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1
00:00:21,226 --> 00:00:24,089
A maioria dos filmes foram
dirigidos por homens.
2
00:00:24,190 --> 00:00:28,690
A maioria dos ditos cl�ssicos
foram dirigidos por homens.
3
00:00:29,675 --> 00:00:34,165
Mas h� 13 d�cadas, em todos os seis
continentes onde se fazem filmes,
4
00:00:34,266 --> 00:00:37,304
milhares de mulheres tamb�m
t�m dirigido filmes.
5
00:00:39,560 --> 00:00:41,550
Alguns dos melhores.
6
00:00:43,404 --> 00:00:45,150
Que filmes elas fizeram?
7
00:00:45,390 --> 00:00:47,729
Que t�cnicas usaram?
8
00:00:49,121 --> 00:00:52,110
O que podemos aprender
sobre cinema com elas?
9
00:00:52,506 --> 00:00:57,415
Vamos revisitar os filmes atrav�s
dos olhos das diretoras.
10
00:00:58,960 --> 00:01:02,529
Vamos fazer um novo
road movie pelo cinema.
11
00:01:06,060 --> 00:01:08,489
MULHERES FAZEM CINEMA
12
00:01:08,590 --> 00:01:12,960
UM NOVO FILME DE ESTRADA
ATRAV�S DO CINEMA.
13
00:01:16,536 --> 00:01:20,618
Alguns dos filmes mais famosos,
O M�gico de Oz,
14
00:01:20,719 --> 00:01:25,019
O Apartamento, de Billy Wilder,
ET... S�o sobre o lar.
15
00:01:25,952 --> 00:01:29,285
Como s�o retratados os lares no cinema?
16
00:01:30,538 --> 00:01:34,238
Quais t�cnicas e ideias foram usadas?
17
00:01:38,582 --> 00:01:42,934
CAP�TULO 20 - LAR
18
00:01:44,913 --> 00:01:46,951
Vamos come�ar ao ar livre.
19
00:01:47,052 --> 00:01:51,686
Em Ung Flukt, Liv Ullman
� uma jovem de esp�rito livre.
20
00:01:52,159 --> 00:01:54,084
Ela fugiu com o namorado.
21
00:01:54,185 --> 00:01:56,751
Nesta ador�vel cena de est�dio
22
00:01:56,852 --> 00:02:00,619
ela fala do sonho
de terem uma casa juntos.
23
00:02:01,185 --> 00:02:03,391
Sempre quis ter uma cama s� minha.
24
00:02:03,785 --> 00:02:07,649
Branca durante o dia e preta � noite.
25
00:02:08,019 --> 00:02:10,584
Com uma colcha preta feita de renda,
26
00:02:10,685 --> 00:02:12,489
leve como uma teia de aranha,
27
00:02:12,590 --> 00:02:15,251
que voc� poderia levantar com dois dedos.
28
00:02:15,631 --> 00:02:19,231
E por baixo, tudo puro e branco.
29
00:02:19,332 --> 00:02:24,284
O sonho do lar ser� como uma cola
no relacionamento deles, ela acha,
30
00:02:24,385 --> 00:02:29,399
mas a diretora Edith Carlmar
funde a cena para os pais dele.
31
00:02:29,500 --> 00:02:32,267
Uma casa burguesa, confusa e formal.
32
00:02:33,518 --> 00:02:35,885
Esses sonhos sufocam?
33
00:02:39,118 --> 00:02:42,351
Alguns minutos depois,
voltamos para o jovem casal.
34
00:02:42,452 --> 00:02:45,352
Eles est�o numa velha cabana
da fam�lia dele.
35
00:02:45,785 --> 00:02:49,851
O contraste! Madeira nua.
Sem tapetes ou enfeites.
36
00:02:49,952 --> 00:02:51,952
Palha servindo de colch�o.
37
00:02:53,655 --> 00:02:55,717
O primitivismo n�rdico.
38
00:02:55,818 --> 00:03:00,385
Um arqu�tipo que n�o anima
nem um pouco a garota rebelde.
39
00:03:02,485 --> 00:03:04,517
Vou pegar uns brotos de abeto.
40
00:03:04,618 --> 00:03:07,618
Os brotos mais macios,
41
00:03:08,152 --> 00:03:10,218
� o melhor colch�o.
42
00:03:12,016 --> 00:03:13,751
Vamos nos ajeitar,
43
00:03:13,852 --> 00:03:15,852
vamos come�ar com a pior parte.
44
00:03:16,685 --> 00:03:19,584
O lar dos sonhos � tema
de filmes americanos
45
00:03:19,685 --> 00:03:22,218
estrelados por atrizes como Doris Day,
46
00:03:23,018 --> 00:03:26,652
mas, al�m disso, � tamb�m um ideal.
47
00:03:27,918 --> 00:03:31,318
The Enchanted Desna, de Yulia Solnsteva.
48
00:03:32,318 --> 00:03:35,284
A Ucr�nia antes
da Grande Guerra Patri�tica.
49
00:03:35,385 --> 00:03:37,851
Uma cabana de palha idealizada.
50
00:03:37,952 --> 00:03:39,418
O menino louro.
51
00:03:39,852 --> 00:03:41,418
O galo canta.
52
00:03:44,652 --> 00:03:46,084
A c�mera se move.
53
00:03:46,185 --> 00:03:47,752
A entrada.
54
00:03:50,752 --> 00:03:52,085
Outra porta...
55
00:03:52,418 --> 00:03:54,585
E deixamos a luz do sol,
56
00:03:54,918 --> 00:03:55,917
o id�lio.
57
00:03:56,018 --> 00:03:58,284
M�sica e tremula��o.
58
00:03:58,385 --> 00:03:59,852
Um obo�.
59
00:04:06,285 --> 00:04:07,451
Santos.
60
00:04:07,552 --> 00:04:10,685
Choro. Um espa�o sagrado.
61
00:04:12,452 --> 00:04:14,284
A escurid�o encantada.
62
00:04:14,385 --> 00:04:17,185
A seguran�a e maravilha do escuro.
63
00:04:32,091 --> 00:04:34,451
Outro garoto, James,
64
00:04:34,552 --> 00:04:37,785
na Esc�cia, em 1973.
65
00:04:38,185 --> 00:04:41,551
Uma luz mais cinza. Um mundo mais sombrio.
66
00:04:41,652 --> 00:04:42,884
E mais...
67
00:04:42,985 --> 00:04:46,318
Uma nova casa para a qual
sua fam�lia vai se mudar.
68
00:04:46,785 --> 00:04:48,285
Ele n�o consegue entrar.
69
00:04:48,840 --> 00:04:50,274
O som da chuva.
70
00:04:50,822 --> 00:04:55,570
Pode n�o parecer glamoroso,
mas tamb�m � um sonho.
71
00:04:55,907 --> 00:05:00,140
Um recome�o depois dos pobres
apartamentos de Glasgow.
72
00:05:00,893 --> 00:05:04,643
A textura da parede em seus dedos.
73
00:05:04,776 --> 00:05:06,176
E ent�o...
74
00:05:06,277 --> 00:05:09,610
Estamos no lugar onde ele quer estar.
75
00:05:10,285 --> 00:05:14,552
Um cineasta menor nos manteria
do lado de fora, com ele.
76
00:05:15,385 --> 00:05:17,084
Mas a diretora Lynne Ramsay
77
00:05:17,185 --> 00:05:21,485
nos coloca no lugar
de seu desejo: O lar.
78
00:05:22,252 --> 00:05:25,618
A casa est� observando, prometendo.
79
00:05:45,004 --> 00:05:48,704
Essa pequena cena aparece
na janela de Ramsay.
80
00:05:49,224 --> 00:05:53,391
O parceiro de Hedi Schneider,
no filme de Sonja Heiss.
81
00:05:54,056 --> 00:05:55,705
Uma �nica tomada.
82
00:05:55,933 --> 00:05:57,566
Sem edi��o.
83
00:05:57,917 --> 00:06:00,233
Ele abre uma janela para si mesmo.
84
00:06:00,573 --> 00:06:02,380
Um lar � um mirante,
85
00:06:02,481 --> 00:06:04,548
uma plataforma de observa��o,
86
00:06:11,785 --> 00:06:15,552
um lugar para beber uma cerveja
e ver a vida acontecer...
87
00:06:20,885 --> 00:06:23,384
O homem em Jogos da Noite,
de Mai Zetterling,
88
00:06:23,485 --> 00:06:25,551
est� � procura da felicidade.
89
00:06:25,652 --> 00:06:30,034
Ele trouxe sua noiva
� mans�o onde foi criado.
90
00:06:30,199 --> 00:06:33,501
Sua inf�ncia foi a de um filme
de Federico Fellini...
91
00:06:33,659 --> 00:06:38,065
Sexual, fascinante,
grotesca e sem certezas.
92
00:06:38,846 --> 00:06:41,185
Em que ele se consola agora?
93
00:06:41,524 --> 00:06:43,618
Coisas nas quais aprendi a confiar.
94
00:06:48,409 --> 00:06:50,891
Pinturas n�o caem em prantos ou fogem.
95
00:06:53,307 --> 00:06:55,602
Camas com dossel n�o s�o infi�is.
96
00:06:57,946 --> 00:07:00,212
Voc� se sentir� extremamente segura.
97
00:07:01,785 --> 00:07:06,485
E ficar� entediada at� a morte
na companhia deles.
98
00:07:08,373 --> 00:07:10,739
N�o, n�o vou.
