All language subtitles for Tales of Irish Castles (2014) t01e03

Os castelos são os monumentos
mais dramáticos da Idade Média,

construídos como monumentos
ao domínio e poder

espalhados pela paisagem irlandesa,

estas construções ancestrais com as suas
grandes muralhas e torres altas,

não deixam dúvidas
sobre a sua missão militar e defensiva.

Espero termos trazido uma escada.

Os aristocratas anglo-normandos
que invadiram a Irlanda no século XII

construíram os seus castelos
para controlar e intimidar os irlandeses.

Após a consolidação do domínio inglês,

os castelos serviram como centros
administrativos,

guarnições e prisões,

bem como luxuosos lares
para os senhores ingleses.

Nesta série, vou contar-vos histórias
sobre cercos dramáticos,

batalhas sangrentas,
estilos de vida luxuosos e assombrações,

família em conflito e senhores feudais.

Afinal, a história dos castelos irlandeses
é a história da própria Irlanda.

A invasão anglo-normanda do século XII

viu a Irlanda rapidamente tomada pelos
poderosos cavaleiros do Rei Henrique,

com o seu equipamento superior
e conhecimentos militares.

Estes homens eram vistos como uma elite.

Lar Joye
Museu Nacional da Irlanda

É necessário muita habilidade e treino.

Eles eram
uma formidável máquina de guerra.

Quase como gladiadores.

Os conquistadores tomaram o controlo
ao longo da costa leste

e a oeste, até Shannon,

dividindo a terra em grandes propriedades,
onde o domínio inglês era a lei

e os impostos eram pagos à Coroa.

Basicamente, a administração crescia.

Os lordes queriam mais funcionários
a trabalhar com eles.

Estes precisavam de ser instalados.

Assim, os castelos
tornaram-se mais complexos,

em termos residenciais,
defensivos e testemunhais.

Kieran O'Conor
Departamento de Arqueologia, NUI Galway

A Irlanda vivia
a sua primeira explosão construtiva.

Os irlandeses nunca tinham visto nada
como estas modernas estruturas imponentes.

Mas, conquistar a Irlanda era uma coisa,

mantê-la e controlá-la
era outra diferente.

O contra-ataque irlandês
teve início no século XIII.

Acelera no século XIV,

em parte como consequência
da peste negra e da Guerra dos Bruce,

que teve um maior impacto na colónia
anglo-normanda que os irlandeses nativos.

A partir daí, desde o século XIV
até ao período dos Tudor,

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

os irlandeses estavam em ascensão.

As fronteiras das colónias encolheram.

Dra. Gillian Kenny
Investigadora, Universidade Trinity Dublin

Assim, o que ficou foi o The Pale.

Havia as áreas à volta
dos centros urbanos, como Waterford,

havias os grandes condados.

Mas à volta dessas zonas
havia um mar de irlandeses.

Havia um mar de terra gaélica,
tradições locais e literatura,

que não entrava em contacto
com isto, de todo.

Eram duas sociedades separadas
vivendo lado a lado.

No sentido colonial,
a invasão normanda falhou.

Muitas das famílias anglo-normandas
passaram-se para o lado gaélico.

Tornaram-se "gaelizadas".

No século XIV,

um novo tipo de castelo
aparecia na paisagem irlandesa.

A casa em torre era baseada num desenho
normando, mas era tipicamente irlandesa.

E acabaríamos
com perto de 3.000 destas pelo país.

As casa em torre eram as residências
dos abastados da altura,

mas a grande diferença era,
que foram construídas

tanto pelos ricos chefes irlandeses,
como pelos lordes ingleses.

Nos séculos XV e XVI,

quando surge um novo período
de construção de castelos na Irlanda,

o que está a ser construído
são casas em torre,

que são as residências fortificadas

dos lordes irlandeses da altura,
tantos gaélicos como anglo-normandos.

Parece que todos construíram uma casa
em torre no final da época medieval.

Possivelmente temos mais de 3.000
casas em torre, talvez mais,

a serem construídas na paisagem irlandesa

entre cerca de 1380
e meados do século XVII.

Casas em torre,
construídas pela clãs irlandeses.

A terra era boa e estavam
a curta distância

de extensas terras em Leinster
chamadas de The Pale.

Assim, atacar e saquear
estava na ordem do dia.

Castelo de Leap

O Castelo de Leap é uma típica casa
em torre, construída pelos O'Carroll

para governar o seu mini império
e para se defenderem dos ingleses.

Esta é uma casa em torre
do início do século XVI,

David Sweetman
Arqueólogo

construída pelos O'Carroll de Ely.

A parte central é, obviamente, a torre,

e em cada lado
temos acrescentos do século XVIII.

Este era uma praça-forte
para os O'Carroll.

Temos de nos lembrar
que elas não são apenas residências,

são também estruturas defensivas.

George Cunningham
Autor e Historiador

A política da altura era defenderem-se...

Primeiro, defenderem-se a eles.

E o Castelo de Leap, era inexpugnável,
antes do aparecimento do canhão.

Não podia ser tomado.

Eles pontilham as zonas rurais,
principalmente aqui, nas midlands,

onde só em Tipperary e Limerick
há milhares delas.

Bem, uma casa em torre...

Normalmente indicam
uma quebra no poder central autoritário.

