All language subtitles for Tales of Irish Castles (2014) t01e02

Os castelos são os nossos monumentos
mais dramáticos da Idade Média,

construídos como monumentos
ao domínio e ao poder.

Espalhados pela paisagem irlandesa,

estas construções ancestrais,
com grandes muralhas e torres altas,

não deixam dúvidas
sobre a sua missão militar e defensiva.

Espero termos trazido uma escada.

Os aristocratas anglo-normandos
que invadiram a Irlanda no século XII

construíram os seus castelos
para controlar e intimidar os irlandeses.

Após a consolidação do domínio inglês,

os castelos serviram
como centros administrativos,

guarnições e prisões,

bem como luxuosos lares
para os senhores ingleses.

Nesta série, vou contar-vos histórias
sobre cercos dramáticos,

batalhas sangrentas,
estilos de vida luxuosos,

assombrações,

famílias em conflito e senhores feudais.

Afinal, a história dos castelos irlandeses
é a história da própria Irlanda.

A invasão anglo-normanda da Irlanda,
em 1169,

fora rápida e eficaz.

Em dois anos, a maioria
dos chefes irlandeses tinha-se rendido.

A curto prazo, de qualquer modo,
a Henrique II, o seu novo governante.

Por toda a costa oriental,
em lugares-chave à volta de Dublin,

começaram a construir castelos.

Essa zona, conhecida como Pale,
seria a sede

de onde esperavam conquistar a ilha toda.

Muitos desses primeiros castelos
foram construídos por cavaleiros

cuja lealdade era sempre uma preocupação
para um rei com sede em Londres.

O que Henrique II precisava

era de uma rede de castelos
que pudesse controlar.

E quem melhor para supervisionar
esse importante plano de construções

que o seu filho, João.

O rei Henrique tornou o seu filho, João,
senhor da Irlanda.

Enviou-o para cá para os controlar.

E João passou seis meses na Irlanda,

a construir castelos em nome da coroa,

em Carrickfergus, Limerick,
Trim e Dublin.

Que se iria tornar o centro
do governo inglês na Irlanda,

sede do representante do rei,
que seria os seus olhos e ouvidos.

E, claro, o seu punho e bota.

Strongbow tinha mostrado que a Irlanda
era canja para um cavaleiro ambicioso.

Com o sucesso veio a possibilidade
da independência,

de lhe serem oferecidas terras suficientes
para se tornar um pequeno senhor,

o chefe de um clã abastado.

A Irlanda era a terra das oportunidades.

E o cavaleiro anglo-normando
era uma força a ter em conta.

Os cavaleiros eram máquinas de lutar
por excelência.

Treinados desde a infância,
eram exímios arqueiros.

Montavam a cavalo e lutavam com espadas.

Ninguém quer arranjar
uma briga com um cavaleiro.

Dr. Gillian Kenny
Investigadora, Trinity College Dublin

Em muito boa forma,
e provavelmente, bastante musculados.

Tinham treinado para ser cavaleiros desde
muito jovens, desde os quatro ou cinco.

Começariam o treino por essa altura.

Têm muita força
na parte superior do corpo.

E ao mesmo tempo,
temos as Cruzadas no Médio Oriente.

Os cavaleiros e,
principalmente, os senhores

Lar Joye
Museu Nacional da Irlanda

são vistos como a elite, porque...

Não se trata só
de montar a cavalo e ir lutar.

É necessário muita habilidade e treino.

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

Por isso, eram as máquinas de lutar
por excelência da Europa medieval.

Eram quase gladiadores.

E quando esses gladiadores
derrotavam um senhor irlandês,

construíam enormes castelos
para controlar as terras.

A Irlanda ia experienciar
o seu primeiro boom na construção.

E, no século XIII, aplicavam-se
as mesmas três regras de hoje.

Tem tudo a ver com localização,
localização e localização.

Estes homens veem a topografia local

e escolhem sítios mesmo bons.

Basicamente, a administração aumenta.

Os senhores querem mais funcionários
a trabalhar para si.

Precisam de ter casas.

Kieran O'Conor
Departamento de Arqueologia, NUI Galway

Assim, os castelos ficam mais complexos
enquanto casas,

estruturas defensivas
e em termos de arquitetura.

Muitas vezes, apenas aproveitaram

locais onde senhores irlandeses
ou vikings já tinham construído.

Mas havia bastantes clãs lá fora

e não queriam lutar contra todos.

O plano B, ou "Baza conhecer as celtas",

permitiu-lhes uma integração mais fácil
no local.

Os irlandeses casaram sempre as filhas
com invasores atraentes,

como forma de proteção política,

e com esses casamentos,
foram criadas grandes dinastias.

Um rei irlandês podia ter várias mulheres

e dezenas de filhos.

É-lhe bastante fácil
arranjar muitos casamentos

com os recém-chegados.

Eles criavam ligações familiares
e é muito interessante

porque é bastante difícil

para os irlandeses
entrarem em guerra com a irmã.

Uma dinastia que estabeleceu
uma forte sede de governo em Pale

foi a família Luttrell.

