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Desculpe.

Pap�?

Sente-se bem?

- Acordaste cedo.
- Tenho um grande dia pela frente.

Gostava que n�o tivesses de ir.

Prometi ajudar um amigo.

Maldito anexo.

Muito em breve, mudarei tudo.

Mesmo muito em breve.

Conduz com cuidado.

Jovem? Pe�o imensas desculpas.

D�-me uma cerveja sem �lcool?

- Mais alguma coisa para acompanhar?
- Aspirinas, por favor.

"O amigo P. Saiu em Agosto...

"e depois de teres partido,
conheci uma pessoa.

"Arranjou-me um trabalho
que pod�amos fazer facilmente.

"� canja, uma golpada perfeita.

"� algo garantido. Estou a contar contigo.

"Abra�os, Dick.

"P.S. Estarei na paragem do autocarro,
no dia 14 de Novembro.

"Dia-D. D igual a dinheiro, companheiro."

Encha o tanque, amigo.

Escolheu bem o dia para isso.

- Isso o qu�?
- Para ca�ar fais�es.

Sim, sem d�vida.

O atirador Dick Hickock?

Essas aves n�o sabem,
mas hoje � o �ltimo dia delas na Terra.

Bom dia, pai.

- Acordaste cedo.
- Vou ter um dia estafante.

Bom dia, pai.

- Pareceu-me sentir o cheiro a fumo.
- Sim.

Tamb�m a mim.
Talvez seja uma v�lvula defeituosa.

Talvez.

A hortel�-pimenta em jejum
pode parar o teu crescimento.

Pai, uma chamada para si.

� o homem dos seguros.

Esta tarde, antes de anoitecer.

Est� l�?

Ligue-me � Penitenci�ria
do Estado do Kansas.

Pessoa-a-pessoa. O Rev. James Post.

O Rev. James Post.

Chamo-me...

Perry Smith. Ele entrar� amanh�.

- Posso ver o quarto, por favor?
- Hoje n�o trabalha?

E voc�?

Est� l�.

Perry.

Claro que me lembro de si.

Kansas City?

Missouri.

Estou no terminal dos autocarros.

Estou � espera do Willie Jay.

Algo impediu a liberdade condicional dele?

- Era suposto encontrarmo-nos aqui.
- Perry, pense bem.

Violou a liberdade condicional
ao deixar o emprego.

Voltar� a viol�-la se entrar no Kansas.

Fa�a o que fizer,
n�o atravesse o rio para o Kansas.

Pode dizer-me para onde ele foi?

Por favor, Jim.

� muito importante.

Talvez a coisa mais importante
da minha vida.

Regresse. Porque n�o vai visitar o seu pai?

Bom dia, m�e.

Lembra-se da Jolene?

Prometi ensinar-lhe
a fazer uma tarte de cereja.

- Parece coisa s�ria.
- Ela insiste que seja hoje.

Isso � quase uma cat�strofe,

porque tamb�m prometi ajudar a Roxy
no ensaio de trombeta.

Fazer recados � m�e em Garden City,
almo�ar com a Susan...

E se eu tratar dos recados da tua m�e?

Obrigada, pai.

Tamb�m ao vosso inteiro dispor,
no balc�o das bagagens,

encontram-se etiquetas de identifica��o.

Esta � a �ltima chamada...

para Buckner, Bluffington, Lexington,
Waverly, Marshall...

e voos interm�dios.

Embarque pela porta n�mero seis.

CANTA PERRY SMITH

M�os ao ar!

- Ol�, amigo.
- H� quanto tempo est�s a�?

O bastante para ver
o teu �ltimo espect�culo.

- S� entre ti e mim.
- Tu e eu.

Porque entras em transe
sempre que te olhas ao espelho?

Como se estivesses a olhar
para um belo rabo.

Que raio est� aqui dentro?

Cimento?

S�o as minhas coisas.
Livros, cartas, can��es,

lembran�as da Coreia...

e a nossa passagem para o sucesso.

Tenho um mapa secreto que nos levar�...

directamente ao tesouro afundado
do Capit�o Cort�s.

Sessenta milh�es de d�lares
em ouro espanhol, na costa do M�xico.

Ent�o, � por isso que esse mapa pesa tanto.

Bem-vindo de volta ao Kansas, amigo.
O cora��o da Am�rica.

A terra do trigo, milho, b�blias e...

g�s natural.

Esse mapa n�o � t�o pesado
como o teu, mas � verdadeiro.

E, at� logo � noite, vai dar-nos $10.000.

A 650 quil�metros para oeste daqui,
em casa do Grande Clutter.

O esquema � esse. O trabalho.

Algures naquele escrit�rio,
num velho cofrezinho.

E dentro dele, $10.000 ou talvez mais.

J� o viste?

O cofre!

Assim que sa�ste da pris�o,
entrou para a cela um tipo novo.

O Floyd Wells, a cumprir
tr�s a cinco anos por roubo.

Tinha trabalhado para o Clutter. Ele viu-o.

� essa a tua golpada perfeita?

Amor, � canja.

Prometo-te, querido, que at� os cabelos
ficar�o colados �s paredes.

- Ol�, Roxy.
- Bom dia, Sr. Clutter.

Acho que a Nancy est� � tua espera.

Tem cuidado, rapaz.
Ainda acabas viciado em aspirina.

J� o sou h� sete anos.
Adquiri o v�cio no hospital.

M�dicos.

Transformaram-me num pigmeu.

M�dicos e advogados. Querem l� saber!

J� viste algum milion�rio
a ser frito na cadeira el�ctrica?

Raios, n�o.

H� dois tipos de leis, querido:

Uma para os ricos e outra para os pobres.

Olha para mim.

Desfa�o o carro, acordo num asilo...

e nem sequer me reconhe�o.

Detesto contar quantas mulheres bonitas
isso me ter� custado.

Mas ofereceram-te um belo sorriso.

Sim, o rapaz bem americano.

EMPORIA - LIMITE DA CIDADE

Isso foi est�pido.

Roubar uma embalagem
de l�minas de barbear, para provar o qu�?

Todos roubam algo de vez em quando.

� o passatempo nacional, meu caro.
Roubar e trair.

Se apanhassem as mulheres traidoras
e os vigaristas,

todo o pa�s estaria atr�s das grades.

- Onde est�o as meias pretas?
- N�o tinham em preto.

- P�ra noutro s�tio.
- Onde?

- Num hospital cat�lico.
- Claro.

Entramos como se fosse
uma lojeca qualquer.

Irm�, querida, precisamos de meias pretas
para escondermos a cara.

Est� bem, esquece.

Seja como for, as freiras d�o azar.

Mas s�o sensuais.

N�o pensarias assim
se tivesses vivido num desses orfanatos,

sempre rodeado por essas vi�vas negras.

Sempre a espreitarem no escuro,
a espiarem-te enquanto dormes.

A baterem-te com uma lanterna
por teres molhado a cama.

Essa foi a primeira vez
que fui salvo pelo p�ssaro amarelo.

Pelo qu�?

Uma esp�cie de papagaio.

Mais alto do que Jesus.

Amarelo vivo, como um girassol.

Atacou as freiras como um anjo vingador.

Elas pediram miseric�rdia.

Mas, mesmo assim,
o p�ssaro amarelo chacinou-as.

Ent�o, o p�ssaro envolveu-me nas asas...

e levou-me para o para�so.

� um belo p�ssaro para teres do teu lado.

Seja como for, � por isso
que tenho avers�o a freiras,

a Deus e � religi�o.

Esquece. As meias pretas
s�o uma perda de tempo.

Ningu�m ir� lembrar-se de n�s,
porque n�o deixaremos testemunhas.

Que tal passares a noite na nossa casa?

Refei��es congeladas
e servidas em tabuleiro:

Esparguete, macarr�o ou pizza.

- Parece-me irresist�vel.
- Vou dizer � minha m�e.

- Meu Deus, Sue. C'est impossible.
- Pourquoi, ch�rie?

- O Bobby vem c�.
- Amanh�, virei buscar-te e iremos � igreja.

�s nove em ponto.

Um dia de muito trabalho
merece um jantar completo.

Os condenados comiam uma boa refei��o.

N�o sei o que comiam, mas esta noite
s�o hamb�rgueres de queijo.

Amanh�?

M�xico.

- O fabuloso M�xico.
- Terra dos tamales picantes.

Pa�s do ouro.

Lembras-te do Bogart
em Treasure of the Sierra Madre?

