All language subtitles for Heller Wahn Sheer Madness (1983)

A CAMINHO DA LOUCURA

Roteiro e Dire��o

O que voc� acha da chuva?

A chuva traz b�n��os.

-Ben��o?
-Aben�oada refei��o!

Refei��o?

O jantar.

� noite?

Sufocar.

Melros, tordos, tentilh�es, estorninho
e todo o bando de p�ssaros.

-Desejo...
-Um discurso de Ano Novo.

-Discurso?
-Sil�ncio.

Sorte e azar.

Azar?

Enxofre... Divaga��es.

Aquele que ri � desacreditado.

-Cren�a?
-Amor.

-Esperan�a?
-Morte.

Por que n�o a vida, Ruth?

Cr�ticas e elogios.

Cr�tica?

Escola. Inoc�ncia.

Perdoa-nos a nossa inoc�ncia,
como perdoamos algumas pessoas.

Pessoas?

Eles est�o ao meu redor.
Querem algo de mim.

O que eles querem?

Devo fazer um discurso, mas todos
j� sabem o que vou dizer.

Eles t�m o texto em m�os.

Qual deve ser o seu discurso?

N�o vou fazer.

Acho que voc� deve aceitar, Ruth.

Qual o nome de voc�s?
O que desejam?

-Meu nome � Dieter.
-E o meu � Olga.

-Voc� quem �?
-Alexander. Querem ver a minha m�e?

Que surpresa. Bruno pensou
que voc�s n�o viriam este ano.

Alexander v� chamar o Bruno.

Deveriam ter vindo antes.

-Sua casa est� muito cheia?
-� como um hotel de jovens.

O "jovem" mais velho tem 78 anos.

Mas h� espa�o suficiente
para os dois.

-N�o � f�cil encontr�-la.
-Isso � o bom daqui.

Gostariam de nadar agora?

N�o � preciso.

Acabamos de passar
tr�s semanas no mar.

Na costa Turca.

Desde que Bruno comprou a
vinha, s� ficamos por aqui.

� compreens�vel.

Finalmente! Bem-vindos!

-Quanto tempo podem ficar?
-Dois ou tr�s dias.

S� isso? Ent�o vamos
conhecer o lugar enquanto � dia.

E voc� mostre a casa
para Olga se ela quiser.

-Est�o juntos de novo?
-S� para as f�rias.

E o Christof?

Ele est� com amigos.
N�s o entediamos.

No andar de cima est�o os nossos
quartos e os quartos das crian�as.

Cuidado com os degraus.

Aqui � a sala de estar.

E o que � ali?

Ol�?

� minha cunhada, Ruth.

A esposa do irm�o mais velho
de Bruno, Franz.

Esta � Olga, a esposa do amigo
de Bruno, Dieter Brandt.

Agora todos nos conhecemos.

Posso ver o seu quadro?

N�o, por favor.
Ainda nem terminei.

-Ela � pintora?
-N�o, na verdade n�o.

� apenas um esbo�o
ou � assim mesmo?

Eu nunca trabalho
de outra maneira.

Voc� � dalt�nica?

Faz isso h� muito tempo?

Eu j� fiz muitos como este.

-Voc� nunca pinta a natureza?
-N�o. At� sonho em preto e branco.

E voc�?

Nunca pensei nisso.
Tem algum significado?

N�o sei.

Na costa existem templos e ru�nas
quase desconhecidas pelos turistas.

Alguns ainda nem foram escavadas,
escalamos perto deles.

N�o � chato sempre ver o mar?

Pelo contr�rio. A �gua �
relaxante como o deserto.

Voc� perde a no��o do tempo.

-Nunca estive no deserto.
-N�s tamb�m n�o.

N�s sim. H� quantos
anos atr�s, Ruth?

Cinco.

Estiveram no Saara?

Visitamos a Arg�lia, at�
as montanhas de Hoggar, no sul.

Velejar sob o sol torna-o
agradavelmente let�rgico.

E quem j� navegou,
guiou essas coisas?

N�o sei velejar.

Nem eu.

Acho que ningu�m sabe.

T�nhamos uma tripula��o Turca.

Ficamos sem fazer nada
por tr�s semanas.

N�o muito ocioso para pensar,
tenho certeza.

Voc� apenas senta
e fica em sil�ncio.

J� foram � costa?

Sim, em Vetje vimos
t�mulos antigos.

Eu prefiro ru�nas modernas.

F�rias sem esfor�o
n�o combina comigo.

Temos que nos mover!

Voc� conhece a minha
necessidade de a��o.

Embora n�o seja t�o ruim
quanto antes.

Eu n�o tenho esse fogo interno.

Cada amanhecer na
�gua deve ser um evento.

Preciso de terra,
das colinas, curvas.

Uma superf�cie plana
n�o � nada para mim.

Ele precisa cavar algo.

Eu vou ajud�-lo amanh�.

N�o, descanse primeiro.

Este vinho � da minha safra,
sem nenhum produto qu�mico.

Meu pai costumava nos levar
em passeios culturais.

N�o que tenhamos
preservado muita coisa disso.

E nem ele, ultimamente.

De que nos serve todos os templos
que visitamos nos �ltimos anos?

O que houve?

Ruth fugiu com as cordas do varal.

Tem certeza?

As roupas est�o no ch�o.

Ruth desapareceu.

Ela sumiu. Vamos ajudar
a procur�-la. Fiquem aqui.

O irm�o de Ruth se enforcou.

-Franz teme que ela fa�a o mesmo.
-Tamb�m vou procur�-la.

