All language subtitles for South.to.Black.Power.2023

Muitas vezes, quando as pessoas...

Pessoas brancas ficam com medo
quando voc� diz poder negro

� porque comparam ao que as pessoas
chamam de poder branco.

Esta ideia de poder negro,
como eu defino

� s� para os negros

terem mais autonomia
sobre como s�o governados.

Essa � a diferen�a.

N�o quero tirar nada de voc�.

O que quero fazer � remover
a supremacia branca

como um fardo para pessoas
que se parecem comigo.

Isso n�o significa
que voc� ter� uma utopia.

N�o significa
que todo o resto vai sumir.

N�o quer dizer
que n�o haver� mais pobreza,

n�o significa
que acabou a desigualdade

n�o significa que todos
ir�o � escola de gra�a.

Significa que acredito
que seja melhor viver

sem ser oprimido pela supremacia branca.

Como sa�mos dessa confus�o?

Revolu��o, nada menos!

Vimos os maiores protestos

por direitos civis na hist�ria mundial
depois que George Floyd foi morto.

Vidas negras importam!
Vidas negras importam!

Todos falavam disso
como acerto de contas racial.

- Diga o nome dele.
- George Floyd.

Mas agora que a arte
est� desaparecendo

o apoio ao Black Lives Matter
est� sumindo

e voc� volta � estaca zero.

Quantas vezes est� disposto
a passar por esse ciclo de decep��o?

Ent�o, o que pode acontecer?

Isso pode acontecer.

Negros podem ir para estados
onde t�m ainda mais poder pol�tico.

N�o h� lei contra
o movimento interestadual

de cidad�os americanos neste pa�s.

Posso morar em qualquer um
dos estados americanos que eu escolher.

BLACK POWER: DE VOLTA AO SUL

O colunista do editorial
do New York Times, Charles Blow

escreveu um livro novo.

Chama-se The Devil You Know,
A Black Power Manifesto.

Ele se mudou para Atlanta, Ge�rgia,
ap�s morar em Nova York por 25 anos

e agora prop�e que outros
americanos negros fa�am o mesmo.

Ele discute a import�ncia
da segunda grande migra��o

para concentrar
a influ�ncia pol�tica negra.

The Devil You Know questiona
o pensamento normativo

sobre pol�tica, ra�a e poder
nos Estados Unidos.

Durante a Grande Migra��o,
cerca de seis milh�es de negros

sa�ram do Sul e foram
para cidades do Norte e do Oeste.

Agora entendo por que sa�ram.

Se n�o tivessem ido
e tivessem superado Jim Crow

poderiam ter controlado
v�rios estados do sul.

Ent�o, esta proposta aqui

� que voc� pode acessar esse poder

fazendo as pessoas voltarem
para os mesmos estados

que poderiam ter controlado
se n�o tivessem fugido.

O poder do estado � essencial
para nossa estrutura.

Muitas das coisas
que mais nos importam

s�o determinadas
por legislaturas estaduais.

Direitos de voto, pol�tica educacional,
quem vai preso e por quanto tempo

supervis�o policial

quais comunidades e projetos
recebem dinheiro e quais n�o.

Isso � poder.

N�o h� cidades na Constitui��o.

Assim, tudo o que uma cidade faz
ou quer fazer, um estado pode impedir.

Por exemplo, a cidade de Atlanta,
onde moro agora

tem maioria negra h� 50 anos.

Todos os prefeitos desta cidade
desde os anos 70, foram negros.

Todo policial que encontrei foi negro.

Mas essa ideia de todo mundo no banco
ser negro

ou todo mundo no escrit�rio ser negro.

Indo em restaurantes

e negros bem-sucedidos depois
que negros bem-sucedidos aparecem.

E digo: "� muita gente negra."

O gerente veio, e o gerente era negro.

N�o deveria ter chamado minha aten��o.

Tem um monte de negros
da classe m�dia por aqui.

Parecia estar banhado no poder negro,
mas era apenas municipal.

E voc� foi lembrado disso
durante a pandemia

quando o prefeito quis regras mais r�gidas
para proteger os negros

e o governador disse:
"J� tinha avisado."

Foi a� que eu disse

"Se este poder se estendesse ao estado,
voc� realmente teria algo."

JUNHO DE 2022

Com as elei��es chegando

quero falar com as pessoas,
cara a cara, sobre a proposta.

Eles veem isso
como um mapa para o futuro?

As pessoas se aproximam
e ousam acreditar

que possamos estar a ponto
de realmente mudar algo

de algo revolucion�rio

sobre ra�a, igualdade e liberdade.

E as pessoas sempre dizem

"O pa�s n�o � mais como era h� 60 anos.

N�o � como se fosse h� 100 anos,
h� 200 anos", e tudo isso � verdade.

Mas tamb�m � verdade

que os Estados Unidos
simplesmente fazem esta dan�a conosco.

Uma igualdade rastejante
que leva centenas de anos

e todo o dano causado
pela igualdade ainda n�o existir.

- M�os ao alto!
- N�o atirem!

- M�os ao alto!
- N�o atire!

Qual � o ano?

Em que d�cada, s�culo,
tudo isso vai acabar?

BEM-VINDOS AO MISSISSIPPI

A migra��o reversa est� acontecendo.

O que estou fazendo
� tentar dar um impulso.

Jackson, capital do Mississippi

recentemente ultrapassou Detroit,
como a cidade americana mais negra.

Mas a hist�ria do Mississippi
e seus desafios econ�micos

dificulta atrair mais imigra��o reversa.

MISSISSIPPI, JACKSON
38% NEGROS

Para que isso se torne realidade,

muita gente tem que estar envolvida.

Pessoas e organiza��es
fortes financeiramente.

Isso est� al�m de mim.

Minha principal responsabilidade
como escritor e contador de hist�rias

� capturar, transformar
e transmitir a ideia

coloc�-la na frente das pessoas
e faz�-las lutar com ela.

Por favor, recebam
Charles Blow e Stuart.

MUSEU DE ARTE DO MISSISSIPPI
JUNHO DE 2022

Precisa saber a import�ncia disso

ter algu�m com suas realiza��es
e conquistas aqui.

Vou s� colocar o nome
de um cara branco do Mississippi

falando com Charles sobre seu livro
que tem como subt�tulo

Black Power Manifesto.

CONSELHO HUMANIT�RIO

� um manifesto do poder negro.

Ent�o, vamos passar por isso.

Qual � a sua argumenta��o?

Claro. No fim da Guerra Civil,
tr�s estados do Sul

tinham maioria negra, Louisiana,
Mississippi e Carolina do Sul.

Preciso colocar mais perto do meu rosto.

- Pronto.
- Vamos ver.

- Que tal assim?
- Pronto.

Esta � minha voz de r�dio.

Se n�o tivessem migrado

ent�o a din�mica pol�tica
no pa�s seria diferente.

Escravos inundaram o Sul
com corpos negros

para que rendessem muito dinheiro.

Nunca imaginaram,
nem em um milh�o de anos

que essas pessoas seriam cidad�os
com direito a voto um dia.

Mas n�o havia lugar
nos Estados Unidos

que n�o tivesse quest�es raciais
e ainda n�o tem.

Na verdade, Malcolm X disse

"Se est� ao sul da fronteira canadense,
� sulista."

Ent�o locais que n�o foram estados
escravistas entraram na Uni�o

mas tamb�m sem querer
que os negros estivessem l�.

O grande medo do Norte era
que os negros, quando libertados

aparecessem e tomassem seu emprego.

Li cartas de soldados da Uni�o.

Essas pessoas est�o lutando,
arriscando suas vidas.

E eles tamb�m pensam:
"N�o posso ficar �ntimo desses negros."

A oposi��o � crueldade n�o � igual
ao igualitarismo racial.

Eu posso ser contra a crueldade animal.

Eu n�o acredito
que o cachorro seja igual a mim.

Assim que a Grande Migra��o come�ou,
por volta de 1916

esses negros come�aram
a aparecer em Chicago e Nova York,

e aquelas cidades
agiram igual aos lugares

que aquelas pessoas deixaram.

Ent�o houve enormes tumultos sangrentos
em cidades americanas

como resposta ao movimento de negros
aos espa�os onde n�o estiveram.

Ent�o o racismo n�o � regional.

Ele s� se expressa de formas diferentes
em lugares diferentes

mas todos eles s�o primos.

Ent�o, s� estou tentando achar um jeito
de podermos tirar

tirar o fardo da supremacia branca
dos ombros dos negros.

Muitas vezes,
falam comigo sobre este livro.

Eu cheguei a dizer:

Encorajo as pessoas
a voltarem para o Sul

lugares onde j� eram maioria?

Quando v� a supremacia branca outra vez,
o que lhe permite manter a esperan�a?

Tenho um cap�tulo inteiro
chamado "O Fim da Esperan�a".

Estou falando que,
se pularmos toda essa esperan�a?

E se pararmos com a s�plica,
o supl�cio

a marcha e os gritos
e formos direto para o poder?

Usou o exemplo de Vermont
nos anos 60, que eu n�o conhecia.

