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UMA S�RIE DOCUMENTAL ORIGINAL NETFLIX

As drogas s�o sempre
um grande neg�cio na Jamaica.

E o Christopher Coke era o presidente.

Havia sempre viol�ncia.

Todos os anos, ficava mais amea�ador,
assustador e opressivo.

Pessoas que n�o eram amigas dele,
de fora, era tipo:

"O homem � um monstro, um dem�nio."

Se t�m um problema
ou um conflito com eles,

a maioria desses conflitos
terminava com gente morta.

SENHORES DA DROGA

CHRISTOPHER COKE:
O PR�NCIPE DO NARCOTR�FICO NA JAMAICA

Maio de 2010. Kingston, Jamaica.

A ilha das Cara�bas
� destru�da por guerras de bandos.

Sai da estrada, meu!

Em estado de emerg�ncia, a Pol�cia
persegue um senhor da droga poderoso.

O Christopher Coke foi um dos senhores
da droga mais proeminente do mundo.

No seu auge, 20 % da coca�na

que entrava nos EUA,
era traficada atrav�s da Jamaica.

Christopher Coke, tamb�m conhecido como
Dudus ou Presi,

controla um imp�rio da droga
de milh�es de d�lares

atrav�s do seu bando violento,
o Shower Posse.

Eles eram destemidos,
duros e tinham muitas armas.

O Shower Posse era uma marca registada em
Nova Iorque, Miami, Atlanta, Toronto, RU

e o Christopher Coke
era o presidente e o diretor-executivo.

Quanto mais me testarem,
mais me atiro a eles.

A guerra de Coke contra a Pol�cia
enfraquecer� a Jamaica.

Levanta as m�os!

Para aqui!

Jamaica, anos 70.

Christopher Coke cresce
no centro violento de Kingston,

numa fam�lia de bandidos
liderados pelo seu pai, Lester.

O Lester Coke iniciou

AGENTE ESPECIAL NO COMANDO
NAS CARA�BAS, DEA

uma rede criminosa enorme na Jamaica,

altamente poderosa
e ele tinha imensos membros do governo

que recebiam subornos
para protegerem o seu neg�cio.

Para a comunidade de Kingston, Lester Coke
� conhecido como Jim Brown ou o Don.

O sistema do don em Kingston
� semelhante a um l�der de uma comunidade.

AUTOR, "SHOWER POSSE"

Os dons n�o s�o necessariamente bandidos.

S�o l�deres, pilares,
pessoas que ajudam a comunidade.

Mas t�m um lado obscuro.

E o futuro senhor da droga
observa e aprende.

Eles usam mesmo o medo para intimidar

e a reputa��o da crueldade implac�vel

para manter a ordem, por assim dizer.

A fam�lia Coke mant�m essa ordem atrav�s
do seu bando not�rio, o Shower Posse.

O Shower Posse recebeu o nome
pela sua reputa��o,

por dar um banho de balas
aos seus oponentes.

O suposto Shower Posse era
um bando da droga violento e implac�vel

que operava no oeste de Kingston.

Traficavam principalmente coca�na,

mas tamb�m a marijuana
que era cultivada na ilha.

No final dos anos 80,
o controlo implac�vel de Jim Brown

domina uma grande parte de Kingston oeste.

Mas o seu reinado est� prestes a cair.

Os Estados Unidos pedem a sua extradi��o

e em 1992, o governo jamaicano prende-o.

Mas Jim Brown sabe demasiado.

Espera-se que testemunhe

contra pol�cias e pol�ticos corruptos
jamaicanos em tribunal.

Na noite antes de ser extraditado
para os Estados Unidos,

houve um inc�ndio misterioso na cela dele
e ele morreu devido a isso.

O Don fora silenciado.

A forma como o pai morreu

perseguir� Christopher Coke
para o resto da sua vida.

O controlo do Shower Posse
dever� agora passar

para o filho mais velho de Jim Brown,
Tony, tamb�m conhecido como Jah T.

Aquele homem era fixe, o Tony.

Aquele domingo mudou tudo, entendem?

"CAPIT�O"
MEMBRO DO BANDO COKE

Houve um grande problema
no domingo � noite.