Voc� n�o conhece essa regi�o.
A lanterna est� no porta-luvas.

Todo ano algu�m enlouquece aqui.

V� para a cama agora.

Quem est� gritando?

Tamo, volte para a cama.
Est� tudo bem.

N�o quero mais v�-lo hoje.
Diz isso a ele?

Olga, voc� a encontrou?

"H� uma infeliz, mas incorrig�vel
disparidade em minha alma,

e assim ser� e deve permanecer.

Porque sou uma mulher e
tenho desejos de um homem,

sem o poder de um homem.

� por isso que sou t�o vol�vel
e t�o divergente."

Foi o que escreveu G�nderrode
a Gunda Brentano,

em 1801.

Qual foi a �poca que essas palavras
foram escritas?

S�o sobre o qu�?

S�o sobre a liberdade
e personalidade

em que as mulheres tamb�m
est�o envolvidas.

Nesse processo, sentem-se
fortemente atra�dos um pelo outro

e tampouco negam a atra��o.

G�nderrode � dif�cil
de classificar em termos

como classicismo ou romantismo,

embora as tend�ncias liter�rias
da �poca naturalmente

influenciaram sua escrita.

Schlegel.

Tieck.

Novalis.

Brentano.

Schelling.

Agora devemos acrescentar
as mulheres, irm�s,

amigas, amantes, esposas...

e pela primeira vez s�o as
colaboradoras de seus maridos,

mesmo que alguns mantenham
sua colabora��o em segredo.

Bettina Brentano.

Sophie Mereau-Brentano.

Rahel Varnhagen.

Esses nomes representam
muitos outros.

Igualmente educados, igualmente
inquietos, igualmente em revolta.

Essas mulheres conseguem
refletir sua pr�pria situa��o.

Promovem uma pretens�o � felicidade

que contradiz as demandas
da hierarquia,

que s�o a frieza, rigidez,
etiqueta e reclus�o.

O que essas mulheres pedem �:

imediatismo, naturalidade,
intimidade, veracidade!

Mas baseadas apenas em ideias,
n�o por padr�es sociais aceitos.

S�o estranhas, e n�o revolucion�rias
como rom�nticos de outros lugares.

Andei pensando em voc�.

De alguma forma deve ter sentido.

Que coincid�ncia.

Como est� o seu marido?

Nos separamos depois das f�rias.

Est� morando sozinha agora?

-Voc� tamb�m est� separada.
-�, mas n�o moro sozinha.

Cuidado para n�o disparar o alarme.

Voc� vem me visitar?

Quer que eu v�?

Eu estou em um quarto alugado.

Isso a incomoda?

Voc� acha que sou assim?

-Que bom v�-la de novo.
-Desculpe, eu pensei...

Por que Dieter n�o veio com voc�?

Eu trouxe uma garrafa de vinho.

N�o precisava, meu irm�o
tem a sua vinha, como sabe,

e fazemos bom uso disso.

Posso?

-A comida est� quase pronta.
-Posso ajudar?

Ela cuidar� disso.
Venha sentar.

Estou realmente feliz
em v�-la de novo.

-Gostaria de um pouco de m�sica?
-N�o � preciso.

Um aperitivo?

Ruth gosta de voc�.

Normalmente ela � muito t�mida,
inclusive ao telefone.

Ela passa dias sem atender,
at� mesmo quando eu telefono.

Ela n�o tem amigos,
nenhuma amiga.

Tentei apresent�-la a esposas
de colegas, mas nunca deu certo.

Ela s� tem conhecidos.

� por isso que estou t�o contente
que ela gosta de voc�.

Ela fala de voc� como se a conhecesse
h� anos e n�o h� tr�s meses.

Uma amizade como a sua
far� bem a ela.

Al�m disso, poderei ver voc�
com mais frequ�ncia.

Ela tamb�m n�o se d� bem
com a esposa do seu irm�o?

N�o d� para obrig�-la
a fazer as coisas.

O desejo tem que partir dela.

Erika foi por press�o minha
e da minha fam�lia.

N�o fale disso com ela.
Ficaria arrasada.

Ficaria muito grato se pudesse
corresponder aos sentimentos dela.

Seu marido produzia pe�as na escola.
Ent�o n�o o conhecia?

Nisso tenho vantagem sobre voc�.

Sempre invejei um pouco
o talento dele.

A que devemos brindar?

�s mudan�as.

� o seu marido.

Sim, Dieter?

-Pode vir aqui por um momento?
-Estou ocupada.

N�o vai demorar.

Quero que veja algo.

Tudo bem.

Vou ver o Dieter. Quer ir?

Estou cansado dos teatros.

-N�o diga isso a ele.
-Ele n�o se importa com minhas coisas.

Que coisas?

Deixa isso, n�o me incomoda.

Nem sei porque fa�o isso,
mas fa�o.

Que tal um pouco matem�tica?

� uma boa.

Por que, � muito honrada
andais com tanta pressa,

mostrando vossas
vetustas panturrilhas,

at� � altura de vossas
respeit�veis ligas?

Por que, � muito honrado,
abris o focinho tanto,

fazendo um buraco de nossa vis�o?

Para que v�s, � muito honrada

n�o batais com o nariz no horizonte,
fazendo sangr�-lo.

Tal nariz � como uma torre do L�bano,
erguido em dire��o a Damasco.

Meu amor! � a estrada t�o longa?

Todo caminho � longo.

O roque-roque dos
carunchos � lento em nosso peito

e cada gota de sangue
sente falta de seu tempo.

Nossa vida � uma febre rastejante.