Nas margens do rio Liffey,

a meia hora da cidade de Lucan,

fica o lindo Castelo de Luttrellstown.

O castelo foi construído no século XIII

pelos Luttrell,
outra família anglo-normanda,

a quem tinha sido dada a propriedade
pela lealdade para com o rei João.

Os Luttrell irlandeses...

Eram um grupo heterogéneo.
Os primeiros senhores

estavam honrosamente envolvidos
na causa católica irlandesa.

Mas, mais tarde, há histórias de traições,

tribunais marciais,
tentativas de assassinato.

E, claro, isso foi muito antes

da Posh e do Becks virem cá casar,

com os seus pretensos títulos.

O plano pode ser Beckham e Adams,

mas o resultado no domingo
pode ser Barnum e Bailey,

quando o circo mediático chegar
ao tranquilo Luttrellstown.

Um exército de seguranças britânicos
tomaram conta do terreno

e não gostam de câmaras.

Não queremos aparecer nas filmagens
nem queremos que filmem.

Em 1999,

o casamento de Posh e Becks atraiu
a atenção para o Castelo de Luttrellstown.

Todos os paparazzi queriam
entrar dentro das muralhas

para uma foto do famoso casal.

Sendo propriedade privada agora,
Paddy Smith é o responsável,

e trabalhou aqui desde pequeno.

-Como está, Paddy?
-Como está, Simon?

-É como se fosse o senhor da mansão.
-Seja bem-vindo.

Colocou mesmo o tapete vermelho para nós.

-Sim.
-Vejam o teto.

-Magnífico, não é?
-Sim.

Deve ser horrível de limpar.

Nunca tive de o fazer
e espero que nunca mo peçam.

Adoro este sítio e trabalhar aqui,

mas há muitas tarefas que não...

Que tenho de recusar...

E que belo quadro do Mr. Bean.

Rowan Atkinson, o rei Carlos II, é ele?

-Sabemos porque está ali?
-Eu não sei.

Obviamente, alguém gostou dele e...

-Não é uma pose muito viril, pois não?
-Não muito, não.

-Belo penteado, não?
-Era uma peruca, Paddy.

Mas o casamento não foi na casa luxuosa.

Em vez disso,
Posh e Becks escolheram uma ruína.

-Que lindo local, não é?
-É uma estrutura maravilhosa.

Na altura, isto era uma casa de porteiro
ou algo assim...

Era uma casa de porteiro
e originalmente fazia parte do jardim.

Paddy Smith
Gestor da Propriedade

Estava na moda, há cerca de 300 anos,

ter um eremita a tratar dos bosques.

-Certo.
-E isto foi construído para ele,

para estar aqui e vigiar quem...

Vigiar o que se passava aqui em baixo.

E foi habitado até 1931.

-Foi?
-Foi, sim.

Foi construído como decoração,
mas ao mesmo tempo,

era uma estrutura defensiva,
se é que me percebe.

Foi aqui que a magia aconteceu?

Aqui foi onde ocorreu a grande cerimónia.

Mesmo naquela divisão ali.

-Casaram ali?
-Casaram ali.

Vieram 24 convidados.

-Só?
-Só.

-Como chegaram ali?
-Fizeram escadas artificiais.

E cobriram-nas e decoraram-nas com flores,

maçãs, laranjas e assim.

Para que ficasse bem bonito.

Dê uma vista de olhos.

Consigo imaginar o David a dizer:
"Anda, Victoria."

"Anda, querida."

"Cuidado com os saltos, Vicky."

"Onde está a minha mãe?
Ainda está no carro."

"Tenho uma grande ideia, Vicky.

"Casamos aqui." Veja isto, Paddy.

Foi aqui que a cerimónia aconteceu.

O altar era aqui.

-Aqui?
-Sim.

Fizeram os votos ali e, por aqui,
estavam os 24 convidados.

-"Eu, David..."
-Estava cheio...

-"...aceito-te, Victoria..."
-...de tecidos e...

-Estava tudo arranjadinho.
-Tudo arranjadinho e bonitinho.

Mas aquilo em que pensamos...

São figuras internacionais,

um futebolista famoso e a mulher,
uma estrela da música.

Como é que encontraram isto,
uma casa de porteiro?

Devem ter pedido a alguém
que procurasse algo mesmo muito...

-Especial.
-Especial.

E isolado.

Ninguém nos encontraria aqui.

Mas é especial.

Nada de trânsito.
Os helicópteros não o conseguem ver.

Seguro, protegido.

Não conseguiam tirar fotos.

Sim.

Também é incrível pensar que,
esquecendo os Beckham,

alguém viveu aqui até 1931.

1931. Dá para imaginar que ali...

Isto é a sala de estar.

Um riacho a correr
por baixo da sala de estar.

Então, o Gary Neville
deve ter ficado aqui ou aqui.

"Tudo bem, David? Fixe, meu."

-"Hora de ir."
-"Cala-te, Gary."

"Estás bem, Vicky?"
Ótimo. Consigo imaginar tudo.

