All language subtitles for The.World.At.War.1973.S01E11.720p.B

Nenhum pa�s, nenhum povo,

sofreu tanto durante a guerra
como a Uni�o Sovi�tica.

Em nenhum outro lugar as mem�rias
da guerra permanecem t�o vivas

e t�o profundas.

A invas�o alem�
trouxe uma tal cat�strofe,

que parecia, de in�cio,
que nenhuma Na��o suportaria.

S� no cerco a Leninegrado,
que durou mais de dois anos,

morreram mais seres humanos

do que brit�nicos e americanos
durante toda a guerra.

Contudo, foi aqui
que Hitler so�obrou.

O povo russo enfrentou
a possibilidade da morte...

e venceu-a.

Esper�vamos a vit�ria.

Dona de casa de Leninegrado
Sab�amos que havia de chegar.

E esper�vamos

que as dificuldades passassem.

O MUNDO EM GUERRA

ESTRELA VERMELHA

A UNI�O SOVI�TICA
1941 - 1943

Kharkov sob ocupa��o alem�, 1942.

Hitler escrevera em "Mein Kampf":

"O imp�rio colossal do Leste
est� maduro para a dissolu��o,

"e o fim da domina��o judia
na R�ssia

ser� tamb�m o fim da R�ssia
enquanto Estado. "

O sistema sovi�tico
iria ser demolido.

Mas havia mais.

Foi na R�ssia que Hitler
iria encontrar o "Lebensraum",

novo territ�rio
para a coloniza��o alem�.

Os sovi�ticos seriam tratados
como meros nativos

no imp�rio colonial alem�o.

As suas cidades seriam germanizadas
ou completamente arrasadas.

Eles seriam vendedores, camponeses,
criados dom�sticos, trabalhadores.

Os comunistas e os intelectuais
foram exterminados.

O menor sinal de desafio
resultava na retalia��o imediata.

Os ocupantes eram duros...
Muito duros.

Especialmente nas zonas onde
os resistentes estavam activos.

Na Ucr�nia,

511 aldeias
foram queimadas pelos Nazis

antes de a popula��o
conseguir fugir.

Numa aldeia, Pisk,
perto de Kiev,

que foi completamente arrasada,

atiraram os beb�s
para a fogueira.

Antes da guerra, as regi�es,
agora ocupadas pelos alem�es,

tinham produzido quase 3/4
do carv�o e ferro do pa�s,

1/3 da carne e cereal,
e quase todo o a��car.

No Outono de 1941,
os alem�es controlavam

aquele que fora o centro industrial
e agr�cola da Uni�o Sovi�tica.

Os invasores descobriram
que os russos tinham tentado

destruir tudo
o que deixaram para tr�s.

As aldeias foram incendiadas

e as colheitas em seu redor
arderam.

No Outono, os alem�es j� tinham
avan�ado mil quil�metros

atrav�s de terra calcinada.

Em algumas Rep�blicas do B�ltico,

que apenas tinham sido anexadas
� Uni�o Sovi�tica no ano anterior,

os alem�es foram bem recebidos
pelos nacionalistas locais.

Em algumas partes da Ucr�nia,

os camponeses faziam as ofertas
tradicionais de p�o e sal.

Os corpos dos nacionalistas
mortos pela seguran�a sovi�tica

eram trazidos e carregados
pelas ruas.

Durante breves momentos,
parecia que estas na��es ocupadas

podiam estar dispostas
a juntar-se aos nazis.

Os comunistas eram ca�ados.

E, em todos os locais
que os nazis ocupavam,

iniciou-se a recolha de judeus.

No caminho dos alem�es,
a R�ssia parecia estar a ceder.

Estaline mandou prender e executar
o comandante da Frente Ocidental,

bem como o seu pessoal.

Monumentos da constru��o sovi�tica,

at� a barragem de Dnieper,
s�mbolo dos "Planos Quinquenais",

tinham sido destru�dos
e abandonados.

As locomotivas foram destru�das,
embora fossem muito necess�rias,

pois iniciava-se uma evacua��o
que, no fim, salvaria a R�ssia

e alteraria o curso da guerra.

