All language subtitles for Tales of Irish Castles (2014) t01e05

Os castelos são os monumentos
mais dramáticos da Idade Média,

construídos como monumentos
ao domínio e poder.

Espalhados pela paisagem irlandesa,

estas construções ancestrais, com as suas
grandes muralhas e torres altas,

não deixam dúvidas
sobre a sua missão militar e defensiva.

Espero termos trazido uma escada.

Os aristocratas anglo-normandos
que invadiram a irlanda no século XII

construíram os seus castelos
para controlar e intimidar os irlandeses.

Após a consolidação do domínio inglês,

os castelos serviram como centros
administrativos, guarnições e prisões,

bem como luxuosos lares
para os senhores ingleses.

Nesta série, vou contar-vos histórias
sobre cercos dramáticos,

batalhas sangrentas,

estilos de vida luxuosos,

assombrações,

famílias em conflito e senhores feudais.

Afinal, a história dos castelos irlandeses
é a história da própria Irlanda.

O século XVII foi um dos períodos
mais negros na história da Irlanda.

As rebeliões irlandesas,
a campanha brutal de Cromwell

e depois a guerra entre o Rei Guilherme
e o Rei Jaime, quarente anos depois,

colocou os castelos irlandeses
no centro dos acontecimentos

enquanto a história inglesa e europeia
se desenrolava pelo país.

Esse século sangrento viu a morte
de cerca de um terço da população

por culpa da guerra, fome e peste.

E nesses anos de morte
muitos dos senhores e líderes

fugiram com o Voo dos Gansos Selvagens.

O século XVIII seria, em contraste,
um período de paz relativa,

permitindo à aristocracia rural
renovar os seus castelos medievais.

O século XVII
foi o tempo em que o cãozinho

era mantido na trela,
os mosquetes ficavam à porta e por aí.

Foi apenas no final do século XVII

que surgiram as casas
a que chamamos de casas fortificadas.

E depois, no início, no século XVIII

todos os senhorios,
cheios de dinheiro, ideias modernas,

George Cunningham
Autor e Historiador

que não se preocupavam com contrafortes
ou pontes levadiças e assim,

começaram a construir casas.

As famílias ricas anglo-irlandesas
ainda precisavam de edifícios luxuosos

de onde administravam
as suas propriedades.

Mas o enfoque mudou de fortalezas
e fortes defensivos

para casas de tamanhos mais elegantes.

As famílias que se estabelecem aqui
no século XVII

sobem de oficiais do exército
para senhorios muito ricos

e quanto mais sobem

mais querem mostrar o seu novo estatuto
aos seus pares, amigos e assim.

Professor Terence Dooley
Departamento de História, NUI Maynooth

Em certos casos, construíam grandes casas.

Essas grandes casas ficavam
cada vez maiores ao longo de gerações,

provavelmente refletindo o facto
de estarem a ficar cada vez mais ricos.

Foi durante esse período,

que o Castelo de Dublin se transformou
no que vemos hoje.

Apesar de ainda vermos
as marcas nas muralhas no portão,

onde os sentinelas afiavam as espadas

em tempos mais tumultuosos.

Não restam vestígios que mostrem

o castelo que o Rei João construiu
apenas 30 anos depois da invasão.

A fortaleza de onde os britânicos
governavam a sua colónia ingrata

já desapareceu.

Foi destruída no grande incêndio de 1684

e foi substituída
por este palácio do século XVIII,

ocupado com diferentes
departamentos de estado.

Já não sendo uma guarnição,
o Castelo de Dublin precisava agora de ser

um confortável lar para os governadores.

Como epicentro da vida social
da aristocracia rural,

foi o local de grandes festas
e encontros cerimoniais.

E o evento do ano era o Grande Baile,

organizado todos os anos
na noite de S. Patrício.

As bandeiras nesta sala

pertenciam a uma ordem muito importante,
a Ordem de S. Patrício.

-Eu nunca soube da sua existência.
-Muitos não sabem.

Cada cavaleiro tinha uma bandeira
com o brasão da sua família

e estas eram penduradas
na sala de S. Patrício.

E as outras bandeiras
das outras gerações desse cavaleiro,

que remontam a centenas de anos,

voam hoje na Catedral de S. Patrício,
aqui ao lado.

Melanie Phillips
Guia Principal, Castelo de Dublin

-Meu Deus, és muito conhecedora, Melanie.
-Eu sei.

Que família tinha um brasão
com três cabeças de vaca?

Esse, não faço ideia,
mas este com as conchas,

este é da família Spencer de Althorp,
em Inglaterra.

-Lady Diana Spencer, sim.
-Certo.

-Outra sala discreta.
-Muito discreta.

Vou arriscar e dizer
que esta é a sala do trono.

Bem, na realidade, o nome correto

é a Sala da Presença,

porque estaríamos na presença...

De grandeza.

-Muito bem.
-Que grande trono.

Foi feito para quem?

O trono foi desenhado
para o Rei Jorge IV de Inglaterra,

que era bem grande,
pesando mais de 170 quilos

no seu leito de morte.

Tiveram de o enterrar num caixão quadrado.

Enterraram-no num caixão quadrado?

É verdade.

Sim.

Sim. Olha para eles.

Eu sei. São lindos, não são?

-Sim, são fabulosos.
-Lindos.