Para p�s cansados, todos os
caminhos s�o longos...

E para os olhos cansados
toda a luz � forte demais,

para os l�bios cansados
todo sopro pesado demais,

para ouvidos cansados,
toda palavra excessiva.

Oh, meu caro Val�rio!

O ar j� n�o est� t�o claro e frio,

o c�u desce sobre mim brilhando

e caem pesadas gotas de chuva.

Oh, esta voz:
"Ser� t�o longo o caminho?"

Eu a vi novamente, por acaso.

O marido dela me pediu
para ser sua amiga.

Ent�o?

-Ela � uma estranha.
-Ent�o esque�a.

Mas h� algo de indefeso nela.

Voc� j� teve o bastante disso.

De voc� e Christof?

Falo do seu amigo.

Christof e eu
temos direito sobre voc�.

E Alexej n�o?

Ruth vive em um lix�o?

Para agradar voc�,
� preciso viver do desperd�cio.

Quase cheguei a esse n�vel.

� como voc� queria.

No apartamento, parece que ela
n�o escolheu uma s� mob�lia.

N�o se meta com ela,
enquanto ainda h� tempo!

Christof mandou-me um abra�o?

Sim, desculpe. Esqueci de dizer.

Professor Aschau,
a humanidade quer paz?

O rearmamento geral cria uma d�vida
de qualquer desejo de sobreviv�ncia.

Talvez a nossa incapacidade
de encontrar uma pol�tica

de compreens�o pac�fica e
coopera��o internacional...

prova que a vontade de sobreviv�ncia
de nossa civiliza��o est� caindo.

Eu me pergunto como a nossa
vontade de sobreviver

pode ser fortalecida e
transformar-se em resist�ncia.

O medo, em geral, n�o � saud�vel.

Causa ins�nia, palpita��es
e falta de ar.

Muitas pessoas necessitam
de tratamento psiqui�trico.

Mas neste caso nosso
medo pode ser um t�nico.

Sem medo de uma cat�strofe mundial,
deixar�amos tudo como est�.

N�o devemos somente sustentar
esse medo, devemos atac�-lo.

Esta � a secret�ria eletr�nica de
Olga Brandt e Alexej Marinov.

N�o estamos em casa no momento,
mas deixe sua mensagem.

Por favor, deixe o recado
ap�s o sinal.

Que bom que voc� voltou.

Desculpe, estou atrasado.
mas houve uma longa discuss�o.

Entre!

Justo quem eu precisava.

Venha me ajudar.

At� mais.

N�o tive not�cias suas.

Ando muito ocupada.

Por que mentiu para mim?

Queria ver qual seria sua rea��o,
queria ver sua cara.

-Devo ter ficado com cara de boba.
-N�o, apenas impotente.

-Tem tempo para um caf�?
-Na verdade n�o.

"A paz comprada com tais sacrif�cios
era muito cara para mim,

e eu n�o suportava mais a ideia
de destruir-me parcialmente

para preservar-me parcialmente."

Ela sempre carregava uma adaga.

Ela pediu a um m�dico que mostrasse
o local exato a ser apunhalado.

Mesmo assim, ela tamb�m
se amarrou a pedras.

Conhece o t�mulo dela em Winkel?

Gostaria de v�-lo.

Iremos juntas algum dia.

Tenho que ir.
Voc� vem comigo?

Vou ficar um pouco mais.

Sua pose � muito boa.

Exceto que n�o consigo pensar
em nada durante isso.

Tenho que escrever sobre minha
antiga escola para a reuni�o anual.

Sabia que metade da minha turma
hoje s�o professores?

Ou donas de casa.

-Onde est� voc�?
-Tente me encontrar.

Ainda est�o todos vivos?

Klara morreu
em um acidente de carro.

Bettina morreu de c�ncer
aos dezenove anos.

Renate tentou se matar.

Ela est� em um hospital
psiqui�trico. Eu a visito.

Me leva da pr�xima vez?

Voc� toca piano?

-N�o, eu n�o toco.
-Christof?

Christof deveria aprender,
mas ele � muito pregui�oso.

Alexej toca.

Estou estudando latim.

Este � Christof... esta � Ruth.

-Ol�.
-Eu o atrapalhei?

N�o faz mal, continue tocando.
Talvez algo mais moderno.

-Quem � Alexej?
-� o meu amigo.

-Voc� o ama?
-Amo.

Voc� nunca tentou
pintar algo original?

Tentei, mas sempre
pintava por cima.

Voc� ser� o meu primeiro
quadro real.

Pela primeira vez
voc� n�o est� trabalhando.

N�o nos conhecemos?

O que � t�o engra�ado?

Claro que voc� a conhece.
� a Ruth.

Onde est� o seu varal?

Vai preparar um pouco de ch�?

Terei que adiar a estreia.

-Sempre diz a mesma coisa.
-A pe�a est� se estendendo.

N�o posso fazer nenhum
movimento interno na pe�a,

� tudo conversa externa.

O figurino e os cen�rios est�o bons,
tudo o que n�o � meu est� bom.

V� a outro ensaio
e me d� sua opini�o.

Talvez eu tenha que cancelar.

-Posso levar a Ruth?
-Se ela n�o fizer nenhum coment�rio.

Ela n�o o far�,
mesmo se perguntar a ela.

E onde est� o seu amigo?

Ocupado convencendo algu�m
de seu talento.

Ent�o ele ainda
est� morando com voc�.

Nem todos t�m �xito
com a mesma facilidade que voc�.

O sucesso caiu no meu colo?

