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Em breve atirar�o na lata. 50 00:03:23,015 --> 00:03:26,880 A c�mera est� perto da a��o, mas n�o dentro dela. 51 00:03:26,981 --> 00:03:28,915 A� isso acontece. 52 00:03:30,710 --> 00:03:33,914 Ela de repente est� onde os olhos do atirador est�o. 53 00:03:34,015 --> 00:03:35,748 O ponto de vista dele. 54 00:03:45,560 --> 00:03:50,156 A grande diretora norueguesa Edith Carlmar leva isso mais longe 55 00:03:50,257 --> 00:03:55,690 nesse, que � o �ltimo de seus dez filmes, todos sucessos comerciais. 56 00:03:56,415 --> 00:03:58,480 Uma tomada de interior comum. 57 00:03:58,581 --> 00:04:00,747 O ponto de vista geral do p�blico. 58 00:04:00,848 --> 00:04:04,247 Amplo, objetivo, impessoal. 59 00:04:04,348 --> 00:04:06,314 O que fiz, fiz por prazer. 60 00:04:06,415 --> 00:04:08,947 -E voc�? -Cuidado. 61 00:04:09,048 --> 00:04:13,147 Em seguida focamos em Liv Ullman. Ela discute com sua m�e. 62 00:04:13,248 --> 00:04:17,280 De novo estamos perto da a��o, mas n�o exatamente dentro dela. 63 00:04:17,381 --> 00:04:20,247 Mas, em alguns momentos, o ponto de vista de Liv. 64 00:04:20,348 --> 00:04:22,648 A c�mera � estapeada quando ela � estapeada. 65 00:04:24,648 --> 00:04:28,580 Carlmar trata a tomada de POV como se fosse uma personifica��o. 66 00:04:28,681 --> 00:04:30,815 Algo material. 67 00:04:30,916 --> 00:04:33,983 A c�mera se torna a pessoa. 68 00:04:35,648 --> 00:04:38,830 Eis uma pessoa. Uma tomada em telefoto. 69 00:04:39,130 --> 00:04:42,513 Sobe para Colin Farrell. Em seguida Nicole Kidman. 70 00:04:42,614 --> 00:04:44,413 Ela olha o corpo dele. 71 00:04:44,514 --> 00:04:46,880 Quem olha est� acordada. 72 00:04:46,981 --> 00:04:50,714 Quem � olhado est� dormindo, inconsciente. 73 00:04:53,751 --> 00:04:57,741 A respira��o de uma mulher, sua tentativa de se controlar. 74 00:04:57,842 --> 00:04:59,542 Lavando-se de novo. 75 00:04:59,643 --> 00:05:01,943 N�o h� um olhar masculino aqui. 76 00:05:05,548 --> 00:05:08,147 Ela est� segurando as m�os dele como se fosse um segredo. 77 00:05:08,248 --> 00:05:12,208 Estamos no mundo dela, no ponto de vista dela. 78 00:05:12,309 --> 00:05:16,409 Ela est� bem ciente do momento. Ele est� inconsciente. 79 00:05:16,714 --> 00:05:20,481 Talvez essa seja uma defini��o de ponto de vista. 80 00:05:34,344 --> 00:05:37,280 Em seguida, ela abaixa um pouco as roupas de baixo dele. 81 00:05:37,381 --> 00:05:42,014 S�o roupas de baixo femininas, pois n�o h� homens na escola. 82 00:05:48,981 --> 00:05:50,814 Ela � a diretora da escola. 83 00:05:51,514 --> 00:05:52,848 Respira��o de novo. 84 00:05:53,214 --> 00:05:54,748 Estamos dentro da cabe�a dela. 85 00:05:57,248 --> 00:06:01,848 Seu sentido de retid�o entra em guerra com o desejo. 86 00:06:02,348 --> 00:06:06,114 A intimidade psicol�gica do ponto de vista. 87 00:06:10,148 --> 00:06:12,281 -Vamos ver. -Estou fazendo certo? 88 00:06:14,814 --> 00:06:19,714 O POV em �The Cannibals�, de Liliana Cavani, � mais violento. 89 00:06:20,214 --> 00:06:23,514 Estamos na It�lia sob um regime fascista. 90 00:06:24,114 --> 00:06:26,647 Britt Ekland foi capturada pela pol�cia. 91 00:06:26,748 --> 00:06:30,714 Corta para uma tomada filmada do centro de um c�rculo. 92 00:06:31,481 --> 00:06:33,080 Em seguida, corta para Ekland. 93 00:06:33,181 --> 00:06:34,847 Ela est� numa cadeira girat�ria. 94 00:06:34,948 --> 00:06:36,848 A c�mera a acompanha. 95 00:06:38,481 --> 00:06:41,913 Os giros aumentam � medida que a intimida��o cresce. 96 00:06:42,014 --> 00:06:46,113 As rota��es nos d�o uma sensa��o de n�usea, da n�usea que ela sente. 97 00:06:46,214 --> 00:06:48,881 Novamente, o ponto de vista como personifica��o, 98 00:06:49,614 --> 00:06:51,847 em seguida, a tomada abre para mostrar o esquema. 99 00:06:51,948 --> 00:06:53,847 Excelente encena��o. 100 00:06:53,948 --> 00:06:55,880 Em seguida, a c�mera se transforma nela. 101 00:06:55,981 --> 00:06:58,848 Os interrogadores est�o ao seu redor. 102 00:07:00,147 --> 00:07:01,147 Os peixes... 103 00:07:01,248 --> 00:07:02,748 O que isso quer dizer? 104 00:07:03,081 --> 00:07:05,881 Quem paga voc�? Quem estava l� com voc�? 105 00:07:10,114 --> 00:07:12,893 E a personifica��o n�o precisa ser visual. 106 00:07:13,048 --> 00:07:15,547 Em �O Atalho�, de Kelly Reichardt, 107 00:07:15,648 --> 00:07:17,680 os homens est�o bem longe, 108 00:07:17,781 --> 00:07:21,613 decidindo sobre seu pr�ximo destino na jornada pelo Oregon. 109 00:07:21,714 --> 00:07:23,247 Telefoto. 110 00:07:23,348 --> 00:07:27,281 As mulheres olham, mas mal conseguem ouvi-los. 111 00:07:34,048 --> 00:07:37,280 Esse corte para as mulheres n�o � do POV dos homens, 112 00:07:37,381 --> 00:07:39,714 porque eles est�o de costas. 113 00:07:43,114 --> 00:07:45,178 Em seguida, um close do som dos cavalos, 114 00:07:45,279 --> 00:07:49,795 e nos damos conta que se trata de um POV sonoro. 115 00:07:49,896 --> 00:07:53,028 O som nos diz mais sobre onde estamos, 116 00:07:53,129 --> 00:07:55,812 com os animais, longe dos homens, 117 00:07:55,913 --> 00:08:00,613 e sobre qual � o nosso POV aqui, o das mulheres. 118 00:08:13,842 --> 00:08:15,741 Assim, o cinema usa imagem e som 119 00:08:15,842 --> 00:08:19,808 para fazer-nos sentir como se personific�ssemos personagens. 120 00:08:20,442 --> 00:08:22,074 O que acontece quando fazemos isso? 121 00:08:22,175 --> 00:08:25,575 Que novas coisas n�s vemos e sentimos? 122 00:08:26,375 --> 00:08:28,441 Mai Zetterling nos mostra. 123 00:08:28,542 --> 00:08:31,074 Uma garota entra num sal�o. 124 00:08:31,175 --> 00:08:33,175 Tomada aberta, observadora. 125 00:08:44,642 --> 00:08:46,607 A� ela vai pra debaixo da mesa. 126 00:08:46,708 --> 00:08:50,007 � como se estivesse mergulhando. 127 00:08:50,108 --> 00:08:51,775 Aposto que... 128 00:08:52,642 --> 00:08:56,041 Homens chegam, mas n�s permanecemos l� com ela. 129 00:08:56,142 --> 00:09:01,141 O som vem de outro lugar, assim como em �O Atalho�. 130 00:09:01,242 --> 00:09:04,507 Ela est� com o cachorro. Ao n�vel dos sapatos. 131 00:09:04,608 --> 00:09:08,075 Voc� v� coisas diferentes nesse submundo. 