Ao que parece,
foi um grande dia e o plano funcionou.

Nenhum fotógrafo
conseguiu uma foto do casamento.

Há 800 anos, um bom casamento
podia também ser uma poderosa aliança.

E as recompensas por ser um herói
no desporto também eram lucrativas.

Os Posh e Becks do século XIII
eram William Marshal e Isabel De Clare,

que era filha de Strongbow e Aoife.

Marshal foi descrito como
o maior cavaleiro que alguma vez viveu.

Era um cruzado.

Era um campeão de justa
e um estratega brilhante.

De facto,
trouxe tanta glória ao rei Ricardo I,

que foi premiado com uma esposa abastada.

Quando William levou Isabel
a percorrer o altar em 1189,

os pais dela tinham morrido
e ela tinha herdado bastantes terras,

no País de Gales e em Leinster.

Ele era um herói desportivo sem terras.

E ela era uma herdeira abastada.

Juntos, iriam tornar-se
uma poderosa combinação.

Casaram-se. Ele era,
no mínimo, 20 anos mais velho.

Ela tinha apenas 17 ou 18 anos.
Casaram-se em Londres.

E parece ter sido por amor.

William Marshal

tinha, de facto, feito cair do cavalo

Ricardo, Coração de Leão, numa justa.

Na verdade, parte da fama de Marshal

era o seu talento para a justa,
o seu talento desportivo

a sua coragem nos torneios...

...foi a sua educação enquanto jovem.

Ele parecia ser uma excelente pessoa

ao nível das suas competências militares,

governativas e,
também, da sua integridade.

E ela sabia que tinha feito bem
em casar com ele,

porque Marshal
tinha uma personalidade muito enérgica

e parecia ser um homem bastante vigoroso,

com um passado nas artes militares.

Mas parece
que também tinha olho para os negócios,

para a política e para o governo.

Considerando tudo, era um bom partido.

Se estamos a povoar castelos,

alguém como William Marshal basicamente...

"Era mesmo o tipo certo."

William Marshal foi o maior cavaleiro
que alguma vez viveu.

E com o seu casamento com Isabel de Clare,

integrou uma poderosa
e simbólica linhagem.

Deram o nó em Londres,
com pompa e cerimónia,

antes de atravessarem o canal
para a Irlanda.

Ao chegarem, os anais dizem que Isabel

criou uma cidade adorável
nas margens do Barrow,

transformando Velho Ross em Novo Ross,

antes de, mais tarde,
mudar a capital de Leinster para Kilkenny.

Nenhum casal
mudaria o cenário da Irlanda tanto

quanto Isabel e Marshal.

Estabeleceram uma sede de governo
em Kilkenny.

Começaram a construir um castelo aí

e ambos têm o crédito disso.

Muitas vezes, uma herdeira casava

e preocupava-se muito

Dr. Gillian Kenny
Investigadora, Trinity College Dublin

com os afazeres domésticos e as crianças,

mas Isabel parece ser diferente.

Marshal tinha passado dois anos
nas Cruzadas, na Terra Santa,

e as tecnologias para construir castelos
que usou na Irlanda,

talvez tenham sido aprendidas lá.

O Castelo de Kilkenny seria
o seu monumento mais duradouro.

Em The History of William Marshal,
o maior poema escrito sobre eles,

William Marshal diz a certo ponto:

"Eu reivindico tudo através dela"

aos seus cavaleiros,
ou seja, ela é uma ligação viva a ele,

ao grande Strongbow, à sua tradição

de homens fortes que governaram bem.

Com a sua muralha e quatro torres,

o castelo parecia os castelos reais
de Dublin e Limerick.

E o casal não foi só responsável
pelo impressionante castelo.

Eles reconstruíram a cidade.

As suas muralhas protegiam os mercadores
da nova cidade normanda,

e pagaram abadias e igrejas
por todo o sudeste.

Pareciam tocar a mesma sinfonia,
enquanto casal.

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

E Isabella, sem dúvida,
tinha uma forte noção de quem era.

Afinal, é a neta do rei de Leinster.

Com uma linhagem de mil anos.

Há um incidente muito famoso com Isabel.

Ela foi cercada num castelo em Kilkenny

quando o marido
teve de voltar a Inglaterra.

E conseguiu resistir com sucesso
aos sitiantes

mesmo estando grávida.

Desceu um homem pelas ameias
para que fosse buscar ajuda,

correndo, ela própria, um grande perigo.

E o homem trouxe consigo aliados,

que acabaram com o cerco.
Mais tarde, foi dito

que ela fez reféns
todos os homens envolvidos

e que foi bastante dura nos castigos
que lhes aplicou.

Quando o marido regressou,
ele mudou muitos dos seus castigos.

No poema diz-se que ela ficou

bastante desagradada,
por achar que deviam ser castigados.

Mas temos de lhes dar crédito.

É um castelo impressionante,
que não servia só para alojar soldados,

é possível imaginarmo-nos a viver aqui.

Ele veio para cá e nem tudo foram rosas.

Marshal não fez parte da invasão original.

