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- Art Subs -
9 anos fazendo Arte para voc�!

AL�M DAS PALAVRAS

Voc�s chegaram ao final
do segundo semestre.

Algumas permanecer�o aqui
para terminar os estudos.

Outras sair�o para o mundo.

E, como de costume,

lan�o a voc�s a pergunta
mais importante,

que diz respeito
ao seu bem-estar espiritual.

Voc�s querem seguir a Deus
e ser salvas?

Quem deseja tornar-se crist�
e ser salva

vir� para
o meu lado direito.

Quem sobrou
e espera ser salva

vir� para
o meu lado esquerdo.

Fez suas preces?

Sim.

Embora n�o fa�a muita diferen�a
para o Criador.

Entendi voc� corretamente?

Acredita que seu Criador
� indiferente aos seus pecados,

que, em miseric�rdia,
Ele v� voc� adormecer?

N�o, voc� n�o entendeu.

N�o fui t�o longe.

Eu ainda nem despertei.

E como devo me arrepender?

Sou de certa forma problem�tica,
� claro,

mas meus sentimentos
s�o indefinidos.

A pergunta n�o �
sobre o quanto voc� avan�ou,

mas sobre o quanto
voc� deveria avan�ar,

n�o como se sente,
mas como deveria se sentir.

N�o sinto nada.

N�o tenho no��o de meus pecados.
E como poderia?

Gostaria de sentir
como as outras,

mas n�o � poss�vel.

Uma pecadora contra
um Deus sagrado

e sob condena��o

e sujeita a todo momento
a arder pela eternidade

ainda n�o sente,
nem se alarma,

n�o consegue fugir
da ira vindoura.

A verdadeira pergunta �

voc� est�
na arca da salva��o?

Temo que n�o.

Est� sozinha
em sua rebeli�o,

Srta. Dickinson.

Temo que voc�
seja uma fracassada.

Sim, Srta. Lyon.

Por todo instante de �xtase

n�s pagamos ang�stia

em propor��o aguda e tr�mula

ao nosso �xtase.

Por toda hora querida

severas ra��es de anos,

cousas v�s disputadas,

cofres cheios de pranto.

Pai! Austin! Vinnie!

Minha felicidade seria completa
se mam�e estivesse com voc�s.

A viagem seria
muito fatigante para ela.

Viemos levar voc�
para casa, Emily.

Sua �ltima carta
nos preocupou.

Voc� mencionou estar doente.

Sim. Do que voc�
est� sofrendo?

Um caso agudo
de evangeliza��o.

Vou mesmo para casa?

Sim.

Iremos para Amherst
por Boston

e ficaremos um pouco
com a tia Elizabeth.

N�o gostou, pai?

N�o gosto de ver
uma mulher sobre o palco.

Mas ela tem um dom.

Um dom n�o � desculpa

para uma mulher
se exibir dessa forma.

E o que preferiria
que ela fizesse?

A leitura de uma
Lei do Congresso em voz alta?

Isso dependeria
do tom.

O restante da apresenta��o
� em alem�o respeit�vel.

E os alem�es s�o
musicalmente maravilhosos.

� verdade.

Ingl�s, gra�as a Deus,

n�o � uma linguagem
para ser cantada.

Mas, tia Elizabeth,
voc� adora seus hinos sagrados.

Hinos s�o diferentes.

N�o t�m nada a ver
com m�sica.

O dem�nio na m�sica.

N�o seja banal, Emily.

Oh, vida!
Oh, lar!

Como voc�s
s�o maravilhosos!

Emily.

Por que est� acordada
t�o tarde?

- Podemos conversar, pai?
- Claro.

Como talvez saiba,
eu gosto de escrever.

Cartas, em sua maioria,
mas �s vezes poesia.

Sim.

Posso ter sua permiss�o

para escrever durante a noite,
por causa do sil�ncio?

N�o perturbarei
o resto da fam�lia.

Eu prometo.

Voc� pode, sim.

Foi muita considera��o sua
me pedir.

A casa � sua, pai.

Mas � nosso lar, Emily.

Eu... gostaria de pedir
mais um favor.

O que �?

Voc� tem, creio eu,

uma rela��o cordial
com o Dr. Holland,

editor do jornal
Springfield Republican.

E o Springfield Republican
publica poesia.

Escreverei para ele.

E, se ele concordar,
voc� poder� enviar algo seu.

Cara Srta. Dickinson,

decidi publicar
"Sic transit Gloria mundi",

por ser o menos previs�vel
e mostrar alguma perspic�cia.

Quanto ao resto da poesia,
a m�trica � comum,

infantil,
como rimas de crian�a.

Mas devo confessar
que os cl�ssicos de cada l�ngua

s�o trabalhos de homens,
n�o de mulheres.

Mulheres, temo eu,
n�o podem criar

os tesouros permanentes
da literatura.

Cad� Emily?

Emily!

Venha logo aqui!

Lembre-se de que
tia Elizabeth

celebrou a dinastia Dickinson
em 55 estrofes.

E cada uma delas
era enfadonha.

Tia Elizabeth.

Finalmente, Emily.
Quase fui deixada esperando.

E qual a sua opini�o
sobre o meu poema, Emily?

Estou certa de que seu verso
se equipara ao seu talento, tia.

Se eu fosse
esperta o bastante,

deveria me ofender
com esse elogio amb�guo.

Mas, tia, os melhores elogios
s�o amb�guos.

� parte do encanto.

Gostou dos meus versos,
Austin?

Muito, tia.
Eles humilham Para�so Perdido.

Seus filhos s�o
sofisticados demais, Edward.

Acho que parte de mim
desaprova.

Desaprova��o
� uma coisa pesada.

Ali�s, se tivesse que escolher
entre ter filhos sofisticados

e outros que s�o
meramente d�ceis,

eu escolheria o primeiro.

Docilidade se parece muito
com escravid�o.

- Parece uma fala abolicionista.
- N�o parece, n�o.

Mas nenhum crist�o
poderia aprovar a escravid�o.

Por favor,
n�o discutamos tal assunto.

� impr�prio e cansativo.

N�o para aqueles
que s�o escravizados.

Vejo que temos
uma Robespierre entre n�s.

N�o, Robespierre n�o.

Talvez Charlotte Corday.

Edward, eles s�o t�o ruins
quanto voc�.

Acredito que seu primeiro poema
tenha sido publicado.

Sim.

No Springfield Republican.

Foi publicado anonimamente.

Parece um pouco exc�ntrico.

Mas, considerando,
talvez tenha sido melhor.

N�o podemos
ser todos Milton.

N�o fique emburrada.
� inconveniente.

Poemas s�o meu consolo
pela eternidade que nos rodeia.

- Quem disse isso?
- Eu.

N�o diga.
Soa anticrist�o.

E cad� Vinnie?

Aqui, tia.

E como voc� est�?

Sou como uma peregrina
tentando progredir.

Um peregrino
deveria se preocupar apenas

com o progresso dos outros.

Preocupar-se consigo mesmo
� mera vaidade.

Mas, tia, vaidade
� um v�cio t�o inofensivo.

� t�o vazio quanto as pessoas
que se deixam levar por ele.

Nenhum v�cio
� inofensivo, Vinnie.

Basta olhar
para a Babil�nia.

E voc�, Austin?

N�o sou nenhum peregrino.