Os hippies escolheram Vermont
e se mudaram para l� em massa

para mudar a pol�tica de Vermont.

A primeira coisa que direi
foi que funcionou.

Minha ideia de migra��o reversa

� muito influenciada
pelo que aconteceu em Vermont.

Esses jovens estudantes
de direito de Yale

tiveram a ideia
do federalismo radical

que se quiser mudar algo,
precisa assumir o controle de um estado.

Ent�o a Playboy se aproxima,
um escritor da Playboy

e ele escreve uma hist�ria dizendo

"Se querem mesmo mudan�as, jovens

mudem-se para Vermont."

E eles fazem isso.

Eles fazem as malas
e v�o para Vermont.

Alguns nem t�m onde ficar,
dormem em campos ou comunidades.

E eles impactam tanto o estado

que isso transforma a pol�tica
de um estado inteiro.

Como isso aconteceu na boa
e velha conservadora Vermont?

Eles mudaram um dos estados
mais conservadores

para um dos estados mais liberais
dos Estados Unidos

onde Barack Obama teve
sua maior porcentagem

dos votos dos brancos em 2008.

A ideia de que um escritor
poderia estimular um movimento

me chamou a aten��o.

Enquanto Vermont era transformada
por hippies brancos e jovens

havia outro grupo de negros
que queria transformar

a pol�tica do Sul e quem havia
se mudado para Jackson.

PASSEIO PELOS DIREITOS CIVIS

Rua Lewis, 1148.

Estamos a algumas quadras
da Universidade Jackson State.

E isso foi uma vez,
no in�cio dos anos 70

a sede da Rep�blica da Nova �frica.

A Rep�blica da Nova �frica

um grupo
de negros americanos dissidentes

que desejavam esculpir um novo pa�s

dentro do que conhecemos hoje
como Estados Unidos.

Eles t�m modelos em Louisiana,
Mississippi

Alabama, Ge�rgia e Carolina do Sul.

A Rep�blica da Nova �frica
pedia aos negros

para voltar para o Sul em busca
de maior independ�ncia e poder pol�tico.

NOVO MOVIMENTO
DE INDEPEND�NCIA

Quando fala em negros americanos

se tiverem esperan�a de integrar
a vida americana plena

t�m que ser completamente idiotas.

O que existe no sonho americano
realizado pelos negros?

O que esper�vamos do ponto
de vista de uma sociedade

dominada por brancos

no qual o fator racial
entrasse em toda considera��o?

Podemos focar em igualdade real?
Imagino que v� responder.

- De jeito nenhum.
- De jeito nenhum. Sim.

O FBI estava envolvido
no monitoramento dessas pessoas negras

que estavam se armando para resistir,
se necess�rio

e reivindicar terra para os negros.

Ent�o, em 1971,
houve uma batida policial nesse pr�dio.

Um dos oficiais morreu nela.

E isso se tornou parte
do fim do poss�vel movimento

porque estavam sendo acusados
de matar esse policial.

Mas o que defendo n�o �
ser independente dos EUA,

mas ser mais forte dentro dos EUA

para usar a pr�pria Constitui��o
como instrumento de liberta��o.

CHOKWE LUMUMBA
PREFEITO

Ent�o, o pai do Prefeito Lumumba

foi um dos imigrantes reversos
que veio pra c�

com a Rep�blica da Nova �frica
para tentar libertar a terra.

Ent�o a conex�o � muito forte

e a linhagem � muito forte
na cidade de Jackson

A ideia de liberta��o
e a domina��o individual.

Libertem as terras!

Custe o que custar!

MOVIMENTOS EM TODAS AS DIRE��ES

Escrevi um livro
encorajando a migra��o reversa

o bastante para voc�
controlar os estados do sul.

Acredita que essa ideia � vi�vel?

Com certeza. Acredito tanto nela,
que minha vida se baseia nisso.

Meu pai disse que t�nhamos
que vir a Jackson, Mississippi

porque ele achava
que t�nhamos assuntos pendentes aqui.

No fim dos anos 60,
enquanto estava em Detroit, Michigan

ele encontrou sua casa
com a Rep�blica da Nova �frica,

porque ele achava que eles tinham
uma ideologia pol�tica avan�ada

para tomar o que foi tirado de n�s
como povo.

Esses s�o os mesmos princ�pios
que n�o apenas guiam a minha vida

mas guiam a lideran�a da nossa cidade.

N�o vamos mais permitir
que algu�m nos diga

todas as coisas grandes
que v�o realizar em nosso nome.

Mas ver que nada no passado
demonstra sinceridade

disposi��o ou capacidade de fazer isso.

Temos que come�ar a redigir uma pauta.

O que voc�s t�m dificuldade em fazer?

Porque voc� vive em um estado
que � controlado

pela maioria das pessoas
que n�o � negra?

Primeiro, eu diria que,
muitas vezes, a lideran�a do estado

est� de olho no seu objetivo
de construir o poder negro.

-E eles est�o tentando
esmag�-lo.-Com certeza.

Se falamos de uma cidade
que tem 85 por cento de negros

o esfor�o constante para confiscar
recursos e bens da cidade

para promover hist�rias
sobre sua incompet�ncia

reprimi-la e deix�-la
com poucos recursos

Estamos numa luta prolongada
pelo nosso aeroporto

pois veem isso como uma oportunidade
de crescimento econ�mico.

H� um esfor�o em andamento,
e n�o falam nada

mas eu quero exp�-lo e assumir
nosso centro de tratamento de �gua.

Sua �gua � como a cidade financia
os projetos, o trabalho que faz.

� o que acontece
em cidades como Detroit.

Falamos sobre a fal�ncia de Detroit

mas n�o falamos que perderam
o controle da �gua antes.

S�o jogadas antigas.

Acredita-se que o sofrimento dos negros
no Mississippi seja intencional?

Sem d�vida.

Mas o que eu sugeriria � que somos
o calv�rio que estivemos esperando.

Sugiro que os negros
voltem aos estados

com a maior porcentagem de negros.

Louisiana, Mississippi, Alabama, Ge�rgia,
Carolina do Sul, Carolina do Norte

Virg�nia, Maryland e Delaware.

Todos eles t�m mais de 20 por cento,
e muitos t�m mais de 30.

Nenhum outro estado americano
tem essa porcentagem.

Por�m, Mississippi pode
ser um dos mais dif�ceis.

A guerra que a supremacia branca
travou no Mississippi foi bem-sucedida

em um ponto em que h� d�vida
que pode ser desfeita.

Falamos aqui da separa��o das ra�as

costumes e tradi��es que foram criados
nos �ltimos cem anos

que provaram ser o melhor pros
interesses de pessoas de cor e brancos.

No Mississippi,
as rodovi�rias continuam segregadas.

Mas, desde maio, Jackson viu um ataque
concentrado de Viajantes da Liberdade.

SALA DE ESPERA
SOMENTE PARA BRANCOS

N�s do Mississippi continuaremos
vivendo pacificamente juntos

e continuaremos a cumprir
as leis do nosso estado

tanto para os brancos
quanto para as pessoas de cor.

- E a�, Jemar?
- Olha ele a�.

- Sr. Blow. Muito prazer.
- Muito prazer.

Sim. Obrigado por me receber.

Um dos imigrantes reversos
que encontrei

foi Jemar Tisby, que se mudou
de Chicago para o Mississippi.

O neg�cio � o seguinte

qualquer medida pol�tica para progresso

Se n�o der pra implementar em um lugar
como o Mississippi

que tem a maior
concentra��o de negros

e a maior concentra��o
de pobreza do estado

n�o funcionar� para
os que mais precisam no pa�s.

Ent�o, acho que esse
� o campo de provas.

N�o sei se j� encontrei
algu�m fora do sul que disse

"N�o vejo a hora de me mudar
para Jackson"

apesar de ser a maior cidade,
e ser a capital.

N�o quero que as pessoas ou�am
que o racismo � pior aqui

mas h� um hist�rico aqui

e vejo muitos
desses padr�es hist�ricos at� hoje.

Politicamente,
os brancos descobriram um jeito

para manter o poder pol�tico.

� quase como se,
quanto mais negros existirem

com mais determina��o
os brancos trabalham

para garantir que fiquem no poder
e que o poder n�o chegue aos negros.

Quase nunca... � a verdade.

A pergunta passa a ser

uma posi��o de poder dos negros
deve ser para sempre...

cortejar, convencer,
marchar e suplicar

ou... � o mais l�gico dizer

que temos que obter algum poder?

Poder negro, que, por sinal,
foi popularizado aqui no Mississippi.

- Foi, sim.
- Stokely Carmichael!

Uma noite, em junho de 1966,
Stokely se levantou e disse

J� fui preso 31 vezes
e n�o serei mais preso.

O que queremos agora � o poder negro.

Todos os tribunais do Mississippi
devem ser incendiados amanh�

para acabar com a sujeira.

Quando perguntarem o que querem

j� sabem o que dizer. O que querem?

Poder Negro!

- O que querem?
- Poder Negro!