E, ao que parece, os outros cavaleiros
não ficaram contentes.

Passaram momentos difíceis quando vieram

porque não eram bem-vindos
pelos anglo-normandos

que já cá estavam há algum tempo.

Ben Murtagh
Arqueólogo

Mas eles eram rijos.
Ela era uma senhora com garra

e ele era um cavaleiro duro.

Do que podemos ver

-deste sítio aqui...
-Sim.

O que é que Marshal construiu?

Construiu esta grande torre circular.

-A fortaleza.
-Que é a fortaleza.

A torre oeste, a torre norte,
e havia outra torre aqui.

E essas torres estavam ligadas
por uma muralha.

A muralha deste lado do castelo
foi derrubada no século XVIII.

-Certo.
-As pessoas que viviam

no castelo, na altura, os Butler,
queriam uma vista aberta para o parque.

Para ser justo,

-vejam-me esta vista.
-Certo?

Havia um pátio externo para o castelo.

-Certo.
-Por baixo do parque.

-Certo.
-Foi todo erradicado

para fazer este lindo parque.

-Para terem uma vista melhor.
-Isso.

Dá-nos uma noção

da riqueza a que tinham acesso.

Como era a relação dele
com as pessoas da cidade?

Ele trouxe pessoas
quando concebeu a nova cidade,

conhecida como High Town ou English Town.

Trouxe pessoas da Inglaterra,

trouxe flamengos
e pessoas que falavam holandês.

E eles tinham a sua própria cidade

-do outro lado do castelo.
-Certo.

Tratava-se de um grupo
bastante multicultural.

Mas apesar da bela arquitetura,

William Marshal construiu o seu castelo
principalmente como estrutura defensiva.

Então, as muralhas espessas...

Era aqui que defendiam o castelo,

esta divisão circular,
rodeada por todos estes pequenos nichos.

Dão acesso

às seteiras mergulhantes
que defendiam o castelo.

Sim.

Os rapazes sentar-se-iam...

Cada sentinela tinha o seu lugar.

-A sentinela sentava-se a este.
-Certo.

Daqui posso ver,
tenho uma grande vista...

-Do fosso.
-Sim.

A isto chama-se uma seteira mergulhante.

Era um tipo de abertura defensiva,
de última geração.

-O arqueiro pode levantar-se...
-Exato.

Pode disparar contra
quem se aproxime do portão

-ou pode atirar para ali.
-Sim.

Ficamos mesmo encurralados
se formos apanhados no fosso.

Se formos apanhados ali,
estamos numa zona morta.

Certo?

-Sentavam-se aqui por horas.
-Sim.

-Guardas à seca.
-À seca.

-Como é normal.
-Sim.

Até acontecer alguma coisa.

Aí, começa a ação.

E quando algo acontece, acontece a sério,

-não é?
-Exatamente.

Lutava-se muito.

Se queríamos ver ação,
vínhamos à Irlanda.

As pessoas envolviam-se nas batalhas.

Eras atacado pelo teu vizinho,
quer fosse irlandês ou anglo-normando

e, depois, vingavas-te.

Ias lutar contra eles e, muitas vezes,
acabavas pior do que começavas.

Todos os castelos anglo-normandos
eram fortalezas

construídas em posições estratégicas,

para que pudessem controlar e dominar
os territórios recentemente adquiridos.

E nenhum de forma mais dramática
que o de Dunamase.

Via-se a quilómetros de distância,
por isso, os soldados que aqui estavam

controlavam completamente
os campos à volta.

Quando Isabel,

a filha de Strongbow e Aoife,
casou com William Marshal,

Dunamase fazia parte do dote.

Assim, Dunamase passou
dos reis de Leinster

para os De Clares e para os Marshal.

Castelo
de Dunamase

Dunamase era a sede do poder
dos reis de Leinster.

Este local foi, depois,
tomado por William Marshal

como parte do seu património

quando casou com a filha de Strongbow.

E ele fortificou o lugar.

Este era um
dos importantes domínios irlandeses

que ele precisava de conseguir.

O mais interessante em William Marshal,

quando vemos os seus castelos em Kilkenny
e os que reconstruiu como o de Dunamase,

é perceber que Marshal introduz
as novas ideias no design de castelos.

Kieran O'Conor
Departamento de Arqueologia, NUI Galway

Com vista para a paisagem à volta,
Dunamase era uma fortaleza formidável.

A enorme estrutura
incluía um grande salão no cimo,

protegida, de três lados,
por íngremes penhascos.

Teria dado trabalho chegar lá acima.

O único acesso estava protegido
por uma camada dupla de muralhas,

cada uma com o seu barbacã,
ou portão fortificado.

Cada com a sua própria seteira assassina
e outros truques engenhosos.

E tudo protegido por arqueiros,
no topo das muralhas envolventes.

Basicamente, se conseguíssemos,

por sorte,
ultrapassar a paliçada exterior,

o fosso e a ponte levadiça,
passar por baixo da seteira,

-passar pelos arqueiros...
-Sim.

Chegávamos aqui e imagino
que seríamos brindados com mais arqueiros.