Esta é a galeria dos homens que foram
mandados para cá para governar o poleiro?

-Sim.
-Quem são alguns

dos que vemos?

O primeiro que vamos ver
é o Marquês de Cornwallis.

Cornwallis não era um homem muito popular,

principalmente porque,
como forma de interrogar pessoas,

ele defendia a tortura.

-Certo.
-E a sua forma particular de tortura

chamava-se de chapéuquente.

Espero que não tenhas acabado de comer.
É uma história sangrenta.

Não vai ser bonito, força.

No chapéuquente,
pegamos no pobre prisioneiro,

pegamos num chapéu grande,
enchemo-lo com alcatrão.

Metemo-lo na cabeça dele

e isso vai queimá-lo
e provavelmente matá-lo.

Para termos a certeza,
arrancamos o chapéu

-da cabeça dele...
-Retiramos o escalpe.

-Fica sem metade da cabeça...
-Pois.

...expondo o cérebro ao ambiente
e matando-o instantaneamente.

Em 1907,

houve um acontecimento curioso no castelo.

Alguém roubou as joias da coroa irlandesa.

As investigações revelaram histórias
de empregados gay e festas de bebedeiras

que incluíam, para horror de muitos,
um membro principal da família real.

As joias da coroa irlandesa consistiam
de colares de ouro cerimoniais e bastões,

mas a peça principal era conhecida
como a estrela de S. Patrício,

incrustada com 150 diamantes brasileiros,

um trevo em esmeraldas
e uma cruz de rubis.

As joias tinham um grande valor simbólico,

mas também valiam milhões
a preços atuais.

Quando a empregada chega de manhã,

Christiaan Feehan
Coordenador de Eventos, Castelo de Dublin

entra na biblioteca
e descobre o cofre aberto.

Vai chamar o patrão
e diz que o cofre está aberto.

Ele vai até lá
e vê que as joias desapareceram.

E há apenas duas chaves do cofre.

Uma estava no bolso dele,
chamava-se Arthur Vicars,

e a outra mantinha na sua casa
de Clonskeagh Road.

E o que aconteceu
quando reportaram o crime?

A polícia não teve de ir longe,

porque a polícia de Dublin

e a esquadra do corpo de detetives
de Dublin era mesmo...

-Aqui.
-Aqui, no castelo.

-Então...
-Dá jeito, não dá?

Sim, muito.

Na altura deve ter havido imensas teorias

sobre quem as levou, para onde foram,

por isso,
o dedo estaria apontada a alguém.

Havia certas atividades,

atividades noturnas,
que se passavam na torre.

E quando dizes "certas atividades",
o que se passava ali?

Bem, davam-se festas até altas horas.

E havia um certo grupo de homens
que trabalhavam lá

de caráter duvidoso ou questionável.

-Certo.
-Como teriam sido chamados na altura.

Um em particular,
chamado Francis Shackleton.

Ele teria sido o irmão do explorador
do ártico, Ernest Shackleton,

que, claro, era uma celebridade na altura

e muito próximo de Eduardo VII.

Mas descobriram que ele era,
agora é óbvio, claro,

mas havia razões para acreditar
que ele estava a ter um caso

com o cunhado do Rei de Inglaterra,
o Duque de Argyll.

Qual teria sido o motivo de Shackleton?

Ele tinha dificuldades financeiras

-na altura.
-Certo.

Ele também tinha os meios para o fazer
porque partilhava uma casa com o Vicars

aqui em Dublin, quando estava na Irlanda,
em Clonskeagh Road.

Por isso, podia ter tido acesso
à segunda chave.

-E tê-la copiado.
-E tê-la copiado.

-Então...
-Não precisamos de ser

o melhor detetive do mundo
para mostrar as provas e dizer:

-"Aqui tem o seu homem, senhor."
-Não.

Para evitar um escândalo,
a culpa foi atribuída a Sir Arthur Vicars.

Ele foi demitido,
apenas para ser assassinado

pelo IRA em sua casa, no Condado de Kerry.

No seu testamento,
ainda afirmava a sua inocência,

apontando o dedo ao duvidoso Shackleton.

O roubo das joias da coroa irlandesas
foi um enorme escândalo.

Lembrem-se, foi por volta desta atura
que Oscar Wilde foi preso

pela sua homossexualidade.

E algumas das festas que aqui aconteciam
envolviam o cunhado do rei.

Então, claro, o rei ordenou
o abafamento do mais chocante,

fantástico e sensacionalista
escândalo do dia.

A carreira de um homem inocente
estava arruinada.

E todas as provas documentais
foram destruídas.

E as joias da coroa irlandesa,

bem, essas nunca mais foram vistas.

Enquanto a vida na Irlanda
entrava num período de paz relativa

durante quase todo o século XVIII,

os castelos e casas de campo
floresciam pelo país.

Estes novos edifícios davam algum mistério
e drama aos castelos irlandeses.

O estilo do castelo
condizia com a paisagem,

bem como com o passado militar de muitas
destas famílias anglo-irlandesas.

E com a nova moda dos jardins românticos,

estas propriedades de conto de fadas

permitiam que a imaginação
e criatividade irlandesas se expandissem.

Por todo o país,

os castelos das classes mais nobres
eram transformados em casas luxuosas.