Pod�amos arranjar dois burros.

Algumas ferramentas.

Acalma-te. N�o sei distinguir
o p� de ouro da diarreia.

Mas eu sei.

O meu velho explorou ouro no Alasca.

Ensinou-me todos os pormenores.

Sim, e acabaremos doidos.

Sem ouro, sem nada. Tal como no filme.

Nunca tencionaste...

ir ao M�xico, pois n�o? Tencionaste?

Claro, amor.

� claro que vamos.

Mas primeiro temos de arranjar dinheiro.
Por exemplo, esta noite.

Cinco mil d�lares por cabe�a,
por uma hora de trabalho.

- O que desejam?
- Dois hamb�rgueres de queijo, por favor.

Fazer um seguro � como,

quando lavamos o carro: Chove sempre.

Sabes que nome damos a isto
no jogo dos seguros?

O momento solene.

Quando um homem faz um seguro
ou escreve o �ltimo testamento,

� natural que se pense em mortalidade.

Herb, a partir deste momento,
a tua vida vale $40.000.

Em caso de morte acidental,
haver� uma dupla indemniza��o.

A companhia de seguros deseja-te
uma vida muito longa e saud�vel.

- E eu tamb�m.
- E eu tamb�m.

Aquela empregada. Uma loira muito bonita.

Porque me escolheste para este trabalho?

Uma golpada perfeita
requer parceiros perfeitos.

Juntos fazemos um par perfeito.

A golpada � tua. Onde me encaixo?

Lmaginei-te um assassino nato.

Ou mentiste acerca daquele tipo de Vegas?

N�o.

Porque o mataste?

Nenhuma raz�o especial. S� por prazer.

Essa � a melhor raz�o de todas.

L� atr�s, quiseste matar-me.

S� por um segundo, n�o foi?

Passou.

�s temperamental.

Zangas-te com algu�m, pum!

Sim, senhor. Tens o dom, rapaz.

Lembras-te do capel�o Willie Jay?

- Que pintaste para se parecer com Jesus?
- Ele disse o mesmo:

"Inst�vel, explosivo."

� obviamente um maricas.

Tem uma mente brilhante.

Ent�o, porque foi apanhado a roubar
cinco vezes?

- Foi o melhor amigo que tive.
- Agora, sou o �nico amigo que tens.

Amigo at� ao fim, para o bem ou para o mal.

At� que a morte nos separe?

S� precisamos de um anel, querido.

� o Bobby?

J� viste aquele terreno?

Dinheiro de petr�leo, g�s e trigo.

Partilha a riqueza, amor.

- Qual � a sensa��o?
- De qu�?

De ser pai.

�ptima.

- Amas os teus filhos?
- Sou o pai deles, n�o sou?

N�o perguntei se eras o pai deles.
Perguntei se os amavas.

Sou louco por eles.

- Mas deixaste-os.
- Deixei a m�e deles.

Pronto, ela � que me deixou.

Houve uma mulher bonita, mas nada s�rio.

Foi s� uma rapidinha no banco de tr�s.

Ela desmascarou-me.
Disse que eu a tinha engravidado.

� por isso que sou duas vezes perdedor.

Trocaste os teus filhos por ela.

Meu Deus. Tinha de tomar
a atitude certa, n�o achas?

Ent�o? N�o achas?

Sim.

- Boa noite!
- At� amanh�, Bobby.

- Ainda falta muito?
- Onze quil�metros.

Encha-o de gasolina normal.

Queres um doce?

N�o.

Est�s bem?

Estou �ptimo.

Vens?

Vamos.

Not�cias da Associa��o de Jornalistas,
da NBC e do Jornal de Garden City.

- Boa noite, pai.
- Boa noite, filho.

Ventos do sul
a cerca de 25 quil�metros por hora.

A Empresa de Leil�es de Garden City
leiloou ontem 3.273 cabe�as de gado.

Boa noite.

... os novilhos variaram entre $26,50 e $30.
Contudo, muito poucos chegaram aos $30.

As esp�cies m�dias e boas
foram vendidas a $26,50...

Olha para aquela herdade.

N�o digas que este tipo n�o � rico.

Vamos embora daqui.

Agora, antes que seja tarde demais.

- Pap�?
- Talvez ainda estejam a dormir.

Nancy?

MUNIC�PIO DE FINNEY

N�o toques nisso.

N�o toques em nada.

J� foste l� acima?

Meu Deus.

H� mais dois na cave.

Vi duas ambul�ncias
a irem para casa do Clutter.

N�o sei o que se passa.

O Xerife fez uma chamada urgente
para o Servi�o de Investiga��o do Kansas.

Em Topeka, Logan Sanford, chefe do CIK,
colocou quatro homens no caso Clutter.

S�o os agentes Dewey, Nye, Duntz e Church.

- O que aconteceu ao jogo de basquetebol?
- Foi interrompido. Uma coisa horr�vel.

Nunca senti tanta fome
em toda a minha vida.

O agente Alvin Dewey
chegou � casa dos Clutter...

antes dos outros homens do CIK.

O Sr. Dewey, residente em Garden City,
foi encarregado do caso.

Os quatro foram atados
com a mesma corda?

Todos foram atados
com o mesmo n� direito,

usado por quem trabalha com gado.

- Encontraram algum cartucho?
- N�o.

O que significa que...

tamb�m n�o encontraram
impress�es digitais, aposto.

Al.

- Esta � a governanta.
- Obrigado por ter c� vindo.

- Ainda est�o...
- N�o, minha senhora.

Foram levados para a casa funer�ria.

Bem, importa-se de percorrer
a casa com o Sr. Church...

e ver se falta alguma coisa...

Nunca magoaram ningu�m. Porqu� eles?

Al, tu conhecias o Clutter.

Ele tinha algum cofre?

Tinha muito dinheiro � m�o?

O velho mito do Kansas.

Todo o agricultor com uma boa herdade
� suposto ter...

algures escondida
uma caixa preta cheia de dinheiro.

N�o, o Herb pagava tudo com cheque.
At� um corte de cabelo de dois d�lares.

Ent�o,

se os iam matar
de qualquer modo, porque...

cortaram primeiro a garganta do Clutter?

Porque o colocaram primeiro
num colch�o mole?

Para ficar mais confort�vel?

E porqu� a almofada
sob a cabe�a do rapaz?

Estamos sempre a dizer "eles".
Pode ter sido s� um homem.

Um louco.

Esta fotografia foi tirada
com tempo de exposi��o.

Apenas mostra o que o olho captou.

Esta fotografia foi tirada com flash.

� um par de sapatos diferente.

Sim.

Sabemos que eram pelo menos dois.

N�o as ver�s a�.
O flash f�-las sobressair na poeira.

- Foste tu que revelaste estas fotografias?
- Sim.

- Os jornalistas viram isto?
- Ainda n�o.

N�o as mostres.

Quando poderemos ver a casa dos Clutter?

Porque mataram os homens na cave?

Baseio-me em factos e n�o em teorias.

Aconteceu cerca das 2:00.

Aparentemente, os quatro
foram mortos pela mesma arma.

Espingarda, calibre 12.
A garganta do Sr. Clutter foi cortada.

Antes de ser morto?

Provavelmente.

Os quatro foram atados
com a mesma corda de nylon,

� venda na maioria das casas de ferragens.

E taparam-lhes a boca.

Como foram atados? Que tipo de n�s?

Podemos ver as fotografias da pol�cia?

- Acharam a arma do crime?
- Ainda n�o.

- Alguma pista ou impress�o digital?
- Muitas. Pertencem todas � fam�lia.

Dizem que o namorado da Nancy
� o principal suspeito.

- � o que dizem?
- Foi o �ltimo a v�-los com vida.

- � excep��o dos assassinos.
- Ent�o havia mais do que um?

- As mulheres foram violadas?
- O m�dico-legista diz que n�o.

- Porque n�o ladrou o c�o?
- N�o ladrou?

- Ningu�m o ouviu.
- Nem ningu�m ouviu os tiros.

Sr. Dewey, na sua opini�o,

pode ter sido cometido
por algum frequentador da casa?

- Porque o Sr. Clutter n�o resistiu?
- S� um momento, Sr. Dewey.

E o homem contratado?

Recebeu um cheque de $1.707.

O pr�mio do primeiro seguro de vida
do Sr. Clutter...

� de $40.000.

Com a dupla indemniza��o, � de $80.000.

Isso faz com que seja
uma estranha coincid�ncia.