1500 f�bricas mudaram de local,
utilizando 18000 comboios,

com mais de um milh�o
de trabalhadores

para a seguran�a do Leste
e dos Montes Urais.

Uma testemunha afirmou:
"Era como se a terra oscilasse,

e tudo o que era humano e mec�nico
ia do oeste para o leste. "

Oper�rio fabril
Quando cheg�mos n�o havia f�bricas.

Havia apenas armaz�ns
onde guardavam o material.

Come��mos a esvaziar os armaz�ns
e a limpar a terra � volta.

Trabalh�vamos at� 14 horas por dia.

Em locais ermos,
sem comida e sem dormir,

os russos reconstru�ram
uma nova ind�stria de guerra

que escapava
ao alcance dos nazis.

Quando esvazi�mos os armaz�ns,
chegou a maquinaria.

Onde antes havia armaz�ns,
constru�mos uma nova f�brica.

Ao contr�rio dos alem�es,

os russos entraram em guerra total
desde o primeiro minuto.

Qualquer par de m�os
servia para accionar as m�quinas,

pois os homens eram recrutados
para a guerra a ocidente.

O trabalho de guerra
deixou todos extenuados.

11 a 15 horas de trabalho por dia,
ra��es miser�veis,

a preocupa��o com o marido
ou o filho que estava na Frente,

a exaust�o que se tornava
uma doen�a permanente.

Mas, para as c�maras,
pareciam animados e determinados.

Os alem�es estavam
quase a entrar em Leninegrado,

a segunda maior cidade da R�ssia
e capital da Revolu��o.

Os trabalhadores receberam armas.

Regressando aos dias da Revolu��o,

os l�deres de Leninegrado
encorajaram toda a cidade a lutar.

Sem treino,
marcharam para enfrentar os panzers,

bem perto das chamin�s
das suas f�bricas.

Perdeu-se a oportunidade de retirar
os n�o-combatentes de Leninegrado.

De qualquer modo, a maioria
das fam�lias preferiu ficar.

O meu marido conseguiu
dois lugares num avi�o

e pediu-me para ir com ele
e levar o meu beb�, mas recusei.

N�o podia ir e deixar a minha m�e
e a minha sogra

aqui na cidade cercada.

Disse-lhe para levar
a senhora de idade com ele

e fiquei em Leninegrado
com a minha m�e e o meu beb�.

Em Setembro,
o cerco alem�o fechou-se.

Mais de 2,5 milh�es de pessoas
ficaram presas na cidade.

Entre elas, 400 mil crian�as.

A �nica liga��o de Leninegrado
com a R�ssia era pelo lago Ladoga.

Iniciava-se o maior cerco de sempre.

Foi quando Estaline interveio.

O Marechal Voroshilov, no comando
de Leninegrado, foi destitu�do.

Em seu lugar ficou
o Marechal Georgi Zhukov,

que viria a tornar-se um dos grandes
comandantes da guerra.

O seu conselheiro era o implac�vel
e expedito Andrei Zhdanov,

o l�der do Partido Comunista
em Leninegrado.

Leninegrado sentiu em pouco tempo
a determina��o da nova chefia.

Fora da cidade, Zhukov amea�ava
matar quem fugisse.

Dentro da cidade, a seguran�a
ca�ava espi�es e derrotistas.

Os homens de Zhdanov acabaram
com o desperd�cio de comida,

mobilizando toda a gente
para defender a cidade.

Todos os grandes edif�cios
foram minados,

para o caso de os alem�es
entrarem na cidade.

Mas a tentativa alem� de tomar
Leninegrado de assalto falhou.

Berlim ordenou:

"O F�hrer decidiu apagar da face
do planeta a cidade de Petersburgo.

N�o h� raz�es para a exist�ncia
desta grande cidade. "

Os habitantes de Leninegrado
seriam bombardeados

e morreriam � fome.

Dia ap�s dia,
chegavam os bombardeiros.

Os artilheiros alem�es viam
as torres de Leninegrado.

Os proj�cteis conseguiam atingir
todos os bairros, todas as ruas.

O lago Ladoga continuou a ser
a �nica brecha no cerco inimigo.

Quando gelou, foi constru�da
uma estrada no gelo

para fazer passar abastecimentos.