132 00:09:11,775 --> 00:09:14,174 Um charuto batido fora do campo de vis�o. 133 00:09:14,275 --> 00:09:15,941 Um mau h�bito secreto. 134 00:09:16,042 --> 00:09:19,175 Uma crian�a na minha casa seria como o padre encontrando o bispo na cama. 135 00:09:20,234 --> 00:09:21,741 Um tornozelo que co�a. 136 00:09:21,842 --> 00:09:24,459 A srta. Petra vive sozinha nesse casar�o. 137 00:09:24,560 --> 00:09:26,506 Bem interessante, padre. 138 00:09:26,607 --> 00:09:28,890 Coisas involunt�rias. 139 00:09:29,053 --> 00:09:31,319 O sapato dele est� muito apertado. 140 00:09:31,420 --> 00:09:34,529 Um desconforto que ele n�o exibiria acima da mesa. 141 00:09:34,630 --> 00:09:37,497 Aqui embaixo � como se fosse o inconsciente. 142 00:09:38,186 --> 00:09:43,753 O ponto de vista � mais id, mais desejo e medo, do que superego. 143 00:09:44,720 --> 00:09:46,152 Com licen�a. 144 00:09:46,253 --> 00:09:50,153 Se est�o falando sobre a Angela, eu a levo. 145 00:09:53,786 --> 00:09:55,618 Por que n�o disse antes? 146 00:09:55,719 --> 00:09:57,919 N�o queria parecer ego�sta. 147 00:10:03,079 --> 00:10:05,218 Uma das melhores diretoras do mundo, 148 00:10:05,319 --> 00:10:08,586 a ucraniana Larisa Shepitko, sabia disso. 149 00:10:09,119 --> 00:10:14,085 Seu �ltimo filme, �A Ascens�o�, se passa na Belarus da 2� Guerra. 150 00:10:14,186 --> 00:10:16,885 Dois guerrilheiros num tren�. 151 00:10:16,986 --> 00:10:20,285 Um deles, Sotnikov, foi baleado na perna. 152 00:10:20,386 --> 00:10:22,518 �ngulo baixo enquanto n�s olhamos para ele. 153 00:10:22,619 --> 00:10:25,085 Um ponto de vista de observador, pode-se dizer. 154 00:10:25,186 --> 00:10:28,418 Mas em seguida a c�mera move para cima. 155 00:10:28,519 --> 00:10:33,652 A tomada desvia do observador para um POV intermedi�rio, 156 00:10:33,753 --> 00:10:36,352 como se se transformasse no POV de Sotnikov, 157 00:10:36,453 --> 00:10:38,385 ou o POV do inconsciente. 158 00:10:38,486 --> 00:10:40,618 Sombras. As p�lpebras tremem. 159 00:10:40,719 --> 00:10:44,352 A c�mera desfoca como se ele perdesse a consci�ncia, 160 00:10:44,453 --> 00:10:47,019 como se a dor fosse extrema. 161 00:10:55,786 --> 00:10:59,219 Crian�as que estavam brincando param para ver. 162 00:11:08,253 --> 00:11:10,918 Os olhos de uma mulher acompanham o tren�, 163 00:11:11,019 --> 00:11:13,819 como se um cortejo estivesse passando. 164 00:11:14,553 --> 00:11:18,753 O soldado imagina sua pr�pria morte. 165 00:11:19,586 --> 00:11:23,586 Come�amos no nosso POV, passamos para o dele, 166 00:11:23,986 --> 00:11:26,253 e em seguida universalizamos. 167 00:11:50,219 --> 00:11:54,853 O filme anterior de Shepitko, �Wings�, leva isso mais longe. 168 00:11:55,453 --> 00:11:59,185 Nadeshka � uma ex-piloto de ca�a sovi�tica, 169 00:11:59,286 --> 00:12:02,586 que agora leva uma vida enfadonha como professora. 170 00:12:03,519 --> 00:12:08,853 Ela quer lavar algumas uvas, mas n�o sai �gua da torneira. 171 00:12:16,053 --> 00:12:20,718 Ela anda e, ao faz�-lo, lembra-se de uma chuva, 172 00:12:20,819 --> 00:12:26,719 que, por sua vez, lava o presente, levando-a para o passado. 173 00:12:48,186 --> 00:12:50,719 A longa estrada para o passado. 174 00:12:58,119 --> 00:13:00,019 A c�mera sobe numa grua. 175 00:13:03,253 --> 00:13:05,819 Esse n�o � seu POV material. 176 00:13:08,286 --> 00:13:11,152 N�o vemos o que ela v�. 177 00:13:11,253 --> 00:13:16,152 � seu POV imaterial. As imagens de sua mem�ria. 178 00:13:16,253 --> 00:13:18,986 Outro tipo de submers�o. 179 00:13:21,519 --> 00:13:25,253 Mitya! Mitya! 180 00:13:25,653 --> 00:13:28,853 Em seguida, vemos um soldado. 181 00:13:34,686 --> 00:13:37,819 -Vamos voltar. -Espera. 182 00:13:40,619 --> 00:13:44,252 Aqui, Kathryn Bigelow nos leva a um mundo de fic��o cient�fica. 183 00:13:44,353 --> 00:13:49,218 Na Los Angeles dela, � poss�vel botar um fone e ver vidas, 184 00:13:49,319 --> 00:13:53,518 experi�ncias, sonhos e os POVs de outras pessoas. 185 00:13:53,619 --> 00:13:58,352 Nos filmes anteriores, transi��es ocorriam atrav�s da neve ou �gua. 186 00:13:58,453 --> 00:14:01,286 Aqui, � atrav�s do barulho do v�deo. 187 00:14:03,886 --> 00:14:05,253 Baby, yeah! 188 00:14:05,953 --> 00:14:08,252 Outro tipo de chuva visual, 189 00:14:08,353 --> 00:14:13,119 em seguida quem usa o fone, Angela Bassett, est� em um carro. 190 00:14:13,653 --> 00:14:15,852 A c�mera se movimenta em un�ssono com a cabe�a. 191 00:14:15,953 --> 00:14:18,852 Ela v� o que a observadora v�. 192 00:14:18,953 --> 00:14:20,953 Puro ponto de vista. 193 00:14:21,619 --> 00:14:26,086 Roubado, talvez, ou monetizado, ou voyeurista. 194 00:14:28,701 --> 00:14:33,068 A pol�tica do ponto de vista, da excita��o emprestada. 195 00:14:33,169 --> 00:14:34,618 Ai, porra! 196 00:14:34,719 --> 00:14:36,818 Cara, fica de boa, Jeriko, fica de boa. 197 00:14:36,919 --> 00:14:40,552 O ponto de visa � a observa��o por procura��o, por substitui��o. 198 00:14:40,653 --> 00:14:43,252 Uma met�fora para o cinema em geral. 199 00:14:43,353 --> 00:14:47,753 Quando vemos um filme, estamos botando o fone. 200 00:14:48,186 --> 00:14:49,553 Sem problema! 201 00:14:51,719 --> 00:14:53,952 Sabe como �, se n�s ficarmos de boa, eles ficam de boa. 202 00:14:54,053 --> 00:14:56,818 T� ligado? N�o quero problema, n�o posso me meter em encrenca. 203 00:14:56,919 --> 00:14:58,120 100%. 204 00:15:04,303 --> 00:15:10,576 O POV material, o POV visual, o POV sonoro, o POV inconsciente, 205 00:15:10,677 --> 00:15:16,110 o POV do nosso olho interno e a pol�tica do ponto de vista. 206 00:15:16,550 --> 00:15:19,669 Nossas duas �ltimas cenas s�o o inverso. 207 00:15:19,770 --> 00:15:23,003 S�o sobre n�o querer ver. 208 00:15:23,349 --> 00:15:25,769 Em primeiro lugar, �O Babadook�. 209 00:15:25,870 --> 00:15:27,925 No cap�tulo 10, sobre jornadas, 210 00:15:28,026 --> 00:15:31,459 vimos essa mulher num acidente de carro. 211 00:15:31,703 --> 00:15:37,603 Seu marido morreu, mas ei-lo perante seus olhos. 212 00:15:38,236 --> 00:15:39,670 Ou ser� que est�? 213 00:15:40,236 --> 00:15:42,136 Ela se afasta dele. 214 00:15:43,403 --> 00:15:48,636 A� corta pra o POV dela, e ele � iluminado como �O Poderoso Chef�o�. 