-Sem m�rito algum, claro.
-N�o foi o que eu disse.

Se algu�m � realmente bom,
ent�o ele conseguir�.

Afinal, ele n�o � mais t�o jovem!

E com nossa cultura,
todos t�m sua chance.

Se servir a eles.

Esta � Olga.

-H� algo com o Franz?
-Ele mandou lembran�as.

Por que n�o veio com voc�?

Ele n�o tinha tempo e
Olga queria conhec�-la.

-Por qu�?
-Porque voc� � minha m�e.

Eu n�o gosto de ser encarada.

Posso ir dar uma volta.

Pode ficar.

Mas coloque seus �culos escuros,
assim n�o vejo seus olhos.

-Queremos convid�-la para um caf�.
-Imposs�vel. Tenho uma celebra��o.

Tenho que ajudar com a festa
para o Sr. Schlesinger.

O que voc� quer de mim?
Me espionar?

Claro que n�o.

Ent�o voc� j� sabe tudo.

Voc� disse a ela
que eu era uma p�ssima m�e.

Pelo contr�rio, eu disse que voc�
� uma m�e muito amorosa.

N�o �, Olga?

-Seu pai pensava diferente.
-Ele n�o tinha essa inten��o.

N�o diga isso. Ele era inteligente,
assim como Franz.

Est� tudo bem com voc�s dois.

-N�o est�o discutindo?
-Voc� sabe que n�o.

E voc�?

Eu at� gosto de discutir.

Especialmente com meu filho.

Por que sua m�e ficou t�o chateada?

Ela acha que � a culpada
pela morte do meu irm�o.

Ele morreu h� 12 anos, mas a
palavra "filho" ainda mexe com ela.

Sinto muito.

Eu deveria ter lhe avisado.

Por muito tempo n�o acreditei
que ele estivesse morto.

Quando a campainha tocava eu rezava:
por favor, fa�a com que seja ele.

Eu realmente acreditava
que ao abrir a porta ele estaria l�.

E era sempre outra pessoa,
e eu os odiava por isso.

Por fim, nunca mais abri a
porta, deixava campainha tocar.

Voc� � a primeira pessoa
a quem eu gosto de abrir a porta.

Franz tirou voc� desse estado?

Sim, ele me ajudou.

No come�o eu o
chamava de "irm�ozinho".

-Ele parece com seu irm�o?
-Nem um pouco.

Entendo esse sentimento de culpa
da sua m�e, eu me sinto como ela.

Sinto-me culpada
pela morte da minha m�e.

Ela se suicidou?

N�o, mas eu a deixei sozinha
em sua morte.

Ela estava doente,
foi hospitalizada e eu n�o sabia.

Um telegrama foi extraviado.

Ela deve ter pensado
que eu a abandonei.

Ela se recusou a comer e morreu.

S� voltei a v�-la depois de morta.

Franz est� em casa.
Eu n�o liguei para ele.

Quantas vezes devo dizer
que estou preocupado?

O que poderia acontecer
ao visitar minha m�e?

Poderia ter avisado
que estava com ela.

Quando vai perder esse medo
rid�culo de usar o telefone?

Voc� teme a guerra e eu as pessoas.
Onde est� a diferen�a?

Com o seu medo,
n�o sairia �s ruas e resistiria.

Liguei para a Olga algumas vezes.

-Por que ela e n�o eu?
-Ela n�o me censura.

Censurar voc�?

Eu lhe dou conselhos, � diferente.

Voc� estaria em um manic�mio
se n�o fosse por mim!

Sinto muito.

Eu tive um dia dif�cil.

Fiquei chateado
por voc� n�o estar em casa.

Est� com problemas?

-Ol�, Olga.
-Algum problema com Ruth?

N�o. Tenho que ir a uma turn�
de palestras por dois meses.

Ruth n�o quer ir,
ela diz que a aborrece.

� mesmo, eu digo a mesma coisa.
Voc� acharia chato tamb�m.

Queria lhe pedir
para tomar conta dela.

Claro que sim.

-Quer almo�ar?
-Estou sem tempo.

Talvez voc� possa convenc�-la
a retomar sua carreira.

Ela tinha uma profiss�o?

Era professora,
mas foi por um per�odo curto.

Ela s� pediu demiss�o,
nem falou comigo sobre isso.

Eu estava fora.

Ela confia em voc�.

Se eu disser algo, tenho certeza
que ela far� o contr�rio.

Ela n�o � t�o rebelde!

Ela tem que ser tratada com cautela.

Mensagens para voc�.

Apague todas.
N�o quero ver ningu�m.

Nem eu?

Gostaria de ver somente voc�
e mais ningu�m.

Voc� logo ficaria entediado.

Vamos dar uma volta.

N�o quero ir a lugar nenhum.

Encontraremos pessoas.

Voc� me d� nos nervos
com sua auto piedade.

Sei que irrito a todos.
a mim mesmo, acima de tudo.

O talento de muitos outros
n�o foram reconhecidos.

Esses j� se mataram
ou est�o no hosp�cio.

Como G�nderode
que voc� est� lendo.

Ela teve outros motivos.

O marido dela foi s� um pretexto.

Ela viu que nunca teria sucesso,
n�o como aqueles ao seu redor.

Voc� n�o acredita que pessoas
podem se matar por amor?

-Voc� faria isso se eu a deixasse?
-Quem sabe?

Voc� traria o pr�ximo homem
para dentro de casa.

Toque algo para mim.

Como voc� est�?

Bem, obrigada.

O que voc� acabou de pintar?

Uma montanha.