Os cami�es ca�am no gelo
ou eram destru�dos por avi�es.

A estrada de gelo n�o permitia
que entrasse muita coisa

e n�o permitia
que quase ningu�m sa�sse,

mantendo assim Leninegrado
� beira da inani��o.

Tudo estava a acabar.
Os el�ctricos e autocarros pararam.

Na escurid�o e frio intenso
do Inverno do norte da R�ssia,

j� n�o havia aquecimento
nem luz el�ctrica.

Os trabalhadores,
meio inconscientes pela fome,

mantinham as f�bricas a funcionar,

mesmo quando as bombas
j� tinham destru�do os telhados.

Tanques de a�o bruto e sem pintura
sa�am da f�brica para a Frente.

O p�o era agora feito com lixo,
ra��o para gado, serradura.

As pessoas comiam sab�o,
�leo de linha�a e estuque.

As donas de casa e as crian�as

s� tinham direito a 130 gramas
deste "p�o" por dia.

Gelada e silenciosa,
Leninegrado recusava-se a morrer.

As bibliotecas permaneciam abertas.

As pessoas inspiravam-se na nova
"literatura do bloqueio".

A poesia era uma grande for�a.
Manteve-nos vivos.

"O que dizem de Leninegrado
� verdade,

"As l�grimas gelaram
Nos olhos das gentes.

"J� n�o choramos, pois nenhuma
L�grima apaga o �dio ardente.

"E o �dio � o �nico caminho.

"� a garantia da vida
A cura da dor,

A for�a que nos une,
Nos aquece e nos guia."

O fim de Novembro, Dezembro
e Janeiro foram os piores.

Primeiro, porque estava frio,
estavam 40�C negativos.

E come�ou a sentir-se a fome.

As pessoas come�aram a morrer
de fome e de frio.

O cerco continuou.

Havia poucas maneiras
de ripostar contra os alem�es.

Uma era com as armas dos navios
de guerra presos no porto.

Em terra, pequenos grupos penetravam
nas trincheiras alem�s.

Cortavam as linhas de abastecimento,

capturavam prisioneiros
e recolhiam informa��o.

Iam �s casas dos colaboracionistas
e julgavam-nos ali mesmo.

Janeiro de 1942:

morriam cerca de 4 mil pessoas
em Leninegrado todos os dias.

Quando ia �s lojas para receber
a ra��o para a fam�lia,

se passava por dois corpos � ida,
quando voltava havia quatro.

Fora do cerco, os russos lutavam
para afrouxar o bloqueio alem�o

e acelerar as lentas colunas
que passavam pelo lago gelado.

Mas n�o houve qualquer grande
ofensiva para quebrar o cerco,

nem sequer apoio a�reo.

Os homens e o equipamento
eram priorit�rios em Moscovo.

A Primavera trouxe novos medos.

O frio mortal abrandou

e a neve derretida revelou
milhares de cad�veres nas ruas.

Foi lan�ada uma campanha
para limpar a cidade.

N�o houve qualquer epidemia.

Agora a estrada gelada
come�ava a derreter.

Embora as dificuldades continuassem
antes de o lago estar naveg�vel,

o sentimento em Leninegrado
era de confian�a.

Quando o sol come�ou a brilhar,
come��mos a limpar e lavar,

porque j� t�nhamos �gua.

Come��mos a sentir-nos normais
outra vez.

A C�mara da cidade colocou
alguns el�ctricos em funcionamento.

Recebemos o el�ctrico
como um velho amigo que regressava.

Lembro-me de ter batido palmas
quando vi os el�ctricos.

Os sobreviventes sentiam-se fortes,
as ra��es foram aumentadas.

Grupos de jovens volunt�rios iam
de casa em casa ajudando fam�lias

que, durante o Inverno, quase tinham
perdido contacto com o exterior.

As crian�as que deveriam ter sido
evacuadas oito meses antes

eram levadas de barco
atrav�s do lago Ladoga.

Os barcos traziam tropas e muni��es

para render os homens exaustos
que estavam nas trincheiras.

Leninegrado come�ou a parecer-se
mais com uma base militar.

O pior do cerco tinha terminado.

Embora os bombardeamentos
continuassem,

agora fazia sentido
reparar os estragos.

