All language subtitles for Crazy Love (Dan Klores_ 2007)

cinemarginal.org

Tradução: frombr

Ser obcecado significa estar preso a um
mecanismo, a uma armadilha

progressivamente absorvente
e interminável. ~ Jacques Lacan

Não acreditava que aquilo
estava acontecendo.

Todo mundo gritando.

E eu estava horrorizada.

E eu pensava:
''Deus, não vejo nada!''

Estava morta de medo?
Era tarde demais para isso,

pois eu já estava morta.

Louco Amor

Setembro de 1957

Eu estava num bom-humor incrível.

Era um feriado judeu.

Estava dirigindo nos arredores
do Joyce Kilmer Park, no Bronx.

De repente ele freia o carro.

Eu pergunto: "o que foi?"
Ele diz: "olhe aquela garota no banco".

Ela é linda demais!
Tem de ser minha.

Ela tinha o rosto mais bonito do mundo!

Parecia com a Elizabeth Taylor!

Extremamente bonita. Nunca tinha visto
uma garota tão bonita assim!

Estava esperando uma de
minhas amigas

quando apareceu o Burt.

E disse algo muito estranho,
muito esquisito para mim,

algo que não entendi.

Algo sobre a Inglaterra, o Thames...

Que era aquilo que estava falando?

Eu o achei muito esquisito.

Eu tinha acabado de voltar de Londres,
onde tínhamos feito um filme.

O filme era com Keefe Brasselle,
que era um ator muito famoso.

Ele trabalhou em
The Eddie Cantor Story.

E ele disse que queria me conhecer,
e me encontrar e me ver e...

e que tinha acabado de voltar da
Inglaterra, e que tinha feito um filme

e blá-blá-blá... E eu comigo,
"esse cara é um maluco".

E aquilo tudo era tão além
de minha compreensão...

Não falávamos a mesma língua.

Perguntei se trabalhava ali como extra.

Tipo "oi, como vai? você não
é aquela que encontrei em tal lugar?"

Eu provavelmente dei o meu telefone
para poder me livrar dele.

E quando cheguei em casa deparei-me
com uma dúzia de rosas!

E eu me perguntei:
"que diabos é isso?"

Ela sempre foi linda!

Sua pele era absolutamente perfeita.

Um semblante pefeito.

Nariz, lábios, bochechas lindas!

E grandes olhos castanhos,
com belíssimas pestanas.

Ela parecia uma pintura, de tão bonita.

Burt não era um cara atraente.

Ele lembrava um pouco...

Posso dizer?

Ele lembrava o Arnold Stang.

Mas ele era muito divertido.
E eu gostei dele logo de cara.

Quando ela o encontrou, nos disse que
tinha encontrado uma pessoa maravilhosa.

Que era uma profissional, um advogado...

Ele era rico! Ele ia mudar
a vida dela.

E minha avó ficou impressionada.

Ela queria saber que era esse homem
que tinha me mandado flores.

Eu disse que não sabia, que ele
tinha me dito que era uma advogado.

Que trabalhava no Bronx,
e blá-blá-bla.

Mas aí eu disse: "ele nem é atraente;
eu não estou interessada".

Nunca esqueço o que minha avó disse.

Ela falou: "Se é mais bonito que
o diabo, é atraente".

Minha avó estava contente.
Eu tinha achado um advogado!

E de repente pensei: por que não?
Seria uma mudança de vida!

Uma aventura!

Poucos dias depois ele me convidou
para dar uma volta em seu avião.

Eu cresci no Bronx.

Era uma época na década de 30
em que ninguém tinha nada.

Tudo o que tinham era a honra.

Infelizmente, a minha mãe era
terrivelmente protetora.

Ela achava que eu não consegueria
me virar por conta própria.

É horrível admitir,

mas ela me dava banho até
os dez anos de idade.

Eu não cresci com meus pais.

Quando eu tinha por volta de dez anos,
meus pais se separaram.

Minha mãe foi trabalhar fora.

Mas ela tinha uma criança!
Precisava encontrar um jeito,

pois não podia ficar em
casa para cuidar de mim.

Fui para a casa de uma tia.

Linda veio morar com a gente
quando tinha cinco anos.

Pode parecer estranho que não
tenha morado com os pais,

mas ela levou isso numa boa.

Ela não tinha proteção familiar.

Ou algo que se assemelhasse à forma
como as famílias cuidam de seus filhos.

Ela sentia falta disso.
Tinha de sentir falta disso.

Eu comia muito pouco.

Ela detestava isso,

e eu acabava levando surras
terríveis por conta disso.

Surras terríveis. Ela me batia com
o cinto na cara!

Meus dentes inferiores
ficaram comprometidos para sempre.

As surras eram tão grandes que a minha
tia sempre pedia para parar.

Ela sempre se referia a mim
como um idiota de carteirinha.

Eu conheci a Linda nas ruas.

Ela agia como se fosse durona.

Mas havia algo por baixo disso.

Nós nos tornamos amigas.

Acho que era difícil não ter um pai

quando a maioria tinha pai
naquela época.

Mesmo um mendigo tinha pai!

Quando eu tinha 12 anos,
eu tive febre reumática.

Já tinha perdido uma irmã
por conta disso.

Então tive de voltar para a casa
de minha mãe e de minha avó.

Eu me sentia muito insegura.

Eu chupava o dedo quando ia dormir.

Acho que fiz isso até a adolescência.

Linda cresceu ao lado de mulheres.

Não havia nada em sua vida que
a ligasse a homens.

Eram quatro mulheres.

E elas não eram a fim de homens.
Não gostavam de homens.

Meu pai era meu protetor
nessas surras que eu levava.

Lembro-me de uma vez chorar,
dizendo "quero meu pai!"

Pois eu sabia que quando ele chegasse
em casa à noite, não me bateriam mais.

As pessoas costumavam fazer
graça do Burt quando ele era criança.

E muito está relacionado à relação
que teve com os pais.

Eles não deviam ter se casado.

Ela o desprezava.

Por conta disso, ele torrava dinheiro.

Ele comemorou o seu bar mitzvah
num restaurante chinês!

Algo extremamente embarassante!

Todos os judeus comemorava
o bar mitzvah em...

Mas eles o fizeram
num restaurante chinês!

Os rapazes sentiam atração por Linda.

Ela era popular por conta da aparência,
pela maneira como se comportava...

Acho que acabou se tornando
algo que na verdade não era.

Na época era o que chamavam
de "provocadora".

Pensavam que ela era fácil,
mas não era.

Ela agia como tal,
e se vestia como tal.

Às vezes as pessoas olham para você
e vêem uma pessoa diferente do que é.

Para alguns de nós sexo era algo
significativo. Algo muito importante.

Mas não havia nada, absolutamente nada
de promíscuo no que respeita a Linda.

Linda gostava de rapazes.
Ela gostava.

Mas isso não quer dizer que
queria fazer sexo com eles.

O telefone tocou.
Era ele.

Ele perguntou se eu tinha
recebido as flores.

Eu disse: "Sim, obrigada.
São lindas."

E ele perguntou:
"Você aceita tomar um drinque?"

Eu a levei para um bar
em Rochelle.

com pouca iluminação, sofás...

Queria que o lugar fosse o
mais romântico possível.

Daí por diante ficamos juntos.

Ele a levava para boates, para...

Ela achava que estava em Hollywood,
com estrelas...

Foi muito legal, porque
ela acabou conhecendo estrelas

Acho que ele era amigo das
irmãs DeMarco.

E como era o nome dele?
Keefe Brasselle, algo assim.

Sim. Pois é, ela estava na maior.

Ele me pegava de manhã
para o desjejum

e depois me deixava no trabalho.

Aí aparecia de novo na hora do almoço
para almoçarmos.

Às cinco da tarde ele
estava me esperando.

para me levar para casa.
Eu trocava de roupa para sair de novo.

Nós saíamos para todo lugar da moda.
Íamos para o Latin Quarter...