99
00:07:19,969 --> 00:07:22,602
Voc� n�o sabe onde foi se meter...
100
00:07:24,082 --> 00:07:26,485
O dinheiro constr�i um muro � sua volta...
101
00:07:28,178 --> 00:07:31,312
Os objetos s�o o que lhe d�o confian�a...
102
00:07:31,785 --> 00:07:33,018
E a casa.
103
00:07:33,474 --> 00:07:35,323
As coisas est�veis,
104
00:07:35,535 --> 00:07:37,869
as coisas n�o mercuriais.
105
00:07:38,685 --> 00:07:40,185
Elas consolam.
106
00:07:40,752 --> 00:07:44,701
� como se a casa olhasse para ele
107
00:07:44,835 --> 00:07:48,454
da mesma forma que olha
pro garoto de O Lixo e o Sonho.
108
00:07:51,840 --> 00:07:53,340
Oxhide 2,
109
00:07:53,441 --> 00:07:57,177
a sequ�ncia do filme
de Liu Jiayin, Oxhide,
110
00:07:57,278 --> 00:08:01,333
que vimos no cap�tulo 18 sobre corpos.
111
00:08:01,434 --> 00:08:04,734
Estamos novamente na casa
da fam�lia da diretora.
112
00:08:08,614 --> 00:08:10,730
Por mais de 20 minutos,
113
00:08:10,903 --> 00:08:14,536
a c�mera est�tica �olha� para esta mesa.
114
00:08:14,650 --> 00:08:18,950
Um longo e im�vel olhar
para a vida dom�stica.
115
00:08:25,122 --> 00:08:27,688
Uma sala vista de uma simples cadeira,
116
00:08:27,789 --> 00:08:29,089
talvez.
117
00:08:30,122 --> 00:08:33,789
O t�tulo do filme
sobre nada mais que isso.
118
00:08:40,761 --> 00:08:44,595
Vemos novamente as ma�anetas
da porta, a l�mpada.
119
00:08:47,526 --> 00:08:49,554
E depois uma tigela,
120
00:08:49,655 --> 00:08:52,755
uma novidade na tela.
121
00:08:54,468 --> 00:08:57,068
Vamos ver o que h� no saco?
122
00:08:57,755 --> 00:08:59,355
Parece farinha.
123
00:08:59,822 --> 00:09:03,022
A tomada parece quase meditativa agora.
124
00:09:34,795 --> 00:09:37,055
E ent�o... Um corte!
125
00:09:37,156 --> 00:09:38,566
Finalmente.
126
00:09:38,667 --> 00:09:40,316
Um novo �ngulo.
127
00:09:40,465 --> 00:09:43,450
A 45 graus do �ngulo anterior
128
00:09:43,551 --> 00:09:44,785
e mais alto.
129
00:09:44,886 --> 00:09:46,653
Olhando de cima agora.
130
00:09:47,755 --> 00:09:51,089
S� haver� 8 desses cortes em todo o filme.
131
00:09:56,552 --> 00:10:01,052
E em cada vez, a c�mera
se move a 45 graus.
132
00:10:01,584 --> 00:10:03,184
A geometria da casa.
133
00:10:06,719 --> 00:10:10,752
Minuciosa, �ntima, o viver im�vel.
134
00:10:19,022 --> 00:10:21,388
O curta Tailpiece, de Margaret Tait,
135
00:10:21,489 --> 00:10:25,089
� igualmente �ntimo,
com um formato mais livre.
136
00:10:27,659 --> 00:10:29,421
Uma c�mera port�til.
137
00:10:29,522 --> 00:10:31,289
A voz de uma garota.
138
00:10:36,506 --> 00:10:37,777
Uma cama.
139
00:10:43,922 --> 00:10:45,155
Uma janela,
140
00:10:45,689 --> 00:10:47,122
um espelho,
141
00:10:49,255 --> 00:10:50,855
uma lareira.
142
00:10:52,286 --> 00:10:54,852
Um breve olhar de Tait sobre ela mesma.
143
00:10:55,889 --> 00:10:57,975
Tait est� saindo desta casa.
144
00:10:58,076 --> 00:11:00,542
Suas coisas est�o empacotadas.
145
00:11:01,055 --> 00:11:02,866
Sentimos seus olhos examinando,
146
00:11:02,967 --> 00:11:06,267
tentando lembrar os cantos, recantos.
147
00:11:07,255 --> 00:11:08,722
Ma�anetas.
148
00:11:11,589 --> 00:11:12,856
Uma cadeira.
149
00:11:12,957 --> 00:11:15,590
Coisas que estiveram ao alcance da m�o,
150
00:11:15,691 --> 00:11:18,924
do olhar, durante anos.
151
00:11:20,291 --> 00:11:25,591
Como um garoto no ch�o
152
00:11:27,827 --> 00:11:29,727
Adeus a tudo isto.
153
00:11:42,860 --> 00:11:46,460
Liu Jiayin e Margaret Tait
veneram seus lares,
154
00:11:46,561 --> 00:11:48,461
a sala de suas casas?
155
00:11:49,132 --> 00:11:51,499
Se sim, o que � isso?
156
00:11:52,598 --> 00:11:56,131
Escreva uma frase que contenha
a palavra �casa�.
157
00:11:57,154 --> 00:11:58,654
Ele hesita.
158
00:11:59,521 --> 00:12:01,154
�Casa� numa frase?
159
00:12:01,791 --> 00:12:03,291
O suspense.
160
00:12:03,991 --> 00:12:05,491
O que � uma �casa�?
161
00:12:07,366 --> 00:12:09,648
Depois essa marcha de pessoas.
162
00:12:10,004 --> 00:12:13,623
E somos exclu�dos do seu lugar seguro.
163
00:12:13,724 --> 00:12:14,990
COL�NIA DE LEPROSOS
164
00:12:15,091 --> 00:12:17,357
Onde eles podem ser eles mesmos.
165
00:12:18,257 --> 00:12:20,257
E ent�o ele escreve sua frase.
166
00:12:20,924 --> 00:12:22,924
Uma bela frase.
167
00:12:37,591 --> 00:12:42,057
A CASA � ESCURA
168
00:12:43,099 --> 00:12:47,049
De A Casa � Escura
para Safe, de Antonia Bird,
169
00:12:47,191 --> 00:12:51,490
um dos grandes filmes
sobre falta de moradia e seguran�a.
170
00:12:51,591 --> 00:12:53,624
Jovens em Londres.
171
00:12:54,035 --> 00:12:56,590
Eles passam a noite
num abrigo para sem-teto,
172
00:12:56,691 --> 00:12:58,356
mas est� tudo um caos.
173
00:12:58,457 --> 00:13:01,623
Ele est� com falta de ar.
174
00:13:01,724 --> 00:13:04,756
Gypo, amigo deles, est� do lado de fora,
175
00:13:04,857 --> 00:13:07,991
enfurecido, fren�tico. Descontrolado.
176
00:13:11,577 --> 00:13:13,656
Ele ganhou um apartamento,
177
00:13:13,757 --> 00:13:16,323
mas n�o s�o 4 paredes o que ele precisa.
178
00:13:16,424 --> 00:13:18,124
Ele precisa de pessoas.
179
00:13:25,257 --> 00:13:26,524
Kaz!
180
00:13:27,456 --> 00:13:29,190
Ele far� de tudo.
181
00:13:33,293 --> 00:13:35,693
Lar quase n�o existe pra ele.
182
00:13:36,490 --> 00:13:38,524
Lar � vida e morte.
183
00:13:39,348 --> 00:13:41,681
O interfone � sua salva��o.
184
00:13:41,782 --> 00:13:43,556
Venha aqui embaixo...
185
00:13:43,657 --> 00:13:45,390
R�pido, t�?
186
00:13:46,590 --> 00:13:48,590
D� pra vir aqui embaixo?
187
00:13:51,357 --> 00:13:56,157
A diretora Antonia Bird
intercala os ambientes.
188
00:13:57,290 --> 00:13:59,157
Algum deles � seguro?
189
00:14:21,793 --> 00:14:24,123
Isabelle Huppert tentou se proteger,
190
00:14:24,224 --> 00:14:27,357
bloqueando as portas
e janelas de sua casa.
191
00:14:28,118 --> 00:14:32,285
A rodovia do lado de fora
os deixava loucos.
192
00:14:32,938 --> 00:14:35,638
Gypo queria entrar. Eles querem sair.
193
00:14:36,218 --> 00:14:39,095
Eles precisam de ar.
Estavam presos demais.
194
00:14:39,196 --> 00:14:40,496
Muito assustados.
195
00:14:41,381 --> 00:14:44,281
Ru�do de carro e fuma�a de escapamento.
196
00:14:44,893 --> 00:14:46,137
O para�so.
197
00:14:48,525 --> 00:14:50,792
Ela sai para a luz do sol.
198
00:14:56,203 --> 00:14:58,956
Tutanc�mon saindo de sua tumba.
199
00:14:59,057 --> 00:15:02,990
Um lar n�o � bom quando n�o h� mais nada.
200
00:15:18,596 --> 00:15:21,230
As tr�s �ltimas cenas deste cap�tulo...
201
00:15:21,540 --> 00:15:25,696
Um lar destru�do, um novo lar
e um lar futur�stico.
202
00:15:26,483 --> 00:15:30,623
A Epopeia dos Anos de Fogo,
de Yulia Solntseva.
203
00:15:30,724 --> 00:15:32,990
A Grande Guerra Patri�tica.
204
00:15:34,157 --> 00:15:36,657
Um soldado volta pra casa.