Recolhia-se turfa para servir
de combust�vel no Inverno seguinte.

Alunos e professores de Bot�nica

ajudaram a plantar legumes
em cada espa�o aberto.

Os alem�es que ocupavam
as pradarias da Ucr�nia

n�o se preocupavam com comida.

Durante 50 anos, os expansionistas
alem�es viram esta regi�o

como o fim da depend�ncia da
Alemanha das importa��es mar�timas.

O General Manstein disse:

"Uma grande parte da popula��o
ter� de passar fome.

"Nada, a n�o ser uma falsa
sensa��o de humanidade,

"deve ser dado � popula��o,

a n�o ser que estejam ao servi�o
da Wehrmacht alem�. "

Em Kiev,
a capital da Ucr�nia,

os planos para conquistar
os nacionalistas,

com promessas de um governo
fantoche anti-sovi�tico,

nunca foram concretizados.

Foram postos de parte
pelo ex�rcito e pela SS.

A realidade era...

trabalhar para os alem�es
ou a deporta��o para o Reich.

Cada aldeia aprendeu o pre�o
de desafiar a autoridade.

Em Moscovo, no in�cio de 1942,
havia confian�a no futuro.

As lutas do Inverno tinham revelado
que os alem�es n�o eram

mais invenc�veis
do que Napole�o fora.

Mas os russos achavam que estavam
a suportar o fardo da guerra

contra o fascismo sozinhos
e o Ocidente n�o fazia o suficiente.

Quando Estaline come�ou a pedir
pessoas para uma segunda frente,

as pessoas depressa se juntaram
�s manifesta��es de apoio.

Molotov, o Ministro
dos Neg�cios Estrangeiros,

ouviu dos diplomatas ocidentais

o quanto admiravam o hero�smo
do Ex�rcito Vermelho,

mas uma segunda frente
ainda n�o era pratic�vel.

Estaline n�o acreditou.

Estaline estava � frente
de um ex�rcito

que se tornava cada vez maior
e implac�vel.

Mas os russos n�o fingiam
estar imunes � dor.

Dezenas de milhar de pessoas
conheciam este poema de cor:

"Espera por mim, e regressarei,
Mas espera muito.

"Espera at� te encheres de pena
Enquanto v�s a chuva amarela.

"Espera at� os ventos
Varrerem as neves.

"Espera no calor sufocante.

"Espera at� os outros desistirem
Quando esquecerem o Ontem.

"Espera mesmo que n�o cheguem
Cartas de longe para ti.

"Espera mesmo quando os outros
Estiverem cansados de esperar.

"Espera mesmo quando a minha m�e
E o meu filho pensarem que morri.

"E quando os amigos se sentarem
A beber em minha mem�ria.

"Espera, e n�o te apresses a beber
Em minha mem�ria tamb�m.

"Espera, pois regressarei,
Desafiando cada morte.

"E deixa aqueles que n�o esperaram
Dizer que tive sorte.

"Eles nunca compreender�o
Que, no meio da morte,

"Tu, e a tua espera,
Me salvaram.

"Apenas tu e eu saberemos
Como sobrevivi.

Foi porque tu esperaste por mim
Como mais ningu�m o fez. "

Ainda se avizinhavam mais desastres.

Em Maio, os alem�es derrotaram
a ofensiva russa perto de Kharkov.

Quando o Ex�rcito Vermelho avan�ou,
os panzers rodearam os flancos.

Os comandantes sovi�ticos pediram
para recuar antes de ser tarde.

Mas Estaline, ignorando
os conselhos, proibiu-os.

O cerco alem�o fechou-se.

A maioria dos homens
dos tr�s ex�rcitos russos

foi for�ada a depor as armas.

Durante a guerra,

mais de cinco milh�es de soldados
russos foram feitos prisioneiros.

Sobreviveram menos de dois milh�es.

Principalmente para os brit�nicos,
os russos eram agora

"os nossos galantes
aliados sovi�ticos".

Mas, de in�cio, a ajuda s� podia
chegar atrav�s do �rctico,

pelos comboios de navios que se
dirigiam a Murmansk e Arcangel,

atrav�s da zona mort�fera

vigiada pelos submarinos,
avi�es e navios de guerra alem�es.