Íamos para todos os lugares bacanas.

Burt era muito mais atraente comparado
com os rapazes com que saíamos.

Eu comprava conversíveis para
atrair a atenção das garotas.

Eu comprava um Cadillac novo todo ano.

Eu ganhava de 40 a 80 mil
dólares por ano,

enquanto as pessoas em geral
ganhava 4 mil.

Ele tinha uma boate, era advogado,
tinha um avião!

Éramos quatro:
Linda, eu, o piloto e Burt.

Burt estava na cadeira do piloto.

Foi uma aventura! Quantas pessoas
entravam num avião na nossa idade?

E faziam apostas com as pessoas
que estavam lá embaixo.

Apostavam se o avião
pousaria ou não.

Estar lá em cima com elas
e olhá-las me fazia bem.

Estar com elas me fazia bem.

Falar com elas me fazia bem.

Embora não admitisse,
ela gostava de mim também.

Acredito que Burt
se apaixonou por Linda.

Acredito que Linda admirava Burt.

Ele era considerado um excelente
advogado para casos de negligência.

Ele se saiu bem desde o início
na advocacia.

Ele saia atrás de ambulâncias

Ele era famoso por ficar
atrás de casos para defender.

Mas ele fez muita grana.
Ele comprou um avião.

Ele comprou uma boate!

Ele comprou um Cadillac,
um Lincoln, e tinha uma casa...

Ele queria se sair bem,
não importa o que fizesse.

Não me esqueço da formatura
da universidade.

quando um grande amigo meu disse:
"o que aprendeu aqui de nada vale.

Cada caso é um problema."

Acho que me contrataram porque
gostavam de minha aparência.

Não que eu fosse uma secretária ruim...

Talvez eu era ruim.
Eu não gostava de ser secretária.

Pugach & Weitz pegava
casos de negligência...

Tipo, alguém chegava
vítima de um acidente,

ia para um médico conhecido,
que nos dava um laudo favorável.

Era pago e todo mundo se saía bem.

Burt admite que era
um ajustador profissional

e não um advogado.

Ou podia ser um vigarista. Inventar
acidentes, etc... Algo que nunca fiz.

As pessoas chamavam aquilo de "divisão
de lucros," algo altamente ilegal.

Mas Burt dizia que não era isso,

que estava pagando alguém
por serviços prestados.

Bem. Sei.

Eu nunca fiz isso.
Nunca!

Sempre agi... Sempre agi

com integridade no que diz respeito
à fraude. Até hoje em dia!

Eu me acidentei.

Eu não me machuquei.
Não gosto nada disso.

E Burt disse vá para o hospital.
E eu fui.

Burt não se aproveitou de mim. Talvez
um pouco. Mas eu podia ter dito "não".

Ele não me forçou a nada, nem me
prometeu nada além de um jantar.

Perguntava a todas as clientes:
"Sim ou não?"

E ela tinha de responder "sim" ou "não".

Eu dizia: "Burt, você deve levar
muita tapa na cara!"

E ele: "Sim, mas transo um bocado."

Sexo era algo importante para mim.

Como também o fato de me
propiciar uma certa auto-estima.

Algo que eu provavelmente precisava.

Acho que eu era impressionada com o
fato de ele ser formado em direito,

e por ele ter muita grana...

Mas não acredito que eu
o achava atraente.

Ele era muito pão-duro
para gastar com motéis.

E eu não tinha tempo. Tinha
que voltar pra o meu marido.

Comecei a namorar com o Burt.

Sexta, sábado e domingo
íamos para a boate dele.

Pessoas famosas iam lá.

E uma delas era Johnny Mathews.

A Concha era a casa onde eu ia
com mulheres.

Era um parque de diversões para mim.
Até eu encontrar a Linda.

A banda sempre tocava a música
"Linda".

A banda sabia que toda vez que
entrássemos devia tocar "Linda".

"Ando pelas ruas
para ver se encontro..."

Algo do tipo:
"Eu ando abraçado com Linda"...

"Linda!"

"E depois parece..."

"em todos os meus sonhos"

"eu ando abraçado com Linda".

"Milagres acontecem!"

"E agora a minha estrela da
sorte começou a brilhar."

"Com um toque de magia
farei com que...

"Linda seja minha!"

Bom, eu tinha uma família
muito desconfiada.

A minha avó foi quem
começou a questionar.

Ela disse: "Sei não. Ele é
muito rico para ser solteiro."

Era mais ou menos assim
que pensavam. Entende?

"Por que está disponível?"

Um dia um amigo meu me ligou
e disse: "Ela sabe que você é casado."

Aí quando saímos...

Tentei enganá-la de toda maneira.
Chegue até a dizer...

E ela começou a chorar.

Aí disse que me divorciaria.

Fiquei arrasada.
Nunca imaginei que fosse casado.

Ele era um bom partido
que ia ser meu,

e que estava me escapando.

Eu fiquei em pânico.

Levei o Keefe Brasselle para
falar com ela.

Isso criou um clima.

Keefe Brasselle se sentou
com ela e disse

"Garanto que vai se divorciar."

E eu respondi: "Ok."

"Vamos combinar: assim que
você se divorciar, ligue para mim."

Ele disse:
"Mas vai ser em breve."

E eu disse: "Tudo bem.
Quando sairem os documentos, ligue."

No dia seguinte ele ligou dizendo:
"Já tenho os documentos em mãos."

Eu disse:
"Ok. Bem, eu quero vê-los."

Eu a levei para o escritório e mostrei
uns documentos que eu mesmo tinha feito.

Acho que ela copiou o número.

Eu disse para minha mãe que tinha
o número do documento

e que o advogado dela
podia verificar tudo.

Para saber se era legítimo.

Isso não é feito em um dia apenas!

O processo de solicitar o divórcio em
Alabama e receber uma resposta é longo.

Nesse período, continuei
me encontrando com o Burt

pois ele tinha feito
o que prometera.

Eu tinha encontrado a mulher dele,
Francine, algumas vezes.

Ela era uma garota comum do Bronx.

O tipo de moça casadoira,
que sabe cozinhar, limpar a casa...

cuidar dos filhos, etc.

Eu saí durante três anos com Francine
e nunca fizemos sexo.

Fazia de um tudo: masturbação e
outras coisas malucas...

Um dia ela me disse:
"Todo mundo pensa que transamos,"

o que era algo terrível naquela época.

Mas não transávamos!

Ela retrucou dizendo:
"É, mas todo mundo pensa assim."

Começou a chorar.
Aí casei com ela.

Foi assim. Eu não queria me casar,
mas casei.

Ele provavelmente não a amava.

Como ficaria com um homem que a
traia o tempo inteiro às claras?

Francine sabia que eu saía com
outras mulheres e aceitava isso.

Ela ignorava o fato porque queria
estar comigo a todo custo.

Tivemos um bebê.
O bebê era retardado.

Não era apenas retardado:
também não andava, não falava...

Ela não se sentava. Não fazia
nada por conta própria. Nada.

Comecei a desmoronar.
Eu amava a garota.

Quando aquilo aconteceu,
fiquei arrasado.

Então se afastaram. Ele começou a se
dedicar à vida social e aos negócios.

Ela permanecia em casa,

cuidado do rebento dele,

algo que não podia mostrar
como sendo sua bela filha.

Isso... Bem, isso pega um de jeito.

ADVOGADO VIOLA LEIS ÉTICAS

Então houve uma investigação
no fim da década de 50.

Centenas de advogados apareceram, sob o
argumento de que precisavam investigar

a alegação de divisão de lucros.

Eles arruinaram a minha vida por nada.
Por nada.

Fiquei tão deprimido que a minha
vida aos trinta acabou.

E nada pude fazer.

Todos os meus amigos estavam se casando.
Todos já tinham encontrado alguém.

E eu estava numa idade em que achava
que algo devia acontecer em minha vida.

Eu deveria estar fazendo uma lista
de convidados para o casamento.

E ele deveria estar sugerindo
nomes de convidados.