Uma noite, em fevereiro de 1992,
um membro de um bando rival segue o Jah T.

O Jah T ia a descer a Maxfield Avenue.

Foi atingido por v�rios tiros.

Foi atingido e morreu logo a seguir.

E como resultado de ser morto,

o irm�o entrou em cena
e era o Christopher.

Com apenas 22 anos,

Christopher "Dudus" Coke sobe ao trono.

O jovem senhor da droga tem talento
para o neg�cio da fam�lia.

Ele sabe que, para manter o poder,
dever� reinar atrav�s do medo.

Ele era violento.

N�o era um filho leg�timo.

E como resultado disso,

a sua legitimidade
dentro da organiza��o e do cl�

era um bocado tremida.

Eu acredito sinceramente que foi por isso
que se tornou no que se tornou.

As pessoas diriam "monstro".

Coke quer transformar o neg�cio do pai
num vasto imp�rio.

O Dudus Coke
era movido pelo poder e riqueza.

E sabia que, se mantivesse o Shower Posse
num n�vel abaixo,

em termos das suas capacidades
de tr�fico de droga,

nunca iria muito longe.

Portanto, ele queria expandir o neg�cio.

E est� no local perfeito
para isso acontecer.

A Jamaica tem uma localiza��o perfeita

para traficar coca�na
da Am�rica do Sul para a Am�rica do Norte.

Passando pelo porto mais movimentado
das Cara�bas, Kingston Harbour.

Ele comprava a coca�na na Col�mbia
a cerca de 4000 d�lares o quilo

e vendia-a desde $28 000 a $40 000

e provavelmente at� mais no Canad�
e tamb�m no Reino Unido.

Coke come�a a traficar grandes quantidades
de drogas para a Am�rica do Norte.

Usavam todo o tipo de m�todos engenhosos.

Havia casos em que soldavam tubos de metal
aos cascos dos navios

num porto na Jamaica e removiam-nos
da mesma forma num porto nos EUA.

E o Coke tem pessoas infiltradas
a quem paga

para garantir
que o neg�cio corre sem percal�os.

Em voos comerciais de companhias a�reas,

arranjavam v�rias formas
para p�r a droga no por�o

e tinham um c�mplice
que tratava das bagagens no destino.

Com as drogas
a inundarem as cidades americanas,

a Jamaica aparece cada vez mais
no radar da DEA.

Sab�amos da exist�ncia
do Christopher Coke,

mas a liga��o direta deles
aos bandos da Jamaica

aqui nos Estados Unidos
n�o era assim t�o evidente.

Muitos deles usavam m�todos
bastante complexos,

lavagem de dinheiro em contas no exterior,
por exemplo, no Panam�.

E era essa a tarefa das autoridades,

encontrar estas pessoas
que estavam envolvidas

em atividades criminosas extraordin�rias
e elimin�-las.

Mas h� um problema.

Para reunir informa��es,

a DEA tem de penetrar a fortaleza
do Shower Posse em Kingston.

Tivoli Gardens.

O s�tio mais perigoso na Jamaica
para algu�m de fora.

Quando Tivoli Gardens foi construido
ou edificado,

era uma comunidade modelo.

Mas, com o passar dos anos,
as pessoas come�aram a rece�-la.

T�nhamos de ter a autoriza��o
do Coke para l� entrar

e, a partir de l�, controlava muita gente
que tinha espalhada pelo mundo inteiro.

Em Tivoli,

� onde guardam toda a nossa coca�na,
as drogas e as armas

e o Coke s� recebe pagamento a presta��es
em armas e em dinheiro.

Portanto, como resultado disso,
aquela comunidade era bastante fechada.

At� a Pol�cia receava l� entrar.

O comiss�rio da Pol�cia,
que esteve em fun��es durante 30 anos,

disse que, em toda a carreira dele,
nunca entrara em Tivoli Gardens,

nunca policiara Tivoli Gardens.

Era uma zona n�o policiada.

No seu quartel-general de Tivoli Gardens,
Coke acha-se acima da lei

e arranja muni��es suficientes
para desafiar quem quer que discorde.

O armamento
a que o Shower Posse tinha acesso

era suficiente para come�ar
uma pequena guerra.