- O que querem? N�o tenham medo.
- Poder Negro!

N�o tenham vergonha.
N�s queremos Poder Negro.

Eu digo que este � o lugar

onde haver� mudan�as reais
quase que imediatamente.

Ent�o, se vamos tentar isso

o sul faz sentido.

Com certeza.

Dito isso, seria bom ter os recursos

porque cansa.

Jackson consegue mudar isso?

H� maneiras de se posicionarem

como alternativas atraentes
para outras cidades do Sul

onde as pessoas dizem:
"Eu gostaria de me mudar para..."

Espero que sim.

Come�amos com peregrina��es
de patrim�nio sulista.

E colocamos um pouco de poder estelar

em termos de pessoas conhecidas
no pa�s todo

e que possam dar seu depoimento

em peregrina��o por todo o Sul.

- Quem organizaria esse esfor�o?
- Voc� deveria.

- Eu?
- Deveria.

Sua ideia.

Mas n�o grandes grupos
com equipe e tudo o mais?

Consegue imaginar eu, em minha mesinha,

tentando organizar
40 milh�es de pessoas?

Sobre trazer jovens
ou qualquer um n�s de volta para o Sul

como seria essa utopia?

N�o pense como utopias.

N�o existe Wakanda, s� nos filmes.

N�o �? N�o colocamos
esse padr�o em mais ningu�m.

N�s n�o podemos colocar isso
em pessoas negras.

Se tem um monte de cidades negras
desde os anos 70

voc� olha para cada problema
que o homem branco cria

e voc� diz: "Isso � um problema
porque voc� � negro.

Isso soa familiar para Jackson.
N�o �?

Essas cidades negras
s�o ilhas de cativeiro

nos estados que n�o querem
fazer parte do pr�prio sucesso.

Voltamos agora aos esfor�os cont�nuos
para restaurar a �gua limpa

aos cerca de 150 mil moradores
de Jackson, Mississippi.

As pessoas est�o fartas.

Est�o correndo para cidades na fronteira
que t�m �gua limpa para tomar banho.

N�o d� pra beber, nem cozinhar.
Tenho medo de tomar banho com ela.

Algumas semanas depois
que visitei Jackson

inunda��es criaram uma crise h�drica

e a �gua deixou de ser pot�vel.

Por anos, a maioria dos estados brancos

lutou contra tentativas de restaurar
a infraestrutura de Jackson.

Se Jackson tivesse o governo estadual
no Mississippi

que respondesse aos negros,
em vez de hostiliz�-los

nunca teria tido
uma crise dessa magnitude.

No estado em que cresci,
sou um cara da Louisiana

a Louisiana era uma das tr�s

que tinham maioria negra
no fim da Guerra Civil.

Mas como havia tantos negros

tamb�m foi um dos mais retr�grados
no que se refere �s leis Jim Crow

E, desde ent�o, os negros

t�m lutado por mais representa��o
e mais poder do Estado.

Independentemente de quem seja
ou onde cresceu

o lar � sempre o lar.

Eu vou para longe da minha vida

o que pode ser ca�tico

e muito p�blico.

Na casa da minha m�e,
sou apenas Charles.

E sendo colunista no Times

e uma personalidade da televis�o

� dif�cil para algumas pessoas imaginar

que mor�vamos no meio do nada
e �ramos muito pobres.

E acho que os Estados Unidos
est�o passando por dificuldades

tentando entender o que � pobreza.

Por isso escrevo sempre
sobre pobreza e desvantagem.

� algo muito �ntimo para mim.
Sou eu. � de onde eu vim.

N�o � um problema.

Quando eu era crian�a, em Gibsland,
cerca de mil pessoas moravam l�.

Era uma cidade segregada com negros
vivendo no lado oeste da cidade

e brancos vivendo no leste,
nos lados opostos da Main Street.

Eu raramente via uma pessoa branca.

- Tio Bobby. Como vai?
- O que est� rolando? Estou bem.

Est� cozinhando?

- Por que j� est� cozinhando?
- Temos peixe para cozinhar.

- O que � isso?
- S�o asinhas picantes.

Eu e Charles jog�vamos
bolinha de gude juntos.

�ramos s� crian�as e envelhecemos.

Eu sabia que Charles era

DOUGLAS BLOW
IRM�O DO CHARLES

Sabia que ele era especial.

Sabia que ele teria sucesso
no ensino m�dio.

Seja nos esportes ou em construir algo

ou at� mesmo correr ao ar livre
de bicicleta ou a p�

embora f�ssemos muito competitivos
motiv�vamos um ao outro.

Tem colher grande?

Quando conhecer minha m�e

ela vai dizer o que sente,
como se sente

goste ou n�o goste, tanto faz.

- Isso � uma degusta��o.
- Certo, prove.

O que ela est� dizendo?
O que est� sussurrando?

Sussurrou: "Mais."

Mais?

Setenta anos fazendo salada de batata.
Nunca de receita.

Eu me�o a maioria das coisas.

N�o medimos coisas
como salada de batata.

� uma coisa de fam�lia.

Como m�e solteira,
� preciso ser forte

para lidar com cinco
personalidades masculinas.

Ter que alimentar cinco meninos,
isso � um feito por si s�.

Quantos frangos acabamos comendo

por semana ou por m�s?

- Eu n�o... Uma caixa.
- Uma caixa tem quantos frangos?

Talvez mais, porque a caixa tinha 24.

Comemos 24 frangos em um m�s?

Sim.

Como � poss�vel?

- Acho que voc� s� os mastigou.
- Eu sei.

Meu pai era da Cavalaria Negra.

Mas quando ele recebeu alta
do hospital

veio de Nova Orleans para Gibsland
e teve que andar de muleta.

T�nhamos uma casa bacana.

Foi dif�cil pra ele achar trabalho,
algo, para pagar por aquela casinha.

Acho que era uns 40 d�lares por m�s.

Ele decidiu que havia
uma vida melhor para ele.

Quando meus pais foram para Houston

fui para Houston e fiquei pouco tempo.

E eu n�o gostava
nem um pouco de Houston.

Eu era t�o ligada � minha av�
que n�o queria deix�-la.

Queria uma passagem de volta.

Garota de 14 anos,
pegou o �nibus sozinha.

Sentava no fundo do �nibus.

- Sim, sentei o mais longe que podia.
- Certo.

- Acho que s� at� a metade.
- Certo.

Acho que se tivessem me pedido
para levantar e dar meu lugar

eu n�o teria dado meu lugar para eles,
mesmo naquele momento.

Aprendemos a sobreviver com isso.

N�o t�nhamos muito dinheiro

e fizemos o melhor que pudemos

e Deus cuidou de n�s.

Acho que sobrevivemos
porque voc� � teimosa.

As pessoas diziam

"Como ousa deixar seu marido
com todos esses garotos?"

"Como ousa achar que vai sobreviver?"

"Como ousa achar que pode comprar
e pagar uma casa sozinha?"

E acho que voc� pensou

"Vou mostrar ao mundo
que uma mulher consegue."

Acho que � por isso que absorvemos
muito daquela atitude de...

"vou te mostrar".

O bom da nossa fam�lia �
que fomos a lugares diferentes

mas ainda estamos juntos.

Algum de voc�s morou fora do Sul?

N�o. Tem algo sobre o Sul
e uma pequena comunidade

quando se trata de fam�lia.

Tudo bem. A comunidade faz ser �timo.
Sim. O que dificulta?

As pessoas que n�o estudaram
nem conseguem emprego.

Se voc� trabalhasse na usina, seu filho
automaticamente trabalharia l�

e � dif�cil sair desses limites.

Vamos falar de forma mais ampla.
Acha que o estado ajuda?

- N�o.
- N�o?

Tem muita gente,
especialmente nesta cidade

e falo por esta cidade
porque sou vereadora.

-Voc� tem gente instru�da
-O qu�? Por favor, vereadora.

Tipo o Richard.

Ele era vereador e renunciou
para concorrer a prefeito.

- Richard est� concorrendo � prefeitura?
- Sim.

E estou me destacando para poder
ser o bra�o direito dele.

E muito disso � do estado.

Isso tira muito das finan�as
de cidades pequenas.

N�o temos esse gasoduto.

Eu voltei porque quero voltar.

Quero ser prefeito. Quero melhorar.

Vou ligar para as pessoas
que sa�ram desta cidade

e dizer: "Preciso da sua ajuda."

Voc� precisa ter pessoas
para motivar uma comunidade

para construir escolas,
trazer neg�cios para a cidade.

� a economia.

As pessoas precisam sair daqui
para enriquecerem.

Para que possam vir
e fazer a diferen�a.

N�o gost�vamos do Sul.

Agora h� muitas oportunidades

para quem quer voltar ao Sul,
fazer a diferen�a

como estamos fazendo.

A vov� vai nos matar
se n�o levantarmos e comermos.

Se houver um ambiente

onde as pessoas
j� t�m sede por poder pol�tico

tentando se envolver

esse lugar s� pode ser impulsionado
por mais pessoas

migrando com esse tipo de mentalidade.