Nós fomos ver uma casa em em Scarsdale.

Eu escolhia uma casa, depois
outra. Era uma confusão!

Eu a deixei animada quando
comecei a procurar anéis de diamante.

Eu a animava de maneiras
as mais diversas.

Ele ia comprar um barco, um bote,
um iate, o que quer que seja.

Íamos às compras. Era divertido.
Eu adorava!

Era legal. Uma fantasia...

Ele estava... não diria "apaixonado".
Ele estava "loucamente apaixonado".

Ele estava louco por ela.

E ela tinha uma grande auto-estima
para dizer "não" para Burt.

Burt queria ir para cama comigo.

E eu deixava claro que
não o faria de jeito nenhum.

"Quando nos casarmos, iremos para
a cama. Antes disso, não."

Era uma batalha sem fim.

Aquilo irritava o Burt...
"Depois de tudo o que fiz por ela!"

"Como pode me recusar
algo tão insignificante?"

Isso combinado com o ataque
profissional de que fui vítima,

começou a se transformar
um fardo terrível.

Comecei a beber...

muito.

Um dia fomos à praia.
Quando paramos num sinal vermelho,

um jovem rapaz no carro
ao lado disse: "Oi, Linda!"

Era um rapaz com que namorei.
Só trocávamos cumprimentos.

Quando paramos,
Burt teve um ataque de raiva.

"Você está transando com esses homens!"
Ele falou do nada. Sempre era assim.

Ele ficou maluco com
essa ciumeira.

As pessoas me diziam.
Pessoas que conheciam ela.

Um dia alguém ligou só para dizer "oi".
Era um rapaz.

Ele ficava irado.

Ele achava que eu transava
com outros caras.

Ele até me fez fazer
algo ultrajante.

Mas para calar a boca dele
e acabar com aquilo,

eu disse: "vou ao meu médico,
e ele vai me examinar...

"e vai confirmar que
ainda sou virgem."

Tive de provar.

O médico comprovou o que falava.

Era uma acusação falsa.

Nós continuamos a nos encontrar,
mas a coisa ia só piorando...

Aí a minha mãe voltou com a notícia...

Aqueles documentos eram falsos.
Não havia nada arquivado em Alabama.

Eu disse: "Sabe de uma coisa?
Você me enganou!

Seus documentos não são verdadeiros.
O que está acontecendo?"

Ele disse: "Dei isso porque o processo
já estava correndo em Nova Iorque."

"O divórcio lá demora."

"Mas prometo que é verdade."

Eu disse: "Esqueça. Não tenho mais
paciência com você. Desapareça."

Decidi fazer as malas
e pedir demissão.

Minha amiga Joyce ia para a Flórida
com a família para passar um mês.

Eu disse: "Vou comprar uma
passagem e ir com vocês."

Fomos de trem.

Ficávamos na praia nos divertindo.

Larry Schwartz era um dos rapazes
que fazia parte do grupo.

Eles começaram a sair e ficaram juntos
e foi assim até o fim das férias.

Ele estava lá com os amigos dele,
curtindo a praia, jogando conversa fora.

Aí perguntou: "Vamos sair hoje à noite?"

E eu aceitei na hora porque...

Ele era lindo.

E todo mundo sabia disso.
Larry sabia que ele era lindo.

Acho que todas as mulheres
ficavam fascinadas por ele.

Mas superávamos isso.

Ele eram ambos lindos
e faziam um casal perfeito.

Saí com Larry algumas vezes
antes de voltar da Flórida.

Infelizmente, na época,
ele entrou no exército.

Foi a primeira vez na vida
que vi Linda demonstrar amor.

Ela permitiu que um homem penetrasse
seu coração, algo que nunca tinha visto.

Assim que cheguei da Flórida,
o pai de Burt apareceu.

E disse para minha mãe:
"Repare: Burt só fez aquilo

foi por medo de perder a Linda.

E eu pessoalmente vou cuidar disso.

Vou me certificar de que vai
se divorciar."

Ver o próprio pai dele
tentando me convencer

que ele era uma pessoa honesta...

Quer dizer, não havia porque
não acreditar naquilo!

Não podia acreditar que o pai fosse
tão salafrário quanto o filho!

Nós voltamos, mas nada acontecia
no que diz respeito a casamento.

Era uma relacionamento do tipo
amor e ódio.

Ele me fez esperar por tanto tempo,

que eu já não sabia mais se ia
ou voltava. Era um iô-iô.

Usei todo tipo de artimanha.
Estava desesperado.

Todo mês eu arrumava um jeito
de atrasar o casamento.

No começo era muito bom,
mas logo ficou angustiante.

Se eu tinha algum plano? Não.

Apenas paliativos de que fazia uso
para ver se funcionavam.

A mulher dele me ligou.

E ela disse: "Você pode sair com ele,
pode fazer o que quiser...

mas nunca vou me divorciar dele.

Sem chance."

Quando ouvi aquilo, decidi:
"Tenho de me livrar dessa merda."

E claro, foi isso que levou à separação.

Emocionalmente, ele partiu-se em dois.

Ele caía no chão, batia a cabeça
na parede e sacuidia os pés...

E chorava: "Linda, Linda, Linda!"

Chegou a um ponto que achavámos
aquilo tudo uma piada!

Ele enlouqueceu. Enloqueceu.

Quando pararam de sair,
depois de tanto tempo saindo juntos,

ele começou a se sentar em seu
escritório e cantar para a sua iguana.

O nome da iguana era Iggy.

Ele tinha um ukulele.

Era um banjo, acho.
Não era um violão.

E cantava "Linda".

Fique bastante bêbado e deprimido
numa festa de natal.

E daí por diante continuou agindo como
um maluco, dizendo que ia se matar.

Colocaram-me num carro e me levaram
para o Hospital Jacobi.

Um psiquiatra me examinou e me colocou
numa ala fechada. Fiquei internado.

Todos achávamos que aquilo era uma
grande piada. Nós ríamos!

Liguei para o Herb. Ele veio,
me ajudou e saí dali,

o que acabou sendo uma
péssima decisão.

Burt não deu trégua.
Começou a me ligar sem parar,

começou a me seguir...

Foi um inferno!

Ele estava sempre presente!

Fosse por telefone, em pessoa,
na porta da casa dela...

Era algo assustador!

Burt ligou várias vezes
para mim, dizendo...

o que planejava fazer com ela

se ela não voltasse para ele.

Eu estava desesperado.

E queria encontrar um jeito
de tê-la de volta.

E queria que ela voltasse
custe o que custasse.

Ele contratou gente para jogar pedras
na minha janela, para me assustar...

de forma que eu o procurasse
para ajudar-me.

E quando liguei para
a polícia, disseram:

"Você viu ele fazendo isso?" Eu disse:
"Não, estava em casa. Não podia ver."

"Bem, não podemos fazer nada.
Ele é um advogado."

Então comecei a procurar pessoas
para bater nela.

Bateriam nela, ela ficaria assustada
e voltaria para mim.

Porque não ia querer
que batessem nela de novo.

Era inacreditável
Não sei quantas vezes

fui à polícia, chorando
e implorando por ajuda.

A mãe e a avó dela estava amendrontadas,
pois viviam todas na mesma casa.

Comecei a ter ideias tão...

tão primitivas...

que não as controlava!

Acredito que Burt queria matar Linda.

Eu era a única que estava
ciente do perigo que corria.

Ninguém se importava.

Larry Schwartz saiu do exército...

e voltou para a minha vida.

Ele era muitíssimo
diferente do Burt.

E ali estava eu, livre do Burt!
"Ufa, que alívio!"

Ele era uma rapaz simpático, tranquilo.

Estava tão bom...
Passéavamos na estação de trem...

Ele me levou para conhecer
a família dele.

A normalidade tinha voltado,
e eu estava amando aquilo.

Começaram a sair e se
apaixonaram novamente.