Em Julho de 1942, este comboio de
navios perdeu 80% dos seus navios.

Mas a coragem dos marinheiros
brit�nicos n�o conseguia

que os comboios de navios suprissem
as gigantescas necessidades russas.

1942 foi o ano da guerra intensa.

A derrota foi combatida,
mas n�o havia sinais de vit�ria.

Era o momento da amarga resist�ncia,

a �poca de suportar
a desilus�o e a perda.

Outrora parecera poss�vel
que os soldados alem�es

fossem apenas camaradas
trabalhadores de uniforme.

Agora os escritores sovi�ticos
proferiam palavras de �dio.

"Conseguimos suportar tudo:
A praga, a fome e a morte.

"Mas n�o conseguimos
Suportar os alem�es.

"N�o conseguimos suportar
Estes imbecis de olhos esbugalhados

"Que olham com desd�m
Tudo o que � russo.

"N�o conseguimos viver enquanto
Estas lesmas verdes estiverem vivas.

"Hoje n�o h� livros.
Hoje n�o h� estrelas no c�u.

"Hoje h� apenas um pensamento:
Matar os alem�es.

"Mat�-los a todos
E enterr�-los no solo.

"Ent�o, poderemos ir dormir.

"Ent�o, poderemos pensar novamente
Na vida, nos livros...

"Nas mulheres e na felicidade...

"Vamos mat�-los a todos,
Mas rapidamente

Ou eles ir�o profanar toda a R�ssia
E torturar e matar mais milh�es. "

� medida que os soldados sovi�ticos
avan�avam,

descobriam o que os alem�es
tinham feito aos civis.

As igrejas encheram-se novamente.

Os padres foram convidados
a rezar pela R�ssia,

para elevar o patriotismo
dos crentes.

Os �cones eram novamente adorados.

A campanha p�blica
a favor do ate�smo foi esquecida.

Os alem�es mataram
judeus e comunistas.

Mataram os suspeitos
de apoiar os resistentes.

Mataram os ref�ns.

Ap�s as batalhas,
durante a retirada,

matavam, simplesmente.

A norte, os russos preparavam-se
para atacar o cerco alem�o

a Leninegrado.

Enquanto aguardavam,
informantes trouxeram not�cias

da rendi��o dos ex�rcitos alem�es
em Estalinegrado.

O ex�rcito e o povo viram o brilho
da vit�ria ao fundo do t�nel.

Agora sabiam que iriam vencer.

Em Leninegrado, as tropas rendidas
romperam as defesas.

Abriram uma rota por terra.
O bloqueio de 16 meses terminara.

Mas o cerco n�o foi quebrado.

Alem�es e finlandeses
continuavam na cidade.

Foi uma sensa��o t�o boa
que nem consigo descrev�-la.

Fui a casa da vizinha,
beij�mo-nos e dissemos:

"Agora vamos sobreviver,
h� uma sa�da."

Em 15 dias foi constru�do
um caminho-de-ferro pela brecha.

A comida e o combust�vel come�aram
a entrar em Leninegrado.

Os s�mbolos da velha honra russa
foram devolvidos ao Ex�rcito,

tal como tinham sido
devolvidos � Igreja.

A propaganda juntou Lenine
a Alexander Nevsky...

O her�i do s�culo XVIII,
Suvorov...

Her�is da Cavalaria Vermelha,

grandiosos fantasmas que apoiavam
os vingadores da p�tria sovi�tica.

As ins�gnias de um ex�rcito
tradicional e profissional

foram restauradas.

Da Gr�-Bretanha foram importados
gal�es de ouro.

Os comiss�rios pol�ticos
perderam estatuto.

Os anos de purga foram esquecidos.

Cada cidad�o sovi�tico sentia-se
parte de uma luta comum.

Algumas pessoas dizem
que foi a crueldade fascista

que conduziu � resist�ncia
na Ucr�nia e outras terras ocupadas.

N�o.

Eu acho que a resist�ncia
era algo inevit�vel.

O povo sovi�tico na retaguarda
n�o podia manter-se � parte da luta.

Em 1941,
atr�s das linhas da Frente,

come�aram a formar-se
grupos de resistentes.

