Tratava-se de manter

os sul-africanos
distra�dos e agrupados

e avan�ar at� a
fronteira da Nam�bia.

Eles atacaram com avi�es
algumas instala��es.

Mas n�o de forma grave
ou substancial.

O governo sul-africano foi
completamente humilhado pelos cubanos.

Ativista do ANC

Mandou uma mensagem a eles que
militarmente eles n�o s�o invenc�veis.

Mais de 4500 cubanos e soldados
do MPLA foram mortos.

Bem como 31 sul-africanos.

Os fatos est�o a�.
As estat�sticas est�o a�.

Eu n�o me importo
com quem ganhou Cuanavale.

Pelo que eu sei, a guerra
continuou mais do que nunca.

H� modo melhor de criar confian�a
do que num encontro informal

no meio do nada?

Um conclave sem pauta
para as partes beligerantes

e outros africanos e europeus
como testemunhas.

Este foi o encontro secreto
no deserto de Kalahari.

O principal era unir

todas essas pessoas
em guerra umas com as outras.

Elas concordaram em se encontrar
na �frica do Sul!

Isso j� � o primeiro
sinal de confian�a.

Quando Jean-Yves sugeriu
e come�ou a fazer uma lista

de poss�veis participantes,
n�o t�nhamos expectativas

de que todos aceitariam.

Tinha que ser segredo

e eu n�o podia ir
para a �frica do Sul.

Ent�o contornamos isso,

obviamente com a permiss�o
do Presidente franc�s.

Eu parti para uma visita oficial
para Mo�ambique,

e me encontrei com o Presidente.

Pegamos um helic�ptero para
supostamente irmos para as ilhas

da costa de Mo�ambique.

Na verdade, n�s voltamos
e voamos baixo o bastante

para n�o passar sob o radar,
em dire��o � �frica do Sul.

N�s aterrissamos numa
pequena pista na selva.

Um helic�ptero estava nos esperando
e eu me juntei a Pik Botha.

Juntos, depois de uma hora,
mais ou menos,

chegamos numa
propriedade escondida.

Pik Botha vestiu suas
roupas de ca�a nos arbustos

com o Ministro da Seguran�a Nacional
de Angola. Um grande acontecimento

que n�o podia ser

publicado na capa
do The Sunday Times.

Provavelmente n�o teria acontecido
se tivesse vazado para a imprensa

ou tivesse se tornado conhecido.

Se voc� n�o tem um gravador,
se n�o tem algu�m tomando notas,

ou uma pauta, as pessoas
ficam muito mais livres

para conversar abertamente.

Havia at� manh�s e tardes

em que entr�vamos
naquela soberba paisagem

sem discutir nada em espec�fico.

Mas as pessoas se conheceram
e se conectaram.

N�s discutirmos sobre Mandela,
tudo, a guerra, Savimbi, etc.

Est�vamos todos juntos,

Ministro de Seguran�a e
Coopera��o Mo�ambique

JACINTO VELOSO

intelig�ncia militar,

todas as for�as que interveem.

Mas n�o se discutiu nada.

Esse tipo de coisa mais tur�stica
que pol�tica, a minha opini�o.

Estava claro
que as futuras negocia��es

n�o seriam guiadas por n�s.

N�o �ramos os mestres do mundo.

Em Kalahari simplesmente fizemos um
pacto para apoiar as negocia��es.

Progresso reportado
� noite

RETIRADA DAS TROPAS

num acordo que podia tirar
as tropas cubanas de Angola

e as tropas da �frica do Sul
da vizinha Nam�bia.

Londres
9 de mar�o de 1988

Recebemos uma mensagem de Fidel,
que basicamente disse:

"Faria uma grande diferen�a
se estiv�ssemos na mesa".

Ent�o respondemos aos angolanos,

os cubanos podem vir � pr�xima reuni�o,
contanto que tenham algo a dizer

sobre a quest�o da patrulha
da tropa cubana.

N�s organizamos o
primeiro encontro

entre n�s, Angola e
Cuba, em Londres.

Eu nunca vou esquecer.
Oitenta pessoas numa sala.

Os cubanos trouxeram c�meras

para mandar fotos
de volta para o El Jefe,

para que ele visse como era
se reunir em Londres

com os sul-africanos
e os americanos.

Os cubanos e os sul-africanos

mandaram uns para os outros
mensagens importantes.

Esta era a prioridade m�xima da
pol�tica externa de Fidel Castro

e n�o ia fracassar.