O cobrador de impostos
não gosta de casas em torre.

Mark Leslie
Arquiteto Narrador

Aonde há um governo forte,
existem grandes castelos, pertencentes...

Como o castelo do Rei João, em Limerick.

Mas onde não se sente o poder do rei
e todos são uma lei por si mesmos

como os chefes irlandeses
ou os lordes anglo-normandos

que se tornaram nativos,

as casas em torre,
estes castelos familiares pessoais,

tornam-se muito característicos.

A casa em torre medieval,

com as sua proporções mais pequenas,
ainda funciona como uma casa.

Depois de a restaurar,
o músico tradicional, Sean Ryan,

vive no castelo de Leap
há mais de 20 anos.

-Como estás?
-Como estás, Sean?

-Muito bem.
-Adoro a porta.

Então, quando chegaste em 1991,
o que havia aqui?

Bem, absolutamente nada.

Nada. Havia um buraco aqui.

A última família aqui, os Darby,

foram expulso com fogo em 1922.

-Porque foram expulsos com fogo?
-Ele tinha uma má reputação

nesta zona, como senhorio, e em 1922,

o batalhão local de soldados
veio até cá e acendeu um fósforo

e ateou fogo à casa.

Porque é que a compraste?
O que te atraiu nela?

-Um ataque de loucura, foi isso.
-Pois.

Adoro as escadas em que subimos de gatas.

Podemos ver porque construíram
o castelo aqui,

podemos ver, literalmente,
tudo o que se aproxima.

Sim.

É conhecida por Aghancon,
a planície dos cães de caça.

Em meados do século XV,
isto era uma cidade.

Chamava-se Ballycarroll ou Ballycarrull.

Tinha uma licença para um mercado de gado.

Por isso, era um local importante.

Dizias que eram um clã
particularmente sanguinário.

-Eles lutavam contra todos.
-Contra todos. Sim.

Também lutavam entre eles.

Com uma história de batalhas sangrentas
e mortes terríveis,

não surpreende que o Castelo de Leap
seja conhecido

pelas suas assustadoras
aparições fantasmagóricas.

-Bom!
-Esta é conhecida como Capela Sangrenta.

-Esta é a Capela Sangrenta?
-Capela Sangrenta.

Acho que não vai ter um final feliz,

mas como é que uma sala
acaba a chamar-se de "Capela Sangrenta"?

Pelos vários acontecimentos documentados
que tiveram lugar aqui.

-Quando dizes, "acontecimentos..."
-Muitos.

Quando dizes "acontecimentos"
estás a falar de mortes...

-Assassinatos, sim.
-Certo.

A entrada para o oubliette era aqui.

O que é um oubliette?

Oubliette...

Parece... Eu não falo francês,

mas vem da palavra francesa "esquecer".

Quando se entrava ali,
não havia como sair.

Então, eramos trazidos aqui
e enfiados ali?

E enfiados ali.
Sim. Empurrados para baixo.

-Ainda ali está e está aberto.
-Aquela é a abertura?

Quando alguém importante
estava ali em baixo,

abriam a escotilha
e vinham para aqui comer

quando o outro
estava a morrer à fome lá em baixo.

Lembra-me só, moras aqui?

-Moro. Sim.
-Muito bem.

No século XVI,

os O'Carroll estavam constantemente
em guerra com os Butler de Ormonde.

Os O'Carroll convidaram mercenários
do norte de Sligo,

um subtipo de O'Neill,
os MacLachlan do norte.

Diz-se que vieram 29.

De qualquer forma, depois da campanha,
eles convidaram os MacLachlan,

29 deles, para virem até cá
e a história é que envenenaram o vinho

e mataram todos os 29,
em vez de lhes pagar.

Ora aí está. Muito obrigadinho.

No século XV,

os irlandeses tomaram
a arte de construção de castelos para si.

Fora de The Pale, as suas casas em torre

eram os lugares de poder
dos clãs irlandeses,

de onde podiam governar
os seus mini impérios.

E estes novos castelos, construídos
numa escala mais reduzida

do que as estruturas anglo-normandas
originais, ainda hoje são casas

para aqueles com temperamentos especiais.

Penso que tem de se ser um certo tipo
de pessoa para querer morar num castelo.

Não digo que tem de se ser maluco.

Penso que se tem de ter,
como posso dizer,

um temperamento romântico.

Tem de se interessar
pela história e o passado

mais do que pelo presente e o futuro.

São difíceis de melhorar.

Não se podem instalar
extensões confortáveis.

São impossíveis de aquecer

e devemos passar o dia,
cima a baixo, a limpar o pó.

Castelo de Clonony

Os americanos adoram um castelo.

A professora de Ballet, Rebecca Armstrong,

apaixonou-se pela mística do
Castelo de Clonony, no condado de Offaly,

construído por volta de 1500
pelo clã MacLachlan.

Ela está feliz por adaptá-lo
às necessidades do século XXI.

O que me rodeava
sempre foi importante para mim.

Têm de ser estéticos e diferentes.

Já o tinha visto muitas vezes,
a caminho de Clonmacnoise.

Mas um dia vi o sinal "Para venda"

e pensei: "Bem, isso
permite-me saltar o portão

"e dar uma vista de olhos."