Ao in�cio n�o tinham armas,
cresceram lentamente.

As deporta��es alem�s obrigaram
milhares de pessoas

a fugir para as florestas
onde se juntaram aos resistentes.

Em breve, os resistentes
tornaram-se um grande ex�rcito

que operava contra
as linhas de comunica��o do inimigo.

A pena para
os colaboracionistas era a morte.

A simples suspeita de simpatias
pelo inimigo,

levou grupos inteiros
como os "Alem�es do Volga"

e os "T�rtaros da Crimeia" a ser
deportados para a �sia Central.

Para os colaboradores individuais
n�o havia miseric�rdia.

Quando os prisioneiros alem�es
eram exibidos por Leninegrado,

as pessoas atingiam um inimigo
que estava ao seu alcance.

Nas estepes da �sia sovi�tica,

nas novas f�bricas e minas
da Sib�ria,

o esfor�o mais desesperado
de produ��o dos tempos modernos

estava a atingir o cl�max.

A R�ssia tinha sido apanhada
com avi�es obsoletos,

inadequados para o apoio a�reo.

Agora, as f�bricas produziam por m�s
nove mil modernos avi�es.

Em 1943, a produ��o militar
ultrapassou, por fim, a alem�.

Acima de tudo,
por causa dos tanques.

Em 1943, as f�bricas constru�ram
24 mil tanques.

Mais do que qualquer outra arma,
foi o tanque, em especial o T-34,

que ganhou a batalha
da Frente Oriental.

Com os vag�es americanos
que chegavam da P�rsia,

esta corrente de blindados
chegava �s linhas da Frente.

Os russos sabiam que, em Julho
de 1943, os alem�es lan�ariam

novamente uma ofensiva
de grande extens�o.

Tamb�m sabiam
que teria lugar em Kursk.

Tinham de manter-se firmes.

Ent�o, o Ex�rcito Vermelho,
agora a maior for�a vista em guerra,

iria contra-atacar.

Os alem�es planearam chegar a Kursk,

na esperan�a de acabar com
os enormes ex�rcitos sovi�ticos

e depois chegar a Moscovo.

Trouxeram 70 divis�es,
quase um milh�o de homens,

com os novos tanques Tigre
e canh�es Ferdinand.

Hitler tencionava avan�ar em Maio,

mas houve atrasos na produ��o
e na acumula��o de reservas.

As semanas passaram.

Quando os alem�es ficaram
preparados para o ataque,

os russos j� estavam � espera.

Est�vamos preparados, mais do que
prontos para o ataque de Hitler.

Sab�amos que t�nhamos
blindados suficientes

para impedir os fascistas
de destruir as nossas defesas.

As patrulhas de reconhecimento
capturaram prisioneiros.

Por eles, soubemos que as tropas
de Hitler planeavam

iniciar o ataque �s 2h30
da manh� de 5 de Julho.

Demos a not�cia �s tropas.

O comandante est�
no posto de observa��o.

Os soldados est�o nas trincheiras
e o inimigo ataca amanh�.

Podem imaginar o que passa
pela sua cabe�a.

Havia mais de 100 tanques
a cada quil�metro.

Quando os tanques se deslocam,
toda a terra treme.

E as armas disparam,
mas o soldado permanece sentado.

Os avi�es sovi�ticos descolam
de madrugada

para destruir os bombardeiros
alem�es que aguardam nas pistas.

Os alem�es mantiveram
o estabelecido.

Na manh� de 5 de Julho,
as divis�es de panzers avan�aram.

Em Kursk, aconteceu a maior batalha
de tanques da Hist�ria.

No norte, as tropas alem�s percorrem
16 km em cinco dias e param,

com 50 mil baixas
e 400 tanques destru�dos.

No sul,
numa batalha ainda mais vasta,

a defesa russa sofreu
uma quebra ao longo de 32 km,

mas os alem�es estavam exaustos.

No dia 15 de Julho, Hitler
cancelou a ofensiva contra Kursk.

O Ex�rcito Vermelho contra-atacou.

Sob bombardeamento, os sapadores
cortaram o caminho � defesa alem�.