"S�o 50 mil tropas,

melhor lembrar que temos mais
de onde elas vieram.

E temos superioridade a�rea,
n�o esque�a disso".

Foi uma conversa dif�cil.

Jean-Yves respondeu dizendo:

"Voc� lembra a hist�ria
da Guerra de Boer?

Voc� lembra que atamos
300 mil tropas brit�nicas?"

Ou seja l� qual for o n�mero.

"E as causalidades que vieram
a partir da guerra de Boer.

N�o esque�a.

Se cruzar a fronteira da Nam�bia, apenas
tente, estamos esperando por voc�".

A elite sul-africana
tinha consci�ncia

de que havia uma encruzilhada

e da necessidade de se achar uma
sa�da do sistema de apartheid.

E ent�o aconteceu uma reuni�o
muito importante no Cairo.

Come�ou com animosidade

emanando do lado cubano,
principalmente.

Eles queriam saber as posi��es

das nossas tropas no campo.

Eles requereram
a lista dos casamentos

entre cubanos e angolanos.

Tinham medo que cas�ssemos
muitos cubanos com angolanos

para deixar para tr�s um
ex�rcito escondido de maridos.

Um absurdo!

Eu disse a eles:

"Primeiro, um ex�rcito operacional
n�o vende suas posi��es ao inimigo.

Segundo, com rela��o
aos casamentos,

n�o h� controle sobre isso
em Cuba e em Angola.

Eu n�o sei quantos
cubanos casaram com angolanos.

E j� que me pediu uma lista,

d�-nos uma lista dos prisioneiros
do ANC com Mandela".

Que discuss�o!

Eu disse: "Veja, n�o viemos aqui

para discutir quest�es internas
e agredir um ao outro.

Estamos aqui para fazer
a paz na Angola".

Estamos aqui para discutir a retirada
das tropas cubanas e sul-africanas

e a independ�ncia de Nam�bia".

E depois comentei que ambos
poder�amos ser vencedores.

Ele achou que fosse uma piada.
Eu ent�o expliquei para ele

que seu l�der, Fidel Castro,
precisaria explicar para os cubanos

por que tantos morreram.

E eu disse a ele,
"Se voc� pudesse dizer a eles,

'Ele trouxe a independ�ncia
da Nam�bia',

ent�o eu poderia dizer aos eleitores
brancos que eu me livrei dos cubanos".

Ele me olhou por um momento

e disse: "Vamos tomar
outro copo de u�sque".

Cairo definiu os objetivos,

criou uma rela��o
entre a independ�ncia de Nam�bia

e a retirada
de cubanos.

Agora restava determinar

como esse objetivo
seria implementado,

e Brazzaville assumiu

a parte mais dif�cil
da negocia��o.

O encontro em Brazzaville

representou a
aceita��o da �frica,

de que a �frica do Sul estava comprometida
com uma mudan�a fundamental...

Diretor de Assuntos Externos

...que traria uma nova situa��o
para a regi�o como um todo.

Vamos l� com a cabe�a aberta

para ver se podemos trazer

esta parte ocidental do nosso
continente para a paz.

Brazzaville era o ponto de
encontro entre a "confian�a"

que eu tinha criado com a troca de
prisioneiros, o encontro em Kalahari

e o processo de negocia��o
come�ado por Chester Crocker.

As tens�es eram muito grandes.

AFONSO VAN DUNEM - Ministro de
Rela��es Internacionais-Angola

Era preciso muita
calma, muita frieza

para continuar com as conversas.

DENIS SASSOU-NGUESSO
Presidente - Congo -Brazzaville

Jean-Yves Ollivier n�o
participou das negocia��es,

mas foi atrav�s dele
que o contato foi estabelecido

com a lideran�a
da �frica do Sul.

Para n�s, ele era a garantia.

N�o, eu n�o intervim ativamente.

Eu estou presente...

me encontrei com o Presidente
Sassou regularmente...

Eu fazia o perfil de pessoas,

para ele poder reconciliar
e intervir.

Protocolo de Brazzaville

Eu terminei por perceber
que Pik era sincero

e queria ver o fim disso.

Eu tinha dito a ele: "Sim, temos
que nos direcionar para um acordo,

porque o objetivo n�o � ter
sul-africanos brancos

jogados ao mar".

Demos um grande salto.

Minha trama pela paz
parecia estar funcionando.

O territ�rio sul-africano
na Nam�bia...