E quanto ao v�cio?

Certamente o v�cio
� uma virtude disfar�ada.

E o que acha da flacidez moral
de seus filhos, Emily?

Prefiro ouvir
e permanecer em sil�ncio.

Assim um preconceito
n�o parece uma opini�o.

Essa resposta
foi t�o misteriosa.

Eu n�o poderia ser
mais s�bia.

Valorize sua ignor�ncia,
tia.

Nunca sabe
quando pode precisar.

Edward!

Seus filhos me espantam.

Deve mand�-los para o quarto
e a�oit�-los.

Acalme-se, tia Elizabeth.

Beba uma ta�a de vinho.

Transforme v�cio
em prazer medicinal.

Medicinal?

Para a sua circula��o.

N�o h� nada de errado
com a minha circula��o.

O cora��o pede primeiro prazer,

E ent�o, escape da dor,

E ent�o, as pequenas aspirinas

Que amortecem o sofrimento;

E ent�o, ir dormir;

E ent�o, se assim tem que ser,

A vontade do Inquisidor

A liberdade de morrer.

Poderia tocar algo, Emily?

Um dos hinos antigos.

Claro.

Quando eu era muito jovem,

um rapaz
que ia � nossa igreja

costumava cantar isso.

Ele tinha uma voz ador�vel.

T�o pura.

Ele s� tinha 19
quando morreu.

Isso.

Isso.

Deus te aben�oe.

Quando estiver pronto,
ele me chamar�.

Espero que voc� viva
por 100 anos.

Que ideia repugnante.

N�o diga isso, tia.

N�o tenho medo
da morte, Emily.

E voc� tamb�m
n�o deveria ter.

Se mantivermos nossas almas
preparadas para Deus,

n�o precisaremos temer.

Ele suavizar�
nosso caminho.

Rezarei por todos voc�s.

E lembrem-se:
mantenham o ate�smo distante.

E vigiem o rel�gio
que bate por todos n�s.

Tic.

Tac.

Tic.

Voc�s s�o imposs�veis!

Fui agradecer-lhe,

mas ela dormiu,

sua cama uma rocha afunilada,

com ramalhetes
nos p�s e cabeceira

os quais foram lan�ados
por viajantes...

Que foram agradecer-lhe.

Mas ela dormiu.

Atravessar o mar foi r�pido,

olhando-a como coisa viva,

mas dando as costas
foi lento.

Poderia sorrir,
Sr. Dickinson?

Eu estou sorrindo!

Emily! Emily!

Temos uma visita.

Essa �
a Srta. Vryling Buffam.

Parece um anagrama,
n�o parece?

O que voc�s veem � uma vida
arruinada pelo batismo.

Espero que tenha levado
� aten��o de seus pais

a falta de considera��o deles
neste assunto.

Levei.
Isso os deixa nervosos.

Mas certamente
eles perdoar�o voc�.

Mas ser� que eu
os perdoarei?

Voc� n�o esteve em
um semin�rio para mo�as

em Forte Sumter
ou algo assim?

Em Mount Holyoke.

Sim, sabia que tinha
algo de militar.

Mas foi h� muitos anos.

E seus estudos
foram disciplinados?

�lgebra, geometria,
ci�ncias da natureza

e, pelo bem do decoro,
hist�ria eclesi�stica.

Acredito que as mulheres

devam receber a mesma
educa��o dos homens.

Mas hist�ria eclesi�stica?

Parece t�o mon�tono
quanto o para�so.

N�s a trouxemos
para casa.

Detestou Mount Holyoke
tanto assim?

Ela era maltratada l�.

Existem os maus tratos
e existe a coer��o.

- E qual voc� sofreu?
- Uma combina��o �nica dos dois.

Foi horr�vel.

Sim, mas...
isso fortalece a alma.

Mas qual � o objetivo quando,
no fim, seremos todos extintos?

- Voc� teme a morte?
- N�o.

Mas temo o para�so.

Temo que seja um anticl�max.

A perfei��o geralmente �.

E quanto ao inferno?

Certamente ser� mais suave
do que o para�so.

Essa ser� a agonia.

Voc� nos acompanhar�
at� a igreja, Srta. Buffam?

Claro que n�o.

Ir � igreja
� como ir a Boston.

Voc� s� aprecia
quando volta para casa.

Vamos orar pelo descanso
da alma de nosso �ltimo pastor.

Isso n�o depende
do lugar para onde ela foi?

Vamos nos tornar amigas
rapidamente.

Mas � claro que vamos.
Eu sou irresist�vel.

Todos dizem isso.

Quando o novo pastor chegar,
voc� deve me mostrar.

Para que voc�
tamb�m seja salva?

N�o.

Para eu saber
a quem evitar.

N�o aprecie muito
a sua ora��o.

Pode se tornar um h�bito.

Voc�s aceitam a Deus, Sr.?

N�s aceitamos, Sr.

Voc� aceita
humildemente, Sr.?

Aceito do meu jeito, pastor.

Quer vir a Jesus
como um advogado?

Voc� deve vir
como um pobre pecador.

Ajoelhe-se e deixe-me rezar
por voc�.

E ent�o voc� poder� rezar
por si mesmo.

- E voc�, Srta. Dickinson?
- O que tem eu, Sr.?

N�o se ajoelhar�
para entregar-se a Deus?

N�o, Sr.,
n�o vou me ajoelhar,

embora eu ache que Deus
j� tenha se mostrado a mim.

- Isso � profano.
- N�o foi a inten��o, Sr.

Voc� cuida
de sua alma, Emily?

Da melhor forma poss�vel.

E o inferno?
O que acha do inferno?

Evitarei se puder.
Aceitarei se necess�rio.

Isso foi irreligioso, mocinha.

Ent�o imploro o perd�o de Deus
por minha impiedade.

Oremos
por todos os pecadores.

Como ousa se comportar
daquela forma?

� anticrist�o e indecoroso!

N�o serei for�ada
� devo��o!

Voc� far�
como for instru�da.

Sei que sua margem crist�
� mais segura, pai,

e sei que devo parecer
obstinada,

mas minha alma
pertence a mim.

Sua alma pertence a Deus!

Negligencie isso
por sua conta e risco.

Sim, pai.

E, no futuro,
voc� se comportar� de forma

adequada ao status
que Deus lhe concedeu.

Sim, pai.

Boa noite, Emily.

Boa noite, pai.

Este prato est� sujo.

N�o est� mais.

Eu n�o teria ido t�o longe.

Se o fizesse,

papai teria me enviado
para uma boa escola militar

e mam�e chorosamente
bordaria algo.

A eterna Srta. Buffam.

Infelizmente n�o, Sr.

O tempo tamb�m bate
� minha porta.

E quais s�o
as suas precau��es?

Eu tento nunca estar em casa
quando ele chama.

Toda mulher deveria aspirar
a esse estado de prepara��o.

N�o. As mulheres
deveriam desejar apenas

ser mais jovens
que suas cinturas.

Assim o desagrad�vel assunto
da idade

se tornaria
quase irrelevante.

E a que os homens
deveriam aspirar?

Tobog�.

- E em clima mais quente?
- Filatelia.

Tem todos os perigos do esporte,
mas sem nenhum vigor.

Sua brincadeira �, como sempre,
Srta. Buffam, encantadora.