E � s� isso: Uma coincid�ncia.

N�o percebi o seu nome.

Bill Jensen, da revista Weekly.

Se n�o est� aqui para escrever a not�cia,
qual � o seu interesse?

Bastante b�sico.

O que h� de b�sico num est�pido...

crime sem sentido?

Uma desconhecida for�a violenta
destr�i uma vulgar fam�lia decente.

N�o h� pistas, nem l�gica.

Faz-nos sentir assustados. Vulner�veis.

O crime n�o � um mist�rio. S� o motivo.

Existe algum?

Fumo demais.

Como entraram na casa?
Uma chave? Uma janela for�ada?

Talvez tenham apenas entrado.

- As pessoas aqui n�o trancam as portas?
- Trancar�o esta noite.

Sei que aqui h� algo errado.

Sinto-o.

N�o sei o que �, mas...

o Sr. Clutter nunca deixou
que fumassem dentro de casa.

Desculpe.

Alguma coisa.

Mas, � claro.

O r�dio!

O Kenyon ouvia sempre
as not�cias e o tempo...

antes de se deitar.

Mas onde est� o r�dio?

Desde a noite de terror, h� dois dias,

v�em-se poucas pessoas nas ruas
de Garden City depois de escurecer.

At� agora, n�o foram divulgadas
quaisquer pistas.

Nem uma �nica.

Era do conhecimento geral que o Clutter
nunca tinha � m�o grandes quantias.

N�o tinha j�ias valiosas,

nem sequer um cofre de a�o onde...

Perry, amor,
se n�o queres esse hamb�rguer...

Tu e o teu importante
amigo da pris�o, Floyd Wells.

Um cofre grande e recheado na parede.

Dez mil d�lares. "Canja."

Est� bem, o Floyd � um parvo.
Mas demos uma golpada, n�o foi?

Perfeita.

Percorres 1.300 quil�metros...

e mais alguns, por 43...

m�seros d�lares e ainda achas perfeito?

E aquilo!

N�o acreditas na conversa
de n�o haver pistas, acreditas?

Preocupas-te demais.

Como � que esses vaqueiros
nos v�o associar? Lembras-te?

Nenhuma testemunha.

Sei de uma.

Tu. �s uma testemunha.

Meu Deus, garoto. Por um instante,
pensei que tinhas enlouquecido.

Tens toda a raz�o.

S� n�s � que vimos...

e isso, querido, � o nosso grande trunfo.

Porque, se n�o nos conseguirem separar,
n�o obter�o uma confiss�o.

E se n�o conseguirem obter
uma confiss�o, nada ter�o.

O passo seguinte:

M�xico.

- Assim que fugirmos do pa�s.
- Por que raz�o?

Por $43, um sorriso e disparates?

� isso, Chefe. O que conta � o sorriso.

Como se diz nos an�ncios:

"A fam�lia que se mant�m unida,
vive eternamente."

Os agentes que investigam o assass�nio,
apelaram ao p�blico...

que os ajudasse a resolver o crime.

Um jornal do Kansas, The Hutchison News,
ofereceu um pr�mio por informa��es...

que conduzam � captura
e condena��o da pessoa,

ou pessoas, respons�veis
pela morte dos Clutter.

Um pr�mio de $1.000.

Que tem o pr�mio? Exacto, s�o $1.000.

Sim, senhor. De onde est� a ligar?

Sim, continue.

Quem?

Como sabe que era um estrangeiro?

- Percebo. Muito obrigado.
- Outra pista?

Diz que viu um estrangeiro a correr.

E como � que corre um estrangeiro?

Quantas pessoas
j� tentaram obter este pr�mio?

Quase toda a gente.

Foi um estrangeiro misterioso.

Foram assassinos contratados.
Foi um vizinho invejoso.

Parece que a �nica pessoa
que n�o o cometeu, foi o mordomo.

Ent�o?

Nenhum dos Clutter tinha sapatos
com marcas na sola,

nem com padr�es de losango.
O dinheiro do seguro vai para a fam�lia.

E isto, da Nancy Clutter.

Encontrei-o escondido
dentro do chinelo dela.

Alguma coisa deve t�-la assustado.

E tudo nos conduz de novo
ao motivo de roubo.

Penso que um homem � capaz
de se enfurecer o bastante para o cometer.

Mas dois?

Quem mataria quatro pessoas
a sangue-frio por causa de um r�dio,

um par de bin�culos e $40 em dinheiro?

Nos dias de hoje? Escolhe algu�m
em qualquer rua muito movimentada.

J� passaste cheques carecas?

N�o poderia levantar um,
mesmo que tivesse fundos.

Calma, amor. Descontrai-te.

Desculpe. Chamo-me Hickock.
Richie. E o senhor?

Sharp. Luke Sharp.

Aposto que na escola
lhe chamavam Look Sharp.

V� aquele cavalheiro ali?

Acredita que um tipo como aquele
se vai casar?

Bem, talvez n�o seja um Fred Astaire,
mas � o meu melhor amigo...

e eu sou o padrinho dele.

O meu presente de casamento
vai ser o que talvez chame...

de enxoval.

O tom ideal para uma cerim�nia informal,
n�o acha?

Mesmo ideal.

Bem, temos umas propor��es
ligeiramente estranhas.

Quero dizer, o tronco � muito grande,
comparado com as pernas.

Pe�o imensas desculpas.

Ele n�o se envergonha das cicatrizes.

Deram-lhe a Estrela de Bronze na Coreia.

J� alguma vez esteve no Eden Roc?
Em Miami Beach.

� l� que o feliz casal
vai passar a lua-de-mel.

Duas semanas com tudo pago.
O presente-surpresa da malta.

� cheio de sorte.

Merece-o.

E com isto s�o $192,70.

Quer que embrulhe e leve at� ao carro?

N�o h� pressa.
Leve-os quando o fato ficar pronto.

Oh, n�o!

Quatro est�pidos d�lares.

Lamentamos muito.

Teremos de voltar noutra altura.

Teria o prazer de lhe dar um cheque,

mas o senhor mal me conhece.

Estamos muito gratos pela sua cortesia.

- Se for um cheque pessoal, talvez.
- Tem a certeza?

- N�o queria causar-lhe problemas.
- N�o h� problema algum.

Que banco prefere?

� perfeitamente indiferente.

Carta de condu��o, bilhete de identidade,
seguro, cart�o do clube campestre...

Ela � um n�mero particular.

- Disse $192?
- E $0,70.

Importa-se que eu...

- Esque�a.
- N�o, por favor.

Bem, preciso de alguns trocos.

Percebo.

E se eu passar um de $280...

e, claro, $0,70?

Bem, acho que pode.

Sr. Sharp, � muito simp�tico.

�s bom. �s mesmo muito bom.

Tranquilo. Sem suor, nem esfor�o.

- �s um artista, rapaz.
- Exacto.

Se vais casar, precisas de uma alian�a.

- Porque n�o duas?
- Porque n�o?

� f�cil penhorar ou vender c�maras,
an�is de diamantes e televisores.

COMPRAMOS - VENDEMOS
EMPRESTAMOS SOBRE QUALQUER COISA

Sabes, deve haver algo errado connosco...

para fazermos o que fizemos.

Ningu�m, mas ningu�m mesmo,
se safa com uma coisa dessas.

Importas-te de n�o falar disso?

N�o consigo deixar de pensar
que esquecemos algo naquela noite.

N�o sei o qu�, mas � algo que nos pertence.

Queres voltar �quela casa
e procurar seja l� o que for?

Porque com isso n�o s� ser�amos parvos,
como completamente loucos.

Ent�o?

Se n�o deixaram impress�es digitais,
podes crer...

que n�o deixaram armas do crime.

Pessoas que trabalharam para o Clutter,
desde h� 15 anos.

Homens contratados,
pessoas com quem negociou...

- Continua a falar.
- L� em cima?

N�o olhes.

- V�s alguma coisa?
- N�o tenho a certeza.

Tu segues pelo lado do escrit�rio
e eu sigo pelo da cozinha.

Sa�da do KANSAS - Volte

� verdade, � mesmo verdade.

C� vamos n�s e n�o iremos voltar,
nunca mais.

E sem arrependimentos.

Para ti. N�o deixas nada.

E o meu pai? E a minha m�e?

Ainda l� estar�o
quando os cheques vierem devolvidos.

� bom que penses assim sobre os teus pais.

Sou um estupor muito am�vel.

Bom dia, Bess. Caf�?