Já não havia a necessidade
de terem grandes fortes inexpugnáveis,

com grandes muralhas e ameias para
proteger os anglo-irlandeses dos nativos.

Não. Era tempo para modernizar.

Era tempo para casas confortáveis
ao último estilo

com todas as comodidades.

No entanto, para as classes mais ricas,
um castelo ainda era um símbolo de status.

Por isso,
quanto maior e mais luxuoso, melhor.

O Castelo de Kilkenny
foi remodelado ao estilo italiano.

O Castelo de Ashford foi remodelado
como um Chateau francês,

mas nenhum deles era tão dramático
como o neogótico,

um estilo arquitetónico
que viu pacatas casas do século XVIII

transformadas em construções fabulosas

que não destoariam num filme da Disney.

Alguns começaram
a construir castelos do nada.

Prof Terence Dooley
Departamento de História, NUI Maynooth

Outros modificaram as suas casas
e remodelaram-nas

em formato de castelo.

Criaram assim, castelos neogóticos
de estruturas originais e clássicas.

No século XVIII,
tudo andava à volta do racionalismo

e todos queriam ser italianos.
Por isso, era...

Era a versão aristocrática
de uma quinta bungalow.

Mostrava-se que se era uma pessoa culta

e que tinha viajado pela Itália.

Os senhores anglo-irlandeses, quando
cruzavam os Alpes, fechavam as cortinas,

Mark Leslie
Arquiteto Narrativo

para não terem de olhar
para um cenário horrível,

e só quando entravam
nas planícies cultivadas do Veneto

é que as cortinas eram abertas de novo.

Depois, de repente, apareceu Lord Byron.

E na Irlanda, surgiu o primeiro
rock celta, antes do Riverdance.

O Tom Moore
foi a primeira estrela pop celta.

De repente, era moderno e fixe
ter um castelo e ascendência,

e todos queriam voltar
às suas origens medievais.

Todos queriam um castelo gótico.

Até os Leslie transformaram
a sua velha casa que, ironicamente,

tinha um castelo verdadeiro,
para construir um castelo escocês falso.

Os Pakenham tinham Pakenham Hall,
uma casa muito italiana.

"Não, queremos que Pakenham Hall
seja Tullynally Castle

"e que mostre
que temos raízes aristocratas."

Construída originalmente
como uma casa fortificada no século XVII,

Tullynally foi sendo remodelada
e expandida ao longo dos anos.

Tullynalli é extraordinária, na realidade,

não é bem uma casa,
é mais uma vila.

Robert O'Byrne - Autor e Vice-Presidente,
Sociedade Georgiana Irlandesa

Não tem fim.

E, ao aproximar-nos dela,
é fantástico ver a linha do telhado

com todas aquelas torres
e chaminés e por aí.

Eu sei que é um pesadelo
para os pobres Pakenham,

porque há sempre um problema qualquer
com o telhado ou caleiras,

porque há tantas.

Mas cria
um efeito espetacular no horizonte

e deve ser
uma das maiores casas na Irlanda.

O alpendre foi adicionado
entre 1803 e 1806

por Francis Johnston,
o arquiteto irlandês,

como parte da transformação gótica do que
era originalmente uma casa georgiana.

E a primeira coisa que fez

foi o alpendre e estas ameias.

Se fosse uma casa Georgiana,
mais sensata, simpática e enfadonha

não estaríamos sempre preocupados
com o pagar das contas.

Por isso, é bom e mau.

Em 1961, quando a herdei,

os impostos por morte andava nos 63%,
incluindo o imposto sucessório.

E muitas propriedades degradaram-se
ou desapareceram por essa razão.

A quinta era gerida
com empréstimos bancários.

Devíamos ao banco muito dinheiro.

Por isso, nunca senti que era rico.

Nunca senti que estava bem na vida.

Mas sempre amei esta casa.

Se herdamos uma grande casa,

tudo o que fazemos, tudo em que pensamos,

tudo o que lutamos por conseguir,

anda à volta de fazer dinheiro

para manter o telhado,
para manter limpas as caleiras,

para manter a mobília num estado decente,
para manter os quadros na parede,

para manter o chão polido
e por aí em diante,

tentar com que mais pessoas
entrem pela porta

de forma a fazer dinheiro.

E é uma tarefa de uma vida.

As recompensas são mínimas.

A satisfação pessoal
tem de ser a única recompensa,

porque não há mais nenhuma.

Thomas Pakenham
não esperava herdar a propriedade,

mas o seu tio, o sexto Conde,
morreu sem filhos.

Eu era muito pequeno.

Tinha 11, mas uns 11 pequenos.

A minha irmã, de 12, era muito alta.

E fomos levados ao pub local,
que ainda lá está.

O empregado levou-nos para baixo
e disse às pessoas, para espanto delas,

que bebiam as suas cervejas:

"Senhores, apresento-vos
o próximo Conde de Longford."

E a minha irmã, a Antonia,
deu um passo em frente.

Ela pensou que seria ela.

Aqui vemos a Edna O'Brien
com os seus dois filhos...

Não achava que "Pakenham Hall"
fosse um bom nome para a casa.

Pelo menos não na Irlanda.

E só se chamava assim porque
uns nortenhos vieram de East Anglia.

O nome original da casa era Tullynally,

por isso, pensei recuperar o nome
e fi-lo assim que cheguei.