Aceite, Sr. Dickinson,
como meros excessos

de uma alma
pobre e atormentada.

Senhoritas.

Agora voc�s foram
longe demais.

Est�vamos tentando
ser ir�nicas.

Entre.

Voc� ir� � igreja, Emily?

N�o, pai.

Por que n�o?

Deus sabe o que tem
em meu cora��o.

Ele n�o precisa de mim

num banco de igreja
para lembr�-lo.

Espero que esse coment�rio

n�o seja t�o fr�volo
quanto parece.

Sua alma n�o �
um assunto trivial.

Concordo, pai.

Por isso sou t�o meticulosa

na preserva��o
da independ�ncia dela.

Calculo
Que quando cont�-los todos

Primeiro � o Poeta � ent�o o Sol

Depois Ver�o � s� a� o C�u

E est� escalado o Rol

Mas, espere � o Primeiro parece

Compreender o Todo

Os Outros � um Show in�til

Ent�o anoto � Poetas � Todos

Seu Ver�o � dura o Ano inteiro

Podem dispor do Sol

O Oriente � julgaria exagero

E se o Divino C�u

For Belo como preparam

Para Aqueles que Os honram

� muito cara a Gra�a

Para justificar o Sonho.

- O que �?
- De Austin.

Fotografia de Austin
e sua futura esposa,

Susan Gilbert.

Austin bonito como sempre.

Mas ela parece apavorada.

Devemos receb�-la bem

e reassegurar
que n�o somos hostis.

Emily, minha linda!

Este luxo
� quase parisiense.

N�o sejamos nada
al�m de superficiais hoje.

Sim. E superficialidade
deve ser sempre espont�nea.

Se fosse estudada,
seria bem pr�xima da hipocrisia.

Podemos ser superficiais,
mas n�o somos burras.

Deus nos livre.

� minha terceira
festa de noivado

e nem um pingo de romance.

Voc� acha que um homem teme
uma mulher que ensina

e que � acostumada
com sua independ�ncia?

Os homens deveriam ser
destemidos, n�o?

Na guerra, sim.
Na religi�o, sempre.

No amor...
Nunca.

Olha aquela criatura divina.

Que cabe�a nobre.

Como um imperador romano.

Nero.

Vamos esperar
que seja t�o perverso quanto.

Contanto que tenha fortuna,

podemos aceitar a perversidade
como mero lapso de virtude.

Acho que voc� deve se preparar
para uma polca.

Posso entrar na sua lista
de dan�a, Srta. Buffam?

N�o tenho uma lista, Sr.

Eu prefiro... improvisar.

Isso n�o � perigoso?

� exatamente por isso
que o fa�o.

Senhoritas.

Como foi a divindade?

Ele dan�a
como um urso polar.

E � pedante.

Voc� disse algo
que o chocasse?

S� disse que terminei de ler
O morro dos ventos uivantes.

E ele ficou escandalizado.

- Ele leu?
- N�o.

Ent�o eu disse que
condenar um livro que n�o leu

seria como ir
a Sodoma ou Gomorra

e ficar desapontado
por nenhum ser a Filad�lfia.

Espero que ele tenha tido
presen�a de esp�rito para rir.

N�o teve.

Ele ficou silencioso,

e o ar ficou carregado
de profanidades n�o ditas.

Foi delicioso.

Agora preciso ir.

Srta. Buffam
tem um encontro.

Parece pecaminoso.

Certa vez,
um cl�rigo me disse

que eu deveria me arrepender
de meus pecados

ou eu seria perseguida
pelo Diabo.

"Uma esp�cie de Wells Fargo
espiritual", eu disse.

Ele imediatamente
ficou em sil�ncio,

como uma est�tua...

Estupefato, mas emburrecido.

Para a alma perdida,
n�o haver� amanh�.

Para a alma perdida,
hoje � o bastante.

Sentirei sua falta
se um dia partir.

Sua honestidade � sublime.

A longo prazo, honestidade
n�o � a melhor pol�tica.

� a desonestidade?

Prefiro chamar
de diplomacia.

Assim pode-se transformar
uma derrota t�tica em vit�ria.

- Quem prop�s isso?
- N�o sei.

Provavelmente,
George Washington

enquanto atravessava
o lado errado do rio Delaware.

Agora, meu bem.

Preciso voar.

Dirija com cuidado e
n�o fa�a nada contr�rio a Deus.

Vou parar
de cantarolar, ent�o.

Muito s�bio.

R�pido, Pendennis,
antes que eu mude de ideia.

Entre, Emily.

- Devo fechar a porta?
- N�o.

Deixe aberta.

� ador�vel ouvir a m�sica.

Isso me faz lembrar

de quando seu pai e eu
fomos ao nosso primeiro noivado.

Todos aqueles anos atr�s.

Essa � minha irm�, Lavinia.

Mas todos me chamam
de Vinnie.

E essa � minha outra irm�,
Emily.

E todos me chamam
de Napole�o.

Voc� voltou casado
e um advogado.

Harvard lhe caiu muito bem,
Austin.

E agora seremos vizinhos.

Susan e eu vamos nos mudar
para o terreno ao lado.

Outro rel�mpago!

Mas o mais bem-vindo.

Austin e eu
praticaremos advocacia juntos.

"Shingle" nunca pareceu
t�o bem.

Essas maravilhas
n�o t�m fim?

Dou as boas vindas
aos dois.

Meu filho

e sua ador�vel esposa.

Sua muito ador�vel esposa.

E essa � a maior maravilha
de todas...

Mam�e descer
do Monte Olimpo.

Emily, como sempre,
dramatiza.

Vivo uma vida
muito tranquila.

Ningu�m nem sabe
quando estou aqui.

Mas, se n�o estivesse,
que abismo deixaria.

Abelhas na lavanda.

E a coruja pregui�osa.

Vai se casar?

Acho que, com o tempo,
terei que casar.

N�o � o que todas fazemos...
no final?

N�o sei.

N�o consigo me imaginar
al�m da minha fam�lia.

Entre estranhos.

Voc� � uma criatura estranha

com mais profundidade, imagino,
que qualquer um de n�s.

Como pode dizer isso?

N�o demonstrei isso
de maneira nenhuma.

Minha querida,
voc� n�o demonstra.

Voc� revela.

Quando eventualmente partir,
voc� ir� me escrever?

N�o tenho propens�o
por correspond�ncias duradouras.

Suspeito que tenho
uma mente trivial.

Mas um bom cora��o.

Emily, n�o deixe o sentimento
atrapalhar seu julgamento.

Se meu futuro marido
me deixar de mau humor,

ele achar� que se casou
com um dos B�rgias.

Voc� vai se casar?

S� quero a minha fam�lia.

N�o � perfeita.

N�o � um para�so.

Mas � muito melhor
que tudo o que conhe�o.

Ou desejo.

Quando voc� se casar...

Sentirei sua falta.

� claro
que sentir� minha falta.

Eu me recuso
a ser esquecida.

Emily!

Certifique-se de que
seu p�o estar� pronto

para a feira agricultora
de amanh�.

Sim, eu n�o esqueci.

Sinto que est�o menores.

E est�o menores.

Como os meus p�s.

Srta. Emily?

Pode tirar o meu p�o
do forno, por favor?

N�o precisa dos tr�s
para pegar!

Acho que foi rude com Thomas,
Margaret e Maggie ontem.

