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UMA S�RIE DOCUMENTAL ORIGINAL NETFLIX

O Klaas era, para os nossos clientes,

s� um principiante,

parecia um jovem estudante.

Ele era bem-falante,
usava roupas diferentes.

N�o era o traficante normal da cidade.

Achavam que ele n�o o faria.

Mas ele n�o teve escolha.

O Pieterse roubara a droga do Klaas.

Obviamente, o Klaas passou-se.

E isso resultou num enorme tiroteio.

A partir do momento
em que ele matou o tipo,

o Klaas foi visto como um jogador a s�rio.

E, depois, acho que enlouqueceu.

SENHORES DA DROGA

KLAAS BRUINSMA: O REI DO HAXIXE NA EUROPA

Amesterd�o, 1990.

O recreio de um dos senhores da droga
mais cru�is da Europa.

O Bruinsma
era o maior senhor da droga na Europa

e, provavelmente, do mundo,
no que diz respeito a haxixe.

Ganha milh�es de d�lares por semana...

Ele valia 500 milh�es de florins.

Via-se a ele mesmo como um general romano.

... e lidera um imp�rio cruel
do crime organizado.

Ele foi o primeiro tipo a matar.

Antes, n�o se matava ningu�m
em Amesterd�o,

n�o no suposto submundo. Ningu�m matava.

Tiroteios em plena luz do dia.

A organiza��o Bruinsma era a maior

e a mais violenta organiza��o criminosa
na Holanda.

Com Klaas Bruinsma fora de controlo,

a Pol�cia holandesa e internacional
lutam durante uma d�cada para o parar...

Havia uma forte camaradagem.

"Temos de fazer algo em rela��o a isto
e temos de o fazer juntos."

... antes que a viol�ncia dele
vergue a cidade.

Amesterd�o, anos 50.

Klaas Bruinsma nasce numa fam�lia abastada

e num bairro abastado,

herdeiro do neg�cio
de sucesso do pai, Raak,

a maior empresa de soda da Holanda.

Mas o menino rico
� criado com punho de ferro.

Ele sentia muita raiva e �dio
em rela��o ao pai.

S�CIA

Acho que era porque o pai
o menosprezava constantemente.

O Klaas Bruinsma disse-me
que o pai dele o obrigava

a saltar de cima de um arm�rio
e o pai apanhava-o tr�s vezes.

JORNALISTA

� quarta vez,
ele deixava o Klaas cair e dizia-lhe:

"Devias aprender

que n�o podes confiar em ningu�m
neste mundo."

E a pessoa em quem ele menos confia
� no pr�prio pai.

Quando fal�vamos, ele dizia sempre

que queria ser importante, mais poderoso
e rico do que o pai.

Desde novo
que ele queria ultrapassar o pai.

Eterno rebelde,
o adolescente Klaas vira-se para as drogas

e ganha dinheiro f�cil
a vender haxixe na escola.

Quando � expulso, descobre um local ideal
para construir uma grande fortuna

com drogas, mesmo � sua porta.

No in�cio dos anos 70,

n�o h� s�tio melhor para vender droga do
que Amesterd�o, capital europeia da droga.

A cada minuto, centenas de charros
s�o acesos em toda a cidade

e os caf�s mais famosos de Amesterd�o
tornam-se centros de distribui��o.

Foi como uma �poca de ouro em Amesterd�o.

Muitos enchiam os bolsos,

mesmo as pessoas comuns na rua...

ANTIGO SENHOR DA DROGA

... at� �quelas no topo...
Foi mesmo uma �poca de ouro.

Eles ganhavam milh�es de florins.

No centro do Red Light District
de Amesterd�o,

h� uma rua conhecida como Zeedijk...

um submundo de prostitutas e drogas,
para o qual Bruinsma � atra�do.

O Bruinsma come�ou a vender haxixe num bar
chamado Popeye, perto de Leidseplein.

Foi assim que come�ou o neg�cio.

BI�GRAFO

N�o grandes quantidades importadas
do estrangeiro, mas pequenas quantidades,

que eram cortadas por eles
e que vendiam aos clientes.

Mas "o Alto", como Bruinsma � conhecido,

percebe que o seu ar de mi�do o prejudica
nas duras ruas de Amesterd�o.

Pode dizer-se que ele era visto
como uma pessoa ing�nua,

algu�m com quem nos pod�amos meter
e nada acontecia.

