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"Existem algumas lacunas, com certeza,
que ir�o nos mostrar novas coisas."

"Existem algumas lacunas, com certeza,
que ir�o nos mostrar novas coisas."

Ontem � noite, havia luar.

Eu nem precisei olhar para cima.

A lua refletia-se na �gua.

Escuto ru�dos.

Talvez ou�a as folhas caindo.

Por vezes, animaizinhos andam por a�.
Alguns deles em mim.

N�o estou assustada.

H� paz aqui, talvez seja por isso.

E se eu ficasse deitada assim
para sempre?

Por que n�o?
Desde que eles n�o me firam.

"Ele" me trouxe aqui.

Primeiro, todos os ru�dos desapareceram.

Ent�o, escutei a floresta.

Agora, analisemos mais profundamente.

A primeira coisa que dizemos aos que
chegam � Delegacia de Homic�dios �:

Se olhar as coisas de uma perspectiva
s�, voc� v� apenas uma coisa.

Aquilo que voc� v�, o trar�

� solu��o ou vai se interpor
entre voc� e a realidade?

Parece complicado, n�o?

Deixe-me reformular.
Voc� olha isto e voc� v� isto.

E diz: "� isto!"
"Este � o assassino."

E se n�o for?
Voc� pode estar errado?

Claro!

Talvez n�o possa enxergar isto
de onde estiver olhando.

Beco sem sa�da.

O que fazemos?

-Mudamos nossa posi��o.
-Como?

Deixamos o beco e entramos em outra rua.

Encontramos um caminho de onde
poderemos enxergar � frente.

Certo.
Mudaremos nossa perspectiva.

Encontraremos uma brecha e
dali procuraremos enxergar a realidade.

-Seu nome � Hasan, certo?
-Hasan, sim.

Observe as pessoas ao seu redor.

Tente imaginar o potencial
criminoso delas.

Um pintor olha um quadro na parede,

assim que ele entra pela primeira vez
numa casa. � a chamada percep��o.

Os policias da Homic�dios

sempre procuram os suspeitos.

Suspeita, sempre suspeita!

� tudo por hoje.

Mande isso o mais r�pido poss�vel,
entendeu?

-Avise-me assim que for mandado.
-Est� bem, senhor.

Uma m�o foi encontrada
no p�ntano da floresta, em �elamli.

V� at� l� imediatamente e passe-me
as informa��es por telefone.

-N�o estamos de plant�o, senhor.
-Eu sei, �dris.

Mas a equipe de plant�o est�
trabalhando com outro caso.

Eles n�o podem estar em 2 lugares
ao mesmo tempo.

-Convencido?
-Murat �nep falando.

Voc� n�o consegue manter a boca fechada!
Passa a vida falando. V� busc�-lo!

-Senhor, Tahir Ak�a ligou.
-Quem � ele?

Encontramos o corpo de seu filho
no quintal, no galinheiro.

-Eu me lembro, o que tem isso?
-Vai ajudar no interrogat�rio?

-Senhor, vamos conversar?
-O qu�?

-Vamos conversar?
-V� ao meu escrit�rio. Estarei l�.

Quero que me para o interrogat�rio.

-E quanto ao telefone.
-Muharren Buhar falou. Ele confessou.

Esperemos que ele n�o mude de ideia,
quando seu advogado chegar.

-E h� aquele outro caso.
-Ch�, senhor?

-Em qual caso voc� est�?
-Seu pai foi morto no carro. Seu filho.

Acho que foi ele. Ele est� chorando
muito por ele. � muito choro.

-Feito?
-Feito.

Por que voc� ainda est� aqui?

O promotor � Macit Hakman.
N�o deixe que ele me encontre.

Eu n�o gosto daquele homem.
V� agora!

N�s iremos, mas o que devemos fazer
a respeito do pessoal?

Que pessoal?

Estamos com m�o-de-obra reduzida h�
2 meses. Temos trabalhado dia e noite.

�dris est� certo, senhor.
N�o podemos continuar.

Escolha entre um dos novatos.

Precisamos de gente com experi�ncia...

-V� chamar aquele garoto.
-Qual deles?

Aquele que respondeu minha quest�o.
Penso que seu nome seja Hasan.

Por que ele? Ele � adequado?
Tem o perfil condizente? Quem � ele?

�dris, apenas traga-me o menino.

Est� bem, est� bem.

-Diga-me, filho.
-O que devo lhe dizer, senhor?

O que estudou? De onde veio
e para onde vai?

-Antes da delegacia?
-Sim.

Estudei antropologia.

-Atualmente, escrevo minha tese.
-Sobre o qu�?

Sobre assassinos seriais na Turquia.

Foi por isso que escolhi a Homic�dios.
E felizmente fui escolhido tamb�m.

H� assassinos seriais na Turquia
dos quais n�o temos not�cia?

N�o, n�o h�. � o que minha tese aborda.
Por que n�o h�?

O t�tulo de minha tese �:
Uma Avalia��o Antropol�gica

de Assassinatos Seriais como
Produto �nico da Sociedade Ocidental.

� um t�tulo chamativo, mas
voc� n�o precisaria ir � universidade

para descobrir por que n�o h�.
N�s lhe dir�amos.

-Voc� � casado?
-N�o.

-Tem namorada?
-Tenho, senhor.

-E � s�rio.
-Mais ou menos s�rio.

Ela tamb�m � atropopopologista?

Isto realmente importa?

-Fique perto de mim e anote tudo.
-Est� bem.

-Boas!
-Boas, Serdar. Ol� para todos.

-�dris, como vai?
-Bem, obrigado. Kadir est� aqui?

At� que enfim voc� chegou!
Est�vamos esperando por voc�.

Demoramos, � certo,
mas o tr�fico estava insuport�vel.

Procurador Macit, n�o era nem para
estarmos de plant�o hoje. Oi, Doutor!

Deixe-me apresentar-lhes. O novo membro
da nossa equipe, Hasan R�fat Adig�zel.

Boa sorte. Como deveremos
cham�-lo, Hasan ou R�fat.

-Pode ser Hasan, senhor.
-�timo. Qual � a situa��o?

Morte suspeita. At� agora,
s� encontramos um bra�o mutilado.

-A busca est� em andamento.
-A equipe � �tima.

-Nenhuma outra parte do corpo?
-Nada.

-Quem o encontrou?
-Aquele rapaz ali.

O gar�om da casa de ch� do outro lado.
Foi ele quem nos chamou.

N�o viu ningu�m suspeito. A frequ�ncia
n�o � muito alta nesta esta��o.

Deixe-me dar uma olhada na m�o.

Esperemos que as outras partes
venham � tona. S� uma m�o fica dif�cil.

Hasan, diga "oi" para a m�o.

O que est� fazendo?
Isto � uma evid�ncia.

Posso dar uma olhada?

Que esp�cie de incis�o � essa, doutor?

Penso ser um corte com faca,

mas estou dizendo sem analisar.

Parece que foi cortada ap�s a morte.

O sangue havia deixado o corpo.
As contus�es confirmam, tamb�m.

-Parece a m�o de uma crian�a.
-Poderia ser de uma jovem, tamb�m.

-H� uma unha esmaltada.
-Certo. � a m�o de uma jovem.

Precisamos de ajuda aqui.
Por favor, algu�m nos d� uma m�o.

Vamos, Hasan, voc� disse "oi" para a m�o

e agora vem
uma experi�ncia completamente nova.

Voc� trabalhou direito.

Eu vi muitos novatos desmaiarem
no primeiro dia deles.

Encontrei um osso.

� prov�vel que seja de animal.

O que est� procurando aqui?

Algo que possa ser usado como evid�ncia.
O bra�o foi cortada com uma faca.

Comece com a faca, em seguida
seringa, roupa de baixo, batom,

bolsa, carteira de motorista, RG.
Eles n�o ensinaram

estas coisas para voc�?
Vamos em frente.

Onde estou?

Estou em v�rios lugares.

Estou em todas as partes.

Estou dispersa.
Eu desapareci.

-Eu n�o assisto mais a jogos.
-O que aconteceu?

Os jogadores n�o conseguem andar,
quanto mais correr.

Trabzonspor � uma hist�ria diferente.
Aquilo � meu sangue.

�dris, diga � I.C.C.

que aqui h� impress�es de botas e pneus.

Diga-lhes que fa�am os moldes
e as fotografias.

-N�o se esque�a sobre amanh� � noite.
-O que tem amanh� � noite?

Aposentadoria do Detetive Mustaf�.
Na cafeteria Irm�os Halit.

Siga os forenses.

Que tal uma bebida ap�s o trabalho?

N�o quero fazer Kezban esperar. Ela
cuidou de minha esposa o dia todo.

S� um trago.
Novato, voc� tamb�m.

-Como vai sua esposa?
-Vai bem.

Primeiro, vamos estabelecer o formato
da investiga��o.

Voc� me trouxe sem estabelecer
um formato.

O formato leva apenas 2 minutos.
Vamos desfrutar o momento.

Lavei minhas m�os e rosto
v�rios vezes. E ainda cheira.

Vai feder um tempo. O cheiro
de um cad�ver permanece.

Sa�de!

N�o se preocupe com isto.
Tudo tem seu tempo certo.

Ent�o, sua m�e est� em Ancara.
E seu pai?

Papai faleceu.
Minha m�e vive com minha irm�.

A sua namorada mora aqui?
Ela trabalha?

Sim. Al�m de ter um restaurante,
tamb�m � a�ougueira.

Dona de restaurante e a�ougueira.
Interessante.

Seu pai � dono de casas de carne.
� neg�cio de fam�lia.

-O senhor � casado?
-N�o precisa ser formal comigo.

Ele era casado, mas � louco.
N�o conseguiu manter o casamento.

Voc� tamb�m?

Era eu quem segurava o casal.

Sim! Por que voc� n�o conta para ele?

Ele sequestrou a pobre menina.

N�o, comece por:
"Eles n�o permitiam o casamento."

A� voc� conta a hist�ria
e n�s ouvimos.

Ele raptou Asiye, mas
a fam�lia veio atr�s dele.

Queriam matar �dris.

A fam�lia dele tamb�m
tem o estopim curto.

S�o da regi�o do Mar Negro.
Bando de loucos.

Estavam prestes a come�ar uma briga.

� �poca, eu estava locado
em sua cidade natal.

Seu pai e eu ficamos muito amigos.

Ele me ensinava como construir barcos.
Costum�vamos pescar juntos.

De qualquer sorte,

Cemil, pai de �dris, disse

Por mim, eles lhe dariam um tiro
e ele aprenderia a li��o.