205
00:15:37,390 --> 00:15:38,757
Uma casa destru�da.
206
00:15:39,390 --> 00:15:40,724
Uma silhueta.
207
00:15:43,193 --> 00:15:44,926
� como um cemit�rio.
208
00:15:54,947 --> 00:15:56,156
Um tanque,
209
00:15:56,257 --> 00:15:59,024
mas tamb�m brotos num arbusto.
210
00:16:03,674 --> 00:16:05,207
Ele caminha,
211
00:16:08,938 --> 00:16:10,238
caminha...
212
00:16:10,918 --> 00:16:13,985
A m�sica cresce, clareia.
213
00:16:26,369 --> 00:16:28,536
Um cen�rio ainda mais arruinado.
214
00:16:29,344 --> 00:16:31,837
Mas tamb�m uma mulher e uma crian�a.
215
00:16:31,938 --> 00:16:33,689
Ela est� fazendo p�o.
216
00:16:33,790 --> 00:16:36,957
Pelo menos h� um forno, uma fornalha.
217
00:16:37,764 --> 00:16:40,214
E ent�o esta aproxima��o.
218
00:16:40,324 --> 00:16:43,290
Uma onda de sentimentos, de volta ao lar.
219
00:16:49,804 --> 00:16:51,171
Um recome�o.
220
00:16:51,473 --> 00:16:53,007
Cultivando os campos...
221
00:16:55,981 --> 00:16:57,648
E mais brotos novos.
222
00:17:02,824 --> 00:17:05,623
E ent�o esta tomada
numa grua dentro e acima
223
00:17:05,724 --> 00:17:07,790
do que restou de sua casa.
224
00:17:26,857 --> 00:17:28,956
Uma volta ao mundo sovi�tico
225
00:17:29,057 --> 00:17:33,157
e Larisa Shepitko sugere
que � necess�rio repensar.
226
00:17:33,690 --> 00:17:37,357
Seu filme raramente visto,
A P�tria da Eletricidade.
227
00:17:40,124 --> 00:17:44,624
Uma linda tomada de um velho
olhando de sua casa.
228
00:17:46,417 --> 00:17:50,050
E ent�o um jovem,
personagem principal do filme.
229
00:17:50,151 --> 00:17:51,723
Caminhamos com ele.
230
00:17:51,824 --> 00:17:54,689
Ele olha em volta
para um vilarejo desolado.
231
00:17:54,790 --> 00:17:56,589
Ele acabou de chegar.
232
00:17:56,690 --> 00:17:58,123
Casas destru�das.
233
00:17:58,224 --> 00:18:01,824
Sua cabe�a gira repentinamente
para esta tomada em movimento.
234
00:18:02,558 --> 00:18:05,825
Uma velha observa de sua casa.
235
00:18:06,557 --> 00:18:09,812
A falta de chuva significa
que a colheita falhou
236
00:18:09,913 --> 00:18:12,280
e as pessoas est�o com fome.
237
00:18:12,657 --> 00:18:14,991
O jovem observa um cabo.
238
00:18:15,442 --> 00:18:16,908
Come�a a pensar.
239
00:18:17,009 --> 00:18:18,625
Tem uma ideia.
240
00:18:18,946 --> 00:18:20,680
Segue a linha.
241
00:18:21,073 --> 00:18:24,740
O solo de piano parece
refletir seus pensamentos.
242
00:18:28,509 --> 00:18:33,142
E ent�o a c�mera busca
uma terceira alde� em casa.
243
00:18:33,609 --> 00:18:35,674
� como se estiv�ssemos
em As Vinhas da Ira.
244
00:18:35,775 --> 00:18:38,442
Seu olhar, direto para n�s.
245
00:18:38,909 --> 00:18:40,391
Um movimento mais r�pido.
246
00:18:40,563 --> 00:18:43,797
Algo precisa ser feito
para ajudar essas pessoas.
247
00:18:48,671 --> 00:18:50,865
Esse homem, t�o magro,
248
00:18:50,966 --> 00:18:53,399
t�o centralizado imagem.
249
00:18:53,998 --> 00:18:57,641
A vila est� morrendo. O lar est� morrendo.
250
00:19:01,275 --> 00:19:04,474
Mas o jovem, uma figura de Cristo,
251
00:19:04,575 --> 00:19:07,158
cria um esquema de irriga��o,
252
00:19:07,354 --> 00:19:12,220
usando os cabos el�tricos
para alimentar a bomba d��gua.
253
00:19:12,942 --> 00:19:15,224
Imagina��o e tecnologia
254
00:19:15,396 --> 00:19:18,596
reinventando o lar.
255
00:19:47,742 --> 00:19:51,103
De um dos temas-chave
da cultura humana, o lar,
256
00:19:51,204 --> 00:19:53,770
para outra, a religi�o.
257
00:19:54,450 --> 00:19:56,749
Sua intensidade, diversidade,
258
00:19:56,850 --> 00:20:00,540
complexidade, hipocrisia e absurdo.
259
00:20:00,801 --> 00:20:05,201
CAP�TULO 21 - RELIGI�O
260
00:20:08,496 --> 00:20:12,463
Os ricos e bem vestidos americanos
de Lois Weber mais uma vez.
261
00:20:12,863 --> 00:20:16,262
O ano � 1915. Um passeio agrad�vel.
262
00:20:16,363 --> 00:20:18,179
O melhor do domingo.
263
00:20:18,480 --> 00:20:20,195
De repente, este intert�tulo...
264
00:20:20,296 --> 00:20:24,463
A ESTRADA LARGA OU O CAMINHO ESTREITO?
265
00:20:26,963 --> 00:20:29,846
E agora um monge da �poca anterior,
266
00:20:30,089 --> 00:20:31,761
a era medieval.
267
00:20:32,096 --> 00:20:34,730
Um caminho mais �ngreme, uma subida.
268
00:20:44,310 --> 00:20:49,234
E ent�o, a diretora Lois Weber
nos mostra uma jovem em apuros.
269
00:20:56,128 --> 00:20:58,461
Sujando-se na poeira.
270
00:21:01,847 --> 00:21:03,162
De joelhos.
271
00:21:03,263 --> 00:21:04,963
Arrastando-se.
272
00:21:13,993 --> 00:21:17,527
E depois uma daquelas pessoas
bem vestidas.
273
00:21:25,507 --> 00:21:26,940
Uma pequena panor�mica pra esquerda
274
00:21:27,041 --> 00:21:28,941
para reenquadrar sua queda.
275
00:21:30,163 --> 00:21:33,530
A religi�o aqui � terrena, � a labuta.
276
00:21:34,410 --> 00:21:36,044
O peso do seu corpo.
277
00:21:46,500 --> 00:21:47,867
O que ela alcan�a.
278
00:21:50,145 --> 00:21:55,337
1915, o ano das trincheiras
da Primeira Guerra Mundial,
279
00:21:55,944 --> 00:21:58,411
da Segunda Batalha de Ypres.
280
00:22:12,897 --> 00:22:16,464
Sri Lanka em 1978 agora.
281
00:22:17,254 --> 00:22:21,053
A bela hist�ria de amor
da diretora Sumitra Peries,
282
00:22:21,154 --> 00:22:22,454
The Girls.
283
00:22:23,320 --> 00:22:27,220
Com meia hora de filme, temos esta cena...
284
00:22:28,034 --> 00:22:29,219
O rosto dela
285
00:22:29,320 --> 00:22:32,087
emoldurado por uma tela
de papel recortado.
286
00:22:33,518 --> 00:22:35,218
A c�mera se aproxima.
287
00:22:46,637 --> 00:22:48,687
Corta para este objeto.
288
00:22:49,287 --> 00:22:50,520
O que � isso?
289
00:22:50,963 --> 00:22:52,846
Depois um movimento para a direita
290
00:22:52,988 --> 00:22:55,821
ao longo de belos padr�es.
291
00:22:56,554 --> 00:22:58,454
Primeiro plano filigranado.
292
00:22:58,722 --> 00:22:59,954
Floral.
293
00:23:00,287 --> 00:23:01,520
M�ntrico.
294
00:23:01,987 --> 00:23:03,787
A c�mera passeia.
295
00:23:04,554 --> 00:23:06,054
Segue um fio.
296
00:23:23,593 --> 00:23:24,927
Outro fio.
297
00:23:43,025 --> 00:23:44,553
Fora da escurid�o,
298
00:23:44,654 --> 00:23:48,620
v�-se pessoas orando, entrela�adas.
299
00:23:50,439 --> 00:23:52,055
Uma cena,
300
00:23:52,220 --> 00:23:53,919
um momento religioso,
301
00:23:54,020 --> 00:23:56,187
como uma teia de aranha.
302
00:23:57,565 --> 00:24:01,465
A c�mera de Peries
passeia nesta cena budista.
303
00:24:02,454 --> 00:24:05,454
A c�mera cria as conex�es.
304
00:24:14,527 --> 00:24:15,553
E agora,
305
00:24:15,654 --> 00:24:19,383
uma terceira cena de genu�na
intensidade religiosa.
306
00:24:19,520 --> 00:24:22,386
O filme de Vera Stroyeva, de 1959,
307
00:24:22,487 --> 00:24:25,587
baseado na obra de Mussorgsky,
Khovanshchina.
308
00:24:27,953 --> 00:24:31,953
O cen�rio � a Revolta de Moscou de 1682.
309
00:24:32,587 --> 00:24:34,886
O pr�ncipe Khovansky foi assassinado.