215 00:15:49,436 --> 00:15:51,869 -Acho que vai chover. -N�o. 216 00:15:51,970 --> 00:15:54,802 A voz dele � monstruosa. 217 00:15:54,903 --> 00:15:56,369 Ela corre. 218 00:15:56,470 --> 00:15:59,170 A casa est� tendo um ataque epil�tico. 219 00:16:17,792 --> 00:16:20,425 Em seguida, esse POV aterrorizante. 220 00:16:34,341 --> 00:16:38,502 O marido dela est� morto. E ela teme encarar isso. 221 00:16:38,603 --> 00:16:39,969 Olha s� isso. 222 00:16:40,070 --> 00:16:43,272 Ela sente medo de seu pr�prio ponto de vista. 223 00:16:43,373 --> 00:16:46,139 Ela o bloqueia na porta com uma cadeira. 224 00:16:48,247 --> 00:16:49,880 Mas ele � invasivo. 225 00:16:50,365 --> 00:16:54,951 A verdade, a tristeza, o fato 226 00:16:55,052 --> 00:16:58,049 obsceno de t�-lo visto morrer. 227 00:16:58,498 --> 00:16:59,964 � a agonia dela. 228 00:17:00,065 --> 00:17:02,532 Corta-a como m�os de tesoura. 229 00:17:02,898 --> 00:17:05,665 A besta a tortura. 230 00:17:06,398 --> 00:17:08,965 A besta daquilo que ela devia encarar. 231 00:17:21,565 --> 00:17:26,398 E, afinal, o que essa jovem n�o quer encarar? 232 00:17:26,998 --> 00:17:30,628 Sua irm� mais velha est� transando no mesmo quarto. 233 00:17:30,729 --> 00:17:32,829 Est� perdendo a virgindade. 234 00:17:33,365 --> 00:17:36,432 Ela acaba de dizer �estou com medo�. 235 00:17:36,932 --> 00:17:40,297 A garota mais nova virou-se, fechou os olhos, 236 00:17:40,398 --> 00:17:43,103 afundou o ouvido direito no travesseiro. 237 00:17:43,204 --> 00:17:46,304 Ela desesperadamente se recusa a ver e ouvir. 238 00:17:48,132 --> 00:17:50,112 A diretora Catherine Breillat 239 00:17:50,213 --> 00:17:53,946 captura sua recusa absoluta de um ponto de vista. 240 00:17:57,432 --> 00:18:02,332 � for�a, � irreversibilidade, � dor. 241 00:18:09,326 --> 00:18:12,825 O ponto de vista nos deixa pr�ximos psicologicamente a um personagem, 242 00:18:12,926 --> 00:18:15,858 mas, claro, h� outro tipo de proximidade no cinema. 243 00:18:15,959 --> 00:18:19,091 Sua maior e mais ousada proximidade. 244 00:18:19,192 --> 00:18:23,026 16 - O CLOSE 245 00:18:23,959 --> 00:18:27,642 Closes normalmente est�o ligados a um ponto de vista, 246 00:18:27,810 --> 00:18:29,600 como vemos aqui. 247 00:18:29,701 --> 00:18:32,301 Outro filme de Catherine Breillat. 248 00:18:35,626 --> 00:18:39,159 A adolescente Alice est� na serraria de seu pai. 249 00:18:39,721 --> 00:18:44,037 Os buracos na madeira criam fendas, lugares por onde se olhar. 250 00:18:44,325 --> 00:18:47,122 Ela v� o Jim, que trabalha l�. 251 00:18:47,223 --> 00:18:50,623 Olha sua cintura, sua virilha. 252 00:18:55,326 --> 00:19:01,371 Breillat usa o close para mostrar os peda�os do mundo, e dele, 253 00:19:01,472 --> 00:19:03,906 que chamam a aten��o dos olhos de Alice. 254 00:19:10,906 --> 00:19:13,791 O close como um zoom psicol�gico, 255 00:19:13,892 --> 00:19:17,259 a amplia��o de coisas que a atraem. 256 00:19:24,559 --> 00:19:26,615 Para al�m das tomadas de ponto de vista, por�m, 257 00:19:26,716 --> 00:19:31,058 closes no cinema, na forma mais simples, nos mostram detalhes. 258 00:19:31,159 --> 00:19:33,226 A maneira como as coisas s�o feitas. 259 00:19:34,392 --> 00:19:39,059 Esse � o filme �Ado��o�, da h�ngara M�rta M�sz�ros. 260 00:19:39,992 --> 00:19:42,759 A personagem principal trabalha nessa f�brica. 261 00:19:43,292 --> 00:19:46,092 Vemos como as mulheres lixam a madeira. 262 00:19:50,192 --> 00:19:53,058 Vemos a pele rachada de seus cotovelos. 263 00:19:53,159 --> 00:19:54,858 Suas m�os nodosas. 264 00:19:54,959 --> 00:19:57,292 O aspecto f�sico do trabalho delas. 265 00:19:57,926 --> 00:20:00,327 A c�mera, como microsc�pio, 266 00:20:00,428 --> 00:20:03,694 mostrando-nos coisas que, de outro modo, n�o ver�amos. 267 00:20:13,892 --> 00:20:16,708 Mais tarde, no mesmo filme, h� um casamento. 268 00:20:16,833 --> 00:20:19,958 Parte � filmado em plano aberto, como seria de se esperar, 269 00:20:20,059 --> 00:20:22,659 mas a� a c�mera come�a a se aproximar, 270 00:20:24,892 --> 00:20:28,959 para mostrar o que est� por baixo da festa, da reuni�o. 271 00:20:35,459 --> 00:20:38,426 L�grimas. Outro microsc�pio. 272 00:20:38,926 --> 00:20:43,026 Nenhuma outra forma de arte mostraria l�grimas t�o grandes. 273 00:20:43,626 --> 00:20:47,926 Na tela grande, uma l�grima pode cair um metro. 274 00:20:48,459 --> 00:20:52,259 Uma amplia��o �nica na cultura visual. 275 00:21:12,859 --> 00:21:15,058 E por falar em amplia��o... 276 00:21:15,159 --> 00:21:18,458 A Austr�lia no fim da era muda. 277 00:21:18,559 --> 00:21:23,324 A atriz Isabel McDonagh tenta tirar dinheiro de uma fam�lia rica. 278 00:21:23,425 --> 00:21:25,958 Ela usa um v�u, plano m�dio. 279 00:21:26,059 --> 00:21:27,824 Nada de close, ainda. 280 00:21:27,925 --> 00:21:31,524 A v�tima de seu plano, interpretado por Joseph Bambach. 281 00:21:31,625 --> 00:21:32,858 Ele olha. 282 00:21:32,959 --> 00:21:34,591 Aproxima-se dela. 283 00:21:34,692 --> 00:21:36,124 D�cor vitoriano. 284 00:21:36,225 --> 00:21:39,191 Talvez mais europeu do que australiano. 285 00:21:39,292 --> 00:21:43,924 Tomadas escritas, produzidas e dirigidas pela irm� Paulette. 286 00:21:44,025 --> 00:21:45,824 E a�... Uau! 287 00:21:45,925 --> 00:21:47,525 Esse close. 288 00:21:49,625 --> 00:21:52,824 Um momento, uma elipse de olhos. 289 00:21:52,925 --> 00:21:54,958 Ela est� chorando? 290 00:21:55,059 --> 00:21:58,192 H� um elemento alem�o nessa cena? 291 00:21:59,492 --> 00:22:01,209 Depois das irm�s McDonagh, 292 00:22:01,310 --> 00:22:05,609 cujos filmes foram sucessos maiores do que os de Carlitos, 293 00:22:05,710 --> 00:22:09,709 demoraria 40 anos para uma australiana 294 00:22:09,810 --> 00:22:12,643 dirigir um filme de est�dio. 295 00:22:22,139 --> 00:22:25,042 Voltamos ao belo document�rio de Pirjo Honkasalo, 296 00:22:25,143 --> 00:22:28,009 �The 3 Rooms of Melancholia�. 297 00:22:28,110 --> 00:22:30,375 Um menino checheno na cama. 298 00:22:30,476 --> 00:22:32,876 Ele est� rindo ou chorando? 299 00:22:36,816 --> 00:22:38,809 E o som de ca�as de guerra. 