All language subtitles for Lazy Eye - 2016

Diga-me o que vê?

Melhor assim? Ou assim?

Número um? Ou número dois?

Número dois.

Bom, leia-me a linha de baixo.

N,V,T,S,L,Q.

Excelente, agora o olho direito.

Consegue ler aquilo?

Algo?

Não.

E este?

E aqui?

T?

E este?

F.

Você tem ambliopia.

Pois.

Não o indicou no seu histórico
médico.

Bem, não me queria gabar.

Quando se apercebeu pela primeira
vez do problema?

Aos cinco anos a minha avó
notou o olho direito preguiçoso.

Desculpe, refiro-me ao problema
mais recente.

Ah... acerca de umas semanas
atrás.

Estava a trabalhar no portátil
e tudo ficou mais desfocado.

De perto ou mais de longe?

Dean?

Ah, Desculpe?

Quando ficou tudo mais desfocado?

Foi ao longe, ao perto ou ambos?

Ah, Ambos.

Ok.

A boa notícia é o seu olho direito,
o amblióptico,

não alterou.
Consegue ver um pouco.

Mas houve uma alteração no
seu olho bom.

Senta-se em frente do computador
o dia inteiro?

Wow, parece tão excitante.

O que faz?

Sou designer gráfico.

- É sério? Devo preocupar-me?
- Não.

Acho que está na altura de
usar lentes progressivas.

Quer dizer... bifocais?

Mais do tipo trifocais, mas não
se preocupe.

É perfeitamente normal as pessoas
começarem a ter problemas

de visão a partir da meia idade.

- São horríveis?
- São fantásticos.

- Acha?
- Sim.

Não me dão um look muito forçado?

Não gostas da côr lago prateado?

Não percebo, a parte de cima está
muito distante, e a de baixo muito perto.

Mas o centro é um estranho limbo
onde nada fica focado.

Tem de olhar para o nariz.

- O quê?
- Volte-se, Volte.

Aponte para o meu nariz...

O meu médico disse que tem de apontar
o seu nariz o que tenta ver.

- Aponte para o meu nariz.
- Pois, tente para o que,

está a olhar.

- Não, estou olhando para ele.
- Para o que,

- Para o que...
- Mel, eu estou.

Ok, agora está a olhar para baixo.

Estou a olhar.

Ok, tudo bem.
Vai habituar-se.

Acho que estou cego.

Bem, ambos sabemos o que causou isso.
Acho eu.

Pois, bem... Não estás a brincar.

De qualquer forma, não quero largar o bebé
à fogueira, ou seja qual for a expressão...

Não sei, de qual forma, foi Pearson
que o disse.

E?

Lembra-se quando ele queria gráficos,
minimalistas, simples?

Umm, ele já não quer isso.

Não vai gostar.

Não “três cabeças no ar."

Não é “três cabeças no ar."
Não é.

São “duas cabeças no ar."

Mel, fizemos seis versões anteriores
de “duas cabeças no ar,"

Não, fizemos “três cabeças no ar."

- Jesus! E agora querem duas.
- Cabeças.

No ar.

Flutuando sobre uma paisagem genérica
que nem sequer consta no filme, eu sei.

Foda-se.

Bem, tentamos isso na Universidade.
Nenhum de nós ficou satisfeito.

Mel, porque é que nos fizeram passar
por tanto se queriam algo mais seguro?

Não sei, querido, mas fizeram, são
bons clientes e mantêm o

nosso mundo a girar...

O que é que lhe digo?

Diz-lhe que o outro designer
era melhor.

- Ok.
- Diz-lhe que ninguém vai ver um filme

apenas por causa de um acto.

De facto podes dizer-lhe que a
razão das pessoas irem ao cinema

é pelo facto do filme ser bom.
Então porque não fazer algo bom de vez?

Algo que faça brilhar o raio
do filme.

Como assim?

O quê?

Tu só andavas aqui às voltas nas
últimas duas semanas, neste estranho corodopio.

Fala comigo.

Pois... não, eu sei... eu sei... apenas...
Eu tenho, hum...

Acho que preciso de tirar
uns dias de folga...

Oh, sim.

Acho que vou espairecer um pouco
por aí.

Boa ideia.
Vamos durante todo o fim de semana.

Nadamos, bebemos cocktails,
será óptimo.

Oh pois, eu... eu falo por mim.

- Desculpa.
- Está bem, Está bem, Está bem.

