All language subtitles for The Evil Dead One by One We Will Take You The Untold Saga of the Evil Dead - The

Uma última vez.

- Olhe novamente pra cima.
- Está bem. Entendi.

Sam Raimi ficou tão obcecado

em acertar todos os detalhes do
filme que gostamos porque é familiar.

Vamos bem devagar.

Certo. Deitem-na.

Prontos, e vamos.

A Morte do Demônio é
puro filme de terror.

É claramente feito com
paixão pelo terror,

e não há muitos filmes
assim atualmente.

Continue enfumaçando. Quando
digo para parar, pare.

Pare!

A maioria dos filmes de terror
é sobre gente sendo morta,

mas A Morte do Demônio é principalmente
sobre um ator sendo caçado,

e Sam antagonizando seu
melhor amigo da escola.

Isto é loucura.

Houve vários motivos para A
Morte do Demônio ter dado certo,

mas principalmente foi o Sam.

E foi ignorância da nossa parte,
pois continuamos fazendo o filme,

e se algo não dava certo,
refazíamos novamente e novamente...

- Cena 101. Tomada dois. Áudio 1000.
- 1000.

- Rodando.
- Marcação!

Cena 19-2. Áudio oito.

Ação.

Ela está morta!

Cena 68-FD. Tomada três. Áudio 1086.

- Cena 68-FD. Tomada quatro. Áudio 1087.
- Por que estão me torturando assim?

Tomada três. Áudio 366.

UM POR UM, NÓS VAMOS LEVÁ-LOS.

A SAGA NÃO CONTADA DE
A MORTE DO DEMÔNIO

DE VOLTA AOS ANOS SETENTA...

Sam e eu nos conhecemos na faculdade.
Eu morava com Ivan, seu irmão mais velho.

ROB TAPERT PRODUTOR EXECUTIVO

TOM SULLIVAN MAQUIADOR
DE EFEITOS ESPECIAIS

Acabou que Sam e seu irmão Ivan
descobriram este grande esquema.

Se você é um aluno que mora no campus,

tem um desconto enorme
para alugar um auditório.

Isto ajudava a promover
atividades estudantis.

Então eles alugavam um pequeno auditório
com telão, traziam um projetor Super 8,

e exibiam seus filmes
antigos do colegial e tal.

Eu me lembro de títulos como Six Months
to Live, Attack of the Helping Hand!

IT'S MURDER!
ÚLTIMA APRESENTAÇÃO

Todas essas coisas excêntricas.

Exibiram nas faculdades, ganharam
dinheiro e meio que decidiram:

"Vamos trancar matrícula
e fazer um longa-metragem."

Podemos fazer um filme
para passar nos drive-ins

melhor do que a droga que
vemos em drive-ins. Foi realmente...

Naquela época, 25% dos filmes
nos EUA eram exibidos em drive-ins.

Bem, temos nos anos 70
um tipo de era de ouro...

JOE BOB BRIGGS AUTOR,
PROFUNDAMENTE PERTURBADO

...quando se podia pôr quase tudo
num drive-in.

Tivemos uma época em
que a censura não funcionava.

Os anos 70 foram ótimos
para os filmes de terror.

OASIS DRIVE-IN
SESSÃO TRIPLA DE FILMES DE TERROR

Havia um quê de ilícito nos filmes...

...lançados no circuito independente...

...não se sabia como ou por quê.

Os melhores filmes dos anos 70 e 80...

...são aqueles que você assiste...

...e há algo perturbador neles...

...que você pensa:

"A pessoa que fez isso era normal?"

Cena 22. Tomada seis. Áudio 146.

E ação.

A família Raimi morava em Detroit
na mesma quadra que eu.

DAVID GOODMAN
TRANSPORTE E COZINHA

Então, eu e Ivan
rapidamente fizemos amizade,

então conheci Sam, aliás, o conheço
desde os dois anos de idade.

Era uma criança incrível.

Uma das coisas
que eu e Ivan costumávamos fazer,

isso pode explicar um pouco agora,
quando ele era pequeno e estava no berço,

nós o arrancávamos de lá
e o encurralávamos

nos cantos com agulhas de tricô.

Ivan, seu irmão mais velho...

JOSH BECKER
SEGUNDA UNIDADE E ILUMINAÇÃO

...que é um médico e é corroteirista
do Homem-Aranha atualmente...

Ivan foi corroteirista de Darkman, e
várias outras coisas. Uma Noite Alucinante 3.

Ele foi meu melhor amigo na juventude
e Sam era o chato do seu irmão mais novo

com sua hq do Homem-Aranha.
Então, durante anos, disse:

"Pegue sua maldita
hq e dê o fora daqui."

Esse era o Sam pra mim.

Fui seu cameraman em muitos
dos seus filmes em Super 8

e em quase todos, faço uma ponta.

Sam é o vilão
em quase todos meus filmes em Super 8.

Eu sempre o escalo como vilão
porque ele é melodramático.

Sam só tinha feito dramas e comédias,

então ele fez um pequeno curta de terror,
fizemos todos juntos chamado Clockwork...

...e depois outro pra levantar fundos,

um de 30 minutos em Super 8
chamado Within the Woods.

Sam, quando estávamos fazendo
A Morte do Demônio,

era exatamente como é hoje.

Ele é criativo, inteligente, trabalhador,

em 98% do tempo é muito gentil
e 2% do tempo quando ele...

Quando ele acha que não estão fazendo
o que deveriam fazer,

não porque o incomoda,
e sim, por respeito aos outros

do elenco e equipe
com quem está trabalhando.

ELLEN SANDWEISS
ATRIZ, "CHERYL"

As pessoas não veem
o lado irônico do Sam

porque ele ficou muito sério
com a indústria do cinema,

mas ele é uma das pessoas mais engraçadas
que conheço, além de Bruce Campbell,

e os dois juntos
me fazem rir o tempo inteiro.

Era como viver em meio à constante rotina
dos 3 Patetas.

THERESA TILLY
ATRIZ, "SHELLY"

Ele não fazia nada além de sonhar, pensar,
comer e dormir em função do filme,

e sua energia contagiou a todos.

Cena 22-A. Tomada um. Áudio 485.