E quando entrei e vi
todos estes pequenos quartos,

pensei: "Tenho de ter isto."

Todas as torres medievais fortificadas
eram construídas de forma semelhante.

Geralmente, à esquerda da porta da frente,

havia a sala dos guardas.

Se entrasse por aqui

o guarda seria
a primeira pessoa a apanhá-lo

e atacá-lo-ia com a sua espada
antes que chegasse às escadas.

Há também um buraco da morte
mesmo por cima de nós.

Por isso era um duplo sarilho.

Renovar um castelo é um projeto tremendo,

com diversas regras estritas
em relação à sua conservação.

Desde o início, todos concordámos,
as direções do património e eu própria,

que queríamos que se parecesse,
o mais possível, com uma ruína.

Porque assim que os começamos a renovar
é uma linha impossível de marcar.

É quase esculpir
quando temos de substituir uma pedra

e fazer com que pareça
que nunca saiu dali.

Porque não podemos colocar
parafusos nas paredes.

Não podemos fazer nada parecido.

Podíamos tirar isto
e até retirar as escadas

e podíamos fazer com que voltasse a ser
uma ruína numa semana.

Mas enquanto nós gostamos
de receber no quarto bom,

que normalmente é lá em baixo.

Nas torres de menagem, como Clonony,
os melhores quartos são em cima.

De forma a chegarmos ao primeiro andar,

teríamos de ser um membro da aristocracia.

Teríamos de ser do mesmo nível social
do senhor do castelo.

Por isso,
isto era feito para impressionar.

Por isso é que temos
todas as nossas boas coisas neste nível.

E ao subir a torre,
as coisas ficam ainda mais finas.

Imagino que mal pode esperar
para ver o último andar.

Este é o meu quarto favorito.
Agora é o meu quarto.

Mas até este ano,
por motivos de angariação de fundos,

era uma sala de aulas de dança.

A minha coisa favorita é a lareira,
que, na realidade, é um chuveiro.

Estiveram cá uns rapazes,

e os rapazes não gostam
de banhos e duches,

mas mal podiam esperar
para tomarem um duche na lareira

para poderem dizer aos amigos no regresso:

"Ficámos num castelo
e tomámos duche numa lareira."

Viver num castelo
só funciona para pessoas

para quem a estética é mais importante
do que as comodidades.

E eu não me importo, porque vivo sozinha,

vivo de forma simples
e não como muito.

Para mim funciona.

Adoro levantar-me de manhã
e olhar para a vista lá fora.

É um bom começo de dia.

Mais perto de Dublin,
o controlo inglês era mantido

pelas grandes famílias
como os Fitzgerald de Kildare,

quem no século XVI,
representavam o poder no país.

Cinquenta anos depois da invasão
anglo-normanda da Irlanda,

o castelo foi construído aqui
por Maurice Fitzgerald.

Os Fitzgerald viriam a ser

uma das famílias mais importantes
em todo o The Pale.

Eles eram os governadores da Irlanda.
Eram condes de Kildare.

O Castelo de Maynooth era descrito como
uma das mais luxuosas casas senhoriais

em toda a Irlanda e Inglaterra.

Todo os poder, todos os grupos,
toda a administração

girava à volta do Castelo de Maynooth.
Era grande o suficiente, como se vê,

mas o que resta, penso,

são a torre do portão e a torre solar.

A torre principal, que era enorme,

e algo na linha do Castelo de Trim,

Mark Leslie
Arquiteto Narrativo

foi destruída nas guerras confederadas.

Em 1500, o poder dos condes
era tão grande

que, na realidade, o castelo era o centro
do poder político da Irlanda.

Mas a sorte muda depressa
e apenas 35 anos depois,

seis dos Fitzgerald
estavam na Torre de Londres,

prestes a serem executados por traição.

Garret Óg Fitzgerald
era o governador adjunto da Irlanda,

bem como
tinha assento no conselho de estado,

o parlamento da altura.

O conselho dava algum controlo aos
anglo-irlandeses sobre assuntos internos,

e na década de 1530, o conselho reuniu-se,
não no Castelo de Dublin,

mas na Abadia de St. Mary
sobre o Liffey, no lado norte.

O que achas deste local?

Esta é uma pérola escondida.

É uma pérola escondida
e é uma ligação direta

à grande fundação cisterciense
da St. Mary,

que foi fundada em 1139.

E esta sala maravilhosa, com o seu teto
abobadado e nervuras

remontam a perto do ano de 1180.

Porque é que esta sala
teve um papel tão importante

na queda dos Fitzgerald?

Bem, os Fitzgerald eram a família nobre
mais poderosa da Irlanda.

E, claro, se se é assim tão poderoso,
podemos ter problemas,

Pat Liddy
Historiador de Dublin

porque Henrique VIII, Rei de Inglaterra,
começava a suspeitar deles.

Porque faziam o que queriam?

Pode ter pensado que teriam passado
para o outro lado,

contra ele.

-Pois.
-Talvez tivessem apoiado o lado errado

durante as várias guerras
pela sucessão ao trono de Inglaterra.

E Henrique não esquecia, certo?

Henrique tinha uma muito boa memória.
Uma memória formidável.

Garret Óg, que na altura
era o chefe de família, se quiseres,

e o governador adjunto da Irlanda,
foi chamado a Londres

-para uma reunião.
-Para prestar contas?