Sim.

Temos de imaginar
que isto é um portão quadrado.

Primeiro...

Brian Hodkinson
Museu da Cidade de Limerick

Há seteiras a disparar de ambos os lados.

Haveria arqueiros dos dois lados.

Aqui temos um portão levadiço,
que desliza,

uma espécie de grade, assim,

as pessoas no interior podem espetar
lanças em quem estiver no exterior.

Ao voltarmos para trás,
temos duas seteiras.

Gosto destas duas porque não estão
exatamente em frente uma à outra,

para que quem esteja naquela câmara

não acerte acidentalmente
no que está na outra.

Que inteligente.

-E ainda não chegámos.
-Não.

Ainda temos de chegar lá acima, ao buraco.

Certo. Cá vamos nós.

Quanto a mim, isto é obra de Marshal
datada de 1210, aproximadamente.

Vemos um movimento pela Europa,

de castelos relativamente simples
antes de 1200,

para castelos muito mais complexos

relativamente à sua defesa
e estrutura depois de 1200.

Para mim, enquanto arqueólogo,

sinto que William Marshal
estaria na vanguarda do design de castelos

na Europa Ocidental.

E ele trouxe muitas dessas ideias
para a Irlanda.

-Estrategicamente, vendo isto, Brian...
-Sim.

-É tão fácil ver porque escolheram aqui.
-Sim.

Os castelos eram construídos, sim,
para defesa, para habitação,

mas, também, para ostentação.

Mas parece que também temos,
decerto no século XIII,

uma espécie de paisagem estilizada
à volta de sítios como Dunamase,

sendo consentânea também
com o poder e riqueza do dono do castelo.

Apesar de Dunamase parecer inexpugnável,

em meados do século XIV,
tinha sido abandonado.

A razão permanece um mistério.

A sua silhueta melancólica,
por cima das planícies de Laois,

faz dele um dos sítios históricos
mais românticos do país.

Isabella e William Marshal

parecem ter sido um casal muito eficaz.

E penso que ela sabia que tinha feito bem
em casar com aquele homem.

Marshal serviu quatro reis consecutivos
como lorde Marshal de Inglaterra.

E quando morreu, aos 72 anos,

não era apenas conde de Pembroke
e lorde de Leinster,

como era também o homem mais rico
das Ilhas Britânicas.

Ele e Isabel tiveram cinco rapazes
e cinco raparigas.

Mas os cinco rapazes morreram sem filhos.

Alguns dizem que foi devido a uma maldição

do bispo de Ferns.
Assim, o nome Marshal acabou por morrer.

No entanto,
como sucessor de Strongbow e Aoife,

William fez mais

para estabelecer o domínio anglo-normando
em Leinster que qualquer outro homem.

Quando os anglo-normandos chegaram,

estabeleceram-se rapidamente
ao longo da costa oriental,

antes de se espalharem pelo país.

A sua arma secreta era o cavaleiro.

Um poderoso, bem treinado e,
esperava-se, súbdito leal,

que conquistava e ficava com terras
em nome do rei.

E, claro, os normandos

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

capturaram a Inglaterra antes da Irlanda.

Eram extraordinariamente eficientes

como aventureiros militares,
mas também sabiam tratar

das terras que capturavam.

E como tinham terras.

Os anglo-normandos
eram verdadeiros mestres em invasões.

Mas a ideia dos anglo-normandos
era, basicamente, invadir,

Alan Hayden
Diretor da Archeological Projects Ltd.

tomar a estrutura de poder local

e substituí-la pela sua.

Trocavam um governante por outro.

Dr. Gillian Kenny
Investigadora, Trinity College Dublin

Ou seja, a diferença não foi grande
para os irlandeses.

Continuavam a pagar impostos.

Estas mudanças
eram muito dramáticas para os reis

e grandes reis da Irlanda.
Mas, para o cidadão comum e honesto,

era a mesma cantiga,
só o instrumento é que mudava.

Era necessário uma autorização do rei

para construir muralhas
com crénulas assim.

Ao que parece, é o que são.

Nem todos podiam aspirar
a viver num castelo.

A única forma de conquistar
um destes castelos era com um cerco.

Como sabemos, os irlandeses
não eram bons em guerra de cerco.

Todas as técnicas de guerrilha,
de ataques surpresa, etc.,

isso era onde os irlandeses

eram melhores.

Temos de nos salvar.

Então, como é que os irlandeses mantêm

um certo estatuto,
dependendo da zona de independência?

Kieran O'Conor
Departamento de Arqueologia, NUI Galway

É uma pergunta
que vem à cabeça. Parece-me

que, em vez de usarem defesas fixas,

tinham tendência a abandonar os centros,
afastando-se e usando o terreno

como forma de parar um ataque externo.

E fizeram-no com muito sucesso,
não apenas no fim do século XII,

século XIII, mas até ao século XVII.

Na verdade, usavam o terreno,
o terreno que lhes pertencia,

contra uma força invasora.
Na minha opinião,

fizeram-no com muito sucesso.