Eu sei quando não sou benvindo.
Óptimo, não há problema.

De qualquer forma, preciso que revejas
isto antes de ires.

Por favor.

- Ok, faço isso em casa à noite.
- Excelente.

E o que é que aconteceu à
terceira cabeça?

Não sei, as outras cabeças
arranjaram melhores agências.

Aponta para o nariz.

Querido Dean.

Espero que sejas o Dean que
estou à procura.

depois destes anos todos.

A verdade é que, penso o mesmo.

Só sei que esta manhã acordei
a ouvir a Rádio Pública Nacional.

Como faço todas as manhãs,

e quando estou deitado na cama
penso pra mim, porque é que oiço a RPN?

E por isso é que me lembro de ti.

Fizeste-me ouvir a RPN hà 15
anos atrás.

Verão.
Cidade de Nova York.

Fizeste-me a cabeça com muita coisa
nesse verão.

Então acordei pensando em ti e
interrogando-me como estás, e onde estás.

Pareceu-me que estás bem na vida.

Pensei que iria ficar surpreendido
se te encontrasse em Los Angeles.

Lembro-me o quanto amavas Nova York.

Teu, Alex Coffina.

Que bela surpresa.
Claro que me lembro de ti.

Fico lisonjeado por ser associado
à RPN.

Desde que fui para Los Angeles
mal a oiço.

As vezes sinto falta de Nova York,
mas a verdade é que adoro LA.

Tenta não me julgar demais.
O que posso dizer?

É muito bom acordar de manhã
e apanhar limões no próprio quintal.

Fala-me acerca da tua vida Dean.

Sem julgamentos, costumava acreditar
que se encontrasse a cidade perfeita,

todos os meus problemas desapareceriam.
Mas aprendi,

que os problemas vão sempre comigo.

Estive aqui cerca de seis meses.

Sinto como se estivesse a caçar a
minha felicidade nos últimos quinze anos.

Nunca a encontrei num trabalho ou numa
relação. Talvez a encontre em LA.

Não sei se a tua felicidade
está em LA, mas tenho

uma casinha no deserto, perto de Joshua Tree, o mais perto que tive

de encontrar a minha (Felicidade).

É pequena e sossegada, tem uma boa vista.

Sempre que lá estou, sinto que pressiono
o grande botão interno do recomeço.

Alguma vez viste o deserto do Mojave?
É espectacular.

Estive em Gobi no Leste Asiático
e na Patagónia, na América do Sul,

mas nunca estive em Mojave.
Gostaria de o ver.

Conheces algum bom guia turístico?

Não acredito nisto.

Ei!

Meu Deus.

- Estava preocupado.
- Deixei-te uma mensagem.

Pois, aqui não há rede.

Ei.

Olá.

- Estás óptimo.
- Tu também.

Wow.

Três horas. Jesus.

É fácil perdermo-nos aqui.

Estás a brincar.

Não estava à espera disto acontecer.

- Do quê?
- Disto.

- Nunca te passou pela cabeça?
- A mim passou-me. E a ti?

Definitivamente, quase bati uma
no avião.

Alguma vez o fizeste num avião?
Num avião? Claro.

Nem quero imaginar.
Penso sempre que o avião se vai despenhar

e vão encontrar o meu corpo na fuzelagem.

Durante o voo, tenho o pau na mão e
as calças à volta dos tornozelos.

- E pergunto-me, o que a minha família dirá?
- “Ele morreu como viveu."

Então é o que pensas acerca de mim?
Definitivamente.

Sou tarado? Tu és a pessoa mais sexual
com quem alguma vez saí

Até agora.

O que é que quer dizer isso
de "Mais sexual"?

Que me lembre, a maior parte do tempo
infinito que passámos, foi nús na tua cama.

Não foi por falta de ar condicionado
naquele apartamento.

Oh meu Deus, Homem! Desculpa.
Não, não tinha nada a ver com a tua líbido fúriosa.

Ok, ainda bem. Sou totalmente tarado.
Pois.

Penso em ter sexo contigo desde que
recebi o teu e-mail.

- Vês?
- Fico duro ao ler o teu e-mail.

E fico duro antecipando o próximo
e-mail.

Tive de bater uma na noite passada
para evitar que isto acontecesse.

Arrependido?

- Não. E tu?
- Ainda não.

Espera, porque tentas evitar que isto aconteça?
Isto é divertido.

