All language subtitles for dancing_on_the_edge.1x06.special.720p_hdtv_x264-fov

- Equipe Victorians -

Legenda:
Fel�cia | bbtinha | ramoroso

Legenda:
mari | Ederzin | germanabh

Na minha amizade com Louis Lester,
e acho que posso chamar

de uma amizade
bastante not�vel,

fiz v�rias tentativas
de entrevist�-lo

na minha posi��o oficial
de vice-editor da Music Express.

Afinal, eu tinha defendido
a m�sica e a banda dele,

dando-lhes muita publicidade
e cr�ticas positivas.

O que era mais natural do que
seguir com uma grande entrevista?

Eu nunca tive a chance
de termin�-la, no entanto,

antes dos terr�veis
acontecimentos acontecerem.

Mas acredito firmemente
que o que obtive, vale publica��o

especialmente porque a conversa
tomou um rumo t�o inesperado,

que eu nunca poderia
ter previsto.

EPIS�DIO ESPECIAL 1x06
"ENTREVISTANDO LOUIS"

Por�m, h� um problema
em entrevistar Louis, como ver�o.

Londres - 1932

Est� pronto para fazer isso?

-Isso depende.
-Depende do qu�?

-De algumas condi��es.
-Condi��es? Que condi��es?

Quando digo que algo
n�o � para ser publicado,

significa que n�o �
para ser publicado.

-Entende?
-N�o sei, veremos.

Depende de quanto excitante
voc� estar� na grava��o.

-Esque�a. Mudei de ideia.
-Foi uma piada, Louis.

Quando eu digo,
e ou�a isso, Stanley,

que voc� n�o ir� publicar algo,
� o que realmente quero dizer.

E � melhor n�o publicar.

Come�a me amea�ando?
Eu n�o acredito nisso!

N�o, come�amos fazendo minhas
condi��es absolutamente claras.

Por que n�o fazemos
como no r�dio?

� isso que voc� quer,
perguntas e respostas copiadas,

como uma entrevista
bomb�stica for�ada?

"Deve ser excitante ser um m�sico
negro em Londres, Sr. Lester?"

J� que prometeu n�o escrever
o que eu n�o quero...

Eu prometi?

Sabemos que um de n�s sair�
desta entrevista arrependido

de ter concordado com isso,
e n�o poderei ser eu, Stanley.

-Tentando me assustar agora?
-Acha que eu n�o posso?

-Eu sei que voc� n�o pode.
-Eu sei que posso.

INF�NCIA E A GUERRA

Meus pais eram da Jamaica,
a fam�lia da minha m�e

veio para Inglaterra
15 anos antes de meu pai.

Ele era um marinheiro mercante,
viajou por todo o mundo.

Comecei a fazer isso tamb�m,
antes de eu formar a banda.

Tive meu primeiro emprego no mar,
quando eu tinha 17 anos.

Falou pouco dos seus pais.
Vamos ficar mais com eles.

Sua m�e,
o que aconteceu com ela?

Minha m�e estava trabalhando.
Ela teve sorte.

Ela trabalhava em um casar�o
onde havia uma tradi��o,

de ainda ter criados negros,
como no s�culo 17.

Havia um quadro grande
em algum lugar da casa,

um duque da �poca de Charles I,
com uma negra em p� atr�s dele.

Por que ela tinha sorte
de estar l�?

Porque a dona da casa
se interessou por ela,

o que era muito incomum,
ainda �.

E n�o, n�o direi o nome dela,
porque ainda est�o por perto,

n�o a senhora em quest�o,
mas a fam�lia.

Eu li sobre as reuni�es sociais
deles no jornal The Times.

Talvez pretendam dar
uma grande festa

e pedir�o para a banda tocar l�,

e poder� retornar triunfante
aonde sua m�e trabalhava.

O pensamento me ocorreu.

Como a duquesa, ou seja l� quem,
se interessou por sua m�e?

Apenas em algumas coisas, claro.
Ela deu-lhe livros para ler,

ela deu-lhe Vanity Fair,
de William Makepeace Thackeray.

Minha m�e n�o sabia ler,
mas n�o ousou contar � senhora,

ent�o ela aprendeu a ler sozinha,

ela leu Vanity Fair e me deu
um pouco antes de ela morrer.

-Voc� leu?
-Eu li, sim,

embora admita que tive
que come�ar tr�s vezes.

Enfim, sua m�e e seu pai,
voc�s eram chegados?

N�o, � tudo o que quero dizer
sobre eles. Continuemos.

� a segunda vez que tenta
n�o falar sobre eles.

� tudo o que dir�,
sua m�e e Vanity Fair?

Sim, n�o � para ser registrado,
Stanley, e nem ser impresso.

-S� lhe � permitido tr�s.
-Quem disse?

Eu disse, � permitido tr�s
"em sigilo", e estou contando.

-Quer que esse seja um deles?
-Sim.

Minha m�e teve problemas,

quando meu pai estava na guerra.
Ela vivia um medo constante.

Muitas vezes ela gritou quando
viu o carteiro descendo a rua,

ou o menino do tel�grafo.

Deus, a maioria odiava
os meninos do tel�grafo.

Eu pensei em fazer isso
no in�cio da guerra.

V�-los descendo a rua,
e eu pensava, n�o, n�o.

Eu nunca quero ser um deles,
trazendo not�cia da morte.

Voc� parece surpreso.

-Fiquei surpreso, �...
-S�rio para mim?

-Eu n�o disse isso.
-Voc� quis dizer isso. Esquece.

N�o deveria ter interrompido
quando falava da sua m�e.

Minha m�e...

O mau humor dela
se tornou mais frequente.

-Ela ficou louca?
-� por isso que n�o ir� registrar.

Sim, mas eu n�o diria que ela
enlouqueceu, ela estava...

trancada no pr�prio mundo dela.

Toda noite ela gritava a Deus,

tinha uma conversa apaixonada
com ele.

Ela achava que um soldado negro,
por algum motivo,

um soldado negro tinha mais
probabilidade de ser morto.

�s vezes eu me deparava com ela,
na cozinha, completamente nua,

ajoelhada, orando, orando.

Eu nunca rezei em minha vida,
Stanley,

e eu certamente nunca
pretendo rezar.

Mas as ora��es dela
trouxeram-no de volta.

O grande amor dela.

Ela s� tinha olhos para ele.
Sempre s� para ele.

Mas meu pai
nunca falava sobre a guerra.

-Ningu�m quer falar da guerra.
-Eu sei. � como se, no momento,

n�o existisse uma �nica pessoa
que queira recordar a guerra.

Tivemos sorte,
uma sorte danada,

de ser jovem o suficiente
para perdermos tudo isso.

Lembro-me um dia
de estar descendo o rio

logo ap�s a guerra ter come�ado,
tarde ensolarada,

desci para a praia de Battersea

onde na mar� baixa pode-se
caminhar ao lado do rio.

Os barcos estavam passando,
uma por��o de mo�os neles,

escoltando as meninas deles
na �gua.

E havia uma garota
em p� na margem do rio,

um pouco acima da praia.
Ela estava com um rapaz,

e o cachorro dela,
e ela amarrou o c�o a uma �rvore.

E eles estavam se beijando muito
apaixonadamente, perto de mim,

tocando-se um ao outro.

Eu tinha apenas 11 anos,
foi um tremendo show gratuito.

E eu assistia a tudo.

Ela despediu-se dele. Ele estava
de uniforme, indo para a guerra.

E ent�o ele a deixou.

Ela se vira, e o c�o tinha sumido,
ele tinha conseguido escapar,

come�a a correr pelo parque
tentando achar o c�o.

Eu decidi ajud�-la. Quero dizer,
depois daquele show maravilhoso,

era o m�nimo
que eu poderia fazer.