É espantoso que este homem tão exuberante
tenha tido uma assinatura tão pequena.

De qualquer forma, aqui está ele.
22 de julho de 1930.

Reconhecido mundialmente
pela sua paixão pelas árvores,

Thomas Pakenham plantou
mais de 90.000 na propriedade.

Acho que todos gostamos de árvores, certo?

Eu sou o caseiro, não sou?
Sou quem cuida delas,

eu sou o responsável por estas árvores,
por isso tenho de as amar.

Elas são minhas.
São a minha família, se quiserem.

Em 1993, houve um alerta de tempestade.

Todos os dias, eu via-a a aproximar na TV.

Esta enorme aranha preta no televisor.

Ia atingir-nos uma dessas noites.

E eu nem era daquelas pessoas
que abraçam as árvores,

mas nessa noite senti que elas mereciam um
abraço e disse-lhes: "Boa sorte à noite."

A tempestade estava a chegar,
e na manhã...

Durante a noite houve muito barulho
de coisas a bater e a partir,

mas de manhã, elas estavam...

Não todas, mas muitas,

em diferentes partes da propriedade
estavam no chão.

E apesar de ser uma coisa emocional,

penso que as pessoas
sentem um certo desgosto

quando as suas árvores caem,
por terem sido responsáveis por elas,

terem olhado por elas
e as terem visto crescer.

Não são objetos estáticos,
são objetos com vida.

Mas os edifícios são diferentes, certo?

Os castelos irlandeses
são ricos em história.

E um dos mais ricos
é o da família Pakenham.

Apesar de o castelo não ter visto
nenhuma ação militar,

a família,
incluindo o Duque de Wellington,

que casou com Kitty Pakenham,
viu muitas batalhas

na América do Norte,
no Mediterrâneo e na Índia.

Lembram-se do Duque de Wellington?
Sim, exatamente.

Foi ele que derrotou Napoleão
na Batalha de Waterloo.

Problemas financeiros faziam do casamento
um negócio, no século XVIII.

A filha de um senhor
seria apresentada com 16 anos

ao Governador do Castelo de Dublin

e depois acompanhada a uma série de bailes
à procura de um bom partido.

A casa de Dublin dos Pakenham
situava-se em Cavendish Row,

mesmo em frente do Rotunda Ballroom,

onde Kitty Pakenham foi apresentada
ao elegante Capitão Arthur Wellesley.

Rapidamente estariam
a cortejar-se abertamente.

A família Wellesley
era uma clássica família anglo-irlandesa.

Com posses e boas terras em Kildare,

mas tinham à frente da família
um artista despesista, Lorde Mornington,

que era professor de música
na Universidade de Trinity.

Tinha muitos filhos talentosos.

O filho mais velho tinha
uma distinta carreira militar e política,

mas acho que o segundo
ou o terceiro filho, Arthur,

disse: "Não vais para a política,
porque quero que a família...

"És um bom violinista."

E o pobre Arthur
praticava o violino sem parar,

mas nunca foi muito bom.

Então, o tio rico, por casamento, disse:

"Metam-no no exército britânico.
Nunca mais ouvem falar dele.

"Consigo-lhe uma boa comissão
num bom regimento."

A família Wellesley
estava enterrada em dívidas, nessa altura,

e a proposta do jovem capitão
foi rejeitada pelos arrogantes Pakenham.

Havia mais em relação ao violista
Arthur Wellesley do que parecia.

Enquanto Kitty permanecia em casa
a suspirar pelo seu amor perdido,

ele alistou-se no exército.

E depois de muitos sucessos na Índia,

o Capitão Arthur
tornou-se no Duque de Wellington,

acabando por ir derrotar Napoleão
na Batalha de Waterloo,

sendo, por duas vezes, primeiro-ministro
da Grã-Bretanha e Irlanda.

Quando se reencontraram 18 anos depois,
eram pessoas muito diferentes.

Ela era uma mulher tímida e artística
nos seus 30, e ele...

Bem, ele era agora um herói de guerra
poderoso e arrogante.

Quando o Duque de Wellington,

não estando à altura dos Pakenham

quando se declarou a Kitty
da primeira vez,

partiu, ficando rico e famoso,

tornando-se a segunda pessoa mais famosa
na Europa, depois de Bonaparte,

tendo já concordado, tinha de fazer
a coisa mais honrada e casou com ela.

As suas palavras iniciais
quando se casavam em Longford House,

na Rutlândia, em Cavendish Row,
foram: "Por Deus, ela ficou feia."

Disse isso ao irmão.

Este não era
um bom presságio para o casamento.

Cartas dos arquivos
no Castelo de Tullynally

contam os boatos da altura

sobre a infeliz Kitty
e o seu famigerado casamento.

"A Senhora Exeter insistiu
que o duque não fora informado

"sobre a alteração na sua aparência
e foi obrigado a manter o acordado."

"A condessa..." É a mãe desta senhora.

"...exclamou: 'Ela é bonita como
a senhora é, e é muito parecida com ela.'"

Como pode imaginar,
havia muitas mulheres ciumentas

que não compreendiam
porque é que ele decidiu casar com ela,

e, por isso,
espalhavam a história de que ela era

maluca, feia e estúpida.

Todas essas coisas seriam encorajadas.

O final do século XVIII

viu movimentos tectónicos
na política do mundo ocidental.