Mas sua m�e ficaria muito triste.
"O que pode fazer quanto a isto"?

Ele me disse:
"N�o h� nada que possa fazer?"

Eu faria qualquer coisa por Cemil,
ent�o eu falei com as duas fam�lias.

Eles o perdoaram. Eu salvei sua pele.

Que Deus o aben�oe.

Depois que meu pai morreu no mar,

Ferman tem sido como um pai para mim.

Gra�as a ele, tenho este servi�o.

Nunca poderei recompens�-lo.

Com nosso servi�o,
� dif�cil fazer um casamento dar certo.

Asiye � um pouco doida,
mas � uma boa menina.

Eu a fiz sofrer muito.

Fizemos o poss�vel para dar certo,
mas n�o deu. Com tantas brigas!

Desculpe-me Kezban,
estou meio atrasado.

N�o se preocupe.

Como ela est� hoje?

Voc� sabe, ela pode ficar um pouco
cansada, em dias como hoje.

-Posso ir-me?
-Claro.

Deus a aben�oe.

-Boa noite!
-Boa noite!

Cara, voc� pode esperar um minuto?

-Voc�s beberam?
-Aquele doido, ele insistiu.

-Como foi seu dia?
-Como sempre.

-Encontramos uma m�o.
-O qu�? Uma m�o?

Meu Deus, eu n�o acredito.

O que voc� fez com a m�o?

Enviei para os forenses,
num pacote.

-Est� cheirando aqui.
-S�rio?

Sr. Arda, desculpe-me.

Algo cheira mal aqui.

N�o � poss�vel!
Tem raz�o. H� um cheiro.

Pelinsu, estou falando com voc�.

Vov�, estou ao telefone.
D� um tempo, vai.

Venha pegar suas coisas.

Vovozinha!
Eu ligo para voc� mais tarde.

Voc� nunca escuta o que lhe digo.

Passamos a vida, tentando entender
o que voc� est� falando.

Que tipo de linguagem � essa,
Pelinsu?

Que tipo de linguagem?
Eu n�o fala a linguagem dela.

Talvez fosse melhor que eu aprendesse,
assim poderia entender o que ela fala.

Voc� n�o sabe o que est� dizendo.

Est� falando como sua m�e.

Efecan, voc� comeu?
Voc� jantou, mas eu ainda n�o.

V�o para o quarto, agora.
Pelinsu, voc� tamb�m.

-Mas papai, h� um programa na TV...
-Eu disse agora mesmo!

�dris, seu jantar est� pronto.

Nada igual � comida de casa,
para terminarmos o dia.

�dris, tenho que lhe dizer algo.

O menino nunca est� em casa,
a menina n�o sai do telefone.

-O que aconteceu?
-Nada.

-�dris, o que houve?
-Nada, mam�e.

Todos os dias, acontecem coisa. Roubos,
sequestros. � isto que a preocupa?

Minha m�o n�o � bonita.

As m�os da minha m�e s�o lindas,
mas cheiram cebola.

As m�os de meu pai cheiram
cigarro. Elas s�o escuras.

Ficam mais escuras ainda,
quando ele est� bravo.

Meu av� costumava dizer que
as m�os contam hist�rias.

Meu av� contava hist�rias
com suas m�os.

As pessoas encaravam
suas m�os.

Ele dizia que cada m�o tem sua hist�ria.

Acho que ele podia ver.

Quando olho para minhas m�os,

S� vejo unhas ro�das.

Est� bem, entendi, e da�?

Avan�aremos quando ouvirmos
o que dizem os forenses e a I.C.C.

Os forenses continuam trabalhar na m�o,

I.C.C. procura pelo resto do corpo.

Vimos a m�o.

As pontas dos dedos foram muito
danificadas pela �gua.

Vai ser dif�cil obter as digitais.

Tudo o que sabemos � que o bra�o
foi cortado com uma faca

e pertence a uma jovem.

Foi mutilada depois de morta.

Doutor, d�-me boas not�cias.

Fiquei acordado a noite inteira
e consegui as digitais.

Voc� � o melhor, doutor!

As digitais precisam ser transferidas
para a I.C.C.

Cuidaremos disto.

De acordo com o desenvolvimento �sseo
da jovem, ela estaria entre 15 e 16.

Foi morta cerca
de 2 a 5 dias.

Havia peda�os de pele sob
suas unhas.

Verificarei o DNA.

Esperemos que a pele perten�a
ao agressor.

Eu lhe pe�o, por favor, apresse-se.

Boas novas.
O legista conseguiu as digitais.

E alguns fragmentos de pele.
Vai verificar o DNA.

A morte ocorreu
no m�ximo h� 5 dias.

Est� bem. Boa sorte em seu trabalho.

-� ele o novo cara?
-Sim.

-Como ele �?
-Bom em teoria, nem tanto em pr�tica.

Hasan, v� at� os forenses,
imediatamente!

Pegue as impress�es digitais

e leve-as � I.C.C.

Aproveite, leia os arquivos de
outros casos. Anote.

Eu vou interrogar.

Leia com aten��o o caso do filho,

suspeito de matar o pai.

�dris, sua esposa est� aqui.

O que faz aqui?

O que voc� fez?

Que esp�cie de homem voc� �?

-Do que est� falando?
-Mandou o pobre homem para o hospital.

-Voc� est� louca?
-Acabou de descobrir isto?

Se ele ficou muito ferido,
deveria prestar queixa.

Voc� � um bandido.

Voc� bate nele e ent�o
mostra-lhe sua ins�gnia.

Como ele pode dar queixa?

Vou perder meu emprego por sua causa.
N�o bula com meu emprego.

N�o consigo sobreviver com
a pens�o que voc� me paga.

Ent�o pare de andar abanando o rabo.

N�o abano meu rabo para ningu�m. Al�m
do mais, sou solteira, vivo como quiser.

-N�o me enlouque�a.
-Voc� j� � louco.

-Eu juro que vou mat�-la.
-Duvido que tenha coragem.

N�o venha buscar as crian�as
este final de semana.

Eu n�o deixarei elas irem.

O que quer dizer?

H� uma ordem judicial.

Foda-se a ordem judicial.

Voc� � um covarde!

Esta noite, despedimo-nos de um caro
colega da Divis�o.

H� muito o que se dizer sobre ele,
mas � melhor abreviarmos.

Boa sorte! A Homic�dios
nunca ir� esquec�-lo.

Aqui um pequeno presente, para lembr�-lo
de n�s, todos os seus amigos.

N�o sou muito de falar, mas
gostaria de lhes dizer que

estou deixando para tr�s um peda�o
de meu cora��o. N�o se esque�am de mim.

Longa vida � Divis�o
de Homic�dios!

Gostaria de que todos n�s pud�ssemos
nos aposentar como ele.

Ele foi um dos caras mais dur�es
da Divis�o.

O dono da cafeteria tamb�m.

O homem perto do Ca�ador � seu xar�.
Ele est� entre as lendas na Homic�dios.

Claro que o Ca�ador � o melhor.

-Por que eles o chamam de Ca�ador?
-Por que eles me chamam de louco?

Porque eu enlouque�o e ele ca�a.

-Al�?
-Como est� a festa?

Bem. O que h�?

Meu pai quer encontr�-lo,

ele disse que est� na hora.
Quando poder� ser?

Minha firma se seguran�a precisa
de novas pessoas.

Vou lhe arrumar uma coloca��o l�.
N�o pode viver com sua aposentadoria.

Mustaf�, estou farto.

Passei minha vida inteira ca�ando
criminosos.

Voc� se lembra do caso de
Ragip, de Ey�p?

No final, voc� o pegou.

No final, eu o peguei, mas perdi 14 kg.

-14kg!
-Est� bem.

-Sua namorada?
-Como soube?

Voc� se encolheu, relanceou o olhar,
pareceu um pouco surpreso.

Ficou rubro.
Seu corpo todo o disse.

Mustaf�! Sa�de a todos!

Sa�de a todos! 1, 2, 3!

A�, minha cabe�a. Est� me matando.
E a manh� mal come�ou.

Acontece quando voc� bebe
o que bebeu.

Obrigado.

Ficamos bebendo e eu apaguei.

Nem me lembro como foi
que cheguei em casa.

-Onde ele est�?
-Quem? - O novato!

Ele foi � I.C.C.
Voltar� em breve.

Conseguiram as impress�es digitais.

-Uau!
-� isto! Conseguimos.

Seu nome � Pamuk. Pamuk Seyhan.
Presa por tr�fico,

solta por falta de provas.

H� um endere�o,
mas n�o n�mero de identidade.

Ela � uma crian�a. Apenas 16.

Ela pode ser apenas uma crian�a,
mas � sin�nimo de cifr�o.

Ela me parece deveras inocente,
pobre menina.

Voc� � a crian�a aqui!

Mostre-me uma mulher que seja inocente
e eu cortarei meus pulsos!

Vamos fazer uma visita ao endere�o,

e ver o que descobrimos.

V�o para o carro. Estarei l�
assim que informar o Chefe Murat.

Nem um cachorro suportaria o cheiro.

-Sim?
-Pol�cia.

-O que foi?
-Podemos entrar?

Desculpem a desordem.

-Qual o prop�sito da visita?
-Qual seu nome?

Kamuran, senhor. Kamuran Tora.

Voc� conhece esta pessoa?

-Claro que sim. � Pamuk.
-Ela mora aqui?

-N�o.
-Como voc� a conhece?

Ela costuma ir at� onde trabalho.

-O que voc� faz?
-Gar�om. Pamuk costuma ficar no bar.

Ela � menor de idade,
mas o chefe n�o se incomoda.

-Com o passar do tempo, ficamos amigos.
-Ela � sua amante?

-N�o, eu sou homossexual.
-Voc� tem seu n�mero de telefone?

-Claro!
-Ela deu seu endere�o � pol�cia.

Bem, ela tem um namorado, Acid.

-O que quer dizer?
-Seu apelido � Acid. Ele trafica.

Acid �mer. Ele costuma traficar no bar.
Um perfeito imbecil.

Ele bate nela constantemente.

Pamuk vinha ficar comigo uns dias,

depois voltava para o cretino.

Eles a prenderam por tr�fico,

mas ela n�o fazia ideia
do que levava na bolsa.

O idiota estava usando-a.
A pol�cia a liberou.

Deve ter dado meu endere�o na delegacia
assim n�o o entregaria.

Ela vai me colocar em embrulho.
Aqui seu n�mero.

Voc� tem o n�mero de Acid?