E lembro-me claramente,

enquanto eu ajudava
achar o c�o dela,

como estava alegre com o que
acabara de acontecer,

porque ele deve ter lhe dito
que a amava,

e qu�o triste ela estava,
porque ele tinha partido.

Ela estava imersa das duas coisas
ao mesmo tempo

e eu pude sentir fortemente,
porque eu estava ao lado dela.

E voc� achou o cachorro?

Sim, eu encontrei o cachorro.
"Aqui est�!" Eu disse,

e ela me deu um beijinho
no topo da minha cabe�a

e ela se foi.
Engra�ado...

Muitas vezes penso nela,
o que aconteceu com ela, e se...

bem, se ele voltou.

Ela era uma garota bonita.

Historinha doce, de fato, n�o �?

-�, sim.
-Por que me olha assim?

Voc� me conta uma hist�ria,
esperando que me abra para voc�.

Talvez. Mas voc� se abrir�,
de qualquer jeito, Louis.

Assim, sem irm�os ou irm�s,
e voc� est� sozinho

com a sua m�e
muito religiosa?

-Sim. Voc� tem irm�os e irm�s?
-N�o tenho.

Isso � uma coincid�ncia.
N�s dois sermos filhos �nicos.

Sim. Poderia explicar algo,
claro, embora eu n�o saiba o qu�.

E seus pais morreram
na epidemia de gripe,

que deve ter sido
um tempo devastador.

-Ainda estamos sem registrar?
-Voc� pode me falar sobre isso.

Os seus pais morrem,
voc� est� muito triste.

-Ainda estamos sem registrar?
-V� em frente, se tivermos que ser.

Foi de certa forma, devastador,
� claro.

Mas por outro lado,
eu j� estava sozinho.

Eu tinha visto muito pouco
de meu pai durante a guerra

e quando ele voltou,
ele n�o falava muito comigo.

E houve um tempo,
pouco antes de ele morrer,

est�vamos caminhando pela rua,

ele parou para comprar
ma��s carameladas para n�s.

Eu estava um pouco velho
para ma��s carameladas, pensei,

mas percebi
que ele queria uma,

e ele fingia que era para mim,
por isto ele foi compr�-las.

N�s caminhamos um pouco
comendo nossas ma��s carameladas

e eu pensei, eis uma chance
para falar com ele sobre a guerra

tente falar com ele sobre isso.

Eu perguntei-lhe sobre dormir.
Foi f�cil dormir nas trincheiras?

-Ele se acostumou?
-E o que foi que ele disse?

Ele disse que n�o se lembrava,

apesar de ser apenas
um ano depois da guerra.

Ele realmente n�o se lembrava
sobre dormir.

E caminhamos juntos comendo
nossas ma��s carameladas.

e foi a �ltima vez
que falei com ele.

SER INVIS�VEL

-Devo contar a verdade brutal?
-A verdade brutal?

Soa promissor. Diga-me
a verdade brutal, Louis,

enquanto estamos registrando.

Est� registrando,
mas n�o vai querer publicar.

-Tenho certeza que irei.
-Sei que n�o ir�.

Obrigado pelos sandu�ches,
a prop�sito.

H� champanhe. Mas neste ritmo,
n�o vai ganhar.

-N�o se apresse, Stanley.
-Qual � a verdade brutal?

� que as pessoas n�o gostam
da ideia de eu ser ingl�s,

nem mesmo voc�.

O que fiz para merecer isto?

� verdade, eles preferem pensar
em mim como um americano.

A pergunta mais frequente �:
"Voltar� para os EUA em breve?"

S� prova a novidade que voc� �,
n�o um cantor de banda.

N�o sei o que pensam
quando perguntam isso.

Muitas pessoas t�m preconceito,

mas h� muitos que n�o t�m,
e esses n�meros est�o crescendo.

� a pesquisa pessoal
de Stanley Mitchell?

De certa forma, sim.
� a minha opini�o

como um observador profissional
da cena atual.

� isso que voc� �,
um observador profissional?

Se voc� fosse americano,
e estivesse l� agora,

em alguns estados, seria preso
por dormir com uma mulher branca.

Eu s� vou sentar aqui
e comer seus sandu�ches

at� voc� passar para outra coisa.

Eu certamente n�o irei
comentar sobre isso.

Claro que n�o escreverei
sobre sua vida pessoal!

Acha que sou esse
tipo de jornalista?

-Estou muito ofendido.
-Vou fazer uma observa��o.

� que voc�, Stanley Mitchell,
nunca foi para os EUA.

Voc� � fascinado por isso,
� claro,

mas n�o tem a m�nima ideia
do que realmente �.

Eu n�o fui para os EUA,
ainda n�o.

Minha m�e n�o tinha ouvido
um americano

at� anos atr�s,
quando fomos ao cinema.

Foi igual para a maioria.
Tamb�m n�o tinham ouvido.

Ela disse:
"Olha, � assim que eles falam!"

Sim.

Para dizer o �bvio, j� vi
mais do mundo do que voc�.

Ent�o, Sr. Lester, como � ser
um m�sico negro em Londres agora?

-N�o vamos registrar isso, Stanley.
-Mas que...

Quando voc� � negro,
voc� fica visado, claro,

e as pessoas fazem coment�rios
o tempo todo, voc� se acostuma.

�s vezes, n�o d� para ignorar,
mas em geral,

encontra-se um jeito, pelo menos
eu encontro, de n�o ser atingido.

Mas ao mesmo tempo,
voc� � invis�vel.

Por ser negro,

voc� obviamente n�o �
uma pessoa importante.

"Claro, como ele
poderia ser?"

Ent�o, mesmo que voc� ou�a
algo muito �ntimo,

jamais pensar�o que voc� conhece
algu�m importante para repassar.

E se voc� � um m�sico,
isso � duplamente verdadeiro,

pois voc� s� est� fornecendo
a m�sica ambiente � vida delas,

ent�o elas se comportam
como se voc� n�o existisse.

E voc� escuta coisas
realmente �ntimas.

Por exemplo, em uma dessas
grandes travessias do oceano,

ap�s a quebra da bolsa,
eu tocava na primeira classe

e escutei pessoas dizendo que iriam
se matar, bem na minha frente.

E ouvi pessoas arquitetando
seus planos de neg�cios,

a forma exata como destruiriam
os rivais deles.

De certa forma tive sorte, por ter
escutado isso de tantas pessoas

como se fosse
parte da mob�lia da vida delas.

E agora,
porque tive sucesso,

as pessoas n�o falam mais
dessa forma na minha frente.

-D�-me exemplos do que ouviu.
-Acha que sou louco?

N�o tenho certeza sobre essa coisa
de invis�vel ou vis�vel.

Acho isso muito elaborado,
elegante demais.

Mas n�o � o que sou,
Stanley?

Um pouco de eleg�ncia
faz bem.

Certo, sim, o velho e elegante
Louis Lester, esqueci, � claro!

Bem, responda-me isto,
Sr. Louis Lester.

Voc� se considera
uma pessoa radical?

Uma pessoa com tend�ncias
esquerdistas?

Em geral,
n�o sou uma pessoa pol�tica.

Claro, vivemos em tempos em que h�
um abismo entre ricos e pobres

e, como a maioria
das pessoas razo�veis,

n�o acho que est� certo,
mas n�o sou comunista.

Acredito que n�o h�
apenas uma solu��o

para todos os tipos
de problema.

Deus nos ajude. Voc� n�o est�
falando com o Daily Express, sabe.

Sei muito bem. Eles estariam mais
preparados pra essa entrevista.

Quais suas conclus�es sobre tudo
isso, essa invisibilidade?

A posi��o em que voc� estava,
que voc� considerou como de sorte?