Para responder a acusações
que tinham sido feitas contra ele.

Mas foi colocado na Torre de Londres.

Isso foi traduzido em sua casa

como metido na Torre de Londres
e decapitado.

Não há maneira de corroborar isto.

O seu filho, agora o governador adjunto
interino da Irlanda...

Acha que o pai...

Acha que o pai foi assassinado
na Torre de Londres.

Assim, sai a cavalo
do seu castelo luxuoso em Maynooth

entra no conselho de estado,
que se reunia nesta sala,

todos sentados à espera pela reunião

que ele vai presidir,

e ele irrompe pela sala,
todo temperamental,

e bate com a espada de estado na mesa,

e diz: "Estou em guerra
com Henrique VIII."

E sai a correr.

Adoro o facto de ter começado
com um "telefone estragado" e paranoia.

Adoro!

Leva a cabo uma guerra...

-Sim...
-...com base nisso.

Com os cidadão contra ele,

Thomas tinha de entrar à força na cidade
cortando o fornecimento de água,

lançando cerco ao Castelo de Dublin
com os seus soldados e canhões.

No entanto, tiveram, pouco efeito
nas resistentes muralhas.

Thomas atacou o portão exterior,

MURALHA E PORTA DA CIDADE DE DUBLIN
1240 D.C.

O Novo Portão, como era chamado,
em Calmark na James' Street.

Os seus canhões eram pequenos demais
para terem impacto no portão.

Então, moveu-se para Ship Street,

que foi o mais perto que um atacante já
ficou do Castelo de Dublin e das muralhas,

e falhou.

-Ship Street?
-Ship Street.

-Meu Deus, ele ficou perto, certo?
-Muito perto.

Quanto tempo demorou do início ao fim,

-na sua tentativa de tomar Dublin?
-Uns dois dias.

-Só isso...
-Só isso, sim.

A rebelião foi
um erro de cálculo tremendo

e os cidadãos de Dublin,

ouvindo que Henrique ia enviar
o seu exército para recuperar o controlo,

voltaram-se contra os atacantes,

chacinando-os eles mesmos
ou entregando-os ao castelo.

No inverno, a maioria
dos apoiantes de Thomas abandonou-o,

e em março, o exército inglês avançou
sobre o seu castelo principal em Maynooth.

Depois de terem incendiado a cidade,
atacaram o castelo,

e depois de 10 dias de cerco,

durante o qual, o castelo foi bombardeado
usando os mais recentes canhões de cerco,

o castelo foi invadido.

A guarnição foi capturada e foi executada
aqui, nos portões do castelo.

Silken Thomas e os seus cinco tios
foram levados para a Torre de Londres

e foram executados como traidores.

A decisão de Henrique VIII de se separar
da sua primeira mulher, Catarina,

significou que tinha de se separar de Roma
e da igreja católica.

O parlamento inglês
aprovou os seus planos

e aprovaram leis que tornavam
um crime a lealdade ao Papa.

Iniciou-se a reforma

e isso teria
um efeito profundo na Irlanda.

Os irlandeses tinham duas opções,

ou alinhavam no esquema ou rebelavam-se.

Sem surpresas, escolheram a segunda.

Henrique VIII era um governante volátil.

Depois de ordenar a decapitação
da sua segunda mulher, Ana Bolena,

a família Bolena caiu em desgraça.

Ana Bolena foi acusada pelo rei
de vários crimes de traição,

Dra. Gillian Kenny
Investigadora, Universidade Trinity Dublin

incluindo, dormir com o irmão dela
e com outros homens.

Enganar o rei era traição,

então, foi executada.

Como todos sabem,
o efeito no clã Bolena foi catastrófico.

O seu irmão foi igualmente executado.

E a família caiu em desgraça,

coisa que podia ser muito perigosa
na corte dos Tudor.

O que os vemos a fazer é, simplesmente,
manterem-se discretos.

Essencialmente, esconderam-se.

Duas das suas primas
fugiram para a Irlanda para se esconderem

e parece que encontraram
o seu caminho até Clonony.

Havia duas senhoras,
Maria e Isabel Bolena, cabeças intactas,

e foram enviadas para cá por segurança,

porque nessa altura
era muito perigoso chamar-se Bolena.

Ficar marcado significa
que ninguém pode falar com elas.

Estas senhoras viveram vidas longas,
nunca casaram

e quando uma morreu,
diz-se que a outra saltou da torre.

Por causa do suicídio, não puderam
ser enterradas em solo sagrado.

Por isso,
foram colocadas juntas na pedreira,

porque queriam ficar juntas.

Penso que estas senhoras
devem ter tido uma vida muito isolada.

E neste sentido, penso que muito triste.

Pode ser-se privilegiado e pobre
ao mesmo tempo.

E penso que as suas vidas foram difíceis,
deste ponto de vista,

e consigo compreender

porque a outra irmã
não queria continuar sozinha.

As rebeliões irlandesas
dos séculos XV e XVI,

assistiram a uma segunda vaga
de construções no país,

com os chefes irlandeses a desenvolverem
o seu próprio tipo de castelos.

Estas casas em torre permitia-lhes atacar,

bem como defender-se das forças da Coroa.