N�o. Ele o muda constantemente.

Ele est� sempre por perto,
mas ningu�m sabe onde ele mora.

-Qual a idade dele, aproximadamente?
-Definitivamente, � mais velho que ela.

Talvez entre 20 e 25.

�dris, levante informa��o sobre
Acid �mer com a Narc�ticos.

-Ningu�m responde.
-Pamuk tinha algum outro namorado?

N�o, ela era loucamente apaixonada
por aquele canalha.

Ela � do bairro e tudo, mas
Pamuk � realmente muito doce.

Ela � macia como algod�o.

-Acha que Acid ir� ao bar esta noite?
-Ah, vai!

Se ele for, chame-nos neste n�mero.
Estaremos por perto.

Hasan, pegue o endere�o
e o telefone do bar.

H� algum problema?
Aconteceu algo com ela?

-Se aconteceu, em quem voc� pensaria?
-Claro que no imbecil do Acid.

Ela batia muito nela.

Ele ficava louco quando
Pamuk se recusava a traficar.

Ele lhe encostou a brasa de seu cigarro
no peito, bem defronte aos meus olhos.

Pode descobrir os pulsos?

-Desculpe-me?
-Pode me mostrar seus pulsos?

Voc� conseguiu informa��o sobre o Acid?

Sim, est� aqui.

E se ele n�o chamar?

Ent�o, ficaremos de plant�o aqui
a noite inteira.

E se ele n�o chamar amanh� � noite?

Ent�o, permaneceremos de plant�o
todas as noites, at� que ele chame.

Nosso trabalho � paciente, meu jovem.

Sabe, eu tenho curiosidade em saber
mais sobre Antropologia.

Qual sua curiosidade?

Primeiro, por que estudaria algo com o
nome t�o complicado?

Segundo, o que � mesmo Antropologia?

Primeiro, porque

foi onde eu passei, mas

comecei a gostar. Depois, n�o consegui
encontrar trabalho ap�s a gradua��o.

Por isso, sou um policial.
O que � Antropologia?

Basicamente, podemos dizer
que � o estudo do Homem.

E mais profundamente?

Bem, deixe colocar da seguinte maneira:

Antropologia estuda o porqu� dos
americanos mostrarem o dedo m�dio

e os turcos colocarem o ded�o
entre dois dedos.

� o que a Antropologia estuda.
Agora voc� j� sabe.

Chefe, se me der licen�a...

Est� bem.

-Fale, Yasemin!
-Papai est� convidando voc� para jantar.

� mesmo? O que exatamente ele disse?
Em seu restaurante?

Est� bem, ent�o.

� melhor cuidar-se. Na Divis�o, as
pessoas desgostam de seu comportamento.

O que foi aquilo entre voc� e Asiye,
outro dia?

-Eu estou desconfiado.
-Est� desconfiado de qu�?

N�o � um bom sentimento para
ser cultivado.

Voc� nos ensinou a suspeitarmos.

Voc� disse: "Estejam atentos.
N�o acreditem no que veem.

Se n�o puderem ver,
mudem a perspectiva."

Eu mudei minha perspectiva
em rela��o a Asiye.

Diga isto ao pessoal da Divis�o.

Sim?

Est� bem. Estamos a caminho..

Eu chamo voc� mais tarde.

Hasan, fique aqui e vigie a porta.

Se voc� vir algu�m sair correndo,
corra atr�s.

Acid! Pare!
Pol�cia! Pare!

Peguei voc�. N�o terminamos ainda
com o lance de antropologia.

�dris, olhe por onde est� indo.
Anote o n�mero da licen�a.

J� anotei.
34 VS 4621, escreveu?

Sim!

Primeiro, Antropologia, depois
assassinos seriais.

-Por favor, cuidado!
-Conclu� meu doutorado neste campo.

-�dris, quer que eu dirija?
-Claro que n�o.

-Ele virou � direita.
-Ele virou � direita, � direita.

-Pare.
-Saia do caminho.

Mexa-se!

N�o ouviu o alarme?
Pol�cia!

-Eu n�o ouvi.
-N�o ouviu?

N�o d� para ver?

-Onde diabos ele se meteu?
-Isto � o que d� se fizer merda

e n�o prestar aten��o.
-Voc� viu, o outro carro me cortou.

-Estou falando com voc�.
-Oi, chefe.

Volte.

Pare. N�o � aquele
carro l� longe?

-Chefe, como voc� o enxergou?
-Ele � o Ca�ador, ele v�.

N�o v�. Deixe-o pensar
que n�s o perdemos.

Estacione aqui.

Coloquem r�dios e telefones no mudo.

H� coletes � prova de balas a� atr�s.

Este bairro � sombrio.

Ele est� aqui.
Vamos pedir apoio.

At� que o apoio chegue,
ele ter� levantado voo.

-Acho que devemos ir.
-N�o temos ideia do que vamos encontrar.

� muito arriscado sem apoio.

45-28. Esta��o 45-18.

-O bastardo est� quase indo.
-Ele disse que devemos esperar.

O cara � esperto como uma raposa.
Ele pode antever o perigo.

Apoio est� a caminho.

Senhor, deixe-me dar uma
sondada no ambiente.

-Apenas espere, est�o vindo.
-N�o me sinto bem com a situa��o.

Ou o pegamos esta noite
ou n�o o pegamos nunca mais.

-Ele est� me enlouquecendo.
-N�o se mexa.

Vamos l�, vamos dar um passeio.

N�o deixe ningu�m entrar ou sair.
E n�o se arrisque.

-Ei, irm�o.
-Pol�cia!

Pare.

Muito bem! Voc� realmente fodeu tudo.
O que vamos fazer agora?

-Est� bem. Vamos esperar pelo apoio.
-Escutem-me!

N�o somos da Narc�ticos.
Somos da Homic�dios.

N�o temos problemas com voc�s.

S� queremos falar com �mer.
� tudo.

D�-nos �mer e iremos embora.

Puta que pariu!

Por que n�o escutam?

Dissemos para nos dar Acid e
depois sairemos.

Fique onde est�.

Eu pensei ter colocado em mudo.

Sim, Yasemin?

Vamos nos encontrar com papai
no domingo.

-Sim!
-Vamos marcar para segunda.

Que barulho � esse?

-Fogos de artif�cio.
-Que fogos?

-Onde voc� est�?
-Ligo mais tarde. Estou muito ocupado.

Parado. Eu disse parado. Pol�cia.

Vire-se. Devagar! Devagarzinho!

O que est� fazendo, chefe?

Eu levantei minhas m�os.

Eu lhe imploro.

-Voc� est� bem?
-Fui baleado.

-O qu�?
-Fui baleado.

Voc� est� bem.

A bala parou no colete.

Voc� tem o direito de permanecer calado.
Voc� tem direito a um advogado.

Se voc� n�o tem um,

o Estado lhe prover� um.

Voc� pediu aux�lio,
mas n�o esperou por ele.

� sua fun��o ficar entre fogo cruzado?
Sua obriga��o � pegar criminosos.

Um morto e outro ferido. 2 detetives
sob suas ordens. Arriscou-lhes

a vida. Um oficial tarimbado como voc�
n�o poderia ter feito isto, Ca�ador.

O senhor est� absolutamente certo.
Cometi um erro de julgamento.

Posso pedir demiss�o agora mesmo.

Minha aposentadoria est� pr�xima.
Fa�a como achar melhor.

Agora, desculpe-me.

Confira isto. � o arquivo de Acid.

Meti-o em encrenca, n�o foi? Falarei com
o chefe e lhe direi o que aconteceu.

Est� acostumado a fazer as coisas
do seu jeito, �dris.

Eu ainda sou o chefe desta equipe.

Quando eu me aposentar, voc�
poder� fazer o que diabos quiser.

Mas at� l�, voc� vai falar quando
eu permitir que fale.

Entendeu? Re�nam-se e vamos
para a sala de interrogat�rio.

Voc� est� bem?

E quanto a voc�?

-Uma pessoa morreu.
-A vida de um novato foi salva.

Ele estava fora do fogo cruzado.

Preste aten��o, este � um trabalho sujo,
h� lixo, corpos sem vida,

corpos esquartejados,
odores insuport�veis.

Lidamos com mortos.

Se n�o puder aguentar,
n�o continue.

Agora v� para casa e durma um pouco.

Est� com fome, �mer?
Quer que eu lhe traga um sandu�che?

-N�o, obrigado.
-Voc� a conhece?

-Sim!
-Seu nome?

-Pamuk.
-Pamuk de qu�?

-Pamuk Seyhan.
-Como voc� a conhece?

Estivemos juntos por um tempo.
H� um tempo.

Por que ficou surpreso
ao v�-la?

Talvez porque ele pensasse
que n�o tornaria a v�-la.

-Quando e como voc�s se conheceram?
-H� uns anos,

numa dessas discotecas do bairro.

Ela costumava aparecer por ali.
E eu...

Precisava de algu�m que
transportasse drogas para voc�.

Primeiro, voc� fez com ficasse
viciada.

Era al�rgica a todos os tipos de drogas.
Ela n�o se drogava.

Al�m do mais, �ramos muito chegados.

N�s realmente nos am�vamos.

Se voc� a amava tanto,
por que batia nela?

-Mentira! Quem est� inventando isso?
-Voc� conhece sua fam�lia?

-Sim.
-Ent�o, sabe onde ela mora.

Sim, vou lhes dar o endere�o.

Voc� nos dar� o endere�o, depois
que contar o que aconteceu.

-O que aconteceu?
-Parece que voc� poderia nos dizer.

Estivemos acordados a noite inteira.

Diga-nos, de modo que possamos
ir para casa.

Por favor, chefe, eu n�o fiz
coisa alguma.

Se n�o fez, por que
saiu correndo, seu bastardo?

Chefe, eu pensei ser Narc�ticos.
Eu tenho problemas com eles.

Sabemos de tudo.
Voc� at� usou uma faca.

Faca? Quer dizer que ela foi morta?

N�o brinque conosco.
Como se n�o soubesse.

Que faca?
N�o consigo nem cortar p�o.

Juro por Deus.
N�o tenho nada a ver com isso.

Eu n�o a matei.
Ela era minha amante.

Eu a amava e ela a mim.

O que ela viu em voc� para am�-lo?

Meus olhos s�o azuis.
Era o que ela costumava dizer.

Ela o amava e voc� a enchia de porrada.

Eu batia nela, mas era s�.
Eu n�o a machucava.

Seu filho da puta. Encostou a brasa
do cigarro no peito dela, seu psicopata.

Apenas fale.