Aguma vez fizeste isso num avião?

Não me julgues...

A sério, vá lá, o que aconteceu ao
rapaz da gratificação atrasada?

Obviamente nunca voaste antes até
à Austrália.

Por acaso Já.

- A sério? Espera, porque foste até à Austrália?
- Férias.

Tenho sede, queres água?

Sim, por favor.

Já foste até Melbourne?
Yup, adoro Melbourne.

Viste os doze Apóstolos?

poderíamos apanhar uma boleia, e ir
até à cidade ou algo assim.

- Gostaria de te mostrar alguns lugares.
- Parece-me divertido.

Oh, sofisticados.

Palm Springs é sofisticada, Joshua Tree
é para pessoas normais.

Pois, acho que as pessoas normais
não têm duas casas.

Sobretudo as que têm piscinas.

É uma propriedade com investimentos.

- Quêm és tu?
- O quê?

E o que fazes com o meu Marxist punk?

Trouxe-o há quinze anos
de um bar.

Ok, há duas coisas erradas nessa
declaração.

Primeiro que tudo, nunca fui
um Marxista.

- Oh. Não.
- Absolutamente.

Onde está o meu saco?
Oh meu Deus. Oh, Jesus.

Não era por isso que era chamada,
concerteza.

Todos lhe chamávamos barra
de azulejos.

- O que é isto?
- Prova.

Guardaste-o.

O Barman trouxe-mo e depois fui
sentar-me ao pé de ti,

então fiquei com ele.

Acho que a pessoa que fez o desenho
é a mesma que o levou.

E fui eu.

o seu rabo, atravessar o bar, e sentar-se
ao pé de ti e falar.

Bem, não acredito que o guardaste.

Foi um verão fantástico.

Vá lá, ficaste com ele todos estes anos.
É a minha vez.

- Vou fazer uma salada.
- Bem, vou tomar um duche.

- Estás à vontade com as cebolas?
- Não me importo.

- Não me lembro de fumares.
- Não fumo, tabaco não.

Então de quem são?

Oh... adoro fumar.

Também não me lembro de tu fumares.

Sabes, a maioria dos meus clientes quer segurança. Querem algo tradicional...

“Duas cabeças no ar" ou algo como
essa merda, e eu sempre...

Espera, o que é “duas cabeças no ar"?

em frente de paisagens.
É muito aborrecido.

Mas esses filmes não são todos aborrecidos?

Digo aos meus clientes,
se podemos destilar o filme até à sua

essencia e contar a história

apenas numa imagem, então as pessoas
têm de se limitar ao poster,

e interagir com ele.
Isso faz com que queiram ver

mais o filme, sabes?

O que dizem os clientes?

Dizem, Fantástico! Agora vamos pôr "Duas
cabeças no ar". O que faço, porque sou idiota.

Sei que não devia preocupar-me com isto,
é apenas um poster estúpido, mas mesmo assim...

Não, é fantástico?
É este o rapaz de que me lembro.

Não, apaixonado.
Lembras-te do nosso primeiro encontro?

Levaste-me à baixa para
ver este filme horrivel.

Horrivel?

Acerca deste jovem rapaz que se
apaixona por uma mulher mais velha...?

Não te referes a HAROLD AND MAUDE?

Sim! Meus Deus, esse filme. Lembro-me
de pensar pra mim próprio, porque é que

este tipo me levou a ver isto?

Ok, cala-te, por favor.

Não, quer dizer... foi tão triste,
estranho e pretencioso...

Estou a agarrar uma faca.

E toda aquela música do Cat Stevens.

A sério, pára. HAROLD & MAUDE é o
meu filme preferido de sempre.

É melhor que estejas, a sério?

Pois, não, estou a brincar.

Quer dizer, não é preciso sentire-te assim
por causa desse filme, pois não?

Não, mas não compreendi esse filme,
pela minha saúde.

- Bem, nessa noite disseste-me que
gostaste muito.
- Menti.

Porquê?

seguinte e vi-o novamente.

ajudar a compreender-te melhor.

Ok, podes ficar.

Sabes o que é mais interessante em
HAROLD AND MAUDE?

É sempre diferente.
Quando tinha vinte e tal anos,

identificava-me com o Harold.

Toda esta angústia e depressão
e o próprio envolvimento. E agora

que fiquei mais velho, sinto-me um pouco
mais parecido com a Maude.