300 00:22:38,910 --> 00:22:44,809 Em seguida corta para um longe, t�o longe e t�o perto. 301 00:22:44,910 --> 00:22:46,943 E de volta para os meninos. 302 00:22:53,824 --> 00:22:56,807 Essa sequ�ncia parece ser sobre a dist�ncia, 303 00:22:56,910 --> 00:23:00,776 mas a diretora Honkasalo permanece bem perto. 304 00:23:39,747 --> 00:23:41,647 Uma galeria de rostos. 305 00:23:42,069 --> 00:23:43,475 Crian�as �rf�s. 306 00:23:43,576 --> 00:23:46,175 Filmadas em �ngulo um pouco baixo. 307 00:23:46,276 --> 00:23:49,676 Cortes de closes do rosto humano. 308 00:23:50,006 --> 00:23:52,506 Algo extremamente cinematogr�fico. 309 00:24:06,617 --> 00:24:08,972 A China nos anos 1970. 310 00:24:09,073 --> 00:24:13,273 Uma jovem estudante foi enviada para viver com um pastor. 311 00:24:14,206 --> 00:24:15,606 Close dele. 312 00:24:16,653 --> 00:24:18,900 A m�sica orquestral sobe. 313 00:24:22,148 --> 00:24:23,981 O cl�max do filme. 314 00:24:24,448 --> 00:24:26,113 Agora, close nela. 315 00:24:26,214 --> 00:24:28,781 Para que n�s n�o percamos a emo��o. 316 00:24:29,314 --> 00:24:33,714 S�o duas pessoas em um pequeno mundo dram�tico. 317 00:24:34,148 --> 00:24:37,014 Mas a arma dele est� apontando para os p�s dela. 318 00:24:44,281 --> 00:24:46,247 Ela quer que ele atire nos dedos de seus p�s, 319 00:24:46,348 --> 00:24:49,413 pois ouviu dizer que isso a levaria de volta pra casa. 320 00:24:49,514 --> 00:24:51,548 Em seguida, closes de novo. 321 00:24:52,148 --> 00:24:54,713 A diretora Joan Chen era atriz, 322 00:24:54,814 --> 00:24:58,115 mas ficou cansada de fazer papel de beleza ex�tica, 323 00:24:58,216 --> 00:25:01,880 por isso faz uma cena melanc�lica de closes mal-assombrados. 324 00:25:01,981 --> 00:25:05,348 Um sereno duelo � la Sergio Leone. 325 00:25:23,714 --> 00:25:26,714 E ent�o, o que faz a jovem? 326 00:25:27,581 --> 00:25:28,930 Tambores. 327 00:25:29,047 --> 00:25:30,681 Algo se aproxima. 328 00:25:31,214 --> 00:25:34,448 Ela tran�a os cabelos no estilo mao�sta. 329 00:25:34,781 --> 00:25:36,113 Um close ainda mais perto, 330 00:25:36,214 --> 00:25:39,314 e a imagem e o som tornam-se mais melanc�licos. 331 00:25:52,665 --> 00:25:54,113 Um len�o vermelho. 332 00:25:54,214 --> 00:25:56,181 Ainda mais melanc�lico. 333 00:25:56,548 --> 00:26:00,214 O close nos mostra tudo o que importa. 334 00:26:00,681 --> 00:26:02,048 N�s vemos. 335 00:26:08,714 --> 00:26:10,114 Ele v�. 336 00:26:14,187 --> 00:26:16,187 A�, plano aberto por um momento. 337 00:26:16,848 --> 00:26:20,148 Mas a arma agora est� mirando mais alto. 338 00:26:40,374 --> 00:26:43,541 POV e detalhes reveladores. 339 00:26:44,147 --> 00:26:49,214 Os closes que vimos at� agora se encaixavam nos filmes. 340 00:26:49,781 --> 00:26:51,746 Mas, na origem do cinema, 341 00:26:51,847 --> 00:26:56,080 diretores temiam que os closes poderiam �quebrar� os filmes. 342 00:26:56,181 --> 00:26:57,947 Eles tinham raz�o? 343 00:27:02,047 --> 00:27:05,347 Nesse filme da pioneira diretora Alice Guy-Blach�, 344 00:27:05,681 --> 00:27:09,081 uma mulher gr�vida rouba o pirulito de uma menina. 345 00:27:14,614 --> 00:27:17,646 O PIRULITO DE UMA CRIAN�A 346 00:27:17,747 --> 00:27:20,547 E a� vemos esse close m�dio. 347 00:27:21,147 --> 00:27:23,380 A mulher n�o est� mais no parque. 348 00:27:23,481 --> 00:27:25,980 Ela est� em p� contra um pano de fundo vazio. 349 00:27:26,081 --> 00:27:27,880 A ilumina��o mudou. 350 00:27:27,981 --> 00:27:30,897 O close est� em outro lugar. 351 00:27:31,082 --> 00:27:32,413 Em outro campo. 352 00:27:32,514 --> 00:27:34,914 A�, voltamos ao parque. 353 00:27:35,015 --> 00:27:38,515 O mundo real, o lugar do roubo. 354 00:27:40,691 --> 00:27:45,707 Agora um homem toma absinto enquanto l� o jornal. 355 00:27:45,902 --> 00:27:47,936 A mulher gr�vida de novo. 356 00:27:48,214 --> 00:27:50,081 Ela deseja um gole. 357 00:27:50,481 --> 00:27:51,747 E ent�o? 358 00:27:51,900 --> 00:27:53,181 Voc� adivinhou. 359 00:27:53,282 --> 00:27:57,480 Estamos num close m�dio, em outro lugar, outro campo. 360 00:27:57,581 --> 00:27:59,780 � o dom�nio do desejo. 361 00:27:59,881 --> 00:28:01,213 Freudiano, de certa maneira. 362 00:28:01,314 --> 00:28:04,413 Como os closes nos filmes de Hitchcock s�o freudianos. 363 00:28:04,514 --> 00:28:05,846 Em seguida. Bangue. 364 00:28:05,947 --> 00:28:08,780 De volta ao mundo real, ao mundo mais amplo. 365 00:28:08,881 --> 00:28:13,681 Os closes foram �quebras�, incurs�es de outro lugar. 366 00:28:21,870 --> 00:28:23,498 Encontramos algo parecido 367 00:28:23,599 --> 00:28:26,413 na estranha ilha de Lucile Hadzihalilovic de meninos 368 00:28:26,514 --> 00:28:29,081 e de mulheres aqu�ticas. 369 00:28:29,714 --> 00:28:31,381 Um imenso close. 370 00:28:31,947 --> 00:28:35,730 O movimento dos olhos nos dizem que um menino est� sonhando. 371 00:28:35,997 --> 00:28:39,457 Em seguida, um close ainda maior de uma lagarta, 372 00:28:39,558 --> 00:28:42,391 em tamanho microsc�pico, para parecer um monstro. 373 00:28:44,388 --> 00:28:46,055 Um monstro marinho. 374 00:28:55,852 --> 00:28:58,752 A�, um olho como um planeta. 375 00:29:03,747 --> 00:29:06,014 Em seguida, o umbigo do menino. 376 00:29:06,381 --> 00:29:09,814 Os closes como port�es para outros lugares. 377 00:29:20,194 --> 00:29:22,694 A� ele acorda. 378 00:29:24,429 --> 00:29:29,763 Em �Le Lit�, Marion H�nsel usa esse close por outros motivos. 379 00:29:29,864 --> 00:29:31,080 As m�os de uma mulher. 380 00:29:31,181 --> 00:29:35,014 Mas, no pano de fundo, os sons de seu parceiro adoentado. 381 00:29:35,781 --> 00:29:39,080 Ele est� morrendo, mas os closes o excluem. 382 00:29:39,181 --> 00:29:41,046 O tiram do filme. 383 00:29:41,147 --> 00:29:47,347 A c�mera sobe um pouco, mas continuamos nela e s� nela. 384 00:29:48,281 --> 00:29:51,913 O close nos for�a a entrar no espa�o �ntimo dela, 385 00:29:52,014 --> 00:29:56,814 nos mantendo fora do quadro mais amplo, da imagem agonizante. 