ANGOLA - NAM�BIA

est� no caminho
da independ�ncia.

O acordo, mediado
pelos Estados Unidos,

foi assinado pelas
Na��es Unidas hoje

por diplomatas da �frica do Sul,
Cuba e Angola.

Um acordo separado clama pela retirada
das tropas cubanas de Angola.

RETIRADA DE CUBA

Cuba, hoje, iniciou
a retirada de Angola.

Cerca de 450 soldados cubanos
foram mandados para casa.

Todos os 50 mil militares devem
deixar Angola at� meados de 1991.

RETIRADA DE TROPAS

A �frica do Sul disse hoje que come�ou
a retirada de suas tropas de Angola.

Foi uma importante conjun��o,

para n�s e para o governo do
apartheid da �frica do Sul.

E para a regi�o e para o mundo. Um
efeito domin� seguiu imediatamente.

Estou sendo ignorado
pelos ministros no meu gabinete.

Consequentemente,
n�o tenho escolha,

sen�o anunciar minha demiss�o.

Amanh� F. W. de Klerk ser�
confirmado pelo Partido Nacional

como o novo Presidente
da �frica do Sul.

PRESIDENTE F. W. KLERK

Devemos encontrar um jeito
neste pa�s,

como pretos e brancos,
para vivermos juntos em paz.

Sab�amos que era inevit�vel
que houvesse negocia��es

para resolver a quest�o do
apartheid. Era inevit�vel.

Mesmo antes do ANC ser banido, desde
1912, temos dito: "Vamos conversar.

N�o queremos lutar com voc�s. Voc�s
for�aram a luta armada para n�s".

O fato de essas conversas
terem come�ado

trouxe esperan�a para nosso povo de
que a paz, afinal, era poss�vel.

Somos contra o conflito e as
paredes do apartheid est�o caindo.

Valeu a pena o esfor�o.

Valeu a pena o esp�rito
de solidariedade,

e valeu a pena o esp�rito africano
na luta contra o apartheid.

Perdemos 2400 homens na �frica.

Contribu�mos com nosso sangue,
nossa for�a,

com tudo o que pod�amos,

talvez mais do que pod�amos.

Muitas coisas...

deram certo.

Foi um final tranquilo para o
pa�s mais importante da regi�o.

Um bispo negro da �frica
me disse uma vez:

"Voc� � como uma zebra.
N�o importaria

se a bala atingisse a
listra branca ou a negra,

o animal inteiro morreria".

O Presidente Samora costumava

dizer a eles para preservar
o jardim multicor,

com lindas flores.

Suba na montanha mais alta
e olhe o pa�s deles

para eles descobrirem
que seu pa�s � lindo

quando existe igualidade
e chances para todos.

Minha liberta��o foi o primeiro
passo para o fim das hostilidades.

Isso d� muitos motivos
para minha exist�ncia.

Quero deixar claro

2 de fevereiro de 1990
14 meses depois

que o governo tomou
a firme decis�o

de libertar Mandela
incondicionalmente.

Soweto, �frica do Sul
13 de Fevereiro de 1990

48h ap�s a soltura de Mandela

ELE EST� LIVRE

BEM-VINDO � CIDADE DO FUTEBOL

Mandela! Mandela!

Eu estimei a ideia
de uma sociedade

democr�tica e livre,

na qual todas as pessoas
vivessem em harmonia.

A juventude da �frica
tem que eliminar

o �dio racial
e oferecer garantias a todos.

Nelson Mandela ganhou.

O ex-prisioneiro
vai se tornar Presidente...

e vai libertar a terra do apartheid
de seu aprisionamento...

Esta � a Hist�ria,

que, na verdade,
� feita de v�rias pequenas,

incluindo a minha.

Aqui estou hoje
no est�dio de Soweto...

um dos muitos
numa multid�o alegre.

BEM-VINDO DE VOLTA
BABA MANDELA

Mandela n�o sabe nada sobre mim,

nada sobre minha hist�ria,
que nos liga secretamente.

N�o importa.

As cartas est�o
perfeitamente alinhadas.

O jogo acabou.

Qual ser� o pr�ximo jogo?

Quando Mandela descobriu sobre
a contribui��o de Jean-Yves

para o fim do apartheid,

ele o nomeou Oficial
da Ordem da Boa Esperan�a.

O "misterioso franc�s"
se tornou a �nica pessoa

distinta, tanto para

o apartheid quanto
para a nova �frica do Sul.