Não é impressionante como um
filme muda?

É verdade.
Acho que nós é que mudamos.

Não mudamos assim tanto.
Pois não?

Bem, quer dizer, tu mudaste.
Definitivamente, tu mudaste.

Acho que sempre te imaginei
com as botas salpicadas de tinta

a tua palette e pinceis por detrás
do cavalete.

Nunca te imaginei...

O quê?

Sempre pensei que irias ser um artista.

E eu sou um artista.

Ok, não, não, não.
Não é isso que eu queria dizer.

Ou, o que fiz, até há um minuto atrás.

- Mas gosto desse apartamento.
- Pois, não vives nele.

Ok, não queria... o mais importante é
que sejas feliz.

Então porquê Nova Orleães?
Vais lá para trabalhar ou...?

Oh não, não estou a trabalhar agora.

- Wow, deve de ser bom.
- Reamente é fantástico.

Como controlas isso?

- Tenho dinheiro.
- Deve ser muito.

Sempre te imaginei de fato e gravata...
Trabalhando algures num arranha-céus.

Oh Pois, fiz isso...
Mas tudo o que pensava era em sair dali.

Olha, não sei o que é mais estranho:
Se não estou na internet ou o facto

das pessoas se passarem por eu não estar.

Oh não, não é isso. Estou apenas
curioso, como é possível?

- Bem, eu culpo-te.
- A mim?

Pois, fazias sempre pequenos
discursos Marxistas.

Sociais democratas...

O que quer que fosses, com aberrações
paranóicas, marchando

nas ruas por causa do Governo
expiar as pessoas.

Não é por isso que nós marchamos?

Isso é verdade. É um facto.

Bem, tu és a razão para a minha
desvanecida pegada cibernética.

Não é desvanecida.
É invisível.

Quer dizer, não estás em lado nenhum.
Não tens fotos, nem um histórico.

Onde ninguém quer estar, mas acabam todos
por ir lá parar.

Não estás impressionado?

Então tu também me procuravas?

Escrevi o teu nome no google
“Campbell, Ohio" umas cem vezes.

- Campbell?
- É de onde tu és, certo?

Pois, não acredito que te lembras disso!

Procurei em Nova York
e outras cidades principais.

Mesmo se contactasse a tua família,
ela iria dizer-me onde estavas.

Que querido,
mas também inútil.

A minha família nunca daria informações
pessoais. A menos que pedisses em Grego.

Bem isso não é simpático.
Desapareceste.

Na minha perspectiva sim.
Não ligaste, não apareceste, nada...

Pois...

Fazes ideia quanto tempo procurei por ti?
Alex, eu chamei a polícia.

Telefonei para os hospitais...

Whoa, whoa, whoa... o quê?

Liguei para a morgue, Alex.

Não fazia ideia...

- Quinze anos.
- É muito tempo.

Porque é que parece que aconteceu ontem?

Tenho de ir fazer chi chi.

Isto é bom.

Eu tinha um cartão quando fui para L.A.
Disse ao médico que tinha ataques de pânico.

No momento que eu disse 11 de Setembro,
ele prescreveu logo uma receita.

- Boa.
- Não foi uma desculpa.

Umas semanas depois dos atentados,
eu estava no trabalho, a almoçar na

nos aviões que foram contra as torres.
E eram estes dois tipos que

estavam voltando da

Russia com um bebé que tinham adoptado.

Caminhei até ao escritório e

fechei a porta, fiquei contra a parede e...
começei a soluçar e a chorar.

Não me conseguia mexer.

Sabia que tinha de ligar a alguém a pedir
ajuda, mas literalmente não conseguia

atravessar a sala para

ir buscar o telemóvel à secretária.
Estava paralizado.

O que fizeste?

Apercebi-me que podia andar,
fui buscar o telemóvel à secretária e

telefonei para o meu melhor amigo.
Mas lembro-me de pensar,

“O Alex poderia estar nas torres".
Li todas as listas e não vi lá

o teu nome, então presumi que estavas bem.

Sinto muito.

Ei, prescrevo erva para isso...

Não, refiro-me acerca de desaparecer.

Pois, porque o fizeste?

- Detestava Nova York.
- Não sabia disso.

Engraçado, porque falava nisso
o tempo inteiro.

- Não me lembro disso.
- Era porque gostavas.

E gostava.

O que é isso?

Todos estão a salvo.