Tudo desde pequenos lan�a-m�sseis

at�, claro, AK-47, M16

e todo o tipo de pistolas
que possam imaginar.

As autoridades tomam a decis�o
de mostrar a Coke quem manda.

Quando um don rival � morto,

a Pol�cia escolhe o momento para procurar
armas no quartel-general do Shower Posse.

Ent�o, a sete de julho de 2001,

armada at� aos dentes,
a Pol�cia invade Tivoli.

Mas os homens de Coke esperam-nos.

Durante dias,
a unidade de Pol�cia determinada

usa todo o seu poder de fogo
contra os residentes de Tivoli.

Houve um grande tiroteio
na comunidade de Tivoli Gardens.

Sa�ram todos com armas
e dispararam contra a Pol�cia

e, agora, a Pol�cia � vista
como inimigo n�mero um.

A Pol�cia tem a zona fechada,
disparam contra tudo o que mexer.

Eles n�o podem entrar num s�tio assim.

N�o da forma como entraram, aos tiros.

A dispararem do cimo do pr�dio.
N�o vejo sentido nisso, entendem?

Mas o Shower Posse
conseguiu manter a Pol�cia afastada.

Membros da grande for�a policial e militar

est�o encurralados no posto de comando
da Carnation Street.

Temos de disparar.
Temos de fazer o que for preciso.

Ou morrem ou vivem.

Finalmente, ap�s quatro dias,
a Pol�cia bate em retirada.

A Pol�cia foi afastada
pelos atiradores criminosos.

Vinte e sete civis e dois Pol�cias
perderam a vida,

EM MEM�RIA
DOS QUE MORRERAM 7 A 10 DE JULHO

A vit�ria de Coke revela
uma verdade assustadora na Jamaica.

O Shower Posse dele
foge ao controlo das autoridades.

Mas Christopher Coke
� mais do que um combatente cruel.

O poder dele em Kingston
n�o se resume s� a poder de fogo.

Ele conquistou lealdade total
dentro da comunidade.

N�o s� como protetor,
mas tamb�m como provedor.

As pessoas de Tivoli Gardens
adoram o Christopher.

Veem-no como um l�der da comunidade...

... uma esp�cie de protetor,
tipo Robin dos Bosques.

N�o seria incomum

dar presentes �s crian�as
no Natal e �pocas festivas,

pagar despesas escolares,
contas do m�dico.

LICEU TIVOLI GARDENS

Quem vivia na comunidade,
n�o tinha de pagar

nenhum servi�o,
eletricidade, �gua, televis�o,

mas s� podiam viver nas unidades
por desejo do Don.

A lealdade era conquistada
por um lado, pelo medo

e, por outro, por prote��o.

Sim, �s vezes,
somos mais eficientes do que a Pol�cia.

Tudo o que as pessoas nos pedirem,
n�s fazemos por elas.

A Pol�cia n�o os protegia como n�s.

Sob o dom�nio de Coke,
festas de rua frequentes unem o povo.

O Don atinge o estatuto de her�i
em Kingston.

Ele era quase uma celebridade
em algumas comunidades

e v�amos um monte de tipos a passar

e as pessoas sussurravam:
"� o Dudus" ou "Presi".

E faziam-no com grande temor.

Pensamos se ser� mesmo ele.

E quando o vemos dizemos:
"Quem � aquele homem?" "� o Presi."

O Coke era um enigma.
Era um culto de personalidade.

Nunca vi ningu�m
com tanta influ�ncia nas pessoas

e a quem atribu�am
quase poderes sobrenaturais

de conseguir chegar a todos.

Mas a luva de veludo
esconde um punho de ferro.

Esperava-se 100 % de lealdade
� organiza��o

e, se sa�ssemos da linha,
o mais certo era sermos mortos.

Havia a teoria de que havia uma cela
ou um compartimento em Tivoli

onde nos batiam, cortavam aos bocados
ou nos davam um tiro.

E nesta cela secreta, Christopher Coke
era quem cometia esses atos violentos.

Nunca encontr�vamos um corpo
ou um cad�ver em Tivoli Gardens.

O costume era p�r os corpos
dentro de barris

que depois eram entregues e depositados

noutras �reas de Kingston
ou ainda mais longe.