E voc� vai gritar comigo,
pois isso � t�o �bvio.

-Provavelmente vou.
-Minha conclus�o �:

Existe muita ignor�ncia
sobre pessoas como eu.

-Da maioria das pessoas?
-De todos.

De todos?
Para o inferno, Louis,

que avan�o fazemos
com essa entrevista, ent�o?

Venha se aquecer, � Natal

Tempo de esquentar
seus p�s...

No sal�o do Hotel Imperial
quando a banda tocava,

despertava sentimentos variados
de uma noite para outra.

Da mais alta excita��o,
� completa incompreens�o.

A apresenta��o que eu queria
ter participado

foi a que eles tocaram
para senhoras vi�vas no Natal.

Enquanto se enfiavam
nos pudins,

as senhoras agiam
como se tivessem achado

uma moeda em seus pratos.

Nunca houve um p�blico
t�o desinteressado para o jazz.

E ainda, como disse, havia um clima
de racional toler�ncia na sala,

quebrado apenas
pelo espet�culo chocante

dos membros da embaixada
germ�nica saindo em protesto.

O que ajuda a provar qu�o poderosa
a m�sica certa pode ser

quando confronta
o p�blico errado.

Vinde, fi�is,
vinde, � Natal...

DESPERTANDO A ARISTOCRACIA

Por alguma raz�o, voc� n�o
perguntou o que de fato quer saber.

Que idiota sou.
E por que n�o perguntei isso?

N�o sei, Stanley. N�o sei
por que voc� est� pisando em ovos.

-Qual � essa pergunta?
-Isso n�o ser� registrado.

� a terceira vez.
Vamos, � o bastante.

Podemos ver isso.

A pergunta � por que tantas
pessoas da alta classe...

N�o, n�o tantas, est� errado.

Por que algumas
pessoas da alta classe,

incluindo a realeza,
est�o t�o interessadas

no jazz
e em m�sicos negros?

N�o fiz a pergunta
por uma simples raz�o:

-Eu sei a resposta.
-Voc� sabe?

Sim, � f�cil, porque se
sentem sexualmente excitados.

Esse � o motivo, ent�o?

Voc� pode me olhar nos olhos
e dizer que n�o �?

-Vamos, tente.
-Tem um pouco de verdade.

O que voc� est� dizendo?
� a verdade!

-Se voc� fala do Pr�ncipe George.
-O pr�ncipe, sim, mas n�o s� ele.

� ex�tico para eles,
� isso o que atrai, � diferente.

N�o � como Jack Paynton
e seus foxtrots terr�veis!

Concordo sobre isso,
mas se quer minha opini�o...

-� por isso que estou aqui.
-Eles encontraram na m�sica

uma chance de escapar,
por um minuto ou dois,

das regras e c�digos de conduta
sobre os quais vivemos.

Mas voc� ama tudo isso,
n�o �?

Amo o qu�?

A realeza. E as regras de etiqueta.
Ter que se curvar a eles.

A chance de falar com eles
por alguns segundos,

de tocar para eles e responder
perguntas idiotas. Estou certo?

� um desafio emocionante,

realizar uma apresenta��o
para um p�blico real, sim.

Vamos, n�o acredito no que disse.
Voc� n�o est� na droga da r�dio!

E uma honra tamb�m, � claro,
me sinto honrado.

"Sr. Louis Lester se diz honrado
de tocar para a fam�lia Real."

V� se ferrar, Louis, esse � o furo
do s�culo, certo, Louis?

O LADO INTERESSANTE DA FAMA

Sigo em frente
e fico feliz em ver voc�

N�o h� certo ou errado
no que eu fa�o ou n�o

Estou esperando pra dan�ar
num transe profundo

Louca de desejo de amar

Nunca diga que voc�
n�o poder� partir

Voc� pode me ter
com tempo e provoca��es

Pode me mostrar
os caminhos do prazer

Louca de desejo de amar

Loucamente apaixonada
Eu quero fazer isso

-Voc� se considera famoso?
-N�o.

Mas voc� � bem
famoso nesse momento.

A banda teve seu sucesso.

Jessie, nossa cantora principal,
fez grande sucesso, sim.

Ent�o a banda � famosa?

A banda � conhecida,
no momento, sim.

Qual a maior mudan�a
que a fama trouxe a voc�?

H� algo que n�o fazia antes?

Ser capaz de usar a entrada
da frente do Hotel Imperial.

Conseguir chamar um t�xi,
ter algum dinheiro,

n�o ter que me preocupar

com a deporta��o
de membros da banda,

-pois t�nhamos trabalho regular.
-Voc� se sente bem mais seguro?

Claro, tanto quanto qualquer
um sentiria nesse momento.

Voc� acha que teve
que ser um pouco impiedoso

-para chegar onde est�?
-N�o, n�o penso assim.

Mas seu agente, Wesley Holt,
foi deportado h� um ano,

depois do longo
tempo que trabalharam juntos,

e isso n�o pareceu afet�-lo.

Ao contr�rio,
foi bem dif�cil.

-N�o pareceu tirar voc� do prumo.
-Eu n�o colocaria assim.

Houve meses em que pensei
que a banda n�o fazia progresso

e n�o sa�amos do lugar.
Como voc� bem sabe, Stanley.

E Wesley Holt?
Sabe algo dele?

-Perdemos contato.
-Nunca quis saber

o que aconteceu com ele?

Claro que sim.
Fiz v�rias tentativas.

Havia algo s�rio contra ele
pendente na corte de Illinois, n�o?

Acredito que sim.
Certamente ele n�o voltou para l�.

-Sabe se ele est� vivo ou morto?
-Tenho certeza que est� vivo.

Ent�o por que voc� n�o teve
not�cias dele?

Porque acredito
que ele deve achar

que eu poderia fazer mais
pela situa��o dele.

N�o tenho certeza
se eu poderia fazer mais.

-Quer que eu descubra not�cia dele?
-Claro, se acha que pode.

Talvez eu investigue
por conta pr�pria.

Meu ponto �:

Como o sucesso mudou voc�?
Sua personalidade?

Pelo que sei, isso muda
a maioria das pessoas.

Ent�o como isso mudou voc�?

Voc� tem que responder.
Deixe-me ver debaixo da superf�cie,

caso contr�rio, nada disso
tem sentido. Como voc� mudou?

-Eu vou responder.
-V� em frente.

Do meu jeito, Stanley.
E n�o � o que voc� espera.

-Surpreenda-me, Louis.
-H� fatos bem interessantes

sobre a pequena fama que tivemos,
algo que voc� nunca iria adivinhar.

-E dar� a voc� uma boa hist�ria.
-Maravilhoso.

Mas voc� ter� um pouco
de trabalho antes.

Voc� ter� que falar com Carla,
e com Jessie,

e ent�o voc� saber�
sobre o que perguntar.

-Voc� est� me dando tarefas?
-Estou.

� porque fiz algumas
perguntas estranhas?

N�o, n�o �.

� porque esse � todo o tempo
que tenho para voc� agora.

Com Jessie � imposs�vel falar.

Ela n�o falar� sobre si mesma,
ela se recusa a isso!

Traga Carla para seu lado
e talvez ela fale.

O que ela ir� me dizer?

Voc� � um bastardo irritante.

Nevoeiro no rio,
n�voa em meu cora��o

Carla sempre fica nervosa
antes de cantar.

A presen�a dela � extraordin�ria,
mas parece n�o perceber

o efeito que ela exerce,
o quanto ela atrai a aten��o.

SEGUINDO A TRILHA

Louis disse
que isso estava certo?

Ele disse. Falou que eu devia
conversar com voc�.

N�o vejo por qu�.
O que voc� vai descobrir por mim?