Novas ideias pairavam no ar
e a velha ordem estava ameaçada.

Quando um novo movimento por liberdade
desabrochou pelo país,

a contestação à coroa
foi encabeçada, mais uma vez,

por uma das mais antigas
e mais poderosas famílias no país.

A família Fitzgerald do Castelo Maynooth,

que governava Kildare desde o século XII,

era uma das mais poderosas
famílias feudais.

No turbulento século XVII,

os Fitzgerald mantiveram as suas
propriedades tornando-se protestantes,

e no séc. XVIII, a Carton House, e os seus
1.000 hectares, era a sua casa principal.

E a Leinster House,
o atual edifício do governo irlandês,

era onde ficavam quando estavam na cidade.

Mas a antiga propensão para a rebelião
estava prestes a reaparecer

no filho do primeiro duque, o seu herói
mais famoso e elegante até à data.

Lorde Edward Fitzgerald foi das figuras
mais românticas na história irlandesa.

O seu corpo está enterrado
na cripta da Igreja de Werburgh Street,

que é do outro lado
da muralha do Castelo de Dublin,

que é a instituição
que ele queria derrubar pela força.

Começavam a circular ideias perigosas
sobre liberdade e fraternidade.

Em França,
havia uma revolução contra a monarquia.

Em França,
havia uma revolução contra a monarquia.

Então, todos os jovens aristocratas
juntaram-se ao United Irishman,

liderados por Wolfe Tone.

As classes governantes na Irlanda,
no início do século XVIII,

começaram a sentir
que não existiam direitos civis

para a população da Irlanda.

Pat Liddy
Historiador de Dublin

-Incluindo os protestantes?
-Sim.

Na realidade, foram os protestantes
que fundaram o United Irishman.

E Lorde Edward Fitzgerald, um dos...

O quinto filho do homem que fundou
a Leinster House na Leinster House,

foi o rebelde menos provável
a juntar-se ao United Irishman.

Mas ele tinha servido
no exército britânico

e distinguiu-se
a lutar contra os americanos

durante a revolução deles.

Em França, ele adotou as ideias
e os ideais da Revolução Francesa.

E isso tornou-se público.
Ele foi afastado do exército britânico

e voltou para a Irlanda,

convicto da ideia de que a Irlanda
devia ser livre de Inglaterra.

E isto era partilhado
por muitos protestantes com poder.

Não estava sozinho.

De facto, o United Irishman,
que tinha sido fundado em 1791,

foi fundado
pela elite protestante na Irlanda.

E em 1796,
por causa da sua experiência militar,

foi nomeado comandante-chefe
do United Irishman.

A rua Werburgh
era onde os governadores do castelo

assistiam à missa nos domingos.

Bem como a família Fitzgerald,
quando estava na cidade.

O primeiro Duque de Leinster

é a principal pessoa na Irlanda
nessa altura.

Assim, o filho toma uma direção
diametralmente oposta

à que a família esperava.

Prof Terence Dooley
Departamento de História, NUI Maynooth

Ele ter-se-ia tornado um embaraço social

para o seu irmão, que na altura
era o segundo Duque de Leinster.

Lorde Edward Fitzgerald,

quando planeava a revolução
com os seus companheiros,

não se tinha apercebido
da rede muito profissional de espiões,

traidores e informadores
que se tinham infiltrado no grupo,

e os seus segredos
eram conhecidos no Castelo de Dublin.

As pessoas no Castelo de Dublin sabiam
que a captura de Lorde Edward

criaria enormes problemas.

Quero dizer, ele era o irmão do Duque.
Tinha aliados poderosos.

E muitos no castelo
não estavam seguros das suas lealdades.

De facto, dizem que o Chanceler
segredou aos ouvidos certos:

"Pelo amor de Deus,

"alguém é capaz de tirar
o Lorde Edward do país?

"Prometo-lhe que lhe abrirei
todos os portos."

Mas, claro, Edward não ia a lado nenhum.

E antes do Comité de Dublin,
como eram chamados,

conseguisse implementar os seus planos
em 1798, foram todos presos.

Lorde Edward Fitzgerald conseguiu
escapar à prisão durante dois meses,

vivendo em casas seguras,

e, numa dessas casas,
foi finalmente descoberto,

e um grupo chegou para o prender.

Houve uma escaramuça.
Ele ficou muito ferido.

Também feriu outras pessoas,

e foi levado numa liteira
para o Castelo de Dublin

para ser interrogado e depois foi preso.

Edward Fitzgerald morreu na prisão.

O seu corpo foi entregue à sua mãe
com o entendimento

de que seria sepultado sem cerimónia,
de noite.

Um caixão sem inscrição
seria colocado na cripta.

No entanto, um transeunte republicano
riscou de lado "EF",

quando as autoridades
estavam de costas voltadas.

Ainda lá está, debaixo do altar.

1798 foi o ano de todas as provocações

contra o poder britânico à data.

Houve levantamentos por todo o país,

com os rebeldes a confrontarem
os apoiantes da coroa

e os soldados das guarnições das cidades.

Mais de 30.000 pessoas morreram
durante um período de três meses.

Os líderes foram todos executados
e o país ficou traumatizado.

Castelo de Charleville

Em Tullamore, a família Bury
ficou do lado da coroa na rebelião.