ELENCO

Ellen era amiga de Sam e Bruce na escola,

e fez parte de alguns
dos filmes escolares deles.

Ela participou do nosso primeiro curta,
Within the Woods,

que fizemos para levantar capital.

Em Within the Woods,
os papéis foram invertidos,

e Bruce foi minha vítima.

Tive que espancá-lo,
o que foi bem divertido.

A primeira vez que vi Sam, ele estava
num restaurante com Bruce e Rob...

BETSY BAKER
ATRIZ, "LINDA"

...e eu cheguei um pouco atrasada,

entrei neste restaurante e vi três jovens

que não poderiam ter mais de 21 anos,

sentados e se divertindo,

assoprando papel com canudinho
uns nos outros,

e estavam brincando com as colheres,

alinhando-as e depois batendo
na ponta do cabo,

eu pensei: "Não podem ser eles. Não devem
ser os caras que devo encontrar".

Mas eles eram os únicos
no restaurante, então...

Ela era um amor,
chefe de torcida da fraternidade,

o tipo que eu sempre odiei, mas amei Betsy.

Mas eu era um tipo rebelde, hippie,

pseudo-intelectual, sabe, o tipo judia,

e nunca gostei
dessas garotas da fraternidade.

Então, quando filmamos
A Morte do Demônio,

eu a respeitava muito,

pois ela era provavelmente a mais experiente

em termos de atuação naquela época.

Theresa Tilly. Theresa tem muitos nomes.

O nome verdadeiro dela é Theresa Seyferth,

e ela não gostava,
por isso mudou para Theresa Tilly,

e no filme, ela se chamava Sarah York.

Tirei meu primeiro "SAG" comercial pouco
antes de entrar em A Morte do Demônio,

é uma história que sempre me perguntam.

Tive realmente de lutar para entrar na união,

e literalmente a tinta tinha secado
na minha carteirinha.

Eu estava gravando o filme e pensando:

"Quer saber? Ninguém nunca vai notar.

"Vou colocar um nome diferente e beleza."

Fui suspensa da união por seis meses.

Todas as mulheres dividiam um quarto,

e Theresa era vista frequentemente
sentada no chão meditando,

tomando seus banhos de três horas,
acabando com toda água quente.

Ela era a mais sensível do elenco.

Nós todos nos demos muito bem.

Beleza.

RICH DEMANINCOR
TAMBÉM CONHECIDO POR HAL DELRICH

Sim.

Rich na verdade tinha um pouco de Scotty
em si, o tipo baladeiro.

Nós ficávamos em

certas situações desagradáveis
por muito tempo,

e ele sempre achava o lado bom.

Soube que ele era
um mergulhador fenomenal, um campeão.

Achei isso bem interessante.

Ele ser um nadador e mergulhador fazendo
um filme de terror.

Achei que era algo exclusivo.

No geral, era só um cara normal.
E ele era o único

que sempre amou filmes de terror
e sempre quis participar

e estava muito entusiasmado
por estar num filme de terror,

por ter conseguido participar de um.

...Tomada dois. Áudio 1150.

Bruce fez papéis diversos
no filme.

Ele era o produtor,

às vezes era codiretor, era o astro,

ele limpou o esterco com uma pá
na cabana assim que chegamos lá.

Bruce fez de tudo.

Cena 47. Tomada um. Áudio 429.

Tudo certo.

- Saia daqui, Campbell.
- Saia!

Bruce era bobão. Uma noite,
torceu o tornozelo,

e Sam e eu batemos nele com varetas
por uma semana, nós o enlouquecemos.

Foi a coisa mais cruel que fizemos,

além de ser bem imaturo,
mas na época era engraçado.

GREGORY NICOTERO
MAQUIADOR DE EFEITOS ESPECIAIS

UMA NOITE ALUCINANTE 2 E
UMA NOITE ALUCINANTE 3

Sam quer ver quão longe Bruce vai,

e Bruce nunca se rende.

Acho que Bruce está bem
como herói de filme de terror

porque ele é bonito, mas não é o tipo galã.

Ele não é como...

Você não o vê num papel de fanático
por futebol num filme

que geralmente é o cara que todos torcem
pra morrer num filme de terror.

Você o vê como um pateta
numa aula de ciências.

Vamos abrir o jogo agora.

Eu sempre tive uma queda
por Bruce Campbell,

bem como tantas outras mulheres, mas...
Acho que alguns homens também.

Ele é lindo, divertido, charmoso,

e quando olhei o roteiro
e me pediram para contracenar com o Bruce,

me senti a mais sortuda do mundo.

Bruce era muito tímido e meio
que se escondia atrás de seu talento.

Basta Bruce começar a andar
que eu começo a rir.

Ele gostava de cair de bunda no chão
como visto no filme, ou as acrobacias.

Ele adorava, poderia repetir mil vezes.

No set de A Morte do Demônio,
ele sempre era um cavalheiro.

Diferente de outras pessoas, ele estava
sempre preocupado com o nosso bem-estar.

O fato de ter um protagonista homem
em um filme de terror já é estranho.

Geralmente é uma receita para o fracasso.

Todos que tentaram usar um homem como
protagonista em filme de terror fracassaram.

A teoria diz que você tem que ter
uma mulher forte como protagonista,

mas Bruce Campbell no papel de Ash
foi perfeito para a história.

Parte porque ele expressava
os dilemas filosóficos do filme:

"Se sua namorada vira zumbi
e vai te atormentar, o que você faz?"

- Rodando.
- Cena 56-G. Tomada um. Áudio 575.

A PRODUÇÃO

Fomos para o Tennessee em 1979.

Viajamos de carro de Detroit

em um ou dois carros, uma ou duas vans,

e chegamos nesta cidadezinha
chamada Morristown.

Ellen, Theresa
e eu entramos nesta cabana

que é claro não tinha trancas, banheiro,
aquecimento, eletricidade,

mas tinha excrementos de vaca

espalhados por toda parte,

pois vacas ou bodes
ou sei lá quais animais entraram lá

e fizeram da cabana sua segunda casa,

e agora seria a nossa casa.

Nós a reconstruímos toda.

Nós derrubamos as paredes,
reformamos a estrutura,

adicionamos onde os tiros...

