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Aqui, Irm�. Aqui, para mim.

Vamos, mais alto!

Sim, isso.

Irm�, para mim.

Ah, isso.

Para mim, para mim!

De novo! Mas ele faz isso de prop�sito!

Preste aten��o!

Eu arranco sua cabe�a!
Est� entendido?

Se fizer de novo, corto sua cabe�a!
Corto mesmo!

Viu aquilo? Ele esmagou tudo!

Mas eu mato aquele!
Um dia ou outro, eu o mato!

E assim voc� me fez perder
o encontro com o assessor.

Est� contente?

J� te disse tantas vezes:
cuide de sua vida.

- Viu? Seguiram-nos at� aqui.
- E n�o chegaram a lugar nenhum.

- Adoremus Dominum.
- Adoremus.

Oi. Finalmente.

O que tem? Est� irritada?
Trouxe-me os romances policiais?

N�o, n�o tive tempo.

Vamos, prepare-se.
Arregace a manga, estou com pressa.

Gosto muito de
romances policiais.

Por que colocaram todos
aqueles p�ssaros feios no corredor?

Eles servem para aulas de ci�ncias,
Ferruccio.

� verdade que se entrar
ar na seringa � perigoso?

N�o tem gra�a, voc� pode at� morrer, sabia?

Voc� nunca me machucou.

O m�dico sempre me espetava.
Felizmente ele se foi.

- N�o vai ficar um pouco comigo?
- N�o posso, j� disse, tenho o que fazer.

Tem que sair sempre com Dom Giorgio.
Comigo, ao contr�rio, nunca quer sair.

Tchau.

Esta lagosta est� boa.

Vem de Civitavecchia.

Claro, o problema da voca��o � muito s�rio.

Sobretudo, aquele da voca��o aut�ntica.

N�o, n�o, obrigado.
Para mim � muito picante.

Faz bem em recusar.
Giulia � uma bruxa famosa.

- E o molho foi feito por ela.
- � a receita que voc� me ensinou.

- Que signo voc� �?
- Escorpi�o, creio.

Mas o consolo da astrologia nos � negado.

Mais do que um consolo,
est� se tornando uma obsess�o.

- N�o acha, Dom Giorgio?
- Sim, � verdade.

Mas as coisas proibidas
sempre t�m um encanto.

Finalmente, um bom motivo
para se tornar padre.

Pisani, voc� brinca,
mas isto de voca��o � um problema s�rio.

- Certo, m�e?
- Certamente.

Melhor poucos pastores e
bons, do que muitos e maus.

Dom Giorgio, hoje est�
menos brilhante do que de costume.

- Parece preocupado.
- N�o, estou um pouco cansado.

Mas n�o tem trabalhado muito ultimamente.
Diria at� que descansou.

Ou talvez seja por isso?

Quando ensino, sinto-me en�rgica, viva.

O fato � que a escola me toma muito tempo.

E sou antes de tudo um sacerdote.

Mas antes gostava muito da escola.

Sabia que h� dez anos nossa ordem
era duas vezes maior?

Na verdade, nos �ltimos dez anos
houve uma queda de cinquenta por cento.

Parece que o Papa est� muito aflito.

- � verdade que ele chora sempre?
- Pisani, n�o banque o engra�ado.

N�o me interrompa, por favor.
Estava lendo isso ontem.

Fran�a, Holanda, Am�rica do Sul.
Um verdadeiro desastre.

Vejo que sabe muitas coisas.

Muito mais do que possa pensar,
Dom Giorgio.

- Desculpem-me, mas tenho que ir.
- Espere, ao menos um brinde com Aristide.

Afinal, 40 anos s� se fazem uma vez.

Sabe como dizem os camponeses franceses?

"Padres, senhores e rios
s�o vizinhos inc�modos."

N�s, por outro lado,
nos damos muito bem.

- Sim, infelizmente � tarde. Desculpe-me.
- N�s tamb�m n�o vamos demorar.

Aristide parte amanh� de manh� �s sete
para Floren�a.

Ent�o, at� amanh�.

Devemos ir ao Minist�rio,
ter com o inspetor.

- �s tr�s e quinze, de acordo?
- Sim, de acordo. Tr�s e quinze est� bom.