Ol�, Alvin, quanto �quele gatuno
da casa dos Clutter,

- sacaste-lhe alguma confiss�o?
- Sim.

A confiss�o provou que n�o foi ele.
� um doente mental que fugiu.

Se � a pessoa errada,
porque n�o descobres a certa?

Tenho uma casa cheia de mulheres
que receiam ir � casa de banho sozinhas.

Um bando de velhas mexeriqueiras,
que se assustam umas �s outras.

O autor � algu�m rancoroso.
Algu�m que odiava os Clutter.

Ningu�m te perguntou.
Nem ningu�m odiava os Clutter.

Pelo menos, ningu�m que os conhecesse.

Telefone.

Se isto pode acontecer
a uma fam�lia decente e religiosa,

quem pode viver seguro?

Est� l�?

- Daqui?
- N�o, de Topeka. � urgente!

Est� bem, Sr. Sandrew.

Diga ao Alvin que � um prisioneiro.
Em Lancing.

Traga-me o cadastro deste tipo, por favor.
Ele mencionou o caso dos Clutter.

S� diria mais alguma coisa
se o tir�ssemos do bloco das celas.

Tenho o director na outra linha.
Pode ser alguma pista.

Se for, irei esta noite a Garden City
com uma cassete.

N�o, o telefone � arriscado.

Est� l�? Sim.

"KSP 1-4-3-2-3. Floyd Wells."

- Conheci-o na penitenci�ria.
- O Hickock?

Sim, partilh�mos a mesma cela.

Continue, Floyd.

Troc�mos hist�rias da vida e contei-lhe...

que trabalhara
para um agricultor chamado Clutter.

Trabalhou para ele?

Sim, h� dez ou onze anos.

O Dick quis saber se o Sr. Clutter era rico
e eu respondi. ; "Bem,

"�s vezes, gastava $10.000 por semana
para gerir o neg�cio."

Depois disso, nunca mais me largou.
Estava sempre a fazer perguntas.

Quantas pessoas havia na fam�lia?
O Clutter tinha cofre?

Contou-me como ia assaltar
a casa dos Clutter,

ele e um amigo.

E como ia matar todas as testemunhas.

Nunca acreditei nele.
Julguei que era apenas...

Porque levou tanto tempo a falar?

Por recear os outros prisioneiros.
Emite um mandato de pris�o.

Um que inclua tudo.

S� viola��o de liberdade condicional
e emiss�o de cheques carecas.

Se souberem que s�o procurados
por homic�dio...

- Sim.
- A quest�o � saber porque o cometeram.

Porque Caim matou Abel?
E que interessa isso?

Cometeram-no e ter�o de pagar por isso.

Se foram eles e se o conseguirmos provar.

Quando passarmos esta ponte,
estaremos no M�xico.

Livres e a salvo.

O fabuloso M�xico.

Sr. Smith?

Sr. Tex Smith?

- Pol�cia?
- Servi�o de Investiga��o do Kansas.

O LOBO SOLIT�RIO

Este � o seu filho Perry?

Sim, � ele.

� parecido com a m�e.

Meio cherokee.

- Bebem caf�?
- Quando foi a �ltima vez que o viu?

- H� dois anos.
- Na pris�o?

Eu estava a preparar comida.
Querem comer?

Esteve preso tr�s anos e meio. Est�
em liberdade condicional h� seis meses.

Ent�o, acho que n�o o vejo
h� cinco ou seis anos.

Mas n�o � surpreendente.
� um lobo solit�rio como eu.

Uma coisa � certa:

N�o ter�o mais problemas com o Perry.

De certeza que aprendeu a li��o.

Quando me escreveu da pris�o,
respondi-lhe logo.

"Ena, cumpres o castigo com um sorriso.

"Se n�o te criei para roubares,
n�o esperes que chore...

"por teres sido preso."

O Perry n�o � tolo.
Sabe quando � derrotado.

Voc�s corrigiram-no para sempre.
A lei � que manda.

Ele conhece a diferen�a
entre o bem e o mal.

Ensinei-lhes uma regra de ouro:
Digam sempre a verdade,

lavem-se de manh�
e sejam s�brios e independentes.

Mostrei-lhe como.

Como fazer explora��es, ca�ar,
ser carpinteiro, fazer p�o...

e ser dono de si pr�prio.

Sim, ele sai bem aos seus.

Nunca tive problemas com os meus filhos,
n�o enquanto eu e a Flo est�vamos juntos.

Mas ela preferiu a vida selvagem.

Pegou nos mi�dos e fugiu.
Virou-os contra mim.

Todos, menos o Perry.

N�o sei o que a fez agir assim.

Come�ou a beber.
Tornou-se numa b�bada incorrig�vel.

Come�ou a sair com jovens.
Um dia, apanhei-a e...

Seja como for, morreu b�bada.

Sufocou com o pr�prio v�mito.

Assim, peguei no Perry
e comecei a viajar para esquecer tudo.

Levava-o comigo para todos os lados.

Aquele rapaz amava-me mesmo.

� noite, quando estava frio,

encolhia-se na cama.

Agarrava-se a mim com os bracinhos dele,
abra�ando-me com for�a.

Eu contava-lhe hist�rias
sobre as grandes aventuras que �amos ter.

Como �amos enriquecer.

Tesouros enterrados.

Ouro.

No Alasca.

Esta fotografia foi tirada l�.
Ele e eu no Alasca.

Pergunte ao Perry
se n�o fui um bom pai para ele.

Partilhei tudo, sempre.
Quando como, ele come.

Diga-lhe que, quando eu morrer,
o meu seguro vai para ele.

Sim, senhor.

A vida dele est� garantida.

Boas not�cias!

Conheci um mi�do. � engraxador.

Tem um primo no lucat�o, um pescador.

- Ele tem um barco a motor.
- E ent�o?

E ent�o, vamos ao lucat�o,
vendemos o carro,

compramos equipamento de mergulho,

e "pum", apanhamos o tesouro do Cort�s.

Sessenta milh�es de d�lares
em ouro espanhol.

� claro que teremos de repartir
com o mi�do e tamb�m com o primo.

Mas mesmo assim, o lucat�o!

Quente, seco, limpo,

sem multid�o, nem barulho.

A fazermos aquilo que viemos fazer.

- Quanto conseguiremos pelo carro?
- Cento e vinte d�lares.

S�?

O suficiente para pagar as contas.
O hotel, o bar e a mercearia.

E com o que sobrou,
comprei dois bilhetes de autocarro...

para Barstow, na Calif�rnia.
Depois disso, caminhamos.

Por isso, desfaz-te
dessa tonelada e meia de lixo.

Envia-o! Deita-o fora! Queima-o!
N�o quero saber.

Mas desfaz-te dele at� logo � noite,
porque partimos amanh�.

- Regressamos aos Estados Unidos.
- Escuta.

Escuta tu! Estou farto!

De ti, dos mapas, barcos,
tesouros enterrados, tudo!

Tudo! P�ra de perder tempo.

N�o existem ba�s de ouro.
Nenhum tesouro enterrado.

E mesmo que houvesse, raios, rapaz,
tu n�o sabes nadar.

Se quiseres continuar comigo, podes.

Se quiseres partir, tamb�m podes.

Mas decide-te de uma vez.

- Vou enviar as coisas para Vegas.
- �ptimo.

Esta noite, vem c� uma se�orita.

Tentarei ter as malas prontas
quando regressares.

Para qu�? N�o sou t�mido, amor.

E assim, se descobrirmos o motivo,
encontramos o assassino.

E assim, se descobrirmos o motivo,
encontramos o assassino.

Se.

Este relat�rio foi escrito seis meses...

antes dos Clutter serem mortos.

Chama-se: Homic�dio Sem Motivo Aparente.

Na Cl�nica Menninger,
aqui mesmo no Kansas,

fizeram um estudo sobre quatro assassinos.

Todos tinham certas coisas em comum.

Todos cometeram homic�dios sem sentido.

Sentiam-se psicologicamente inferiores
e sexualmente inadequados.

A inf�ncia deles foi violenta,
ou sem um dos pais,

ou foram criados por outra pessoa.

N�o conseguiam distinguir
a fantasia da realidade.

N�o odiavam as v�timas,
pois nem sequer as conheciam.

N�o se sentiram culpados do crime deles
e nada ganharam com isso.

E o mais importante,
disseram � pol�cia, ou a um psiquiatra,

que sentiram a necessidade de matar,
antes de cometerem o crime.