Quero fazer uma entrevista
completa sobre Louis

e o sucesso da banda,
e Louis est� convicto

que voc� poderia estar no artigo.
E eu tamb�m, claro.

-Percebo.
-Quero saber

como o sucesso
mudou voc� e a banda,

se � que mudou, n�o �?

Tivemos sorte, muita sorte,
de v�rias formas.

Quero dizer, n�o se preocupar
com o que comer,

em estar faminto,
para come�ar.

Voc� j� se sentiu faminto?

Em algumas situa��es, sim,
como na volta da escola pra casa.

Voc� nunca sentiu fome,
n�o �?

N�o como voc�, Carla, n�o.

A grande diferen�a, para mim,

a grande diferen�a
que o sucesso me fez foi

ir ao restaurante e comer
tr�s Welsh Rarebits, um ap�s outro,

em um lugar em que nunca iria,
nem em meus sonhos mais loucos!

Nunca, nunca, nunca.

Tr�s Welsh Rarebits!
Escreve "Rarebits", e n�o rabbits,

que � um peda�o
de queijo na torrada...

Eu sei o que � Welsh Rarebits,
Carla.

-Por que tem esse nome?
-N�o sei.

Nem eu.
Esqueci-me de perguntar.

Essa � a grande diferen�a,
tr�s Welsh Rarebits seguidos.

E � isso? � por isso que Louis
queria que eu falasse com voc�?

Ouvir
sobre queijo em uma torrada?

Pensei que voc�
queria falar comigo.

Sim, eu quero.
Prossiga.

Essa � a grande diferen�a, isso � o
que o sucesso significou para mim.

E se o sucesso acabar?

N�o estou dizendo que ir�,

mas �s vezes no neg�cio musical,
nem tudo dura para sempre.

-Seria muito dif�cil voltar?
-Voltar para onde?

Para sua antiga vida.

Seria f�cil.

Seria?

Sim,

e espero que isso aconte�a
um dia.

Antes disso, tem algum sonho
onde voc� ir� acabar?

Seu pr�prio show
no West End, talvez?

O que significa
essa risada?

Louis me disse se voc�
me fizesse essa pergunta,

eu deveria falar
sobre o homem em nossa rua.

Louis a treinou
para responder minhas perguntas?

Ele falou comigo.

Ele disse que se voc� quiser saber
a resposta dessa pergunta,

deveria lhe contar sobre o homem
e o quarto.

Acho que contaria de toda forma,
porque � o que acredito.

Na rua onde eu cresci...

-Que ficava onde?
-N�o lhe direi agora, Stanley.

-Por que nunca diz?
-Porque � particular.

Mas foi em Londres?
S� quero saber isso.

Sim, em Londres.

Bom!

N�o t�nhamos muito espa�o.

N�o t�nhamos espa�o algum.

�ramos seis,
meus irm�os, irm�s e eu,

e todos dorm�amos
no mesmo quarto.

Ent�o, um quarto apenas seu
era algo muito especial.

Um dia, do outro lado da rua,
um homem chega.

Ele se chamava
Sr. Dunwoodie.

Era da Esc�cia, embora n�o tivesse
um sotaque escoc�s.

Ele era um homem baixo,
cheio de vida e energia.

E toda vez que ele cruzava
com a gente, ele dizia:

"Oi, crian�as, que dia maravilhoso
para grandes ideias!"

O Sr. Dunwoodie tinha
dois quartos do outro lado da rua,

somente para ele.
E logo descobrimos

que Sr. Dunwoodie
estava trabalhando

nesse maravilhoso invento
que o enriqueceria,

e ele disse que iria nos mostrar
assim que ficasse pronto,

e era por isso
que ele precisava de dois quartos.

Quando o v�amos na rua,
o cham�vamos.

Pergunt�vamos como estava
o progresso, se j� estava acabando.

E ele dizia sempre,
"quase, crian�as, quase!"

Mas depois de alguns meses,
n�o pod�amos esperar mais.

Sabe como s�o crian�as,

precis�vamos ver
esse grande invento.

Ent�o, atravessamos a rua
e batemos na porta.

"Podemos entrar?" E ele gritou,
"V�o embora, crian�as!"

Mas n�o fomos embora.

Tentamos abrir a porta
e n�o estava trancada,

a porta abriu
e entramos.

E em todo o ch�o,
havia peda�os de metal,

uma bagun�a terr�vel,
peda�os pequenos e grandes.

Em todo lugar
havia peda�os de sucata.

E Sr. Dunwoodie
gritava com a gente.

"Saiam, crian�as terr�veis,
saiam agora!"

E, � claro,
que corremos de l�.

N�o vimos o Sr. Dunwoodie
por dias.

E quando ele saiu na rua,
ele estava t�o diferente.

P�lido,
com apar�ncia envelhecida.

O rosto dele
estava terrivelmente triste.

E ele nunca mais sorriu para n�s,
nenhuma vez.

Um tempo depois,
ele desapareceu,

levou todos os peda�os de metal
em um carro velho.

Mas aprendi disso
uma grande li��o.

Voc� pode ter um sonho,
mas n�o o descreva a ningu�m,

ou deixe-os ver
intimamente dentro dele,

porque um dia eles
podem irromper pela porta

e voc� ter� que ver seu sonho
atrav�s dos olhos de outra pessoa,

como pode parecer para o mundo
e isso pode destru�-lo para sempre.

-Que estranho.
-O que � estranho?

Louis trein�-la
dessa forma,

fazendo-a
contar-me uma f�bula.

N�o � um conto de fadas,
aconteceu.

N�o estou dizendo
que � mentira,

mas n�o sei quem eu deveria
ser nessa hist�ria.

N�o tentarei destruir
seus sonhos de sucesso,

pelo amor de Deus,
pelo contr�rio.

Sabe, achei que seria f�cil
entrevistar Louis e voc�.

Est� se provando
justamente o contr�rio.

Perdoe-me se n�o lhe dei
a resposta que queria.

-N�o.
-Se quer falar sobre

coisas
que mudam as pessoas,

talvez deva conversar
com Jessie.

-Acha que ela falaria comigo?
-Veremos.

Se for gentil com ela
e n�o se impacientar, Stanley.

Mas acha
que pode fazer isso?

Estrelas brilhando mais forte,
estou em uma noitada

Serenando para uma melodia

Estourei um alvo
em um c�u noturno celestial

Estou dan�ando na lua...

Sempre
achei Jessie incognosc�vel,

uma criaturinha misteriosa
que emergiu para o mundo

totalmente formada,
sem pais, irm�os ou irm�s,

ou qualquer passado
que ela pudesse falar.

A vida � uma ta�a de champanhe

Uma recorda��o prateada
nunca me custar� caro

Em uma avenida iluminada
pelas estrelas...

A morte tr�gica dela
apenas aprofundou o mist�rio.

Mas eu soube,
na manh� que falei com ela,

tentei relax�-la para ela
se abrir comigo e dar uma deixa.

Ent�o, a encorajei para trazer
algum familiar com ela,

tentei perguntar
o m�nimo poss�vel

e ser paciente,
algo que achei muito dif�cil.

A DICA DE JESSIE

As cartas que recebo
s�o uma mistura estranha.

Todo dia acordo e penso,

"que surpresa terei na
caixa de correio hoje"?

Coloco todas as cartas
nessa caixa azul

e ent�o passo por ela,
sem abri-las,

apenas olhando os escritos
no envelope,

decidindo qual abrirei primeiro
e qual nunca abrirei.

V�rias delas, � claro,
dizem coisas boas sobre mim,

geralmente muito boas,
sobre como canto bem,

e como sou boa dan�arina.

Sou boa dan�arina,
eu acho.

Poucas pessoas
escreveram sobre isso, Stanley.