As relações ficaram tensas entre
a classe governante e os seus rendeiros,

pelo que o primeiro Conde de Charleville

decidiu ter um gesto
para com os seus rendeiros empobrecidos.

O seu castelo,
oferecido à família por Isabel I

na altura das plantações,
precisava de melhorias.

Remodelar o seu castelo era um grande
projeto de emprego da comunidade,

destinado aos locais descontentes,
e os resultados foram surpreendentes.

Hoje em dia, o castelo é gerido
por Bridget Vance e Dudley Stewart,

em nome
do Charleville Castle Heritage Trust.

Bonnie, como é que uma rapariga de Nova
Iorque aparece no Castelo de Charleville?

Castelo da Bela Adormecida
é a única forma de o descrever.

-Apaixonou-se por ele imediatamente?
-Sim.

Quando nos aproximámos dele,
estava coberto...

A floresta entrava ali por dentro
e estava coberto por hera e silvas.

Literalmente, era como o tal castelo.

Subimos por uma janela ali

e começámos a explorar.

E ainda o exploram?

Quando se mudaram,
o mais urgente era recuperar o telhado,

tornado o castelo impermeável de novo.

A casa principal já foi salva,

mas a ala oeste, incluindo a capela,
ainda está em ruínas.

Durante os últimos 25 anos,

já fizeram enormes melhorias no castelo.

Enormes. E ainda as fazem.

Ainda fazem.

Mas têm muitos...

Têm muitos voluntários
que ficam cá para vos ajudar.

Os voluntários são fantásticos.

Não teríamos chegado aqui sem eles.

-É fantástico.
-E trabalham pela comida.

Eles trabalham pela comida.

Muitos trabalham por amor ao sítio.

No final,
somos todos voluntários, porque...

O edifício pertence a todos
e precisa de muito amor.

Precisa mesmo de amor.

Nós olhamos para os castelos
como objetos de romance,

e, na realidade,
é por isso que tantos castelos na Irlanda

foram construídos no final
do século XVIII, inícios do século XIX,

porque eram vistos como sendo românticos

Robert O'Byrne - Autor e Vice-Presidente,
Sociedade Georgiana da Irlanda

e também como oferecendo
um tipo de história instantânea.

E vemos que famílias
que se quiseram associar com o passado

e darem a entender
que vêm de uma longa linhagem,

muitas vezes construíram castelos.

O Castelo de Charleville é da autoria
do arquiteto Francis Johnston,

também responsável por duas estruturas
icónicas na rua O'Connell em Dublin,

o Posto de Correios, muito simbólico
devido à Revolta da Páscoa de 1916,

e em frente, o Pilar de Nelson,
destruído pelo IRA na década de 60.

Francis Johnston, Richard Johnston
e Richard Morrison

eram os três expoentes máximos
da arquitetura romântica gótica.

E todos começaram como classicistas,
fazendo Românico e Clássico,

mas no final do século XVIII,

o Movimento Romântico
trouxe todo este castelo.

E foi adotado por um tipo
de nacionalismo irlandês romântico.

Francis Johnston inventou
um novo estilo gótico,

que é muito diferente dos estilos góticos

que se desenvolviam na altura
na Grã-Bretanha.

Era uma mistura
muito francesa, irlandesa e inglesa.

Peritos em arquitetura
conhecem este edifício.

Às vezes vêm peritos da Rússia,

ou mesmo do Japão,
que conhecem este estilo arquitetónico.

A característica principal do teto
são as abóbadas de leque,

que são muito neogóticas.

Esta sala tem uma excelente acústica.

As pessoas vêm tocar aqui, até sozinhas,

apenas para sentirem
a excelente acústica da sala.

É uma espécie
de caixa de ovos ao contrário.

Se eu for até ali, posso ser ouvido
na perfeição do outro lado da sala.

Não é necessário qualquer tipo
de amplificação nesta sala.

Com a sua história de mortes violentas,

famílias em conflito
e todo o tipo de quezílias,

não admira que tantos castelos irlandeses
sejam assombrados.

Claro que se contam histórias,
principalmente à meia-noite,

sobre presenças fantasmagóricas,
desconhecidos encobertos,

mulheres de branco e todo o tipo de coisas
que fazem barulho à noite.

Agora, serão apenas espíritos inquietos?

São apenas imaginação?

Ou são problemas de canos?

Provavelmente, a história mais famosa
de um fantasma num castelo

é o da pequena Harriet.

-Já viste a Harriet?
-Sim.

-Já a ouvi mais do que a vi.
-Certo.

Quando viemos para o castelo,
o meu filho Michael desapareceu,

e estávamos a entrar
naquele estado de pânico como pais.

Sim.

Finalmente encontrámo-lo,
depois do pânico, no fundo da escadaria,

que agora é conhecida
como sendo da Harriet.

E ele disse: "Uma menina deu-me a mão."

Depois pesquisámos e descobrimos
que houve mesmo uma menina chamada Harriet

que tinha quase oito quando caiu
numa festa de solstício de verão,

quando se debruçou
para ver se os amigos estavam lá.

Charleville é também um íman
para os interessados no paranormal.

De acordo com a lenda, a Harriet
estava a preparar-se para jantar,

a governanta mandou-a para cima
para se mudar,

Anthony Beatie
Investigador Paranormal

e ao descer, estava a brincar nas escadas,

escorregou do corrimão

e caiu para a morte.