O Coke negava essas acusa��es
e nunca foram provadas.

Com a viol�ncia em espiral em Kingston,

no Bronx,
os agentes federais seguem todas as pistas

que possam lev�-los
aos importadores jamaicanos.

Pass�mos tempo a focar-nos
no que se passava no Bronx

e nos EUA,
num esfor�o para chegarmos � Jamaica

e, eventualmente, construir um caso

que trouxesse o Coke
para os Estados Unidos.

Em 2003, de repente, as pistas aquecem.

Um bando local jamaicano
conhecido como John Shop Crew

fica no radar
do Agente Especial Baldus, da DEA.

Embora n�o nos tenhamos apercebido
na altura,

a investiga��o da DEA ao Christopher Coke

e ao Shower Posse jamaicano
come�ou neste beco no Bronx.

Eu e o meu colega vigi�mos
alguns membros do John Shop Crew,

vimo-los carregar o ve�culo deles
com 180 kg de marijuana.

Logo a seguir, prendemo-los.

Ap�s isso, fizemos buscas em alguns locais

e conseguimos descobrir
mais 90 kg de marijuana,

cerca de $300 000 em dinheiro
e duas pistolas carregadas.

Descobriram que aquelas
grandes quantidades de contrabando

inundam o Bronx todos os dias.

Quando seguem o rasto do dinheiro,
leva-os direitinhos � Jamaica

e ao Shower Posse.

A partir da�, foc�mo-nos nisso,

fizemos imensas opera��es de vigil�ncia,

prendemos muito mais gente,
apreendemos mais drogas e armas.

Quase a 3200 km para sul,

o Coke continua a gerir
o seu neg�cio internacional de drogas,

sem saber que a DEA
est� mais pr�xima dele.

Eram milhares
de conversas telef�nicas gravadas.

Estou furioso porque todos querem ir l�
e dar cabo daquele s�tio.

Qual � o problema destes idiotas?

As escutas revelam um senhor da droga

que gere uma vasta rede criminosa
com uma efici�ncia brutal.

N�o podemos for�ar uma guerra.

Se houver uma guerra, paci�ncia.

Mas n�o podemos provocar
ou criar uma guerra.

Com as drogas a irem para a Am�rica,

armas v�o na outra dire��o,
como pagamento.

Eles falavam do transporte de drogas.

Do transporte de armas.

Escondida dos turistas
e das suas est�ncias privadas,

a min�scula ilha da Jamaica
enche-se de armas.

Em 2005,
a opera��o brutal de Christopher Coke

deixa as autoridades da na��o
sem palavras.

� sempre dif�cil policiar

quando enfrentamos pessoas,
jovens ou homens, com espingardas.

Antes dos anos 80, n�o estavam armados
com espingardas M16, AK-47

e outras armas sofisticadas.

At� granadas eram usadas.

Para o Shower Posse,
as armas s�o moeda de troca.

Marcam cuidadosamente cada arma americana
que entra e sai de Tivoli Gardens

e as armas espalham-se pela ilha.

O facto � que tinham essas armas.

E o poder de fogo

e muni��es que estava dispon�vel
era francamente assustador.

Com o Dudus a enriquecer,

o n�mero de homic�dios
sobe para 1600 pessoas num s� ano.

� algo de que n�o me quero recordar.

Amamos algumas pessoas e tentamos
am�-las ainda mais e perdemo-las.

Muita gente. Morreram centenas
de pessoas que eu conhecia.

� de loucos, n�o �?

A tr�s de maio de 2005,
a viol�ncia atinge o m�ximo.

O que aconteceu naquela noite...

Dois mi�dos numa bicicleta
mataram um homem num sem�foro.

Um carro da Pol�cia descaraterizado
estava dois carros atr�s.

Eles viram o que estava a acontecer
e reagiram.

Como resultado disso, o irm�o mais novo
do Coke e outro homem morreram.

Dudus j� v� a Pol�cia como inimigos.

Agora que mataram o irm�o de Coke,
a retalia��o � brutal.

D� in�cio a v�rios ataques � Pol�cia.

Houve um agravamento
nas 24 horas seguintes

e eu lembro-me de um inspetor da Pol�cia
que foi literalmente morto

ao estar sentado na sua mota de patrulha.