E quando a reforma atirou protestantes
contra católicos para a mistura,

a política irlandesa
tornou-se ainda mais tensa.

Mas atacar os ingleses
requeria uma força de guerra

e os irlandeses tinham dificuldades
em igualar os números dos invasores.

Os irlandeses não tinham
um exército regular.

Um exército regular é algo
a que associamos,

com os séculos XVIII e XIX,
particularmente com o XIX e XX.

Estes são grandes exércitos
a tempo inteiro.

Lar Joye
Museu Nacional da Irlanda

Temos o recrutamento obrigatório
ou um exército profissional.

Nesta altura, formam-se exércitos
quando são necessários.

Pensava que os mercenários
eram uma coisa recente.

Soldados que veríamos a lutar
em Sarajevo, no Kosovo ou em África.

Não sabia que os irlandeses pagavam
a soldados para lutar contra os ingleses

nos séculos XIV e XV.

Nesses dias, os melhores
e mais eficiente mercenários

chamavam-se gallowglass
e vinham da Escócia.

E ninguém se metia com estes rapazes.

O termo gallowglass
é um código para Gallogly,

que significa "os jovens estrangeiros."

Eles eram descendentes de viquingues
que se fixaram na área.

Eles eram muito bem treinados.
Estavam bem armados.

Tinham os seus próprios chefes.
E também teriam armaduras.

Estes mercenários vieram para a Irlanda

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

e formaram as tropas de choque
dos irlandeses da Irlanda medieval.

As mulheres tinham gallowglass
como parte dos seus dotes,

e se casassem,

podiam levar com elas
os seus mercenários,

e muito importante, segundo a lei local
as mulheres controlavam o seu dote.

Isso significava que quando fosse
para o seu novo marido,

ela poderia ter cerca de 100
mercenários sob seu comando,

Dra. Gillian Kenny
Investigadora, Universidade Trinity Dublin

que podia ser
muito importante para o marido,

mas que também significava
que o marido não a ia trair.

As mulheres tinham muito poder político.

O que era tão distinto nos gallowglass?

O que fazia deles os melhores?

Se formos escolher apenas uma coisa

que distinguisse os gallowglass,

diria que seria o machado.

Dave Swift
Sociedade de Historia de Claíomh

Tinham um tipo de machado especial
chamado sparthe

e tinha uma lâmina direita longa e afiada.

Afiada como a de um sapateiro,
de acordo com Richard Stanihurst,

que era um contemporâneo de Dublin
nessa altura.

A espada era uma arma secundária,
neste caso em particular.

Mas para muitos guerreiros
seria a arma principal.

Com duas lâminas e leve,
era muito eficaz numa luta de toca e foge,

que era comum na Irlanda gaélica
nos séculos XV e XVI.

Eles levavam uma de cada lado?

Não necessariamente.

As espadas eram caras,
mesmo para um gallowglass,

alguns deles podiam usar o sgian
como arma secundária principal,

que era a arma tradicional irlandesa
para lutas.

Tinha uma lâmina, mas uma ponta muito
pontiaguda que podia ter sido usada

para perfurar
as pequenas ligações da armadura.

-Uma arma muito mortal, certo?
-Um bom golpe descendente.

Sim, muito mortal.

Penso que tem origem
no século XIII ou XIV, talvez antes,

mas foram usadas até ao século XVII.

Algumas referências até falam
que eram atiradas em combate.

Fala-me dessa cota de malha, Davis?

É feita de quê?

Basicamente é feita de 30.000
elos metálicos individuais.

Estima-se que, por exemplo,
em termos de trabalho e despesas,

uma oficina de seis pessoas

produziria, talvez,
duas ou três destas por mês.

30.000 elos em cada uma.

Castelo de Dunluce

Na costa norte de Antrim,

Dunluce deve ser um dos castelos
mais espetaculares da Irlanda.

Contruído originalmente
pelos anglo-normandos,

ficou rapidamente
nas mãos dos MacDonnell,

um clã de temerários gallowglass
da Escócia,

conhecidos pelas suas raízes viquingues.

Hector MacDonnell,
cujo pai foi o 13º conde de Antrim,

faz parte de uma linhagem
que recua até ao selvagem clã MacDonnell.

Quando andamos de lá para cá
entre aqui e a Escócia,

falamos a mesma língua.

Viajamos de barco.

Viajar por terra era uma tortura,

Hector McDonnell
Pintor e Historiador

porque não havia boas estradas.
Demorava uma eternidade.

Se se atolava, morria-se de doenças.

Os MacDonnell não eram apenas mercenários,

tornaram-se agentes, contratando
os gallowglass para outras famílias.

Os MacDonnell tentavam controlar
a costa de Antrim,

porque estavam envolvidos
no negócio da importação-exportação.

Eles importavam estes guerreiros a pedido

das famílias nativas, e por vezes
por ingleses, para lutarem por eles.

E era um negócio muito simples
que eles montaram.

E uma das razões de encontrarmos
MacDonnell por toda a Irlanda

é que eles era representantes da família

e os chefes locais diziam: "Preciso
de guerreiros para o ano."

E eles diziam: "Está bem, nós arranjamos."

Os locais odiavam isso,
porque tinham de albergá-los.