Para promover a sua carreira no crime,

Klaas precisa de um parceiro,
algu�m com o cr�dito de rua que lhe falta.

Eis que aparece Thea Moear,

filha do Red Light District de Amesterd�o.

A vida na Zeedijk era diferente
naqueles dias.

Todos estavam sempre nas ruas.

As prostitutas locais comiam
no restaurante da minha m�e.

E eu tamb�m l� trabalhava sempre.

Thea tamb�m � um talento em ascens�o
no cen�rio da droga.

Ao mesmo tempo, a Thea Moear tamb�m vendia
pequenas quantidades de haxixe

na �rea de Leidseplein.

Tinha v�rios traficantes a trabalhar para
ela e um deles vendia haxixe no Popeye.

Bruinsma marca um encontro com Thea.

� uma noite que mudar� o mundo do crime
de Amesterd�o para sempre.

Eu estava � espera do Alto no Popeye

porque t�nhamos um encontro.

E, durante bastante tempo
havia algu�m sentado � minha frente,

mas tinha um ar t�o formal,
parecia um estudante...

Eu n�o sabia como ele era

e nunca pensei que fosse ele.

Passado um bocado, percebemos
que o encontro era entre n�s.

Ele era bem-falante, usava roupas caras.

Esse foi o meu primeiro encontro
com o Alto.

� a alian�a perfeita.

Em poucos meses,
os dois formam uma parceria de drogas

e abrem o Buggie, um caf�

que se torna no rosto p�blico
do seu neg�cio de haxixe.

Mas os tempos est�o a mudar na Holanda.

A venda de droga
come�a a aparecer no radar da Pol�cia.

Jovens detetives ambiciosos
juntam-se � Pol�cia de Amesterd�o

com a miss�o de combater a onda de crime
que a droga traz consigo.

Acho que �ramos um pouco ing�nuos
nessa altura.

Sab�amos de bandos e de assaltos...

POL�CIA DE AMESTERD�O

... e de tr�fico de droga,
mas, de crime organizado,

n�o sab�amos muito.

Mas a Pol�cia aprende depressa.

Em 1974,
a escala do problema dos narc�ticos

torna-se bastante clara,

quando eles apreendem
quase 2000 kg de haxixe,

a maior apreens�o de droga
da hist�ria da Holanda.

Nas docas de Den Helder,
est� o barco de contrabando Lammy.

Escondido na rede de pesca,
enrolado em sacos de pl�stico,

est� uma grande quantidade de haxixe,
importado do L�bano.

O homem respons�vel pela carga
� Frits van de Wereld,

um associado de longa data
do cl� do submundo de Thea.

O tio Frits
era contrabandista de cigarros.

Ele conseguia passar qualquer coisa
pela fronteira,

at� uma vaca.

O tio Frits passava-o pela fronteira.
Era bom nisso.

Costumava ir busc�-lo ao L�bano.

E n�s vendiamo-lo atrav�s da loja,

do restaurante da minha m�e.

As pessoas compravam batatas fritas
e saiam com alguns quilos num pacote.

Claro que era um �timo neg�cio.

Nesta altura,
Klaas e Thea vendem tanto haxixe

que precisam de um fornecedor maior

e Frits � perfeito para isso.

Thea apresenta o seu novo s�cio ambicioso.

O tio Frits era um tipo t�pico
de Amesterd�o.

E quando o apresentei ao Klaas,

ele perguntou-me: "Quem � este idiota?"

O Frits era assim mesmo.

O tio Frits disse:
"N�o o quero voltar a ver.

Usa palavras caras, � arrogante
e negativo em rela��o a tudo."

Mas, tudo bem, porque ele reconhecera
o talento para os neg�cios de Klaas.

O novo contacto d� a Klaas
a oportunidade de criar

liga��es internacionais
com fornecedores de haxixe.

Foi a� que as coisas lhe come�aram
a correr bem.

Com baixos custos, sem intermedi�rios,
eles enviavam o seu pr�prio produto.

O Klaas nunca gostara
das vendas insignificantes.

Mas era muito bom
com os nossos outros contactos,

os que o produziam
no Paquist�o e em Marrocos.

Ent�o, foi o que o Alto come�ou a fazer,

a tratar ele pr�prio do tr�fico.

Dizia sempre: "Quando formos n�s
a traz�-lo, ganharemos mais."

Em Marrocos, o Klaas tinha
clientes especiais a trabalhar para ele.