A For�a Policial jamaicana
estava completamente desorientada

porque, claramente,
n�o fora s� um ataque � Pol�cia,

fora um ataque ao Estado.

Num s� dia, membros de bandos
matam tr�s Pol�cias e um seguran�a.

Havia informa��es de que,
mesmo dentro do Shower Posse,

entre o Dudus e outros,

havia a d�vida se deviam retirar
ou continuar a atacar pol�cias.

No final, eles retiraram

porque sabiam que, se fossem longe demais,

poder�amos entrar
numa situa��o de guerra em Kingston.

Perdemos alguns membros.

Bons membros.

Eles deixaram fam�lias,
amigos e muita gente enlutada.

Ap�s a carnificina, os jamaicanos
est�o ainda mais determinados

a derrotar o senhor da droga
de uma vez por todas.

A sua nova estrat�gia, a extradi��o.

Chegaram � conclus�o

de que as probabilidades
de conseguirem uma acusa��o bem-sucedida

contra ele na Jamaica eram remotas

e que a melhor hip�tese
de o levar a enfrentar a justi�a

era trabalharmos
com os nossos colegas internacionais.

Neste caso, com os EUA.

Foi como montar um quebra-cabe�as enorme.

Uma investiga��o como a do Coke

requeria um pouco
de jogo do gato e do rato.

N�o queremos dar muito nas vistas,

mas, ao mesmo tempo,
queremos prender pessoas.

A DEA continua focada nos jamaicanos.

Procur�mos pessoas, testemunhas
e provas no mundo inteiro

para construirmos um caso contra ele

e posso garantir-vos que,
quando nos sentamos numa sala

com algu�m que...

Um verdadeiro criminoso,

algu�m que esteve envolvido em roubos
e com armas. Tipos duros.

E, inevitavelmente, a determinada altura,

quando mencion�mos o Coke,
o comportamento deles mudou.

Quando entenderam realmente, dissemos:

"Digam-nos o que sabem
diretamente sobre o Coke",

e eles fechavam-se em copas.

�s vezes, at� choravam

porque tinham imenso medo de falar nisso.

Ent�o, o Agente Especial Baldus
tenta uma t�tica diferente.

Ao interrogar
dois dos fornecedores de Coke,

ele n�o os amea�a. Engana-os.

A determinada altura, fingi receber
uma chamada de um promotor p�blico.

Fiquei furioso.
Comecei a gritar ao telefone.

E convenci-os de que �amos
retirar as acusa��es.

Solt�mos-los e fizemo-lo a pensar
na totalidade da investiga��o.

Quer�amos manter o caso a correr,
os telefones a funcionar.

E isso tem resultados positivos em 2006.

A investiga��o alerta-os
para um criminoso cruel

que aparenta ser
um dos principais cabecilhas de Coke.

Foi nessa altura que a investiga��o
deu uma reviravolta.

Ele � conhecido como Rooster
e tem a reputa��o de ser muito violento.

Mesmo com os inimigos mortos.

Disseram-me que o Rooster foi � morgue

e usou algo semelhante
a uma espada samurai

e cortou a cabe�a ao cad�ver.

A partir da�, o Rooster andou

com a cabe�a em Kingston
durante v�rios dias.

O Rooster p�s a cabe�a numa parede
e p�s-lhe um cigarro acesso na boca,

fingia que ela falava.

Jogaram futebol com ela
durante um tempo e no final assaram-na.

O Rooster nega qualquer envolvimento,
afirma que foram os apoiantes dele.

Era por isto
que as pessoas tinham medo dele.

Disseram-me que o Rooster
estava de volta aos EUA.

Localiz�mo-lo numa zona da Fl�rida
e definimos um plano de a��o.

Fomos � casa,
cerc�mos as traseiras e a frente.

Fizemos uma entrada r�pida.

E, para o nosso espanto,
um deles era o Rooster.

Mas Rooster n�o � a �nica coisa
que o Agente Baldus encontra.

O que eu vi foi

entre 13 000 e 14 000 muni��es
de pistolas e espingardas,

uma espingarda semiautom�tica
metida numa caixa de cart�o,

com sacos para marijuana e uma balan�a.