Onde o tiro acertou na janela.

Aquilo não era uma janela,
nós construímos.

Nós construímos a abertura no chão.
Acho que refizemos a lareira.

Era um pedaço de lixo.
Melhoramos um pouco

e depois, no final,
tínhamos destruído totalmente.

É realmente assustador.

Tipo, quando se vai lá no meio da noite,
é realmente assustador.

Muito sinistro.

E a outra coisa é, estou certo
de que já ouviu isto antes,

as pessoas já ouviram isto,

caçadores chegavam no meio da noite
com dezenas de cachorros,

pois estávamos no meio do bosque.

Era um Cinturão Bíblico,

e, é claro, o pessoal local
às vezes dava as caras

mas geralmente não tinha nada pra fazer,
era só nosso grupo de produção.

Ninguém pode imaginar
como este filme foi feito,

pois todos nós moramos em uma casa,
umas 20 pessoas, em camas portáteis,

com um cara
que não sabia cozinhar nada pra gente.

E visto que eu não tinha
nenhuma habilidade,

não sabia nada de iluminação, nem de som,

acabei virando o coordenador
de transporte e o cozinheiro.

Não tinha ninguém contratado
para fazer a iluminação.

Havia a ideia de que Sam faria sozinho,

que é algo completamente ridículo,

visto que ele já tinha bastante trabalho
com a direção do filme.

A iluminação era feita aleatoriamente,

até que eu finalmente disse:
"Se me deixar fazer a iluminação,

"tudo vai ser muito mais rápido
e o filme vai ficar melhor."

Consegui trazer vários departamentos
diferentes em um cara aqui.

Criei O Livro dos Mortos
e a adaga Candariana,

e outros pequenos objetos e coisas.

E fui responsável pelo projeto, criação
e aplicação da maquiagem.

Era uma equipe pequena.
Basicamente umas sete ou oito pessoas.

Sam dirigia.
Bruce cuidava dos pagamentos e atuava.

E eu era pano pra qualquer manga.

O filme não era tremendamente eficiente
em sua técnica, pois não tinham dinheiro.

Foi tudo filmado
com um orçamento muito baixo,

mas o que admiro e amo no filme é

que não se importavam com o orçamento.
Mandaram ver.

Não sei se falo 25 anos depois,

mas o orçamento era de US$ 150 mil
e acabou custando US$ 500 mil.

Ultrapassou um pouco.

Certamente US$ 500 mil
não é nada na indústria do cinema,

e o filme realmente precisava,
mas quem diria?

Mas ao mesmo tempo, tinham várias coisas
que eram muito profissionais.

Eles nos tratavam
de forma muito profissional,

com contratos e roteiros.
Não que se mantivessem ao roteiro.

O roteiro estava escrito em 27 guardanapos.

Não consigo fazer isso pra sempre.

Ninguém saiu de lá ileso.

Sinceramente acho que Sam quis assim
para que entrasse no filme.

Que se todos estivessem
em extremo sofrimento,

isso de alguma forma
se transformaria em terror,

nos disse isso todo santo dia.

Era uma época primitiva,

e Tom Sullivan era
um excelente artista,

que teve um trabalho difícil,

ele fazia todos os moldes
para as máscaras e esse tipo de coisa,

mas naquela época não sabíamos nada,

então se passava vaselina no
rosto, braço ou perna do ator

para tirar o molde e
depois colocar o gesso.

Acabei usando tinta acrílica,

que está escrito no tubo:
"Não coloque na pele."

Mas eu usei para pintar as máscaras,
bem como os rostos dos atores.

Você sabe como tirar tinta
do rosto dos atores?

Você raspa como quando
usa palha de aço e tal.

Fiz os coitados passarem por cada coisa.

Se tivessem tido dinheiro para fazer
efeitos especiais adequados, maquiagem,

creio que o filme teria sido
tão assustador quanto O Exorcista.

Pois a única coisa que me
fazia perder a atenção,

talvez porque tivesse a questão de criação,
um interesse em maquiagem de monstro,

foi que eles não tinham dinheiro
nem recursos

para realmente elaborar próteses
para os personagens.

Quando fiz Cabin Fever, fiz os atores
assistirem a A Morte do Demônio.

ELI ROTH
DIRETOR - CABANA DO INFERNO E ALBERGUE

E Rider Strong
tinha visto o filme várias vezes.

E toda vez que vinha alguém
reclamar de alguma coisa,

nós dizíamos: "Olhe para Bruce Campbell."

E: "Pelo que você acha
que passaram em A Morte do Demônio?"

E isso calava a boca de todos.

Os machucados, sim.

Bem, certamente por correr pelo bosque.

Maldição.

Uma vez a estávamos filmando
correndo pelo bosque,

tínhamos esse trilho longo de compensado
para o dolly

todo respingado de sangue.

Fiquei toda arranhada.

Eles tinham trilhos dois por quatro
e acho que sangrei neles todos.

E eu disse algo meio grosseiro
sobre as atrizes sendo cortadas,

que é quando se sabe
que estavam trabalhando duro.

Mas não me lembro de ter dito.

Bem, em 1981, era possível fazer
o que quisesse com uma mulher num filme.

Não precisava se preocupar
se era politicamente correto como é hoje.

Uma vez vieram falar comigo:
"Bom, vamos fazer uma externa

"e eis o que vai acontecer, Betsy.
Vai ficar bem legal.

"Vai ficar simplesmente irado.

"Ash vai começar a bater na sua cabeça
para tentar se livrar de você,

"com essas vigas de madeira,
mas não são vigas de verdade.

"Na verdade,
vamos mandar alguém à cidade.

"Tem uma Sears aqui.
Vamos comprar umas vigas de isopor.

"Elas não machucam nadinha.
Vamos bater em você umas duas vezes."

Mas eles voltaram
com umas vigas que na época,

eram usadas em salas de estar

e eram imitações de vigas de madeira.

Ela tinha então de ser atingida
no rosto com uma dessas coisas,

e, é claro, Sam decidiu
que ele seria o escolhido,

sob as lentes da câmera
com essas vigas de isopor,

e bateu no queixo da Betsy com muita força.