Eu estava drogado. Estava alto.
Nem mesmo me lembro.

Fiquei sem a ver por um tempo.

Mostre-me a pessoa mais importante do
mundo e jurarei por ele que n�o o fiz.

Mas voc� sabe quem o fez!

H� algu�m de quem suspeita.

Est� bem, se n�o for dizer nada,

eu vou escarafunchar
toda sua vida.

Falarei com o promotor,

para que o prenda para sempre.

Ah, e vou dizer que voc� �
acaguete da Narc�ticos.

Por enquanto, voc� fica 3 dias preso
para ter tempo de pensar.

Veremos se tem algo para nos dizer.

�dris, pegue o endere�o dela.

Confira todas suas liga��es.

E mostre-me seus bra�os.

Vire-os. Arregace as mangas.

N�o sabe que todos os nossos homens

s�o iguais, t�o obstinados.

N�o � verdade.
�dris mudou muito.

Este emprego acabou com ele.
Cada assassinato o faz mais louco.

O que quer que fizesse, que olhasse,
ele desconfiava.

Come�ou a me seguir.

Buscava por significados ocultos
em cada palavra que eu dizia.

Isso � coisa que se fa�a?
Quem pode suportar tal tormento?

Como se pode viver com um
marido paran�ico?

Paran�ico?

H� dois dias, encontramos
a m�o de uma garota.

Talvez ela estivesse fugindo
de algu�m.

Talvez se seus pais tivessem sido mais
paran�icos, tudo seria diferente.

Reze para que o mesmo n�o
aconte�a com voc�.

N�o quero ir para um aterro
procurar pelo seu cad�ver.

J� lhe disse. N�o levar� as crian�as.
N�o deixarei ela irem.

-Como assim, n�o vai deixar?
-Eu apenas n�o vou. Adeus!

Viu, mam�e?

Ele, realmente, est� louco!

-V� o que ele est� fazendo?
-Escute-me!

Voc� est� punindo as crian�as,
n�o sua esposa.

Elas querem ver a m�e.
Pare de agir desta maneira.

Pois n�o, chefe?

Estou em casa.

-Al�?
-Venha imediatamente.

-Voc� nunca dorme?
-N�s nunca dormimos.

Pode me dizer por que est�o aqui,
oficial?

M�sl�m Bey, aqui n�s fazemos as
perguntas e voc� as responde.

Estou escutando.

H� mais algu�m na fam�lia,
al�m de Pamuk?

Ela tem dois irm�os.
Abbas e Vakkas.

-Onde eles est�o?
-Trabalhando.

Sabe onde sua filha est�...

Hatun Hanim?
-N�o, oficial.

Deram queixa do desaparecimento?

Por qu�? Ela n�o est� desaparecida.

-Ent�o sabem aonde ela foi?
-Sabemos.

Deus a aben�oou com um �timo
lugar para ficar,

mas ela n�o gostou dele.
-N�o fale assim.

Por qu�? Estou mentindo?

-Ela n�o mora aqui?
-N�o.

Ela se casou.
Ela morava com o marido.

Como uma garota de 16 anos se casa?

Battal Bey conseguiu mudar-lhe a idade
para 1 ano a mais e casou-se com ela.

Montou casa para ela,
fez tudo o que ela queria,

mas havia algo demon�aco nela,

ela desistiu de tudo,
para ficar com aquele imprest�vel.

Este homem, ele tem um nome?

�mer. Um perdedor, n�o vale nada.

J� havia algo entre os dois.

Fizemos tudo para separ�-los.
Eu lhe quebrei os ossos.

Seus irm�os bateram nela, mas eles
continuaram a ser ver �s escondidas.

Ent�o, fomos aben�oados com Battal Bey.
Mas agora ca�mos em desgra�a.

Especialmente com rela��o a Battal Bey.

-Sr. Battal?
-Ele � nosso benfeitor.

Eu fui seu jardineiro desde Adana.
Minha esposa era faxineira em sua casa.

-Pamuk costumava ajudar.
-Ele deve ser muito rico.

-Voc�s n�o o conhecem?
-Dever�amos?

Todos conhecem Battal �olakzade.

Este Battal �olakzade
� aquele Battal �olakzade?

Sim, dono da Holding �olakzade.

Sim, possui centenas de firmas. Foi
presidente da C�mara do Com�rcio.

Ele � muito rico.
� nosso benfeitor.

Meu pai foi jardineiro do pai dele.

Ele nos trouxe para Istambul,
antes mesmo que Pamuk nascesse.

Meu filho mais novo � ajudante
de seu novo jardineiro.

Fam�lia grande. Filhos e filhas.

-Espere um minuto. Ele n�o era casado?
-Ele era,

mas apaixonou-se por nossa filha.
Foi a vontade de Deus.

Oficial, diga-me.
O que aconteceu com minha filha?

Hatun Hanim, acreditamos que
sua filha esteja morta.

Achamos que foi assassinada.

Deus d�, Deus toma.

Ela teve o que merecia.

Ela viveu a vida merecendo morrer.

� nosso dever encontrar quem fez isso.

Discutiremos os detalhes na delegacia.

Os detetives conversar�o com os vizinhos.

-Ela tinha um quarto aqui?
-Claro!

Depois que ela se casou,
n�o encostei em nada de minha menininha.

Posso olhar a casa?

Mostre-me seus bra�os.

Ainda h� mosquitos
zoando por l�.

Nada mudou.

Voc� n�o pode adormecer
por causa do som.

Sinto o cheiro do esgoto.

Sinto o cheiro de cebola em minha m�e.

N�o gosto do cheiro.

Minha m�e faz parte da cozinha.

sempre no fog�o,
com uma colher de pau.

Em meu quarto, eu imagino coisas.
Escrevo hist�rias.

Viro fantasma. Desapare�o.

Ent�o, o �dio de meu pai,
a viol�ncia de meu irm�o,

o cheiro de suor do verdureiro,
os gritos das crian�as,

as vizinhas fofoqueiras,
tudo desaparece.

Eu escapo entre hist�rias.
Viro fantasma. Desapare�o.

Pobre menina, for�aram-na a
se casar aos 16 anos.

Sim, mas por que Battal
teve que alterar sua idade?

Uma garota de 16 anos pode se
casar, com o consentimento dos pais.

Imagino que n�o era o suficiente,
ou por que ele se incomodaria?

Agora h� um pe�a muito importante
no jogo: Battal �olakzade.

� ligado a ministros, representantes do
parlamento, burocratas do alto escal�o.

Telefonemas secretos ser�o feitos,
tentar�o nos assustar.

V� atr�s de Battal �olakzade,
interrogue-o. Seja cuidadoso.

Podem ir agora.

Ferman, n�o permita que �dris

perca o controle.

Meus 2 filhos gerenciam 5 restaurantes
de carne. Eu gerencio 3.

Somos uma cadeia. Excluindo minha filha.
Ela tem seu pr�prio neg�cio.

Mas nosso neg�cio � carne,
n�o restaurante. Esta carne.

Minhas ovelhas pastam em
Bursa e Balikesir,

e meu gado � alimentado com
pastagem de �ankiri.

Sabe por qu�? As pastagens t�m tomilho.
O tomilho deixa a carne saborosa.

Meus animais n�o se movem.
Por qu�?

Animais que n�o se movem, engordam.

Animais que se movem,
adquirem m�sculo.

Meus animais permanecem no mesmo lugar.

Papai, j� acabou de falar sobre carne?

Voc� estava esperando algu�m?

-Do que voc� est� falando?
-Eu n�o sei.

Seu cabelo, sua maquiagem, sua roupa.
Voc� est� muito espalhafatosa.

�dris, por que veio aqui?
O que voc� quer?

Primeiro, v� pegar algo para se cobrir.

Sim, estou ouvindo.

�dris, o que � isto?

Por que me olha desta maneira?

�dris, o que h� de errado com voc�?

Oh, meu Deus.
A energia acabou.

�dris, levante-se e pegue a
lanterna da gaveta.

-�dris, levante-se.
-Acalme-se.

-Onde ela est�?
-Dentro da gaveta.

Se voc� sabe onde ela est�,
por que voc� mesma n�o a pega?

Como se voc� n�o soubesse
que morro de medo de escuro.

Mas voc� tem algum vento
em suas velas. Hero�na covarde.

-Qual gaveta?
-Aquela l�.

Voc� tinha medo do escuro quando era
criancinha. � uma mulher feita agora.

-A bateria pifou.
-Viu? Estou aterrorizada.

�dris?
-Hum?

H� velas no naquele arm�rio.
�dris, v� at� l�. Pegue-as.

�dris, j� est� bom.
Chegue mais perto.

Do que me chamou?
Hero�na covarde?

H� algo mais que voc� saiba

que eu tenho pavor?

-Trov�o.
-Tinha quando era crian�a.

E de mim?

Eu nunca tive medo de voc�.

Loucos n�o temem uns aos outros.

Sinta como meu cora��o est� disparado.

Talvez eu seja covarde.

Eu vim para matar voc�.

Por qu�?

Ent�o, mate-me.

Quando eu tiver ido

Eu o conhe�o. Voc� n�o se cuida.

Voc� � esquecido. Descuidado.
Voc� ignora as coisas.

Foi por isto que fiz uma lista do que
deve fazer, quando eu tiver ido.

Estou escrevendo, conforme
vou me lembrando.

Certid�o de casamento,
carteiras de identidade,

ap�lice de seguro est�o na
primeira gaveta.

O rem�dio para gastrite est� na cozinha.

N�o deixe de verificar
o prazo de validade.

Sua roupa de baixo fica na primeira
gaveta do lado de sua cama.

Abbas, Vakkas, n�o desapare�am.

Vamos verificar tudo que falaram.
Se mentiram, v�o pagar por isso.

Mostre-me seus pulsos.

Est� bem, v�o!

Os irm�os est�o envolvidos?

Abbas era quem sempre batia em Pamuk.

Talvez ele tenha batido at�
mat�-la.

Ele diz que foi Acid �mer quem o fez.
Ele est� certo disto.

Eu o pressionei muito.

"Como pode deixar Acid por perto,
sua irm� fugiu com ele?"

Ele disse: "Se o tiv�ssemos encontrado,
ele n�o estaria vivo.

Vakkas disse quase a mesma coisa.
Ele disse que foi Acid, ningu�m mais.

L�gico que ele combinaram
o depoimento.

Vakkas trabalha como jardineiro
para Battal �olakzade.

-� interessante, mas est� rindo do qu�?
-De nada!

Eles s�o realmente grandes.