NOIVADO

Eles noivaram.
E todos ficaram muito contentes,

porque embora ele não
tivesse a mesma situação de Burt,

ele era um ótimo rapaz
e se mostrava promissor.

Essa foi a minha desgraça.

Assim que aceitei a aliança
e fiquei noiva,

Burt ficou enfurecido!

Foi quando enloqueceu de vez!

Quando procurei o pai dela
para pedir a sua ajuda,

ele me disse: "Tarde demais,
ela está noivando."

Foi quando tomei conhecimento
de Larry Schwartz.

Falei a ele do maluco
que estava no meu pé.

E ele me disse: "Esqueça o cara.
Cão que ladra não morde."

Saí e esperei que ela
voltasse para casa.

Larry me trouxe para casa e disse:

"Há alguém do outro lado da rua."

E eu estava escondido.
Eu ia matá-lo.

Ele estava lá com uma arma.

Mas não consegui fazê-lo.

Não consegui.
Não é fácil atirar numa pessoa.

Não consegui.

E tive de voltar atrás.

Burt contratou alguém para
matá-lo.

Havia um cara bem forte
chamado Al Niokrk.

Eu dei a ele uma grana,
mas ele não quis fazer o serviço.

Foi pedir a uns amigos para fazê-lo.

''The Red Harden,'' como era chamado
Joe Louis, pela semelhança.

Ela ficou tão feliz quando
lhe disseram que tinham uma encomenda

para o noivado. Foi o que disseram.

Aí ela foi até a porta.
A mãe dela estava bem atrás dela.

Pensei que fosse um presente do Larry.

Eu estava me arrumando
para ir para o trabalho.

Estava arrumando meus cabelos.

Se não for dele, não será de ninguém.

Ela não podia ser de mais ninguém.

Ela não seria de ninguém mais.

Ele disse:
"Se não é minha,

não será de mais ninguém."

New York Mirror

Quinta-feira, 18 de junho de 1959

HOMEM CEGA MOÇA
COM ÁCIDO

A porta já estava aberta.
Ele colocou o pé na porta.

Ele já estava no corredor de entrada

e jogou o ácido bem na minha cara.

A primeira coisa que fiz foi correr
para o banheiro. Estava queimando!

Minha cara ardia!
Não acreditava...

Nada fazia sentido. Não dava pra
acreditar que aquilo estava acontecendo.

Pus minha cabeça debaixo da torneira.

Minha avó estava em casa.
Minha mãe estava em casa.

As pobres mulheres
ficaram loucas.

O que se pode dizer?

Foi na semana de meu casamento.

Eu voltei pra casa do trabalho...
Sempre leio o jornal antes de jantar.

E as pessoas não queriam que eu lesse!

Todo mundo na minha casa
estava agindo de modo estranho.

Eu acabei achando o jornal,
cuja manchete era:

"Cegam Garota"

Eu chorei. Foi muito triste.
Ainda vejo a manchete no jornal.

Foi uma época horrível para mim.

Uma época alegre e triste.

Muito triste.

"Estranho toca a campanhia,
joga ácido e cega uma noiva"

Ouvi a notícia no rádio
e corri para comprar o jornal.

Aí comecei a receber ligações.

Foi algo chocante.

Agradeci o fato de ele estar viva.

Mas não tinha ideia do
estrago que lhe tinham causado.

Todo mundo pensa em se vingar
de alguém que nos faz algo,

mas não o fazemos,

Ele fez.

Tive de esperar por uma ambulância.

E aí provavelmente desmaiei.

"Garota Vítima de Ácido
Pode Perder Ambos os Olhos"

Ela tinha a cabeça e os olhos
cobertos de ataduras.

Disseram-lhe que ela perderia
a visão de ambos os olhos.

e que ela ficaria cheia de cicatrizes.

Eu chorei. Chorei.

Liguei para Linda bem cedo,
logo depois da festa de noivado.

A avó dela que atendeu, gritando:

"Era um presente. Abrimos a porta...

Jogaram algo nela.
Linda está no hospital!"

Ela repetia:
"O louco! O louco! O louco!"

Lembro-me de minha mãe chorando
e repetindo:

"Foi o Burt Pugach!"

Tão logo a polícia veio
me ver no hospital,

antes de completar 24h do ocorrido,

Eu disse: "Foi ele que fez isso!"

Não tinha nenhuma dúvida.

Ele não consegiu tê-la para si,
ninguém mais o conseguiria.

Seu desejo fora realizado.

Seu desejo fora realizado.

PROCURA-SE O MANDANTE DA
AGRESSÃO COM ÁCIDO EM GAROTA

Foi uma notícia e tanto!

Três negros jogam ácido
no rosto de uma garota branca,

a pedido do namorado rejeitado,

um advogado branco do Bronx.
Foi uma sensação!

Os negros pegam prisão perpétua
e o advogado branco vai pra cadeia...

e a garota branca ganha
a simpatia de todos

Ótimo! Tudo o que precisam
para vender jornais!

GAROTA VIVE À SOMBRA DO MEDO

MORTA DE MEDO DE PUGACH

PUGACH A AMEAÇOU, AFIRMA LINDA

Uma vez que algo assim acontece...

PROCURA-SE NOIVO ABANDONADO,
AUTOR DO CRIME DO ÁCIDO

é só o que os jornais publicam!

Referiam-se a mim como
um "homem misterioso"

que era provavelmente autor do crime.

Ele me perguntou:
"Bob, acha que eu faria algo assim?"

I digo: "Burt, meu coração
diz que 'não',

minha cabeça diz 'talvez'.

Mas se tem alguma
responsabilidade nisso,

a única maneira de se livrar disso,
sem se meter em confusão,

é contratar alguém
para matar os negros."

Três dias depois mostram-me
uma gravação daquilo que disse.

Tinham colocado
microfones no escritório!

Eles quiseram que eu fizesse uma
declaração e eu disse: "Não fiz nada."

Neguei qualquer ligação com o caso.

Linda falou muito pouco
sobre o Burt no hospital.

Ela só pensava em seus olhos:
o que aconteceria a ela dali por diante.

Linda estava muito doente.

Ela ficou no hospital
por muito tempo.

Estava no Hospital Medical Art

e a primeira coisa que disse foi:
"Larry, desapareça.

Vou te devolver a aliança.
Quero que você...

saiba que não vou prendê-lo."

E ele disse:
"De jeito nenhum, quero ficar com você."

NOIVO NÃO ABANDONA
GAROTA VÍTIMA DE ÁCIDO

E ele ficou comigo.
Visitava-me no hospital...

Fazia tudo certinho...
E era amoroso...

Os pais dele vieram me visitar e
até me deram uma estrela judia...

Fui eu quem disse:
"Não se prenda a mim.

Essa é uma situação terrível,
você vai acabar magoado.

Harden e McMillan começaram
a me chantagear.

Tentei ludibriar o Harden, marcando
um encontro numa rua deserta...

Ele me pediu mais dinheiro
e eu marquei esse encontro.

E ele disse que não iria, pois
sabia que eu iria matá-lo.

Minha teoria era que esse
era o único de me livrar dele.

Ele não ia parar nunca!

Ele não parava de ligar.

Ou eram eles ou amigos deles
que ficavam na cola de Burt.

Eles não estavam de brincadeira.

Chegaram a bater nele uma vez
e ele teve de ser internado,

com costelas quebradas.

VÍTIMA DE ÁCIDO PROTEGIDA

Eu tive proteção policial
24h por dia.

Enquanto isso, Burt continuava
a mandar flores para a minha casa.

Aquilo não tinha fim... E eu pensava:
"Meu Deus, vai começar tudo outra vez!"

Quer dizer, eu estava... mortificada!
Acho que essa é a palavra!

E o que eu queria mesmo
era pegar aquele filho da puta!

Depois do incidente com Linda,

eu passei um tempo sem
ligar para ela, claro.

Depois liguei para ela,
enviei-lhe flores...

Falamos pelo telefone.

Eu disse que queria vê-la.

Foi um dia ou dois depois
disso que fui preso.