Fiquei louca da vida,
e era o que Sam queria.

Sam dizia: "Ela está muito irritada.
Deixe a câmera rodando.

"Vamos repetir. Vamos repetir".

E então, quando acabou,
voltamos para casa e ele disse:

"Acho que provavelmente
deveríamos ter batido nela pelada".

E eu respondi:
"Não acho que ela teria feito, Sam".

Toda vez que repetíamos a cena,
nos deitávamos ao seu redor

para que ela se aquecesse,

pois ela não podia vestir
um casaco nem nada.

Ela precisava manter o figurino,
cheio de xarope Karo.

Nós ajudávamos uns aos outros
e fizemos o melhor possível.

Acho que fiquei com cicatrizes de
verdade. Sei que o Bruce ficou.

Ele tem uma... Pergunte pra ele.
Ele ficou com um buraco na perna.

Bruce foi o pior de todos...

Pois ele tinha que ser o ator
na frente da câmera,

então ele teve
que manter o que os atores fazem

para ir onde precisam ir,

e nós dissemos: "Você tem que
colocar lentes nos olhos das atrizes,

"pois você é o responsável, Bruce".

Essa tarefa lhe foi dada.

Mas não tinha água, não tinha nada
nesta cabana onde trabalhávamos.

Havia somente uma chaleira

para fazer o café e esquentar água,

então ele lavava as mãos lá

e depois colocava e tirava as lentes.

Na época, eram lentes duras
que ocupavam toda a esclera.

Atualmente são macias e fáceis de inserir,

mas antigamente era necessário
um pequeno aplicador de plástico,

e precisava deixar os olhos do ator abertos,

e as lentes eram montadas
na extremidade do aplicador,

e depois era só inserir no olho.

Não enxergavam absolutamente nada.

Não se via nada com as lentes.

Eram deste tamanho.
Cobriam todo o globo ocular,

ao contrário das lentes normais
que cobrem somente a íris.

Então em todas as cenas onde estamos
possuídos, com os olhos brancos,

não enxergamos nada.

Não é que estávamos
somente filmando no frio,

ou num lugar
sem eletricidade e encanamento.

A questão era o tempo de espera.

Não tínhamos aquecedores.

Não tinham trailers
nem caminhões equipados.

Normalmente, quando você grava um filme,
mesmo em condições difíceis,

há um lugar confortável para aguardar,

ou pelo menos
onde possa lavar as mãos e...

Quando acabávamos de filmar, ficávamos
na cabana fria sem aquecimento

sentados aguardando.

Muitas vezes, além de ser frio, doloroso
e pegajoso, era chato.

Fazia muito frio,

e eles estavam trabalhando pesado,
então eu fiz um chili forte.

Eu disse: "Pessoal, por que vocês
não voltam pra casa pra comer?"

E voltei na manhã seguinte
e estavam todos dormindo na mesa,

Sam achou que eu tinha drogado
e violentado todos.

A única ironia disso tudo

é que foram burros de comer de novo
na segunda noite,

e perder outra noite de gravação.

Há este mito que A Morte do Demônio
me curou de qualquer desejo de atuar

e imediatamente parei de atuar por causa
de A Morte do Demônio. Bobagem.

Sei que as pessoas dizem
que estávamos fulos quando acabamos,

mas não foi nada disso.
Todos nós tínhamos coisas a fazer.

Todos tínhamos cumprido
nosso compromisso com o contrato,

mas eles continuaram
com outras ideias depois.

Quase todo elenco e equipe foram embora.

Deveriam ser seis semanas de filmagem,
mas duraram 12 semanas.

Filmamos umas três semanas só nós seis,
Bruce... Nós cinco.

Bruce, Sam, eu, Josh
Becker e David Goodman.

Quase tudo com Bruce sozinho
na cabana e tal.

Teve depois outra semana de
filmagem vários meses depois

em Gladwin, Michigan, na casa
da família de Bruce Campbell,

e depois outra semana de gravação
na casa da família de Rob Tapert

em Marshall, Michigan,

e eles ficaram várias semanas
na casa do Sam,

no quintal, no seu porão.

Nós treinamos gente da região...

...para fazer o que chamamos
de Fake Shemps. Colocar a roupa...

...e filmá-los de costas,
ou como precisássemos.

Fizemos o filme completamente retrógrado,

com Bruce pegando muita coisa preta
na sua cara, e coisas brancas em...

Cada noite estávamos...
Ninguém mantinha a continuidade.

Então, achei que bastava jogar
as porcarias no chão.

"Acho que era assim."
Eu nem sabia se daria pra montar.

Eu pensei: "As pessoas devem
mesmo achar que é real?"

A mão de borracha que faz assim
quando a bate na porta.

Vale lembrar que 25 anos atrás,

não era o tipo de filme
que levantaria sua carreira.

- Desligue!
- Ai, meu Deus!

BOOK OF THE DEAD
PRÉ-EXIBIÇÃO

PRIMEIRAS VERSÕES

O interessante de A Morte do Demônio

é que se você dissesse do que se tratava
para alguém que não tinha visto o filme,

pareceria um dos maiores clichês do mundo.

Não havia nenhuma novidade no filme.

Sabe, as crianças vão
para o bosque e não voltam mais.

Quando estávamos filmando Uma Noite
Alucinante 2, Tom Savini veio nos visitar,

e eu o apresentei para Sam e Rob.

E posteriormente Tom disse:
"Eu estava andando na rua em Nova York

"e estes dois me agarraram
e me jogaram em uma sala de edição."

Era Sam e Rob,
eles tinham reconhecido Tom na rua.

Então, mesmo naquela época,
conseguiam obter esse interesse pelo filme.

A primeira vez que assisti com uma plateia

foi no Redford Theater
em Redford, Michigan,

foi uma exibição pros nossos investidores,
sabíamos que seria divertido,

e também sabíamos que deveríamos
ter gente motivando a plateia...

O Redford Theater era um dos melhores
teatros antigos, tinha um órgão

então chamamos um cara para tocar,
e ele meio que surgiu do chão,

todos os investidores, elenco e equipe
estavam no piso principal,

era como crianças no camarote
de apresentação da escola.