Cada família a viver
na propriedade ou território do chefe

tinha de albergar
uma destas famílias de gallowglass,

que provavelmente tinham-nos
fora de casa, tenho a certeza.

Era assim que o sistema funcionava.

Era, de certa forma,
a desintegração do mundo normando.

Sorley Boy MacDonnell foi o chefe escocês

que primeiro atravessou o mar de Antrim,

introduzindo o clã
como uma presença forte e independente

na costa norte selvagem.

A primeira figura importante em Dunluce
foi Sorley Boy.

Sorley "Bui", que é bui,
significa amarelo.

John Hamilton
Contador de Histórias

Podemos imaginá-lo
tendo longos cabelos loiros.

E com as suas raízes viquingues,
o cabelo loiro não é uma surpresa.

Penso que ele era um nobre bárbaro,
se podemos dizer isto.

Era um homem do seu tempo.

Ele falaria irlandês,
porque era a língua da altura.

Novo Gaélico era um dialeto.

Sorley estabeleceu e consolidou

o território dos MacDonnell.

Havia constantes batalhas
com o clã O'Neill

durante todo o reinado de Sorley Boy.

E, claro, com os ingleses
quando lhes dava jeito.

Alguns monarcas ingleses
não tinham interesse na Irlanda.

Durante anos deixavam-na em paz

para avançar com as coisas
e para governar o seu próprio reino.

Outros achavam que tinham de se afirmar.

E Isabel I foi uma delas.

Sorley Boy foi constantemente
um espinho encravado.

Ele era selvagem. Era desobediente.

Era orgulhoso e independente.

Um pouco como ela, na realidade.

E o século XVI seria marcado
pela luta constante entre as suas forças.

A Irlanda era muito difícil
de capturar por inteiro.

Os anglo-normandos tinham falhado.

Os romanos não vieram
para a Irlanda, penso,

porque olharam para isto e disseram:
"Não íamos conseguir conquistá-la toda.

"Não vale a pena o investimento."

Mas Isabel estava determinada
a reunificar toda a Irlanda

como um reino sob governo inglês.

Isabel via os MacDonnell como rebeldes,

e em 1573, enviou o Conde de Essex
para subjugar Sorley Boy.

Numa ocasião,

ele sabia
que ia ser atacado pelos ingleses

e era o Conde de Essex,

que era um dos queridos da Rainha Isabel.

Sorley Boy cometeu o erro de pensar
que ele viria por terra

e levou todas as mulheres e crianças

OS MCDONNELL DE ANTRIM
ANGELA ANTRIM

para Rathlin, uma ilha perto da costa,

para os proteger, basicamente.

Ele não pensou no que o Essex
na realidade fez. Ele tinha umas fragatas.

Ele atracou em Rathlin
e passou um tempo maravilhoso

e matou todas as pessoas que encontrou.

E eram todos mulheres e bebés. Foi uma...

Foi um comportamento vergonhoso.

E supostamente Sorley Boy
estava no continente no penhasco

a ver o que estava a acontecer às...

A todas as suas conterrâneas desprotegidas
a às suas crianças.

Quando Isabel I chegou ao poder,

teve de enfrentar
muitos problemas na Irlanda.

Os irlandeses tinham resistido às reformas

e a todas as tentativas para os forçar
a aceitarem o protestantismo,

e estavam a ficar ressentidos das suas
tentativas de os governar pela força.

A maior parte da aristocracia local,

fossem eles irlandeses nativos
ou ingleses, permaneceram católicos,

o que os punha em confronto com a Coroa.

No final do século XVII,

todas essas famílias viram as suas terras
e fortuna confiscadas.

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

Uma rebelião era previsível,

e o instigador seria
um dos outros homens selvagens do Ulster,

Hugh O'Neill.

E para enfurecer ainda mais Isabel,

ele virou-se para a Espanha católica
para pedir ajuda.

Muitos dos senhores irlandeses
começaram a pensar em rebelar-se.

Viraram-se para O'Neill,

Eleanor Morrissey
Gestora, Castelo de Cahir

que era visto como uma das figuras
mais carismáticas da altura,

sendo também um político
extremamente astuto e um estratega.

Viraram-se para ele para liderá-los

e foi ele que liderou
a rebelião contra a Coroa.

Todo este período é chamado de
A Guerra dos Nove Anos.

A Rainha Isabel virou-se
para o filho do primeiro Conde de Essex,

o segundo conde de Essex, Robert Devereux,
para travar a rebelião.

Essex liderou a maior força
alguma vez enviada para a Irlanda.

16.000 homens desembarcaram em Dublin

com ordens para acabar com a insurreição.

O Castelo de Cahir, em Tipperary,
estaria no centro deste drama.

Castelo de Cahir

Esta fortaleza imponente
era tão bem defendida,

que nunca tinha sido atacada.

Mas o cerco de 1599
iria por isso tudo à prova.

Construído numa ilha, nas margens do rio,
o Castelo de Cahir não precisava de fosso.

O próprio rio mantinha o inimigo fora.

De facto, havia tão pouco espaço
na ilha para atacantes,

que era quase impossível de invadir.

Por essa razão, o Castelo de Cahir,
com as suas muralhas grossas e torres,

ganhou rapidamente a reputação
de ser inexpugnável.

Eles tinham uma excelente defesa.