386 00:30:05,847 --> 00:30:09,314 Os closes criam muitos espa�os fora da tela. 387 00:30:23,657 --> 00:30:28,346 Aqui, Germaine Du Lac nos d� um rosto de mulher, 388 00:30:28,447 --> 00:30:30,983 em seguida, um close na sola dos seus sapatos, 389 00:30:31,084 --> 00:30:36,051 a� na perna da cadeira, e de volta para a cabe�a dela. 390 00:30:43,206 --> 00:30:45,106 Em seguida, uma lesma, 391 00:30:49,181 --> 00:30:52,514 uma teia de aranha e padr�es. 392 00:30:53,214 --> 00:30:59,113 Junte closes assim e voc� cria um mosaico, ou algo cubista. 393 00:30:59,214 --> 00:31:01,148 Fragmentos do todo. 394 00:31:01,249 --> 00:31:03,516 Elementos da abstra��o. 395 00:31:07,019 --> 00:31:10,386 Com frequ�ncia h� algo abstrato em rela��o aos closes. 396 00:31:27,058 --> 00:31:30,513 Terminamos com uma cena mais longa de closes, 397 00:31:30,614 --> 00:31:33,981 uma das mais tocantes na hist�ria do cinema. 398 00:31:38,081 --> 00:31:41,781 Close de um homem abra�ado numa tora. 399 00:31:47,621 --> 00:31:49,055 Abre. 400 00:31:49,458 --> 00:31:50,723 Ah, n�o. 401 00:31:50,824 --> 00:31:54,723 Um enforcamento. Belarus durante a Segunda Guerra Mundial. 402 00:31:54,824 --> 00:31:59,123 E uma das pessoas que ser� enforcada � seu amigo Sotnikov, 403 00:31:59,224 --> 00:32:04,791 que vimos deitado no tren�, na neve, no cap�tulo sobre POV. 404 00:32:08,891 --> 00:32:11,924 A m�sica tempestuosa de Alfred Schnittke. 405 00:32:14,391 --> 00:32:19,491 A tomada aberta � quase teatro, ou um ret�bulo, 406 00:32:21,557 --> 00:32:27,124 e a� o close isola um dos condenados pelos nazistas. 407 00:32:35,124 --> 00:32:38,257 Em seguida, essa mulher. L�grimas de novo. 408 00:32:38,891 --> 00:32:42,324 J� estamos pensando em �O Mart�rio de Joana D�Arc�? 409 00:32:43,591 --> 00:32:48,791 A diretora Larisa Shepitko sobe a m�sica em intensidade. 410 00:32:58,491 --> 00:33:01,057 A crian�a parece n�o acreditar. 411 00:33:07,557 --> 00:33:09,990 Em seguida, Sotnikov. Ainda mais perto. 412 00:33:10,091 --> 00:33:12,991 Telefoto. Isolado do mundo. 413 00:33:13,557 --> 00:33:18,807 A� vem esse zoom, do tipo que nos aproxima de algo. 414 00:33:18,926 --> 00:33:21,708 Sotnikov olhando para o horizonte. 415 00:33:21,809 --> 00:33:25,575 Tentando focar em qualquer coisa que n�o seja o que est� perto. 416 00:33:36,642 --> 00:33:38,742 Seus olhos acham um menino. 417 00:33:41,809 --> 00:33:44,109 Outro zoom que acaba em close. 418 00:33:51,762 --> 00:33:54,574 Em seguida, essa tomada de p�s balan�ando. 419 00:33:54,675 --> 00:33:59,142 O close nos desafia a imaginar aquilo que n�s n�o vemos. 420 00:33:59,875 --> 00:34:01,309 Incr�vel. 421 00:34:01,775 --> 00:34:04,509 Agora, at� Sotnikov est� chorando. 422 00:34:14,807 --> 00:34:16,773 E a�, os nazistas. 423 00:34:54,732 --> 00:34:56,099 Brancura. 424 00:34:56,709 --> 00:34:58,009 Sinos. 425 00:34:58,709 --> 00:34:59,910 O menino. 426 00:35:29,075 --> 00:35:33,641 No �ltimo cap�tulo, os closes �s vezes nos tiravam do filme, 427 00:35:33,742 --> 00:35:37,109 da sua flu�ncia, do seu naturalismo, 428 00:35:37,609 --> 00:35:41,209 levando para algo mais intenso, mais �ntimo. 429 00:35:43,075 --> 00:35:45,708 Esse cap�tulo estuda esse tipo de fuga. 430 00:35:45,809 --> 00:35:48,008 � sobre realidades paralelas. 431 00:35:48,109 --> 00:35:49,875 Outros dom�nios. 432 00:35:52,223 --> 00:35:56,657 17 - SURREALISMO E SONHOS 433 00:35:58,075 --> 00:36:00,674 �s vezes, esse tipo de alteridade 434 00:36:00,775 --> 00:36:03,608 invade por alguns instantes o mundo cotidiano. 435 00:36:03,709 --> 00:36:05,708 ...que voc� acha que vai arremessar. 436 00:36:05,809 --> 00:36:06,941 Sou a favor de arremessar. 437 00:36:07,042 --> 00:36:08,474 Em �Quanto Mais Idiota Melhor�, 438 00:36:08,575 --> 00:36:11,008 Garth acaba de ver uma bela mulher. 439 00:36:11,109 --> 00:36:13,474 Ele est� prestes a entrar em um estado on�rico. 440 00:36:13,575 --> 00:36:15,474 A diretora Penelope Spheeris 441 00:36:15,575 --> 00:36:20,108 satiriza o clich� de como filmes sinalizavam uma cena de sonho. 442 00:36:20,209 --> 00:36:21,541 Por que n�o fala com ela? 443 00:36:21,642 --> 00:36:23,342 A tela tremida. 444 00:36:30,237 --> 00:36:32,074 E l� est� ela. 445 00:36:32,175 --> 00:36:35,609 E � como se Garth tivesse tomado um choque el�trico. 446 00:36:37,275 --> 00:36:38,476 Gostosa 447 00:36:41,909 --> 00:36:43,209 Gostosa 448 00:36:44,842 --> 00:36:49,142 E voc� bem sabe que � Sua destruidora de cora��es 449 00:36:50,409 --> 00:36:52,875 Gostosa, yeah 450 00:36:54,032 --> 00:36:56,799 � assim que ele acha que um olhar sedutor parece. 451 00:36:57,475 --> 00:37:00,209 Esse � o seu eu idealizado. 452 00:37:03,609 --> 00:37:05,909 Quero levar voc� pra casa 453 00:37:07,942 --> 00:37:11,142 N�o quero lhe fazer mal algum 454 00:37:13,475 --> 00:37:16,709 Voc� ser� minha, toda minha 455 00:37:17,142 --> 00:37:19,642 Uau! Gostosa 456 00:37:20,875 --> 00:37:24,675 Aqui vou eu, baby, pra pegar voc�! 457 00:37:25,142 --> 00:37:27,509 E a� aquela tela tremida de novo. 458 00:37:28,909 --> 00:37:31,653 Telas tremidas s�o coisas do passado agora, claro, 459 00:37:31,754 --> 00:37:34,174 mas cineastas sempre se interessaram 460 00:37:34,275 --> 00:37:39,141 na porta para um sonho, o ato de mudar para um estado on�rico. 461 00:37:39,242 --> 00:37:41,208 Aproxime-se do quadro. 462 00:37:42,508 --> 00:37:45,675 Voc� j� o viu bem de perto? 463 00:37:46,842 --> 00:37:49,241 N�o estou falando de v�-lo ao ponto de enxergar 464 00:37:49,342 --> 00:37:52,774 os rodopios e as pequenas colinas e vales de tinta. 465 00:37:52,875 --> 00:37:56,307 Digo perto o suficiente para chegar ao cora��o do pigmento. 466 00:37:56,408 --> 00:37:58,641 O segmento de Wendy Toye, 467 00:37:58,742 --> 00:38:02,175 no filme em epis�dios �Tr�s Casos de Assassinato. 468 00:38:02,575 --> 00:38:03,874 Estamos em um museu. 469 00:38:03,975 --> 00:38:07,307 A narra��o em off sugere um voo da imagina��o, 470 00:38:07,408 --> 00:38:10,307 uma imers�o, uma fuga. 471 00:38:10,408 --> 00:38:15,142 Avance sobre esses misteriosos declives de n�voa rodopiante. 472 00:38:15,544 --> 00:38:19,277 �Avance sobre esses misteriosos declives de n�voa rodopiante." 473 00:38:19,378 --> 00:38:22,178 Um convite para outro lugar. 474 00:38:23,530 --> 00:38:25,707 A� nos aproximamos de um batente. 