Ent�o, � claro, h� cartas
que s�o simplesmente nojentas,

sobre pessoas pensando em mim
sem minhas roupas e tudo o mais.

Pergunto-me se Jack Paynton
recebe esse tipo de cartas.

Espero que sim.

N�o � algo que algu�m
queira pensar, em um Jack nu.

Aposto que at� a Sra. Paynton
tenha um problema com isso.

Perd�o,
eu a interrompi.

Sim, h� mais uma coisa
sobre essas cartas

que realmente desejo.

Seria bem melhor se as pessoas
mandassem fotos delas

junto �s cartas.
Porque quase sempre penso,

depois de receber
uma carta muito peculiar,

quem poderia escrever
uma carta com essa?

Pergunto-me como ele �.
Ou como ela �.

Porque muitas mulheres me escrevem,
tamb�m, n�o s� homens.

Queria ter a foto de um homem

que me mandou tr�s caixas
de p�ssegos semana passada.

Sim, recebi tr�s caixas
de p�ssego.

Foram entregues no hotel

com uma nota dizendo
"Em admira��o".

E, h� algumas semanas,
recebi um cachorrinho,

me mandaram
um filhote!

N�o pude ficar com ele,
� claro...

N�o � permitido ter animais
no hotel.

Mas algu�m est�
cuidando dele para mim

e o pegarei
de volta um dia.

E, �s vezes, Stanley, as pessoas
escrevem-me sobre a vida delas

a maioria coisas particulares,
me pedindo conselhos,

e voc� n�o pode ajud�-las,
de maneira nenhuma.

N�o,
voc� n�o pode l�-las.

N�o disse nada, Jessie.

Estou apenas deixando claro
que ningu�m pode l�-las,

nem as cartas
enviadas pelo Pr�ncipe,

e recebi in�meras cartas
do Pr�ncipe,

e aquelas, � claro,
s�o as mais especiais.

Claro. E seus pais?
Eles devem se orgulhar de voc�.

-Eles te escrevem frequentemente?
-N�o falo sobre meus pais.

Meu pai desapareceu

quando eu tinha tr�s anos.
Nunca o conheci.

Acho
que ele est� morto agora.

Ele era branco.

Acho que trabalhou
no Convent Garden, no mercado.

Minha m�e, n�o falo muito
sobre a minha m�e tamb�m.

Ela partiu tamb�m,
quando eu era pequena.

Eu tinha oito anos
quando ela partiu.

Ela cantava tamb�m.

Uma das poucas mem�rias

que tenho � ela cantando
para mim quando pequena

quando me dava boa noite,
mas n�o fazia isso muitas vezes.

Ela tinha muitos admiradores,
a maioria homens.

Quase todos eram brancos.

Eles vinham
e batiam na porta

e me davam
um tapinha na cabe�a.

� mesmo?

Ela cantava no Collins Music Hall,
aquele em Islington,

ent�o
ela n�o deveria ser ruim.

Voc� foi v�-la alguma vez
no teatro?

Sim, uma vez.

Acho que foi no Collins.

Havia tr�s delas
com minha m�e no meio,

cantando algo bobo
sobre bananas.

E eu soube que n�o seria
uma cantora como ela.

Eu seria cantora,
isso eu sabia,

mas seria
completamente diferente.

Ela nos deixou,
de qualquer maneira,

minha tia e eu.
Ela nos deixou.

De repente, em uma noite,

ela se foi,
nunca mais nos contatou.

N�o a vejo h� anos.
Deve ter morrido, tamb�m.

Acha que soo dura?

Eu n�o disse nada, Jessie.

Eu sei que voc� n�o disse nada.
Estou perguntando, pare�o dura?

-Parece que voc� n�o a perdoou.
-Eu n�o perdoei, n�o.

Acho que n�o perdoei nenhum deles,
mas n�o significa que sou dura.

Afinal, eu devo tudo
a um homem,

e sempre digo isso,
sempre deixo isso claro.

Quer dizer Louis?

Bem, Louis tamb�m, � claro,
mas n�o me referi a ele.

Antes de Louis,
houve meu professor no East End,

Sr. Rabinowitz.

Ele me deu aulas de canto.

Claro que eu n�o poderia pag�-lo,
n�o o que ele cobrava,

n�o o que ele cobrava
dos outros.

Minha tia pagou o que podia.
Ele fez pre�o especial para mim.

Gostaria que ele pudesse
me ver agora,

que estivesse l� quando cantei
para o Pr�ncipe de Gales,

e me ouvisse cantar no r�dio.

Eu daria qualquer coisa para ele
estar l�, estar aqui ainda.

Mas ele morreu 3 anos atr�s.

O cora��o dele estava partido.

Quem partiu o cora��o dele,
Jessie?

Certamente n�o fui eu.

Havia uma menina que estudava
com ele chamada...

Eu vou cham�-la de Annie,
n�o � o nome real,

porque voc� a conhecer�
pelo verdadeiro nome.

Ela era muito bonita,
agora ela � linda.

Eu n�o sei onde ela morava.

N�o perto de n�s, pelo menos.

Ela veio e teve aulas com ele
duas vezes por semana.

Ela era muito boa e ele estava
doido por ela.

Ele estava apaixonado,
mas nunca faria nada com ela,

o que n�o era apropriado,
n�o era certo.

Ele nunca se aproveitou
de qualquer uma de n�s.

Ele era apaixonado
pelo talento dela

e era incr�vel quando cantava,
e ele a amava.

Bem, Annie,
a pessoa que estou chamando Annie

tornou-se muito bem sucedida.

Ela est� estrelando uma pe�a
agora no West End.

Eu n�o deveria ter dito isso,
voc� adivinhar� o nome dela.

Eu n�o adivinharei, Jessie.

Embora ela devesse tudo a ele,
a carreira ao Sr. Rabinowitz,

ela nunca respondeu
�s cartas dele.

E quando foi v�-la a primeira vez,
era um show em West End,

ela o deixou esperando na entrada
do palco, e nem desceu para v�-lo.

Apenas enviou
uma caixa de bombons,

e quando ele abriu,
metade deles j� havia sido comido!

Imagine fazer isso
para seu antigo professor!

Que coisa terr�vel de se fazer!
Partiu o cora��o dele.

Ele era meu amigo.
Eu nunca poderia agir assim.

Eu nunca poderia dirigir-me
�s pessoas dessa forma,

n�o importa o que aconte�a.
Pessoas que o ajudaram.

Por mais que se envaide�a
pelo que dizem nessas cartas,

voc� n�o deve acreditar,
n�o tem que mudar.

Alguns deles perseguem pela rua
mandando beijos,

como Julian disse que fariam!
Mas eu n�o vou mudar.

Assim como as cartas, as pessoas
que ficam na porta do hotel

para o meu aut�grafo,
s�o variadas tamb�m.

Voc� pode ver os rostos deles,
assim o que eles dizem,

e �s vezes eles sussurram coisas
que s�o chocantes,

o que dizem n�o � t�o estranho
quanto algumas dessas cartas.

E voc� pode sorrir para eles,
falar com eles, e ser amig�vel

pois isso n�o torna nada pior.

-Voc� entende o que quero dizer?
-Sim.

Louis lhe contou sobre a mulher?

Que mulher?

-N�o, ele n�o contou.
-Ele n�o contou?

ENCONTRANDO A MULHER

Feliz de ver que hoje estamos
come�ando com champanhe.

-Na �ltima vez n�o teve.
-Bem, hoje � um suborno.

Eu percebi.

Eu fui � turn� de mist�rio
que voc� queria,

e Jessie me disse
para perguntar sobre a mulher.

-Espero que n�o vague sem rumo.
-Vagar sem rumo?

Sim. Espero que me conte
sobre ela imediatamente.