Estradas, constru��es, t�xteis,
barragens, automotivas.

Sabemos de tudo isso. O importante,
por�m, � podemos ter algo

pessoal sobre Battal?

Eu tenho 80 firmas, que faturam
4 bilh�es de liras por ano,

centenas de milhares de trabalhadores.
Constru��es, energia, t�xteis.

Temos mais de 20% das a��es
do mercado em todas as empresas.

E eu escolhi a aposentadoria.

Passei meus neg�cios para
meus filhos.

� hora de eu me silenciar.

Vou lhes contar uma �ltima hist�ria.
Talvez voc�s entendam, talvez n�o.

Dizem que sou um homem rude.
Pode ser.

Mas n�o se esque�am que em neg�cios,

ningu�m paga polidez.
Intelig�ncia � dinheiro.

Sabem que eu gosto de ca�ar.
� um habito que herdei de meu pai.

Ele me levava para as Montanhas Taurus,
quando eu era crian�a. Somos de Adana.

Ca��vamos sempre que pod�amos.

Quero dizer, ele ca�ava
e eu olhava.

Uma vez, ele atirou num veado e

eu o vi morrer bem defronte a mim.

Seus olhos me encaravam.
Eu comecei a chorar.

Foi a primeira vez que meu pai
me espancou.

Ele me disse: "Filho, se for chorar,
n�o venha ca�ar.

A morte � parte da ca�a."

Ele disse:
"A vida � uma ca�ada.

Ou voc� ca�a, ou � ca�ado.
Fa�a a sua escolha."

Aquele tapa foi uma li��o.
Nunca mais chorei depois daquilo.

Nem no esporte, nem na ca�ada humana.

Esta � a ess�ncia do sistema.

H� ca�ados e ca�adores.
Voc� tem que decidir.

Voc� ser� a presa ou o ca�ador?

-Muito obrigado.
-Voc� escolheu um �timo assunto.

Estou feliz que tenha gostado.
Muito obrigado.

-Feliz que tenha conseguido.
-Seu discurso foi �timo.

Estou aposentado agora. Podem me
chamar quando quiserem. Virei correndo.

Muito obrigado, Battal Bey.

Senhor, somos do servi�o policial

Precisamos falar com o senhor,
com rela��o a uma investiga��o.

-Aqui e agora?
-Onde e quando quiser, senhor.

Vamos, ent�o, para minha casa.
Tomaremos um ch�.

Sigam-nos.

-Voc� espera aqui.
-Por qu�, senhor?

Espere.

Espere um minuto.

Venha.

Ele parece muito satisfeito
consigo mesmo.

Gostaria de ter um rifle
como esse.

-Voc� tem 500 mil d�lares?
-Desculpe-me?

� o pre�o, mas n�o est� � venda.

Era do meu pai.
Voc� gosta de ca�ar?

N�s todos gostamos, mas o irm�o
Ferman � o mais famoso ca�ador.

-� mesmo? O que voc� ca�a?
-A prefer�ncia dele s�o os humanos.

� apenas uma piada.

Deixe-me nos apresentar.
Ele � �dris Altung.

-E eu sou Ferman Tezcan.
-Por aqui.

Estamos aqui, para falar
de sua esposa Pamuk.

-Ela est� em apuros?
-Ela deveria estar?

Eu n�o sei.

H� policias aqui e eles querem me
falar sobre minha esposa.

O que voc� diria?

Eu diria, se ela pudesse
estar em apuros,

por que eu mesmo n�o iria � pol�cia,
antes de eles virem falar comigo?

Eu diria isto.

Desde quando eles mandam a pol�cia
atr�s de uma mulher que fugiu de casa?

N�o � bem de Battal �olakzade, �?

Eu mesmo n�o poderia tomar
conta disto?

Poderia?

O que voc� faria com sua esposa
se ela fugisse de casa?

Chefe Ferman,
o que aconteceu com minha esposa?

Acreditamos que
ela tenha sido assassinada.

Est� bem, senhor.

O que eu disse?
Que um ministro se envolveria

caso Battal �olakzade estivesse
envolvido. Era o ministro.

Nem come�ou ainda.

S� uma m�o?

Encontraremos o resto logo.
H� uma grande equipe � procura.

Por que ela fugiu?

Pergunte isto ao homem com quem
ela fugiu.

Aconteceu alguma coisa
que a fizesse fugir?

Como o qu�?

Como viol�ncia, abuso, amea�a de morte.

Outra vez, pergunte �quele cara
com quem ela fugiu.

Ela experimentou viol�ncia e amea�as
com aquele traficante.

Ele lhes disse que a esfaqueou?

J� devem saber disto.

Se n�o, isto � uma desgra�a para voc�s.

Voc� n�o fez nada para
traz�-la de volta?

Eu dei uma casa para esta menina.
Eu lhe dei o meu amor.

Eu fiz tudo o que ela queria.

Eu ainda tomo conta de minha
primeira mulher. Ainda.

Ela ainda vive sob este teto.

Mas minha nova mulher, ela me
abandonou. E pagou o pre�o.

Se eu poderia traz�-la de volta?
Talvez.

Mas n�o seria o certo.

Sua ex-mulher tem algo a ver
com a sua fuga?

Pelo contr�rio.
Hilal aceitou-a.

Nunca disse nada contra ela.

Tratava-a como a uma filha.

Pamuk era s� uma crian�a,
quando veio aqui pela primeira vez.

Ela cresceu aqui.
Seu pai era meu jardineiro.

Seu irm�o ainda � meu jardineiro.

Quer dizer, o senhor tirou proveito
da fam�lia inteira.

Eu n�o sei o que aconteceu.
Acho que me apaixonei.

Naquela �poca, era com se ela
pertencesse � fam�lia.

Ela quase se perdeu, quando corria
atr�s daquele jo�o-ningu�m.

Eu pensei: por que n�o?
Seu pai sempre quis.

Por que n�o a adotou?

Voc� est� certo.

Ela � mais nova do que
minha filha mais nova.

Mas quem n�o gostaria de ter
uma esposa jovem?

Especialmente na nossa idade?

Acabaram?
Eu tenho muito o que fazer.

Est� bem, senhor. N�o precisa ser agora,
mas precisamos falar com seu pessoal.

Podem falar com meu pessoal e deveriam
ter com aquele bastardo com quem fugiu.

Ele tem a resposta para sua pergunta.

Poder�amos olhar os pertences de Pamuk?

Primeiro, colocamos num dep�sito
e depois demos tudo.

Porque sabia que ela
n�o retornaria?

Porque mesmo que ela voltasse,
n�o seria bem-vinda a esta casa.

Est� bem, n�s j� vamos.

V� voc�, eu vou ao
banheiro rapidamente.

Como voc� entrou aqui?
Saia, imediatamente.

Eu sinto muito.

� muito perigoso aproximar-se tanto
da paciente. Quanta irresponsabilidade.

Aqui � o quarto da filha de Battal Bey,
certo?

-N�o se preocupe, eu sou da pol�cia.
-N�o me importo quem voc� seja.

H� risco de infec��o, n�o �
seguro aproximar-se da paciente.

-Por qu�?
-Por qu�? Voc� � burro?

Poria em risco seu sistema imunol�gico.

Por que as pessoas t�m
parada respirat�ria?

Eu n�o vou perguntar-lhe por que,
pois voc� ficar� bravo.

Que Deus a ajude.

S� os banheiros n�o t�m c�mera.
Eu urinei confortavelmente.

Mas fiquei triste por causa da menina.

Toda a riqueza do mundo
n�o vale nada.

Exatamente, o que h� de errado
com ela?

Insufici�ncia respirat�ria ou
algo assim.

Ele tamb�m disse infec��o.
Sistema imunol�gico.

O m�dico, ele faz mais perguntas do
que d� respostas.

Este Battal � meio nefasto.

Ele n�o me pareceu muito confi�vel.

Por que voc� est� rindo de tudo?

S�rio? Estou rindo?

Um: Acid.
A cara com que ela fugiu.

� um psicopata, drogado,
poderia fazer qualquer coisa.

Ele a esfaqueou,

bateu nela,
queimou-a com cigarro.

Muslum. H� muitos motivos
para o pai de Pamuk tamb�m.

A honra deles, primordialmente.

Ele se sente em d�bito para com Battal.

Eles erigiram uma casa fora da pocilga
onde viviam, com a ajuda de Battal.

A garota apanhou de todos.

A vizinhan�a acostumou-se
com seus gritos.

Irm�os.
Abbas. Vakkas.

Podemos nos perguntar:

Se eles a mataram, por que
deixaram Acid vivo?

Sim, mas disseram: "Far�amos isso
mesmo se a tiv�ssemos encontrado."

V�timas de honra s�o sempre mulheres.

Mas se mudarmos nossa perspectiva,

poder�amos ver isto como um
esfor�o colaborativo.

Battal. Sua esposa fugiu.
Sua reputa��o decaiu.

Ele � um ca�ador ferido,
perdeu sua presa.

Ele queria que fosse feito
e a fam�lia o fez.

H� Hilal, ex-mulher de Battal.

Eles ainda vivem na mesma casa.

Depois de todos estes anos,

provavelmente n�o poderia ter admitido
que se casasse com algu�m mais jovem.

Esperemos que isto n�o tenha a ver
com a fam�lia �olakzade.

Eles t�m os bra�os longos,
que estrangular�o muitos pesco�os.

-Chefe, esta � a situa��o.
-Est� bem. Continuamos a investigar.

Hasan, fa�a uma pesquisa minuciosa
na internet buscando

informa��es sobre os �olakzades.

�dris, voc� e eu vamos atr�s de Acid.

Yasemin, oi!

Ficarei aqui hoje � noite,
podemos cancelar o jantar?

-Aceitaria um cigarro?
-Claro que aceitaria. Deus o aben�oe.

N�o � proibido aqui?

Cara, eis os fatos, se n�o nos contar
toda a hist�ria, estar� por sua conta.

Estamos num impasse.
Todos os sinais apontam para voc�.

-O que quer dizer, chefe?
-Queremos dizer que,

tudo indica que voc�
foi o autor do crime.

A garota casou-se com um cara rico,
mas ela n�o

aceitou. Ele fugiu para encontrar-se
com voc�.

-N�o � verdade?
-Sim, mas...

Ainda n�o acabei.
Tamb�m a esfaqueou e n�o nos disse.

Voc� nos disse que n�o podia
nem fatiar um p�o,

mas aparentemente voc� � habilitado.