Acho que meus primos est�o
sendo politicamente ativos

eles est�o basicamente
criando solo f�rtil.

� voc� aqui.

Espere, � o seu hist�rico?

Eu n�o fui t�o bem quanto voc� na escola.

Voc� foi aluna l�, depois professora.

- Sim.
- Nossa rela��o com esta escola � longa.

ESCOLA GIBSLAND COLEMAN

Estamos aqui
na Escola Gibsland Coleman.

Come�ou no final do s�culo XIV
e sempre com a mesma miss�o

de educar crian�as negras
e torn�-las pessoas melhores.

Quando penso no que esta escola
estava fazendo por n�s

pobres e impotentes no meio do nada.

Constantemente dizendo a voc�
que seu legado � longo

e que voc� � maior
do que suas circunst�ncias

e foi incrivelmente poderoso para mim

ouvir isso quando crian�a
e mergulhar nisso.

E isso porque essas mulheres negras

que poderiam ter feito qualquer coisa
se o mundo n�o as impedisse

pegaram todo esse talento
e despejaram na gente.

E se mais jovens negros

focassem seus talentos
e sua aten��o neles

e ensinassem a eles que t�m um legado
enraizado na autossufici�ncia negra?

Quando estava pronto
para ir para a faculdade

consegui bolsas de estudo
para a Louisiana Tech e LSU.

E o recrutador de Grambling
entendeu isso

e me chamou pra apresentar
a ideia no escrit�rio dele.

E bem aqui tem um pr�dio pequeno
onde havia

antes do desenvolvimento do campus,
onde se recrutavam alunos.

Ele tentou me convencer
que a LSU n�o precisava de mim

a Louisiana Tech n�o precisava de mim,
mas a Grambling sim.

Meus colegas, esses alunos negros,
precisavam de mim na comunidade com eles

seria vantajoso para mim,
e para eles tamb�m.

Aceitei o desafio
e vim para a Grambling.

Enquanto escrevia este livro, percebi

que era a mesma apresenta��o
que eu fazia aos jovens

sobre migra��o reversa.

H� coisas na vida
que s�o maiores do que voc�.

�s vezes, quando voc� est� decidindo
como vai viver sua vida

e as escolhas que vai fazer

isso tem que ser
sobre sucesso comunit�rio.

Ent�o passei metade da minha vida no Sul
e metade fora do Sul.

Primeiro, vim para c�
porque tive oportunidade.

Que � o que muita gente fez.

Mas tamb�m me mudei
por uma sensa��o de liberdade

para me separar da pessoa
que eu havia sido

e criar uma nova pessoa num lugar
que eu n�o conhecia.

Mudei para o Norte,
primeiro Detroit e depois Nova York

e continuei minha vida l�.

Muitas vezes, quando as pessoas se mudam
e criam uma vida nova em um lugar novo

elas est�o fugindo

mas tamb�m est�o indo em dire��o a algo.

Sempre existe
a possibilidade de reinven��o

Sempre existe a possibilidade

de romper la�os que possam restringir.

Quando a Grande Migra��o ocorreu

havia ganhos absolutos nisso.

As pessoas ganharam mais.

H� muita inova��o cultural
que surge da�.

O Renascimento do Harlem
� um resultado direto mas n�o � o �nico.

A maioria dos jovens � livre.
Podem criar e ser.

NOVA YORK

Comecei a trabalhar aqui h� uns 30 anos.

Este pr�dio n�o estava aqui.
Est�vamos a dois quarteir�es.

Tinha um mural de pr�mios Pulitzer.

Todas as primeiras colunas
foram muito ruins

e tive que publicar minhas coisas ruins
com todo mundo olhando.

E eu n�o podia chorar,
pois o que se diria?

N�o precisa ser colunista
do New York Times.

Tive que aprender a ser um escritor
enquanto fazia isso.

Montar o avi�o enquanto voava.

As colunas devem ser como pessoas
tocando diferentes instrumentos

mas que, juntas, fica legal.

Disse a mim mesmo: "Vou ser o banjo."

Tenho que falar como eu pra ser verdade.

- � um dia cheio pra voc�.
- � um dia estranho.

- Meu �ltimo dia como editor.
- Como se sente?

Acabei de fazer um discurso,
e � meio triste.

Por um lado,
� o melhor trabalho do jornalismo.

Por outro lado, parece
que � hora da pr�xima gera��o assumir.

Quando foi nomeado chefe de gr�ficos

aquilo foi revolucion�rio
por causa de quem voc� �.

Agora n�o parece t�o importante,
mas na �poca foi importante.

Como foi para voc� ser um dos poucos
chefes de departamento negros

no New York Times, nos anos 90?

Como sabem,
sou dos arredores da Louisiana.

N�o tem nada de chique.

Quando cheguei aqui

Percebi que as pessoas fazem suposi��es
sobre quem voc� �

tanto a sua voz, quanto a sua origem,
porque voc� era negro.

E pensar que eu viraria tudo
de cabe�a pra baixo

e faria o inesperado
em todos os aspectos.

Eu usava n�o apenas um terno,
mas um terno completo.

-Eu me lembro
-Voc� era o mais elegante

Porque eu estava fazendo o inesperado
para arruinar suposi��es

para que pudessem ver o trabalho.

E agora estou tentando convencer
as pessoas a voltarem para o Sul.

- O que acha disso?
- Estudei no ensino m�dio, sabia?

- Parece o Sul, em meados dos anos 70.
- E s�o s� garotos negros.

Todos negros.

E alunos nota dez eram levados
a universidades de prest�gio

com a ideia de n�o voltar.

- S�rio?
- Senti que tinha que deixar o Sul.

Sentia como se n�o tivesse partido.

BRENT STAPLES
CONSELHO EDITORIAL

Eu ia ter uma vida como a de todos
que eu conhecia.

E queria um tipo diferente de vida.
Certo.

E eu entendi que, fazendo isso

eu estava me afastando
das pessoas com quem cresci.

Mas eu sentia que, se n�o fizesse isso,
perderia algo na vida.

Se eu tivesse ficado,
n�o acho que eu seria feliz.

Mas somos um exemplo ambulante
de lavagem cerebral da comunidade negra

a servi�o das nossas ambi��es,
se isso faz sentido?

Eu rejeitaria isso.

� da natureza da vida na modernidade
que as pessoas deixem lugares

lugares menores onde nasceram

para se realizarem
e causarem um impacto no mundo.

Claro que precisamos de gente

que escolhe ficar no Sul
para moderniz�-lo.

Mas muitas das pessoas que mudaram
e realizaram outras coisas

s�rio, olhe para n�s.

Eu n�o teria me tornado editor do Times
se n�o tivesse sa�do de Nova Orleans.

O mundo tamb�m precisava disso.

� melhor eu ir para a minha despedida.

- Muito obrigado. Eu agrade�o.
- Bom te ver.

Meu bisav� incentivou
a gera��o do meu pai

a n�o sair do sudoeste da Virg�nia,
onde foram criados.

- Por qu�?
- Eles tinham terras. Animais de fazenda.

Meu bisav� andava,
na �poca da Klu Klux Klan

pelo per�metro de suas propriedades
com uma espingarda.

E pela forma como ele via,
voc� podia comer, beber

podia se defender aqui para sempre,
se necess�rio.

Sabe? Pelo menos podemos dizer
algo sobre isso.

No entanto, muitas vezes,
na minha fam�lia e em outras

quando se tinha um jovem
que n�o era subserviente

mandavam-no para o Norte imediatamente
porque sabiam que n�o duraria.

Ele ia ser morto.

Acho que recuar para o Norte

foi uma maneira, de certa forma

de nos fortalecer
para seguir adiante na hist�ria.

Quando as pessoas se mudaram

isso dividiu a comunidade negra
em dois tipos diferentes de comunidades.

A comunidade negra urbana
do norte e ocidental

tinha mais desse tipo
de natureza revolucion�ria.

Mas havia algo incr�vel no Sul tamb�m.

Este tipo de conex�o
entre o lugar e a terra.

Seria terap�utico
juntar essas duas coisas.

� como eu penso.

Teoricamente, � poss�vel.
Teoricamente.

Mas voc� tamb�m tem um problema aqui
do que constitui

a cultura popular
que o povo est� procurando. Sabe?

Ent�o eu n�o sei.

N�o sei se pode convencer
tanta gente a se mudar para l�.

Migra��o � dif�cil.

Te desafia financeira e espiritualmente.

E eu entendo por que algumas pessoas
n�o chegaram � mesma conclus�o que eu.

Eu entendo por que algumas pessoas
n�o t�m tanta vontade de pegar tudo

e se mudar para um novo lugar

em que n�o conhecem a comunidade
e as condi��es.

ATLANTA, 33% NEGROS

Eu estava abalado, estava nervoso

talvez com medo de deixar Nova York.

Eu morei l� por 25 anos.

Morei l� mais tempo
do que na cidade onde cresci.

E ficou bem claro que estava escrevendo
para mim mesmo.

Eu estava me convencendo.