Eu vou, num momento.

Num momento?
L� vamos n�s, sem registrar!

Qual peda�o desta entrevista
estou autorizado a publicar?

Eu n�o disse
que � sem registrar.

Por que n�o?
N�o pode ser t�o excitante.

� que eu sei que voc�
n�o ter� coragem de public�-lo.

Eu nem vou responder.

Eu fui muito idiota agora,
e voc� nunca me ouve dizer isso.

� verdade.

Esqueci-me
que voc� � um m�sico,

e est� encarando esta entrevista
como a sua m�sica.

Voc� parece improvisar,
falando sobre isto e aquilo,

e me conduzido para algum lugar,
n�o �?

Voc� est�, sim.

-� mulher.
-� mulher, sim.

O que eu disse sobre
o lado interessante da fama.

Isso nunca sair� em sua revista.
Eu aposto 100 libras.

Eu n�o aposto,
mas se vale a pena,

posso pagar-lhe algo.
Onde conheceu esta mulher?

Eu estava vestido assim, pronto
para tocar no sal�o.

Foi h� dois meses.

Eu estava na sala
perto do escrit�rio de Schlesinger,

ele me deixa us�-la, �s vezes,
para ficar longe da banda.

Eu estava de bom humor,
eu me lembro.

H� uma chamada para voc�,
Sr. Lester.

Obrigado.

-Al�?
-Al�?

Voc� n�o sabe quem �,
n�o �?

Tenho que admitir que n�o.

Nunca me notou, ent�o?

Notei voc�? Onde?

Se � preciso lhe dizer,
ent�o voc� n�o reparou em mim.

Se voc� me disser o seu nome,
pode ajudar.

Voc� quer saber o meu nome?

Como isso ajudaria,
se voc� n�o reparou em mim?

Bem, se voc� se descrever.

Descrever-me?

E se eu disser que estou nua?

Isso ajuda?'

Desculpe-me, estou me aprontando
para o show, ent�o eu irei...

Sinto muito, n�o desligue...

Eu n�o deveria ter dito isso.

Foi est�pido, Sr. Lester.
Desculpe-me.

N�o precisa se desculpar.

N�o, eu pe�o desculpas,
primeiro porque...

Bem, eu n�o estou nua,
ent�o foi in�til dizer isso.

Embora dependendo
do quanto conversamos,

essa situa��o
sempre pode mudar.

-Eu preciso mesmo ir agora.
-Foi s� uma piada de mau gosto,

e na verdade, eu tenho algo
interessante para lhe dizer,

eu deveria parar de brincar,
n�o deveria?

A quest�o � que eu sou, � claro,
uma admiradora de seu trabalho,

e estive no sal�o do Imperial

e o ouvi tocar muitas vezes,
e eu estava l� na noite passada,

sentada bem perto do palco,
usando um vestido bem decotado,

e talvez voc� me notou?

Quando eu estou tocando,
n�o vejo nada do palco.

Estou certa que voc� est�
concentrando-se na sua m�sica,

Sr. Lester, claro!

Eu estava apenas explicando
que eu sou uma f� de sua banda,

e, talvez, neste momento
estou telefonando

de algum lugar no hotel, por isso
n�o estou muito longe de voc�.

Mas antes de responder a isso,
vamos deixar tudo vago, n�o �?

Porque eu n�o acho
que devo dizer-lhe muito.

Eu acho que � melhor
que voc� n�o saiba o meu nome.

Acho que ser� seguro para voc�,

e muito mais para mim,
se n�o souber meu nome.

Mais seguro?
De que modo mais seguro?

Continuo dizer o que n�o devia,
coisas que me fazem soar maluca,

e que � precisamente
como eu n�o quero parecer.

Mas sim, eu acho que seria
muito mais seguro para n�s dois

se eu permanecer an�nima.

Espero que n�o pense
que isso � covardia.

-Voc� acha que � covardia?
-Tenho certeza que n�o �.

Mas agora,
quem quer que voc� seja,

estou mesmo no meio
de um trabalho,

por mais intrigante que � falar
com uma senhora que pode...

ou n�o estar nua, desculpe-me,
mas vou desligar agora.

Se voc� desligar,
voc� n�o vai me parar.

Caramba, n�o acredito!
Por que desligou?

-Eu tinha trabalho a fazer.
-Claro, est� sempre trabalhando.

No dia seguinte,
exatamente na mesma hora,

uma hora antes de irmos tocar,
o telefone toca novamente.

Vou avis�-lo, Stanley,
voc� n�o vai gostar disso.

-Por que n�o?
-Porque o afetar� pessoalmente.

Deixei esta parte de fora,
quando contei para Jessie.

Fico lisonjeado
por estar ouvindo tudo.

Que grosseria de sua parte
em ter desligado ontem � noite.

Eu expliquei,
tinha trabalho a fazer.

Voc� soa como o meu marido,
de quem falaremos em breve.

Por favor, n�o desligue,
� importante, prometa a mim.

N�o desligarei, ainda.

�timo. Agora, est� imaginando
o que eu estou vestindo?

Essa foi uma longa pausa.

Vamos l�,
sou uma mulher bastante atraente.

N�o acredito que voc� n�o imagina
o que ou o quanto estou vestindo,

especialmente sabendo que voc�
� bem parcial a mulheres brancas.

Ent�o, o que acha
que estou vestindo?

Antes de me dizer isso...

Sim? O que quer saber,
Sr. Lester?

Do que devo chamar voc�,

j� que n�o me diz
seu nome verdadeiro?

Que bom, estou t�o feliz que n�o
esteja amea�ando desligar ainda.

Pode me chamar
de Josephine,

como em
Napoleon e Jos�phine.

Ent�o, Josephine,

o que voc� est� vestindo?

Estou sentada aqui com minha
an�gua, esperando meu marido voltar

e me levar para uma festa
de jantar muito entediante.

Ent�o por que me ligou?

Estou chegando l�.

Mas percebo que antes
que voc� possa me levar a s�rio,

precisa de algu�m
que confirme por mim,

ent�o irei passar o telefone
agora para algu�m que voc� conhece,

mas com uma condi��o.

Que condi��o � essa?

Voc� nunca deve tentar fazer
ela dizer quem sou. Promete isso?

Eu prometo.

Se quebrar sua promessa, poder�
ser fatal para mim, compreende?

Compreendo.

Bom.

Ser� Pamela, n�o ser�?

Vai ser alguma das amigas
amalucadas da classe alta dela

no telefone, n�o vai?

Ol�, Louis.

Precisa prometer que n�o vai tentar
faz�-la te dizer quem � a mo�a.

Agora tenho que prometer?
Do que se trata isso, Louis?

A n�o ser que prometa,
n�o contarei a voc�.

-Terei que prometer, ent�o, n�o �?
-E jurar.

Eu juro.

Eu juro.

Boa noite, Pamela.

Estou aqui com a pessoa
que voc� conhece por Josephine.

E ela tem algo para te dizer
que ela n�o me contou,

e que ela n�o te dir�
at� que eu deixe o quarto,

mas queria que voc� soubesse
que ela n�o � louca,

de jeito nenhum,

e acho que o que
ela tem para te dizer

pode te fazer entender algo.

Pode me fazer
entender o qu�?

Estou supondo, claro,
porque eu n�o sei

que coisa especial
ela tem para te falar,

mas tenho certeza que tem algo
a ver com o mundo dos meus pais

e dos amigos deles,
e as festas de campos deles

e todas as coisas
que eles odeiam.

Voc� j� sabe, claro, como
eles odeiam o que chamam de pretos,

e odeiam judeus,
e odeiam irlandeses,

e odeiam os franceses,

e os americanos,
tudo o que � americano,

e eles odeiam m�sicos,
e odeiam atores, e odeiam ciganos,

e eles odeiam homossexuais,

muito embora alguns
deles mesmos sejam gays.