E em alguma parte no meio...
Ou quase no fim do filme,

enquanto Ash lutava com os monstros,
um grito de torcida de hóquei entoava:

"Corte-a. Corte-a..."
E o pessoal ficava batendo os pés.

Muita gente gritando, se levantando...

E tudo isso eram reações involuntárias.

Eles conversavam com o filme:
"Por aquela porta não! Não, Ash!"

E em alguns festivais de filmes
que fomos em Paris e na Espanha,

vimos as mesmas reações só
que em outra língua.

Acho que vi A Morte do Demônio
na primeira exibição pública

que foi no Cannes Film Market em 1982.
Quando digo que assisti em Cannes

as pessoas pensam
que foi em algum festival chique.

Não fui ao festival,
e sim ao Cannes Film Market,

que era, principalmente naquela época,
onde todos os de classe mais baixa

se juntavam nestas ruas e becos
da avenida principal de Cannes,

e exibiam seus filmes
exclusivamente para vendas comerciais.

O filme estava pronto há pelo menos
dezoito meses antes de ter sido lançado,

então eu sempre dizia:
"Exibam A Morte do Demônio.

"Exibam A Morte do Demônio."

E finalmente foi mostrado
para uns exibidores

que disseram:
"Certo, quero fazer parte disso."

O filme na verdade...
Foi lançado dia 15 de outubro

de 1981, eu acho,

e não tinha sido lançado
domesticamente nos Estados Unidos.

Pois visto que não tinha
sido classificado pela censura,

não ganhou muita publicidade.

Muita gente sabia que estava passando
pois tinha uma sessão no cinema.

Foram poucas críticas, e
era difícil conseguir anúncios.

Anúncios de televisão, ainda mais difícil.

Precisava ver em salas de adultos,
sessão da meia-noite em Nova York.

Essa era a verdadeira multidão
fanática. Eles piravam no filme.

Passou por bastante tempo no Texas
e estava tendo muito sucesso,

pois era algo fresco e novo,

e acho que parte disso é que era
popular pois saiu simplesmente do nada.

Ninguém sabia quem era Sam Raimi.

Provavelmente ninguém teria visto
A Morte do Demônio se não fosse em vídeo.

UMA SEGUNDA VIDA

Quando estava na faculdade,
tinha em VHS...

EDGAR WRIGHT
DIRETOR - TODO MUNDO QUASE MORTO

...era uma porcaria,
versão de terceira geração,

que só acrescentou medo.

Eu me lembro de ir a uma locadora
e perguntei se tinham A Morte do Demônio,

e responderam: "A cópia foi roubada."

E fiquei sabendo que era o vídeo
mais roubado dos Estados Unidos.

Meu amigo Jeff
e eu alugamos A Morte do Demônio,

e ele na verdade assistiu na noite anterior,
depois me ligou e disse:

"É o filme mais aterrorizante que já assisti."

E disse: "É muito assustador assistir à noite,

"por isso temos de vê-lo durante o dia."

E meu amigo Jeff veio até minha casa
com uma cópia de A Morte do Demônio,

que levamos umas seis horas
para assistir tudo,

pois estávamos tão aterrorizados,

que tivemos que sair
e dar um tempo sob o sol.

Leonard Maltin disse que era a coisa
mais nojenta que já tinha visto.

Valeu, Leonard.

E é claro, tinha a opinião
de Stephen King que realmente...

Foi isso que impulsionou o filme,

o fato de Stephen King ter dito

que era um dos filmes de terror
mais originais já produzidos.

Nós tínhamos esta imagem
de A Morte do Demônio como

um filme nascido do inferno.

Surgiria literalmente
das profundezas do bosque,

era quase como um tipo
de filme demoníaco secreto.

Pra mim, nada me assustava mais
que possessão.

O Exorcista foi o filme mais
assustador que já assisti,

mas A Morte do Demônio foram 90 minutos

dos momentos mais
horripilantes do O Exorcista

que aconteceram a pessoas mais jovens.

Inicialmente eu achava
que era um filme demoníaco ruim,

do tal Video Nasties.

Basicamente o que aconteceu foi...

Terror de aluguel
para seus filhos

Parecido com isso, mas quando
houve a primeira alta repentina,

não havia uma classificação
separada para vídeo

e muitos distribuidores eram
bem maus-caracteres

do tipo Zombie de Lucio Fulci

que seria lançado no cinema numa
edição sem dez minutos de violência.

CAMPANHA DO DAILY MAIL
VAMOS BANIR FILMES SANGUINOLENTOS

Alguns distribuidores lançavam a versão
sem cortes do filme,

achando que ninguém nunca verificaria,
e, é claro, verificavam.

Então quando descobriram
que isto estava acontecendo,

receberam uma repressão massiva.

E tinham filmes sanguinolentos como
A Morte do Demônio,

mas é como uma obra de arte em sua área.

Este não merecia ser...

Não deveria ter sido visto desta forma,
mesmo sendo intenso e violento,

não deveria ser comparado como Faces
da Morte e A Vingança de Jennifer.

Eu até acho que Sam teve
que ir à Crown Court de Leeds

para defender o filme no tribunal.

É loucura ver A Morte do Demônio agora

e acho que Sam Raimi foi processado
por obscenidade por causa disso.

Por ser um "Video Nasties",

e acho que Sam Raimi fez Uma
Noite Alucinante 2 engraçado

porque foi processado
na Inglaterra. É loucura.

Dá pra imaginar ir para a cadeia
por causa de A Morte do Demônio?

Acho que valeria a pena,
pois o filme é irado.

Eu iria pra cadeia por causa de A Morte
do Demônio. Já fui por outros motivos.

Eu me lembro de que tínhamos acabado
de concluir Dia dos Mortos,

e estava dando uma festa em casa,
minha namorada na época estava lá,

a supervisora de roteiro do Dia dos Mortos.

Estávamos assistindo A Morte do Demônio

em vídeo no porão,

e ela ficou tão enojada que saiu dali.

É sempre interessante ver a reação
das pessoas vendo A Morte do Demônio.

Minha esposa, quando assistiu ao filme,

muito antes de eu conhecê-la,
provavelmente quando tinha 17 ou 18 anos,

morava na Nova Zelândia

e pensou que quem fez o filme era doente
e deveria ser internado num hospício.