Ent�o, Engenheiro, parab�ns de novo.
Bom dia a todos.

- Adeus, Dom Giorgio.
- Acho que �...

...verdadeiramente um padre excepcional.
E � t�o belo.

Ah, isso � verdade.
� como um anjo.

Est� certa.
� realmente um santo.

Oh, Deus...

Qual � o seu problema?
Por que parou?

N�o � mais poss�vel, Orchidea.
N�o vou mais voltar para voc�.

Cansou-se de mim, esta � a verdade.

N�o, Orchidea, n�o � isso.
� que sou um padre, entende?

Um padre.

- Voc� s� se lembra disso agora?
- Voc� n�o quer me entender.

Eu tra� todos.
A igreja, a mim mesmo.

Eu tra� Deus.

Covarde e hip�crita,
padre � que voc� n�o � mais!

Ent�o Deus n�o nos viu,
depois da aula, sobre a escrivaninha?

- Orchidea!
- N�o nos viu na praia, ou no carro?

Juntos pelo resto da vida,
voc� me disse, lembra-se?

Joga a batina ao mar:
"Deus entende, Deus perdoa."

E agora que conv�m a voc�,
Deus n�o entende, Deus n�o perdoa mais.

E sou eu que devo entender!
N�o posso ter ci�me de Deus, posso?

Diga a verdade. Eu o enojo.

Mas voc� vai pagar.

Eu vou morrer, mas voc� vai pagar.

Do que quer saber?
Amor ou neg�cios?

Meu marido cuida dos neg�cios.

Basta que de vez em quando
n�o venha � cabe�a dele...

...meter o nariz nos seus
assuntos de amor.

Acredita nisso, ou as cartas
est�o dizendo a voc�?

Aqui est� um jovem.
Ele usa um uniforme.

� um soldado ou padre, hein?

Esta aqui � voc�. Ambos
est�o na mesma fileira.

Vejo um contraste,
um forte contraste que atrapalha.

Este � seu marido,
mas ele est� longe.

As cartas dizem que
ele n�o sabe de nada.

- Esta pessoa me ama?
- O amor existe.

Mas tamb�m existe o obst�culo: a morte.

Mas depois disso vem uma
grande satisfa��o: a alegria.

O que significa?

Talvez se separem.

Mas para voc� � melhor.

Ele deixou voc� a s�rio?

Perceber� que n�o me importa.

Um flerte, um simples flerte.

Nunca vale a pena sofrer
tanto por um homem. Mas...

...voc� est� sofrendo. � o que se v�.

...nosso programa de m�sica suave.

Ent�o?

- E seu marido?
- N�o se preocupe, volta amanh�.

Realmente acabou.

Eu n�o vou mais v�-la.

Mas realmente disse a ela
que n�o queria voltar a v�-la?

Sim, disse a ela exatamente isso:

"Basta, Orchidea.
N�o quero mais ver voc�."

Eu fiz isso apenas por...

Mas voc� tamb�m n�o poder�
jamais me entender.

Claro, queria salvar a alma dela.

Ent�o, n�o a deixou por mim.

Diga.

- Vamos, diga.
- N�o! N�o � verdade.

Voc� tamb�m n�o tem o
direito de macular tudo.

Est� bem. Pode me dizer depois.

Giulia, n�o posso.

N�o posso mais.

Meu Deus...

N�o se atormente.

Sabe bem que � in�til.

N�o me provoque.

Poderia me cansar de voc�.

- E ent�o...
- E ent�o?

Eu n�o sou Orchidea.
Voc� pagaria caro por isso.

Vamos, tire essa coisa.

Anda por a� tamb�m � noite agora?

- Bem-vindo, Engenheiro.
- Oh, ol�, Pisani.

- Fez uma boa viagem?
- P�ssima, obrigado.

- D�-me isto.
- Esque�a, n�o se preocupe.

- Devo lev�-lo para casa?
- Obrigado.

Orchidea?

Orchidea?

Achei que estivesse na cama.

Tomei uma aspirina
para a dor de cabe�a.

� aquela sua dor de cabe�a de
sempre que n�o passa, certo?