Os tanques avan�aram pela brecha
com as tropas caminhando a seu lado.

Estes eram os soldados russos novos,

muito diferentes
das massas derrotadas em 1941.

As roupas estavam pu�das,
mas as armas estavam limpas.

Eram duros e perseguiam o inimigo
para lutar corpo-a-corpo.

Eram expeditos,

treinados para sobreviver da terra
e para atravessar rios sem apoio.

Se n�o havia barcos,
um banco ou um tronco serviam.

Lutavam sem direito a licen�a
ou pagamento,

mas o moral era feroz
e elevado.

Em termos militares, foi Kursk
que decidiu o fim da guerra.

Quando o supremo esfor�o alem�o
falhou, come�ou a vit�ria sovi�tica.

Ao in�cio, a luta para capturar
as posi��es alem�s foi dura e lenta.

Mas, ap�s nove dias,
o Ex�rcito Vermelho recapturou

o terreno perdido
na �ltima ofensiva alem�.

Os alem�es recuaram,
destruindo tudo � sua passagem.

Mas agora estavam sob o ataque
constante dos sovi�ticos.

A Luftwaffe tinha perdido
o controlo do espa�o a�reo.

De repente, as cidades ocupadas
da R�ssia enchiam-se de blindados

que se deslocavam para ocidente.

Ap�s dois anos, os conquistadores
batiam em retirada.

Os alem�es continuavam nos arredores
de Leninegrado.

A cidade continuava
a ser bombardeada.

O cerco s� foi quebrado
em Janeiro do ano seguinte.

A for�a da R�ssia, como uma mola
gigantesca comprimida at� ao limite,

estava agora a soltar-se.

As primeiras cidades
foram libertadas.

No dia 5 de Agosto de 1943,
Or�l e Belgorod foram libertadas.

Em cada cidade, os que morreram
em batalha foram enterrados.

"N�o me chames, pai.
N�o me procures.

"N�o me chames
Nem desejes o meu regresso.

"Estamos num caminho desconhecido
O fogo e o sangue apagaram a rota.

"Voamos, nas asas dos rel�mpagos,
Para n�o mais desembainhar a espada.

"Todos n�s tomb�mos em batalha,
Para n�o mais voltarmos.

"Haver� um reencontro?
N�o o sei.

"Sei apenas que devemos
Continuar a lutar.

"Somos gr�os de areia no Infinito
E nunca mais veremos a luz.

"Adeus, meu filho,
Adeus, minha consci�ncia.

"Minha juventude e meu consolo,
Meu �nico filho.

"Que esta despedida seja o fim
Da vasta solid�o,

"Pois n�o h� ningu�m mais s�.

"L� permanecer�s
Para todo o sempre

"Longe da luz e do ar.
A tua morte n�o ser� contada.

"N�o contada e n�o atenuada a morte,
Para n�o mais ressuscitar,

"Para todo o sempre
Um rapaz de 18 anos.

"Adeus, ent�o.

"Nenhum comboio chega dessa regi�o
Com ou sem hor�rio,

"Nenhum avi�o pode a� chegar.

"Adeus, meu filho,
Pois milagres n�o acontecem.

"E, neste mundo,
Os sonhos n�o se realizam.

"Adeus.

"Sonharei contigo
Quando eras beb�,

"Caminhando pela terra
Com passos fortes.

"Pela terra onde j� tantos
Estavam enterrados.

Esta can��o, meu filho,
Chegou ao fim. "

Em Moscovo,
Estaline anunciava:

"Hoje, �s 24 horas
do dia 5 de Agosto,

"a capital do nosso pa�s,
Moscovo,

"ir� saudar as valentes tropas
que libertaram Or�l e Belgorod.

"Gl�ria eterna aos her�is
que tombaram em batalha

"a lutar pela liberdade
do nosso pa�s!

Morte aos invasores alem�es!"

Em Novembro,
Kiev foi libertada.

A R�ssia foi salva,
pelos soldados e pelo povo.

Mas na terra,
sem chegarem a ver a paz,

jaziam 20 milh�es de mortos.

Tradu��o e Legendagem:
Isabel Matos / SINTAGMA - CCBS Multim�dia

Legendas ripadas e adaptadas por:
boi_cavalo