Não admira que pareçam tão tristes.
Já viste algum de perto?

Coiotes?
Sim, estão por toda L.A.

Nas montanhas, e agora andam por aí
como se mandassem na cidade...

à procura de água...

A água é importante.

Que raio?!

É por teres desaparecido.

Parvo!

Mmmm, salgado.

Espera,
porquê água salgada?

Não precisas de cloro se usares
água salgada.

Meu Deus, és um raio de um hippie.
Para a próxima por favor,

Nós não temos dinheiro para uma piscina
aquecida.

Estás à espera do quê?

Sabes quanto custa aquecer uma piscina?

- Espera, nós quem?
- O quê?

Disseste que não podiamos comprar?

Não, não disse.

Pois, disseste.
Nós quem?

Dean?

Que raio somos nós?

Nós, sou eu, e o Bryan.

- Então és casado.
- Sim.

- Ele sabe que estás aqui?
- Sim.

- Ele sabe que estou aqui?
- Não.

Ok, então vocês têm algum tipo de
conivência?

Não exactamente.

Então estás a enganá-lo.

Não, quer dizer... o Bryan e eu... não
estamos juntos.

Estão separados?
Pois, quer dizer... ele está na Austrália, e eu aqui.

Pois, não me refiro geograficamente.

É complicado.

Ok, vou tornar as coisas um pouco
menos complicadas.

Alex.

- Alex, posso explicar.
- Então dá-me uma boa explicação.

- Eu ia contar-te.
- Quando?

Assim que começamos a mandar e-mails,
mas...

- Mas O QUÊ?
- Eu queria, mas tu não perguntaste.

É a tua desculpa?
Eu não tinha perguntado se fosses casado?

Não perguntaste! e eu também não pedi!

Podias também ser casado.

Bem, não sou.

Ok, agora sei.
Olha, podemos parar de falar acerca disto?

Disto.
Nós.

- Qual o nome dele?
- Bryan.

- Bryan. Então...
- Alex. Ei!

Alex, vá lá. A sério?
Alex, não faças isto!

É suposto ser eu?

Não, penso que fizeste alguns melhoramentos.

Não me parece que seja possível.
Gosto do teu avental.

Esta coisa velha? só o uso
quando não quero saber como estou.

Não, formei-me esta tarde.

- Qual a licenciatura?
- Tirei M.B.A.

- Ah, Negócios.
- Mmhmm.

- Alex.
- Dean.

Queres sair daqui?

- Sim.
- Onde moras?

- Ao virar da esquina.

- Porque não entraste?
- Estava a apreciar as estrelas.

Não percebo.

No final do verão.
Menti, conheci alguém.

- Enquanto estávamos juntos?
- Não éramos exclusivos.

- O quê? Quando?
- No Central Park.

Estava jogando softball.
Tu apareceste.

Querias surpreender-me, estavas lá.
Ele estava lá, até lhe deste um aperto de mãos.

Pensavas que ele era um dos meus amigos,
ele pensou o mesmo.

- Então deixei Nova York e fui para Miami.
- Para estar com ele.

Estou a tentar ser honesto, perguntaste
porque é que desapareci, e eu disse.

- Ainda queres que fique?
- Sim.

Ainda bem, deves-me um telemóvel.

- Ei.
- Eles adoram versões.

Porquê?

Não sei, acho que agora eles pensam que

ninguêm vê um filme
chamado “Portmanteau."

Pois bem, foi o que nós dissemos seis
meses atrás.

Espera, como é que ainda estou a falar contigo? Nunca trabalhaste lá.

- Estou na cidade, qual é o novo título?
- “A Bag By The Lake."

- Obrigado.
- óptimo.

- É uma piada, estou a brincar, o que se passa?
- humm, nada. Tenho de ir.

- Queres que vá até lá?
- Não.

- Consigo estar lá em duas horas.
- Não, definitivamente não.

Sim?
Ele faz mais alguma coisa?

É melhor, certo?
Ou então alguêm se vai magoar.

Ok.
Encontraste rede?

- Pois, quatro barras!
- Sim, estamos na cidade.

A quem devo ligar?

- Atende.
- Estou a conduzir.

- Então tem cuidado.
- Olá?

Ei.

Ei, estou conduzindo,
posso ligar-te mais tarde?

casado e tudo o mais.
Só te quero dar um conselho amigável,

no caso de aparecer uma nova oportunidade,
para a próxima vez que decidires

enganar o teu marido,

certifica-te de tirar a aliança com antecedência. Porque se o tipo

- Tu sabias.
- Suspeitava.