O bra�o de Pamuk tamb�m foi cortado
com uma fa�a,

e toda sua fam�lia jura
que foi voc� quem o fez.

Aqui n�o � Narc�ticos ou
Pequenas Causas.

Pode ser condenado � morte.

Mas se souber alguma coisa,
isto poderia mudar seu destino.

Estamos reunindo evidencias,
pr� e contra voc�.

Na pris�o, a hist�ria � diferente.

Se voc� quiser, pode ligar
para seu advogado imediatamente.

Chefe, eu sei de coisas, mas o senhor
tem que me proteger daquele homem.

Qual homem?
Qual homem, meu filho?

Battal �olakzade.

Por qu�? Ele o amea�ou?

Isto n�o tem a ver com Pamuk
fugindo ao meu encontro.

E sobre o qu�, ent�o?
Diga-nos o que voc� sabe.

Podemos coloc�-lo no servi�o
de prote��o � testemunha.

Vamos acabar com isto.

De jeito algum. Podem me proteger. As
coisas s�o mais complexas do que parecem

Se eu for para a pris�o,
n�o sairei de l� com vida.

Eu tenho que desaparecer,
ir para o exterior.

Vamos fazer um trato. Se retirarem
as acusa��es contra mim, falarei.

E voc�s resolver�o o caso imediatamente.

N�o � como voc� julga ser.

Sinto muito, mas tem que ser assim.

Esta feito, certo?
N�o diga n�o para mim.

Temos que esperar.

-Mantemos nossa promessa.
-Obrigada, chefe.

Agora vamos beber ch� em algum lugar
e eu lhe contarei tudo.

N�o, primeiro vamos � delegacia.

Eu o levarei at� o interrogat�rio
e voc� ter� um advogado com voc�.

-Voc� nos dir� tudo.
-Est� bem, chefe.

-Mas tomaremos um ch�?
-Voc� fica falando sobre tomar ch�.

Deixe cair sua arma.

-Quem lhe disse para fazer isso?
-Eu o fiz porque quis.

Voc� matou sua irm� tamb�m.
E pela mesma raz�o.

N�o, se tivesse sido eu,
ficaria orgulhoso disto.

Acid �mer a matou.

Minha irm� fugiu para se encontrar
com ele, e nunca mais a vimos.

Ele arruinou a reputa��o
de nossa fam�lia.

E agora ele pagou por isso.

Quem lhe deu o rev�lver?

Eu o tenho h� muito tempo.

N�o me lembro quem me deu.

Foi seu pai ou Battal Bey?

Vakkas, n�o deixe que eles o usem.

Quem falou para voc� fazer isso?

Meu filho, Vakkas. � verdade?
O que voc� fez?

Mam�e, deixe-me ir.

Eu quero meu filho.

Eu quero meu filho.

Pare com isto!

Por favor, pare com isto.

-D�-me meu filho.
-N�o, mam�e.

O Estado o prover� com um advogado
ou podem arrumar um por sua conta,

e seguir o desenvolvimento do caso
atrav�s dele.

Eu quero meu Vakkas.
-Mam�e!

-Deus lhe d� paci�ncia.
-D�-me meu filho.

Somos bodes expiat�rios?

N�o lhe demos o suficiente?

Ele levou minha filha
e agora meu filho.

Maldito seja!
� tudo por sua causa.

Chefe Pevket, se Pamuk foi assassinada
por Acid, ent�o o caso est� fechado.

-E Vakkas o matou por vingan�a.
-Sim.

-O que tem a dizer?

Ele ordenou isso.
Ele est� por tr�s de tudo.

Ca�ador, estamos falando de
Battal �olakzade.

N�o podemos acus�-lo
sem provas concretas.

Ele � muito poderoso.

-Precisamos mais do que seus instintos.
-N�s encontraremos provas, chefe.

A m�e de Vakkas n�o agrediu
seu marido a troco de nada.

Ela sabe de alguma coisa.

�dris, v� falar com ela,
quando o marido n�o estiver por perto.

Com sua permiss�o,
eu gostaria de visitar Battal Bey

e falar com Hilal Hanim.
Hasan, venha comigo.

A pol�cia est� aqui e eles
querem falar com a senhora.

Deixe que entrem.

Por favor.

Espero que esteja bem, Hilal Hanim.
Viemos ver Battal Bey.

Ele est� no terra�o.

J� que estou aqui, h� algumas coisas
que gostaria de lhe perguntar.

-Estou escutando.
-� sobre Pamuk.

Pobre garota!

Quem poderia ter feito aquilo?

Estou curioso, pois ela fez com
que seu marido pedisse o div�rcio,

para se casar com ela. Deve
ter ficado muito brava e poderia...

Vejo onde quer chegar.

Ela era apenas uma crian�a quando
veio para esta casa.

-Ela era uma de n�s.
-E a nova mulher de seu marido.

Eu nunca levei
esse casamento a s�rio.

Era como um jogo.

Battal fez coisas que nunca faria.

Todos os filhos protestaram. Ele se
casou, mesmo com os protestos de Ceylan.

Ceylan tem um lugar especial
em seu cora��o.

E ela nunca concordou com o casamento.

Ela amea�ou sair de casa.

Embora com sua sa�de t�o fragilizada,

n�o poderia ir embora.

Battal Bey abusou de nossa pobreza.

Eu creio que foi ele quem incitou
Vakkas a fazer o que fez.

Ele provocou meu filho.

Eu juro,

nem meu marido nem seu irm�o
falaram com ele sobre matar Acid.

Pamuk se foi.

Vakkas se foi.

Diga-me se n�o somos bodes expiat�rios.

Ent�o, voc� est� me perguntando
por que Acid foi morto?

Porque sabia de coisas que poderiam me
implicar, mas estava com medo de falar.

Ent�o voc� est� me perguntando o que ele
sabia, por que estava com medo de falar.

� isto que est� me perguntando?
� isto mesmo?

Sim, isto mesmo.

Parafraseando meu pai:
"Como posso saber?"

Por que voc� me pergunta estas coisas?

O bastardo raptou minha esposa.
O irm�o de minha esposa o matou.

A a��o foi feita. O que voc� quer que eu
fa�a? Reze por ele?

Est� bem. Rezarei.
E quanto a Pamuk?

Se eu fosse voc�, eu me perguntaria
sobre assassinatos pela honra.

Algumas fam�lias preocupam-se
muito com a honra.

Alguns pais e irm�os
n�o suportam ofensas � honra.

Alguma outra quest�o?

Asiye. Oi. � �dris.
Podemos nos ver?

N�o, n�o por telefone.
Preciso ver voc�.

Onde devemos nos encontrar?

� minha obriga��o fazer perguntas.
� minha obriga��o pegar assassinos.

H� 2 assassinatos
que precisamos resolver.

Eu sei que estou perturbando voc�,
mas preciso perguntar-lhe algo.

Voc� est� tentando me enganar.

Voc� est� aplicando jogos mentais.

Veja, eu sou um ca�ador, voc� tamb�m.
H� ca�adas em que mira e puxa o gatinho,

e de duas uma, ou acerta, ou erra.

E algumas vezes, voc� prepara
uma armadilha.

Armadilhas n�o fazem um bom ca�ador,
mas elas ainda existem.

Requer habilidade.
E a regra �

que seu jogo n�o deve notar
que h� uma armadilha.

Eu fiz isto. Voc� acha que
eu sou uma ca�a f�cil de ser enganada?

Sua mente n�o � p�reo para a minha.

Volte aqui, quando tiver algo a dizer.

N�o venha bater em minha porta
a qualquer hora.

Eu pensei que aprenderia alguma coisa
sobre ca�a com voc�.

Mas voc� n�o � p�reo para mim.

Se voc� quer saber o que vai
lhe acontecer,

tente bater em minha porta novamente.

Bem-vinda. Sente-se.

-O que vai querer?
-�dris, eu n�o tenho tempo para isto.

Eu preciso voltar.
O que voc� quer?

Escute, eu pensei a respeito.

Cevriye est� certa.
As crian�as precisam de uma m�e.

Elas n�o podem viver sem voc�.
Eu n�o posso viver sem voc�.

Eu quero que voc� volte para casa.

Tentarei mudar. Sei que �s vezes
posso ser um p� no saco.

-Outro dia, eu estava pensando que...
-�dris, n�o existe a menor possibilidade

Por que n�o?

Eu n�o posso voltar para casa.

Se voc� quiser, eu posso levar as
crian�as de volta, mas n�o posso voltar.

Por qu�? Mas naquela noite...
voc� e eu?

Aquilo foi uma fraqueza moment�nea.

O que aconteceu foi um erro.

Um erro?
Um erro?

Eis o erro.

Este � outro erro.

-Comporte-se.
-Voc� nunca viu um erro.

� o bastante. Caia fora.

-Senhor, pode se acalmar?
-Fique fora disto.

N�o ouse!

Fiquem longe.

-Estamos fechados.
-Estamos fechados, senhor.

-D�-me uma garrafa de vodka.
-Senhor, eu disse que estamos fechados.

A banda est� ensaiando.

Se voltar �s 20h00,
estaremos abertos.

N�o me cause problemas.

Eu disse, d�-me uma garrafa de vodka.

D�-me um copo tamb�m,
um dos grandes.

N�s cutucamos o le�o adormecido!

� o que acontece quando voc� entra na
casa de algu�m sem prova alguma.

O que mais ele disse?

Ele disse: n�o volte mais aqui.

Eu digo para grampearmos seus telefones.

Se voc� conseguir uma
ordem judicial,

ent�o poder� escutar suas conversar
telef�nicas quanto quiser.

De jeito algum. N�o conseguiremos
uma ordem judicial contra ele.

Precisamos vigi�-lo sempre.

Sem uma �nica evid�ncia,

o que provar�?

Senhor diretor, por favor,
confie em meus instintos.

Por favor, acredite em mim.
Preciso de um pouco mais de tempo.

Vai ver que conseguirei provar.
Eu...

A conversa acabou.
Nada de escuta telef�nica.

Que oferta de trabalho?

Papai est� lhe oferecendo emprego. Ele
quer que gerencie um dos restaurantes.

� s�rio?

Nem precisa considerar. O sal�rio � bom.
O hor�rio fixo.

Ei, Hasan!

Acabou de conversar ou devo
encontrar algu�m para me ajudar?

Desculpe-me senhor.
Chamo voc� mais tarde.

-Sim?
-Sou eu, Asiye.

-�dris me atacou.
-Quando?

Agora mesmo. O bastardo vai me matar.
Pelo amor de Deus, fa�a alguma coisa.

Ele est� sempre me amea�ando.