Apesar de os irlandeses
não terem castelos,

tinham as suas estratégias defensivas.

De facto, os irlandeses desenvolveram
talvez a única forma

de derrotar os anglo-normandos.
O direcionamento.

Usando a geografia do terreno
para seu benefício,

direcionavam os ingleses para aquilo
a que chamamos a "zona da morte".

E podem imaginar o que acontecia aí.
Era uma técnica

que os irlandeses usariam com sucesso
durante centenas de anos.

Nunca tiveram equipamento
para derrotar uma força invasora

dos anglo-normandos,
por isso, criavam barreiras

ou usavam trincheiras ou matagal

e construíam "muralhas"
de matagal impenetrável.

Lar Joye
Museu Nacional da Irlanda

Assim, a força invasora
era levada para uma zona

onde os irlandeses queriam lutar.

Assim que isso acontecia,
ficavam em vantagem

porque conheciam a zona.

Ao direcionar o inimigo
para o que chamamos, hoje,

em linguagem moderna, uma zona de morte,

isso permitia-lhes a vantagem
de montar uma armadilha.

É o elemento-surpresa
que dá aos irlandeses a possibilidade

de vencer os anglo-normandos.

Na Irlanda medieval, muitas vezes,

a forma de lutar dos anglo-normandos
não era adequada

a grande parte do terreno.

Não era adequada
a zonas arborizadas, etc.,

o que fazia
com que fossem abatidos pelos irlandeses,

aquilo a que, mais tarde,
chamámos woodkern.

Os irlandeses escondiam-se e simplesmente
abatiam-nos ao passarem.

Era em pequena escala
e provavelmente acabava bem depressa,

porque bastava avistar-se um cavaleiro,
para se acabar com ele bem depressa.

Era muito difícil capturar a Irlanda

como um todo.

Os romanos não vieram à Irlanda,
porque devem ter olhado

para o local e dito:
"Não somos capazes de o conquistar todo.

"Não vale o investimento."

E talvez os romanos estivessem certos.

Apesar de os invasores
terem capturado com sucesso

a parte oriental do país, vastas áreas
pertenciam ainda aos chefes irlandeses,

que começavam agora
a avaliar os invasores.

Castelo
de Blarney

Famílias como os McCarthy de Munster,

uma das grandes
dinastias medievais irlandesas,

construíram o seu próprio castelo,

que se iria tornar
um dos castelos mais famosos do mundo.

Ao chegar ao Castelo de Blarney,

ficamos impressionados
com o seu monólito imponente,

suspenso no seu afloramento rochoso.

As suas muralhas de pedra calcária
dão a impressão

de um edifício escuro e de mau agouro.

Devia ser um sítio sombrio para se viver.

No entanto, era a majestosa residência
da família McCarthy,

que, no fim da era medieval,
lutou contra os anglo-normandos

e outros nativos hostis,

de forma a manter o domínio
sobre o vale de Laois,

até ao fim do século XVII.

E este era o seu luxuoso e imponente lar.

Era bastante imponente.

Os McCarthy eram os principais chefes
da região de Munster,

penso que os três ramos principais
dos McCarthy

viveram a maioria aqui,

sendo os principais chefes da região.

Pelo que sei,

o Castelo de Blarney era visto
como um sítio muito sólido por ter

a fortificação principal no cimo
de um afloramento de pedras calcárias.

Foi construído por Cormac, the Strong.

O castelo originalmente
data de antes de 1200,

quando construíram
uma estrutura de madeira.

Cerca de 10 anos depois, foi substituída
por uma fortificação de pedra,

sendo que a primeira instância terá sido
bem mais pequena do que a que vemos agora.

Penso que nos primeiros dias
destes sítios,

devia haver muitas escaramuças
e mortes estranhas.

Mas esqueçamo-nos dessas histórias.

O Castelo de Blarney
é mundialmente famoso por uma coisa.

Pela história da pedra,
quero dizer, a lenda.

E temos de usar "lenda",
porque é isso que Blarney é.

A pedra pode ser metade da Pedra de Scone,

dada por Robert, the Bruce,

pelos meses que levou a ter 10.000 homens
para lutar na Batalha de Bannockburn.

Ou é a almofada de Jacó,
referenciada na Bíblia,

trazida pelos cruzados.

Ou talvez McCarthy tenha salvado
uma rapariga de se afogar.

Mas não sabia que ela era uma bruxa.

Como era boa e ele lhe salvara a vida,

ela disse que havia ali uma pedra

e que quem a tocasse,
e ele estava a tocá-la,

quando ela disse:
"Se a beijares, serás sempre abençoado."

Há 200 anos,

que todo o tipo de pessoas sobe a muralha

para beijar a lendária placa de basalto.

Vamos subir a escada em espiral
para destros,

com a qual está familiarizado,
como disse.

De sete em sete degraus, há um diferente.

Para que,
se descesse a correr, tropeçasse.

Houve muitas estrelas a subirem
estas escadas, Charlie?

Bastantes, incluindo o Bucha e o Estica.