SUSPEITO DO CRIME DO ÁCIDO
PRESO EM FLAGRANTE

TRÊS CHANTAGISTAS CONTAM
A HISTÓRIA

ADVOGADO PRESO POR CEGAR GAROTA
3 DETIDOS COMO AJUDANTES NO CRIME

ADVOGADO E 3 DETIDOS
POR JOGAR ÁCIDO

ADVOGADO PRESO COM 3
COMPARSAS POR CRIME COM ÁCIDO

O camburão veio. Um veículo
horrível, sem janelas.

Colocaram-me lá dentro.
Eles me algemaram.

Eu tentava fugir das câmeras.

Harden gritou para um dos jornalistas:

"Dê-me um maço de cigarros

e eu deixo você tirar uma foto dele."

Larry não ia ficar com
ela de jeito nenhum.

Ele não tinha dinheiro para bancar
aquilo, sem falar em amor...

Ela teria de fazer várias cirurgias

e ter gastos com hospital...

Assim que o assunto deixou de sair
nos jornais e eu voltei pra casa,

ele me comunicou o fim do noivado.

E me deu um belo anel,

que nunca devolvi.

Voltei para a delegacia.

No caminho, um dos policiais
arrancou fios de minha barba,

outro perguntou: "De que lado
teve fratura na costela?"

Eu disse: "No lado direito."

Aí ele bateu com toda força
bem na costela quebrada.

Quando minha mãe me batia, eu chorava.
Quando eles me bateram, não chorei.

Dezembro de 1959

SUSPEITO DE CRIME COM ÁCIDO
TENTA ENTRAR EM CONTATO COM GAROTA

PUGACH DISSE: DEIXE-A EM PAZ

Fui designada a proteger Linda

até que Burt Pugach fosse preso.

Eu me apresentei a ela e disse:

"Linda, sou Margaret Powers...

e vou ficar aqui com você

pelas próximas oito horas."

Vou ficar bem atrás daquela porta."

E disse: "Pode ter certeza de que está
em boas mãos. Ninguém vai entrar aqui."

A policial Powers esteve
com Linda o tempo todo.

Elas tinha muito em comum.

Ficaram juntas o tempo todo
e ela acabou entrando na turma.

O que mais admiro em Linda
é sua coragem.

Ela é um ser humano bom, decente
e é maravilhosa por dentro.

Decidi que precisava me virar sozinha.

Não podia mais viver com minha mãe.

Eu me mudei para um apartamento
de um quarto, muito pequeno.

Na Rua 57, entre as avenidas 9 e 10.

Ela ia trabalhar todo dia.

Nunca ia a lugar nenhum.

Saia de casa para o trabalho.

Linda agarrou-se a toda oportunidade
para melhorar ou se envolver

em passatempos variados, como arte.

Ela começou a fazer pintura.

A visão dela era muito limitada,

mas ela era muito boa!

Depois de minha prisão, aquela
foi a última vez que vi minha mãe.

Perdi o contado com Francine.

Francine não pareceu chateada.

Ela disse: "Não me surpreendeu
que tenha feito isso, maluco!"

Venderam a casa e Francine
internou a filha deles.

Infelizmente contratei um
advogado chamado Loanberg.

Indicação de meu pai,
na melhor das intenções.

O que ele não percebeu foi
que o cara sofria de eplepsia

e tinha ataques frequentemente.

A defesa em corte acabou
virando uma farsa.

Vi que tinha de fazer algo,
que tinha de lutar contra aquilo.

Não fazia sentido para mim ir preso.

PUGACH GANHA PERMISSÃO
PARA ATUAR COMO ADVOGADO DE SI MESMO.

PUGACH MOVE AÇÃO JUDICIAL
CONTRA PROMOTOR

PUGACH MOVE AÇÃO DE 5 MILHÕES

JULGAMENTO DE PUGACH ADIADO

PUGACH "PRENDE" PROMOTOR

PUGACH "PRENDE" TODOS DO TRIBUNAL

JULGAMENTO DE PUGACH NOVAMENTE ADIADO

PUGACH PROCESSA ATÉ JUIZ

PUGACH DIZ QUE JUIZ
TALVEZ SEJA DOENTE MENTAL

PUGACH CORTA OS PULSOS

Cortei os pulsos de propósito
para adiar o julgamento.

Eu não tinha nenhum advogado.
Era tratado com dureza.

Não me davam nenhuma oportunidade
para me defender.

Foi um ato de desespero.

PUGACH TENTA SE MATAR

Quebrei meus óculos,
peguei um caco

e com ele cortei os pulsos.

Fiquei coberto de sangue,
sujei a minha cara

para que não soubessem de onde vinha.

O sangue era mais quente do
que eu imaginava.

Comecei a gritar...
descontroladamente.

'LINDA, LINDA,
EU TE AMO'

Essas são as cicatrizes de quando
cortei os pulsos.

Ouvi o que aconteceu,
vi os seus pulsos

e disse: "Ah, que idiotice!
Manda outra, por favor..."

PUGACH É INSANO,
ATESTAM TESTES NO BELLEVUE

Resultados do Bellevue atestam
que Pugarch é uma "pessoa psicótica."

Psicopata?

Isso é um absurdo.
Burt não é um psicopata.

Eu o encontrei quando ele assumiu
o próprio caso.

Depois o vi na Ala de Psiquiatria
do Hospital Bellevue.

RESULTADO DE EXAME PSICOLÓGICO

Não acho que era louco.

INTELECTO MUITO ALTO

Nem que tinha problemas psiquiátricos.

QI TOTAL: 133

Era outra coisa qualquer.

O CRIMINOSO DO ÁCIDO
É DIAGNOSTICADO SÃO.

ARGUMENTO DE INSANIDADE REJEITADO

PUGACH DEVE IR A JULGAMENTO
POR CONSPIRAR MUITILAÇÃO

Aí fizeram com que as
testemunhas ficassem contra mim.

MÃE DE LINDA IDENTIFICA CRIMINOSO

A mãe dela sobe a tribuna.

E então um policial escolta
Linda até a tribuna

para dar ao juri a impressão de
que ela estava completamente cega.

O julgamente estava sendo
uma farsa completa.

Podia até ser culpado, mas mesmo assim,
defenderia aquilo como uma fraude.

PUGACH, LINDA:
FACE A FACE DESFIGURADA

Linda sobe na tribuna. E, claro,
de uma maneira dramática.

Ela chora lá e fica muito emocionada.

Não conseguia exergar muito bem
para ver Burt.

Conseguia ouvi-lo, mas se alguém
dissesse que ele estava morto,

eu diria: "ótimo!"

Eu ainda estava apaixonado por ela.

Lá mesmo, quando a vi,
ainda estava apaixonado por ela.

Para mim, vê-la no tribunal

já era lucro.

Em outras palavras...

estava contente de estar ali,
pois assim podia vê-la.

O CASO DE MUTILAÇÃO
POR ÁCIDO VAI A JURI

Queriam afastá-lo para sempre,
o que tinham o direito de fazer.

Trouxeram a vítima ao tribunal.

Foi o primeira declaração de
uma vítima a causar impacto

num julgamento nesta cidade.

Quer dizer, ninguém antes, ninguém...
Ela disse: "Quero vê-lo morto!"

Demorou umas três horas
para se chegar a um veredicto.

PUGAGH CULPADO POR MUTILAÇÃO

30 anos de cadeia.

Achei pouco.

Sim. Fiquei muito feliz.

Queria que ele apodrecesse lá.

Fui para a Europa.

Foi provavelmente o melhor
momento de minha vida.

Tinha um corpinho perfeito.

Saía e gastava uma fortuna
com óculos de sol.

Ajudavam-me a encontrar armações.
Não dava na cara.

Não tinha problemas em
achar homens.

Estava me sentindo muito segura,
muito mais feliz.

Estava na minha cara!

Fui levado para a prisão Sing Sing.

O guarda atrá de mim disse:
"Se mexer a mão...