Ele n�o escuta ningu�m,
exceto voc�.

-Estou lhe implorando, por favor.
-Tomarei conta disso.

Voc�s dois, venham comigo.

Veja, Hasan. Voc� est� sempre
pendurado no telefone, falando.

Voc� � s� um novato,
n�o sabe porra nenhuma.

Nem sua gradua��o, nem sua disserta��o
contam pontos neste trabalho.

J� o avisei antes. Nada de telefonemas.
Este foi a �ltima reprimenda.

E voc�, �dris.

Eu o avisei tamb�m,
mas voc�, tampouco, ouviu.

Deixe aquela garota em paz.
Pare com as amea�as.

Seja um homem.

Eu coloco os dois da porta para fora.
Voc�s sabem que eu farei isto.

Estou lutando com um chacal.

Ele est� rindo de n�s.

A pobre garoa sequer foi enterrada.

As preces para ela ainda n�o foram
executadas. Voc�s me envergonham.

Esta � a maneira como eu vou
me aposentar?

Antropologia meu rabo.
E quanto a voc�, sua loucura

s� funciona contra mulheres, ou voc�
pode us�-la para solucionar casos?

Vamos tomar algo?

Ele nos comeu o rabo.

Bem, ele est� certo.
O mais chato nele

� que ele est� sempre certo.

-Vou-me embora.
-N�o deixarei que se v�.

Voc� ainda n�o me disse por que n�o h�
assassinos seriais na Turquia.

N�o, eu quis dizer que vou deixar
a for�a. Vou pedir demiss�o.

N�o posso mais suportar.

Pode parecer um pouco estranho,

mas tudo fede aqui. Eu cheiro mal.

N�o posso mais chegar perto de Yasemin,
nem ao menos pegar em suas m�os.

Em meus sonhos, cad�veres falam comigo,
bra�os amputados me estrangulam.

� como come�a para todos n�s.

Asiye costumava me colocar para fora da
cama porque eu cheirava a cad�ver.

A gente acaba se acostumando.

Eu n�o era capaz de dormir, agora
eu posso dormir o dia inteiro.

Eu j� me decidi.

Vou me casar com Yasemin,
vou ter uma vida normal.

Vou ganhar muito dinheiro.

Seu pai est� me oferecendo o cargo de
gerente em sua cadeia de restaurantes.

Uma mulher fez sua cabe�a?

� assim que elas fazem.

Voc� conhece beladona?

� uma planta.

Quando voc� a mistura com ars�nico,
torna-se um veneno inodoro.

Veja que nome: beladona!
Mulher bonita.

Mulheres, elas s�o linda. E matam
devagarinho, por envenenamento.

Logo de cara, voc� n�o sente o veneno.

Ele age no pr�prio tempo,
bem devagar.

Corte este papo de casamento.
Trabalhe duro em seu emprego.

� um trabalho sagrado,
n�o pode abandon�-lo por uma mulher.

Nem todas as mulheres s�o iguais.

-Yasemin � diferente.
-Voc� � um tolo.

Fique com sua mulher.
Seja escravo de seu sogro.

Bastardo ganancioso,
futuro gerente de restaurante de carne.

Juro que irei ao seu restaurante
e pedirei um ensopado misto.

Se eu n�o gostar, entornarei
o ensopado em sua cabe�a. Juro.

Voc� realmente � maluco.

Ele deveriam prend�-lo.

Encontramos uma m�o e
nossas vidas mudaram.

Kezban, pode ir.
Voc� j� est� atrasada.

Deus a aben�oe.

Ela nunca vai parar de dizer
isto, n�o �?

O que h� de errado?

-Voc� parece desanimado.
-Esque�a.

N�o posso. Sempre falamos de meus
problemas nesta casa.

-Oficial de pol�cia, fale!
-O que eu deveria falar?

Estamos com as m�os atadas
e est�o gozando nossa cara.

N�s bancamos os idiotas,
o que � pior do que ser demitido.

Eu vou pedir minha aposentadoria...

Yasemin? Sou eu.
Eu pensei a respeito.

A princ�pio, aceito a oferta de seu pai.

Est� bem. Vejo-a mais tarde.

Al�?
Ol�, �dris!

Eu queria pedir desculpas por hoje.

Voc� sabe que eu nunca machucaria
Asiye.

Eu ainda quero pedir desculpa.
Voc� � como um pai para mim.

Eu sinto muito. Bebi um pouco
e tamb�m estou um pouco sentimental.

O que eu estava dizendo?

Chefe, n�o se preocupe.
Resolveremos o caso.

Eu nunca vou desapont�-lo.

Cuide-se.

O que ele estava falando?

Conversa de b�bado.

Eu o escaldei hoje.
Depois, arrependi-me.

Ele � realmente apaixonado
por Asiye.

Nunca vi ningu�m t�o
obcecado por uma mulher.

Parab�ns. � necess�rio grande habilidade
para invadir esta casa, como voc� fez.

Estive na for�a especial, no ex�rcito.

O que voc� quer?

Minha esposa n�o quer
voltar mais para mim.

� mesmo? Isso � ruim.

Quando ela disse n�o para mim hoje,
seus olhos tinham um jeito..

N�o era piedade, n�o era �dio.

Ela olhou para mim, como se
eu n�o estivesse l�.

Ela me apagou de sua vida.

A outra noite.
Ficamos sem energia.

Ela � linda, rebelde, teimosa.

Eu sempre lhe fui fiel.
Ela foi meu amor de crian�a.

Sabe, eu estou realmente fudido
porque vim aqui.

Provavelmente, eles me demitir�o.

N�o tem import�ncia.

Asiye apagou-me de sua vida,
ent�o nada mais importa.

Meu povo � meio esquisito.

Meu caso est� fechado
mas eu fecharei seu caso tamb�m.

Ou voc� confessa, ou eu mato voc�.

Preste aten��o, jovem.

Provavelmente voc� esteja b�bado.
Eu entendo voc�.

Eu conhe�o a dor que est� sentindo,
mas voc� n�o sabe o que est� fazendo.

Eu tenho consci�ncia do que fa�o.
Ela tamb�m tem.

Eu lhe prometo, se for embora,
n�o darei queixa.

Esqueceremos o que aconteceu.
Todas as fitas ser�o apagadas.

Mas tire este revolver de meu rosto.

Voc� sabe onde � a porta, d� o fora.

Voc� n�o est� me escutando.
Voc� est� me escutando?

O que eu disse?

Eu disse para voc� confessar.
Confesse, filho da puta!

Se n�o o fizer, � um cara morto.

Falo s�rio. N�o tenho nada a
perder, Battal!

Vou contar at� 3...
Se voc� n�o falar, eu juro que atirarei.

Por que matou aquela menina?

O que for dito aqui,
n�o conta como evid�ncia.

Claro que n�o. Isto n�o importa.
O que importa � porque voc� o fez.

O ca�ador precisa saber disto
pessoalmente.

Ele vai peg�-lo, seu esnobe bastardo!

Pare! Acalme-se!

N�o responda, assim eu atirarei em voc�.

-Diga suas preces.
-Pare.

A raz�o foi outra.
Pare.

Deus amaldi�oe todos voc�s!

Levante sua arma!

As fitas de seguran�a est�o confiscadas
e ser�o mandadas para investiga��o.

A arma do guarda Muzaffer Turan
ser� enviada para a ICC,

para pesquisa de bal�stica.
Suas roupas ser�o levadas

e ele ser� levado sob cust�dia.

Ele estava b�bado.
A que horas ele chamou Ferman?

Por volta das 21h00.

Estou cansado disto.
Foi definitivamente leg�tima defesa.

Aquele cara maluco estava me apontando
uma arma, olhe os v�deos e ver�.

Aconteceu como lhe disse.
Est� tudo aqui.

Ele ia atirar em Battal Bey.
Ele apontou a arma contra sua cabe�a.

Ele o estava xingando.

Eu o alertei e ele apontou a arma para
mim. N�o houve nada que pudesse fazer.

Eu n�o sabia que ele era um policial.

Os v�deos provam que Battal Bey est�
certo. Estou cansado de v�-los.

Ele n�o tem nada a ver com isto.
Deixe-o ir, Murat.

Battal Bey, poder� ir
ap�s seu depoimento ser escrito.

Mas gostar�amos de saber seu destino,
caso precisemos que testemunhe de novo.

Poderia, tamb�m, mostrar seus pulsos?

N�o sem uma ordem do promotor.

Hoje foi um dia muito dif�cil.
N�o ultrapasse meus limites.

Est� bem.

Est� bem. N�o se esque�a
o que eu lhe disse.

Bom homem o que voc� treinou. Uma bomba
armada, pronta para explodir. E explodiu.

N�o fa�a disto uma vingan�a
e que a imprensa n�o se envolva.

Viu o que ele fez l�?
Olhe para sua m�o.

Mais devagar.

Este � o meu gesto.

"Mude sua perspectiva
para ver algo novo."

Ele est� tentando nos dizer algo.

Talvez, talvez esteja dizendo
mudem a perspectiva, a nossa...

�dris, o que voc� est� dizendo,
o que est� querendo dizer?

De que estamos nos esquecendo?
Onde est� a abertura?

�dris, meu irm�o, onde voc� est�?

Assassinato mesmo coberto por toda
terra ainda acaba se revelando.

� mesmo? Interessante.

-Shakespeare falou isto, em Hamlet.
-Boa fala.

Estou usando-a em minha tese.

Ele tem outra: Assassinato n�o
tem um idioma, ainda assim, fala.

Mas quando?

Iria querer ler uma novela policial,
se o crime n�o fosse resolvido no final?

N�o, n�o iria querer.

-O que estamos procurando aqui?
-Eu n�o sei.

Estamos s� olhando.

Por algo que possa mudar
nossa perspectiva?

Sim.

Perspectiva.

O que mais quer da gente?

N�s tampouco sabemos.
Viemos s� para conversar.

Digam o que tiverem vontade de dizer.
Falem-nos sobre Pamuk.

O que mais podemos falar?
Falamos tudo que sab�amos.

Chega.

Pamuk era realmente uma boa menina.

Ela tinha uma voz linda.
Cantava lindamente.

Ela era magra e fr�gil.
Era muito introvertida.

Tinha medo de tudo.

Uma vez, todos n�s fomos doar sangue.

Seus irm�os, seu pai.

Ela estava t�o assustada.

Para que era o sangue?

-Como?
-Voc� falava sobre sangue.

Eles pediram para todos.

-Quem pediu?
-O m�dico.

-O m�dico de Ceylan.
-Por qu�?