E a primeira coisa que temos aqui,
mesmo por cima da porta,

um cadafalso.

O nome original é mâchicoulis,
que vem do francês,

e que significa quebra-pescoços.

Edmund Power
Guia, Castelo de Cahir

Mâchi quer dizer "partir"
e col é "a parte detrás do pescoço".

E era isso que acontecia.

Podem vê-los espalhados
pelas muralhas exteriores do castelo.

Para efeito máximo,
eram colocados por cima das portas,

como esta aqui, ou num canto.

Esta saliência aqui
é uma casa-de-banho medieval.

É conhecido como garderobe, veem?
Garderobe em francês é guarda-roupa,

ou armário para roupas.

Todos os dejetos caiam para aqui.

Era limpo apenas uma vez por ano.

Descobriram, passado um tempo,

que não só deixava um cheiro terrível

como emitia um gás chamado amoníaco,

que ainda hoje é usado na limpeza a seco,

e todo esse amoníaco subia pelo edifício,

e as senhoras penduravam ali
as suas roupas à noite

quando iam dormir e claro,
como os franceses dizes, voilá.

Todos os insetos, piolhos
e os rastejantes eram mortos.

Agora estamos na área de armadilha
do Castelo de Cahir.

O nome é bem dado
porque as pessoas que ficavam presas aqui

não tinham por onde sair.

Eles mantinham a grade para cima

e deixavam que as tropas
entrassem por aqui.

Podem pensar
que era uma coisa muito estúpida.

As tropas, de repente, percebiam
que não podiam avançar mais,

porque aqui havia
uma pesada porta de madeira.

E claro, nos cinco segundos que demora

a perceber que se cometeu um erro grave,

a grande caía por trás deles.

Em vez de ir para norte
para combater Hugh O'Neill,

Essex decidiu marchar primeiro para sul.

Assim, Essex e o seu exército
marcharam até Clonmel

que fica a 16 quilómetros de Cahir.

Também chegava a Clonmel por barco
a sua artilharia pesada,

um canhão e uma colubrina.

Por isso, a primeira coisa a fazer
era levar a artilharia pesada

de Clonmel para Cahir.

E isso não era fácil,
porque eles não tinham cavalos

nem carroças
para fazer este trabalho pesado.

Isso significava
que tinham de arrastar tudo à mão.

E são 16 quilómetros.

Deve ter sido um grande sarilho.

Apesar do castelo fazer parte
da propriedade do leal Lorde Cahir,

na altura da rebelião,

estava nas mãos
do seu irmão, James Galdie,

e ele apoiava a rebelião.

Ele recusou-se a entregar o castelo
às forças da Coroa.

O Lorde Cahir foi enviado à frente
para falar com o seu irmão.

E de acordo com testemunhas da altura,

eles insultaram-se um ao outro
tanto em inglês como em irlandês.

James Galdie
recusou-se a entregar o castelo,

e, eventualmente, foi necessário

virar a atenção do canhão e da colubrina
contra as suas muralhas.

O canhão e a colubrina,

as duas peças de artilharia pesada
usadas durante o cerco,

nunca teriam sido usadas aqui em Cahir.

E provaram ser muito eficazes.

Os cerca de 80 habitantes do castelo,

foram mortos quando investiram
durante o cerco.

James Galdie, o irmão do Lorde Cahir,
escapou com alguns dos seus seguidores,

nadando por baixo da roda do moinho
e atravessando o rio.

No entanto, os que se mantiveram
no interior entregaram o castelo

às forças da Coroa e ao Conde de Essex,

não sem que as muralhas leste do castelo

tenham sofrido grandes danos.

Temos uma pequena lembrança
desse cerco de três dias.

Se olharem para aqui, três quartos
para cima, o interior do garderobe,

desde esse dia, há 414 anos,

podem ver aquela bala de canhão
alojada na muralha.

Excetuando este sucesso em Cahir,

a campanha de Essex na Irlanda
foi um desastre.

Perdeu milhares de tropas,

tanto em batalha
como de disenteria e tifoide.

No entanto, o seu maior erro
foi ter aceitado as tréguas com O'Neill

sem a permissão de Isabel.

Ele conseguiu, se quiserem,
arrefecer o fogo da rebelião em Munster.

Dr. Pádraig Lenihan
Departamento de História, NUI Galway

Isso não era suficiente e a sua campanha
foi... Certamente por Isabel...

No final acabou por ficar sem cabeça
por causa dela,

porque ela considerou-a
uma desilusão tremenda

dado todos os recursos empregues
e todas as esperanças que tinha em Essex.

A guerra não tinha terminado.

O'Neill comunicava
regularmente com Espanha.

E dois anos mais tarde, em 1601,

muitos milhares de tropas espanholas
juntaram-se a O'Neill em Kinsale.

Com uma nova ameaça
da equipa conjunta de Espanha e Irlanda,

chegou a altura de Isabel
colocar em jogo a sua melhor esquadra,

enviando o Lorde Mountjoy como capitão
da nova equipa inglesa.

O'Neill marchou sobre as linhas inglesas.

E fê-lo durante a noite.

Quando o dia nasceu sobre a área
onde ele esperava chegar,

tinham-se perdido.

Mountjoy viu a sua oportunidade.