310
00:24:34,987 --> 00:24:38,020
Alguns de seus seguidores duvidavam dele.
311
00:24:38,466 --> 00:24:41,219
A diretora Stroyeva
corta para uma floresta.
312
00:24:41,320 --> 00:24:44,320
Enevoada, retroiluminada, m�stica.
313
00:24:45,053 --> 00:24:48,020
O libreto diz que � santificada.
314
00:24:48,474 --> 00:24:50,908
Tela ampla, como uma tape�aria...
315
00:24:53,144 --> 00:24:54,471
H� um corte
316
00:24:54,572 --> 00:24:58,239
e seu rosto encontra a luz.
317
00:25:08,064 --> 00:25:10,080
Uma cena sobre d�vida,
318
00:25:10,480 --> 00:25:12,886
mas a ilumina��o,
o enquadramento, a intimidade,
319
00:25:12,987 --> 00:25:17,453
a emo��o e a intensidade
t�m uma sinceridade Gets�mani.
320
00:25:53,807 --> 00:25:58,573
A mesma sinceridade presente em
A Menina Santa, de Lucrecia Martel.
321
00:25:59,587 --> 00:26:02,419
Amalia, de 16 anos, observa seu m�dico,
322
00:26:02,520 --> 00:26:04,853
que nada na piscina de um hotel.
323
00:26:05,487 --> 00:26:08,320
Ele a tocou inadequadamente.
324
00:26:08,720 --> 00:26:10,352
Ela � bastante religiosa
325
00:26:10,453 --> 00:26:13,653
e sente que talvez
sua piedade possa salv�-lo
326
00:26:13,754 --> 00:26:15,252
ou absolv�-lo.
327
00:26:15,353 --> 00:26:18,886
Senhor, tenha piedade de n�s.
Cristo, ou�a minha prece.
328
00:26:18,987 --> 00:26:21,452
Pai celestial, tenha piedade.
329
00:26:21,553 --> 00:26:26,119
Deus filho. Redentor do mundo.
Santa Maria, rogai por n�s.
330
00:26:26,220 --> 00:26:28,386
Santa m�e de Deus. Virgem das virgens,
331
00:26:28,487 --> 00:26:30,619
M�e da gra�a divina, M�e mais pura.
332
00:26:30,720 --> 00:26:33,819
M�e casta. M�e sem culpa.
333
00:26:33,920 --> 00:26:36,086
M�e mais gentil, m�e mais admir�vel,
334
00:26:36,187 --> 00:26:38,675
m�e mais s�bia, m�e do criador.
335
00:26:38,776 --> 00:26:39,997
Sussurrando...
336
00:26:40,098 --> 00:26:42,122
Virgem fiel, espelho da justi�a.
Trono da eterna sabedoria...
337
00:26:42,223 --> 00:26:43,555
e a nuca dele.
338
00:26:43,656 --> 00:26:48,690
Vaso da gra�a,
vaso da verdadeira devo��o...
339
00:26:57,756 --> 00:27:00,623
Olhares silenciosos e persistentes.
340
00:27:06,056 --> 00:27:08,590
Ent�o, esta mulher toca sua orelha.
341
00:27:09,590 --> 00:27:12,590
A pr�pria Amalia tem problemas de audi��o.
342
00:27:31,123 --> 00:27:33,822
Ent�o ficamos ainda mais
intensamente no mundo dela.
343
00:27:33,923 --> 00:27:37,490
Martel mant�m a cena e foca em Amalia.
344
00:27:38,090 --> 00:27:40,555
Porta do c�u, estrela da manh�,
sa�de dos enfermos,
345
00:27:40,656 --> 00:27:43,090
ref�gio dos pecadores...
346
00:27:43,490 --> 00:27:45,655
Sa�de dos enfermos, ref�gio dos pecadores,
347
00:27:45,756 --> 00:27:48,122
conforto dos aflitos.
348
00:27:48,223 --> 00:27:49,755
Rainha dos Anjos, Rainha dos Patriarcas,
349
00:27:49,856 --> 00:27:52,555
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Ap�stolos...
350
00:27:52,656 --> 00:27:56,156
Por que se lembra disso?
N�o tem nada mais �til pra fazer?
351
00:27:56,656 --> 00:27:59,823
� quase como uma cena
de percep��o extra-sensorial.
352
00:28:00,623 --> 00:28:03,555
Como se as ora��es sussurradas
estivessem sendo transmitidas
353
00:28:03,656 --> 00:28:07,422
em alguma nova frequ�ncia de r�dio da f�.
354
00:28:07,523 --> 00:28:12,264
Cordeiro de Deus, que tirai os
pecados do mundo, perdoa-nos.
355
00:28:12,365 --> 00:28:13,355
N�o fale comigo.
356
00:28:13,456 --> 00:28:16,044
Seu encantamento
usa uma linguagem arcaica.
357
00:28:16,145 --> 00:28:20,478
Enquadramentos assim�tricos
e muito vazio nas tomadas.
358
00:28:21,423 --> 00:28:24,755
Um mundo fora do comum
onde religi�o e sexualidade
359
00:28:24,856 --> 00:28:26,456
se misturam.
360
00:28:28,490 --> 00:28:31,190
A complexidade da cren�a religiosa.
361
00:28:41,756 --> 00:28:44,655
A figura do Salvador
em A P�tria da Eletricidade,
362
00:28:44,756 --> 00:28:46,890
de Larisa Shepitko.
363
00:28:48,056 --> 00:28:51,156
O arco atr�s dele parece
uma pintura renascentista.
364
00:28:52,656 --> 00:28:55,656
Ent�o um corte pro seu rosto. Um besouro.
365
00:28:56,456 --> 00:28:59,123
Ele foi teletransportado para este lugar?
366
00:28:59,856 --> 00:29:01,290
Vento frio.
367
00:29:04,990 --> 00:29:06,656
Paisagem des�rtica.
368
00:29:15,723 --> 00:29:18,290
Uma aquarela de camponeses distantes.
369
00:29:19,156 --> 00:29:20,523
Em uma prociss�o.
370
00:29:23,690 --> 00:29:25,190
O que eles est�o fazendo?
371
00:29:45,523 --> 00:29:46,689
Corta para isto.
372
00:29:46,790 --> 00:29:49,023
Um padre. Cruzes.
373
00:29:52,023 --> 00:29:53,656
Uma prociss�o religiosa.
374
00:29:54,690 --> 00:29:57,456
A devo��o e o desespero de uma mulher.
375
00:29:58,956 --> 00:30:00,723
Esperando pelas chuvas.
376
00:30:03,656 --> 00:30:05,922
Este belo movimento acompanha as crian�as,
377
00:30:06,023 --> 00:30:07,966
as crian�as chechenas.
378
00:30:08,067 --> 00:30:10,633
Shepitko e seu fot�grafo
379
00:30:10,734 --> 00:30:15,001
s�o �timos em close-ups
em um quadro amplo.
380
00:30:35,043 --> 00:30:37,177
O homem santo n�o est� participando.
381
00:30:38,256 --> 00:30:40,823
� o menos digno de todos.
382
00:30:41,623 --> 00:30:44,156
A religi�o est� abandonando
a hist�ria deles,
383
00:30:44,257 --> 00:30:45,691
sua lideran�a.
384
00:30:46,878 --> 00:30:50,278
Uma cena sobre o fracasso da religi�o.
385
00:30:59,825 --> 00:31:02,874
Aqui a religi�o tamb�m est� em crise.
386
00:31:02,980 --> 00:31:06,557
Uma capela de Liverpool. Hora da comunh�o.
387
00:31:06,658 --> 00:31:11,924
Todos fazem fila para receb�-la
do padre � direita.
388
00:31:12,025 --> 00:31:15,234
Ningu�m a quer deste padre, � esquerda,
389
00:31:15,335 --> 00:31:20,435
porque os jornais o expuseram como gay.
390
00:31:21,101 --> 00:31:22,857
E ent�o esta garota.
391
00:31:22,958 --> 00:31:24,958
Ela foi abusada pelo pai.
392
00:31:26,249 --> 00:31:28,824
O jovem padre ouviu falar sobre isso,
393
00:31:28,925 --> 00:31:31,358
mas de forma superficial.
394
00:31:34,425 --> 00:31:36,024
A diretora Antonia Bird
395
00:31:36,125 --> 00:31:38,955
faz com que ela passe
atrav�s da fila de pessoas
396
00:31:39,056 --> 00:31:41,091
que rejeitam o padre gay
397
00:31:41,192 --> 00:31:43,360
e depois a acompanha,
398
00:31:43,558 --> 00:31:48,158
enfatizando sua escolha,
sua caminhada, sua coragem.
399
00:31:56,925 --> 00:31:58,658
Suas vozes calmas.
400
00:31:59,858 --> 00:32:01,258
A hesita��o dele.
401
00:32:02,125 --> 00:32:03,492
O olhar deles.
402
00:32:03,858 --> 00:32:06,492
-O Corpo de Cristo.
-Am�m.
403
00:32:08,207 --> 00:32:10,174
Ele sabe que errou.
404
00:32:13,254 --> 00:32:17,087
Mas seu delito n�o foi
fazer sexo com um cara,
405
00:32:17,587 --> 00:32:20,020
foi ter falhado ao n�o proteg�-la.
406
00:32:23,854 --> 00:32:26,221
Fracassado em seu cuidado pastoral.
407
00:32:27,554 --> 00:32:29,787
A caminhada dela o absolve.
408
00:32:34,287 --> 00:32:36,320
Esta � uma cena confessional.