Uma montanha alta.

Como o Teufelsberg?

Mais mais alto!

Como o Zugspitze?

Ou Monte Branco?

Como o Himalaia?

� uma montanha negra ou branca?

Uma montanha negra.

-Est� l� solit�ria?
-Sim.

Bonito cabelo.

Seu cabelo � bonito tamb�m.

-Olga tamb�m tem cabelos bonitos.
-�, eu tamb�m acho.

Espera.

Eu j� volto.

Bom fim de semana.

Seu del�rio � que ela deve pregar
de uma alta montanha,

mas ningu�m a escuta.

Ela fugiu v�rias vezes
para encontrar esta montanha.

Agora ela apenas pinta.

Talvez seja uma melhora.

O que ela prega?

No d�cimo s�timo dia
do segundo m�s

romper�o todas as fontes do abismo,
e as janelas do c�u se abrir�o

e a chuva cair� sobre a terra,
quarenta dias e quarenta noites.�

O dil�vio prometido.

Franz fala assim, mas n�o
de uma maneira t�o b�blica.

Para voc�.

Lindo.

A ideia de uma esposa
temperamental,

que passa o dia todo em galerias,
faz passeios solit�rios...

o que ele chama
de solid�o narc�sica.

Ele gosta, ele precisa disso.

N�o creio nisso.

Significaria que ele
quer ver voc� infeliz.

Ele acha que a imagem que tem de mim
coincide com meu desejos secretos.

Voc� entende?

N�o. Al�m disso, tenho certeza
de que n�o � assim.

Ele falou com voc� sobre isso?

Claro que n�o, mas tamb�m
tenho olhos na cabe�a.

N�o apenas voc�.

Voc� mobiliou o apartamento?

Foi a m�e dele. Voc� n�o gostou?

Na verdade, n�o.

S�o todos c�pias.

Sim, mas seu talento est� na
sele��o e a composi��o.

Ela d� uma nova perspectiva,
uma nova interpreta��o.

Ela n�o pinta nada original?

N�o.

H� pintores que modificam
o material de outros.

H� pintores que s�o fot�grafos.

Veja este.

Ele tamb�m s� trabalha
em preto e branco.

E o que a sua amiga faz?

Ela apenas remove a cor.
Isso � tudo.

Voc� poderia ajud�-la muito.

Sabe quanto custa uma exposi��o?

Voc� me tira do s�rio
com suas mulheres.

-E o que voc� �?
-Uma mulher de neg�cios.

-Voc� n�o pensava tanto no dinheiro.
-Antes eu n�o tinha uma galeria.

Voc� n�o me contou como
foi o acampamento escolar.

Foi bom. S� muito curto.

Isso � tudo?

Thomas tem uma namorada agora.

-E voc�?
-N�o t�o bem.

N�o t�o bem?

N�o sou t�o interessante.

Talvez voc� seja muito exigente.

Sim, elas devem estar bem
informados sobre o rearmamento.

-Telefone.
-Atenda.

� para voc� de qualquer maneira!

No come�o ela n�o me deixou entrar,
queria esconder seus quadros.

Mas voc� me conhece
quando quero uma coisa.

-Por que n�o me mostrou?
-N�o acho que sejam bons.

Com essas imagens podemos
arriscar uma exposi��o.

Fico feliz que tenha insistido,
Olga.

Temos que comemorar.

Uma pena n�o ter trazido
a champanhe.

Vou pegar.

Sozinha eu ando pela cidade

Passo entre a multid�o que n�o sabe

Que n�o v� a minha dor

Buscando voc�, sonhando com voc�
Que n�o tenho mais

Cada rosto que vejo
N�o � voc�

Cada voz que escuto
N�o � voc�

Onde est�s perdido amor?

Te reverei, te encontrarei, te seguirei.

Eu tento em v�o esquecer...

Claro que n�o haver� agita��o.
Ningu�m a conhece ainda.

N�o se lembra daquela
noite em Provence?

Sempre que conhece estranhos,
ela foge.

-Poder� fazer o mesmo desta vez.
-Nem imagino isso.

N�o estou criticando voc�,
pelo contr�rio.

Sou muito grato
por fazer isso por ela.

Ela disse que estava feliz.

Nunca notou que ela mente?

Vamos deix�-la decidir.

Quando conheci a Ruth,

ela era obcecada pela ideia de ser
assombrada � noite pelo irm�o.

Eu tive que passar por um
verdadeiro exorcismo com ela.

O que isso tem a ver
com a exposi��o?

O irm�o dela tamb�m pintava.

E se matou depois
de seu primeiro m�nimo �xito.

Acha que ela poderia
fazer o mesmo?

Certas pessoas saem dos trilhos
por excesso de afeto de outros.

Que bobagem!

E se ela n�o aguentar?
Voc� quer arriscar?

Tenho que lhe dizer uma coisa,
querida, que pode desapont�-la.

A galeria n�o pode fazer
sua exposi��o agora.

S�o quest�es de organiza��o.

Mas pode haver uma chance
no pr�ximo ano.

-Preciso dizer a Olga.
-Ela j� sabe.

Ela me pediu para contar.

Vamos pensar com calma.

Pense bem!
Meus quadros n�o s�o bons!

N�o tem nada a ver com a
qualidade de suas pinturas,

s� com a falta de capacidade
de organiza��o da Sra. Sander.

Talvez dev�ssemos insistir.

Afinal, ela comprometeu-se
firmemente.

N�o quero obrigar ningu�m.

Venha c�, meu amor.

Ela s� quer adiar a exposi��o.