475 00:38:25,808 --> 00:38:29,374 � isso que quero que voc� veja. Pode se aproximar, por favor? 476 00:38:29,475 --> 00:38:30,941 Mais perto. 477 00:38:32,104 --> 00:38:34,707 � isso mesmo, agora olhe para aquela porta. 478 00:38:34,808 --> 00:38:38,207 Voc� imaginaria que s� preciso levantar a vareta, bater, 479 00:38:38,308 --> 00:38:39,575 e faria um som de... 480 00:38:44,505 --> 00:38:45,838 Um rangido. 481 00:38:47,071 --> 00:38:48,538 A porta se abre. 482 00:38:49,241 --> 00:38:52,375 E o vislumbre do outro lugar. 483 00:38:53,941 --> 00:38:56,774 Vamos entrar? N�o seja t�mido. 484 00:38:56,875 --> 00:39:00,308 S�o como Dorothy entrando em Oz. 485 00:39:07,073 --> 00:39:08,606 Essa � a minha casa. 486 00:39:15,239 --> 00:39:19,105 Em seu primeiro filme, a ex-atriz bengali Aparna Sen 487 00:39:19,206 --> 00:39:20,873 tem uma cena parecida. 488 00:39:21,539 --> 00:39:26,306 A professora Violet Stoneham sonha com seu tempo de crian�a. 489 00:39:26,806 --> 00:39:31,873 Ela perdeu o namorado, que, na verdade, morreu na guerra. 490 00:39:32,473 --> 00:39:34,172 Ela v� essa casa. 491 00:39:34,273 --> 00:39:35,772 Al�vio. 492 00:39:35,873 --> 00:39:37,372 As luzes est�o acesas. 493 00:39:37,473 --> 00:39:39,139 Ele tem de estar l�. 494 00:39:40,006 --> 00:39:41,739 Agora ela est� na varanda, 495 00:39:48,139 --> 00:39:52,838 mas atr�s da porta n�o h� namorado, n�o h� casa. 496 00:39:52,939 --> 00:39:54,172 As portas tremem. 497 00:39:54,273 --> 00:39:55,605 Uma ventania. 498 00:39:55,706 --> 00:39:59,273 E vemos um cemit�rio, a praia, o mar. 499 00:40:06,339 --> 00:40:08,405 Dorothy em Oz de novo? 500 00:40:08,506 --> 00:40:10,606 O port�o para um sonho. 501 00:40:30,006 --> 00:40:32,072 E que tal isso para um port�o? 502 00:40:32,173 --> 00:40:37,105 A cineasta-core�grafa-pensadora ucraniana-americana Maya Deren 503 00:40:37,206 --> 00:40:40,973 aparece pela primeira vez na nossa hist�ria. 504 00:40:41,473 --> 00:40:44,638 Ela se filma subindo em um toco de �rvore. 505 00:40:44,739 --> 00:40:46,306 A� corta. 506 00:40:46,839 --> 00:40:48,072 Uma toalha de mesa. 507 00:40:48,173 --> 00:40:49,572 As m�os dela. 508 00:40:49,673 --> 00:40:51,106 Um copo. 509 00:40:51,573 --> 00:40:54,339 E ela v�... um candelabro... 510 00:40:54,973 --> 00:40:57,573 e uma mesa de jantar cheia de fumantes. 511 00:40:58,139 --> 00:41:00,906 Que port�o ela cruzou? 512 00:41:01,439 --> 00:41:04,306 Que mundo ela escalou? 513 00:41:10,806 --> 00:41:12,639 Ela guia com o queixo. 514 00:41:15,106 --> 00:41:17,639 Mas os p�s ainda est�o no toco. 515 00:41:18,406 --> 00:41:20,139 M�os, joelhos, 516 00:41:24,373 --> 00:41:27,305 mas em seguida ela est� na folhagem. 517 00:41:27,406 --> 00:41:28,806 Rastejando. 518 00:41:29,706 --> 00:41:32,406 Esse sonho ocorre em dois lugares simult�neos. 519 00:41:33,273 --> 00:41:36,739 O port�o continuamente move em dire��o a si mesmo. 520 00:41:51,939 --> 00:41:54,339 Eis outro filme de Maya Deren. 521 00:41:56,506 --> 00:41:59,305 H� uma forma convencional de filmar uma cena de escada, 522 00:41:59,406 --> 00:42:02,606 mas tamb�m h� a maneira on�rica de Maya Deren. 523 00:42:03,939 --> 00:42:07,439 O mundo est� balan�ando como um barco no mar. 524 00:42:08,039 --> 00:42:10,373 Ela segue algu�m de preto. 525 00:42:31,739 --> 00:42:34,506 A pessoa deixa uma flor. 526 00:42:37,306 --> 00:42:39,173 Deren mal consegue respirar. 527 00:42:44,573 --> 00:42:48,039 Medo ou desejo ou o il�gico. 528 00:42:55,973 --> 00:42:59,639 Em seguida, a pessoa com a cara de espelho some. 529 00:43:00,773 --> 00:43:02,738 Em seguida, montagem percussiva. 530 00:43:02,839 --> 00:43:05,839 Deren est� embaixo, em seguida em cima de novo. 531 00:43:17,972 --> 00:43:22,038 O arco de Wendy Toye, de Aparna Sen, de Maya Deren. 532 00:43:22,839 --> 00:43:25,639 Mas o que acontece quando n�s atravessamos o arco? 533 00:43:26,072 --> 00:43:29,272 Que tipo de surrealismo n�s encontramos? 534 00:43:31,072 --> 00:43:32,838 O surrealismo do desejo, 535 00:43:32,939 --> 00:43:36,971 nessa sequ�ncia de �Retratos de uma Dama�, de Jane Campion. 536 00:43:37,072 --> 00:43:40,506 A �gua se dissolvendo sobre o rosto de Nicole Kidman. 537 00:43:45,472 --> 00:43:48,605 Em seguida, uma m�o em torno de seu quadril espartilhado. 538 00:43:48,706 --> 00:43:50,639 A liquidez do sonho. 539 00:43:51,672 --> 00:43:56,606 E, nesse devaneio, cortamos para o que parece ser um filme mudo. 540 00:43:57,206 --> 00:43:59,439 Acelerado, pulando. 541 00:44:00,472 --> 00:44:03,505 7, 8, 9, 10... 542 00:44:03,606 --> 00:44:05,439 Com licen�a. N�o, n�o, n�o. 543 00:44:11,035 --> 00:44:12,301 Os olhos dela. 544 00:44:14,206 --> 00:44:15,538 O que eu queria dizer � que... 545 00:44:15,639 --> 00:44:17,006 Os l�bios dele. 546 00:44:17,144 --> 00:44:19,944 Em seguida, os l�bios se tornam feij�es falantes. 547 00:44:20,872 --> 00:44:24,639 Estou absolutamente apaixonado por voc�. 548 00:44:26,339 --> 00:44:30,605 � uma americana no estrangeiro, em terras ancestrais. 549 00:44:30,706 --> 00:44:33,238 Ouvindo desejos sussurrados. 550 00:44:33,339 --> 00:44:35,739 Estou absolutamente apaixonada por voc�. 551 00:44:38,572 --> 00:44:40,706 Estou absolutamente apaixonado por voc�. 552 00:44:43,006 --> 00:44:44,972 Absolutamente apaixonado por voc�. 553 00:44:45,672 --> 00:44:47,771 Estou absolutamente apaixonada por voc�. 554 00:44:47,872 --> 00:44:49,805 John Malkovich � um artista 555 00:44:49,906 --> 00:44:53,906 que parece conseguir sondar a vida on�rica dela. 556 00:44:59,306 --> 00:45:03,805 Sally Potter tamb�m enxerga algo on�rico no cinema mudo. 557 00:45:03,906 --> 00:45:07,039 Julie Christie � empurrada para um palco. 558 00:45:07,606 --> 00:45:09,805 Ela esteve tentando explorar seu passado, 559 00:45:09,906 --> 00:45:12,272 e descobrir algo sobre sua m�e. 560 00:45:13,039 --> 00:45:15,172 A maquiagem � estilizada. 561 00:45:15,772 --> 00:45:17,571 Em seguida, cortamos para a m�e dela. 562 00:45:17,672 --> 00:45:20,972 � como se ela estivesse em um filme mudo. 563 00:45:23,412 --> 00:45:26,930 Em seguida, essa tomada alta e aberta mostra um palco, 564 00:45:27,031 --> 00:45:29,057 mas tamb�m um set de filmagens, 565 00:45:29,657 --> 00:45:31,427 como nas origens do cinema. 