Traze, fala-me desta sala.

Esta é a biblioteca.

Quando a Harriet caiu das escadas ali,

este foi o primeiro local
para onde a trouxeram após o acidente.

Traze Shallow
Investigadora Paranormal

Basicamente, deve ter morrido nesta sala.

Depois de ouvir a tragédia da Harriet,

tinha de ir um passo mais à frente.

A Traze é uma médium e ofereceu-se
para tentar contactar os mortos.

Pronto, isso vai... O que fazemos?

Pousa o dedo no copo.

Está bem.

-Tens de perguntar ao espírito...
-Perguntarei, sim.

-Também podes perguntar, se quiseres.
-Não, falas tu.

Se há algum espírito na sala connosco,

podem levar o copo
até este senhor à minha frente?

Se há algum espírito na sala connosco,

podem levar o copo
até este senhor à minha frente?

Acho que os estás a confundir
quando dizes "senhor".

-Pede para levarem o copo até ti.
-Até mim? Está bem.

Se foram vocês,
podem mover o copo até mim?

Podem mover o copo na minha direção?

-Pergunta-lhes...
-Não sou eu.

Pergunta-lhes se nos dão
os números do euromilhões, sim?

Agora vou-me deitar.

Charleville custou uma fortuna
ao primeiro duque para ser construído.

E a família era excêntrica
e descuidada com o dinheiro.

Os rendimentos das terras na Irlanda
eram gastos em festas luxuosas em Londres

e em viagens pela Europa em grande estilo.

De facto, quando o Conde morreu em 1835,
estava muito endividado.

O filho teve de fechar o castelo
e mudar-se para o estrangeiro.

Foi sempre mais uma afirmação
do que um lar.

O último dono,
Charles Howard-Bury, odiava-o.

De facto, insistiu em viver mais acima
em Belvedere House em Mullingar.

O Castelo de Charleville
parece agora um desvario.

Um monumento aos artesãos irlandeses
que o construíram para a família Bury

após a repressão da rebelião em 1798.

Acho que o que temos de valorizar
em todos os edifícios antigos

é que foram construídos
por artesãos irlandeses.

Por isso, não interessa quem neles viveu,
quem os criou.

Foram criados pelos nossos antepassados.

Os nossos antepassados foram responsáveis
por colocar pedra sobre pedra,

por desenhar, muitas vezes, as casas,

pelo estuque no interior,
por colocar estes chãos,

por todos os detalhes
dentro daquele edifício.

Foram os nossos antepassados

e devemos celebrar
as suas capacidades e a sua arte,

e devemos valorizar
tudo o que conseguiram.

O que ainda temos, devemos preservar.

Apesar de já ter sido
o país com mais castelos na Europa,

são poucos os castelos onde ainda
moram descendentes das famílias originais.

Castelo de Birr

Muitos estão agora em ruinas,
são museus ou hotéis de cinco estrelas.

O Castelo de Birr é uma gloriosa exceção.

Ainda é a casa do Conde de Rosse.

A família Parsons vive aqui desde
que estas terras lhe foram atribuídas

durante as plantações de Offaly
do século XVII.

Nos anos seguintes,
com a guerra fora da agenda,

os diversos Condes de Rosse

distinguiram-se em ocupações
mais pacíficas.

O Castelo de Birr era famoso
pelo seu enorme telescópio, o Leviathan,

construído pelo terceiro Conde
em cerca de 1840.

E durante centenas de anos
foi o maior telescópio do mundo.

Então, quando William, o terceiro Conde
de Rosse, olhou para o céu noturno

através do enorme Leviathan,

ele percebeu que o universo
era composto de infinitas galáxias.

Por outras palavras,
ele descobriu que não estávamos sós.

Suponho que o interesse destes homens
que tinham sido educados...

Afinal, o Iluminismo
foi no início do século XIX,

e as pessoas eram educadas
nas artes e ciências.

John Joyce
Historiador Local

E, claro, as únicas pessoas
que podiam gastar tempo e interessar-se

neste tipo de coisas
era a aristocracia rural,

que eram os únicos
com dinheiro nessa altura.

Ele decidiu construir
o maior telescópio do mundo,

e para o fazer, o importante
era o tamanho do espelho no telescópio.

Era um telescópio refletor,

o que significa que tem de ter
um grande espelho refletor.

Nessa altura,
antes da invenção do vidro Pyrex,

os espelhos eram feitos de metal.

O terceiro Conde fez quase tudo sozinho.

No que resta do fosso,
veem-se os grandes fornos de refrigeração

que eram cruciais
para o sucesso do enorme espelho.

O primeiro que fez, partiu,

e acho que partiu também da segunda vez.

Senhora Rosse

Depois percebeu
que o tinha de arrefecer muito lentamente.

E construiu este forno
em que podíamos manter o calor

e depois arrefecê-lo lentamente.

E demorou seis semanas a arrefecê-lo
e não partiu.

Esta tem sido uma grande viagem para mim.

Vim do Minesota, nos Estados Unidos,
só para ver o telescópio.

O Leviathan da cidade de Parsons.

Parke Kunkle - Departamento de Astronomia,
Universidade de Mineápolis

Historicamente é um telescópio fenomenal.