TRAFICANTE DE DROGA, ORGANIZA��O BRUINSMA

Andavam de quinta em quinta
todo o inverno.

O comboio das mulas
descia desde as montanhas at� � praia.

Depois, os pequenos barcos eram carregados
e levados at� � nossa embarca��o.

Os barcos de contrabando
levavam quantidades recorde,

entre 1000 e 2000 kg de haxixe
por carregamento.

No final dos anos 70, o filho do rei
da soda tem um neg�cio pr�spero de haxixe,

a um mundo de dist�ncia
das suas origens respeit�veis.

E enquanto Klaas se especializa
no tr�fico internacional,

Thea � o centro das aten��es no
quartel-general de haxixe de Amesterd�o.

Na primeira vez que eu l� fui,
fiquei muito impressionado.

Ela estava sentada numa esp�cie de trono,
uma cadeira alta no meio da divis�o

e tinha a roupa mais elegante
que possam imaginar, muito cara:

s� roupas de marca, diamantes, um Rolex,
tudo e mais alguma coisa.

E ela estava ali sentada como uma rainha,
com pessoas � sua volta,

e depois pod�amos falar com ela
e fazer uma encomenda

e havia tanta gente que, antes
de podermos falar com a "Rainha Thea",

t�nhamos de ficar numa sala de espera.

Todos na Holanda
iam l� comprar haxixe e erva.

Eles eram os maiores importadores.

Com a Rainha Thea do seu lado,

o Rei Klaas arrecada uma fortuna...

... e adota o estilo de vida
de traficante de droga.

Ele ganha gosto por coca�na
e prostitutas de luxo.

Naquela noite fomos aos quartos,

bebemos imenso, rimos muito

e o Klaas estava a snifar droga.

Depois vi um monte de dinheiro
a cair do bolso das cal�as dele,

dos bolsos do casaco.
Tinha dinheiro e n�o era pouco...

... ma�os com um el�stico � volta.

J� visto como menino rico,
Bruinsma ganha a reputa��o de dur�o.

Mas Thea mant�m-no sempre sob controlo.

A dupla tem agora uma forte liga��o.

O Klaas sempre me protegeu imenso.

Ele era como um irm�o
e eu era a irm� dele.

Faz�amos tudo um pelo outro.

Mas Klaas n�o � o �nico traficante
na vida de Thea.

Ela � casada com Hugo Ferrol,

um bandido do violento mundo da droga,
com o seu pr�prio v�cio.

O Hugo levou um tiro na perna.

Ele tinha imensas dores
e deram-lhe morfina.

Depois, come�ou a injetar hero�na.

E as coisas entre n�s
come�aram a correr mal.

Quando o v�cio da droga de Ferrol
chega a um ponto cr�tico,

num ataque de loucura, ele ataca Thea.

As coisas descontrolaram-se tanto,

que ele veio a correr na minha dire��o
com um olhar alucinado.

Depois, sentou-se em cima de mim.

A certa altura, dispara contra mim.

O tiro passa a mil�metros
da cabe�a de Thea.

Eu fiquei ali deitada, sem me mexer.

Ap�s isso, esperei e depois sa�.

Quando ele finalmente saiu,
eu fugi da casa.

Klaas fica t�o furioso,
que manda matar Ferrol.

O Bruinsma mandou o Marianovic

e um dos seus guarda-costas,
o campe�o de kickboxing, Andr� Brilleman,

matar o Ferrol.

Em fevereiro de 1982,

Marianovic e Brilleman
p�em uma bomba na casa de Ferrol.

Isso n�o funcionou.

Ele sobrevive ao ataque,
ficando gravemente ferido.

O Klaas passou-se, claro,
porque tudo correra mal.

Cheio de raiva, Bruinsma recusa-se
a pagar aos assassinos que falharam,

uma decis�o que voltar� para o assombrar.

Depois, o Bruinsma mandou
o Marianovic e o Brilleman

voltarem a tentar matar o Ferrol.

No entanto, o Brilleman e o Marianovic
fazem um acordo com o Ferrol.

E os assassinos decidem vingar-se
de Klaas com um esquema.

Eles entregam umas fotografias ao Klaas,

em que mostram o Hugo no ch�o,
de m�os atadas e com sangue,

que mais tarde
se revelou ser molho de tomate.

Eles combinaram com o Hugo
sair algum tempo da cidade.