A�, fez muito sentido
que eu fizesse isso

n�o defensivamente para dizer
que n�o posso escrever o livro

mas afirmativamente,
porque me convenci de que isso

� o que devemos fazer enquanto negros.

As pessoas presumem erroneamente
que se voc� se mudar para o Sul

estar� desistindo de aspira��es
e esperan�as

e da possibilidade de riqueza

mas, em muitos casos,
o oposto � verdadeiro.

A classe m�dia negra est� prosperando
pelo Sul do pa�s

e � isso que lugares como aqui em Atlanta
ilustram para o mundo.

Muitos dos meus amigos da faculdade

foram para Atlanta.

Estava integrado... um �m�.

Bem-vindo � mans�o Armstrong.

O que est� vestindo? Voc�...

- N�o sou uma gra�a?
- Eu sei.

- Por que t�o arrumada?
- Porque sou uma gra�a.

Gostou do conjunto?

Pare com isso.

Vai.

J, onde voc� nasceu?

- Oakland, Calif�rnia.
- Eu n�o sabia.

- Achei que tinha nascido no Arkansas.
- N�o.

Quanto tempo ficou na Calif�rnia?

Fiz todo o ensino fundamental
na Calif�rnia.

E a� nos mudamos para Haley
em um trailer de dois quartos.

- Numa estrada de terra.
- Na estrada

ao lado da casa da minha av�.

- Tinha tudo ou n�o tinha?
- N�o, n�o tinha �gua encanada.

O que o copo diz? Sa�de!

Quando sa� de Dermott,
Arkansas, para fazer faculdade

ningu�m me dizia
que a faculdade tinha que ser paga.

De verdade, pensei que fosse
como uma escola p�blica.

Pensei que fosse
como uma escola p�blica.

E eu comecei a chorar, aos prantos

e ela disse: "Aguente firme, querida.
Conte-me sobre o seu pai."

A senhora se recomp�s.

Ela disse: "Volte ao seu dormit�rio.

Vai ficar aqui em Grambling."

E � por isso que falo t�o bem
da Universidade Estadual de Grambling

e das faculdades para negros.

Quando me mudei para c�

e vi irm�os e irm�s
fenomenais aqui em Atlanta

e falei: "Espera a�, como fa�o isso?"

Eu disse: "Se ela pode
e ele tamb�m pode... eu posso."

Ent�o comecei a pensar grande

- porque eu era m�e solteira.
- Certo.

Queria que ela visse isso

queria que ela visse
uma mulher negra forte como modelo.

Voc� nasceu
em uma cidade grande, Oakland.

Muita gente veio para c�
durante a grande migra��o.

Voc� entrou para o setor banc�rio.
Foi muito bem-sucedida nisso.

Poderia estar em qualquer lugar.

Por que voc� nunca voltou a uma dessas
grandes cidades fora do Sul?

Eu me senti segura aqui.

Eu n�o senti isso na Calif�rnia,
nem mesmo em Washington.

Era dif�cil estar em Washington,
e eu era uma mulher adulta.

- Eu tinha 48 anos.
- Certo.

E tive que ligar chorando
ao ponto de voc� vir

- e passar o fim de semana comigo.
- Certo.

N�o me senti segura at� quando?

- Quando voltei pra casa.
- Certo.

Sinto seguran�a
mesmo com a hist�ria do Sul.

- Nossa!
- Pois �.

Acabei de pensar nisso.

Eu tive esse momento.

Quantas pessoas conhece na comunidade

que s�o pessoas que se mudaram
de volta para o Sul

de algum outro lugar.

- Todos de Jersey.
- S�rio?

Se n�o � Nova York ou Nova Jersey,
� a Calif�rnia.

A maioria nasceu no Sul

mas eles partiram para o Norte

- e voltaram.
- E voltaram.

A maioria das pessoas aqui
� migrante reverso

- neste bairro.
- Sim, correto.

- Muitos.
- Eu n�o sabia disso.

Quando li seu livro
Foi nisso que pensei.

Quando estava concorrendo
ao cargo de executiva regional.

Lembra? E eu me preparei.

Ent�o o l�der me contou
que eu n�o consegui o cargo

e fiquei chocada,
pois o feedback foi �timo.

Nas palavras exatas dele:
"Voc� n�o se encaixa no mercado."

S� porque Atlanta � negra,
a Ge�rgia n�o �

que esse lindo rosto preto
n�o se encaixava no mercado.

- E se encaixar...
- Significava,

que eu n�o era compat�vel
aos dados demogr�ficos da Ge�rgia.

Quando li seu livro, aquilo me levou
de volta �quele momento

porque temos que voltar
e reivindicar o que constru�mos.

Dever�amos ser o mercado.

Lembro que eu tinha um l�der,
na mesma empresa, eu sou do Arkansas.

Ent�o tenho esse sotaque.

Ela sugeriu
que eu fizesse fonoaudiologia

para eu articular melhor
minha mensagem

porque eu n�o me encaixava
naquele perfil com sotaque.

Ent�o disse a eles que faria
uma aula de fonoaudiologia na igreja.

Eu nem era envolvida em igreja nenhuma.

Querido.

Mas quando cheguei na sala com eles,
mudei de ares.

- E o que estava mudando?
- Fui promovida.

- E o que estava mudando?
- O jeito de falar.

Ol�, Charles Blow. Como v�o?

Sou Janean. Janean Courtney.

Juro por Deus.
Tenho uma testemunha viva disso.

Est� tendo um �timo dia. Tchau.

Bom dia.

Eu prometo. � um jogo.

� um jogo. � um jogo.

Querido, eu joguei bem.

- � uma festa de Natal na Casa Branca.
- Sim.

Quando fomos tirar esta foto
na Casa Branca

Eu vi aquele homem e pensei:
"Vamos nessa."

Sabe o que me intrigou? Ele te conhece.

Ele disse: "Ol�, Charles."

Dando tapinha nas costas.

- Ele fala assim?
- "Charles Blow."

Talvez ele tenha ido � aula de orat�ria.

PARQUE PIEDMONT
CENTRO COMUNIT�RIO

Em termos desse fen�meno
de migra��o reversa

a quest�o n�o � o que pode acontecer

mas algo que est� realmente acontecendo.

Talvez o que Charles Blow
e os outros est�o escolhendo

seja o diabo que luta contra eles.

O diabo que conhecem no Sul.

E do que querem se afastar

� o dem�nio que nunca confessa
que �, de fato, o dem�nio.

E quando as pessoas
escolhem dizer: "N�o acredito mais

na promessa
de uma vida melhor no Norte"

voc� n�o est� perdendo a esperan�a

em vez disso, est� se concentrando

em como ter controle
da sua pr�pria vida.

Uma das coisas
que negros deixaram para tr�s

quando deixaram o Sul

foi a ideia de terra e propriedade

como ve�culo para a liberdade
e a prosperidade.

� uma pobreza na qual
ainda h� espa�o no interior

para cultivar legumes.

Muitas pessoas abandonam
esses terrenos para se mudar.

Acabam em pr�dios de apartamentos,
alugu�is, e tal.

N�o havia outras casas
sendo constru�das.

Quando tentaram sair
para espa�os brancos

a hostilidade foi esmagadora.

Agora eles t�m muitos
dos mesmos problemas

mas tamb�m congestionamento,
multid�o e falta de propriedade

que � outra forma de pobreza
mais nociva.

Esse tipo de pobreza,
juntamente com a viol�ncia

� o que leva os negros
a deixarem cidades como Chicago

em n�mero crescente.

Quando voc� pensa na identidade
de uma cidade

sendo moldada pela migra��o

acho que Chicago � a que mais
me vem � mente de imediato.

Andando por a�, mesmo hoje

vai ver um hist�rico do Mississippi

ou uma identidade do Mississippi.

Mas, ao mesmo tempo, � uma gera��o

percebendo que a esperan�a de que ela
e sua fam�lia se reergueriam

n�o est� necessariamente se realizando.

Est�o se debatendo
contra estruturas e institui��es

que as colocam em uma posi��o

em que n�o conseguem subir
como acham que deveriam.

- Voc� cresceu em Chicago?
- Sim, cresci.

Meus pais se conheceram aqui.

Aqui era o 2o. distrito comercial

fora da Avenida Michigan.

- � impressionante ouvir isso.
- Sim. Agora veja. Nada.

Voc� tem ideia da popula��o
de Englewood no momento?

Sim. Estamos na rua que divide
Englewood e West Englewood.

- Ambas t�m cerca de 30 mil.
- Certo.

Quando vim aqui, em 2002

aqui havia uns 70 mil
e aqui havia uns 70 mil.

- Sim.
- Quase a metade da popula��o original.

- Sim. Sim.
- Basicamente.

Quero inspirar as pessoas.
� poss�vel que voc�, sendo negro

seja dono do seu quarteir�o.

Caso contr�rio,
vou ficar louca tentando dizer

"N�o saiam de Chicago."

Me mudei pra Englewood em 2002,
e foi um inferno.