Tantos �dios, e eles encontram
novos o tempo todo!

E o mais engra�ado �,

e digo engra�ado
de uma forma terr�vel,

eles passam muito tempo
nas belas casas deles

com os jardins
mais maravilhosos,

mas eles nunca olham
propriamente para o que possuem!

Eles andam pelas propriedades
encantadoras deles

com tanta repugn�ncia
dentro deles.

Meu pai
teve uma boa educa��o,

melhor do que a que ele
me proporcionou.

E sabe o que ele diz?

"Merdas de fotos demais!"

"Merdas de fotos demais nas nossas
paredes de merda!" � o que ele diz.

Claro que sei que n�o deveria
falar de todas as fam�lias

em cujas casas
j� estive dessa forma,

e provavelmente
estou sendo injusta,

porque n�o podem
ser todas assim, podem?

Mas, na verdade,
eu quero ser injusta,

porque eu quero
fazer voc� ouvir Josephine.

Eu vou sair
do quarto agora.

Vou devolver o telefone
e sairei.

Ela disse tudo isso a voc�?

Disse.

Mais do que j� disse a mim.

Aposto que sim.

Voc� manter� a promessa,
no entanto?

N�o tenho motivo
para quebr�-la, n�o ainda.

-Ainda est� a�?
-Sim.

Estamos sozinhos agora,
apenas voc� e eu, Sr. Lester.

O que voc� quer me dizer?

O que tenho para te dizer � isto,
e Deus me perdoe.

Eu sei... n�o tenho certeza
de que deveria, mas eu sei

que o irm�o de Pamela, Julian,
mostrou um buraco que te permitiu

espiar os ma�ons
no templo deles

no por�o do Imperial Hotel.

Isso � verdade?

Vamos l�, Louis, porque obviamente
eu sei. � verdade?

Sim.
Foi num arm�rio de linho.

Um arm�rio de linho?

Que incr�vel!

Voc�, num arm�rio de linho,
espiando os ma�ons!

E, acho que posso te garantir,
est� tudo bem,

eles n�o vir�o cortar
o seu pesco�o por isso,

por espiar por um buraco.

N�o hoje,
de qualquer forma.

Ent�o, isso � o que tenho
para te dizer, Louis.

Meu marido � um ma�om,

assim como Julian, e membros
do governo e do servi�o p�blico,

e sem esquecer todas as pessoas
ricas da cidade de Londres.

E meu marido
� membro do alojamento

no por�o do Imperial Hotel.

E � claro que eles t�m
os rituais bobos deles

e trocam fofocas, e tenho certeza
de que arrecadam algum dinheiro

para caridade, tamb�m,
porque � o que dizem que fazem.

H� v�rias pessoas
muito importantes l� embaixo

neste por�o,
e em outros por�es pela cidade,

porque eles gostam
mais de por�es.

E n�o preciso dizer que � um grupo
muito poderoso, esses alojamentos,

um polvo muito poderoso,

com os tent�culos
se esticando para todos os lados.

E essas pessoas n�o s�o facilmente
impressionadas, Louis, entende?

Tenho certeza
de que n�o s�o, n�o.

Nada facilmente
impressionadas.

Mas pouco antes
da grande crise financeira,

no alojamento que fica
no por�o do Imperial,

havia um novo membro
que tinha acabado de entrar,

um homenzinho
chamado Sr. Luke.

E ele fez a coisa
mais extraordin�ria. Ele...

profetizou a crise,
e n�o apenas isso,

ele estava certo sobre
todas as empresas que faliram

e todas as empresas
que conseguiriam sobreviver.

Ele aconselhava todos os outros
do alojamento sobre o que fazer

com os t�tulos e a��es deles,
mas ningu�m o ouviu.

Mas o Sr. Luke
estava certo.

Ele lucrou
quanto todo o restante

estava abalado
pelas perdas mais graves,

e obviamente, todos estavam
incrivelmente impressionados,

porque muitos deles haviam
perdido as fortunas inteiras.

Claro, a maioria deles ainda
possu�am as propriedades rurais,

mas a vida parecia,
por algum tempo, bastante incerta.

E aqui estava o Sr. Luke, o mago,
que ningu�m havia escutado.

Mas depois de um tempo, porque ele
era um homenzinho t�o engra�ado,

e os gestos dele eram muito
bruscos, pararam de admir�-lo

e come�aram a se referir
a ele como o Acaso.

E embora estejamos no meio
de uma grande depress�o,

a maioria das pessoas descobriu
que ainda eram bastante ricas,

que poderiam vender alguns bens,
e a vida seria boa novamente.

E ent�o eles n�o apenas
n�o pediram conselhos ao Sr. Luke,

mas passaram a ignor�-lo, desejar
que n�o fosse parte do alojamento,

que fosse para outro lugar.

Eles come�aram a se referir
a ele como o Acaso Completo.

E assim ele permaneceu,
o Acaso Completo,

com quem ningu�m falava de verdade,
at� algumas semanas atr�s.

-Ainda est� a�?
-Sim, estou.

Desculpe.
Tive que parar por um momento.

Pensei que meu marido estava
voltando, e se ele me encontrar

te dizendo isso,
estarei em terr�veis apuros.

N�o, foi outra pessoa,
ela j� se foi,

embora eu deva manter
os ouvidos atentos.

Meu marido tem p�s
muito pequenos, ele engatinha.

Est� tudo bem, posso continuar.
Quer que eu continue?

Se voc� quiser continuar,
Josephine.

Que tipo de resposta
� essa?

Estou arriscando coisas
para contar isso.

� claro que quero
que voc� continue.

Ent�o...

O Sr. Acaso � ignorado
no templo do por�o.

"Ele sempre foi t�o vulgar",
as pessoas se diziam.

"Ele vem do com�rcio, como
se tornou parte do alojamento?"

E ent�o, de repente,
um dia o Sr. Luke aparece

e diz "entrei noutro alojamento,
n�o estarei mais aqui".

E as pessoas
ficaram muito aliviadas.

Mas depois ele adiciona
"� num por�o assim como esse,

mas � o por�o
mais bonito que j� vi."

"� l� que ser� o meu novo
alojamento."

E � claro que todos l�
est�o bastante curiosos,

e alguns querem saber mais.

"Podem vir comigo, se quiserem",
ele diz.

"Voc�s est�o convidados a virem."

E isso divide
o alojamento no meio.

E alguns pensam, "o que ele sabe
que n�s n�o sabemos?"

E outros pensam, "J� vai tarde,
v� embora, homenzinho horr�vel!"

Mas esse templo especial
existe de verdade, Louis,

e � extraordin�rio.

Posso te dizer onde �,
a localiza��o exata,

mas acho que � melhor n�o.

Mas o que posso te dizer �,
durante a guerra,

por causa das aeronaves
e das bombas, havia alguns

maravilhosos apartamentos
subterr�neos em Londres,

onde algumas fam�lias
muito ricas podiam se refugiar

quando havia
bombardeio a�reo.

E fora desses apartamentos luxuosos
embaixo da rua

� onde o templo foi criado.

E � l� que o Acaso tem ido.

"Venha e me siga", diz o Sr. Luke,
"para esse novo alojamento".

E ent�o algumas das pessoas,
incluindo meu marido,

do alojamento do Imperial o seguem,
algumas, s� para dar uma olhada.

E eles descem os degraus,
embaixo do pavimento

e at� esse templo especial
e ele � mesmo primoroso.

E o Sr. Luke diz,

"Se voc�s se juntarem a mim
aqui neste alojamento,

"devem prometer n�o repetir
o que est�o prestes a ouvir

para ningu�m, nunca."