- Boa noite, Aristide.
- Tive um dia muito dif�cil em Floren�a.

- N�o sei o que posso fazer, me desculpe.
- Mas eu sei o que posso fazer.

Por favor, n�o esta noite.

N�o...

Vamos por ali.

- Temos que chamar a pol�cia.
- Lamentavelmente.

Onde est� o cad�ver?

Est� na sacristia, Comiss�rio.
Estamos o compondo.

Est� me dizendo que o moveram,
ou entendi mal?

- Morava aqui?
- Oh, n�o.

Ele era nosso capel�o.
Ensinava m�sica para nossos alunos.

Tinha um quarto na �rea de h�spedes.

- E o que fazia na igreja � noite?
- Rezava.

Ele fazia isso com frequ�ncia porque
durante o dia estava sempre ocupado.

Eu sou o padre De Rossis.

O vicariato me enviou.
Posso ajud�-lo?

- Onde foi encontrado o corpo, exatamente?
- N�s o encontramos l�.

Melhor dizendo, Anselmo o encontrou
e correu para nos chamar.

- Quem � esse Anselmo?
- � o sacrist�o.

- Devo cham�-lo?
- N�o, n�o, mais tarde.

Quero saber exatamente
como se encontrava o corpo.

Sobre a banqueta, que estava ao contr�rio.

Quero saber a posi��o exata!
Padre, coloque-se aqui.

Bem...

De acordo com voc�,
ele estava tocando quando o mataram?

Sim.

Parecia que sim.

Parecia? Est� percebendo?

Vamos, rapazes, m�os � obra.
Vamos tentar reconstruir algo.

Eu come�o por aqui.

Saia.

Acham que estava exatamente assim?

- Bem, eu...
- Tem certeza que era essa a posi��o?

Me parece.

A cabe�a,
n�o estava um pouco mais � direita?

Ah, sim.

Ou mais � esquerda?

Vejamos.

O bra�o?

- Como estava o bra�o?
- Ah, assim.

- Devagar, Madre...
- � isso.

Isso mesmo, assim me parece perfeito.

- Onde fica a sacristia?
- Por ali.

- Fique a� e n�o se mexa.
- E quem...

Ele foi morto por uma
arma cortante e pontiaguda.

Uma faca, um punhal, nas costas,
quase na base do pesco�o.

Ele morreu imediatamente, o que explica
porque o corpo ficou virado para tr�s.

O golpe foi desferido do alto para baixo.

Ent�o acho que a v�tima
estava sentada.

E a que horas mais ou menos isto ocorreu?

Entre 23 e 1.

Saberemos melhor depois da aut�psia.
Mas h� um detalhe que me deixa perplexo.

Veja, ao redor das feridas,
misturados com o sangue h�...

...aqui, fragmentos de cera.

Cera... cera de velas?

� muito prov�vel.
Al�m disso, olhe aqui nas costas.

Parecem chicotadas.

N�o v� me dizer que o assassino
primeiro o chicoteou e depois o matou?

N�o, n�o, s�o cicatrizes menos recentes.

- Doutor, chegou a Sra. Durantini.
- Sim, estou indo, estou indo.

Enquanto isso, volte � igreja
e continue procurando.

- E o que devo procurar?
- Qualquer coisa.

Talvez a arma do crime.

Uma faca... talvez...
talvez suja de cera.

- Bem...
- V�.

Vou procurar.

- Sra. Durantini?
- Sim.

Orchidea, certo?
Um nome incomum.

Acomode-se, por favor.

Sou o Comiss�rio Boito.
Conhece bem estas religiosas?

Sim, meu marido � construtor.

Nossa casa � vizinha ao convento

e ele ajudou fazendo alguns
trabalhos de constru��o.

Eu frequento o convento h� quase um ano,
por causa da escola.

Sei.
E que rela��o tinha com Dom Giorgio?

Eu o via com bastante frequ�ncia.
Ele era meu colega no trabalho escolar.

N�o posso acreditar que esteja morto,
desse modo.

De que modo, senhora?

Bem, assim, assassinado.

Sim.

Encontrou-o ontem � tarde,
disseram-me.

Eu o deixei no Minist�rio
ontem �s quatro e meia.