-A sério?
-A minha memória é um pouco má,

mas um subiu e o outro não.

Vou adivinhar qual é que conseguiu.

Aposto que Ollie ficou ali e disse:
"Vai lá, Stan.

"Eu espero aqui e como um gelado."

Caraças. Tantos degraus.

Mais um nível não.

Sinto-me solidário com Oliver Hardy.

Começo a perceber
porque quis ficar lá em baixo.

-Quantos degraus são, Charles?
-Mais de 120.

-Quantos já subimos?
-Diria que está quase lá.

E, agora, saímos e há outro

interlúdio aqui,
de onde pode olhar lá para baixo.

E dá para ver que faltam dois pisos.

-Certo.
-E o telhado desapareceu.

É uma grande confusão de divisões, não é?

Bem, a parte central não.

As escadas são ali
e para disparar para as escadas...

É magnífico.

-Ainda temos mais uns degraus.
-Sim.

E depois chegamos lá acima.
Ao que parece, é a antiga cozinha.

Eu vou à frente.

-Ficou bastante mais estreito.
-Sim.

E a escada de trás ainda é mais estreita.

Agora, cá em cima, temos uma grande vista.

Sim, é melhor estar no centro.

Estamos quase lá,
no objetivo de tudo isto.

-Estamos a aproximar-nos da pedra.
-Certo.

Que está incrustada no lado sul
das ameias, como pode ver.

Muitos dos turistas que vêm à Irlanda

sabem onde está?

"Vamos lá beijar
a pedra de Blarney, Harry,

"é fantástica,
está numa salinha."

-É incrível como tantos...
-Vamos ver onde está.

-É uma pedra no chão.
-A sério?

Não percebem que está incrustada
nas ameias a 35 metros do chão.

Quando chegam aqui, dizem:
"Sabes que mais?"

O meu pai e o irmão dele
costumavam dizer-me

para esperar debaixo do castelo
para que as moedas descessem.

-Mas agora...
-Moedas do céu.

Hoje, apanham-se iPads e iPhones.

-Sim.
-Chaves de hotéis.

-Tem de ir mais para trás.
-Sim.

Um beijinho.

Isto vai dar para a descida.

-Chegou o momento.
-Está seguro.

Mas veja se desce o suficiente

porque será uma experiência memorável.

E se se sentir confortável, abra os olhos,

e verá o mundo de pernas para o ar.

Digam aos meus filhos que os amo.

-Espere.
-Pode sentar-se aí.

-Certo.
-Incline-se para trás, agarre as barras.

-Agarrar as duas barras. Sim?
-Esta. Cabeça para trás.

-Certo.
-Para baixo, pelo buraco.

E beijo. Cuidado com a cabeça ao subir.

-Está bem?
-Obrigado.

Não sei se vi o mundo de pernas para o ar.

Fiquei bloqueado durante um minuto.

-Abriu os olhos?
-Sim.

-É bom, não é?
-O mito diz

-que vou ficar com o dom da palavra.
-Um grande dom.

Algumas pessoas dirão
que já tenho o dom da palavra.

Vai descobrir que ainda fica melhor.

Isto deve dar para uns anos.
É como carregar os telemóveis.

Poderá ter de voltar
daqui a um par de anos.

Apesar dos seus sucessos iniciais,
principalmente em Leinster,

os conquistadores ingleses
debatiam-se para manter o controlo.

Para lá de Pale,
a Irlanda ainda era terreno de bandidos.

Não eram desejados a maior parte do tempo

e foram feitos ataques a Pale,
até ao século XV,

Dr. Gillian Kenny
Investigadora, Trinity College Dublin

por isso, ainda podiam ser apanhados.

Não é uma questão de "nós contra eles".
É muito mais complexo do que isso.

No período inicial, os aventureiros

vinham para a Irlanda em função

das terras que estavam disponíveis
e com as quais ficariam.

Mas, à medida
que o período anglo-normando continuou,

cada vez havia menos pessoas

Ned Kelly
Museu Nacional da Irlanda

com vontade de vir para a Irlanda.

Devido à persistente hostilidade
dos irlandeses nativos,

era considerado
um sítio muito perigoso para ir.

E o sítio mais perigoso
era o norte do país,

onde os clãs nativos recusavam aceitar
terminantemente os invasores.

Reis dos seus próprios domínios
e agindo bem longe do alcance de Dublin,

os clãs do norte seriam sempre
exclusivamente independentes.

Quando os anglo-normandos apareceram,

John de Courci fez incursões a Ulster,

não há dúvidas sobre isso,

mas não perduraram, não ficaram.

E famílias como os O'Neill e os O'Donald
eram ferozmente independentes.

Há muitas referências
sobre o quão desregrado era.

Quando algo é "desregrado"
nos relatos ingleses,

isso apenas significa
que não é culturalmente inglês.

Em 1315, Donnel O'Neil, rei de Tyrone,

decidiu aproveitar

os contactos de longa data
do outro lado do mar, na Escócia.