E aqueles que o seguiram
at� l� embaixo,

olham ao redor,
veem o qu�o especial �

e sentem
que tem que concordar.

Eles prometem.

Acho que meu marido � o �nico
a ter quebrado essa promessa

ao me contar.

Meu marido est� frequentemente
b�bado e pensa que esque�o de tudo.

Josephine?

Ainda estou aqui.

E ent�o, depois que todos
prometeram, eles dizem,

"Mas o que � que
n�o devemos repetir?"

E o homenzinho diz,
"Venham na porta ao lado."

E eles v�o ao quarto
da porta ao lado

que tem o ch�o ma��nico
preto e branco,

mas n�o h� mais nada nele,
exceto um enorme ba� de viagens.

O meu marido e os poucos
que seguiram o Sr. Luke

fitaram o ba�,
como a porta fechada atr�s deles.

Ent�o o homem que eles chamam
de Acaso Completo diz:

"Algo extraordin�rio est�
para acontecer, muito em breve,

"pior do que possa imaginar.

"Muitos v�o morrer�o.

"Muitos,
muitos milh�es morrer�o.

"Horrores passados se repetir�o,
e outros completamente novos,

"al�m de seus piores pesadelos,
ir�o come�ar a acontecer.

"Cidades inteiras
ser�o destru�das.

"Fam�lias que voc�s conhecem
morrer�o,

"seus irm�os morrer�o,

"as casas e os neg�cios
ser�o exterminados.

"Mas como estamos neste templo
sabemos que est� chegando,

"podemos achar uma forma
de sobreviver,

"de proteger o que temos,

"e de aproveitar
o que se seguir�.

"Porque mesmo no desastre,
h� oportunidade."

"Podemos e seremos,
os poucos sortudos,

"se fizermos as seguintes coisas."

Sarah, com quem voc�
est� conversando?

Ningu�m, querido,
apenas fazendo uma boa fofoca.

Meu Deus, Louis,
meu marido est� de volta.

Acho que ele n�o ouviu nada.

O que � isso?

Voc� continua
no telefone?

Ele n�o pode ter ouvido,
pode?

Louis?

Espero que ou�a falar
de mim de novo.

Josephine?

Al�. Quem est� a�?

Al�?

Voc� vai me dizer
quem est� a�?

Aconselho que me diga
quem voc� �.

Ent�o,
o que aconteceu com ela?

Eu n�o sei.

Ela n�o ligou de volta?

N�o.

Ela estava obviamente,
completamente doida.

Sim.

Ela deve ter ficado.

Os ma�ons organizam jantares
especiais para empossar

ao honrado mestre deles
no Hotel Imperial,

�s vezes eles t�m m�sica tamb�m,
acredita?

Talvez um dia
eles pe�am a voc�!

Eu duvido.

Mas certamente tocarei para eles,
se pedirem.

Estou muito curioso agora.

Claro, n�o s�o os ma�ons imperiais
que t�m este templo especial,

os ma�ons imperiais...

S�o todos camaradas
perfeitamente alegres!

Eu duvido
que eles s�o assim,

mas eles n�o s�o as pessoas
que ela falava.

Eu me pergunto
quem s�o eles?

N�o seria incr�vel encontrar aquele
templo especial luxuoso?

No m�nimo,
descobrir exatamente onde ele est�.

Seria mesmo.

Cuidado com estas pessoas,
Louis,

voc� n�o precisa contrari�-los
de nenhuma forma.

Sim, eu entendo isso.

Como eu poderia contrari�-los,
Stanley?

Voc� est� convencido
que ela era s� uma pessoa doida?

Sim.

Depois de ter pensado
um pouco mais sobre isso, sim.

Acho que ela encontrou
um jeito excitante

de tentar me assustar.

Ela era uma entre os seus
aristocratas incitados.

Talvez,
uma aristocrata incitada.

Voc� me contou tudo?

Sim.

Quase tudo.

-Houve uma �ltima liga��o.
-Houve?

Uma bem pequena.

H� uma liga��o para voc�,
Sr. Lester.

Obrigado.

Ore por mim.

Voc� ir� orar por mim,
Louis?

Josephine?

Josephine?

Josephine!

Essa foi a �ltima vez
que eu ouvi dela.

Onde ela est�, ent�o?
Em algum hosp�cio?

Era isso que ela sugeriu,
que eles a tinham prendido?

As pessoas n�o fazem
mais isso com as esposas, fazem?

Quem sabe o que se passa
naqueles casar�es, Stanley?

Mas foi a �ltima liga��o
que me convenceu

que ela n�o era confi�vel.

Estou quase certo de que foi apenas
um jogo da parte dela.

Um jogo estranho de jogar,
n�o �?

Sim.

Mas o que deu certo � isso.

Acho que provavelmente
ela amou assistir a banda.

Ela amou a m�sica,
tudo isso � verdade.

Ela quer escapar da vida
que ela tem,

mas ela sabe
que h� v�rias mulheres no sal�o

que sentem o mesmo.

Ela quer ser notada,

assim ela evoca
um pouco de pesadelo,

para eu me lembrar dela.

E voc� lembra.

Eu lembro, sim.

E sei de uma coisa,
Stanley.

Voc� nunca ir� publicar isso.

Voc� est� certo, ela deve ser
apenas uma aristocrata doida,

alguma lun�tica da classe alta
que meramente quer dormir com voc�.

Certamente.

Por que ela me escolheria
para contar isso?

Mas caso ela n�o seja
completamente louca,

voc� n�o ir� tentar
descobrir mais com Pamela?

Eu dei minha palavra
a Josephine.

N�o, eu prometi,
lembra?

Vejo voc� em alguns dias,
Stanley.

E depois voc� pode me mostrar
o quanto atreveu-se a escrever.

E ent�o, � claro,
os eventos engoliram Louis,

muito em breve depois
da nossa conversa.

Uma quest�o de dias,
na verdade.

E uma grande parte
do que lhe aconteceu

estava conectado
aos ma�ons

e as habilidades deles
olharem para si pr�prios.

Pelo menos � a minha vis�o de como
Julian Luscombe estava protegido.

E isso teria continuado,
se Julian n�o tivesse se matado.

E enquanto eu escrevo isso,

n�o tenho muita certeza
se Louis estava errado.

Talvez eu n�o tenha coragem de
publicar a hist�ria de Josephine.

Afinal,

Louis est� a salvo fora do pa�s,
e eu n�o estou.

Eu continuo aqui
e tenho toda a inten��o de ficar.

Os ma�ons t�m evitado
o Imperial no momento,

por causa da perda
de reputa��o.

E aquele grande pal�cio
desmoronando do lugar,

que, por dois anos,
realmente acabou com a vida

e estava t�o cheio
de possibilidades,

est� apenas pendurado
como uma criatura encalhada,

esperando que a pr�xima mar�
torne-o leve de novo.

E se isso acontecer,
os ma�ons retornar�o?

Uma coisa que eu n�o posso
parar de pensar �,

o Sr. Luke existe mesmo?

Ou ele era uma ilus�o dessa mulher,
como Louis acreditava?

At� agora, mantive a promessa
de n�o tentar fazer Pamela

me contar mais, qualquer coisa
que possa me levar a Josephine.

Ou pelo menos,
eu mantive metade da promessa.

Eu perguntei
a ela indiretamente,

ela disse que n�o tinha ideia
do que eu estava falando.

Depois da morte do irm�o Julian,
� obviamente imposs�vel o assunto

para eu pression�-la de fato.

Mas se o Sr. Luke existe,

ele sabe mesmo algo
que n�o sabemos?

Ou ele � uma completa fraude,
o Acaso Completo?

Acho que eu posso tentar
encontr�-lo.