566 00:45:31,528 --> 00:45:33,416 Dois tipos de interpreta��o. 567 00:45:33,912 --> 00:45:36,428 M�sica como nos filmes mudos, 568 00:45:36,538 --> 00:45:40,502 e um sonho como aqueles em que somos expostos num teatro. 569 00:45:58,724 --> 00:46:02,757 E ent�o, a Julie adulta parece uma crian�a no colo de sua m�e. 570 00:46:03,390 --> 00:46:04,591 Uma regress�o. 571 00:46:08,557 --> 00:46:11,124 Em seguida, esses burgueses entediados. 572 00:46:11,924 --> 00:46:14,490 E a m�sica acrescenta algo � ansiedade. 573 00:46:15,490 --> 00:46:18,957 M�e e filha como bonecas em uma casa de bonecas. 574 00:46:19,524 --> 00:46:22,024 E a� aparece o pai. 575 00:46:22,957 --> 00:46:24,757 Ele encontrou ouro. 576 00:46:36,357 --> 00:46:41,157 No filme �O Arco�, de Cecile Tang, o surrealismo � religioso. 577 00:46:41,557 --> 00:46:43,190 Outro port�o. 578 00:46:43,790 --> 00:46:47,856 A diretora da escola, a sra. Tang, anda em dire��o a um templo. 579 00:46:47,957 --> 00:46:49,889 Ou ela � puxada em sua dire��o? 580 00:46:49,990 --> 00:46:53,213 Um port�o para outro lugar, novamente. 581 00:46:53,524 --> 00:46:56,257 A� uma fus�o, e ela est� l� dentro. 582 00:46:57,124 --> 00:47:01,390 Um s�rie de fus�es, de lapsos de consci�ncia, 583 00:47:07,557 --> 00:47:09,724 e a� ela parece se dividir. 584 00:47:14,157 --> 00:47:16,724 A religi�o como um tipo de surrealismo. 585 00:47:30,857 --> 00:47:33,856 Quando o conheci n�o fiz perguntas. 586 00:47:33,957 --> 00:47:36,156 Fui em sua dire��o. 587 00:47:36,257 --> 00:47:39,924 Um dia vi nos olhos dos outros o que chamamos de �nosso amor�. 588 00:47:40,690 --> 00:47:43,971 Eu os vi brigando, enquanto outros o bajulavam. 589 00:47:44,390 --> 00:47:47,523 Em �La Pointe-Courte�, de Agn�s Varda, 590 00:47:47,624 --> 00:47:51,573 outro aspecto da vida serve como fonte para o surrealismo. 591 00:47:51,943 --> 00:47:55,156 A mulher foi enquadrada em �ngulos retos para o rosto dele. 592 00:47:55,257 --> 00:47:57,089 A� veio o mar. 593 00:47:57,190 --> 00:48:01,257 Ela agora anda como se estivesse em um sonho. 594 00:48:04,724 --> 00:48:08,124 A�, essa tomada estranha de um p�ssaro empoleirado. 595 00:48:08,824 --> 00:48:10,756 Em seguida o homem contra uma parede, 596 00:48:10,857 --> 00:48:13,089 enquadrado na parte de baixo da tela. 597 00:48:13,190 --> 00:48:15,923 Voc� olha, embaixo do vidro. 598 00:48:16,024 --> 00:48:17,789 Voc� ama a mim, ou ao nosso amor? 599 00:48:17,890 --> 00:48:20,056 Olha pra mim! N�o pra ele! 600 00:48:20,157 --> 00:48:23,419 Em seguida, ela est� atr�s de uma caixa, como que enterrada. 601 00:48:23,520 --> 00:48:25,908 Mas n�o com os mesmos olhos de antes. 602 00:48:28,657 --> 00:48:32,657 Um tracking para tr�s e a caixa parece um caix�o. 603 00:48:34,190 --> 00:48:37,589 �ngulos on�ricos e centros de gravidade. 604 00:48:37,690 --> 00:48:40,190 O surrealismo do amor. 605 00:48:41,890 --> 00:48:45,289 Um estado on�rico religioso, o surrealismo do amor. 606 00:48:45,390 --> 00:48:49,423 Em seguida... o surrealismo de pesadelo da pol�tica. 607 00:48:51,823 --> 00:48:54,223 Mosquitos em um pano vermelho e branco. 608 00:48:54,857 --> 00:48:56,323 Zoom para fora. 609 00:48:59,557 --> 00:49:03,623 O mais temido s�mbolo do terror na hist�ria europeia. 610 00:49:04,157 --> 00:49:06,823 Um X marca o lugar. 611 00:49:09,272 --> 00:49:11,205 E a� o freudismo. 612 00:49:14,123 --> 00:49:16,773 Ent�o, como com frequ�ncia acontece nos sonhos, 613 00:49:16,899 --> 00:49:20,687 a dan�a est� fora do tempo, fora do ritmo. 614 00:49:20,788 --> 00:49:22,588 Um piano dissonante. 615 00:49:25,157 --> 00:49:28,223 Que m�sica eles ouvem, que n�s n�o conseguimos ouvir? 616 00:49:31,890 --> 00:49:35,057 O que n�s podemos ver e eles n�o? 617 00:49:37,290 --> 00:49:39,356 -Voc� tamb�m � filiada ao partido? -N�o. 618 00:49:39,457 --> 00:49:40,956 -Mas sua irm�... -�. 619 00:49:41,057 --> 00:49:42,590 Posso v�-la de novo? 620 00:49:44,948 --> 00:49:46,497 Feliz... 621 00:49:46,623 --> 00:49:48,157 totalmente normal... 622 00:49:48,857 --> 00:49:51,056 Isso s� acontece nessa �poca, 623 00:49:51,157 --> 00:49:52,690 nesse pa�s. 624 00:50:00,823 --> 00:50:04,956 Combina��es incomuns de coisas, pessoas e lugares 625 00:50:05,057 --> 00:50:07,390 criaram esses mundos. 626 00:50:10,157 --> 00:50:14,670 Na Bulg�ria dos anos 1960, Binka Zhelyazkhova 627 00:50:14,771 --> 00:50:17,836 come�ou sua com�dia surrealista, �The Attached Balloon�, 628 00:50:17,937 --> 00:50:20,137 com esse tipo de combina��o. 629 00:50:21,371 --> 00:50:23,103 Uma tomada externa do alto. 630 00:50:23,204 --> 00:50:26,371 O rel�gio interior fazendo tique-taque na trilha sonora. 631 00:50:30,730 --> 00:50:32,230 Em seguida, galinhas. 632 00:50:51,748 --> 00:50:54,147 5 HORAS DA MANH� NO FUSO EUROPEU 633 00:50:54,248 --> 00:50:55,748 Galos cantam. 634 00:51:03,315 --> 00:51:06,148 Um homem sem camisa, amedrontado, olhando pra cima. 635 00:51:20,915 --> 00:51:22,448 Em seguida, um trompetista. 636 00:51:30,728 --> 00:51:32,261 E uma bandeira. 637 00:51:32,648 --> 00:51:34,148 Batidas numa porta, 638 00:51:38,415 --> 00:51:39,815 uma m�scara de g�s, 639 00:51:46,848 --> 00:51:50,382 e um p�ster que parece dizer �shhhhhh�. 640 00:51:53,582 --> 00:51:56,981 A maior parte das coisas vem do mundo acordado, 641 00:51:57,082 --> 00:52:00,764 mas sua inexplic�vel combina��o, sua colagem, 642 00:52:00,920 --> 00:52:03,854 sugerem o aspecto il�gico do sonho. 643 00:52:09,048 --> 00:52:12,114 Baseia-se tamb�m em estranhas justaposi��es, 644 00:52:12,215 --> 00:52:16,014 a tcheca Vera Chytilov� em seu filme mais famoso, 645 00:52:16,115 --> 00:52:17,548 �As Pequenas Margaridas�. 646 00:52:17,882 --> 00:52:20,747 As duas jovens no filme marcham. 647 00:52:20,848 --> 00:52:24,015 Cadeados entrecortados ao ritmo de uma banda de m�sica. 648 00:52:38,148 --> 00:52:40,048 Em seguida, imagens de decomposi��o. 649 00:52:45,548 --> 00:52:50,148 A� uma tomada de cima, como aquela de �The Attached Balloon�. 650 00:52:51,382 --> 00:52:55,082 Um len�ol seguido por colagens r�pidas. 