Sim, pai.

Eles devem ser tratados
com respeito.

N�o s�o servos,
mas empregados.

Por que isso?

Por apontar t�o eloquentemente
a diferen�a entre os dois.

Fui muito mal-educada
ontem.

Gostaria de me desculpar
com voc�s tr�s.

Sem problemas.

Ent�o posso entender
que estou perdoada?

Porque realmente
sinto muito.

Mas temos
boas not�cias, Srta.

Seu p�o rendeu 5 d�lares.

Ent�o fiquem
com o dinheiro.

Minha consci�ncia
ficar� em paz.

Ganhou o pr�mio
de segundo lugar.

Segundo lugar.

Como voc� se sente
sendo pai, Austin?

Paternal.

Posso segurar?

- Vamos cham�-lo de Edward.
- Ned, para os �ntimos.

N�o sou Ningu�m!
Quem � voc�?

Ningu�m - Tamb�m?

Ent�o somos um par?

N�o conte!

Podem espalhar!

Que triste - ser - Algu�m!

Dizer seu nome - como a R�

Para as almas da Lama!

Pai? O que foi?

Fort Sumter
foi bombardeado.

E o que isso significa?

Acredita-se que o sul
se separar� da Uni�o.

Ent�o significa guerra civil.

Ent�o voc�
ser� convocado, Austin?

Quase certo.

Voc� permanecer� aqui.

Pai, meus amigos v�o lutar.
N�o posso ficar em casa.

Pagarei
o valor de 500 d�lares

para que um substituto
lute por voc�.

E a minha honra, Sr.?

Sua honra, Sr.,
estar� segura em minhas m�os.

E a minha consci�ncia, pai?
Como ficar�?

� melhor que sua consci�ncia
encontre consolo

no seu dever de filho.

Para aqueles que morrer�o
na guerra civil,

dever de filho soar�
como covardia.

Nenhum jovem de fam�lia
faria tal coment�rio.

Nenhum cavalheiro
causaria isso!

Austin.

Voc� � meu �nico filho.

N�o posso deixar sua vida
ser colocada em risco.

Por favor, pai.

N�o me fa�a ficar.

Voc� n�o vai!
Eu pro�bo!

Eu ficarei aqui.

Lutar ruidosamente � prova
De grande bravura

Mas � bem mais nobre

Aquele que enfrenta
Dentro do peito

A cavalaria da dor

Quem ganha - na��es n�o veem

Quem perde - ningu�m percebe

Daqueles que partem

Nenhum pa�s se lembra
Com amor patriota

Sobem, assim, em prociss�o

Pois assim os anjos v�o

Um seguido do outro
Em igual p�

Com fardas brancas como neve.

Uma palavra se abre

Como um sabre

Pode ferir homens armados

Com s�labas de farpa
MORTOS EM GETTYSBURG: 51.112

Depois se cala
MORTOS EM GETTYSBURG: 51.112

Mas onde ela caiu
Quem se salvou dir�

No dia de desfile
MORTOS EM SPOTSYLVANIA: 31.086

Que algum Irm�o de armas
Parou de respirar.

Aonde v� o sol sem ar
MORTOS EM ANTIETAM: 23.134

Por onde vague o dia

L� est� esse assalto mudo

L�, a sua vit�ria!

Fomos a Gettysburg
ouvir os discursos.

Sr. Edward Everett discursou
por quase duas.

- Muito estimulante.
- E o discurso do presidente?

A brevidade do Sr. Lincoln
foi chocante.

Ele falou por uns tr�s minutos.
Nada memor�vel.

Havia muitos l�
para a ora��o f�nebre?

Dizem que havia 15 mil.

Muitos procurando
por comida

ou tentando encontrar
lembran�as da batalha.

Macabro.

Dizem que mais de 600 mil homens
pereceram.

E pelo qu�?

Para acabar
com a escravid�o,

que nunca deveria ter prosperado
para come�o de conversa.

Srta. Buffam
influenciou voc�, Emily.

Se mais homens se pronunciassem
como Srta. Buffam

talvez n�o acontecesse
uma guerra.

Como ousa banalizar isso
dessa forma?

O conflito
n�o tem a ver com g�nero.

Qualquer argumento
sobre g�nero � guerra,

pois isso �
tamb�m escravid�o.

� uma coisa desprez�vel
a se dizer.

Viva como uma mulher
por uma semana, Austin.

N�o vai achar
agrad�vel nem trivial.

Ent�o, voc� partir� amanh�?

Por quanto tempo?

Dois meses, talvez.

Os dois casos s�o dif�ceis
e est�o sendo julgados por Lord.

E sabe como ele
pode ser intransigente.

Voc� precisa ir
por tanto tempo?

Sim.

Um homem precisa trilhar
seu caminho no mundo.

N�o pode ser
meramente decoroso.

E uma mulher?
O que ela deveria fazer?

Ou est� destinada apenas
ao decoro?

N�o vamos discutir.

N�o na minha �ltima noite
em casa.

Vou escrever.

Isso acalmar�
minha infelicidade.

Mas aumentar� a minha.

O que faz a esta hora?

� minha hora de escrever.

De 3h at� de manh�.

Meu pai permite.

Nenhum marido permitiria.

Eu vim.

Pensei que tivesse algo errado.

N�o.

� o melhor momento,

quando parece que o mundo todo
dorme em sil�ncio.

Por que demorou a consentir
o casamento com Austin?

Na verdade,

pensar em homem
nesse sentido...

me transformou em pedra.

Embora Austin seja...

muito sens�vel

e concessivo com minhas

reservas.

Essa parte da vida de casada
� t�o terr�vel assim?

Eu cumpro meu papel.

Mas n�o ganhei
apenas um marido,

e sim duas irm�s tamb�m.

Sim.

Seremos irm�s.

E devemos compartilhar
e ler tudo.

As irm�s Bront�.

De George Eliot.

E, Deus nos perdoe,
Sra. Gaskell tamb�m.

E voc� tem
a sua poesia.

Mas voc� tem uma vida.

Eu tenho uma rotina.

� a �nica concess�o de Deus
a uma fracassada.

Nada te d� consolo?

Para aqueles de n�s
que vivem vidas inferiores

e s�o privados de...

Um tipo de amor
particular...

Sabemos como passar fome.

N�s nos enganamos

e ent�o aos outros.

� o pior tipo de mentira.

Mas no que diz respeito
� alma...

Voc� � rigorosa.

Rigor n�o substitui
a felicidade.

Que chamado � esse?

Os queridos cujos
nomes est�o escritos

no livro da vida
dos Cordeiros

gritam: "venha, venha".

E a igreja abaixo,
testemunha de Cristo no mundo,

e a igreja acima,

com o sussuro
dos mantos brancos

e a varredura
das harpas douradas,

gritam: "venha, venha".

E os anjos do c�u,

descendem, p� ante p�,

principados imortais

enquanto rodeiam
o trono eterno.

Eles se distra�ram
no som e gritaram

"venha, venha".

Os serm�es
do reverendo Wadsworth

s�o de tirar o f�lego.

Esse tipo de �xtase religioso
� uma maravilha.

Mas no sil�ncio
do pr�prio quarto,

parece t�o remoto
quanto Spitsbergen.

Ainda assim, ele � t�o bonito
quanto empolgado.

E ele � muito limpo,
como um querubim ap�s o banho.