Duas semanas ou um m�s mais tarde,

ele soube que o Hugo estava vivo
e de volta � cidade.

Ele mandara confirmar e era tudo verdade.

Bruinsma percebe que foi enganado.

E fica furioso.

E a� sim, ele teve problemas
com o Brilleman e o jugoslavo.

Desesperado para n�o cair no rid�culo,

em julho de 1982, Klaas manda matar
um dos assassinos culpados,

Marianovic.

O guarda-costas, Brilleman,
escapa � execu��o, por enquanto.

Em primeiro lugar,
o Bruinsma deu a entender ao Brilleman:

"N�o estou chateado contigo
como estou com o Marianovic

e, por enquanto, ficas no bando."

A�, foi for�ado a preparar uma armadilha
para o seu amigo Marianovic.

O Bruinsma mandou o Brilleman
ligar ao Alexander Marianovic

com uma hist�ria tipo: "O Klaas pode
ter-nos descoberto e talvez tente algo.

Tenho de falar j� contigo."

Ent�o, foi combinado

que o Marianovic regressaria � sua casa
em Amsteldijk.

O Marianovic estacionou
o Mercedes prateado.

E foi morto no carro,
naquele s�tio e naquele momento.

O tipo que matou o Alexander
teve de dizer antes de o matar:

"Cumprimentos do Klaas.

Vou mandar-te para o inferno."

� o primeiro assassinato bem-sucedido
de Klaas. E n�o ser� o �ltimo.

E assim nasce a reputa��o
de crueldade violenta de Bruinsma.

O Klaas era o chefe, o n�mero um.

De longe. N�o era um suposto padrinho

que era adorado e respeitado.
Ele era odiado.

E eles tinham imenso medo dele

porque ele era considerado
um tipo completamente s�dico e louco

que adorava ver pessoas levar sovas,
com ossos partidos ou mortas.

Neste momento, as rotas de tr�fico
de Klaas v�o de Amesterd�o at� ao L�bano,

Marrocos e at� mesmo t�o longe
como o Paquist�o,

ultrapassando o padrinho original,
Frits van de Wereld.

Tendo crescido num neg�cio de fam�lia,

Klaas reorganiza a sua opera��o
como uma empresa, com ele como CEO.

Ele tinha uma divis�o para a viol�ncia,
com os guarda-costas dele, os dur�es.

Uma divis�o de narc�ticos,
com os traficantes dele.

E uma divis�o de lavagem de dinheiro,

com os contabilistas dele,
conselheiros fiscais e advogados.

A opera��o de Bruinsma ganha agora
milh�es de d�lares por m�s.

Ap�s anos a sentir-se inferior,

Klaas est� finalmente mais rico e poderoso
do que o seu pai s�dico.

No in�cio dos anos 80,
a Pol�cia holandesa ganha terreno

contra o violento crime organizado
que atormenta Amesterd�o.

E o nome Bruinsma continua a aparecer
nas investiga��es do Agente Slort.

Pela primeira vez, vimos um holand�s
como empreendedor criminoso.

Vimos que ele tinha
uma rede internacional.

O n�vel de viol�ncia era algo
que era verdadeiramente perturbador.

E acho que o que teve mais impacto

foi o envolvimento no mundo legal,

o lado da lavagem de dinheiro

e o lado da corrup��o.

Portanto, um problema local de Amesterd�o

passou, de repente,
a ser um problema nacional.

Com a reputa��o de rua de Klaas a crescer,

ele procura cimentar o seu lugar
no submundo de Amesterd�o.

O Klaas disse: "Vou mostrar
a estes criminosos insignificantes

que sou muito mais duro do que eles.
Um dia, todos me respeitar�o."

Klaas ter� a sua oportunidade em breve.

Em agosto de 1983,

ele recebe uma chamada de um ex-namorado
de Thea, Pietje Pieterse,

que se recusa a entregar
algum do haxixe deles.

No meu anivers�rio, 23 de agosto,

o Alto liga-me de manh� bem cedo.

Ele diz: "O Pieterse ligou-me
e perguntou-me se podia passar por l�."

Eu n�o sabia, mas pensei:
"Isto n�o pode ser bom."

Excecionalmente, Klaas vai
a casa de Pieterse sem guarda-costas.

O Alto punha sempre a arma dele
na mesa � sua frente.

Depois, o Pieterse diz:
"Eu roubei a droga."

O Alto, obviamente, passou-se.