409
00:32:36,987 --> 00:32:38,620
Ele vai cair de joelhos?
410
00:32:39,420 --> 00:32:41,254
Ele deveria cair de joelhos.
411
00:32:51,188 --> 00:32:54,288
Ent�o este movimento de grua
visualmente articulado,
412
00:32:55,220 --> 00:32:58,420
para cima e abrindo. Uma revela��o.
413
00:32:59,354 --> 00:33:00,854
Um J�accuse.
414
00:33:34,327 --> 00:33:37,294
Outro argumento. Outro mundo cat�lico.
415
00:33:38,487 --> 00:33:40,653
Christine tinha esclerose m�ltipla
416
00:33:40,754 --> 00:33:42,353
e estava numa cadeira de rodas.
417
00:33:42,454 --> 00:33:47,886
Numa peregrina��o religiosa
a Lourdes, ela foi curada.
418
00:33:47,987 --> 00:33:49,587
Agora ela pode dan�ar.
419
00:33:53,054 --> 00:33:54,454
Mas de repente, isto.
420
00:34:02,268 --> 00:34:06,562
A diretora Jessica Hausner
ainda n�o a mostra no ch�o.
421
00:34:06,663 --> 00:34:11,263
Vemos pessoas servindo bolo
antes de v�-la.
422
00:34:12,520 --> 00:34:16,487
E a estranha m�sica lynchiana n�o para.
423
00:34:17,920 --> 00:34:22,120
O clima de sonambulismo � ininterrupto.
424
00:34:27,787 --> 00:34:29,619
Essas pessoas n�o ficaram
muito satisfeitas
425
00:34:29,720 --> 00:34:32,054
com sua recupera��o milagrosa,
426
00:34:33,054 --> 00:34:37,220
nem est�o angustiadas
com sua aparente reca�da.
427
00:34:38,120 --> 00:34:40,887
Sem sangue, sem paix�o.
428
00:34:43,687 --> 00:34:46,554
� como se a cren�a deles
os tranquilizasse.
429
00:35:47,087 --> 00:35:49,691
Eles rejeitam essas cren�as
tranquilizadoras?
430
00:35:49,792 --> 00:35:50,918
N�o.
431
00:35:51,019 --> 00:35:52,930
Mas um dos mais ousados filmes
432
00:35:53,031 --> 00:35:56,931
sobre a rejei��o de dogmas
religiosos � este...
433
00:35:57,787 --> 00:36:00,753
De Marjane Satrapi, Pers�polis.
434
00:36:01,620 --> 00:36:03,752
Rapazes iranianos foram informados de que,
435
00:36:03,853 --> 00:36:07,120
se morrerem por sua religi�o,
ir�o para o c�u.
436
00:36:08,520 --> 00:36:10,919
Esta noite, nosso ex�rcito
destruiu 63 tanques
437
00:36:11,020 --> 00:36:12,986
e 26 avi�es de combate iraquianos.
438
00:36:13,087 --> 00:36:16,019
O sangue de nossos m�rtires
irriga nosso solo sagrado
439
00:36:16,120 --> 00:36:19,552
e logo os desertos do desespero
ser�o novamente f�rteis.
440
00:36:19,653 --> 00:36:24,184
Quando morre um m�rtir o sangue
bombeia nas veias da sociedade.
441
00:36:24,285 --> 00:36:26,834
Juntamente com Vincent Paronnoud,
442
00:36:27,085 --> 00:36:30,703
Satrapi adaptou seus pr�prios quadrinhos.
443
00:36:31,352 --> 00:36:34,552
Contraste total em preto e branco.
444
00:36:35,170 --> 00:36:36,686
E esta hist�ria...
445
00:36:36,851 --> 00:36:39,750
Est� com uma cara p�ssima,
sra. Nasreen, est� tudo bem?
446
00:36:39,851 --> 00:36:41,317
N�o est� tudo bem,
447
00:36:41,418 --> 00:36:43,497
na escola deram isso pro meu filho.
448
00:36:43,598 --> 00:36:46,330
Disseram aos meninos que,
se morressem lutando,
449
00:36:46,431 --> 00:36:49,934
iriam para o para�so e entrariam
com essa chave de pl�stico.
450
00:36:50,035 --> 00:36:53,500
Que no para�so comeriam
como reis, cercados por mulheres
451
00:36:53,601 --> 00:36:55,700
e viveriam em casas
feitas de ouro e diamantes.
452
00:36:55,801 --> 00:36:57,201
Por mulheres?
453
00:36:58,027 --> 00:37:00,627
Claro, ele tem 14 anos,
sei que � da idade.
454
00:37:01,135 --> 00:37:02,467
Sofri muito,
455
00:37:02,568 --> 00:37:05,367
criei meus cinco filhos
com sangue, suor e l�grimas
456
00:37:05,468 --> 00:37:08,934
e agora querem tirar meu �nico
filho com essa chave falsa.
457
00:37:09,035 --> 00:37:11,234
Vivi sempre de acordo
com as regras religiosas,
458
00:37:11,335 --> 00:37:15,135
toda a minha vida rezei,
usei um v�u e obedeci.
459
00:37:15,770 --> 00:37:18,877
E pra qu�? Como ainda posso ter f�?
460
00:37:18,978 --> 00:37:21,577
Uma m�e furiosa
com as autoridades religiosas
461
00:37:21,678 --> 00:37:24,244
por glamorizarem a morte.
462
00:37:24,553 --> 00:37:26,119
E ela p�e o v�u.
463
00:37:28,489 --> 00:37:31,655
O esfor�o para entender a religi�o,
464
00:37:32,627 --> 00:37:34,694
para ver al�m do seu v�u.
465
00:37:35,264 --> 00:37:38,564
Pe�a pro seu filho vir falar
comigo, n�o se preocupe.
466
00:37:39,707 --> 00:37:40,840
Gra�as aos meus pais,
467
00:37:40,941 --> 00:37:43,674
o filho da sra. Nasreen
nunca foi pra guerra.
468
00:38:00,120 --> 00:38:03,420
Ap�s sexo, lar e religi�o,
469
00:38:03,874 --> 00:38:06,773
vamos dar uma olhada em outra
coisa central em nossa vida...
470
00:38:06,874 --> 00:38:08,307
Trabalho.
471
00:38:08,670 --> 00:38:12,173
Como as diretoras
o retrataram e valorizaram?
472
00:38:12,274 --> 00:38:17,074
CAP�TULO 22 - TRABALHO
473
00:38:18,607 --> 00:38:21,306
Miranda July se diverte com o trabalho,
474
00:38:21,407 --> 00:38:24,440
com um cara que � p�ssimo
em sua profiss�o.
475
00:38:24,541 --> 00:38:26,006
A hesita��o dele.
476
00:38:26,107 --> 00:38:29,106
Ele n�o percebe as regras
b�sicas do trabalho.
477
00:38:29,207 --> 00:38:31,023
FORA VENDEDORES
478
00:38:31,218 --> 00:38:33,285
Oh, desculpe, n�o vi seu aviso.
479
00:38:33,741 --> 00:38:36,290
Acho que sou vendedor...
480
00:38:36,394 --> 00:38:38,940
-Jura?
-Quero dizer, eu...
481
00:38:39,041 --> 00:38:40,406
Voc� � meu primeiro...
482
00:38:40,507 --> 00:38:43,306
Ador�veis pausas na atua��o.
483
00:38:43,407 --> 00:38:44,540
Ou n�o.
484
00:38:44,641 --> 00:38:47,441
-Vamos deixar desse jeito.
-Claro.
485
00:38:57,589 --> 00:38:58,640
Sim?
486
00:38:58,741 --> 00:39:02,006
Meu nome � Jason e trabalho
na �rvore por �rvore.
487
00:39:02,107 --> 00:39:04,473
Teria um minutinho para ajudar
a reduzir o aquecimento global?
488
00:39:04,574 --> 00:39:07,206
Um vendedor precisa manter seu olhar,
489
00:39:07,307 --> 00:39:10,473
mas os olhos dele vacilam,
e os dela tamb�m.
490
00:39:10,574 --> 00:39:14,073
...meta de plantar um milh�o
de �rvores em Los Angeles
491
00:39:14,174 --> 00:39:17,040
por uma pequena doa��o.
492
00:39:17,141 --> 00:39:21,373
N�s lhe daremos uma �rvore
jovem e saud�vel.
493
00:39:21,474 --> 00:39:23,273
Nosso rapaz precisa aprender a fazer
494
00:39:23,374 --> 00:39:27,807
o mais b�sico dos trabalhos
americanos: Vender.
495
00:39:28,493 --> 00:39:30,193
Poderia jogar isso fora?
496
00:39:30,605 --> 00:39:31,907
Claro.
497
00:39:42,332 --> 00:39:45,806
Leu o manual ontem � noite?
Os cinco passos do vendedor?
498
00:39:45,907 --> 00:39:47,406
-Sim.
-Um monte de besteira...
499
00:39:47,507 --> 00:39:48,806
Voc� n�o precisa daquilo...
500
00:39:48,907 --> 00:39:51,773
Ele poderia ter ouvido
a opini�o do Shia Labeouf.
501
00:39:51,874 --> 00:39:54,574
No livro do Jay h� um maldito passo.
502
00:39:55,139 --> 00:39:57,773
N�o cinco, apenas um, um passo.
503
00:39:57,874 --> 00:40:01,607
Depois que voc� d� o primeiro passo,
j� � o chefe da tribo.
504
00:40:02,807 --> 00:40:07,174
Ele vende revistas e est�
ensinando suas t�cnicas aqui.