Vou partir sua cabeça
com esse cacetete.

Não é advogado aqui.

Se eu te pegar tentando advogar
para qualquer desses prisioneiros,

vou te arrebentar!"

Ele foi para prisão.
Não sabia nada de direito criminal.

Pegou livros para ler.

De repente um negro ali
mata alguém.

Ele encontra uma lacuna no caso
e pede recurso.

E o negro poderá matar
outra pessoa.

Eu representava todo mundo na prisão.
Eram todos meus clientes.

Willie Sutton

O judeu Jerry Rosenberg.

Carmine Cobra Frsico

Cancelei três condenações
de assassinato.

Aí me colocaram na solitária.

Sem roupa nenhuma.

Não havia nada ali, a não ser
um lençol e um travesseiro.

Nada para ler ou ouvir...

Nada para fazer.

Podia me masturbar, mas era só.

E os dias iam passando.

Todos os dias.
Sentia falta de Linda todos os dias.

Eu não transava com os caras.

A ideia era aproveitá-los e
abandoná-los. Não é assim que dizem?

Não. Não era bem assim.

Minha atitude era: já perdi tanto.
Não vou perder mais nada.

Permaneci virgem por muito tempo.
Até completar uns trinta anos.

Eu tinha uma amiga
que também era virgem.

Éramos as únicas, acho,
naquela cidade.

A irmã dela dizia:
"Deixem de ser babacas!

Imaginem que vão pular numa
piscina e vão em frente!"

Era algo que eu precisava fazer:
me livrar daquilo.

Fazer sexo.

Burt me ligou uma ou duas vezes, acho,

quando esteve na prisão.

Chorava. Chorou o tempo inteiro.

Burt estava muito doente
e foi mandado para...

Hospital Matawan
Para Criminosos e Insanos.

Depois de alguns meses lá,
começaram a fazer...

Como é que chamam?

Tratamento de choque.
Algo que derruba a pessoa.

Pediram autorização à minha mãe.
Minha mãe achou que era bom e assinou.

Encontrei um jovem que
estava apaixonado por mim.

Ele tinha acabado de chegar
em Nova Iorque. Ele era do Sul.

Começamos a namorar. Trocávamos
carícias, mas nada além disso.

E ele queria se casar comigo.

Eu nunca tirava os óculos escuros.

Mas não sabia se queria casar.

Ele queria que eu conhecesse seus pais.
E estava sendo muito sincero comigo.

Mas não tinha certeza de que
queria mesmo me casar.

Então eu disse:
"Olhe, preciso contar o que aconteceu."

Elaine disse: "Quando se encontrarem,
use óculos com lentes claras...

e veja o que vai acontecer."
Era algo que devia ser esclarecido.

Um dia ele veio me encontrar e eu
estava usando óculos de lentes claras.

e, aparentemente, isso fez com que
"mudasse de ideia", digamos assim.

Era mais do que ele esperava.
Ele não sabia lidar com aquilo.

Aquilo me devastou. Fiquei magoada.
Aquilo me destruiu.

Os olhos não tinham aparência normal.
Tinham uma cor azulada.

Se você visse...
Não é... bonito.

É preciso que entenda.
Agora eu sou diferente.

Eu saio com óculos escuros.
Nunca os tiro do rosto.

Perdi qualquer esperança de me casar.
Não ia acontecer!

Estava destruída.

Setembro de 1971

Prisão Attica, Nova Iorque

O ano de 1971 foi um ano
turbulento para as prisões do país.

Attica, prisão de Nova Iorque,
mais de mil prisioneiros...

fizeram um motim, abrindo uma temporada
de destruição, com vários reféns.

Quando tudo terminou,
havia 43 mortos.

Feridos ou mortos, eles estão
deitados, pondo fim ao holocauto.

Quando o motim em Attica começou,

Dois negros chamaram-me:
"Pugach, venha conosco.

Eles estão entrando e atirando.
Se você não vir, vai morrer."

Esses negros muçulmanos levaram-me
e, não tenho dúvida, salvaram-me a vida.

Foi aí que fiquei amigo
de William Kunstler.

Esperaram quatro dias
para entrar de volta.

Isso vai polarizar
a situação nas prisões

nos guetos, nos bairros de
negros e de porto-riquenos.

Ela morava sozinha em Nova Iorque.

E não era fácil para ela encontrar
namorado ou amigos.

Ela acabava vivendo
um mundo só seu.

Linda estava indo de mal a pior.
Já não podia trabalhar...

a visão de um olho que restava
estava piorando...

A mãe dela estava ficando velhinha.
Foi diagnosticada com Alzheimer.

A avó já tinha morrido.

Já não tinha mais nada em sua vida.
Era uma vida bem vazia.

E ele mandava-lhe
mensagens o tempo todo.

Querida Linda, é-me impossível
recompensá-la apenas com dinheiro...

Burt me enviava cartas da prisão

Não será possível encontrar
perdão no seu coração?

Páginas e mais páginas de cartas.

Nunca vou deixar de te amar.

Eu te amo, querida Linda.
Ame-me novamente, querida Linda.

Minha querida esposa Linda...

Vou estar sempre esperando por você.

Dê-me outra chance...

Éramos felizes juntos...

Para sempre seu...

Seu amado esposo...

Especialmente para você.

Eu abri uma ação judicial
para ter contato com ela.

Se reclamasse, seria pelo
menos uma forma de comunicação.

Eu mudava de número como quem
muda de roupa.

Não funcionou nunca.

O que quer que eu fizesse,
não conseguia me afastar de Burt.

Um dia Bill Kunstler me telefona
e começa a falar o quanto Burt me ama...

e que quer voltar para mim,
e toda essa porcaria.

E eu disse: "Bem, se está tão
interessado, por que não me dá dinheiro?

Estou vivendo como uma pedinte.
Não tenho dinheiro nenhum!

Deixe que mostre suas boas intenções.

E aí quando falei com Bill, ele disse:
"Ela vai voltar para você.

Ela vai definitivamente voltar
para você. Falei com ela."

Aí eu e ela começamos a conversar
por telefone.

Kunstler é outra história.
Ele era um mito nesta cidade!

Era o estilo dele.

Ele costumava defender aqueles
que tinham feito coisas erradas.

E o defendeu tabém.

Ela disse:
"Você nunca me mandou dinheiro!"

E eu respondi: "Como?
Onde vou arranjar dinheiro?"

Eu disse: "É isso o que quer?"
Comecei a cobrar pelas consultas.

E em duas semanas
dei-lhe $4.000,00.

$4.000,00

Ela escreveu para o conselho da
condiciona: "Não solte ele!

Ele me deu $4.000,00
para me acossar.

E ela gritava na frente dele:
"Quero vê-lo morto!"

"Quero que morra!"

Fui até o conselho

E disse:
"Por que estão me levando para lá?"

Por que estão me fazendo perder tempo?
Ele vão me mandar sair novamente."

E eles: "Vá. Não tem nada
a perder. Veja o que acontece...

O que de tão importante
tem para fazer?"

De seu futuro marido.

E me perguntaram:
"Você deu a ela esse dinheiro?"

Eu disse: "Sim."

Perguntaram: "Se você sair,
vai continuar a lhe dar dinheiro?"

E eu disse: "Se tiver,
claro que vou!"

Aí ele falou: "Você vai ser liberado
no dia 21 de maio." Quase morri!

Quase morri.

Conheci o Burt logo depois
que saiu da cadeia,

quando ele mudou para o Queen's County
e passou a trabalhar como paralegal lá.

Na verdade, consultei
o Burt muitas vezes.

Ele não podia entrar
em contato com Linda.

E uma amiga me disse:

"Vamos a uma vidente comigo."

Ela disse: "Oh, tantas coisas
terríveis aconteceram com você!

Vejo um homem.
E tudo aconteceu por conta dele.

Mas é importante que saiba:
ele te ama desesperadamente!"

Quando fui solto,
os jornais noticiaram o fato.