Todas as muni��es que encontr�mos na casa

estavam destinadas ao Christopher Coke,
em Tivoli Gardens.

Finalmente, ap�s anos de trabalho duro,

Rooster d� � DEA as provas necess�rias
para derrubar o chefe,

Christopher Coke.

Temos de garantir que temos o material

e que podemos construir um caso,

portanto, a DEA, a nossa equipa
e a procuradoria dos EUA

trabalharam arduamente para garantir
que t�nhamos tudo em ordem,

para, caso ele fosse preso,
garantirmos que seria condenado.

Em agosto de 2009, os EUA emitem
uma ordem de extradi��o e pris�o de Coke,

tal como fizeram com o pai dele,
20 anos antes.

Os documentos de extradi��o s�o recusados

e h� relat�rios p�blicos sobre isto

em que o governo jamaicano
n�o os aceita imediatamente

e tem d�vidas em rela��o a eles.

A sua comunidade leal
quer Coke em liberdade,

mas fora dos muros de Tivoli,
a Jamaica vira-se contra ele.

Os protestos e as exig�ncias do p�blico

para o governo agir
tornaram-se impressionantes

e o governo n�o teve escolha.

Nove meses ap�s o pedido de extradi��o,
Christopher tem a not�cia que tanto temia.

O Primeiro-Ministro da Jamaica,
Golding, cedeu � press�o

e aprovou a sua extradi��o.

Eu pensei: "Finalmente. Vamos a isto.

Vamos finalmente poder apanhar
o Christopher Coke."

Mas o desespero atinge Tivoli.

Toda a gente come�ou a chorar e...

Come�aram todos a questionar-se
sobre o que aconteceria a seguir.

Dudus � um melhor
agente da seguran�a. Respeitem-no

Houve uma marcha, a maioria era mulheres,

tinham cartazes

e um dizia: "Jesus morreu por n�s.
N�s morreremos pelo Dudus!"

Passei de carro na zona de Tivoli
na baixa de Kingston

e era bastante claro
que algo ia acontecer.

Criaram barricadas com carros,
metal, tubagens, arame farpado.

Havia alguma preocupa��o e tens�o no pa�s,

e apercebemo-nos
de que cheg�vamos a um ponto

de "ou vai ou racha".

O meu pior receio
era que muita gente morresse.

At� uma senhora
que vivia ali h� mais de 35 anos me disse

que era a primeira vez
que via o Dudus armado.

No domingo, 23 de maio de 2010,

for�as armadas ordenam aos residentes
de Tivoli para deixarem a comunidade.

Para!

Mas os autocarros que arranjam
para a evacua��o voltam vazios

e 400 locais altamente armados
e leais ao don, v�o para a batalha.

S�o eles que come�am a atacar
as for�as de seguran�a.

Houve uma emboscada
na Mountain View Avenue.

Enquanto a Pol�cia fazia uma patrulha,

eles incendiaram a esquadra
de Hannah Town.

Outras duas ou tr�s esquadras
foram incendiadas.

Eu fui ao mercado
com uma equipa de pessoas

e havia um grande tiroteio.

Era um caos total.

Sem informa��es dos m�dia,
receia-se que hajam dezenas de mortos.

Mas o paradeiro de Coke � desconhecido.

Est�vamos � beira de um abismo.

O Estado estava � beira de ser capturado
por uma organiza��o criminosa.

Finalmente, as autoridades jamaicanas
tomam a��es decisivas,

mobilizando uma for�a de 1000 elementos.

Durante anos, a Pol�cia entrava

e abria caminho aos tiros.

Desta vez, n�o foi assim.

T�nhamos apoio a�reo,
todo o tipo de apoios.

A batalha nas ruas de Kingston for�a
o Primeiro-Ministro a tomar uma decis�o.

Esta tarde, o governo tomou a decis�o

de aconselhar o governador-geral
a emitir um decreto

declarando o estado de emerg�ncia p�blica
em vigor �s 18h00 de hoje.

Com os combates a subjugar Tivoli,
milhares de pessoas s�o abandonadas

sem comida e �gua
e veem os seus vizinhos morrer.