505
00:40:07,512 --> 00:40:10,412
Basicamente, quando abrem
a porta e olham pra voc�,
506
00:40:10,974 --> 00:40:13,373
� o grande momento cr�tico.
O momento de fisgar ou perder,
507
00:40:13,474 --> 00:40:15,373
porque naquele segundo
voc� precisa estud�-los,
508
00:40:15,474 --> 00:40:18,106
precisa l�-los, escane�-los
para entend�-los.
509
00:40:18,207 --> 00:40:20,574
Perceber que tipo de pessoa
aquela pessoa quer na vida dela
510
00:40:20,675 --> 00:40:22,406
e voc� precisa ser essa pessoa.
511
00:40:22,507 --> 00:40:27,074
As habilidades necess�rias
s�o improvisa��o e desempenho.
512
00:40:29,021 --> 00:40:31,073
Persuadir. Falar abobrinha.
513
00:40:31,174 --> 00:40:33,240
Estar sempre perto da meta.
514
00:40:33,341 --> 00:40:36,273
O trabalho dele � vender a si mesmo.
515
00:40:36,374 --> 00:40:38,740
..."Mam�e tem c�ncer"
ou "meu p� est� caindo".
516
00:40:38,841 --> 00:40:40,573
"Estou tentando retomar minha vida."
517
00:40:40,674 --> 00:40:43,140
Sabe, "andei perdido na adolesc�ncia
518
00:40:43,241 --> 00:40:45,522
"e agora estou empenhado em mudar�...
519
00:40:45,623 --> 00:40:47,619
"Sabe, meu pai morreu no Iraque."
520
00:40:47,720 --> 00:40:50,152
Qualquer baboseira triste,
e repetem isso o tempo todo
521
00:40:50,253 --> 00:40:51,920
at� perder o sentido.
522
00:40:52,820 --> 00:40:55,785
Essa pessoa n�o d� a m�nima pra revistas,
523
00:40:55,886 --> 00:40:57,519
eles querem algo de mim.
524
00:40:57,620 --> 00:41:01,569
Ent�o, se sou esperto,
vou perceber o que �
525
00:41:01,825 --> 00:41:03,279
e trabalhar em cima disso.
526
00:41:03,380 --> 00:41:06,013
-�?
-Isso � um super vendedor.
527
00:41:06,646 --> 00:41:10,242
Depois de aprender seu trabalho,
se tiver sorte, ele ter� prazer,
528
00:41:10,343 --> 00:41:12,643
prop�sito ou dignidade.
529
00:41:13,521 --> 00:41:18,637
Women of Ryazan foi dirigido
por Olga Preobrazhenskaya,
530
00:41:18,841 --> 00:41:20,641
uma atriz nascida em Moscou
531
00:41:20,742 --> 00:41:23,744
que foi uma das primeiras
mulheres a dirigir um longa.
532
00:41:23,845 --> 00:41:27,778
Ela filma o corte e a colheita do trigo.
533
00:41:27,879 --> 00:41:30,178
Homens e mulheres colhem juntos,
534
00:41:30,279 --> 00:41:34,445
� quase como se o campo fosse
o mar e eles fossem peixes.
535
00:41:36,645 --> 00:41:39,879
Tomadas cl�ssicas,
equilibradas e elegantes.
536
00:41:56,364 --> 00:41:58,597
�s vezes, her�icas.
537
00:42:00,042 --> 00:42:01,509
O sorriso dele
538
00:42:03,506 --> 00:42:04,771
e o sorriso dela.
539
00:42:04,872 --> 00:42:07,972
Prazer e prop�sito comum.
540
00:42:08,472 --> 00:42:11,838
Um ano antes da coletiviza��o
for�ada da agricultura
541
00:42:11,939 --> 00:42:13,606
na Uni�o Sovi�tica.
542
00:42:22,206 --> 00:42:27,672
Extra��o de sal,
agora na Venezuela, em 1959.
543
00:42:29,272 --> 00:42:31,038
Uma tomada feita com um guindaste
544
00:42:31,139 --> 00:42:33,971
abandonado pelos trabalhadores do sal.
545
00:42:34,072 --> 00:42:39,455
A diretora Margot Benacerraf
nos mostra o processo,
546
00:42:39,556 --> 00:42:43,390
como � organizado, como � bonito.
547
00:42:43,639 --> 00:42:45,071
Outra tomada cinematogr�fica,
548
00:42:45,172 --> 00:42:47,805
mas este filme foi feito
por apenas duas pessoas,
549
00:42:47,906 --> 00:42:51,171
Benacerraf e seu diretor de fotografia.
550
00:42:51,272 --> 00:42:53,511
...com a for�a de seus bra�os.
551
00:42:53,612 --> 00:42:57,879
Ela disse que chegar a Araya
foi como ir � Lua.
552
00:43:00,372 --> 00:43:02,856
O filme dividiu um pr�mio em Cannes
553
00:43:02,957 --> 00:43:06,991
com o filme de Alain Resnais,
Hiroshima, Meu Amor.
554
00:43:09,439 --> 00:43:12,572
E o que est� al�m
da dignidade do trabalho?
555
00:43:21,606 --> 00:43:23,238
Remova o som sincronizado
556
00:43:23,339 --> 00:43:25,938
e aproxime-se dos rostos dos trabalhadores
557
00:43:26,039 --> 00:43:29,872
e obtenha algo
como retratos de Rembrandt...
558
00:43:37,872 --> 00:43:40,139
Algo espiritual.
559
00:43:40,539 --> 00:43:43,506
Exaustivo e iluminado pelo sol.
560
00:44:09,672 --> 00:44:12,538
Afaste-se dessa espiritualidade
561
00:44:12,639 --> 00:44:14,872
e voc� ter� uma cena como esta.
562
00:44:15,239 --> 00:44:16,772
Cozinhando.
563
00:44:17,256 --> 00:44:19,166
E um jazz tocando.
564
00:44:24,455 --> 00:44:26,122
A can��o para.
565
00:44:26,339 --> 00:44:28,772
Mas seu trabalho dom�stico continua.
566
00:44:33,706 --> 00:44:35,271
Novamente a can��o.
567
00:44:35,372 --> 00:44:37,271
Suas tarefas di�rias,
568
00:44:37,372 --> 00:44:39,371
em um ciclo diurno.
569
00:44:39,472 --> 00:44:41,271
Como um loop de m�sica.
570
00:44:41,372 --> 00:44:42,906
Sincopada.
571
00:44:43,339 --> 00:44:45,971
O p� sempre se acumula.
572
00:44:46,072 --> 00:44:50,472
As panelas e pratos
precisam sempre ser guardados.
573
00:44:50,806 --> 00:44:53,571
Ela n�o est� alegre nessas cenas,
574
00:44:53,672 --> 00:44:55,938
mas tamb�m n�o est� oprimida.
575
00:44:56,039 --> 00:44:58,438
A vida dela n�o � ruim.
576
00:44:58,539 --> 00:45:01,171
A ambiguidade de seu trabalho.
577
00:45:01,272 --> 00:45:06,072
Repetitivo, cansativo,
mas com suas recompensas.
578
00:45:28,216 --> 00:45:32,138
Vera Chytilova nos deu uma
montagem de trabalho dom�stico,
579
00:45:32,239 --> 00:45:34,918
mas Valerie Massadian
580
00:45:35,019 --> 00:45:40,753
tem sua personagem, Nana,
filmada numa �nica cena.
581
00:45:41,583 --> 00:45:44,149
A m�e de Nana desapareceu.
582
00:45:44,572 --> 00:45:48,455
A crian�a se vestiu
e brincou com seus brinquedos.
583
00:45:48,615 --> 00:45:52,288
Mas ocorreu-lhe que ela
n�o podia jogar para sempre.
584
00:45:52,468 --> 00:45:57,035
Brincar s�o as lacunas
do trabalho ou vice-versa.
585
00:45:57,206 --> 00:45:59,377
Trabalho � uma obriga��o.
586
00:45:59,706 --> 00:46:02,638
Ela tem de arrastar coisas, mover coisas.
587
00:46:02,739 --> 00:46:05,572
Ela tenta arrumar a cama, de certa forma.
588
00:46:07,906 --> 00:46:11,572
Numa sala desordenada,
ela quer criar alguma ordem.
589
00:46:15,145 --> 00:46:18,445
Trabalho como o oposto de entropia.
590
00:46:38,606 --> 00:46:42,839
Chantal Akerman tamb�m usa
uma simples e rigorosa cena.
591
00:46:43,505 --> 00:46:48,039
Tamb�m vemos Jeanne Dielmann
de um ponto fixo.
592
00:46:48,439 --> 00:46:52,539
Sem cortes, sem diminuir
o processo de arrumar a cama.
593
00:46:59,072 --> 00:47:02,226
Poderia ser um v�deo do youtube
sobre como fazer a cama,
594
00:47:02,327 --> 00:47:05,560
mas Akerman est� atr�s
de algo mais radical.
595
00:47:06,068 --> 00:47:10,351
Ela disse que nos filmes
havia hierarquias de imagens...
596
00:47:10,544 --> 00:47:13,442
Um beijo ou um acidente
de carro eram mais importantes
597
00:47:13,543 --> 00:47:15,412
que o trabalho dom�stico.
598
00:47:15,513 --> 00:47:19,580
Ela quis nivelar a hierarquia,
respeitar esse trabalho,
599
00:47:19,681 --> 00:47:22,781
esse mundo do fazer e refazer.