Marvin Scott do Canal 11
veio me ver

e me perguntou sobre ela na entrevista.
E eu disse:

"Acho que não posso vê-la
novamente, ou serei preso."

Procurei Burt Pugach e ele aceitou
que eu o entrevistasse

e me contou toda a história.

Ele também confessou o quanto
amava essa mulher.

Era uma espécie de comercial
que apareceria na TV para todos.

Aí os amigos dela viram e disseram:
"É melhor você ver!"

Ele falou sobre a entrevista...

dizendo que queria se desculpar
pelo que fez com a Linda.

Marvin Scott disse algo do tipo:

"Olá, no programa de hoje vamos ver um
homem que esteve na cadeia por 14 anos,

e ele quer dizer algo
para Linda Riss.

Já paguei a minha dívida à sociedade.
Não posso fazer o que fiz.

A única coisa que me resta fazer agora
é passar os últimos anos de minha vida

recompensando a Linda."

Ele me olhou e depois olhou
para a câmera e disse:

"Linda, sei que está aí.

Linda, eu te amo!

Linda, quero me casar com você!"

Fique chocada!

Foi incrível!

Eu não acreditava naquilo, e pensei:
"Meu Deus, isso é muito doentio!"

Hoje às 10h Burt Pugach
pede em casamento

a mulher que cegou!
Hoje, às 10h.

Estava em meu apartamento,
vendo TV sozinha.

Aí minha mãe ligou, gritando:
"O que vai dizer a esse filho da mãe?"

ELE QUER SE CASAR COM A
MULHER QUE DESFIGUROU!

Aquilo era interessante.
As coisas começaram a mudar para ela!

Os jornais começaram
a falar dela novamente.

Talvez seja da natureza humana.
As pessoas não querem ser notadas?

Ninguém quer viver nas sombras!

Tudo aquilo foi excitante
para ela, pois deu-lhe atenção.

Organizaram uma festa um dia,
com vinho, queijo e torradas

e ela me convidou para
juntar-me a ela e às suas amigas.

As suas amigas começaram
a falar sobre a vida amorosa delas, etc.

E lá estava Linda, sem ninguém.

Mais tarde entrei num elevador,
e uma senhora entrou.

Ela estava carregando suas
compras num carrinho.

Dava para ver no carrinho uma latinha
de ervilhas, um pedacinho de carne...

umas caixinhas de cereais,
umas barrinhas de sabão...

Aquilo emanava solidão!

E eu só podia ver a Linda ali.
Ela tinha 35 anos,

sem nenhum pretendente.

Ela passou a metade de uma
vida... sem graça.

Eu não conseguia penetrar o coração
de Linda, nem ninguém o fazia.

Mas era claro o que ela estava pensando.

A despeito de não falar nada.

Pensava no Burt.

Liguei para Rita e disse:
"E se você ligasse para Burt,

e dissesse que queria um conselho dele

sobre o seu divórcio com o Bobby?"

Ela e eu decidimos que
ela encontraria com ele

e com a policial na minha casa.

Acho que o Departamento de Polícia
não ficaria muito contente em saber

que eu fiz o papel de cupido.

Eles se encontrariam.

Eu disse: "É a chance que têm
de porem os pratos a limpo.

Se achar que não
consegue lidar com a situação,

peça ajuda, desça, pegue
um taxi e vá embora!

Mas se não se der essa chance,

sempre ficará pensando o
que poderia ter acontecido."

Rita me convidou para jantar.

Quando toquei a campainha, não
quis entrar, porque fiquei desconfiado

de que aquilo poderia ser uma
vingança dela.

Senti-me no início um
bocado desconfortável...

Tinha passado muito tempo.

Para mim ela estava tão bonita
quanto sempre foi.

A cadeia transformou-o.

Ele estava cheio de músculos, bonito...

E eu a pedi em casamento.

Eu disse: "Vamos com calma.

Eu só vim dizer olá."

Ela disse: "Vamos com calma."

Usei meus óculos de lentes claras.

Acho que não conseguiria usar aqueles
óculos na frente de mais ninguém.

Ele não viu nenhuma diferença.

Para ele, eu ainda era bonita.

Começamos a namorar.
Depois de cinco meses...

nós decidimos...

nos casar.

ADVOGADO NÚMERO 1

CASOU-SE COM O HOMEM
QUE A CEGOU

Uma vez que decidi... voltar para ele...

conscientemente decidi pensar assim:

"Comece do zero...

O que passou, passou.
Tem de ir adiante a partir deste ponto.

Saiu na capa do London Time!

E todas os canais de TV
começaram a fazer reportagens sobre nós.

Começaram a tirar fotos, etc.

Comecei a ganhar...

o dobro naquela primeira semana.
O dobro.

Talvez o triplo.

18 anos atrás, uma história de amor
incomum começou bem aqui em Nova Iorque.

Os Pugach dizem que sua história de amor
bizarra resultou em um casamento feliz.

Por que se casou com um homem...
que a cegou

e a desfigurou anos atrás?

Foi algo que...

foi muito, muito difícil de aceitar.

É difícil aceitar que apesar do que
aconteceu comigo ainda pensasse:

"Gosto deste homem."

É difícil assumir isso aqui
e para todo o mundo.

- Vocês são felizes?
- Eu sou. E você?

Sim, claro que sou.
Por que não seria? Com certeza.

Dêem boas vindas a Burt
e Linda Pugach.

Ele o chamava de Puggy...
Parecia ser amorosa com ele.

E sei que ele é bom para
ela, de certo modo...

Comprava-lhe remédio e
coisas variadas...

Consideram a história de vocês "feia,"
mas vocês a consideram "bonita"...

O que teriam a dizer sobre...

Passamos por tanta coisa...
Acho que vamos ficar juntos.

Aprendi a aceitar o fato.
Não posso tentar gostar dele...

porque realmente não consigo.
Trato-o bem quando aparece,

faço um bolo, de forma
que fique quieto.

Por que, depois do
que ele fez,aceitou-o hoje?

Porque o Burt é um bom marido.

E, do meu jeito, eu
provavelmente o amo.

Acho difícil usar essa palavra.

- Maníaco!
- Sim.

São difíceis. Estão sempre
gritando um com o outro.

Mas estão sempre juntos.

Ela está completamente cega agora.

E ele se tornou seus olhos.

- Havia outras mulheres a fim dele?
Sim.

Casou com ele porque achou
que outra mulher o faria?

Talvez.

- Vamos, precisamos fazer umas compras.
- Compras? Esqueça!

Segurança financeira era algo
muito importante para ela.

Burt era a segurança financeira dela.

Se lamento não ter tido filhos?

Acho que sim, de algum modo.

Mas acho que isso não nos
fez muita falta.

Venus, a deusa do amor.
Linda, a deusa dos votos quebrados.

Pugach e Riss viviam aqui,
em um apartamento de quatro quartos.

Até agora.

A polícia diz que Pugach
voltou aos seus crimes de novo.

Desta vez, supostamente ameaçando
uma mulher de 42 anos

que terminou com ele, depois
de descobrir que ainda era casado.

Pugach pode pegar um ano

por aterrorizar outra mulher,
uma antiga amante.

Burton Pugach foi acusado por
abusar sexualmente de uma mulher

que foi amante sua por cinco anos.

A mulher de 42 anos
afirma que Pugach ameaçou

de cegá-la como fez com a Linda.

Eu deveria ter saído dessa
e deixado esse homem horrível.

Evangeline Borja tinha 27 anos
a menos que eu.

Vinte e sete.

Ele disse: "Se eu não posso tê-la,
ninguém mais a terá."

"Já que negou jantar comigo hoje à
noite, este vai ser seu último jantar."

Ele me agarrou por trás
e eu fiquei sem fôlego.

Ela é uma mentirosa!

Ela começou a dizer que eu
tinha prometido casar com ela.

Eu nunca prometi.

"Tenho ótimos contatos. Vou
falar com meus amigos amanhã...

Será bem rápido.
Pagarei pelo seu funeral."