Em um ano
voc� continuar� a progredir.

Se voc� est� muito triste
com isso,

podemos falar com a
Sra. Sander novamente.

Mas eu n�o quero!

Sua m�e diz

que na idade dela n�o consegue mais
acostumar-se com um homem.

Pode interceder ao meu favor?

Quero casar com ela.

Eu vou tentar.

Ela � uma mulher maravilhosa!

Continuo pensando
naquela pessoa intrusiva.

Quer dizer a Olga?

O jeito que ela olhou para mim
por detr�s de seus �culos!

Olhar desagrad�vel e
uma aura desagrad�vel!

-N�o se envolva com ela!
-Pare com isso, m�e!

Sabe que tenho um pressentimento
com as pessoas e raramente me engano.

Ent�o porque se casou com o papai?

Pare de criticar a Olga.

Vamos falar sobre Schlesinger.

Por que recusou sua proposta?

� um velho que n�o serve para nada.

Ele combina mais com voc�
do que o papai.

Voc� n�o pode julg�-lo,
mal o conhecia, era muito pequena.

-Seu pai era muito mais esperto.
-Do que isso valeu para voc�?

Voc� est� certa.

Eles s�o meus amigos, todos m�sicos.
Estudamos juntos em Moscou.

Umberto. Ele toca violino.

Sa�ko, toca a flauta.

Ivan, meu melhor amigo.
Toca a viola.

E eu sou Alexej.

Coma conosco. Panos preparou
uma boa comida dos Balc�s.

-Onde est� Christof?
-N�o sei.

N�s decidimos formar um grupo.
Tocaremos de tudo.

M�sica nova, m�sica velha,
m�sica para dan�ar...

Voc� se importa se ensaiarmos aqui?

S� quando voc� estiver
na universidade.

Quando tiver que trabalhar,
ficaremos calados.

Uma vez eu fiz o mesmo
que voc�. Fui professora.

Por que voc� desistiu?

Eu tinha medo todas as manh�s.

Sabe por qu�?

Ao acordar, senti uma
press�o na minha garganta...

e quando cheguei � escola,

tive a sensa��o
de ser estrangulada por algu�m.

Na sala de aula...

muitas vezes n�o conseguia falar,
nem mesmo para dizer bom dia.

Voc� sentiu que os
alunos a trataram mal?

S� temia ter que estar l�

e n�o pudesse lhes dizer
o que era preciso.

Nunca me livrei da sensa��o de que
n�o poderia ensinar nada a eles.

-Est� se saindo muito bem.
-N�o conseguiria sem voc� aqui.

-E a nossa Ruth?
-Ela est� linda.

Muitas pessoas j� disseram isso.

-Aceita uma bebida?
-Eu j� estou bebendo.

Voc� est� muito bonita.

Prefiro tocar em uma
sala de concertos.

-Pare se acha que tocou muito.
-N�o, estou me divertindo.

Minhas sinceras felicita��es.

Obrigada.

O trabalho de seu marido
� um grande sucesso.

Escolha uma.

Will You Still Love Me Tomorrow?

Hoje � noite voc� � meu

Completamente

Voc� d� o seu amor

T�o docemente

Hoje � noite a luz

Do amor est� nos teus olhos

Mas voc� ainda me amar�

Amanh�

� este um tesouro

Duradouro

Ou somente um momento

De prazer

Eu posso acreditar

Na magia do seu suspiro?

Voc� ainda me amar�

Amanh�

Ruth!

Est� quase na hora.
Fique ao meu lado, sim?

Estou certo que ele vai fazer
um discurso.

-Queria sair daqui.
-Voc� n�o pode agora.

Quero ficar sozinho com voc�.

Para desejar
o nosso feliz ano novo?

Por que n�o?

Voc� ficou escondida em um
canto com Olga a noite toda.

N�o � verdade! Eu pensei
que voc� gostasse dela.

De qualquer forma,
voc� a v� todo dia.

Voc� era a mulher
mais linda da noite.

Achei a Olga a mais linda.

Eu me pergunto o que tanto
voc�s t�m para falar,

considerando que voc�s
se veem todos os dias.

Ainda h� muito sobre o que falar?

Voc� n�o tem me dado
aten��o ultimamente.

N�s somos amigos,
� isso que voc� queria.

Mas eu ainda estou aqui.

Franz, claro que est�.

Gostaria de ler trechos
do relato de Bettina

sobre o suic�dio de G�nderrode.

Aqui fica claro...

que ela n�o s� sofreu
pela amiga,

mas tamb�m estava magoada.

"D�i-me e eu a repreendo,

como costumava
fazer em meus sonhos,

por ela ter deixado esse belo mundo.

Ela me tratou mal,
fugiu de mim

quando eu queria compartilhar
com ela todos os prazeres.

Ela era t�o t�mida...

uma jovem freira, que tinha medo
de recitar a gra�a em voz alta.

Diversas vezes me disse que
tinha medo porque era a sua vez.

Ela n�o queria fazer a ora��o
em voz alta na frente de todos."

Senhora Aschau,
por favor continue a leitura.

Seria melhor se viesse aqui
e ficasse em meu lugar.

Eu s� queria ouvir.

Mas isso n�o � uma
palestra. � um semin�rio.

Com licen�a!

Foi est�pido da minha parte!

N�o, voc� estava certa
em tentar me ajudar.

Eu deveria ter sido capaz.

Eu s� queria me exibir.

O que ela faz por
voc� que eu n�o fa�o?

Ela me d� seu tempo.