E feliz no casamento.

Ser noiva, sem o desmaio.

Mas uma pessoa
pode desejar.

Se deseja r�pido demais,
ser� sempre desapontada.

E se me desesperar
r�pido demais. E ent�o?

Ent�o ser� lenta demais
para desejar.

Coloco expectativas demais
nas amizades.

Quando perdemos amigos
para a morte,

� a perda mais profunda.

Quando os perdemos
para o casamento,

o luto � mais sutil,
mas igualmente sentido.

N�o podemos afastar de n�s
o mundo ou a vida, Emily.

Nem podemos ignorar.

Podemos fazer melhor.

Podemos ser vigilantes
contra isso.

E quando a vig�lia acabar?

Eternidade.

E nesse lugar
nenhuma perda � sentida.

Mas e o reino vindouro?

Pode ser um ganho,
mas apenas ap�s o fato.

Um dia talvez voc� se case.

Acho que n�o.

Voc� e Austin
s�o os bonitos.

Sou um canguru
entre as belezas.

N�o. Voc� tem um belo rosto
e uma �tima alma.

Ent�o vamos esperar
que o homem que me cortejar

tenha interesse em zoologia
e em coisas espirituais.

Convidemos o reverendo Wadsworth
para um ch�.

E a Sra. Wadsworth.

Muito bem.

E precisa me prometer
que vai se comportar.

Sei como pode ser
provocante.

Vou juntar toda a dignidade
que eu puder.

� disso que tenho medo.

Aceita um caf�,
Sra. Wadsworth?

Ou ch�?

N�o, obrigado.
Sra. Wadsworth � abst�mia.

Pensei que absten��o
fosse apenas para �lcool.

Para mim,
estende-se ao ch� tamb�m.

Dizem que os chineses
tomam ch� para fins medicinais.

Estou feliz em dizer
que n�o sou chinesa.

Ent�o uma limonada?

Certamente Deus n�o desaprovaria
uma limonada.

Leviandade e a vontade de Deus
s�o incompat�veis, creio eu.

Quase impr�prio.

Apenas �gua pura
j� est� do meu agrado.

Reverendo Wadsworth?

S� um copo de �gua quente,
obrigado.

Soube por Vinnie
que voc� � poetisa.

Escrevo versos, sim.

E o que acha
de seus contempor�neos?

Sr. Longfellow, por exemplo.

A genialidade dele
est� na reafirma��o do �bvio.

Isso � muito rude.

H� muitas coisas boas
na Can��o de Hiawatha.

Desculpe se fui cruel.

Mas devo dizer sinceramente
que Hiawatha � apenas f�cil.

Basta ler uma estrofe
para provar.

N�o.

Diga algo al�m da verdade
e chamarei de poesia.

Imagino que, para voc�,
As irm�s Bront� faz isso?

Sim, e alguns outros.

O que voc� v�
naquele pessimismo de Yorkshire?

A beleza da verdade.
A poesia do conhecido.

Mas por que n�o pode habitar
em algo saud�vel?

Se fosse para ser saud�vel,
acho que eles fariam croch�.

Gostaria de dar uma volta
em nosso jardim?

N�o, obrigada.

Acho o calor opressivo.

Mas Charles adora
ficar ao ar livre.

Eu prefiro a sombra.

Nesse caso,

tomarei a liberdade de
acompanhar seu marido

ao nosso modesto jardim

e minha irm�...

Pode ficar com voc�.

Mais �gua?

Obrigado pelo convite,
Srta. Dickinson.

Fiquei muito comovida
com seu serm�o, Sr.,

e queria muito
dizer isso a voc�.

Isso...

� tudo o que posso dar
em troca.

Diga algo, por favor.

Minha poesia
tem algum valor?

Ela � extraordin�ria.

Intransigente, sim, mas...

Isso � uma poesia
maravilhosa.

Quantos poemas
foram publicados?

Sete.

Onze?

N�o consigo lembrar.

E n�o mais?

E n�o mais.

Como consegue ser
t�o estoica?

� f�cil quando ningu�m quer
o que voc� tem a oferecer.

H� sempre a posteridade,
acredito eu.

Mas a posteridade
� t�o inc�moda quanto Deus.

Parece desespero.

N�o, � amargura.

Al�m disso,

uma reputa��o p�stuma
� apenas para aqueles que,

em vida, n�o valiam a pena
ser lembrados.

Ainda assim...

Ser atormentada
pelo sucesso.

Mas eu gostaria de aprova��o
antes de morrer.

Se viesses no Outono

eu varreria O Ver�o de uma vez

Com prazer e desd�m

Como a Dona de Casa faz � Mosca

Se eu pudesse te ver
Dentro de um ano

Os meses � como l�s

Guardaria em novelos na Gaveta

Para n�o misturar.

Mesmo por S�culos te esperaria

a cont�-los os meus dedos

Fechando um a um

At� os confins Da Tasm�nia

Na certeza,

Ao fim dessa vida,

De a sua e a minha serem uma

Eu jogaria fora a casca

Para saborear a eternidade.

Mas agora,

Ignorante da extens�o do tempo,

Isso me aferroa

Como a abelhinha
Que finca seu aguilh�o.

Preciso de algu�m
com senso de humor,

e que possa rir do mundo.

Levar a vida a s�rio
� um atalho para o desastre.

E voc� encontrou
algu�m assim?

Algu�m me encontrou.

Um Sr. Wilder,
professor de matem�tica.

E, se ele consegue
encontrar com�dia

numa fra��o vulgar,
eu sou dele.

Mas voc� o ama?

Amor? N�o sei dizer.

� uma ideia muito intrigante.
Dizem at� que existe.

Mas como voc� saber�?

E se cometer um erro?

Se ele for uma escolha ruim,
farei com que morra

e direi a todos que ele morreu
de um choque alg�brico.

Espero que seja feliz.

Isso n�o pode ser
garantido.

Eu me contento
com considera��o.

- Parece uma rendi��o.
- N�o.

� praticidade.

E quem sabe? Talvez o amor
desperte depois.

E poderei relaxar
em autossatisfa��o.

Voc� nunca ficaria
satisfeita.

A vida chega, Emily.

No final todos viramos
aquilo que mais tememos.

Ent�o rejeitarei o mundo

e n�o cumprirei
essa profecia.

Ent�o estar� cometendo
o maior dos erros,

pois negar� a si mesma

aquilo de que seu esp�rito
mais precisa.

E o que seria?

Verdade.
E experi�ncia.

Caso contr�rio, seu voto
ser� um ato de covardia.

- Isso magoou.
- Mas foi honesto.

N�o resista
a seus v�cios, Emily.

Voc� deveria ser cautelosa
com as suas virtudes.

Austin disse a tia Elizabeth,
certa vez,

que nossas virtudes
s�o v�cios disfar�ados.

A� est� um homem
com senso de humor.

E o seu Sr. Wilder tem?

De certa forma.

Ele me pediu em casamento
por carta,

ent�o se o casamento
for infeliz

culparei os Correios.

Sempre se conforme.

Mantenha a desobedi�ncia
em segredo.

Seja exteriormente d�cil,

mas por dentro pode ser
a revolucion�ria que quiser.

- Mas isso n�o � hipocrisia?
- � claro que �.

Mas nos EUA
n�s valorizamos isso.