Todo dia, eu corria pra casa
depois do trabalho

n�o falava com ningu�m.

Uma bala atravessou nossa casa,
pela porta da frente.

N�o aguentava mais. Me sentia
prisioneira na minha pr�pria casa.

Quando estava na Ge�rgia

a fam�lia do meu pai
j� tinha ido para l�.

As casas eram lindas.

O bairro era tranquilo. Parecia seguro.

Pensei que seria um bom lugar
pra gente recome�ar.

E o que mudou?

Sempre choro por isso.

N�o sei o que aconteceu naquele dia.

Eu me senti como se fosse
um esp�rito ou algo assim.

Mas eu olhava pela janela.
� um terreno baldio.

Era s� uma linda garotinha
com um vestido

brincando com terra

e jogando garrafas na rua.

Lembro como se fosse ontem.

E eu disse ao meu marido:
"N�o sei se quero ir embora."

Quero tentar fazer alguma coisa.

Quero come�ar
com os jovens do quarteir�o.

E o medo come�ou a ir embora.

- Acredita que mudou este quarteir�o?
- Eu sei que mudei.

Esta � a rua que estou tentando fazer
uma Black Wall Street.

Estou olhando os im�veis vazios.

Por pior que pare�a,
ainda � uma oportunidade.

Porque esta ainda � uma rota de �nibus
e um corredor comercial.

N�o tem vida aqui.

Este � o pr�dio no qual
estamos trabalhando.

Estou no processo de assumir
a propriedade daquele pr�dio.

Sim. Os escrit�rios da RAGE
eram mais importantes.

Est� encorajando a Chicago negra
a permanecer intacta.

� nossa cidade.

Escrevi um livro

- encorajando negros...
- A irem embora.

Em Chicago e outras cidades
a voltarem para o sul.

Como considera isso
no contexto do seu forte desejo

de que os negros fiquem em Chicago?

Voc� v� como � Chicago,
muito segregada

e a falta de investimento
no sul e no lado oeste

onde os negros vivem.

Sim. Voc� diz: "Certo, a cidade

est� afastando negros
ou n�o est� tentando mant�-los.

E se n�o mudar sua mentalidade

talvez seja uma oportunidade
para reconstruir

a� voc� diria: "Quer saber?

Que se dane.
Vou recome�ar."

Espere, que escola � esta?

- Vou guardar minha bolsa.
- Est� bem.

Esta � uma das seis escolas
que estavam fechadas

devido � perda da popula��o.

"Inutilizada" � a palavra que usam.

E est� fechada desde 2013.

- Ainda est� fechada?
- Ainda.

Continua fechada.

O que planejam fazer com esta escola?

Ser� uma moradia para pessoas
que geralmente sa�ram da pris�o

e procuram moradia.

E tamb�m, n�o s� para eles

oportunidades para eles
terem suas fam�lias no espa�o.

- Uma comunidade.
- Est� construindo uma comunidade.

Sim. Vai ser um marco.

Vamos devolver vida a esta institui��o.

� enorme. Vou mostrar
um pouco da parte de tr�s.

O que Asiaha est� fazendo � heroico.

Acho que � uma grande cidad�.

Ela est� fazendo o melhor que pode
para melhorar o bairro

para que a cidade seja melhor,
para que sejam mais receptivos.

Mas para as pessoas
que anseiam pelo poder do estado

as �nicas op��es s�o
as que existem no Sul.

Illinois nunca ter� maioria negra
nem chegar� perto disso.

N�o sei se o argumento:
"vamos ao Sul e vamos nos recompor..."

� muito diferente de

"Vamos nos unir tamb�m."

Infelizmente, nos Estados Unidos,
os negros n�o t�m poder.

A realidade � essa, n�o importa
para que parte do pa�s voc� v�.

Sempre tem um sistema supremacista
branco tentando se impor no poder.

Com nosso sistema
de dois partidos operando assim

n�o existem op��es
para eleitores negros.

E, infelizmente...

� como o diabo que conhecemos
contra o diabo que n�o conhecemos.

Nossa dispers�o no pa�s

basicamente diluiu nossa capacidade
de influenciar as elei��es.

Mas o movimento que voc� est� vendo

queria poder dizer

que teve a ver com a busca consciente
pelo poder pol�tico.

Mas n�o tem.

Na maioria dos casos, s�o s� pessoas
fugindo do crime, da viol�ncia

e procurando uma vida melhor.

Querem oferecer uma oportunidade melhor
para seus filhos.

N�o � migra��o reversa ao Sul

� migra��o reversa das grandes cidades.

� superf�cie,
quando algu�m v� uma ideia dessas

v�o dizer:
"Ele est� querendo a supremacia negra?

Est� desistindo da integra��o?
� sobre autossegrega��o?"

Nos �ltimos 90 anos, todos os estados
do pa�s, exceto o Hava�

t�m tido maioria branca.

Ningu�m disse que isso seja
um problema para a integra��o.

Mas defender que os negros

possam um dia formar um ponto percentual
acima de 50 por cento no estado.

Isso assusta as pessoas.

E seu conselho

� sair do meu apartamento confort�vel
no East Side de Nova York

e voltar para Rayne, Louisiana?

Para as pessoas bem estabelecidas
onde est�o e que se sentem seguras

e o mais importante, que suas fam�lias
estejam seguras nesse espa�o, fiquem a�.

Isso n�o � para voc�s.

Fiquem onde est�o.

Mas se tiverem olhado para todos

os assassinatos de jovens negros

a maioria dos casos importantes
foi em cidades destino

os destinos de pessoas que migraram
durante a grande migra��o

e poucos policiais foram condenados
porque eles s�o protegidos.

Se voc� n�o acha isso certo

se tivesse poder atualmente

as coisas pelas quais estava protestando
j� teriam sido feitas.

Voc� foi um garoto
de Nova York a vida toda.

Voc� n�o tem desejo
de estabelecer sua resid�ncia no Sul

ou de viver no Sul por anos.

Sim. A ideia de fazer essa mudan�a
do corredor da Amtrak

no qual cresci a vida toda,
me deu uma certa pausa.

Mas uma das preocupa��es
� que as pessoas como eu

ter�o atrito �nico

ao se tornarem l�deres.

Deixe-me mudar de assunto

porque acho que o que voc� diz � que

quando negros deixam cidades
e estados do Norte e Oeste,

saem de lugares mais liberais,
com rela��o a pol�ticas de sa�de

talvez pol�ticas educacionais, sei l�

e v�o deixar isso

E v�o vir a lugares em que,
bem agora, antes da mudan�a acontecer

podem ser mais hostis com eles.

Entendo, mas acho que olho
para as quest�es que enfrentam

o pa�s negro � uma variante,
e isso � uma variante.

Parte do motivo
pelo qual escrevi este livro

foi o que aconteceu com voc�.

Sim. Eu estava na faculdade.

E o campus de Yale teve
uma s�rie de arrombamentos.

Olhei por cima dos ombros
e vi que era um policial.

Ouvi um cara dizendo: "Eu o peguei."

Ele estava falando no r�dio
que fica no ombro.

Me virei e era um policial negro

ele sacou a arma

levantei as m�os, me ajoelhei
e deitei de barriga para baixo.

O que eu estava pensando era

como posso ser
o menos amea�ador poss�vel?

Digo que minha identidade est� no bolso.

A� ele me levanta e vai embora.

Eric Garner havia sido
assassinado recentemente

voc� via todos aqueles negros
sendo mortos.

Lembro que pensei
que era importante para mim

para garantir que eu n�o apresentasse

algum elemento desonesto para trazer
mais d�vidas da minha hist�ria.

N�o fiz nada suspeito nesse meio-tempo,
n�o tuitei, nem fiz nada louco

Eu s� segui o roteiro.

Mas seu primeiro pensamento foi:

"Eu os vi

animalizarem e desumanizarem
tantos negros

que preciso garantir
que isso n�o aconte�a comigo.

- Certo.
- Eu quero

em algum momento...

que garotos negros
vivam em um mundo

onde eles n�o tenham que pensar

em proteger sua humanidade

quando s�o v�timas do sistema.

Mas quando voc� vive
num sistema completo

em que um garoto
que nunca viu uma arma

se ajoelha quando a v�

quando vive num sistema completo

em que um garoto
com uma arma apontada para si

seu primeiro instinto

� impedir que esse poder o desumanize

em vez de respond�-lo

esse sistema � um problema.

Esse sistema n�o foi feito
para proteger os garotos negros

mas sim para atacar os garotos negros.

Pessoalmente, no fim das contas,
eu tenho que descobrir

se sou um ap�stolo do poder negro

ou se sou o Dom Quixote do poder negro.

Estou lutando contra moinhos de vento?

E se os negros nos Estados Unidos

simplesmente aceitarem

uma posi��o desse n�vel de impot�ncia

e aceitarem que o �nico recurso deles

� implorar para as pessoas mudarem?

Se for para manter
a postura de ficar de joelhos

isso � muito desanimador para mim.

N�o quer dizer que seja a �nica

solu��o.

Mas � a �nica que eu vejo.