Então que cena foi aquela na noite passada?

- Esperava que não fosse verdade.
- Porque não disseste algo?

Não, nunca.
Foi a primeira vez.

Perdoa-me se achei isso difícil de acreditar.

Desculpa não te ter contado acerca do Bryan. Devia.

Olha, quando recebi o teu e-mail, pensei
“Como é que ele se atreve,

Também precisava de te ver.

Vamos.

Porque é que lhe chamam Joshua Trees?

o Profeta Joshua, erguendo
as mãos a Deus.

- Pois, exactamente.
- É uma história fixe.

- Então os cigarros eram do Brian?
- Yup.

- Ele não é viciado, então deixo passar.
- Não te importas?

- Não, detesto, mas é o corpo dele.
- Pois, mas ele é teu marido.

Foi difícil... deixar?

Não, quer dizer... eu vi o meu pai morrer
de cancro do pulmão...

Sinto muito.

Está bem, acho que é mais fácil correr
seis milhas do que fumar um maço por dia

quando tens vinte anos.

Bem, não para mim, sabes que acordava todas
as manhãs, dobrado

com dores abdominais.
O médico disse que era do stress.

Porque raio é que eras tão stressado?

- Tudo.
- Não sabia disso.

Ninguêm sabia. O mais importante que
aprendi na escola dos negócios

Jesus Cristo.

e que provavelmente ajudaria,
era falar com alguém.

- Então porquê Australia?
- Ele está lá por causa do trabalho.

- O que é que o Brian faz?
- Ah, ele é director.

Filmes?

Não, a maioria dos meus clientes estão em L.A. Estamos lá por causa do meu trabalho.

Acho que não conseguiria fazer isso.
Se casasse com alguém,

Bem, não é assim tão simples.
Quando és cinematografico, tens de ir

para onde há trabalho.
Às vezes significa semanas,meses separados.

E lidas bem com isso?

Bem, eu sabia no que me estava a meter
antes de aceitar.

Sabes que acho que é bom estar sozinho
às vezes.

Passar algum tempo contigo próprio,
ser produtivo e depois

juntarmo-nos novamente, sabes?

- Quem estás a tentar convencer?
- Estou apenas a dizer, não é mau de todo.

- Podemos ver daqui a casa?
- Não consigo ver nada últimamente.

Isto é espantoso.

- Parece um cenário de Hoolywood.
- Foi cenário de filmes.

De que filmes?

O Cisco Kid foi o único que
tenho conhecimento.

A pista de boliche costumava
estar aberta.

Tu e o Bryan alguma vez pensaram
em ter filhos?

Não.
E tu?

- Definitivamente.
- Pois!

Acho que o verdadeiro sinal de ser
adulto é cuidar

de outros para além de ti mesmo.

Colocar as necessidades dos outros
acima das tuas.

Seguindo essa definição, as pessoas
que nunca tiveram filhos não cresceram.

para procriar. Temos medo de assumir
esse tipo de responsabilidade.

É complicado ter um filho quando
ainda não assentaste.

Estava a falar a cerca de ti.

Fala-me acerca do casamento.

Foi uma cerimónia pequena, apenas alguns
amigos no City Hall e no Registo Civil.

Dez minutos e setenta e cinco dolares,
e mais tarde estava feito.

grandes arranjos florais, toda a minha

Se realmente eu amasse mesmo alguém

- Alguma vez estiveste perto disso?
- Não, bem... talvez uma vez.

Queres a verdade? estive com muitos
rapazes na minha vida.

Vivi com alguns deles.
Mas nenhum deles se comparava a ti.

Ficou tão mau, que não interessava
para onde fosse,

dava sempre comigo a pensar em ti.

O problema é que estavas à procura
da pessoa que eu era,

da pessoa que tu te lembras.

E mudaste, quer dizer, ambos mudamos.
Mas não tanto assim.

Vá lá, quando nos conhecemos tu já
estavas formado e eu era um artista.

Então admites!

Sim, admito,
já não sou um artista. Ok?

- De não ser suficientemente bom.
- Então deixou Nova York.

Acomudou-se e deixou
de ouvir a Rádio Pública Nacional.

Talvez seja por eu estar aqui.

O quê?
Para me fazeres ouvir novamente a RPN?