O rei de Northern O'Neill

decidiu que seria uma boa ideia convidar

Edward Bruce,

o irmão do rei escocês Robert Bruce,

porque o rei da Escócia estava
a portar-se muito bem contra os ingleses.

O governo em Dublin
não era tido em muita consideração.

Então, Bruce foi convidado

a tornar-se rei da Irlanda
pelos nativos irlandeses.

E ele acabou por devastar o país.

Após derrotar os ingleses
na Batalha de Bannockburn,

Robert Bruce da Escócia
virou-se para oeste, para a Irlanda,

sabendo que abrir uma segunda linha
fortaleceria o seu poder.

Para além de um inimigo comum,
a Irlanda e a Escócia tinham muitos laços,

e rapidamente conseguiu o apoio
dos seus irmãos gaélicos.

Em maio desse ano, o irmão de Robert,
Edward, desembarcou 6.000 homens

na costa de Larne, antes de marchar

para o castelo inglês em Carrickfergus.

Castelo
de Carrickfergus

Seria o primeiro teste ao castelo,

tendo o cerco durado 12 meses.

Durante o cerco, não havia forma de fugir
para a guarnição defensiva,

forçando-os a arranjar métodos engenhosos
para usar os poucos recursos que tinham.

Como deve ter sido viver
durante esses 12 meses

dentro das muralhas do castelo?

Quando sabemos
que estamos totalmente cercados,

-a ficar sem comida...
-Sim.

Temos água, o que é importantíssimo,
mas não temos mais nada.

Sim, água. E após apanharmos

os últimos insetos, cães e ratos

Ruairí Ó'Baoill
Centro de Trabalho Arqueológico, QUB

-que existem.
-Sim, tudo com mais de duas patas.

E termos comido toda a vegetação,
como as ervas daninhas

que crescem nas muralhas,
começamos a olhar para os vizinhos.

Dormimos sempre com um olho aberto, certo?

-Basicamente.
-Em relação aos soldados

que estavam aqui, nessa altura,

mesmo por trás de nós, era onde viviam?

Havia casas e construções de madeira.

Mas acredito
que a maioria dormisse nas muralhas,

porque, debaixo de cerco,
temos de ter sempre um olho no inimigo

porque pode tentar subir as muralhas.

E o outro olho
no colega que olha para ti.

A guarnição podia atirar coisas e deitar

óleo a ferver que nos queimaria.
Podiam incendiar-nos.

-E um...
-Podiam acertar-nos

com as flechas.

Mas outra coisa que faziam,

que era bastante rentável
para uma guarnição,

era aquecer areia, até ficar a escaldar,

e deitá-la para cima dos sitiantes.

A areia a escaldar entrava na armadura

e queimava até não restar nada.

É extremamente brutal,
mas bastante inteligente,

porque aproveita-se um recurso natural,
a areia.

"Onde vamos arranjar areia?
Na praia, rapazes."

Após um cerco de 12 meses,

os defensores do castelo
quiseram negociar.

Bruce enviou 30 soldados
para a negociação.

A guarnição fechou as portas atrás deles.

-E a comida foi-se.
-Sim, já quase não havia comida.

-Mas havia prisioneiros escoceses.
-Pois.

É o que dizem.

Demonstra o quão desesperada
estava a guarnição.

Tinham água,
mas não tinham qualquer comida.

Tinham comido todos os animais

e ervas que crescessem no castelo,
mas nada de comida há meses.

-Comeram oito dos soldados.
-Sim.

Já não têm nada.

A comida acaba-se e, em setembro de 1316,

a guarnição rende-se,
na condição de lhes pouparem as vidas.

-Parece que foi o que aconteceu.
-Puderam sair vivos.

Muitos saíram, mas Edward Bruce
ficou na Irlanda até ser morto

na Batalha de Faughart em 1318.

Houve uma grande disrupção
na população e nas colheitas.

Havia muita fome.

E a Irlanda ficou um destroço
após ele ter sido morto.

Apesar de a campanha de Bruce
ter fracassado,

os ingleses perceberam que não tinham
o poder de fogo para dominar a ilha toda.

Num sentido colonial,
a invasão normanda fracassou.

Não ocupou a ilha toda e, de facto,

muitas famílias anglo-normandas
passaram para o lado gaélico,

tornaram-se gaélicos.

Há um ditado para eles:
"Hiberniores ipsis Hibernis."

Significa: "Mais irlandeses
do que os próprios."

Tornaram-se irlandeses e falavam irlandês.

Casaram com mulheres irlandesas.
Os filhos eram irlandeses.

E esqueceram-se
do seu passado anglo-normando.

Acho que a resposta irlandesa
começa no século XIII.

Acelera no século XIV,
em parte devido às guerras de Bruce.

Os irlandeses estavam a emergir
e a cultura irlandesa,

o irlandês, as leis irlandesas, etc.,
aumentavam a sua área de utilização.

Assim, com efeito,
a Irlanda teve de ser reconquistada.

Com tudo por que lutar,

a construção de castelos continuaria
por todo o país.

Tanto assim foi que o século XV

viu a Irlanda tornar-se
o país com mais castelos da Europa.