Os avisos deles foram ignorados.

Ent�o, quem matou os Clutter?

Um dia, algu�m explicar-me-�
o motivo de um jornal.

Primeiro gritam: "Encontrem os malditos."

At� os encontrarmos,
querem que sejamos despedidos.

Quando os encontramos,
somos acusados de brutalidade.

Antes de podermos ir a tribunal,
o julgamento deles � feito pelo jornal.

Quando por fim obtemos a condena��o,
querem salv�-los,

provando que eram acima de tudo loucos.

Tudo isso resume-se a uma coisa:
Sabem quem s�o os assassinos.

Confidencialmente, sabem quem s�o?

Suspeitos.

Mesmo que os apanhemos,
� tudo o que temos.

Sem uma confiss�o e com as provas
que temos, n�o podemos ir a tribunal.

A n�o ser que consigamos associar
os suspeitos ao local,

ou ligar os assassinos
�quele peda�o de corda,

nunca ser�o enforcados.

Perry!

Foi bom, querida?

Foi bom?

Foi mesmo bom?

O cami�o s� nos levou daqui para ali.

Queremos uma boa golpada.

Um tipo com uma carteira recheada,
num carro veloz, com banco de tr�s.

Eu sento-me ao lado dele.

Tu sentas-te atr�s e eu conto-lhe anedotas.

Eu digo: "Perry, passa-me um f�sforo."

� esse o sinal.

R�pido. Duro. Aperta. Eu pego no volante.

Como �s t�o bom,
sentas-te tu no banco de tr�s.

Faz tu isso.

P�e um ar simp�tico.

�s um estupor com sorte.

N�o te esque�as, � quando disser:
"Passa-me um f�sforo."

- Entrem, rapazes. Para onde v�o?
- Vamos. Entrem.

Com voc�s, n�o.

Seja como for, obrigado.

Viste aqueles tipos?

Meu Deus! Podiam ter-nos roubado.

O qu�?

N�o devo dar boleia a ningu�m
no carro da empresa, mas...

- Que importa, s� se vive uma vez.
- � o que dizem.

Est� confort�vel a� atr�s?

S� os posso levar at� lowa.

Onde estiveram?

No M�xico. L� n�o h� futuro.

Isso depende, meu rapaz.

Passei a lua-de-mel no M�xico.

Pode dizer-se que foi l� que plantei
a semente do nosso primeiro filho.

Eu pr�prio arei
e plantei l� algumas se�oritas.

Sabe como chamam a uma prostituta
que frequentou a universidade?

Como?

Uma vaca de cultura.

Tenho uma adivinha para si.

- Est� pronto?
- Venha ela.

Porque uma ida � casa de banho
� exactamente como uma ida ao cemit�rio?

Vejamos. Uma ida � casa de banho...

� como uma ida ao cemit�rio...

Desiste?

Quando chega a hora, temos mesmo de ir.

Perry, passa-me um f�sforo.

Desculpem, nunca nego boleia
a um soldado.

Talvez chegue a casa a tempo do Natal.

Foi uma sorte.

Quase o raio de um milagre.

Por acaso n�o viu um r�dio port�til,
mais ou menos deste tamanho?

Um Zenith?

Que motivo o leva a faz�-lo?

A dar cabo de pessoas?

Um grande atleta em basquetebol, basebol
e futebol, sempre na equipa principal.

Jogou sempre para vencer.
Um jogo duro, mas limpo.

Quando partiu sem dizer nada,
percebi que voltara a meter-se em sarilhos.

Bem, Sr. Nye, achei que se eu...
Quanto a violar a liberdade condicional.

Ele ter� de regressar � pris�o?

Costuma ca�ar muito, Sr. Hickock?

Essa arma � dele. � do Dick.

Quando saiu da pris�o,

as pessoas diziam
que ele se tinha tornado mau.

Mas como podiam saber disso?
Como pode algu�m saber...

o que vai dentro de uma pessoa?

J� n�o tenho muito tempo de vida.
Tenho cancro.

O Dick soube disso.

Bem, antes de partir, disse-me:

"Pap�, nunca farei nada que o magoe."

E falou a s�rio.

Devia t�-lo visto a brincar com os filhos.

Qualquer rapaz que ame e respeite os pais,

tem bom car�cter.

Espero que o encontre, para bem dele.
Antes que seja tarde demais.

Sabes o que somos?

Somos a prova viva
de que o crime compensa.

Presentes numa manjedoura.

Acabaram os problemas financeiros.

Feliz Natal.

Kansas City, aqui vamos n�s.

�s doido.

Tenho de arranjar dinheiro.

At� onde poderemos ir num carro roubado?
Com cheques roubados?

Exacto. Vou sozinho.

- O raio � que vais.
- Encontramo-nos mais tarde.

Vamos juntos.

Primeiro vamos a Vegas.
Apanhamos a nossa roupa.

Tudo o que enviei do M�xico. E depois...

vamos ao porto mais pr�ximo e partimos
no primeiro petroleiro que sair deste pa�s.

E desta vez ficamos por l�.

Eu n�o irei.

Ir�s.

E se n�o for?

Ent�o, "querido, amor",

acho que terei de te matar.

Sim, mas neste momento...

vamos passar muitos cheques roubados.

TERMINAL DA DOCA - KANSAS CITY
PROPRIEDADES DO KANSAS

S� mais um cheque. Podemos voltar
e partir daqui dentro de uma hora.

� canja.

Deixa de te preocupares, est� bem?

Os nossos amigos est�o aqui.

Como sabes?

Roubaram um carro em Iowa
e pagaram dois pneus com cheque careca.

Onde?

Aqui. O vendedor ficou preocupado
e anotou a matr�cula.

A herdade Hickock est� vigiada?

Se forem para l�, estaremos � espera.

PARE - ADQUIRA O BILHETE - 180 METROS

PARAGEM DE CAMl�ES

BRIGADA DE TR�NSITO

MUNIC�PIO DE JOHNSON
BRIGADA DO XERIFE DO KANSAS

Estarei na herdade Hickock.

Sim?

Conseguiram escapar?

Se n�o foi para ver os pais,
porque regressaram ao Kansas?

Talvez estejam a tentar ser apanhados.

Acho que ter�o de se esfor�ar mais.

Vais parar por causa deles?

Olha para aquele velho, tem mau aspecto.

E se morre aqui?
Significar� pol�cia e perguntas.

Pensa, est� bem?

Penso que �s um estupor.

Agradecemos-lhe muito, senhor.

Entrem.

Para onde v�o?

Calif�rnia. O av� tem uma irm�
em Needles. Vai ficar com ela.

Ouviste isso, Johnny?

Est�s a ouvir?

Tens dinheiro?

- Ouve, mi�do.
- N�o, senhor.

Nem um d�lar para a gasolina?

S� isto.

- Cada garrafa vale $0,03.
- E?

Se conduzir muito devagar,
podemos apanhar uns bons trocos.

� disso que eu e o Johnny temos vivido.
Do dinheiro do dep�sito.

Entrem.

Encontr�mos finalmente.

O tesouro afundado do Capit�o Cort�s.

Tr�s c�ntimos por garrafa.

Uma mina!

The Treasure of the Sierra Madre.

Senhor, $12,60. Metade para cada um?

�s um verdadeiro g�nio, mi�do.

- Feliz Ano Novo!
- Igualmente.

N�o desistas da vida, velhote.

Nunca vi tantas mulheres bonitas.

E todo aquele bendito dinheiro do div�rcio.

Olha, Chefe,

tens sorte a atirar os dados?

Duques, ternos e dozes.

O Sr. Olhos de Cobra em pessoa.

Se apost�ssemos estes cinco d�lares...

e deix�ssemos rolar os dados.

Se consegu�ssemos s� 10 apostas,

far�amos mais de $5.000.

Que pensas disso, querido?
Esta noite, sinto-me com sorte.

Tem visitas.

Est� l�.

Ol�, amigo.
Liga para aquele velho passar�o amarelo.

Boa tarde.

- Smith.
- Hickock.

Um comediante.

Ainda s�o virgens?

- Acusou-os de qu�?
- De conduzirem um carro roubado.

Agente.

- Sabe porque estamos aqui, Sr. Hickock?
- Senhor,

pode tratar-me por Dick.

Muito bem, Dick.

Soubemos que assinou
os pap�is de extradi��o.

Bem, vamos l�.

Viol�mos a liberdade condicional
e pass�mos muitos cheques carecas.