Aqui em Atlanta
e nas redondezas de Atlanta

as pessoas que v�m aqui
n�o voltam para ficar sem fazer nada.

Eles s�o engajados,
s�o ativos, s�o informados.

E isso se encaixa perfeitamente na tese

ou seja, as pessoas que voltam
podem ser as pessoas ativas.

- E a�, pessoal?
- Como vai?

Bem.

Temos... Ele � demais.

Primeiro, quero falar com voc�
sobre sua jornada neste trabalho.

Sou imigrante. Nasci na Nig�ria.

- Certo.
- Criada no sudoeste de Atlanta.

Tenho forma��o em uma escola p�blica
de Atlanta.

Uma coisa que aprendi
ao pesquisar sobre o livro

� que o Sul era o principal destino
dos imigrantes africanos.

N�o sabia disso.

Achei que seria Nova York
ou outro lugar.

Digo, sim,
tem muitos africanos em Nova York.

Mas n�o somos assim.

Nosso continente

Por isso estamos em Atlanta, Nova Orleans.

Isso parece familiar.

Fui apresentada a Stacey Abrams em 2013.

Ela deu uma ideia brilhante
para o Projeto Nova Ge�rgia.

Eu imediatamente pensei:
"Vou contar todos os motivos

por que n�o vai dar certo."

E ela disse: "Eis as raz�es pelas quais,
com certeza, vai dar certo.

Eu olhei todas elas.
Aqui est� minha planilha."

Certo. Assim come�ou
uma s�rie de conversas

que deram in�cio ao Projeto Nova Ge�rgia.

Em novembro de 2020 e janeiro de 2021,
elegemos Joe Biden.

Elegemos John Ossoff
e o senador Raphael Warnock.

O que aconteceu em 2020 na Ge�rgia
foi transformador.

Em grande parte, por causa
da migra��o reversa de negros

de volta � Ge�rgia.

D� para ver o resultado oficial

E fizeram isso sem chegar
� maioria de negros.

Isso � enorme.

E com esse movimento,
pode-se mudar um estado.

Mas com essas vit�rias

veio uma rea��o para frustrar
o poder do voto negro

antes das elei��es de 2022.

Acho que o que me desafia
neste momento � que

h� o fator X destes projetos
de supress�o de votos.

Tem muitas pessoas no poder agora,
hoje, na Ge�rgia

que acreditam na grande mentira

e que est�o usando 2022
como uma chance de recuperar a bola.

E esses imigrantes reversos

essa gente que est� voltando
de Nova York, Washington e Chicago

torna mais dif�cil definir
distritos de maioria branca.

Mas eles continuam tentando.

Acredita mesmo
que eles acreditam nisso

ou que eles est�o usando isso
porque queriam assim mesmo?

N�o sei se importa.

Porque eles est�o tomando medidas,
est�o fazendo coisas

e o que n�o conseguiram
com a viol�ncia de 6 de Janeiro

eles recorreram � legisla��o estadual
por todo o pa�s.

Mais de 400 leis antivoto
introduzidas em 49 estados.

A Ge�rgia foi dos primeiros

pois sabemos inovar
no quesito supress�o do eleitor.

O projeto de lei do Senado � o 202.

� uma enorme e abrangente
supress�o do eleitor

Voc�s, negros,
nunca mais v�o se safar dessa de novo.

Cria cinco novos crimes

relacionados � vota��o

como a criminaliza��o
de atividades de engajamento nas filas

como dar �gua aos eleitores,
o que � muito hostil.

O que n�o foram capazes
de fazer com a viol�ncia

foram muito bem-sucedidos dentro
dos poderes legislativos estaduais

em todo o pa�s, inclusive na Ge�rgia.

Mas nas prim�rias, ainda vimos
uma grande participa��o eleitoral.

- Isso mesmo.
- Os defensores

da resist�ncia eleitoral dizem

"Isso significa que voc�s,
que estavam dizendo

que isso vai criar um problema
para os eleitores, estavam mentindo.

E temos mais eleitores,
n�o menos eleitores."

Como responde a isso?

Acho que � por causa das campanhas

por grupos como o nosso,
o Projeto Nova Ge�rgia.

� porque os americanos n�o gostam
quando voc� tira as coisas deles.

E as pessoas entendem que,
at� conseguirmos mudar os l�deres

o comparecimento esmagador,
a participa��o esmagadora

s�o a �nica coisa que temos

que pode garantir
que a vontade das pessoas

se reflita nos resultados das elei��es.

Ent�o, Elijah, aonde vamos agora?

Vamos para Powder Springs, Ge�rgia.

Vamos passar um tempinho l� hoje,
nos comunicar com eleitores.

Como entrou nesse trabalho?

Eu nasci e cresci
em um dos bairros mais perigosos

no lado oeste de Chicago, Garfield Park.

E frequentei a Faculdade Morehouse

e me formei em ci�ncias pol�ticas.

Conhecendo o ambiente de onde vim

senti que ningu�m estava
disposto a investir

a ver mudan�as na comunidade.
Ent�o eu assumi a responsabilidade.

Precisa ter coragem para bater
� porta de um estranho

sem saber quem vai atender?

Vou contar uma hist�ria de 2012.

Nos deixaram neste bairro,
e um homem branco, um pouco mais velho

abriu a porta.

Enquanto falava, ele se mexeu.

Continuei falando
e vi o que ele estava fazendo.

Ele pegou uma espingarda.

Eu disse: "Me desculpe por incomodar.
Muito obrigado. Tenha um bom dia."

Eu fui at� o vizinho.

Para mim, foi um momento de defini��o...

porque sei que meu trabalho
tem um prop�sito

e � importante para mim.

E naquele momento.

Se ele atirasse em mim,
minha vida n�o importava.

Nossa! Impressionante.

Este � um bairro ador�vel,
parece t�o tranquilo.

Certo. Vamos l�.

Certo. Vamos para a casa ao lado.

H� uma porta de garagem logo ali.
Tem algu�m em casa.

Tem algu�m ali.

Precisam de um belo aumento
para estarem aqui nesse calor.

Ele se escondeu atr�s do sof�.

Sei que n�o vai tirar
fotos minhas assim, certo?

- Voc� � linda.
- Ol�.

- Ol�.
- Como vai?

Bem, e voc�?

Voto desde que pude, aos 18 anos.

Defendo isso, mesmo para as jovens
enfermeiras com quem trabalho

que eu chamo de meus beb�s.

Eu as fa�o ir votar quando n�o querem.

- Sim, senhora.
- Quando n�o temos a oportunidade

n�s precisamos dar tudo de n�s.
Nossa vida depende disso.

Antes de mais nada,
obrigado por ser enfermeira.

Sei pelo que passou...

- COVID.
- Nos �ltimos dois anos e meio.

Estou dizendo que foi...

Exigiu muito da minha alma...

e as pessoas n�o sabem...

se n�o veem as pessoas morrendo
na frente delas como eu vi

elas nunca saber�o.

E eu lembro que no ensino m�dio

minha orientadora me perguntou
o que eu queria ser.

E eu disse enfermeira.

Sabe o que ela me disse?
Voc� nunca poderia.

Pode imaginar?

- N�o provei que ela estava errada?
- Exatamente.

Nosso povo lutou tanto.

Fomos n�s que constru�mos este pa�s.
Est� bem?

E precisamos lutar por isso.

E come�a com o Sul.

Sou de Nova York regularmente.
Originalmente.

Estou aqui h� 14 anos, mas...

Por que se mudou?

Por isso.

Mas quero que saiba que estou a�.

Eu sou uma lutadora e vou garantir

que todo mundo que eu conseguir vai votar.

Sei disso.

- Obrigado, senhorita Ford.
- De nada.

Muito obrigada.

Obrigado.

E obrigada pelo que est�o fazendo

e o que puder fazer para ajudar,
estarei aqui.

Estamos recebendo volunt�rios.

Falamos de carona �s urnas

- N�o.
- Falamos de carona �s urnas

e tamb�m oferecemos carona
para muita gente em todo o estado.

Eu adoraria...

Fiquei muito energizado pelo tempo
no Projeto Nova Ge�rgia

e por sair com os membros daquele grupo.

Ver as pessoas trabalhando
todos os dias.

Dias longos, o calor da Ge�rgia,
ainda batendo nas portas.

Foi realmente afirmativo e encorajador.

O conceito faz sentido aqui em Atlanta.

Mas a topografia de poder negro
e a migra��o reversa

ser� diferente de estado para estado,
de cidade para cidade.

Mas h� pessoas em outras partes do Sul

convencidas

de que o poder est� pr�ximo
o bastante delas

para acessarem do mesmo jeito
que as pessoas aqui em Atlanta.

BEM-VINDO
� CAROLINA DO NORTE

RALEIGH, CAROLINA DO NORTE
23% NEGROS

As pessoas falam da Carolina do Norte
como a Nova Ge�rgia

a possibilidade de ser uma nova Ge�rgia.

Tem muitos ingredientes.

A abertura de neg�cios por negros
est� indo bem.