N�o nos disseram.

Todos os empregados da mans�o
doaram sangue.

� �poca, eles disseram que

todos os empregados de todas
as firmas doaram.

A garota tem problema respirat�rio.

Eles temem infec��es.
Por que eles estavam colhendo sangue?

Esta ser� nossa �ltima visita.

Battal far� com que sejamos demitidos.

Isto n�o lhe diz respeito.

De qualquer jeito, voc� vai se demitir.

Quem lhe disse, chefe?

Voc� me diz diariamente,
sem se dar conta disto.

Voc� verificou o pulso da paciente?

Sim, senhor. Est� normal.

Avise-me se a febre passar dos 38�.

Doutor, o senhor tem um minuto?

S� um minuto.

Houve uma doa��o de sangue em massa,
h� pouco tempo. Por qu�?

Eu n�o sei. Deve ter sido
o m�dico anterior a mim.

Possivelmente para uma opera��o.
Precisa falar com ele.

O que isto tem a ver com Ceylan?

Battal Bey deu ordens estritas. N�o
podemos falar de sua filha com ningu�m.

Onde podemos encontrar o m�dico que
o precedeu?

Turhan Bey.

Turhan Bey, est� em casa?

� a pol�cia, Turhan Bey.
Doutor Turhan, certo?

Ela era muito mi�da;
Muito bonita.

N�o posso me esquecer de seus olhos.

N�o posso me esquecer de seus gritos.

Deus, o que foi que fizemos?

O que est� procurando est� bem aqui.

As marcas de unha de Pamuk.

Arrume isto.

Volte.

Esta era a tela que �dris apontava.

-Sim?
-Como est� sua filha?

Espero que ela se recupere logo.

Est� bem.
Ela est� tentando lidar com isso.

� uma doen�a dif�cil.
Minha esposa tamb�m tem.

-Insufici�ncia renal?
-Sim.

Ela est� fazendo hemodi�lise
3 vezes por semana.

E quanto a transplante?

Uma vez, ela teve a oportunidade.

Mas minha esposa � estranha.

Havia uma garota na fila, e ela
cedeu sua vez.

Ela achou que a garota merecia
viver mais tempo do que ela.

Quem faria uma coisa dessas,
nos dias de hoje.

� a vida. Agora, a garota �
como se fosse nossa filha.

Ela cuida de minha esposa,
leva-a para a di�lise.

-Voc�s t�m filhos?
-N�o pudemos ter.

Depois que seus rins se arruinaram,
ela foi advertida quanto � gravidez.

S� temos um ao outro nesta vida.

-Aprendemos a ser feliz ao nosso modo.
-N�s nunca aprendemos.

Minha filha recebeu um transplante,
mas seu corpo o rejeitou.

Eu dei o meu antes,
mas n�o funcionou tampouco.

Voc� sabe quem foi
o �ltimo doador?

N�o.
Veio de fora de Istambul.

-Onde podemos encontrar Battal Bey?
-Ele est� no pavilh�o de ca�a.

Est� tentando se distrair.

Pode me dizer como chegar l�?

-Voc� espere aqui.
-E se eu precisar anotar?

N�o � mais necess�rio.

Gostaria de um pouco de ch�?

O rifle de ca�a de seu pai?

Boa observa��o, Ca�ador!

Voc� me disse: "Retorne
quando tiver alguma coisa a dizer."

Disse.

Eu tenho algo a dizer.

Estou ouvindo.

Eu tenho que lhe dar cr�dito.
Voc� � um bom ca�ador.

Voc� coloca boas armadilhas.

Sua ca�a nem mesmo as reconhece.

Voc� est� certo,
armadilhas n�o agradam um ca�ador,

apanhar sua presa � mais importante.

Igual � armadilha que nos montou:
a causa de morte de Pamuk.

Voc� fez com que pesquis�ssemos
o tri�ngulo do amor,

trai��o e honra.

Isto � o que acontece na Turquia.
Nossos assassinos n�o s�o criativos.

For por isso que empacamos
neste esquema.

Voc� nos manipulou na dire��o.

Uma mulher que abandona seu esposo

por um amante, ou uma mulher
morta pela fam�lia.

Ou por um amante ciumento

�dris fez o que tinha que fazer,
antes de morrer.

Ele nos disse que mud�ssemos
nossa "perspectiva."

Nos mudamos e vimos.

O que voc� viu?

A raz�o para o assassinato
e o assassino.

Amostra de sangue e tecido foram tirados
de todos seus parentes e empregados.

Pois sua filha tinha insufici�ncia renal
e voc�s procuravam-lhe um rim.

O sangue e o tecido de Pamuk foram
os �nicos compat�veis.

Temos os resultados das an�lises
para provar isto.

Mas havia um problema.
Como convencer Pamuk?

E o jogo come�ou. Come�ou a atuar como
um velho apaixonado por Pamuk.

Divorciou-se de sua esposa. Dissuadiu
a fam�lia de Pamuk e casaram-se.

Eles pensaram que voc� alterou a idade
dela para que pudessem se casar.

N�o. Mudou a idade, assim
ela poderia doar o rim.

Mas seu jogo chegou a um beco sem sa�da.

Pamuk n�o quis doar seu rim,
e correu de volta para o namorado.

Voc� a for�ou a voltar

e ent�o roubou-lhe o rim.

E a matou.

A despeito de todas suas amea�as,

Acid iria nos dizer o porqu�
da fuga dela.

Voc� fez com que o irm�o dela
matasse Acid.

Vakkas ainda pensa que foi por
uma quest�o de honra.

Isto � tudo.
O que voc� pensa?

Vamos dar uma volta.

Talvez eu atire em algumas perdizes.

S�o as �ltimas possibilidades.
A esta��o de ca�a logo terminar�

Eu lhe disse que voltasse
quanto tivesse algo concreto,

mas eu n�o esperava tanto.

S�o acusa��es muito s�ria, Ca�ador.

Voc� pode provar o que est� dizendo,
tem evid�ncias para se sustentar?

Ou est� tentando atingir a mira
enquanto atira �s cegas?

Identificamos marcas de botas no local
do crime. Fizemos moldes e fotos.

Estou seguro que as botas que usa agora
deixam a mesma impress�o.

H� tamb�m impress�es do pneu. Temos
moldes e fotos para elas tamb�m.

Estou seguro que pertencem
ao 4x4 estacionado em sua porta.

A pele do m�dico que planejou tudo
estava sob as unhas de Pamuk.

Se n�o for o bastante,
posso continuar.

O anestesista confessou.

O computador do m�dico alerta que
Pamuk era a �nica doadora poss�vel.

Se n�o bastar, pedirei que analisem
o DNA do novo rim de sua filha.

Eu j� tenho o DNA de Pamuk.
Aposto que s�o id�nticos.

Chega de evid�ncias?
Pamuk est� morta, assim como Acid.

A fam�lia de Pamuk est� pior
do que morta. Perderam a filha.

O filho est� na pris�o.

�dris morreu. Voc� destruiu muitas
pessoas, para salvar uma vida.

Como est� sua consci�ncia?

O que importa � ser capaz de viver
com a consci�ncia pesada.

Voc� me enganou.

Pensei que n�o fosse p�reo para mim.
Mas estava errado.

Cylan ocupa um lugar especial.

N�o sei porqu�.

Talvez por sua doen�a,
ou quem sabe pelo seu sorriso,

ou ainda pelo brilho em seus olhos.

Eu fiz todo o poss�vel para mant�-la
viva, mas tudo em v�o.

Passamos nossa vida buscando rins.
Procuramos em todas as parte.

Bulg�ria, Rom�nia, pa�ses da �frica.

Seu corpo rejeitou todos
que encontramos.

Minha esposa doou, n�o funcionou.
Eu tentei, n�o funcionou.

Ent�o restou-nos a pobre Pamuk.

Eu amava minha esposa, mas o
casamento com Pamuk tinha que acontecer.

Eu dei uma fortuna para Pamuk,
mas ela n�o queria doar seu rim.

Ela disse: "N�o". Ela disse:
"N�o lhe doarei meu rim." E fugiu.

Eu fiz com que voltasse,
tranquei-a aqui.

Foi muito ruim.
Um pesadelo.

Ela nos dificultou muito as coisas.

Gritava, tentava escapar.

Mal conseguimos sed�-la.

Uma equipe tirou seu rim,
outra estava esperando,

pronta para o transplante.

Tiramos o rim aqui.
E eu fui para a mans�o, com a equipe.

Mais tarde,

o m�dico que acompanhava
Pamuk ligou.

Disse que ela percebeu o que ocorrera

come�ou a gritar,

e morreu por parada respirat�ria.

Voltei para c�.

Precisava, ainda, fazer algo.

O que aconteceu ap�s toda
a carnificina?

O rim n�o funcionou.

Agora, o sistema imunol�gico de minha
filha est� completamente arruinado.

Ceylan est� morrendo, Ca�ador.
Minha riqueza e meu poder n�o ajudaram.

-Ceylan est� morrendo.
-Compreendo sua dor.

Engra�ado voc� ser capaz de sentir dor.

Eu n�o suponha que fosse.
Voc� arruinou uma jovem.

A�, tentou brincar de
gato e rato comigo.

N�o vi um pingo de remorso
em seus olhos.

O que separa um ca�ador de outro
n�o � a intelig�ncia.

� o arrependimento.
E voc� n�o tem isto.

Pe�a a Deus que Ceylan morra em paz,
sem saber das suas atrocidades.

N�o, nunca.
Ela n�o pode ficar sabendo.

Foi aqui que tudo come�ou.
Voc� pode finalizar tudo.

O que aconteceu?

Est� resolvido.
Vamos embora.

A esta��o de ca�a chegou ao fim.

N�o h� mais palavras.

Nem can��es.

N�o mais outono nem ver�o.

O sol n�o tornar� a se levantar
sobre n�s.

As estrelas n�o cintilar�o.

N�o h� vento,
n�o h� neve.

N�o sentiremos o cheiro do mar.

Nem a chuva em nossa pele.

Pombos e azeitonas n�o existem mais.

N�o h� mais o gosto do figo,
nem o cheiro da canela.

N�o h� mais bem ou mal.
O amor acabou, assim como o �dio.

N�o h� mais sofrimento,

nem mais prova��es.

Nossa ferida n�o sangra mais.

N�o sentimos mais dores.

Estamos cobertas pelo branco.

Fomos deixadas sem sombras.

Fomos deixados sem sombras.

Tradu��o da legenda para o portugu�s:
Lu Stoker - MKO