Achamos que isso nos torna
incorrupt�veis.

Nunca deve confundir
a devo��o externa com a interna.

S� os episcopais
fazem isso.

Mas sou uma rebelde

e estou distante
da gra�a de Deus.

Voc� � mais pr�xima dele
que qualquer pessoa que conhe�o.

Sempre olhe abaixo
da superf�cie, Emily,

mas n�o tenha medo
do que encontrar.

- Caos?
- Sim.

Ent�o devo confrontar tudo.

N�o seja muito radical,
Emily.

Radicais n�o prosperam
neste pa�s.

Mas voc� � radical.

Mas evetualmente
me conformarei.

Pela paz
ou por uma vida tranquila.

Mas sei que voc� n�o vai,
e invejo sua coragem.

Acredito que voc�
deva carregar flores ador�veis

e tocar a marcha nupcial
do Sr. Mendelssohn.

Flores, sim.

Mendelssohn, n�o.

Nunca toque m�sica feliz
num casamento, Emily.

� muito ilus�rio.

Mas voc� partir�
para sempre.

Voc� faz parecer
como a morte.

- E n�o �?
- N�o.

E, se fosse, voc� deveria pensar
noutra coisa.

EUA � o �nico pa�s no mundo

que encara a morte
como uma falha pessoal.

Posso trazer algo para voc�,
m�e?

N�o, Emily.

Voc� sempre pareceu
t�o triste, m�e.

Minha vida passou
como se fosse um sonho.

Como se eu nunca
tivesse sido parte dela.

Depois que Vinnie nasceu,

certa melancolia
pairou sobre mim

a qual confundi
com contentamento.

Fomos um pre�o
t�o terr�vel a se pagar?

N�o.

Eu n�o seria nada
sem voc�s tr�s.

Ter os meus filhos comigo,

n�o h� rem�dio melhor.

Mas �s vezes...

� certa hora...

Quando o sol se p�e,

as sombras se alongam.

E sou preenchida
por um sentimento de saudade.

Sinto um peso t�o grande
no cora��o.

Como d�i!

Minha querida.

Minha querida.

Tudo bem, meu cordeiro.

Reverendo Wadsworth
viajou para S�o Francisco.

Todos partem.

Todos se v�o.
Todos me abandonam.

N�o me toque!

N�o quero compaix�o.

Faz com que me sinta
repulsiva.

Voc� espera muito
da beleza f�sica, Emily.

S� quem pode ser otimista
sobre n�o ser bonito

s�o aqueles
que j� s�o bonitos.

O resto de n�s tem apenas inveja
para nos aquecer.

Voc� tem uma natureza
maravilhosa.

E qual a utilidade disso
neste mundo?

Acho que voc� � dura demais
consigo mesma �s vezes.

Tenho muitos defeitos!
H� muito que corrigir.

Admitir muitas falhas
� t�o punitivo

quanto negar
poucas virtudes.

Reverendo Wadswort
� um homem casado.

Esse tipo de apego
� inadequado.

N�o podemos todos possuir
sua retid�o presun�osa.

N�o desdenhe
a moral de ningu�m

quando a sua mesma
precisa de corre��o.

E est� se referindo
ao reverendo Wadsworth?

Ele � casado!

N�o deveria
se apegar a algu�m

que n�o est� livre
para corresponder.

Voc� mal conhece o homem,
exceto pelos serm�es.

Al�m disso, Sra. Wadsworth e ele
s�o muito felizes.

Ela leva uma vida
sem culpas.

Ela sequer leva uma vida!
� inerte demais para isso.

Se submiss�o fosse amor,

todos viver�amos
felizes para sempre.

Ela � uma boa esposa!

E, para ser honesta,
nunca entendi

a atra��o do marido dela
por voc�.

Ele dificilmente �
um Sr. Rochester

e voc� n�o �
nenhuma Jane Eyre.

Isso foi... indelicado.

Tamb�m sinto muito.

Voc� n�o � presun�osa.

Mas eu dou serm�o.

E eu dramatizo muito mesmo.

Mas as not�cias foram...

S�o... dif�ceis de aguentar.

Voc� � uma criatura
deplor�vel.

Nunca conquistar� nada?

Superamos o amor,
Como outras coisas

E o colocamos na Gaveta

At� que uma
Antiga moda o resgate

Fantasias perdidas no Tempo.

Que o Senhor fa�a resplandecer
o seu rosto sobre ti,

e tenha miseric�rdia de ti.

O Senhor sobre ti levante
o seu rosto e te d� a paz.

Desejamos toda a felicidade
do mundo.

Sem l�grimas, Emily.
Sem l�grimas.

- Voc� vem?
- N�o.

Despe�a-se por mim.

Quem morre, Amor,
pouco lhe basta

Um Copo d��gua para a sede,

Uma discreta Flor em frente
Real�ando a parede

Talvez um Leque,
um Amigo aflito,

E a Convic��o que algu�m na vida

N�o ver� cores no Arco-�ris
Ap�s tua Partida.

Olha atr�s para o tempo
com bons olhos

Ele fez o poss�vel - com certeza

Como � suave o sol
que cai no Oeste

Da humana natureza

De perda t�o divina

Recordamos apenas os pr�s

Garantia por solid�o

Que t�o aben�oada tem sido.

Se adentramos no sil�ncio
Temer n�o podemos

Posto que onde h� nada...
H� Deus.

Emily?

Emily!

Voc� precisa comer.

Precisa descer agora.

J� faz tr�s dias.

Voc� est� vestindo branco.

Sim.

Mas ainda estamos de luto.

Eu tamb�m.

Emily? � o Sr. Bowles.

Ele veio a Amherst
especialmente para ver voc�.

Des�a, caramba!

Eu me recuso
a conversar com algu�m

a dist�ncia de uma escada.

Perdoe se estou assustada,
Sr.

Nunca vejo ningu�m
e dificilmente sei o que dizer.

Pode dizer "obrigada"

por publicar alguns
de seus versos.

Voc� tem a minha gratid�o
por isso, Sr.,

mas... Sr...

Voc� alterou
a minha pontua��o.

Bom Deus. O que � um h�fen aqui
e um ponto-e-v�rgula ali?

Para muitos, nada.

Mas, para mim,
a altera��o da minha pontua��o

� muito dif�cil suportar.

Ent�o eu me desculpo.

Tentei apenas tornar
sua inten��o mais clara

para os meus leitores.

Clareza � uma coisa, Sr.
Obviedade � outra.

A �nica pessoa qualificada
para interferir

no trabalho de uma poetisa
� a pr�pria poetisa.

Para os outros
assemelha-se a um ataque.

Srta. Dickinson,

isso n�o � jeito de falar
nem de se comportar.

Se tratasse
um pretendente assim,

ele n�o retornaria.

- Tem certeza de que haver� um?
- � claro.

Mesmo para algu�m
dif�cil de agradar como voc�.

Bem, se ele vier mesmo,

ter� que ser t�o espetacular
quanto Disraeli

e t�o sincero
quanto Gladstone.

E t�o respeit�vel
quanto George Washington?

George o qu�?

Emily? Sr. Emmons
est� vindo nos visitar.

Nosso belo amigo?

- Voc� vai descer?
- N�o.

Isso � descort�s. Por que
n�o descer� para receb�-lo?

Porque ele � belo demais
e eu n�o sou bela o bastante.