Ent�o, pegou na arma
e deu um tiro na perna do Pieterse.

O Pieterse tinha refor�os,
para o caso de a coisa correr mal.

Eles ouviram o tiro e foram a correr,

o Leo Frantzen e outros dois tipos.

Ent�o, o Klaas disparou
contra o Leo Frantzen.

E o Leo morreu.

O tiroteio sela a reputa��o de Klaas,

mas com um custo.

Ele � atingido v�rias vezes no est�mago.

"Era uma confus�o",
disse-me a empregada da limpeza,

ela teve de limpar bocados de carne
da parede.

Era como um cen�rio de guerra alucinante.

Os conhecimentos de Thea levam Klaas
para o hospital e sob a amea�a de pris�o.

Senti-me pessimamente
ao v�-lo no hospital, ap�s o tiroteio.

Tamb�m me senti culpada.

Mais uma vez, foi devido a um namorado meu

e n�o era a primeira vez, era a segunda.

Algo tinha de ser feito para ficar claro
qual o motivo do tiroteio.

Estava preparada para fazer tudo
para o ajudar.

Com Klaas com uma poss�vel
pena de pris�o por homic�dio,

Thea arranja um plano
para salvar o seu s�cio.

Ela quer provar que Klaas
foi tramado e agiu em leg�tima defesa.

Fui a casa do Pieterse
com um pequeno gravador

e eu disse: "Quero falar contigo
e saber o que aconteceu."

Fomos para o terra�o no telhado,
enquanto eu tinha o gravador

e ele explicou-me tudo l�,

como tinham planeado tudo de antem�o.

Eu gravei tudo e, depois,

fui direta ao not�rio,
que transcreveu tudo.

A grava��o de Thea ajuda a provar
a leg�tima defesa de Klaas.

A 31 de janeiro de 1984,

ele � condenado por homic�dio involunt�rio
e n�o homic�dio qualificado

e s� � condenado a dois anos de pris�o.

Mas a sede de sangue de Bruinsma
n�o � refreada atr�s das grades.

O guarda-costas dele, Andr� Brilleman,
tem vivido na corda bamba

desde o falso homic�dio de Hugo Ferrol.

Alegadamente, Klaas ordenou
a sua vingan�a.

A hist�ria � a seguinte:

eles estavam � espera,
oito ou dez ciganos do acampamento,

com tacos de basebol,

bateram-lhe at� o deixar inconsciente

e levaram-no para uma barraca
algures perto da �gua.

O Klaas queria que um capanga
lhe cortasse o p�nis com uma serra,

o torturasse durante 45 minutos
e o matasse.

Disse-se que os membros do Brilleman
e outras partes teriam sido cortadas...

... e deitadas num barril com bet�o.

Eram marinheiros ou pessoas
com uma balsa fluvial.

Eles encontraram um barril
e o Brilleman estava l� dentro.

Ele gostava de viol�ncia.

Tinha algo sinistro e sombrio...

... algo um pouco doentio.

Em 1987, com Bruinsma j� fora da pris�o,

o n�vel de viol�ncia
come�a a ficar fora de controlo.

O Agente Slort pressiona
as altas autoridades do pa�s

para prenderem Bruinsma.

De facto, sem exce��o,

todas as apresenta��es que fizemos

tinham uma esp�cie de efeito de choque,

com uma rea��o tipo:

"Isto est� a acontecer na Holanda?"

E tamb�m o facto de o Sr. Bruinsma
parecer ter-se tornado invenc�vel.

Ap�s anos a interceder,
a Pol�cia finalmente � bem-sucedida.

� formada uma for�a especial
tendo Bruinsma como alvo,

liderada por Gert Van Beek.

O �nico objetivo da for�a especial
era apanhar o Klaas Bruinsma.

L�DER DA FOR�A ESPECIAL, POL�CIA HOLANDESA

Est�vamos convencidos
de que lid�vamos com um criminoso a s�rio,

que fora o cabecilha
de v�rios crimes violentos em Amesterd�o

e quer�amos apanh�-lo em flagrante.

Eles come�am a vigiar
cada passo de Bruinsma...

... e p�em escutas nos telefones dele.

Mas Klaas � cuidadoso.

Nunca fala abertamente
de neg�cios de drogas.

GRAVA��O REAL, 1988
"NO BUGGIE, MONIQUE A FALAR"

KLAAS: "MONIQUE, O PETER EST�?"