CENAS FAVORITAS

A primeira reação quando Sam Raimi
vem em sua direção, ele diz:

"Só há uma maneira de matar zumbis.
Desmembramento total."

Braços, pernas, mãos, cabeça, tudo.

Nos filmes antigos de zumbis
havia várias maneiras para matá-los,

mas este é o primeiro no qual as regras
pareciam ser desmembramento total.

Amo a ideia de que está preso
num lugar com os amigos,

e seu amigo está doente, você quer ajudar,
mas pode ter que matá-los,

e foi isso que me aterrorizou em A Morte
do Demônio. Está preso com os amigos,

mas não é seu amigo,
é algo dentro do seu amigo,

mas você precisa esquartejá-lo
para se livrar dele.

Um desmembramento não é tão divertido
quanto se pode pensar.

Tínhamos que estar
com o figurino e xarope

nos olhos e em toda parte
e depois ser enfiados no chão.

A única parte do meu corpo que estava
sobre o chão era minha cabeça e um braço,

e Bruce e Rob estavam
na outra parte do chão,

e suas pernas estavam vestidas
como se fossem minhas.

Eles estavam lá embaixo, pelo menos isso
fazia com que me sentisse melhor,

mas mesmo assim estava escuro,

era tarde e fazia frio e estávamos no chão,

e eu tinha medo que cobras e ratos
pudessem morder meu traseiro e tal.

Mas Sam e Tim, o diretor de fotografia,

estavam filmando esta cena
e tentando acertar a iluminação.

Nem sei quanto tempo fiquei lá embaixo,

ninguém falava nada,

e eu disse: "O que está acontecendo?"

E eles tinham caído no sono na câmera.

Amei a cena do estupro no bosque,
apesar de não poder contar

como o estupro na floresta
se relaciona com o resto da história,

ou por que os zumbis estão relacionados
com o bosque estuprador.

Vamos discutir abertamente.

Eu tinha 20 anos.
Vamos começar com isso, está bem?

Eu estava muito entusiasmada
para fazer o filme.

Eu queria fazer o que o diretor me pedisse.

Eu pensava que ninguém
nunca assistiria esse filme.

Pois é, que surpresa.

Eu tive umas preocupações
que conversei com o Sam,

e ele de alguma forma me convenceu:
"Vai ter muita neblina,

"você não vai ver nada, não se preocupe."

Então eu concordei.

Fizemos esta cena...

Exaustão nem sempre descreve...

Eu estava correndo de camisola,
fazia uns cinco graus.

Eu corria pelo bosque,
só tinham amoras-silvestres

e não tinham trilhas nem nada.

Corria sem parar, me machucava,

e cheguei ao ponto que pensei:

"Beleza. Faço tudo o que tem que ser
feito para acabarmos logo com isso."

O lance do galho não foi legal
por vários motivos.

O final...

Eu realmente não tinha ideia
de que fariam isso.

Obviamente eu sabia que as
pernas estariam abertíssimas

e que as vinhas iriam montar,

mas o final com o galho
foi tudo pós-produção.

Eu não fazia ideia até ver e...

E, é claro, no lançamento,
minha mãe estava lá, foi divertido.

Soube disso quando Sam Raimi teve que...

Ele foi processado, teve de ir ao tribunal

para responder pelas
acusações contra o filme,

e ele posteriormente achou que
a árvore estupradora foi um erro.

E é interessante que

é obviamente a parte que não é repetida na
sequência ou qualquer das sequências.

E é certamente algo

verdadeiramente chocante no filme.

Não mudou nada pra mim,

exceto que agora eu encaro
com muito mais senso de humor.

Em um filme onde as pessoas
são decapitadas, estupradas por árvores,

o que causou mais reação

foi a cena do lápis
sendo enfiado no tornozelo.

O lápis no tornozelo dói mais
que qualquer outra coisa.

Dava pra sentir entrando no osso.
Era extremamente doloroso.

Estou ficando enjoado só de pensar.

Sam me disse
quando estávamos lendo o roteiro

que eu seria apunhalada no tornozelo.

Respondi: "Não é um problema.
Certamente você vai dar um jeito".

Então, quando chegou a hora de filmar
naquela noite,

acho que durou uma ou duas noites...

Eu me lembro de que estava
com um jeans de veludo cote lê,

e tínhamos que remover uma perna,
e ficaria jogada lá ao aberto,

e colocaríamos uma perna mecânica,

e ficamos em uma posição durante horas
tentando enfiar o lápis nesta perna

que espirraria sangue e tudo mais
para tudo quanto é parte.

Dava pra ver as veias rasgando.

Eles desenharam manualmente as veias
e nós filmamos quadro por quadro.

Fica mais real do que ver as veias andando
nas mãos de alguém com CGI.

No início dos anos 80,

tinha vários filmes de terror em 16 mm
como Basket Case,

que de uma hora
pra outra tinham stop motion.

Eu sou louco por animação stop motion,

e quando quiseram usar tal técnica
no final, derretendo,

achei que era parte do visual
de como o monstro se dissolveria.

Consegui convencer o Sam
a usar stop motion para o final,

na cena do derretimento.

Inicialmente no roteiro, os personagens
iriam basicamente virar fumaça e desintegrar

e Sam teve a ideia de dar um jeito
de fazer balões

para preencher as formas,

então teríamos que murchá-los
e ter a fumaça saindo.

E meu pensamento era: "Bem, se alguém
fizer barulhos com a boca nessa hora,

"vamos arruinar o filme inteiro".

Às vezes ao assistir a filmes de terror
e a câmera está louca e você pensa:

"Que porra é essa?
Não consigo acompanhar. Que bagunça."

Mas Raimi tinha todo o controle
do trabalho de câmera.

Ele costumava fazer a partir do ponto
de vista desses demônios e espíritos.

Você assiste e pensa:

"Além de não ter visto isso em uma tomada
de uma grande produção de Hollywood,

"isso é coisa de um cara de 20 anos."

O trabalho de câmera é totalmente do Sam.

Ele tinha todas as tomadas em mente.