E sim, o carro...

� roubado.

� tudo. Mesmo tudo.

- Posso fumar?
- Claro.

De certo modo, ainda bem que acabou.

Pagarei as consequ�ncias.
Servirei o meu tempo e nunca...

mas nunca mais.

Existe uma cl�usula especial
que o impede de regressar ao Kansas.

Fartei-me de chorar.

Deve ter sido algo importante
para o fazer regressar.

Tinha de ver a minha irm� em Fort Scott.

- Para ir buscar o dinheiro que me guardou.
- Conseguiu?

- Ela mudou-se.
- Para onde?

N�o sei.

A que dist�ncia
de Kansas City fica Fort Scott?

N�o sei.

Quanto tempo levou at� l�?
Uma hora? Duas?

Tr�s? Quatro?

N�o me lembro.

Lembra-se em que dia foi?

S�bado.

Sim, j� me lembro.

Cheg�mos a Fort Scott por volta das 16:00.

- Fomos directamente aos correios.
- Porqu�?

Porqu�?

Para descobrirmos
onde morava a irm� do Perry.

Nos correios, disseram que ela se mudara.

N�o deixou morada, nem dinheiro.

- Deve ter sido um choque.
- Foi um soco violento.

O que fizeram depois?

Volt�mos a Kansas City
e fomos procurar mulheres.

Conseguiram?

Nem por isso.
Acab�mos com duas prostitutas.

Chamadas?

Nunca perguntei.

Passou a noite com essas mulheres
e n�o lhes perguntou o nome?

Eram apenas prostitutas.

Para onde as levou?

Nunca me lembro de porcarias como essa.
Ter� de perguntar ao Dick.

Que aspecto tinham elas?

Descreva-as.

Loiras? Morenas? Altas? Baixas?

Alguma cicatriz?

Verrugas? Sinais?

Quer os pormenores s�rdidos?

Qualquer coisa.

� assim que se satisfaz?

Ela tinha de ser contorcionista.

Sabe porque � que estamos aqui?

N�o ter�amos vindo de t�o longe
s� para prender dois m�seros vigaristas.

N�o acha?

- N�o estava a ouvir.
- Est� a ouvir agora?

Ouviu falar do homic�dio dos Clutter?

N�o, ningu�m me pode acusar de homic�dio.

- A pergunta era: Ouviu falar disso?
- Talvez tenha lido qualquer coisa.

Cometeu tr�s erros.

N�mero um: Deixou uma testemunha.

Uma testemunha viva,
que ir� depor em tribunal.

N�o h� testemunhas vivas. N�o pode haver.

Ningu�m me pode acusar de homic�dio.

No s�bado, 14 de Novembro,
foi a Fort Scott.

Foi aos correios para obter
a morada da irm� do Perry.

Exacto.

O Perry Smith n�o tem irm�s
em Fort Scott. Nunca teve.

Aos s�bados � tarde, os correios
de Fort Scott est�o sempre fechados.

Esse foi o seu segundo erro.

O Perry parece confuso sobre essa noite.

Acho que est� na hora de o esclarecermos.

Sim, est� na hora.

Olhe para mim, rapaz.

No s�bado � noite, 14 de Novembro,
estava em Holcomb, no Kansas.

Estava a matar a fam�lia Clutter.

Nunca.

- Eu nunca...
- Nunca o qu�?

Nunca conheci ningu�m chamado...

- Clutter.
- Temos uma testemunha viva.

Ent�o, Perry?

Tem alguma aspirina?

Tiraram-me as aspirinas.

Sente-se mal?

As pernas sentem-se.

A prop�sito, sabe que dia � amanh�?

O anivers�rio da Nancy Clutter.

Ela faria 17 anos.

Voc�s est�o a atirar para o ar.

Se tivessem provas verdadeiras...
Uma prova, como uma testemunha ocular.

Impress�es digitais.

Com Deus como testemunha,
que arda no inferno para sempre...

se algum dia matei algu�m.

Cuidado, rapaz.

Tens uma aspirina?

Como est� a correr?

Tr�s horas e tudo o que conseguimos �:

"N�o, n�o me lembro. Pergunte ao Dick."

Apanh�mos aquele bandido inflex�vel
em 50 mentiras e ainda assim nada admite.

Acho que o nosso rapaz
est� prestes a confessar.

Espero que tenhas raz�o.

Porque � que todos voc�s t�m tatuagens?

"Todos voc�s"?

- Quem?
- Os condenados. Todos t�m tatuagens.

Essa cabe�a de tigre. O que faz?
F�-lo sentir-se duro?

Esse distintivo da pol�cia, o que faz?
F�-lo sentir-se honesto?

Toda a gente tem uma tatuagem.

S� que chamam de bast�es,
tacos ou clubes.

Elks, Masons, Escuteiros. Sauda��o.
Marca elevada. Marca baixa.

Ocultem isto e ocultem aquilo.
"Passagem proibida. N�o pise a relva."

Belos e respeit�veis bast�es de tatuagem.

Clubes de p�quer, tacos de golfe,
clubes de t�nis.

Clubes para jogar e clubes para beber.

At� h� um bast�o como o do Pap�-O
metido nessa pasta castanha.

O que vai fazer, pap�? Bater-me com ele?

Algo do g�nero.

Disse que cometeu tr�s erros.

Primeiro, deixou uma testemunha viva.

Segundo, o seu �libi nem �gua aguenta.

E o terceiro?

Vem a�.

Pegadas.

Deixadas no local
onde o Sr. Clutter foi assassinado.

Estes s�o os sapatos que as deixaram.

Seus.

Esta pegada...

foi deixada no sangue do Sr. Clutter.

O sapato do Perry.

A mesma marca na sola.
O mesmo tamanho. O mesmo sangue.

Pronto, Dick. Agora quero a verdade.

N�o quero ser acusado
de homic�dio em primeiro grau,

porque nunca disparei.

Nem sequer sabia o que estava a acontecer.

Foi o Perry. Ele � que matou.

N�o o consegui deter.

Matou todos.

� o agente que fez a deten��o?

Se os apanhasse cinco minutos mais cedo,

antes de terem levantado aquela caixa...

Penso que foi mera sorte.

Ou algo parecido.

O Hickock jura que o tentou deter.

- Teve medo que tamb�m o matasse.
- Disse que foi voc� quem fez tudo.

Claro, e agora quer que eu diga que foi ele.

Ele n�o � um assassino e sabe-o.

Foi por isso que o escolheu.
Precisava de um gatilho.

Voc� nada tinha a perder.
J� tinha morto um homem, em Vegas.

Espancou-o at� � morte
com uma corrente de bicicleta.

Um dur�o. � mesmo de a�o.

Sabia que, se fossemos apanhados...

e ele vomitasse tudo,
iria falar daquele tipo de Vegas.

Nunca matei ningu�m,

at� �quela noite.

Porque nessa noite,

acho que...

N�o, quero lembrar-me do que aconteceu.

Cheg�mos l� por volta da meia-noite.

� aqui.

Vamos embora daqui.

Agora, antes que seja tarde demais.

Se o vais fazer, ter� de ser sozinho.

Julgas que n�o tenho coragem
de o fazer sozinho.

Est� bem, vou mostrar-te quem manda aqui.

Afinal, como mataste o tipo de Vegas?
Amaste-o at� � morte?

Her�i da Guerra da Coreia.

Meu Deus!

Porque alinhei naquilo?

Quando tudo come�ou...

Quem sabe quando algo come�a mesmo?

Quando o Dick me contou o plano,
nem sequer pareceu real.

Depois, quanto mais perto est�vamos,
mais real se tornava.

Como se a proeza louca tivesse
vida pr�pria e nada a pudesse deter.

Como se eu estivesse a ler um conto...

e tivesse de saber o que iria acontecer.

Como iria terminar.

Espera.

Se encontrarmos o cofre,
sabes como abri-lo?

Conhe�o algu�m que sabe.

Querida? �s tu?

Quem �?

- Venha connosco. J�!
- Como?

Venha connosco.

Para o escrit�rio.

Bem, senhor.

Onde guarda o cofre?

Que cofre? N�o tenho cofre.

N�o me minta, seu filho da m�e.

Sei que tem. Aqui mesmo. Neste escrit�rio.

Lamento, mas n�o existe cofre algum.

Nunca existiu.

H� mais telefones?

Um, na cozinha.

Destranque este arm�rio.

N�o est� trancado.

Onde est�?