"FRANS... (NOME SECRETO DE KLAAS)
ELE ACABOU DE SAIR."

KLAAS: "SE O PETER LIGAR, DIZ-LHE
QUE ESTOU NO RESTAURANTE CHIN�S."

KLAAS: "PERTO DO EST�DIO OL�MPICO.
ELE SABER� DO QUE FALO."

Est� bem, adeus.

Bruinsma est� sempre
um passo � frente da lei.

Ele tem infiltrados
at� dentro da for�a especial,

pol�cias corruptos
que s�o os seus olhos e ouvidos.

Eles encontraram
um documento de 43 p�ginas

na casa de um dos membros chave
da organiza��o,

contendo todas as vigil�ncias de carro

efetuadas na Holanda
e usadas para vigiar criminosos,

incluindo o registo dos autom�veis
e os departamentos que os usavam,

a for�a especial, a pol�cia militar,
servi�os secretos, Pol�cia de Amesterd�o.

Portanto, por outras palavras, como
j� havia bases de dados naquela altura,

quando viam um carro suspeito,

bastava inserir as matr�culas
para saber quem era.

Klaas sente-se intoc�vel,

mas, desde o homic�dio
que o p�s na pris�o,

Thea sente que a viol�ncia
se tornou intoler�vel.

Eu j� n�o me sentia bem com aquilo.

Pelo que aconteceu ao Klaas,
isso fez-me sentir mal.

Eu tinha de partir.

Thea abandona a sociedade deles,
deixando Bruinsma sozinho.

Sem a s�cia dele, Klaas n�o tem ningu�m
para controlar o temperamento e o ego.

E ele come�a a perder
a no��o da realidade.

Ele come�ou a acreditar que era igual

a homens lend�rios, como Napole�o.

No final dos anos 80,
o Klaas come�a a aterrorizar

v�rias pessoas envolvidas
no tr�fico de haxixe.

Em Marrocos, ou noutro s�tio qualquer,

ele come�ou a meter o nariz
no neg�cio de todos.

For�ou pessoas a trabalharem para ele.

Se n�o fizessem o que ele queria,

perseguia-as e �s suas fam�lias.

Em 1990, Bruinsma
est� no auge do seu poder.

O maior senhor da droga da Europa

vale centenas de milh�es de d�lares,

mas isso n�o chega para ele.

Ele estava sempre a falar
do "maior neg�cio de sempre".

Explicou que, se o conseguisse fazer,
n�o teria de voltar a trabalhar.

Disse: "Depois compro um barco
e vou velejar pelo mundo."

Fiel � sua palavra, Klaas organiza
o maior neg�cio de sempre de haxixe.

Este �ltimo neg�cio seriam 45 000 kg
de haxixe de qualidade paquistan�s,

com um valor na rua
de 500 000 000 florins.

O plano audacioso de Klaas � in�dito.

Nunca ningu�m tentara vender
tanto produto num s� carregamento.

Bruinsma investe milh�es de d�lares
no neg�cio. � um grande risco.

Os associados de Klaas
carregam 45 toneladas de haxixe

para um contentor aberto
num porto no Paquist�o.

E o navio ruma para a Europa.

No caminho,
o haxixe muda de navios v�rias vezes

e demora dez meses
a chegar finalmente a Amesterd�o.

A Pol�cia tem conhecimento do carregamento
atrav�s de uma den�ncia an�nima.

Depois souberam como o carregamento
seria descarregado no porto de Amesterd�o

e seguiram-no at� um armaz�m em Leusden.

E foi a� que o apanharam.

A 24 de fevereiro de 1990,

as autoridades holandesas
descobrem e confiscam as 45 toneladas.

Mas n�o tinham provas suficientes
para ligar o haxixe a Klaas.

Ele safa-se, mas tamb�m perde
o seu lucro de 250 milh�es de d�lares.

Foi um golpe financeiro tremendo para ele.

Perdera a reforma dele.

Dominado pela raiva e a desilus�o,

Klaas come�a a snifar
quantidades industriais de coca�na,

o que alimenta o seu temperamento cruel.

Os �ltimos dois anos em que vi o Klaas,
ele estava numa espiral descendente.

Estava a ficar paranoico e desconfiado

devido � coca�na e ao �lcool.

Ele mal conseguia dormir. Tinha ins�nias.

Ele n�o confiava em ningu�m.

Claro, ouvi de tudo pela cidade.