Ele disse: "Se não for
jantar comigo hoje à noite,

este será o seu último jantar!"

Ela disse que eu tinha prometido
me divorciar, o que não fiz.

Quer dizer, talvez tenha dito.
Mas não tinha a intenção.

Eu menti. Menti. Eu admito.

"Vou mandar matar você,
se não jantar comigo

e não fizer sexo comigo.
Você conhece meu passado."

Levando em conta essas ameaças,
decidimos trancafiá-lo novamente.

Ele me ligou: "Estou na polícia.
Por favor, venha me pegar."

E, claro, fiquei furiosa, gritando:

"Que diabos aconteceu?!"

Fiquei chocada.
Fiquei impressionada com essa notícia.

Até aquele ponto ele
tinha sido um bom marido!

Agora é um desgraçado!

QUE HOMEM!

Ele a cegou, casou com ele
e a traiu com outra mulher.

A notícia veio como um tiro!

Quem se lembrava de 1959

não podia acreditar que esse cara...
Que ele ainda estivesse vivo!

e que estivesse fazendo
tudo o que fez novamente!

O advogado pediu uma fiança de
$500.000,00.

Eu disse:
"Isso é pura vingança!

Além disso, quando for
julgado, serei preso."

Na reunião com a imprensa,
ele disse que contratei alguém

para matar Evangeline Borja.
Foi o que disse na reunião.

E eu comecei a gritar:
"Então por que me cobrou fiança?"

Novamente a velha história
do homem se defendendo na corte.

É exatamente o que Burt Pugach
está fazendo.

Era ridículo pensar que estava na corte

na Suprema Corte de Nova Iorque
no Queen' Boulevard,

e lá estava Burt Pugach.
Ele nem era advogado!

Ele perdeu a licença de advogado
durante o tempo que passou na cadeia.

E lá estava fazendo perguntas ao juri.

Há homens que danificam
jóias de mulheres...

Há homens que perseguem mulheres...

Há homens que ligam para as mulheres
às duas da madrugada...

Quer dizer, isso foi no máximo
uma briga de amor.

Escrevi que Burton Pugash foi um
marido tão ruim quanto Joey Botfioko.

Queria corrigir:

Ele foi um pior marido
que Joey Botfioko.

O PIOR MARIDO DOS EUA
MAS ELA NÃO O DEIXA!

Entrevistei Linda nas escadarias
do tribunal.

Ali mesmo ela ficou do lado dele.
Ela o defendeu!

Ei, vocês aí!

A mulher de vocês sabem o que
estão fazendo o tempo todo?

Vocês só são espertos o suficiente
para não se meter numa encrenca dessa.

E então? Façam-me o favor!
Como se isso fosse a primeira vez!

Nunca aconteceu antes!...
Ah, deixem disso!

Minha esposa sabe que eu ameacei.

E ela está muito chateada
com o que aconteceu.

Já falou sobre isso várias
vezes à imprensa.

Mas não fiz nada.

Ele não bateu nela,
não toucou nela...

Ele não a perseguiu.
Ele não fez nada!

ELE NÃO MATARIA UMA MOSCA!

Ele a cegou e a traiu. Ontem, no
tribunal, a esposa de Pugach o defendeu.

AMOR CEGO

Eu disse que Burt
era uma marido maravilhoso.

Tomava conta de mim,
era atencioso.

Como me protegia...
Era o meu melhor amigo!

Não sei o que ela falou
nem o que ninguém falou.

Eu estava tão impressionado com tudo
aquilo que não ouvia nada!

Como ela te amou?
Eu não te amaria...

Você não precisa me amar.

LIVRE PARA AMAR DE NOVO

Senti-me como se tivesse
ganhado na loteria.

E ganhado a liberdade.

Deus estava me olhando e faria
com a que a justiça prevalecesse.

Eu sabia disso.

- O senhor vai se comportar?
- Pode apostar que sim!

Com uma exceção:
quando estiver em casa com minha esposa.

Aí talvez acabe sendo acusado
de abuso sexual novamente...

Estou na imprensa de
Nova Iorque por pelo menos 50 anos.

E de todas as pessoas que vi, ninguém é
tão louco quanto Burton Pugach!

E ele nunca foi internado.

Ele disse que nunca mais faria aquilo:
ter um caso novamente.

Você acredita nele?

Se acredito nele? Ele já está um
pouquinho velho para isso...

Tanto quanto sei.

Acho que não faria. Ele sabe
que eu daria um chute no traseiro dele!

Eu o faria.

Tenho me comportado
por quase dez anos!

Ou não foi flagrado.

Fazemos sempre igual.

Sentamos. Eu mesmo
cuido de me sentar.

E aí começamos a brigar.

Estou acostumado com isso.
Não ligo mais.

Coitadinho...

Sabe de uma coisa? Ela foi despedida
quando se casou comigo.

Não foi bem assim.

É verdade. Um ano antes
de nos casarmos, te despediram!

É a sua opinião.
Eu tenho a minha.

Não é minha opinião.
Sei que foi assim.

Não sei se foi bem assim.

- Você é paranóico.
- Não sou paranóico!

Sei muito bem o que o tribunal
concluiu, então não sou paranóico.

Não acredito nisso,
mas tudo bem.

Nós não temos de concordar
nisso, temos?

E não concordamos. Pronto.

- Cuide dessa manga. Olhe só.
- Não tem nada de errado.

- Tem certeza?
- Sim.

Você diz isso agora
e depois põe a culpa em mim.

Diz que a culpa é minha,
que fui eu que...

- Eu a culpo de alguma coisa?
- O quê?! Todo dia!

Coitado do Burt. Tem de me aturar...

Conviver comigo não é fácil.

Acho que foi a minha melhor vingança.

Somos eu e o Burt contra o mundo.

Porque milagres acontecem...

E agora minha estrela da sorte
começou a brilhar...

Com um toque de magia
farei com que Linda seja minha...

- Onde está Burt?
- Aqui. O que quer?

- Que agüe o resto das plantas.
- Já vou, calma!

- Que agüe as plantas.
- Tá, tudo bem.

- Cadê você, Burt?
- Aqui!

- Cadê o meu café?
- Calma, Linda!

- Onde está você?
- Oh!

Burt!

Melhor que usasse esse tempo para tornar
o mundo apto para a democracia...

- Linda?
- Que foi?

Tá na hora. As malas estão prontas.

Na cabeça dela, acho que ela pensa

que foi um crime passional,
que ele realmente a ama

e que agora está curado... No fim das
contas, talvez eu me convença.

Talvez tenha sido melhor para ela,
pois quem a ajudaria...

nas compras e noutras coisas
por todos esses anos?

Estão casados há 28 anos.

Ele considera o que fez com
ela todos os dias.

Não sei se é uma alegria ou
uma punição. Realmente não sei.

Não acredito na pena capital,

mas por algo assim
ele devia ter sido morto.

Ele a criou.
Ele a tornou quem é hoje.

Cega e careca.

Todos merecem uma segunda chance.
Todos. Sem dúvida.

Mas acho que ele usou
a segunda chance dele.

É melhor que não
ultrapasse o sinal vermelho.

Gosto muito de Burt.
Gosto dele como amigo.

Dizem que mesmo Hitler teve amigos.

O que fazer?

Sonho muito com a Linda.

Em muitos dos sonhos,
estou perdido e não consigo achá-la.

Em muitos dos sonhos,
estou perdido e não consigo achá-la.

É.

Sobre o que sonho?

Não sonho muito.

Se eu tivesse casado
com Larry Schwartz...

Penso nisso às vezes.

Lamento não poder voltar atrás.

Mas não posso.

Eles se vêem no passado.

Eles se vêem no tempo
em que se conheceram.

Eles conseguem recriar
esse primeiro encontro,

quando ela era linda
e ele era incrível.

Esse ano maravilhoso...

Apenas ela e Burt
conseguem viver o passado juntos.

Tradução: frombr

cinemarginal.org