600
00:47:37,910 --> 00:47:40,492
Jeanne Dielman foi obrigada a trabalhar,
601
00:47:40,704 --> 00:47:42,938
e esses meninos tamb�m.
602
00:47:43,224 --> 00:47:48,557
A crise econ�mica significava que se
poderia ganhar dinheiro com sucata.
603
00:47:50,464 --> 00:47:53,380
Belo travelling
com lentes de longo alcance.
604
00:47:53,483 --> 00:47:55,983
De repente, a m�quina de pesagem.
605
00:47:58,110 --> 00:47:59,109
O que foi?
606
00:47:59,210 --> 00:48:00,710
Que porcaria � essa?
607
00:48:02,410 --> 00:48:03,843
� alum�nio!
608
00:48:04,563 --> 00:48:05,971
Espere,
609
00:48:06,210 --> 00:48:08,109
e um pouco de bronze.
610
00:48:08,210 --> 00:48:09,942
Arbor � t�o jovem
611
00:48:10,043 --> 00:48:13,075
que n�o precisa saber o valor do metal.
612
00:48:13,176 --> 00:48:15,310
Mas a vida o for�ou.
613
00:48:15,843 --> 00:48:18,775
Ele se junta ao quintal
dos deliquentes juvenis.
614
00:48:18,876 --> 00:48:21,776
� como uma cena dos tempos vitorianos.
615
00:48:26,410 --> 00:48:29,147
Foi quando a hist�ria
em que o filme se baseia,
616
00:48:29,248 --> 00:48:33,215
O Gigante Ego�sta,
de Oscar Wilde, foi escrita.
617
00:48:44,914 --> 00:48:46,242
O que � isso?
618
00:48:46,343 --> 00:48:48,175
N�o sabe como o a�o chega, Leone?
619
00:48:48,276 --> 00:48:49,709
N�o fa�o ideia.
620
00:48:49,810 --> 00:48:53,030
Ele sobe o rio em barca�as
e � carregado em reboques...
621
00:48:53,131 --> 00:48:55,497
O curta Skyscraper, de Shirley Clark
622
00:48:55,598 --> 00:48:58,164
tamb�m conta a hist�ria
do trabalho com metal.
623
00:48:58,265 --> 00:49:00,064
Mas ela faz algo incomum.
624
00:49:00,165 --> 00:49:02,697
Ela mant�m seus personagens
atr�s da c�mera.
625
00:49:02,798 --> 00:49:04,564
Narrando. Ironizando.
626
00:49:04,665 --> 00:49:06,130
...seria uma confus�o,
se � que j� aconteceu.
627
00:49:06,231 --> 00:49:08,097
Quando o empreiteiro faz o planejamento,
628
00:49:08,198 --> 00:49:11,664
certifica-se de que todo
o a�o pedido seja entregue.
629
00:49:11,765 --> 00:49:13,764
-Isso � log�stica.
-O que � log�stica?
630
00:49:13,865 --> 00:49:15,797
Oh, Leone honesto, isso � log�stica!
631
00:49:15,898 --> 00:49:19,428
Aquele caminh�o leva o a�o
pelas ruas at� o trabalho.
632
00:49:19,529 --> 00:49:20,628
Entendeu?
633
00:49:20,729 --> 00:49:23,062
Onde n�s, homens de ferro, assumimos.
634
00:49:25,789 --> 00:49:28,389
Observe como colocamos no lugar,
pe�a por pe�a.
635
00:49:29,665 --> 00:49:32,530
V� o cara puxando as cordas?
� Harry Schnider, d� duro...
636
00:49:32,631 --> 00:49:34,464
-� um cara legal.
-Obrigado, Murphy.
637
00:49:34,565 --> 00:49:36,897
N�o sabia que estava aqui,
Schnider, retiro tudo!
638
00:49:36,998 --> 00:49:38,297
O que � t�o dif�cil?
639
00:49:38,398 --> 00:49:41,264
Ele tem que guiar cada peda�o
de a�o para a posi��o, Dumbo.
640
00:49:41,365 --> 00:49:44,231
Um sino, para cima, dois � direita,
e assim por diante.
641
00:49:45,458 --> 00:49:48,397
Sou eu de novo, n�o sou eu?
Fiquei bem, n�o?
642
00:49:48,498 --> 00:49:51,797
-Nada mal para um mestre de obras.
-Talvez possa aprender algo com um.
643
00:49:51,898 --> 00:49:53,864
-Diga a ele que vai, Lucky.
-Pois �, Leone...
644
00:49:53,965 --> 00:49:57,630
Existe uma sensa��o real
deles observando a si mesmos,
645
00:49:57,731 --> 00:50:00,864
seu pr�prio trabalho,
seu pr�prio processo.
646
00:50:00,965 --> 00:50:03,031
Parecem possuir o filme.
647
00:50:04,794 --> 00:50:06,227
Papai Noel!
648
00:50:08,298 --> 00:50:11,797
Mas e quando o trabalho
se torna um desespero?
649
00:50:11,898 --> 00:50:14,564
Tudo que voc� precisa na vida � amor,
650
00:50:14,665 --> 00:50:16,264
e acreditar em si mesmo,
651
00:50:16,365 --> 00:50:18,331
n�o h� nada que voc� n�o consiga.
652
00:50:20,231 --> 00:50:23,264
Certo, deixa eu ver
se entendi tudo isso direito.
653
00:50:23,365 --> 00:50:24,730
Basicamente,
654
00:50:24,831 --> 00:50:28,064
voc� n�o tem experi�ncia,
diploma, curr�culo,
655
00:50:28,165 --> 00:50:32,430
hist�rico de trabalho
e agora quer ser advogada?
656
00:50:32,531 --> 00:50:35,931
O filme de Patty Jenkins
sobre Aileen Wornous.
657
00:50:36,421 --> 00:50:41,255
A gram�tica simples do filme,
plano e contra-plano,
658
00:50:41,689 --> 00:50:43,930
que se adapta a uma cena de entrevista.
659
00:50:44,031 --> 00:50:46,297
Mas o texto e a atua��o
660
00:50:46,398 --> 00:50:49,164
capturam sua expectativa e esperan�a.
661
00:50:49,265 --> 00:50:52,697
N�o quero parecer duro,
mas isso � um pouco ofensivo.
662
00:50:52,798 --> 00:50:57,230
E ent�o a humilha��o e mesmo a decep��o.
663
00:50:57,331 --> 00:51:01,030
Posso te dizer uma coisa?
Quando termina a festa na praia,
664
00:51:01,131 --> 00:51:04,630
n�o d� pra voc� achar
que vai ter o que os outros
665
00:51:04,731 --> 00:51:07,398
trabalharam a vida toda pra ter.
N�o funciona assim.
666
00:51:08,865 --> 00:51:11,864
Foda-se, cara. Sim, foda-se!
667
00:51:11,965 --> 00:51:13,764
Voc� n�o me conhece, porra!
668
00:51:13,865 --> 00:51:15,930
Muito bem... Essa � boa. Viu?
669
00:51:16,031 --> 00:51:17,964
Sinto muito por n�o ter
te contratado antes.
670
00:51:18,065 --> 00:51:20,764
Leslie, voc� poderia,
acompanhar a senhorita...
671
00:51:20,865 --> 00:51:23,830
N�o sei o nome dela,
porque nem curr�culo ela tem.
672
00:51:23,931 --> 00:51:26,364
N�o preciso da sua escolta de merda.
673
00:51:26,465 --> 00:51:29,947
Acha que sou alguma retardada?
O poder do entrevistador.
674
00:51:30,048 --> 00:51:32,448
Sua licen�a para julgar.
675
00:51:32,765 --> 00:51:35,497
Ele � o guardi�o do mundo do trabalho.
676
00:51:35,598 --> 00:51:38,831
Tudo que voc� precisa � amor
e acreditar em si mesmo.
677
00:51:39,660 --> 00:51:40,927
Grande ideia!
678
00:51:41,777 --> 00:51:44,002
N�o � bem assim que funciona.
679
00:51:44,949 --> 00:51:47,764
E quando voc� est� realmente
desesperado por um emprego
680
00:51:47,865 --> 00:51:50,298
e consegue ler o guardi�o...
681
00:51:50,735 --> 00:51:53,635
Talvez voc� possa atender
as mesas, coquetel?
682
00:51:53,942 --> 00:51:55,535
N�o, n�o, n�o.
683
00:51:56,740 --> 00:51:58,773
N�o, n�o...
684
00:52:01,765 --> 00:52:03,031
Olha s�...
685
00:52:05,553 --> 00:52:07,590
A personagem de Maggie Gyllenhall
686
00:52:07,691 --> 00:52:11,364
saiu recentemente da pris�o,
era viciada em hero�na
687
00:52:11,465 --> 00:52:14,430
e sua filha mal sabe quem ela �.
688
00:52:14,531 --> 00:52:18,163
Portanto, o que ela quer,
trabalhar com crian�as,
689
00:52:18,264 --> 00:52:20,506
n�o � apenas pelo dinheiro.
690
00:52:20,607 --> 00:52:23,830
Ela quer recuperar algum status social.
691
00:52:23,931 --> 00:52:25,364
Muito bem...
692
00:52:28,564 --> 00:52:30,264
E ent�o?
693
00:52:44,264 --> 00:52:45,497
Bonitos.
694
00:52:46,146 --> 00:52:48,713
Chupo seu pau se me der
o emprego que quero.
695
00:53:01,198 --> 00:53:03,697
Allen, parab�ns pela conta da Fisher.