A câmera começa muito distante

dos atores ou da cabana,

e depois meio que se
movimentava no meio das coisas.

Então não era algo correndo
diretamente na sua direção.

Definia o ponto de vista

pois dava a sensação
de ser parte da floresta.

Todas as outras pessoas tinham
o ponto de vista desta forma,

e já vimos imitações em
inúmeras versões piores,

além de grandes diretores
terem imitado também.

Eu me lembro de quando assisti
a Dracula de Bram Stoker's, eu pensei:

"Ele roubou isso de A Morte do Demônio!
Como Coppola pode fazer isso? Que sujo!"

A INFLUÊNCIA

A Morte do Demônio
é um filme tecnicamente competente.

Acho que é um motivo
pelo qual alunos de cinema amam.

Não sei se A Morte do Demônio influenciou
algum cineasta em particular.

Logo após eu ter assistido ao filme,
corri para o quarto e li Fangoria,

que eu já tinha lido
e tinha me esquecido dela,

então li novamente a
entrevista com Sam Raimi,

e ele fala sobre fazer
este filme com US$ 350 mil,

e o fato de ter 21 anos quando fez o filme.

Eu me lembro que eu tinha 13 anos
na época e pensei: "Meu Deus".

"Logo vou ter 21 anos.
Fresquinho da faculdade".

"Isto é possível".

Fiz um filme quando tinha 20 anos,
um filme de baixo orçamento,

e a principal coisa na minha cabeça era:

"Preciso fazer meu próprio
A Morte do Demônio."

Assistir a um filme
como A Morte do Demônio...

Sabe, pontos de vista diferentes e...

Era tão néscio e tinha tanto estilo

que era impossível não ser afetado
pelo filme de certa forma.

Ver que Sam Raimi
tinha conseguido possibilitou

que um cara como eu
que gosta de filmes de terror

entrasse no meio do bosque,
pegasse uma câmera

e fizesse o filme mais
sanguinolento e nojento possível.

Recentemente fizeram um
filme chamado Cabana do Inferno,

que é uma referência a isso.

Ao escrever Cabana do Inferno, a maior
influência era de A Morte do Demônio.

Pensei: "Quero pegar uma
câmera 16 mm, entrar no bosque",

"e fazer um filme sanguinolento
como A Morte do Demônio".

O grande lance de A Morte do Demônio é

a violência combinada
com a motivação dramática.

Ao mesmo tempo, é um dos motivos
por termos filmes violentos ruins hoje,

cineastas menos talentosos
assistem a A Morte do Demônio,

e pensam em fazer algo parecido.

Eles falham ao atingir as motivações
dramáticas internas para os personagens,

sobrando somente muito sangue na tela.

- Cena 101-NC. Tomada 3. Áudio 1151.
- 101-NC. Tomada 3. Áudio 1151.

O LEGADO

Participar de A Morte do Demônio
foi uma jornada incrível.

Eu tinha 20 e poucos anos quando
esses três caras me perguntaram

se eu queria participar de um filme
de terror com um salário baixo,

ir para uma cidadezinha
no Tennessee, "na locação",

e passar por tudo o
que passamos "na locação",

isso tudo sem lançamento
depois de dois ou três anos,

depois prosseguir e ver de vez em quando

o que era na época uma ideia nova,
que eram as locadoras,

então nos reuníamos com Ellen e Theresa
e recomeçava tudo novamente.

Nós todos agora estamos casados, temos
filhos adolescentes, estamos mais velhos.

Podemos curtir esta fase
de A Morte do Demônio,

e os fãs, o filme virou um
clássico cult e muito mais.

Cena 56-H. Tomada dois. Áudio 578.

Quem poderia imaginar
que isso aconteceria?

Éramos mais jovens. Aconteceu há 25 anos.

Eu era o único que tinha
trabalhado em um set antes.

- Marcação.
- Cena 101-J. Tomada um. Áudio 1036.

Muitas vezes, eu mesmo achei
que estávamos filmando sem saber nada,

mas meu instinto dizia
que estávamos fazendo a coisa certa.

Só Deus sabe, olhe só no que deu.

Olhar lá atrás, há 25 anos,
é como olhar para sua juventude

e poder rir do que era sério
e emotivo na época,

e acho, é claro,
as pessoas amam este filme,

muita gente adora o filme
que influenciou cineastas,

isso certamente faz com que você
tenha orgulho de fazer parte disso.

Cena 19-A. Tomada um. Áudio 144.

Bem, foi o primeiro longa
de que eu participei,

e consegui ver como
funcionava todo o processo,

além de ver como se faz isso
com uma câmera 16 mm e seus amigos.

E é possível.

E, como Sam provou,
muito mais que muita gente,

ele fez um filme clássico.

- Quando você vira...
- Certo, meu dente acabou de cair.

Corta. Vamos cortar.

Certamente fazer o filme
não foi uma experiência agradável,

apesar de ser entusiasmante, pois eu era
jovem e estava fazendo um longa-metragem.

Mas depois, consegui desenvolver

um senso de humor em relação ao filme

e tentei sacar o motivo
pelo qual os fãs gostam.

Hoje também consigo ver
como o filme é criativo

e que Sam foi genial

por ter conseguido com tão pouco dinheiro.

Então, toda a experiência agora se tornou

uma coisa legal sobre mim,

esta outra face esquizofrênica da minha vida
que posso comentar e me divertir com isso.

Gosto de ver a reação das pessoas quando

digo que participei de
A Morte do Demônio. É legal.

Cena 71. Tomada quatro.
Áudio Z-76, som ambiente.

A Morte do Demônio nunca teve
uma grande história, diálogo...

O filme realmente confiava
na qualidade visceral

de uma imaginação, o tipo que leva
a plateia aonde ela nunca foi antes,

o tipo de aventura selvagem e excessiva.

Orson Welles citou
sobre produção de filmes,

que fazer um filme é como
o último lançamento de trenzinho.

E assistir a A Morte do Demônio,

na minha opinião, não é somente ver
um adolescente com sua pista de trem,

mas Sam Raimi é o tipo de pessoa
que aumentaria a velocidade do trem

para o máximo e deixaria
rolar até que batesse.