Não, para me deixares desconfortável.
Olá.

Mais uma rodada?

Ok, fixe.
Já volto.

Posso dizer aos dois que são adoráveis?
Eu e o Keith, o Barman,

apostávamos há quanto tempo vocês
estariam juntos.

Oh! Humm, quinze anos.

Wow, acho que vocês os dois já
falaram mais hoje do que eu e

o meu namorado todo o ano.
Volto já para vos atender.

- Wow, que lugar é este?
- Eu sei, é fantástico não é?

Sim, totalmente.
Olha para este tejadilho.

Está abandonada há anos.
Algumas celebridades dos filmes ou músicos

Primeiro faria a canalização, daria
um bom estúdio artístico, não achas?

- Quanto custará?
- Vais comprá-la?

Talvez.
O que pensará o Bryan?

Não irá gostar.
Onde vejo uma tela vazia, ele vê dinheiro.

- Ele já a viu?
- Não tenho a certeza.

- Não a mostraste a ele?
- Não.

Tens muitos segredos.

- Fofo.
- Estas orelhas são minhas.

- Espera, qual deles é o preguiçoso?
- Este, direito.

Parece normal.

- E agora?
- Muito embaçado.

Se não soubesses que era eu, diferênciavas?

- Possivelmente.
- É assim tão mau?

O olho direito fica um pouco melhor
quando uso óculos,

mas estou quase cego
desse olho.

Isso é chato...

Não, o que é chato é que possivelmente
poderia ser corrigido.

Tinha que me sentar numa sala escura
com o meu olho bom coberto

e com o olho preguiçoso olhar por
um canudo uma luz amarela a piscar.

- Parece super divertido.
- Tive de usar um adesivo ocular.

- Adesivos oculares são fixes.
- Não quando tens seis anos.

Então não funcionou?

Não, não funcionou, eu queria.
Fiquei tão frustado,

Os teus pais não te obrigaram
a continuar?

Não, eles queriam que eu fosse uma criança feliz. É engraçado, que às vezes acho

que se fizesse o que era suposto fazer,
veria um mundo totalmente diferente.

Podia mudar o meu nome para
Rocco.

- Posso sentir.
- O quê?

- A minha aliança de casamento.
- Só estou a dizer.

Não estou a ser metafórico,
a sério.

Como se estivesse lá.

Costumava usar uma banda à volta da cabeça
quando jogava tenis.

Uma vez tirei-a, e conseguia senti-la ainda
lá, como se estivesse na testa.

Começei a ficar maluco
então fui cortar o cabelo.

Então ele cortou um pouco de cabelo e
disse, bem ainda aqui esta?

Eu disse que sim, ele cortou um pouco mais,

e mais, acabou por cortar o cabelo rente.

Resultou?

me apercebi que tinha desaparecido.

- Não posso cortar o meu dedo.
- Queres que o corte?

- Ok, e o que te impede?
- Irá doer.

Yup.
Depois irias sentir-te melhor.

Talvez, quero sentir-me sempre assim.

Sabes que podemos.
Se quisermos.

Querer não é a falha, vá lá
isto não é sustentável.

Sim, claro que é.

Qual foi o relacionamento mais
longo que tiveste?

Humm, não é essa a questão.

É a questão se estivermos a falar
de um compromisso.

de me sentir jovem, sexy e vivo,
de paixão.

Sentes isso com o Bryan?

- Jesus Cristo, Dean.
- Não. Claro que sim.

Amas ele?

O Bryan é a pessoa mais bondosa que
já conheci. É esperto e engraçado.

É incrivelmente generoso e paciente.

Sim, amo, tu disseste que ser adulto
é ser alguém que cuida

de outra pessoa mais do
que a si próprio. Assim é o Bryan.

Eu podia falar de ti e desta semana
toda e ele tentar fazer com que

eu me sentisse melhor,
fazendo-me sentir menos culpado.

Poderia até ficar danado, mas depois
quando estivesse mais calmo, tentaria

entender primeiro porque é que senti
necessidade de ter feito isto.

Porque estou aqui Dean?

- Pensava que tinhas desistido.
- O Bryan não se iria importar, ou iria?

Está um rato morto
a flutuar na tua piscina.

- Merda, estão sempre a cair nela.
- Talvez andem a saltar.

Os ratos não cometem suícidio.

Porque fizeste isso?