696
00:53:03,798 --> 00:53:05,364
Obrigado, Baxter.
697
00:53:05,990 --> 00:53:08,763
Embora o mundo dos yuppies
dos anos 80 esteja bem distante
698
00:53:08,864 --> 00:53:11,311
dos problemas de Sherrybaby,
699
00:53:11,412 --> 00:53:15,746
esta cena � estranhamente
parecida com sua entrevista.
700
00:53:16,031 --> 00:53:18,756
O banqueiro de investimentos
Patrick Bateman
701
00:53:18,857 --> 00:53:21,023
e seus associados est�o desesperados
702
00:53:21,124 --> 00:53:23,456
para afirmar o status social.
703
00:53:23,557 --> 00:53:27,489
A trilha sonora zune
quando vemos a est�tica,
704
00:53:27,590 --> 00:53:31,290
quase er�tica de seus cart�es de visita.
705
00:53:31,627 --> 00:53:32,910
Novo cart�o.
706
00:53:33,122 --> 00:53:34,588
O que acham?
707
00:53:36,131 --> 00:53:38,198
Nossa, muito legal.
708
00:53:38,531 --> 00:53:39,797
Olhe pra isso!
709
00:53:39,898 --> 00:53:41,630
Peguei ontem na gr�fica.
710
00:53:41,731 --> 00:53:43,697
-Belas cores!
-Isso � osso,
711
00:53:43,798 --> 00:53:46,797
e as letras s�o chamadas de silian rail.
712
00:53:46,898 --> 00:53:48,930
Muito bacana, mas isso n�o � nada.
713
00:53:49,031 --> 00:53:50,365
Veja isso.
714
00:53:50,798 --> 00:53:52,664
Isso � sensacional!
715
00:53:52,765 --> 00:53:55,298
Casca de ovo, com fonte Romania.
716
00:53:55,798 --> 00:53:57,231
O que acha?
717
00:53:58,065 --> 00:53:59,164
Bacana.
718
00:53:59,265 --> 00:54:02,130
� como se estivessem
comparando seus p�nis.
719
00:54:02,231 --> 00:54:06,130
Trabalho ritualizado,
comodificado e decadente,
720
00:54:06,231 --> 00:54:09,397
como uma cena de um filme de samurai.
721
00:54:09,498 --> 00:54:10,664
Esperem,
722
00:54:10,765 --> 00:54:12,765
voc�s n�o viram nada ainda.
723
00:54:14,465 --> 00:54:17,398
Letras em relevo. Nimbus p�lida.
724
00:54:17,880 --> 00:54:19,165
Branco.
725
00:54:20,398 --> 00:54:21,464
Impressionante.
726
00:54:21,565 --> 00:54:25,297
Levam isso longe demais,
esses homens-pav�o.
727
00:54:25,398 --> 00:54:27,997
O trabalho para eles � exibi��o,
728
00:54:28,098 --> 00:54:31,298
freudiano e gladiat�rio.
729
00:54:41,465 --> 00:54:46,130
Olha essa cor sutilmente branca
e a espessura de bom gosto...
730
00:54:46,231 --> 00:54:49,698
Meu Deus, tem at� marca d'�gua.
731
00:54:54,365 --> 00:54:56,731
Algo errado? Patrick?
732
00:54:57,098 --> 00:54:58,431
Voc� est� suando.
733
00:54:59,098 --> 00:55:02,097
Estilisticamente, este
document�rio n�o � nada parecido
734
00:55:02,198 --> 00:55:04,098
com o filme de Mary Harron.
735
00:55:04,199 --> 00:55:10,162
Mas ele tamb�m � sobre levar
o trabalho, seu ethos, seu ego,
736
00:55:10,263 --> 00:55:11,930
a um extremo.
737
00:55:12,131 --> 00:55:13,795
A diretora Barbara Hammer
738
00:55:13,896 --> 00:55:17,595
entrevista pessoas sobre
um not�vel coletivo de cinema
739
00:55:17,696 --> 00:55:21,363
no Jap�o nas d�cadas de 1960 e 1970.
740
00:55:21,723 --> 00:55:25,629
Eles radicalizaram a produ��o
e distribui��o de document�rios
741
00:55:25,730 --> 00:55:27,999
vivendo entre seus assuntos,
742
00:55:28,100 --> 00:55:32,633
fazendeiros protestando,
por exemplo, durante anos seguidos.
743
00:55:32,994 --> 00:55:38,629
Para a Ogawa Produ��es, viver na...
744
00:55:38,730 --> 00:55:42,862
Cooperativa agr�cola de Sanrizuka,
745
00:55:42,963 --> 00:55:45,295
para viver coletivamente,
746
00:55:45,396 --> 00:55:50,662
fazer filmes coletivamente,
ter uma abordagem comum
747
00:55:50,763 --> 00:55:52,863
na obra...
748
00:55:53,351 --> 00:55:57,717
Mas a diretora Hammer n�o evita
o lado negativo da abordagem deles.
749
00:55:58,235 --> 00:56:01,901
Trabalhar nas produ��es da Ogawa
tornou-se uma esp�cie de culto,
750
00:56:02,002 --> 00:56:07,002
obsessivo, � sua maneira,
como no Psicopata Americano.
751
00:56:08,513 --> 00:56:13,012
Os cineastas anularam todas
as fronteiras entre vida e obra,
752
00:56:13,113 --> 00:56:16,379
e seu brilhante l�der, Ogawa Shinsuke,
753
00:56:16,480 --> 00:56:21,312
exigia devo��o e,
�s vezes, submiss�o sexual.
754
00:56:21,413 --> 00:56:25,079
Nos coletivos radicais japoneses da �poca,
755
00:56:25,180 --> 00:56:27,347
o ego era reprovado,
756
00:56:27,861 --> 00:56:32,053
mas era presente no trabalho
de Ogawa e sua equipe
757
00:56:32,154 --> 00:56:34,846
e danificava os la�os do trabalho.
758
00:56:34,947 --> 00:56:38,347
Acho que o Ogawa
tinha esse tipo de atra��o.
759
00:56:43,180 --> 00:56:45,912
A diretora colombiana Marta Rodriguez
760
00:56:46,013 --> 00:56:50,347
come�a nos levando a um mundo
de trabalho n�o sindicalizado.
761
00:56:50,947 --> 00:56:53,346
Plano fechado de uma menina
que cava a lama.
762
00:56:53,447 --> 00:56:55,712
A fam�lia dela faz tijolos.
763
00:56:55,813 --> 00:56:58,247
Nenhuma trilha sonora.
764
00:56:59,680 --> 00:57:02,547
� nessa chamin� onde
s�o queimados os tijolos?
765
00:57:07,227 --> 00:57:09,705
A sirene � um alerta.
766
00:57:19,613 --> 00:57:22,147
Um alerta para essas condi��es?
767
00:57:22,780 --> 00:57:26,212
Estamos bem longe da dignidade
dos trabalhadores do sal
768
00:57:26,313 --> 00:57:29,780
ou da espiritualidade
do filme de Shepitko.
769
00:58:01,075 --> 00:58:05,588
Ent�o, al�m de sua c�mera
observadora, antropol�gica,
770
00:58:05,689 --> 00:58:09,989
Rodriguez acrescenta uma voz autorit�ria.
771
00:58:10,413 --> 00:58:11,780
Col�mbia.
772
00:58:12,313 --> 00:58:14,945
A fam�lia de Alfredo e Maria,
mais seus doze filhos,
773
00:58:15,046 --> 00:58:19,480
vivem nessa realidade ignorada.
774
00:58:20,713 --> 00:58:25,295
Como eles, uma popula��o
de cerca de 50 mil pessoas
775
00:58:25,396 --> 00:58:28,395
sobrevive da produ��o primitiva de tijolos
776
00:58:28,496 --> 00:58:32,296
nos latif�ndios urbanos
ao redor de Bogot�.
777
00:58:41,380 --> 00:58:43,263
Aprendendo como trabalhar,
778
00:58:43,364 --> 00:58:44,970
sobre sua dignidade,
779
00:58:45,071 --> 00:58:47,829
espiritualidade, necessidade,
780
00:58:47,930 --> 00:58:52,063
excessos, divis�o e explora��o.
781
00:58:52,547 --> 00:58:57,547
Mais uma cena sobre o trabalho,
que nos afasta do limiar.
782
00:59:13,740 --> 00:59:16,806
A cozinha de um pal�cio tunisiano.
783
00:59:17,273 --> 00:59:20,039
As empregadas acabaram de ver
a m�e da casa gritar,
784
00:59:20,140 --> 00:59:24,248
porque ela est� gr�vida,
provavelmente de um estupro.
785
00:59:24,349 --> 00:59:26,115
E o que elas fazem?
786
00:59:31,096 --> 00:59:32,405
Elas trabalham.
787
00:59:32,506 --> 00:59:33,672
Ritmadamente,
788
00:59:33,773 --> 00:59:35,005
devagar,
789
00:59:35,106 --> 00:59:36,506
suavemente.
790
00:59:43,873 --> 00:59:48,105
A diretora Moufida Tlatli passeia
a c�mera em volta dos rostos
791
00:59:48,206 --> 00:59:50,873
enquanto lavam e cozinham.
792
00:59:55,040 --> 00:59:57,756
O trabalho acalma seus cora��es.
793
00:59:57,857 --> 01:00:01,323
� o que elas fazem
quando n�o sabem o que fazer.
794
01:00:06,906 --> 01:00:08,373
� reparador.
60109
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