A aquisi��o de im�veis por negros
tamb�m est�.

Os negros est�o indo bem.

H� muita migra��o reversa de pessoas
na Carolina do Norte.

H� muita pol�tica progressista.
Muita energia envolvida com a pol�tica.

Obama ganhou na Carolina do Norte
em 2008

D� pra ver que a mesma coisa
pode come�ar a se desenvolver

se conseguirmos que mais negros voltem
para a Carolina do Norte

e os ativistas em campo

os organizem em um poderoso
bloco eleitoral.

MUITOS CAMINHOS PARA A LIBERTA��O
ACHE O SEU

Antes de tudo, eu adoraria
que a migra��o negra reversa

acontecesse em uma taxa maior
do que agora.

Tem um di�logo interessante

entre os que migram
e os que s�o daqui

que o migrante diz

"Voc� precisa se ativar.
Precisa acordar. Esse � o problema.

Esse � o que te oprime. � isso
que vivemos no lugar de onde eu venho.

Nunca tolerar�amos isso."

Mas eles tamb�m podem
se distanciar um pouco

por n�o saberem muito sobre a pol�tica
das nossas �reas locais

ou das cidades da Carolina do Norte.

S� precisamos educar.

Voc� � fundadora
do Projeto Nova Carolina do Norte.

Fale sobre isso.

Basicamente, come�ou por eu ter
sido inspirada por Stacey Abrams

e pelo que est� acontecendo
na Ge�rgia.

Mas tamb�m fui surpreendida
pelos incidentes do 6 de Janeiro

depois de termos tido esse momento
hist�rico de vit�rias na Ge�rgia.

Tr�s dias depois,
eu conversei com um figur�o

da pol�tica na Carolina do Norte.

E foi a� que acredito
que Deus falou comigo: "Organize-os."

O que dizer �s pessoas com quem
est� falando sobre o que est� em jogo

nesta elei��o?

N�s falamos a real. Damos fatos a eles.

Todas as liberdades que conhecem
est� em jogo.

Agora, nesta elei��o.

Est�o bonitos! N�o est�o?

� bom ver todos voc�s, fam�lia.
Estou muito feliz de estar aqui hoje.

Sou Cheri Beasley e sou candidata
ao Senado americano.

Cheri Beasley.
Qu�o importante � essa elei��o?

Est� otimista quanto � campanha dela?

Cheri Beasley foi chefe de justi�a
do nosso estado.

Ela �, de longe,
a candidata mais qualificada

n�o por ser negra, ou mulher

� a candidata mais qualificada

de todos os tempos
para o Senado pela Carolina do Norte.

E ela se importa muito
com a Carolina do Norte.

Venho de uma fam�lia que ca�a

faz parte do que somos
como moradores da Carolina do Norte.

Mas sei que muitos dos nossos filhos
t�m medo de ir � escola

por isso � importante sermos fortes
na quest�o das armas.

Al�m de fazer hist�ria,
garotinhas e garotinhos

ligar�o o destino deles ao dela.

Ligamos nosso destino �s pessoas
que vemos em posi��es de poder

e devemos ligar nosso destino
a pessoas como ela.

Agora, o que me incomoda
sobre a campanha dela

� que n�o � considerada
uma das melhores campanhas

para o senado em todo o pa�s.

H� outros estados que t�m prioridade.

Ent�o o aparato nacional democr�tico

n�o faz investimento suficiente?

Que o Partido Democrata Nacional
isolou esta regi�o como republicana

e eles n�o gastam dinheiro?

� o que est� acontecendo
na Carolina do Norte.

E � muito frustrante

porque tudo o que reprimimos
de uma candidata como ela

precisa ser jogado na campanha.

Sinceramente acredito
que um dos motivos

dos partidos democrata e republicano
n�o participarem de corridas estaduais

principalmente com negros concorrendo
e implorando por dinheiro

� que os negros ainda n�o demonstraram
que podem vencer.

Eles t�m os n�meros
e podem entregar esses estados

a n�vel presidencial.

O que o Partido Democrata n�o percebe

� que as pessoas em campo
realmente sabem do que est�o falando.

Nossa organiza��o n�o foi fundada
com um partido em mente

porque eu n�o queria
que o partido mandasse.

Eu queria liberdade e flexibilidade

pra fazer o que as pessoas da comunidade
sempre acham melhor.

Certo. Certo.

J� o partido diz:
"Vamos nos encontrar para um drinque

e ligamos se estivermos interessados."

Sempre me preocupava com os �nibus.

Isso sempre tirava jovens
do palco de formatura.

Eles iam embora e nunca mais voltavam.

Estamos come�ando a ver os que entraram
nesses �nibus, h� anos, voltando.

Voltam com novas ideias.

Mas aqueles que t�m o poder
e n�o querem dividir esse poder

far�o tudo o que puderem
para atrapalhar.

E agora as regras parecem estar
mudando para qu�? Pra traz�-lo de volta.

A redistribui��o de distritos
est� aqui h� s�culos.

Tem sido mal utilizada
pelos democratas e republicanos.

Trata-se de quem controla o poder.

Ao vencedor, os esp�lios da guerra.

Na Carolina do Norte, a Assembleia
Legislativa usa redistribui��o

ou manipula��o para tornar distritos
eleitorais tradicionais negros

em novos distritos
que n�o s�o mais negros.

Para evitar que pol�ticos negros
sejam reeleitos, como Toby Fitch.

Servi durante 20 anos.

Lutei por voc�s minha vida toda

s� que n�o se chamava Condado de Wayne.

Mas as pessoas queriam
igualdade e justi�a

e queriam bons servi�os
do seu governo

e queriam algu�m para ouvi-las.

Ent�o voc� foi transferido para uma �rea
demogr�fica com menos negros.

Como voc� fica em termos de campanha?

Primeiro, te colocam em um distrito
onde voc� n�o sabe nada

e onde n�o sabem nada sobre voc�.

E o distrito ficou
majoritariamente republicano.

Eu disse: "A �nica coisa que posso fazer
� me esfor�ar para dizer

que me importo com gente,
a quem servi por mais de 40 anos."

O que sempre deu certo na pol�tica
� as pessoas conhecerem voc�.

O problema � que demora muito.

Sabe, a minha proposta
n�o � democrata ou republicana.

� do poder negro.

Mas alguns acham que a Carolina do Norte
t� prestes a fazer o que a Ge�rgia fez.

Agora � a hora. Agora � o momento.

S�rio.

Gosto da ideia de quebrar todo o sistema

para criar um sistema no qual
republicanos n�o podem ganhar

sem conquistar todos no eleitorado,
inclusive negros.

Um no qual os democratas
n�o podem subestimar voc�

porque voc� pode conquistar estados.

8 DE NOVEMBRO DE 2022

SEDE ELEITORAL,
PROJETO DA NOVA GE�RGIA

Demos mais de 100 caronas �s urnas hoje.

Com pelo menos 111 pedidos
sendo atendidos.

Voc� disse 18h15?

Muito claro.

Vamos continuar vendo
os n�meros chegarem.

Mas fora isso, vamos comer

tamb�m vamos nos divertir e curtir

porque tem sido
uma elei��o muito longa.

A ju�za Beasley e a senadora Fitch
perderam as elei��es.

Na Ge�rgia, Stacey Abrams perdeu
a segunda elei��o para governadora

mas Raphael Warnock conseguiu
for�ar um segundo turno

apesar da supress�o de votos.

E em Maryland

eles elegeram seu primeiro
governador negro

e podem assumir
a Assembleia Legislativa do estado.

Que � onde mudan�as
transformadoras acontecem.

Sabe, 32 por cento da popula��o
de Maryland � negra

� quase como na Ge�rgia

e � animador porque diz a mim
e a outros negros

que s� precisamos de mais alguns.

Come�amos em casa, na Ge�rgia.

O Democrata Raphael Warnock
vence no segundo turno

contra Hershel Walker
por quase 100 mil votos.

Estou nessa porque tenho tr�s filhos
e a ideia de deixar este mundo

e eles ainda estarem lutando
as mesmas batalhas

que eu tenho lutado

e que minha m�e, meu pai
e seus av�s lutaram

� exaustivo e irritante.

Este � o cemit�rio negro
em Mount Lebanon.

Atr�s da cerca fica o cemit�rio branco.

Aquela cerca separa
esses dois cemit�rios, um do outro.

Decidi que serei enterrado
com minha fam�lia.

Significa que, de alguma forma

vou ceder � segrega��o
porque este � um cemit�rio segregado.

E eu entendo que este � o Velho Sul.

Mas se vou fazer isso

quero ter certeza
de que deixei minha marca

e ajudei a criar um ambiente pol�tico
que � um Novo Sul.

E o benef�cio pode n�o ser meu
durante a vida, espero que seja.

Mas pode ser da pr�xima gera��o.

Podemos levar as pessoas a uma terra
prometida que n�o conhecemos

onde os negros t�m mais controle
sobre seus corpos

mais a��o e mais poder.

BASEADO NO LIVRO
DE CHARLES M. BLOW