- O que é que poderia fazer?
- Não sei, enterrá-lo!

É só um rato.

- O que aconteceu?
- O que queres Dean?

O que quero?

- Isso não é uma simples pergunta.
- Tretas...

Ok, se é tão simples, responde,
O que queres?!

Não foram dois dias,
foram quinze anos.

Quinze anos dum raio
à procura um do outro.

Eu conheço-te.

Ok, então diz-me.

O que queres que diga?
Que vou abandonar o meu casamento?

E depois? Tu e eu fugimos juntos?

Pois, algo assim, vamos fazer isso,
é o que eu quero.

Diz-me então o que queres.

Tantas coisas.

Um dia quero correr a maratona.

Queria ter mais tempo para pintar

Queria-te a ti.

queria que o meu casamento resultásse.

Ás vezes queria ser eu próprio.

E mais que tudo...

Agora queria voltar para a cama.

podemos fazer isso?

Por favor.

Sim, está bem.

Eu apago as luzes.

Oh, pára. Pára.
Não ganhaste isso.

Faz-me sentir mais esperto.

- Usamos a mesma pasta de dentes.
- Pois, muito bem... serve-te.

- Pois.
- Deixa-me ver.

Ok, tenho de te dizer uma coisa.

Ok, não tenho medo.

- Posso ver?
- O que é?

Não me lembro do teu nome.

- O quê?!
- Desculpa!

Tinhas o meu pau na tua boca.

Eu sei, acho que ainda estou bêbado
ou algo assim.

Não acredito nisto!

Vá lá parvo, espera, como é
que eu me chamo?

Pois.

Ok, primeiro que tudo,
não me apresento como Alexander

a qualquer um, não interessa
o quão bonitos eles são, e tu és muito.

Obrigado.

quando estavas na casa de banho.

É bom que os meus cartões
de crédito estejam todos lá, parvo!

Aquela foto não te favoresse.

- És horrivel! mauzinho.
- Não sou nada.

- Mas o que é?
- O que é o quê?

O teu nome.

- Dou-te uma pista.
- Dou-te uma pista.

- Rima com minha.
- Rainha.

- Só há um.
- Peen.

Ha, ha.

Dean! oh, como James Dean.

- Ele era gay.
- Oh, vá lá...

Porque é que os gays fazem
sempre isso com os outros gays...

- Bem, ele era bi.
- Como queiras.

- Eu sou bi.
- Não, não és.

- Sou.
- Então com quantas mulheres já dormiste?

- O que é que isso interessa?
- Queria um número, por favor.

- Cinco.
- E isso faz de ti bi?.

Se eu disser que sim.

Como é que sabes se nunca
dormiste com uma mulher?

- Sempre soube.
- Realmente...

Tenho a certeza que não preciso
de uma mulher para descobrir isso.

Concerteza que é a morte da criatividade.

O quê?

Se tens a certeza, significa que
estás fechado a todas

as outras possibilidades.

Ou talvez seja a percepção
de que nem todas as coisas são possíveis.

Qual a difernça entre
um gay e um hetero?

- Não sei.
- Seis cervejas.

Engraçado, és um comediante?

Não, sou um artista.

Pois... mas o que é que fazes a sério?

Quando era miúdo, dizia à
minha família que queria ser actor,

autor, ou artista.
O meu pai costumava dizer, "Óptimo,

mas como é que vais ganhar a vida?"

- Consegues imaginar?
- Sim, por acaso até imagino.

Também gosto de ti.

São oito horas, está na altura
da edição da manhã.

- O que é isso?
- RPN!

- O que é isso?
- Oh, é fantástico, vais adorar.

Escuta.

Alex?

Dean, desculpa sair assim sem
dizer adeus.

acho que alguns hábitos são difíceis de quebrar.

Espero que um dia compres aquela casa.
Tu mereces, Alex.

Bryan! Olá querido.

Não, continuo no deserto.

Não acredito que agora já tenho sinal.

Como estão as coisas por aí?

o mesmo de sempre.
Devias despedi-lo.

Ok querido, não despeças.

Bryan!
Bryan! Querido...

Olha, preciso de te dizer uma coisa...

Acho que deviamos estar juntos
mais vezes.

Quero mesmo que nos vejamos mais vezes, ok?

Falamos nisso quando chegares.

Também te amo.

Temos de fazer alguma coisa
acerca dos ratos.

Tradução e Revisão;
Helder Guerreiro