Mandou a sua cavalaria atacar,
dispersando-os,

e tudo acabou em meia hora.

A derrota em Kinsale viu o fim
da campanha contra o controlo inglês

que tinha marcado os últimos 70 anos.

Quando muitos dos líderes irlandeses

fugiram de barco da Irlanda para sempre
na Fuga dos Condes,

os dias dos reis e lordes irlandeses
independentes terminou.

A Fuga dos Condes foi um acontecimento
crucial na história irlandesa.

Ao fugirem, todas as suas terras
puderam ser confiscadas,

deixaram a sociedade nativa sem líderes

e deu a Jaime, o novo rei,

a oportunidade de implementar
um dos seus esquemas visionários,

que é um projeto britânico,
a plantação do Ulster.

Um dos lordes irlandeses que ficou,
jurando fidelidade à Coroa,

foi o sucessor de Sorley Boy,
Randal MacDonnell.

Randal foi até Carrickfergus

e sugeriu que se podia render.

E levaram a cabo o processo normal,

Hector McDonnell
Pintor e Historiador

que implicava a rendição e uma devolução,

que significava
que se entrasse como chefe tribal

ser-lhe-ia devolvido
todo o território tribal

como se a propriedade fosse sua.

Transformava-se num grande latifundiário

rendendo-se aos ingleses.

333.000 hectares, estendendo-se
do Larne até Coleraine,

e os direitos ao território dos restantes

desapareciam durante o processo.

Quando chegou a altura,
ele comprou o título...

Não lhe foi dado um título.

Foi o preço que pagou por ter participado
em várias rebeliões e assim...

Foi o preço a pagar por ser
um membro aceitável da sociedade.

De maneira a integrar os MacDonnell
na aristocracia,

Randal enviou o filho, Randal Óg, à corte
do Rei Jaime para encontrar uma mulher.

Ali conheceu Katherine Manners,
a jovem viúva do Duque de Buckingham.

Os dois apaixonaram-se,

e casaram,
apesar da desaprovação da corte.

Deixou uma vida confortável em Londres,
a sua posição na corte do rei,

uma vida de luxo e privilégios,
para ir viver,

no que deve ter sido,
um dos mais selvagens castelos da Irlanda.

E tudo, ao que parece, por amor.

Ela trouxe muitos dos seus bens pessoais

de muitas das casas
que o seu marido tinha em Inglaterra,

incluindo, qualquer coisa como,
1.200 metros de tapeçaria...

É mesmo muito.

Mais do que poderia pendurar
numa casa como Dunluce.

Devem ter sido enfiadas no sótão.

Só podemos imaginar o que a Lady Katherine

deve ter pensado da sua nova casa
e dos seus novos vizinhos irlandeses.

Há muitos mitos coloridos
sobre o seu tempo aqui.

Reza a história que numa noite violenta
de novembro, em 1639,

estava a decorrer um banquete
e havia uma tempestade lá fora

John Hamilton
Contador de Histórias

e quando os convidados jantavam
ouviu-se algo a cair.

A Katherine volta a correr e pede
muitas desculpa aos seus convidados,

dizendo que não haveria pudim.

Ela era demasiado bem-educada
para informar os convidados

que a cozinha tinha caído ao mar,

levando a maioria dos empregados com ela.

Não há qualquer prova
de que algo tenha caído nessa altura.

O castelo parece uma ruína,
porque, depois de terem sido expulsos,

Cromwell colocou no terreno
muitos dos seus soldados não pagos

e eles, compreensivelmente,
pilharam o local.

Tiraram tudo o que tinha valor,

incluindo todas as pedras
e deixaram-na em muito mau estado.

E foi assim que chegou a este estado.

Quando a guerra civil
estalou em Inglaterra,

o catolicismo de Katherine e de Randal
colocou-os no lado perdedor.

Falidos, forçam expulsos de Dunluce
para Waterford,

onde Randal usou
o seu talento para a sobrevivência,

tornando-se pirata no Canal de Bristol

OUTRAS HISTÓRIAS DA IRLANDA

e depois ajudando o Rei Jaime
a escapar de Inglaterra.

Katherine, por seu lado,
não sobreviveu a estes tempos tumultuosos.

"A minha boa mulher morreu
na cidade de Waterford de disenteria

"num sábado entre as 7:00 e 8:00,

"sendo o terceiro dia de novembro de 1649.

"E nesse mesmo ano o Rei Carlos I
foi decapitado pelo parlamento inglês

"diante do portão da sua corte
em Whitehall.

"Nessa altura, o General Cromwell
cercou Duncannon

"mas pouco depois, levantou o cerco.

"Peço a todos que leiam este livro

"que digam três Avés pela alma
da Duquesa de Buckingham."

Faz-me querer chorar.

São as palavra de alguém
que amou a sua mulher.

O fim do século XVI e a Fuga dos Condes

viu a nobreza irlandesa
espalhada pela Europa.

Parecia que os nossos invasores
estavam em ascensão

com a língua e as leis inglesas
a prevalecerem finalmente.

No entanto, a paz não iria durar muito.

O século XVII veria a Irlanda
devastada por rebeliões

e a tornar-se na campo de batalha
de guerras inglesas e europeias.

Seria o nosso século mais sangrento

e os castelos irlandeses permaneceriam
no centro através dele.