É o Hubble do seu tempo.

Quando inicialmente olhavam para o céu,

viam uns objetos ténues e difusos

e pensavam que eram apenas pequenas nuvens
de gás e chamaram-nas de nebulosas,

diminutivo de nuvens de gás.

William Parsons desenho de nebulosa
1851

Mas assim que as viram em detalhe,
souberam, nesse instante,

que essas coisas
eram grandes coleções de estrelas

e, portanto, que estavam
muito mais afastadas que a via láctea,

mesmo até semelhantes à via láctea,

e isso significava que o universo
era muito maior do que se pensava.

Este é o óculo.

Olhamos para o espelho mais pequeno,
o espelho secundário,

que recebe a luz
do grande espelho em baixo.

Claro, quando se olhava através dele,

tinha de se ir rapidamente para o quadro

e desenhar com precisão o que se via.

E tinha-se de o fazer no escuro,

porque a vela, ou outra fonte de luz,

poderia interferir com a visão.

Mark Leslie
Arquiteto Narrativo

O Lowell, na América,
fica com todos os créditos

por descobrir que existem outras galáxias,

mas, na realidade,
o grande Conde de Rosse, o terceiro Conde,

escreveu de forma muito clara:
"Percebi que estes são os firmamentos."

Percebeu que estavam para lá
da via láctea.

E ainda não é reconhecido
que foi um irlandês que fez isso.

Foram retirados
1.500 toneladas de turfa do pântano

só para os fornos de arrefecimento
quando ele estava a fazer o espelho.

Este é o homem que queimou um pântano
para descobrir uma galáxia.

A tradição científica em Birr
continuou durante o século XXI.

O atual Conde
é outro colecionador de árvores

e viaja regularmente para África
ou para a China em busca de plantas raras.

Se calhar ainda há... Estamos com sorte.

Uma pequena flor,

para ver um pequeno botão rosa
de uma das magnólias,

que é excecionalmente tardia.

O Castelo de Birr é quase igual
ao Jardim Botânico Nacional em Dublin.

Tem todo o tipo
de espécies extraordinárias

Robert O'Byrne - Autor e Vice-Presidente,
Sociedade Georgiana Irlandesa

e plantas
que não se encontram noutro lado.

E nesse sentido,
é um local muito importante na Irlanda.

Eu sou um louco
por árvores de terceira geração,

para citar o que o Thomas Pakenham
se chama a si próprio.

A árvore que vê aqui,
de um lindo tom azulado

Lorde Rosse

contra o céu azul,

é um Cedro Azul do Atlas
das montanhas do Atlas, em Marrocos.

Esta foi trazida pelo meu pai,

plantada, provavelmente,
na década de 1920.

Continuei a tradição,

tendo colecionado,
principalmente, na China.

Esta é a árvore da qual mais me orgulho.

É a populus canescens cinzenta
ou o álamo cinzento.

Como um abraçador de árvores,
adoro sentir o orgulho de acordar

e abraçá-las e ver quantas pessoas
seriam necessárias

para abraçar toda a árvore.

Quando Brendan Parsons
herdou o castelo em 1979,

ele teve de lidar
com os enormes custos de gerir

e manter os famosos jardins.

Nessa altura, não percebi

a enorme responsabilidade
que advinha daí.

Quando conseguíamos o dinheiro
para pagar a todos,

às pessoas suficientes
para cuidarem do jardim,

havia mais de uma dúzia de jardineiros,
por exemplo.

E era uma enorme dor de cabeça
quando chegava o dia e percebíamos,

tragicamente, que estava tudo endividado
e o quanto custava tudo.

Mas assim que me conformei com isso,
passei a gostar cada vez mais disto.

Estamos felizes
por ninguém ter expandido a casa,

porque, de momento, é grande o suficiente

para a aquecer e para tomar conta dela

e continuamos a fazer
o que a família sempre fez

desde o século XVII em diante,
que é aguentar aqui.

O meu filho também vai voltar
e espero que faça o mesmo,

de uma maneira ou de outra.

Que apropriado
que a família que se envolveu

em grandes expedições
de recolha de plantas no último século,

pelo menos por três gerações,

e de ter criado uma das melhores
coleções de plantas raras,

particularmente de Yunnan
e de outras partes obscuras da China,

que o filho do Lorde Rosse, o Patrick,
tenha casado com uma chinesa, a Anna,

e que vamos
ter uma condessa sino-irlandesa

no castelo.

Sem o rendimento das rendas dos rendeiros,

estas famílias tiveram de descobrir novas
formas de manter as suas casas históricas.

Os atuais Lorde e Senhora Rosse
abriram o parque ao público,

apesar de o castelo
ainda ser uma casa privada.

A tentação deve ser de transformá-lo
num hotel ou num museu.

Assim, temos de admirar as famílias
que ainda resistem.

Manter estas janelas para o nosso passado
e manter viva a nossa história

tem um preço elevado.

Imaginem os telhados
que têm de ser conservados,

os jardins que têm de ser tratados.

E imaginem aspirar...

Por mim, seria um hotel num instante.

Penso que por estes edifícios
terem sido símbolos tão fortes

de imperialismo, de colonialismo,

não houve um interesse
por parte do estado em dizer:

"Na realidade, vamos investir neles.

"Vamos torná-los parte
do nosso património comum."