Ele snifava coca�na,
fazia sexo com prostitutas,

esbanjava dinheiro,
andava em carros caros.

E eu n�o devia querer ver.

Se me contassem isso,
eu n�o quereria ouvir.

Ele era violento com as raparigas.

A maioria das prostitutas
n�o gostava dele.

Ele era arrogante.

Quando uma das prostitutas fez uma piada

sobre as meias de compress�o dele,

que ele usava
porque tinha levado um tiro na perna,

ele ficou t�o zangado,
que lhe cortou a cara

com a coronha da sua arma

e feriu-a com gravidade.

O Klaas estava tornar-se num risco.

Um dos seus associados disse-me:

"Est�vamos a chegar a um ponto

em que ter�amos de ser n�s
a livrar-nos dele."

As coisas come�am a ficar negras
para Klaas.

N�o s� os associados dele
o querem apanhar,

como o esquadr�o antifraude da Holanda
investiga os seus neg�cios internacionais.

As pistas levam-nos � Fl�rida.

Eventualmente, descobrimos,
atrav�s do registo das propriedades dele,

que o Bruinsma tinha um tipo
que lhe lavava dinheiro nos EUA.

POL�CIA HOLANDESA

Tamb�m descobrimos
que ele comprara uma villa

em Boca Raton, perto de Miami.

Est�vamos a ser assistidos por uma
coopera��o com a Alf�ndega dos EUA.

Em Amesterd�o, a paranoia de Klaas
torna-o ainda mais violento.

Ele comportava-se como Hitler
na �ltima semana em Berlim, no bunker,

sem qualquer no��o da realidade,

mas tamb�m bastante perigoso.

Ele ordena dois assassinatos
em menos de um m�s.

Em setembro de 1990, no American Hotel,

um dos associados mais pr�ximos de Klaas,
Roy Adkins, est� sentado no bar.

O Roy Adkins era um pouco um enigma.

Pouco se sabia acerca dele,

exceto que era uma figura central
no bando do Bruinsma

e que tratava maioritariamente
do transporte da droga.

Supostamente, teria bons contactos
dentro do IRA.

Basicamente, conta a hist�ria

qje chegaram dois homens da costa...

POL�CIA DE AMESTERD�O
1987-ATUALIDADE

... passaram a rece��o
e as portas do bar Nightwatch,

aproximaram-se da v�tima por tr�s

e deram-lhe tiros na cabe�a.

Nunca ficou claro
o que aconteceu entre ele e o Klaas,

mas h� uma teoria de que tivera
que ver com o "maior neg�cio de sempre",

os 45 000 kg de haxixe paquistan�s
confiscados no in�cio dos anos 90.

O Klaas disse-me
que perdera imenso dinheiro.

Que queria taxar

outros criminosos pelas suas perdas.

Eu avisei-o e disse:
"Se fizeres isso, morres."

A 27 de junho de 1991,

a excessiva arrog�ncia de Bruinsma
e o v�cio da droga tramam-no.

�s primeiras horas da manh�,
na discoteca do Hilton,

Klaas est� pedrado com coca�na.

Tamb�m l� est� outro conhecido
criminoso de Amesterd�o, Martin Hoogland.

O Martin Hoogland era pol�cia,

mas fora despedido. Era demasiado
corrupto, mesmo para aquela �poca,

e, a partir da�, tornara-se assassino.

De acordo com as informa��es,
houve alguns atritos entre os dois.

O Klaas saiu da discoteca do Hilton,
com uma grande moca,

o Hoogland tamb�m estava mocado
e envolveu-se numa discuss�o.

A tens�o estava alta
e uma discuss�o pode descontrolar-se.

E, por qualquer motivo,

ele deu-lhe dois ou tr�s tiros no peito.

Ele caiu no ch�o. Depois, ele deu a volta,

p�s-se atr�s da cabe�a dele
e deu-lhe um tiro na cabe�a.

Eu cheguei por volta das 6h30
ao hotel Hilton.

N�o tinha quaisquer d�vidas.
Era o Klaas Bruinsma.

O Klaas estava ali deitado,
com os bra�os abertos,

com sangue a escorrer-lhe pela cara.

Era uma imagem triste.

Em retrospetiva, �s vezes, pergunto-me

como as coisas teriam corrido
caso n�o o tivesse deixado.

Um psicopata genial

que se tornou muito poderoso
e que depois enlouqueceu.

Legendas: Carlos Alberto Silva