Ele leu alguns de seus poemas
e os admira.

Admira��o
sempre mascara inveja.

E o que a inveja mascara?

Isso mascara a admira��o.

Ele pode vir
ao p� da escada.

- Srta. Dickinson?
- Pois n�o?

N�o consigo ver voc�.

Isso n�o importa, Sr.

� a primeira vez que fa�o
uma visita dessa maneira.

Parece injusto voc� me ver
e eu apenas ouvir.

N�o deve ser dif�cil, Sr.,

pois sou melhor ouvida
do que vista.

Aceitaria dar uma volta
com Vinnie e eu?

N�o saio da casa de meu pai
para outra casa ou cidade.

� uma pena,
ainda mais com um tempo t�o bom.

O tempo continuar� bom

com ou sem
a minha presen�a.

Ent�o tenha um bom-dia,
Srta. Dickinson.

Bom dia, Sr. Emmons.

Ele subir� as escadas
� meia-noite

O homem na noite emerge

N�o � um simples noivo

Mas eu esperarei
Todos os dias.

E ele vir� antes do p�s-vida

Por favor, deixe que venha

N�o deixe que ele me esque�a!

Ai, Emily, voc� deveria ter ido.
Foi radiante.

E sei que voc� teria radiado
ainda mais, Srta. Emily.

Ridicularizar n�o � caminho para
o cora��o de uma mulher, Sr.

Menos ainda o meu.

Falei sinceramente.

Ou devo julgar beleza
pelos padr�es comuns?

Qualquer padr�o
pode ser comum.

Familiaridade, como dizem,
reproduz desprezo.

Talvez desprezo
reproduza familiaridade.

De qualquer forma,

a beleza est�
nos olhos de quem v�.

Isso n�o � mais verdade,

pois esse lugar-comum
tornou-se clich�.

Srta. Dickinson,
voc� est� um pouco afiada.

E voc� banca o m�rtir
muito facilmente, Sr.

Ent�o parto antes que
qualquer sangue se derrame.

H� feridas

que n�o sangram...

Mas que ferem
da mesma forma.

Apenas assumi
que queria se livrar de mim.

N�o quis machucar.

Nem eu, Sr.

Eu s� quis ser honesta.

Posso retornar?

Se n�o n�o lhe faz bem,
qual o objetivo?

Esperava que minha companhia
n�o fosse um fardo.

Um fardo sempre pode ser
dispensado, Sr.

N�o � preciso que voc�
seja outro S�sifo.

Emily, por que age assim?

Ele � gentil
e ficou ferido.

Eu n�o sei.

Quando eles se aproximam demais,
sinto como se me sufocasse.

Eu espero por... algo.

Mas tenho receio.

Um homem pode amar e acalmar,
mas comigo n�o � assim.

Mas voc� n�o pode
se igualar a um homem.

Se eu n�o tiver igualdade,
ent�o n�o quero nada do amor.

N�o ficarei t�o presa
a ponto de n�o respirar.

Mas um esp�rito rebelde
recebe apenas castigo.

Ent�o me recolherei
� minha rebeldia,

assim ningu�m saber�
meus verdadeiros sentimentos.

Deus saber�.

Mas n�o serei casada
com Deus.

Mas voc� pertence a Ele
e deve responder a Ele.

Ele saber� da minha luta
e ser� misericordioso.

E se ele n�o existir...

Eu serei eternamente livre.

N�o sabemos que � o adeus,

quando partimos,

Brincando,
Transpomos os umbrais;

O destino nos segue,
Tranca a porta,

E n�o nos vemos mais.

Ele mexe com tua Alma
Como o M�sico nas Teclas

Antes de dar in�cio � melodia

Atordoa-te sem pressa

Prepara o teu G�nio fr�gil

Para o Martelar Et�reo

Quase sem for�a
Ouvido na dist�ncia

Ent�o lento - Ent�o mais perto

Teu pulm�o faz uma pausa

Teu cr�nio - frio - borbulha

Desfere - ent�o - um Golpe
Fulminante

Que escalpa a tua Alma nua

Percebeu algum sangue
na urina?

Sim, doutor.

- Dor nas costas?
- Sim, doutor.

- Forte?
- Muito forte.

Ela teve febre
e v�mito.

E como est� a respira��o?

Est� muito debilitada.

Voc� tem todos os sintomas
da doen�a de Bright.

- � uma falha renal.
- H� cura?

N�o que eu tenha
conhecimento.

Qual o progn�stico, doutor?

Diur�ticos e laxantes

podem amenizar
alguns dos sintomas.

Mas n�o h� cura definitiva?

N�o.

Obrigada, doutor.

Vou acompanhar voc�.

N�o � este mundo concludente;

Uma esp�cie ergue-se al�m

Invis�vel como m�sica

Mas concreta como som

Ela acena e desconcerta

Filosofias - n�o sabem

E por fim, numa charada

Esvai-se a sagacidade

Doutores quedam perplexos

Para obt�-las os que padecem

Das gera��es o desprezo,

E morrem crucificados.

Ou�o-a suspirar
antes de ela o fazer.

Emily,
mam�e teve um derrame.

Assim...

Assim...

Viemos dar boa-noite,
mam�e.

Por qu�?

Por qu�?

Papai acreditou

E mam�e amou

Ela conquistou em do�ura
O que perdeu em for�a

Sua esposa toca lindamente,
Sr. Todd.

Minha esposa faz tudo
lindamente...

E de todo o cora��o.

Dizem que todos os homens
que a conhecem

se apaixonam por ela.

N�o. Ela diz isso.

� um ensaio particular
ou aberto ao p�blico em geral?

Sra. Todd,
a sa�da fica � direita.

Emily?

Sra. Todd
est� prestes a partir.

- Da vida? Ou apenas desta casa?
- Pare. Ela vai ouvir.

Adeus, Emily.

Adeus, Sra. Todd.

Por favor, mande
um abra�o ao Sr. Todd,

um homem de rara paci�ncia
e coragem.

Mandarei
suas lembran�as a ele.

Da pr�xima vez,
ao dizer adeus a um convidado,

voc� considere usar sinaliza��o.

N�o h� bandeiras o bastante
para expressar o que gostaria.

Use a outra escada, Austin.
� mais r�pido.

Emily, por que
se comporta assim?

Agora haver� hostilidade
por dias.

Como Susan est�?

Bem, obrigado.

Est� tomando ch� com Mabel.

Sra. Todd.
E o tolo narcisismo dela.

Voc� confunde confian�a
com narcisismo,

e reti�ncia feminina
com tolice.

O que quer que seja dito
sobre a Sra. Todd,

ningu�m pode acus�-la
de ser reticente.

Ou s� se busca retic�ncia
em uma esposa?

Minha esposa
� perfeitamente feliz.

Mas � claro que sim.

Com certeza
ela v� infidelidade,

quando acompanhada de Schubert,
como um �timo passatempo.

Uma esp�cie
de adult�rio musical.

Verdadeiros artistas
n�o se limitam

por conven��es restritas.

Verdadeiros artistas
n�o se enganam

nem ao seu p�blico.

Quando tiver um p�blico
a quem falar

estou certo de que sua reputa��o
estar� bem assegurada.

Em tudo isso,
Susan � inocente.

Se voc� se desse
ao trabalho,

veria que h� algo
al�m dessa inoc�ncia.