E quando você assiste a
A Morte do Demônio,

sente que o amor de quem o fez é tão puro

e tem uma grande visão, que o
filme está explodindo com talento,

que provavelmente não aparece
desde A Bruxa de Blair,

ou Pânico, um desses filmes de terror,

que foram lançados e redefiniram as
regras que todos começam a copiar.

Minha nossa!

Acho que A Morte do Demônio
teve as mesmas qualidades

que outros filmes de terror legais tiveram.

O Massacre da Serra Eletrica,
A Noite dos Mortos Vivos, Halloween.

Todos tiveram baixo orçamento,
são rústicos, radicais

e os diretores souberam aproveitar
o que tinham à disposição,

e conseguiram fazer algo
que 20, 25 anos depois

tem o mesmo impacto de quando foi feito.

As gerações de terror são curtas.
Seis ou sete anos.

Então, temos a terceira geração
de fãs de terror descobrindo

e a maioria de filmes de terror não
dura mais do que sua própria geração.

O sucesso de Sam com Homem-Aranha não é
por acaso. Ele é um cineasta brilhante.

Eu adoraria ver o que
ele poderia fazer

com esta nova sofisticação
Uma Noite Alucinante 4.

Nos comprometemos a fazer algo.

Superamos grandes obstáculos,
fizemos um filme, o mostramos,

fizemos a distribuição,
e passamos por todo o processo,

e deu certo.

E isto foi um testamento
para quem não vem de Hollywood

e sim fora do círculo de Hollywood,
que você pode buscar seus sonhos,

e se sua busca for incessante,
às vezes dá certo.

- Rodando.
- Tomada quatro. Áudio 37.

Preparar!

Talvez quando A Morte do Demônio
fizer 50 anos poderemos entender tudo.

Significa: "Não vá para
o bosque e Ash manda bem".

Sam me despediu no último dia.

Ele sempre me despede no
último dia de um filme.

Então não trabalho mais pra ele.

Sam tomou a brilhante decisão de
remover tudo que pudesse datar o filme.

Talvez os sapatos Hush Puppies e tal,

mas nada atesta que
foi feito nos anos 70.

- O estupro na floresta ou...
- Estupro na floresta? O que...

Vocês sabem do que ele está falando?
O estupro na floresta?

O estupro na floresta.

O estupro na floresta. Não foi comigo.

Foi uma obra genial.

Gosto do nome Sarah,

minha irmã tinha dado
este nome à sua filha,

e eu sempre quis morar em Nova York.
É isso aí.

Ellen pirou completamente uma noite.
Ela não se lembra de nada.

Que denominamos posteriormente
"o ponto de látex".

Pois ficar com o
látex por muito tempo

pode te levar à loucura.

Você pira...
E com lentes falsas também.

E ela pirou completamente...
Arrancou a maquiagem.

Ficou completamente louca.

Era o máximo permitido
para fazer com ela naquela noite.

Comecei a falar com
uma voz de menininha,

e comecei a cantar e rir,

e quando comecei a rir,
tinha gente da equipe na cabana.

Eles pararam e disseram:
"Pare! Pare com isso!"

Eu e o Sam nos olhamos e dissemos:

"Essa é a direção. É o que vamos fazer.
Ela vai ser essa figura de boneca,

"o tipo que dá vontade
de jogar na parede."

Provavelmente minha parte preferida
do diálogo no filme inteiro é:

"O que faremos? Vamos enterrá-la."

"Não podemos enterrá-la. É nossa amiga."

É como se assistisse a um episódio
censura 18 anos de Scooby Doo.

Uma coisa sobre os fãs de filmes
de terror é que adoram reclamar.

Eles nunca apoiam filmes originais.

Eles reclamam das sequências e correm
para vê-las no lançamento.

E, é claro, mais sequências são feitas.

Então um filme original é feito
e vão para a internet

criticar ferozmente o diretor,
pois têm ciúmes ou sei lá.

Dizem: "Este cara é uma droga.
O filme vai ser horrível".

Os fãs de filmes de
terror são incríveis,

mas na maioria das vezes
não querem dar chance a gente nova.

Dizem que querem um novo filme, mas:

"Não foi tão bom
quanto A Morte do Demônio".

É tipo, sim, mas
é A Morte do Demônio.

Nada vai ser melhor
do que A Morte do Demônio.

Uma coisa interessante que muita gente
não sabe sobre Uma Noite Alucinante 2

é que no roteiro original,

iríamos utilizar...

Sam queria usar
imagens do primeiro filme

e incorporá-las no filme

para que todos que não tivessem
visto o primeiro filme

pudessem pegar um breve resumo

e depois, bum, retomar
de onde partimos,

mas eles não conseguiram os direitos.

A New Line não deu
os direitos para eles

pois era uma empresa diferente
produzindo este filme,

então, na verdade, preparamos
um início completamente novo

com todos juntos

e refilmamos parte de A Morte
do Demônio com novos atores,

para que eles pudessem usar em Uma Noite
Alucinante 2 como uma ponte entre os dois filmes.

Várias pessoas nos procuraram
para refazer A Morte do Demônio,

e sempre recusamos até a New
Line nos procurar e dizer:

"Queremos fazer
Ash versus Freddy versus Jason."

Pensamos a respeito por um segundo

pois era uma boa oportunidade
para Bruce Campbell

conseguir uma bela quantia
além de umas três mil edições...

Mas também sabíamos que
estragaríamos a franquia fazendo isso.

Não existiria um Uma
Noite Alucinante 4

reunindo Sam, Bruce e eu
juntos em uma produção,

e também não teria
um bom motivo para voltar

e refazer o filme original
para relançar a própria franquia

com um novo elenco,
apesar de terem todos nomes diferentes,

e um novo cineasta
que quer honrar o primeiro

proporcionando uma nova experiência
de filme de terror para uma nova plateia.

Esse foi o raciocínio.

Nós inserimos em revistas
que estávamos pensando em fazer para

ver a reação de quem
estaria interessado em participar.

Quando James Cameron, Steven Spielberg
e Quentin Tarantino nos recusaram,

pensamos: "Pra quem pedimos agora?"

Tradução: Fabiano M. Machado
(AFT Ash J. Williams)