Espero que voc� n�o me
culpe por ganhar dinheiro.

Eu me culpo por n�o ganhar.

� minha culpa que voc�
nunca conclui nada?

Que desiste de tudo
no meio do caminho?

Se eu n�o tivesse aparecido, voc�
ainda estaria com a sua m�e.

Agora voc� fica por a� com a Olga.

Se quiser retomar sua carreira,
voc� tem meu apoio total.

Eu n�o posso. E percebi isso hoje.

Se conversar com Olga de novo,
talvez ela pense em algo...

Olga, Olga, Olga!
Voc� parece um papagaio!

Voc� deve agradecer a mim
por passar tanto tempo com ela!

Voc� acha que tudo cai do c�u!

Nada vem desse jeito, at� os
amigos devem ser cultivados.

Quer dizer que voc� pediu a Olga...

Sim, implorei para que ela cuidasse
de voc�, lhe desse alguma aten��o.

Por que ela fez isso comigo?

� o irm�o que a assombra.
O irm�o.

Voc� n�o faria uma coisa dessas?

N�o.

Promete?

Prometo.

Estou com tanta sede.

Vou lhe trazer algo.

-Voc� prometeu.
-Sim, Christof.

Por favor, n�o a deixe morrer.

V� embora, por favor.

V�.

N�o vou embora at� saber
o que est� acontecendo.

Aceitou dinheiro tamb�m?

Dinheiro? Para qu�?

Voc� e Franz fizeram um acordo.

Ele disse isso?

Ele disse que voc� s� me
visita porque ele pediu.

Ele for�ou voc� a essa amizade.

Como isso � poss�vel?

N�o posso ser obrigada
a ser sua amiga,

al�m disso, voc� j� teria notado.

Quando eu quero muito uma coisa,

acredito em tudo.

Quantas flores.

Todas flores de alegria.

Agora deite-se.

Eu vou cozinhar e depois
tenho uma surpresa para voc�.

Olga j� sabe.

Grande Cairo tem uma popula��o
de doze milh�es de habitantes.

-Em 2000, ser�o 16,9 milh�es.
-Como pode ser t�o precisa?

Ter�o que isolar a cidade,
mesmo agora � dif�cil aliment�-los.

O incr�vel � que o suic�dio � raro,
o pa�s do suic�dio � a Alemanha.

Ruth e eu n�o queremos
realizar um semin�rio padr�o

ou uma palestra.

Voc�s anotaram suas perguntas e
qualquer um � livre para respond�-las.

Todos voc�s falam alem�o
e j� estudaram o assunto.

Todos concordam que tentaremos
fazer desse modo?

Ent�o, Ruth e eu n�o temos que
fingir que sabemos mais que voc�s.

Por que considerar
Marie von Ebner-Eschenbach

como escritora do
movimento das mulheres?

Algu�m gostaria de responder?

Ela ajudou, mas n�o
de maneira direta e moderna.

Ela disse uma vez que � melhor que
as mulheres permane�am em sil�ncio.

Sem protestos, devem
trabalhar contra a ideia err�nea

de que as mulheres n�o t�m talento.

Ela s� foi reconhecida muito
tarde, aos 55 anos de idade.

Ela escreveu em seu di�rio:

"Em nosso pa�s, um novo livro de
hist�ria natural fez a descoberta

de que a mulher em si n�o � nada.

Que ela s� pode tornar-se
algu�m atrav�s do homem,

a quem ela se submete e cuja vida
encontra-se preenchida.

Um ser t�o imperfeito n�o pode
possuir nenhum talento perfeito."

Ela percebeu claramente
que suas dificuldades

em afirmar-se como escritora
eram por ela ser uma mulher.

O conhecimento delas
� surpreendente,

nossos alunos n�o saberiam lidar
com grande parte do conte�do.

Elas se prepararam bem
e t�m bons professores.

Apesar dos incr�veis talentos, elas
est�o imersas na tradi��o isl�mica.

-Pergunte a eles.
-Pergunte voc�.

Ruth quer muito visitar uma
cartomante. Conhecem alguma?

Eu j� consultei uma.

Disso eu n�o sabia.

Desde quando � supersticiosa?

Nossa empregada me levou.

-A previs�o estava correta?
-Algumas partes.

� uma besteira.

Adaptar-se a um pa�s � necess�rio
por conta do trabalho, mas...

N�o entendo voc�.
Por que n�o me contou sobre isso?

-Eu n�o lhe digo algumas coisas.
-Por qu�?

Porque voc� ficaria chateado.

Gra�as a visita de voc�s,
aprenderei alguma coisa.

Voc� ir� nos levar?

Somos mulheres europeias
emancipadas.

Tem que beber tudo.

A tumba dos g�meos.

Podemos ficar por mais dois dias?

No deserto?

Eu gostaria de visitar
Bruno e Erika.

Poder�amos ir de Marselha para l�.

Enviarei um telegrama ao Franz.
Melhor que telefonar.

� um grande desvio!
Tamb�m pod�amos ficar aqui.

� muito importante para mim.
Por favor.

� algo que a cartomante disse?

-H� quanto tempo est� com Dieter?
-Catorze anos.

Estamos ficando velhos.

�s vezes acho que vou...
ent�o tudo come�a a acontecer.

O que come�a a acontecer?

-Franz est� aqui.
-Franz?

N�o lhe contei porque
era pra ser surpresa.

-N�o est�o cansadas?
-Adoraria deitar um pouco.

Franz, por que est� aqui?

Eu n�o aguentava mais sem voc�.

-Voc� deixou o trabalho e veio?
-Claro, quando � importante.