Isso � uma coisa horr�vel
de se dizer!

Parem de discutir!

Minha simpatia
est� totalmente com Susan.

Se ela tivesse contato
com um homem casado,

como voc� reagiria?

Eu n�o a perdoaria.

E ainda assim voc� admira
a Sra. Todd.

Uma mulher admir�vel
� uma coisa.

Uma esposa � outra.

Acho que nunca cheguei t�o perto
de desprezar voc�.

N�o me d� serm�o
sobre como viver!

E n�o tente justificar
sua atitude!

� imoral e viciosa.

Susan � uma esposa
boa e inteligente.

Ou prefere charmes
mais �bvios?

Devo presumir que se refere
a Mabel Loomis Todd?

Sra. Todd, sim.

E n�o me diga que suas inten��es
s�o meramente fraternais.

Especialmente naquela
posi��o semi-reclin�vel.

�s vezes, Emily, voc� � t�o feia
quanto sua poesia!

Imagino se ela � t�o barulhenta
com o marido dela!

N�o h� nada a fazer.

Mabel est� decidida
a manter o estado atual.

Ela � incapaz de se decidir

porque � est�pida demais
para isso.

Isso � uma coisa horr�vel
de se dizer.

Percebe que pessoa vil
eu me tornei?

Isso � muito duro.

Voc� ataca por estar
magoada e nervosa.

Sua raiva �, creio eu,
uma defesa contra o mundo.

Como consegue
continuar me amando...

quando n�o mere�o?

Porque � muito f�cil
amar voc�.

Vinnie...

Vinnie.

Voc� n�o � a �nica

que teve
pensamentos terr�veis.

Sim, eu tamb�m.

Uma vez desejei

que Mabel entrasse num bal�o
e depois explodissse.

Vinnie.

Se essa � a extens�o
da sua maldade,

sua santidade
est� garantida.

Apesar das explos�es.

Tente n�o provoc�-lo.

Emily, voc� leu este artigo
no Springfield Republican?

N�o. Por qu�?

� do Sr. Bowles,
que publicou alguns poemas seus.

E a quem voc� admira, creio eu.
E que tamb�m � casado.

O que diz?

"Por que devemos escrever?"

"H� outro tipo de escrita
muito comum,

apelando para a simpatia
do leitor,

sem recomend�-lo
ao assunto.

Talvez possa ser chamado
de literatura da mis�ria.

� escrito geralmente
por mulheres,

talvez talentosas,

cheias de pensamentos,
sentimentos e eleg�ncia,

mas pobres,
solit�rias e infelizes.

E tamb�m tal sofrimento
� raramente saud�vel.

Pode ser uma doutrina valiosa
no final das contas,

mas por enquanto �
anuviada,

murcha e distorcida.

� t�o dif�cil ver
objetos claramente

atrav�s da n�voa
de l�grimas.

O esbo�o ou poema �..."

Isso foi cruel.

A vida � cruel.

E a crueldade
n�o conhece a moralidade.

Voc� est� bem?

Austin foi cruel.

Ele estava, creio eu,
defendendo a posi��o dele.

Ou dever�amos chamar
de licen�a po�tica?

Devo confessar que n�o entendo
a paix�o dele por ela,

quando ela j� tem um marido

que deveria satisfaz�-la
em todos os sentidos.

Dizem que, com o Sr. Todd,

� uma situa��o ven�rea.

- Como sabe disso?
- H� rumores.

Talvez agora possa ver Mabel
por um �ngulo mais favor�vel.

Duvido.

Sra. Todd pode ter
seus problemas,

mas isso n�o � desculpa
para a infidelidade de Austin.

O irm�o que eu adorava
traiu Susan

da forma mais vil poss�vel!

As pessoas
n�o s�o santas, Emily.

Voc� julga demais
porque espera demais.

Diminuir o padr�o
� a primeira desculpa

para cada perf�dia.

E manter-se aos princ�pios

� o �ltimo ref�gio
do intolerante.

E a integridade?

Austin j� foi firme
na defesa dela.

E agora parece um obst�culo
facilmente transpon�vel.

Integridade,
se levada longe demais,

pode ser
igualmente implac�vel.

- E me enquadro nessa categoria?
- �s vezes, sim.

Somos apenas humanos,
Emily.

N�o nos puna por isso.

Voc� est� certa.

� claro.

Quisera eu
ter seu esp�rito gentil.

Se eu castigo Austin...

� porque minhas pr�prias falhas
s�o igualmente grandes.

N�s nos tornamos
aquilo que tememos.

E eu me tornei amargurada.

Apesar de sua veem�ncia...

Voc� tem uma alma
que orgulharia qualquer um.

Vinnie.

Por que o mundo
tornou-se t�o feio?

Nossa viagem tinha avan�ado

Nossos p�s quase alcan�ado

Aquela singular Encruzilhada
na Estrada da Vida

Eternidade - o Fim chegando

Nosso passo ficou temeroso
de repente

Nossos p�s - guiavam - indecisos

Antes - Cidades - no Meio

A floresta dos Mortos

Retirada - Esperan�a n�o tinha

Atr�s - uma Rota Fechada

Branco Pend�o da Eternidade
� Frente

e Deus - em cada Entrada.

Emily.

Calma, Emily.
Acalme-se.

N�o podemos fazer nada,
doutor?

Segure-a.
Darei mais clorof�rmio.

Emily, Emily.

Emily.

Calma, Emily.

Emily, estamos aqui.

Tudo bem, Emily.
Relaxe. Calma.

Calma. Isso, isso.

Respire, Emily.

Est� tudo bem,
tudo bem.

Doutor?
Calma...

J� morri duas vezes, e vivo.

Resta-me ver enfim

Se terceira vez na outra vida
Sofrerei assim

Dor t�o funda e desesperada,

O pungir quotidiano e eterno.

S� sabemos do C�u que � adeus,

Basta a saudade como Inferno.

Adeus, Vida que vivi

E mundo que conheci!

Beijai por mim as colinas

Pronto, j� posso partir!

Porque eu n�o pude parar
para a Morte

Ela gentilmente parou para mim

Na Carruagem, apenas n�s

E a imortalidade.

N�s viajamos lentamente

Ela n�o tinha pressa

E eu tive de p�r de lado
Meu trabalho e meu lazer,

Por delicadeza

Passamos pela Escola,
onde Crian�as se exercitavam

No Recreio - No P�tio

Passamos pelos Campos
dos Gr�os Maduros

Passamos pelo Sol Poente

Ou melhor - Ele passou por n�s

O Orvalho veio
tremulante e c�lido

Apenas como Fina Trama,
minhas Vestes

Meu Xale - apenas Tule

Estacamos diante duma Casa

que parecia uma Eleva��o do Solo

Do Telhado pouco se via

A Cornija - a tocar o ch�o

Desde ent�o

por S�culos

e ainda mais breve que o Dia

Constatei que
as Cabe�as dos Cavalos

Voltavam-se para a Eternidade

Esta � a minha carta ao Mundo
Que nunca Me escreveu

As simples Not�cias
que a Natureza contou

com a sua Terna Majestade

A sua Mensagem � entregue

A M�os que n�o posso ver

Pelo Seu amor
Doces - concidad�os

Fazei de Mim - um terno ju�zo

EMILY DICKINSON
1830-1886

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