651 00:52:55,482 --> 00:52:58,782 Mais texturas, tecidos, cores e colagens. 652 00:52:59,982 --> 00:53:02,848 Campos coloridos de verde, rosa e azul. 653 00:53:03,915 --> 00:53:05,864 � como uma serigrafia. 654 00:53:06,005 --> 00:53:07,905 Surrealismo pop. 655 00:53:08,482 --> 00:53:12,582 N�o seja t�o mau comigo j� que sabe o quanto amo voc�. 656 00:53:13,182 --> 00:53:17,648 O que ser� de n�s? O que ser� de n�s? 657 00:53:18,415 --> 00:53:20,547 O que ser� de n�s? 658 00:53:20,648 --> 00:53:23,864 O il�gico do surrealismo cinematogr�fico 659 00:53:24,099 --> 00:53:28,233 �s vezes funciona melhor quando as coisas s�o s�lidas. 660 00:53:30,204 --> 00:53:32,271 Aqui literalmente. 661 00:53:32,915 --> 00:53:37,447 Passamos pelo elogiado 14� filme da h�ngara M�rta M�zs�ros, 662 00:53:37,548 --> 00:53:39,047 �Di�rio Para Minhas Crian�as�, 663 00:53:39,148 --> 00:53:42,648 nos cap�tulos sobre enquadramento e descoberta. 664 00:53:45,540 --> 00:53:48,528 Aqui ela corta da jovem protagonista, Juli, 665 00:53:48,629 --> 00:53:50,729 para o que ela est� imaginando. 666 00:53:51,473 --> 00:53:53,706 O pai dela andando por um t�nel. 667 00:53:56,673 --> 00:53:58,573 Em seguida, essa coisa cavernosa. 668 00:53:58,906 --> 00:54:01,139 E a voz on�rica de uma crian�a. 669 00:54:01,240 --> 00:54:03,006 Papai! 670 00:54:04,840 --> 00:54:06,139 Papai! 671 00:54:06,240 --> 00:54:09,972 O contraste entre a voz e o que notamos ser uma pedreira. 672 00:54:10,073 --> 00:54:11,840 Papai! 673 00:54:12,273 --> 00:54:13,573 E um homem. 674 00:54:14,473 --> 00:54:16,973 O pai dela, que era escultor. 675 00:54:17,606 --> 00:54:24,039 O pai de M�sz�ros era um escultor, morto na Grande Purga de Stalin. 676 00:54:24,606 --> 00:54:28,638 Isso � um flashback de certa forma, mas o lugar � sobrenatural, 677 00:54:28,739 --> 00:54:32,506 como fic��o cient�fica, como �Guerra nas Estrelas�. 678 00:54:33,706 --> 00:54:35,906 A solidez de um sonho. 679 00:54:37,861 --> 00:54:39,938 Mas nessa cena surreal 680 00:54:40,039 --> 00:54:43,138 de �Evolution�, de Lucile Hadzihalilovic, 681 00:54:43,239 --> 00:54:48,339 s�o as coisas suaves, n�o as duras, que criam a superf�cie on�rica. 682 00:54:49,806 --> 00:54:53,368 Uma mulher sai da escurid�o, carregando um corpo. 683 00:54:53,469 --> 00:54:55,902 Luz amarela vinda de baixo. 684 00:54:56,406 --> 00:55:00,339 Suor no seu rosto e nos olhos sombrios. 685 00:55:00,839 --> 00:55:02,040 Vento. 686 00:55:19,773 --> 00:55:21,306 Os cabelos de um menino. 687 00:55:22,573 --> 00:55:24,172 Um pesadelo Pina Bauschiano 688 00:55:24,273 --> 00:55:27,206 de textura, cor e luz. 689 00:55:37,606 --> 00:55:39,905 Na Fran�a, no cinema mudo, 690 00:55:40,006 --> 00:55:44,306 Germaine Du Lac refinou a suavidade dessa paisagem on�rica. 691 00:55:45,273 --> 00:55:49,105 Esse, seu 21� filme, foi feito antes do cinema surrealista 692 00:55:49,206 --> 00:55:54,039 de Salvador Dali, Luis Bu�uel, Man Ray e Jean Cocteau. 693 00:55:54,906 --> 00:55:56,505 Uma mulher casada e entediada 694 00:55:56,606 --> 00:55:59,872 chega a uma boate tem�tica com d�cor de transatl�ntico. 695 00:55:59,973 --> 00:56:01,906 Close do violino. 696 00:56:02,439 --> 00:56:04,206 Fus�o para a mulher. 697 00:56:09,873 --> 00:56:11,806 Uma virada de cabe�a sonolenta. 698 00:56:14,971 --> 00:56:18,071 Uma lenta fus�o lyncheana para o mar. 699 00:56:20,406 --> 00:56:23,873 Nova fus�o para seu eu imaginado. 700 00:56:28,173 --> 00:56:30,339 Roupas e cabelos tremulando. 701 00:56:32,673 --> 00:56:35,306 Em seguida, um homem na n�voa. 702 00:56:35,773 --> 00:56:37,939 Nada concreto no devaneio. 703 00:56:38,373 --> 00:56:42,939 Nada de pedreira, ou melhor, uma pedreira em seu inconsciente. 704 00:56:48,139 --> 00:56:52,106 Um homem bem arrumado, e o mar, de novo. 705 00:56:53,006 --> 00:56:55,306 Imagens chegando em ondas. 706 00:56:55,706 --> 00:56:57,873 O desejo chegando em ondas. 707 00:56:58,506 --> 00:56:59,739 Escaldantes. 708 00:57:05,773 --> 00:57:07,273 Uma vela tremulando. 709 00:57:23,590 --> 00:57:25,124 Em seguida, nuvens. 710 00:57:31,345 --> 00:57:33,512 Ela surge nas nuvens. 711 00:57:34,106 --> 00:57:36,239 Surrealismo celestial. 712 00:57:58,184 --> 00:58:00,634 E por falar em estranheza, 713 00:58:00,904 --> 00:58:03,572 no primeiro cap�tulo sobre cenas de abertura, 714 00:58:03,673 --> 00:58:06,138 conhecemos uma mulher e seu cachorro negro, 715 00:58:06,239 --> 00:58:08,839 no filme de anima��o de Alison De Vere. 716 00:58:09,673 --> 00:58:12,573 A essa altura, o caos se instalou. 717 00:58:13,373 --> 00:58:15,539 Est�o fora de uma pir�mide azul. 718 00:58:16,057 --> 00:58:18,090 O c�o agora parece eg�pcio. 719 00:58:18,826 --> 00:58:21,926 Ele tem uma chave que, claro, abre a pir�mide. 720 00:58:29,073 --> 00:58:32,973 O lugar � barulhento, como um templo budista. 721 00:58:43,951 --> 00:58:46,518 Em seguida, um cardume de olhos de Dali, 722 00:58:46,934 --> 00:58:48,800 �cones do surrealismo. 723 00:58:50,719 --> 00:58:54,702 Em seguida, uma naja budista, e um roubo, 724 00:58:54,806 --> 00:58:58,772 mas ela � picada e se transforma numa bola cheia de crateras, 725 00:58:58,873 --> 00:59:02,739 que cai � terra na sala de espera de um hospital. 726 00:59:03,404 --> 00:59:06,004 O cinema no limite do surrealismo. 727 00:59:06,404 --> 00:59:09,103 A �nica l�gica aqui � a l�gica on�rica, 728 00:59:09,204 --> 00:59:13,108 a imposs�vel fus�o de coisas com outras coisas, 729 00:59:13,209 --> 00:59:15,076 uma sinestesia 730 00:59:15,304 --> 00:59:18,804 na qual as imagens parecem vir do som. 731 00:59:20,271 --> 00:59:22,871 Repeti��es. Doen�a. 732 00:59:24,504 --> 00:59:26,271 O c�o dela na parede. 733 00:59:26,604 --> 00:59:29,571 A iconografia ancestral da egiptologia. 734 00:59:31,737 --> 00:59:34,471 E a� o fim de todos os sonhos... 735 00:59:38,171 --> 00:59:39,671 um sarc�fago. 736 00:59:44,571 --> 00:59:47,737 A� ela sai novamente para o mundo real... 737 00:59:48,237 --> 00:59:49,937 mais ou menos. 738 00:59:59,504 --> 01:00:01,704 Tradu��o: RICARDO MOURA FERREIRA57719

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