Ol�, Olga!

-Agora conte-me tudo.
-Quero descansar por uma hora.

Franz, muito obrigada pela viagem.

Queria ter ido com voc�.

N�o ser� um bom ano de vindima,

-se n�o tivermos sol em breve...
-Estava t�o quente no Cairo.

N�o era perigoso?
Duas mulheres sozinhas e sem v�us.

-Raramente est�vamos sozinhas.
-Parece empolgante.

Conhecemos muitas pessoas.

-Que tipo de pessoas?
-Mulheres, principalmente.

E as pir�mides?

Tamb�m as vimos.

Tamb�m viram as m�mias?

Quer�amos v�-las,
mas fecharam os sarc�fagos,

m�mias n�o toleram luz.

Queriam recoloc�-las
em suas tumbas originais.

Tiramos muitas fotos.
Qurem ver?

Eu vou busc�-las.

Est�o na nossa mala.

Poucas vezes a vi t�o animada.

A viagem foi maravilhosa.

Foi prazeroso ouvir voc�s.

At� realizamos um semin�rio juntas.

Gostaria de mostrar uma
igreja rom�nica perto daqui.

Franz tem que ir embora.

Poder�amos voltar um dia
depois dele.

Olga, eu gosto de viajar com voc�.

-Voc� vai com a gente, Erika?
-Com prazer.

Temos que dormir agora,
sa�mos cedo amanh�.

Eu queria ir para a igreja rom�nica
com Olga e Erika amanh�.

Eu n�o posso mais ficar.

Pegue o avi�o amanh� e eu
vou depois com Olga.

-Eu terei que ir sozinho?
-Vou lev�-lo ao aeroporto.

Voc� se importa se ficarmos?

Claro que n�o, gostaria muito.

-Fique fora disso.
-Mas temos muito espa�o.

N�o, Ruth vem comigo.

Eu a levarei de volta em seguran�a.

-Al�m disso, Ruth n�o dirige mal.
-S� quando estou com o Franz.

-Claro, eu oprimo voc�.
-J� chega.

-N�o se meta!
-N�o quero mais brigas aqui!

Isso � s� entre os dois,
n�o se intrometa!

Claro, aqui quem manda � voc�.

Sua vinha, seu jardim,
seu irm�o, seus filhos.

Mas para cozinhar, de repente eu
sou um membro da fam�lia de novo.

-Eu trabalho no campo.
-Sim, voc� acha uma boa troca.

Erika, por favor, pare.

Ao menos, ningu�m pode tirar
sua pintura de voc�.

Ela desistiu,
sob a influ�ncia desta senhora.

E ainda se consideram amigas.

Quem impediu Ruth de ter
sua exposi��o? Voc� ou eu?

N�o houve problemas de organiza��o?

Ele at� pagou os custos
para que n�o ocorresse.

Cala a boca ou eu vou matar voc�.

Foi tudo combinado!

Ele sabia que voc� seria um sucesso,
mas alegou que o sucesso a destruiria!

Eu expliquei o motivo!

Porque voc� n�o suporta
a concorr�ncia!

N�o fale bobagem!

Sua preocupa��o por ela � apenas
preocupa��o consigo mesmo.

Voc� n�o sabe de nada!
N�o a conhece direito!

Ela poderia ser melhor do que voc�!

Franz est� certo.
Ela fez a cabe�a de Ruth contra ele.

Estou farto de sua arrogante e
afetada sensibilidade intelectual.

Karoline von G�nderrode...

Como se s� as mulheres
tivessem alma.

Fique longe da minha esposa!

Christof, Alexej j� est� acordado?

-Ele foi embora.
-Saiu mais cedo?

N�o, m�e.
Foi embora para sempre.

-Ele disse o porqu�?
-Disse que voc� o sufoca.

Mas isso n�o � verdade!

Quer dizer que ele
nunca mais voltar�?

N�o pode ser verdade.

Estarei a� em algumas horas.
Eu preciso de voc�.

Preciso de voc� tamb�m.

"Por gentileza, pague
a conta da empresa

pelo transporte do piano."

Gostaria de pedir desculpas.

N�o sei o que aconteceu comigo.

Estava com uma raiva irracional.

-Ainda est� brava comigo?
-N�o.

-N�o est� mesmo?
-N�o.

Ruth n�o falou comigo desde ent�o.

Ela tem toda a raz�o.

Eu me comportei muito mal
com voc�.

-N�o pode falar com ela?
-N�o.

Dizer que fizemos as pazes.

Por favor, Olga.
Eu n�o sei mais o que fazer.

Tentei explicar tudo durante o voo,
mas ela � como uma rocha.

N�o a fa�a sofrer
pelo que fiz a voc�.

Todo ano algu�m enlouquece
e outro algu�m � a v�tima.

Desta vez foi voc�.

Eu fiz muitas coisas erradas. Talvez
tive uma imagem errada de voc�s.

Prometo que algo assim
nunca mais voltar� a acontecer.

Eu amo a Ruth.

Eu temia perd�-la.
Voc� estava certa no que disse.

Por favor, Olga.
Voc� sempre me ajudou.

N�o, n�o vale a pena.

Querida, tudo no escuro?

Sra. Aschau...

voc� persistentemente permanece
em sil�ncio sobre o ocorrido.

Dou a voc� uma �ltima
oportunidade para falar

antes do discurso final
do promotor.

Quero agradecer a Olga
por me ajudar a mat�-lo.

Olga Brandt?

Sim.

Minha amiga.

Legenda:
CINECULTZ