Vamos, mexa-se.

Muito bem. O dinheiro, desenterre-o.

Uns m�seros trinta e um d�lares.

Um rica�o como voc�.

Tem de ter mais dinheiro do que isto.

N�o em dinheiro.
Posso passar-lhe um cheque.

Um cheque?

- Que tipo de...
- N�o fa�as isso!

- Algu�m acordou l� em cima.
- A minha fam�lia.

As �nicas pessoas l� em cima...

s�o a minha mulher,
o meu filho e a minha filha.

A sua mulher tem dinheiro?

- Por favor, ela n�o est� bem.
- Claro, pap�.

- L� para cima.
- Os meus �culos. N�o vejo sem eles.

Vamos, l� para cima.

Porque querem fazer isto?

Nunca vos fiz mal.

- Nunca os vi antes.
- Cale-se. Diremos quando deve falar.

Est� tudo bem, querida, n�o tenhas medo.

Estes homens apenas querem dinheiro.

Julgam que o temos escondido num cofre.

- Disse-lhes que n�o temos, mas eles n�o...
- N�o o mandei calar?

Ele est� a dizer a pura verdade.
N�o existe cofre algum.

Sei muito bem que t�m um cofre.
E � bom que ele o descubra depressa!

O Floyd Wells mentiu-te.
N�o existe cofre algum.

Ata-os.

Muito bem, minha senhora.
Para a casa de banho.

Por favor, n�o fa�a mal a ningu�m.

N�o querem fazer mal a ningu�m,
n�o � assim?

S� querem dinheiro. Depois v�o-se embora.

Por favor, n�o fa�a mal aos mi�dos.

Santo Deus! O que � isto?
Alguma brincadeira?

Fa�am um movimento, d�em um grito...

e cortaremos as gargantas deles.

Muito bem. Voc�s os dois, l� para baixo.

Dick! Aqui.

Voc�. Para ali.

O que � isto? Um ba�?

Uma arca de enxoval.

Uma prenda de casamento
para a minha irm�.

Ela n�o. � muito nova.

Elas nunca s�o muito novas, garoto.

Pap�!

Reze para que eu encontre o cofre.

Kenyon?

Pai?

Tem frio?

Sim.

Se s� querem dinheiro, ent�o porqu� isto?

Se fizerem isso � minha mulher,
ela entrar� em p�nico.

Por favor, tenham cuidado
com a minha m�e.

Receio que o outro homem
fa�a mal a algu�m.

Por favor, ele pode levar o dinheiro, tudo,

mas n�o o deixe fazer mal � minha filha.

N�o...

J� te deitaste com algum homem?

Por favor, n�o.

Porque est�s t�o nervoso?

Encontraste o cofre?

Mais tarde.

- Primeiro, vou comer aquela rapariga.
- N�o.

Que te importa isso?
Tamb�m a podes comer.

N�o.

Est� bem, querido.

Traz o r�dio do rapaz...

e depois vai l� para baixo.

Desprezo as pessoas
que n�o se conseguem controlar.

Andas na escola?

A universidade,

no pr�ximo ano. Para estudar m�sica e arte.

Eu toco viola...

e tamb�m desenho.

Mas s� cheguei ao terceiro ano.

Gostas de cavalos?

Sim.

A minha m�e...

foi uma campe�. No rodeio.

E o meu pai...

O meu pai...

Qual � o problema?

N�s. O problema somos n�s.
Somos rid�culos.

Tu a bater nas paredes
por um cofre que n�o existe.

A bater como um pica-pau doido.

E eu.

A rastejar pelo ch�o,

com as pernas em brasa.

S� para roubar
o d�lar de prata de uma mi�da.

Rid�culo!

Isto � est�pido!

Porque est�s furioso?
N�o nos podemos queixar de nada.

Somos n�s contra eles.

Isto � entre n�s.

Nada tem a ver com eles.

Olha para mim, rapaz! Olha bem!

Sou o �ltimo ser vivo que ver�s.

N�o. Por favor, n�o.

N�o faz sentido.

O que se passou,

ou porqu�.

Nada teve a ver com os Clutter.

Nunca me fizeram mal
e estavam l� por acaso.

O Sr. Clutter pareceu-me muito simp�tico.

Foi o que me pareceu,
at� lhe cortar a garganta.

A miseric�rdia para eles.

Os assassinos.

Que sorte tiveram
os admir�veis advogados deles...

por n�o estarem presentes
na casa dos Clutter nessa noite fat�dica.

Que sorte n�o estarem l�...

para pedir miseric�rdia para a fam�lia morta.

Porque, de outro modo,

tamb�m ter�amos encontrado
os corpos deles.

Se lhes concederem a pris�o perp�tua,

ter�o direito � liberdade condicional
dentro de sete anos.

� a lei.

Meus senhores,

quatro dos vossos vizinhos...

foram chacinados, sem d� nem piedade,

por eles.

N�o o fizeram debaixo de f�ria,

mas por dinheiro.

N�o mataram por vingan�a.

Planearam tudo por dinheiro.

E que baratas...

foram aquelas vidas.

Quarenta d�lares.

Dez d�lares por vida.

Percorreram 650 quil�metros
para c� chegarem...

e trouxeram as armas com eles.

Esta espingarda e este punhal.

Esta � a corda com que ataram
os membros das v�timas.

Este � o sangue que derramaram.

O de Herb Clutter.

N�o tiveram piedade e agora pedem a vossa.

N�o tiveram miseric�rdia
e agora pedem a vossa.

N�o verteram l�grimas
e agora pedem as vossas.

Se tiverem l�grimas para verter,
n�o o fa�am por eles,

mas sim pelas v�timas.

Pela forma como a B�blia
foi aqui citada hoje,

talvez pensem que a palavra de Deus
foi escrita s� para proteger os assassinos.

Mas n�o lhes leram isto:

�xodo 20,

vers�culo 13:

"N�o matar�s."

Ou isto:

G�nesis 9, vers�culo 12:

"A quem derramar o sangue do homem,

"pela m�o do homem
ser� derramado o seu."

Levaram quatro horas a escolher o j�ri.

O Estado levou tr�s dias
a apresentar o caso.

A defesa levou hora e meia.

O j�ri levou...

40 minutos a obter o veredicto.

Tinham de ser loucos.

N�o. Talvez est�pidos,
mas perfeitamente racionais.

Como pode um homem racional...

cometer um acto t�o tresloucado?

Aten��o a todos os postos. ;
Agente Linhard...

e Agente Brackin.

Por favor, venham ao gabinete do sargento.

Aten��o a todos os postos. ;
Agente C. Wright.

Por favor, contacte o sargento.

- O que vai acontecer?
- V�o esperar para morrer.

Imagino quantos mais
estar�o � espera noutras pris�es?

Cerca de 200.

O Perry e o Dick iniciaram a espera
no edif�cio "S e l". ;

Seguran�a e Isolamento.

O segundo piso � o corredor da morte.

Atrav�s da janela,
v�em o campo de basebol.

Para l� do campo e atr�s do muro...

est� um velho armaz�m
com telhado de zinco.

Este armaz�m tem nome?

Nesta pris�o, chama-se "Canto".

No dia do enforcamento, dizem:
"Ele foi para o"Canto"."

O Perry e o Dick
t�m um encontro no "Canto".

� meia-noite e um minuto.
Em Maio, na sexta-feira 13.

Segundo um perito em medicina legal,

nenhum deles t�-lo-ia cometido sozinho.

Mas juntos, formaram
uma terceira personalidade.

Foi essa quem o cometeu.

Andy!

Os livros dizem o que acontece
quando somos enforcados?

Bem, o pesco�o parte-se...

e borras as cal�as.

O teu problema
� n�o respeitares a vida humana,

nem mesmo a tua.

O dia do Ju�zo Final, sexta-feira 13,
chegou e passou,

mas ningu�m foi para o "Canto".

O Perry e o Dick
recorreram da senten�a. Rotina.

Foi-lhes concedido
o adiamento da execu��o. Rotina.

O mecanismo legal em casos capitais
geralmente dura um ano ou mais. Rotina.

O corredor da morte
tem a sua pr�pria rotina.

Tomar duche. Um homem de cada vez,
uma vez por semana.

Barbear. ; duas por semana.

O guarda tranca a m�quina de barbear.

A seguran�a acima de tudo.

Nem r�dios, nem filmes, nem televis�o.

Nem cartas, nem jogos, nem exerc�cio.