Assim que ele soube do mandado,

n�o devia ter sujeitado
as pessoas de Tivoli Gardens,

as pessoas das comunidades circundantes
que ele diz que adora,

n�o as devia ter sujeitado �quilo.

Ele devia ter-se rendido.

Em qualquer opera��o das autoridades,

� uma trag�dia
se algu�m fica ferido ou morre.

Nunca queremos ver isso.

Mas, a quest�o � sabermos que temos
estas pessoas extremamente poderosas

que cometer�o crimes violentos

e o que temos de perguntar a n�s mesmos
�: "A sociedade devia julg�-las?

Valer� a pena ir atr�s delas?"
E eu acho que sim.

Eventualmente, ap�s tr�s dias de luta,
Tivoli Gardens rende-se.

O total de mortos � de 73,
incluindo tr�s das for�as de seguran�a.

Mas apesar das quase 1000 deten��es,

Christopher Coke escapa misteriosamente.

Alguns acreditam que fugiu da ilha

e que foi levado de barco
para o Haiti ou para a Col�mbia.

Haviam imensos rumores nessa altura,

de que ele tinha partido de avi�o
num desses aeroportos ilegais.

Acharam que poderia estar
em qualquer lado.

Era o Super-homem.
Poderia estar em qualquer lugar do mundo.

Mas muita gente dizia
que ele se teria escondido em Tivoli.

A localiza��o de Coke
permanece um mist�rio durante um m�s.

A Pol�cia fecha Kingston
com barreiras e pontos de controlo.

Depois, a 22 de junho de 2010,

eles param uma mulher de ar suspeito
a caminho da embaixada dos EUA.

Ao verem melhor, descobrem
que se trata do Dudus disfar�ado.

O Christopher Coke
usava uma peruca de mulher,

uma peruca cheia de carac�is
e �culos de mulher.

Ele estava rid�culo
porque se percebia logo que era um homem.

Ele tenta fugir � Pol�cia jamaicana
e entregar-se aos americanos.

Talvez a raz�o pela qual nunca
tivesse querido render-se ao governo

fosse porque o pai
morrera na pris�o assim.

E ele n�o queria
que o que aconteceu ao pai dele

lhe acontecesse a ele
numa pris�o na Jamaica.

O Coke n�o contesta a sua extradi��o,
ele aceita-a.

Ele f�-lo para poder vir logo para os EUA

e isso significava
que evitava ser preso na Jamaica.

O Agente Especial Baldus, da DEA,
vai de avi�o para a Jamaica,

para recolher pessoalmente o don
para a extradi��o.

Quando aterr�mos, est�vamos na pista

e eu vi tr�s helic�pteros militares
a pairar sobre n�s.

Um finalmente aterrou e, quando o fez,

sa�ram de l� homens com balaclavas.

Todos tinham espingardas
e estavam com o Christopher Coke.

Nessa altura, detivemo-lo,

metemo-lo no jato
e lev�mo-lo para Nova Iorque.

Durante o voo de mais de tr�s horas,

o Christopher Coke
esteve sentado � minha frente.

E sempre que temos uma investiga��o
como esta contra algu�m,

surpreendemo-nos sempre
com a personalidade da pessoa.

Ele falava imenso, era... Era acess�vel.

Ele perguntou-me se eu sabia
quem o pai dele era e como tinha morrido.

Eu disse-lhe que sim.

A DEA coloca Coke
na Pris�o Metropolitana de Nova Iorque,

onde enfrenta acusa��es de conspira��o
e distribui��o de narc�ticos

e tr�fico ilegal de armas de fogo.

No per�odo de tr�s ou quatro anos
que se seguiu,

ap�s aquela opera��o,

a taxa de homic�dios na Jamaica
diminuiu cerca de 35 a 40 %.

A reputa��o como Robin dos Bosques,

como algu�m que tinha uma vida
� margem da lei,

percebe-se o lado rom�ntico disso,

mas n�o podemos ignorar
o que isso realmente significa

porque o outro lado dessa hist�ria
� a morte,

os danos e a destrui��o da sociedade.

DUDUS PARA SEMPRE

AOS 43 ANOS, COKE � CONDENADO
A 23 ANOS NUMA PRIS�O FEDERAL

Legendas: Carlos Alberto Silva