Nem espelhos, nem garrafas, nem copos.

Nem facas, nem garfos.

O suic�dio n�o � permitido.

Podiam comer, dormir,

escrever, ler, pensar e sonhar.

Podiam rezar, se assim o entendessem.

Mas, principalmente, esperavam.

O tipo da cela ao lado, o Andy.
Est� � espera h� dois anos.

Os jornais chamavam-lhe:
"O rapaz mais simp�tico do Kansas."

Uma noite, matou a irm�.

Depois, deu seis tiros na m�e
e dezassete no pai.

� um louco, mas eu gosto dele.

Andy, cumprimenta o Sr. Jensen.

Est� a escrever a minha hist�ria.

Porqu�?

Bem lhe disse que ele era louco.

Ronnie e Jim, apresento-vos o Sr. Jensen.

Eles mataram sete. Desconhecidos.

O Ronnie disse
que era prefer�vel estarem mortos.

E o Perry? J� n�o s�o amigos?

Ningu�m consegue ser amigo dele.

H� aqui cinco tipos
� espera de serem enforcados.

O Perry � o �nico que se manifesta
contra a pena capital.

Quer dizer que � a favor dela?

Raios, o enforcamento
� a �nica forma de vingan�a.

Que mal tem a vingan�a?

Passei a vida a vingar-me.

� claro que sou a favor do enforcamento,

desde que n�o seja eu a ser enforcado.

At� a vista.

Obrigado pelas revistas.

Jim, acha que esse � parecido
com o Willie Jay?

Sob o seu ponto de vista, sim.

Naquele dia em que lhe telefonei
do terminal de autocarros.

Se tivesse falado com o Willie Jay,
nada disto teria acontecido.

- Talvez, se n�o tivesse voltado ao Kansas.
- Talvez!

Se um psiquiatra me visse
quando tive o primeiro ataque,

notaria que havia
uma bomba-rel�gio dentro de mim...

e que n�o devia sair
em liberdade condicional.

- Voc� sabia.
- Sim.

Porque n�o me disse?

Porque eu n�o sairia
em liberdade condicional, n�o acha?

Em Novembro, alguns minutos
depois da meia-noite,

um deles foi para o "Canto".

Os outros viram-no atravessar
o campo de basebol, a caminho da forca.

Era o Andy.

"O rapaz mais simp�tico do Kansas."

Ouviram o al�ap�o abrir.

Continuaram a ver e a esperar
durante 19 minutos,

at� o cora��o do Andy parar de bater.

Para ele, a espera terminara.

O Perry e o Dick esperaram cinco anos.

O caso deles foi tr�s vezes
ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Meu Deus! Aqueles arreios!

Richard, esta � uma ordem
do Supremo Tribunal do Estado do Kansas.

"Assim, foi por este tribunal ordenado...

"que a execu��o da senten�a de morte
por enforcamento de Richard E. Hickock,

"imposta pelo Tribunal Distrital
de Finney, no Kansas,

"seja cumprida na quarta-feira,
dia 14 de Abril de 1965.

"Ordena ao director
da Penitenci�ria do Estado do Kansas...

"a execu��o da senten�a."

Onde est� o Smith?

"Sim, quantos esperam em V�s
n�o ser�o confundidos.

"Confundidos ser�o os traidores
sem qualquer motivo.

"Mostrai-me os Vossos caminhos
e ensinai-me as Vossas veredas.

"Dirigi-me na Vossa verdade
e ensinai-me, pois sois o Deus..."

Tenho de ir � casa de banho.

N�o podemos retirar os arreios.
Pode n�o haver tempo.

Por favor.

Tente controlar-se.

Mas � isso.

Quando chegamos ao fim da corda,
os m�sculos perdem o controlo.

Receio sujar-me todo.

N�o tem de se envergonhar.
Acontece a todos.

Por amor de Deus, homem!

"Isto ordena-o, director
da Penitenci�ria do Estado do Kansas,

"a que na quarta-feira,
dia 14 de Abril de 1965,

"entre as 12:01 e as 2:00 horas..."

Ele � o...

Quanto recebe ele para os enforcar?

Trezentos d�lares por homem.

Como se chama?

"N�s, o povo."

"...pelo Estado do Kansas."

Quer dizer alguma coisa?

Apenas que n�o guardo ressentimentos.

Est�o a mandar-me
para um mundo melhor do que este.

Foi um prazer v�-lo.

Jim, do Thoreau,

sobre o ser humano e a natureza.

� seu, se o quiser.

O Dick j� partiu?

O cora��o dele ainda bate?

- Que horas s�o?
- Calma, garoto.

Quer que eu escreva ao seu pai?

Podia enviar-lhe um dos seus quadros,

ou talvez a sua Estrela de Bronze.

Envie-lhe os meus mapas de tesouro.

Talvez ele agora tenha sorte.

O Lobo Solit�rio.

Sabe, houve uma altura
em que quase o conseguimos.

S� n�s os dois.

Ele andava muito animado
com um novo projecto no Alasca.

Uma casa de ca�a para turistas.

�amos fazer uma fortuna
maior do que uma mina de ouro.

Mas acima de tudo, ia ser algo
que nunca t�nhamos tido:

Um verdadeiro lar.

At� cheg�mos a constru�-la.

S� ele e eu, lado a lado.

No dia em que termin�mos o telhado,
ele dan�ou por toda a casa.

Nunca me senti t�o feliz em toda a vida.

Era muito bonita.

Mas nunca apareceram turistas.

Ningu�m.

Apenas vivemos l�,

totalmente s�s,
naquele enorme e vazio fracasso,

at� ele j� n�o suportar a minha presen�a.

Acho que aconteceu...

Eu estava a comer um biscoito.

Ele come�ou a gritar que eu era
um estupor guloso e ego�sta.

Fartou-se de gritar
at� lhe agarrar no pesco�o.

Eu n�o conseguia parar.

Conseguiu soltar-se e pegou numa arma.

Disse-me: "Olha para mim, rapaz!

"Olha bem porque sou
o �ltimo ser vivo que ver�s."

E carregou no gatilho.

Mas a arma n�o estava carregada.

Ele come�ou a chorar.

Chorou que nem uma crian�a.

Fui fazer uma longa caminhada.

Quando regressei, a casa estava �s escuras.

A porta estava trancada.

Todos as minhas coisas
estavam empilhadas na neve,

para onde ele as atirou.

Afastei-me e nunca olhei para tr�s.

Acho que a �nica coisa
de que terei saudades neste mundo,

� desse pobre velho...

e dos seus sonhos in�teis.

Ainda bem que j� n�o odeia o seu pai.

Mas sim,

odeio-o...

e amo-o.

- Vens?
- Para qu�?

O que se ganhou com isto, afinal?

Bem, foram mortos
quatro inocentes e dois culpados.

Desfizeram-se tr�s fam�lias.

Os jornais aumentaram as vendas.

Os pol�ticos far�o mais discursos.

Pol�cia e comiss�es
de liberdade condicional mais acusadas.

Ser�o aprovadas mais leis.

Todos fugir�o � responsabilidade.

Depois, no pr�ximo m�s,
ou no pr�ximo ano,

a mesma coisa voltar� a acontecer.

Bem, talvez isto ajude a p�r cobro nisso.

Nunca ajudou.

Esta � uma ordem
do Supremo Tribunal do Estado do Kansas.

"Foi ordenado pelo tribunal que a execu��o
da senten�a de morte por enforcamento...

"de Perry Edward Smith,

"imposta pelo Tribunal Distrital
de Finney, no Kansas,

"seja cumprida na quarta-feira,
dia 14 de Abril de 1965."

Quer dizer alguma coisa?

Acho que...

gostaria de pedir desculpa.

Mas a quem?

"O Senhor � o meu pastor, nada me falta,

"em verdes prados me faz descansar.

"Conduz-me �s �guas refrescantes,

"reconforta a minha alma.

"Guia-me pelos caminhos rectos,
por amor do Seu nome.

"Mesmo que atravesse os vales sombrios,

"nenhum mal temerei,

"porque estais comigo,

"o Vosso bast�o e o Vosso cajado
d�o-me conforto.

"Preparais-me um banquete
frente aos meus advers�rios,

"ungis com �leo a minha cabe�a..."

Deus tamb�m est� aqui?

"...e a minha ta�a transborda.

"A gra�a e a bondade acompanhar-me-�o
todos os dias da minha vida...

"e a minha morada ser� a casa do Senhor
ao longo dos dias."

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