N�o estava me sentindo bem
e voltei para casa de t�xi.

Entendi.

E quando o viu pela �ltima vez?

- Nunca mais.
- Posso?

V� em frente, fale. N�o comecemos
com segredos, ande.

N�o consegui encontrar a faca.
Mas ela existe.

Ou melhor, me disseram
que havia na igreja uma velha faca.

Acertou em cheio, Doutor.
Deve estar sujo de cera.

E Anselmo, o sacrist�o, a usava para
limpar os pavios e aparar as velas.

Ela desapareceu.

Ah, encontrei isto.

- O que �?.
- Uma bolinha de gude.

- Estava debaixo de um banco.
- Que bonita.

Brincava com elas quando era pequeno.

A Senhora nos daria licen�a
um momento, sim?

Claro, Comiss�rio.

Onde est� a faca?

Mas eu sempre o tenho aqui.
Com ele corto as velas grandes.

- E agora onde est� esta faca?
- E eu que sei?

- Mas a faca � sua ou n�o?
- Sim, � minha!

Sim!

- Ent�o n�o ouviu nada, n�o?
- N�o, j� disse.

Dormi direto at� esta manh�.

Tem um sono pesado,
o sono dos justos.

Moriconi? Leve-o de volta para l�.

Ferruccio!

Ferruccio, venha aqui.

Seja bonzinho.

Fique quieto.

- N�o! N�o!
- Pare, vamos.

- E este, de onde veio?
- N�o! Tenho medo!

Tenho medo! N�o!
N�o! N�o! N�o!

Ferruccio, acalme-se agora.
Meu Deus.

Ningu�m pensou nele. Que ele se
encontrasse aqui, de repente...

Pobrezinho.
Venha, vamos.

- Quem � o garoto?
- � um pequeno �rf�o.

As irm�s, por assim dizer,
o adotaram.

Vive aqui.

Pobrezinho.

Este � o quarto que reservamos ao
nosso capel�o. Pobre Dom Giorgio.

Que desordem...
Com licen�a, Irm�.

Vamos, Moriconi, m�os � obra.

- Dom Giorgio tinha inimigos?
- Com licen�a, Doutor!

Mas vieram aqui antes de n�s.
D� uma olhada.

Sim, eu sei. Eu tamb�m vi. Vamos,
escreva e siga em frente. Ent�o?

Inimigos?

N�o creio.

N�o consigo imaginar quem
poderia querer tanto seu mal.

Sim, todos queriam bem a ele, hum?

- Tamb�m voc�?
- Sim. Sim, claro...

Como a um irm�o.

Claro, claro.

Por que Dom Giorgio se chicoteava?

Todos fazem isso? O que �,
uma de suas regras de penit�ncia?

N�o sei se tenho obriga��o de
responder a esta pergunta.

Logo vou deix�-la livre de seu embara�o.

� isso, tem obriga��o.

Ent�o?

N�o, n�o creio.

� uma regra de algumas ordens
que poucos agora observam.

Bem-aventurados os que
t�m for�a para faz�-lo.

Eu acho que se algu�m decide
se castigar t�o severamente...

...n�o deve ter a consci�ncia
t�o tranquila, estou errado?

Claro que est� errado.
Todos somos pecadores.

Mas mortificar a carne � sobretudo
uma oferta a Deus.

Uma forma de compartilhar
o sofrimento de Jesus.

Dom Giorgio era um santo.

E agora, se me permite,
gostaria de ir orar por ele.

V�, pode ir.

Irm�, quando estiver l�
fa�a uma ora��o para o assassino tamb�m.

Eu faria uma loucura, Doutor,
prenderia todas elas.

- Essa a� � a pr�pria maluca.
- Moriconi...

- Vai sair?
- Sim, Ferruccio n�o est� bem e...

Sim, claro, Ferruccio n�o est�
bem e a fadinha sai correndo.

Ao diabo! Seu nome tamb�m est�
entre as pessoas interrogadas pela pol�cia.

E quem se importa?
Est� o seu nome.

O dos Pisani, o da Madre Carvaia
e o da Irm� Tarquinia.

Mas agora, se eu fosse voc�,
ficaria longe daquele convento.

E por qu�?
N�o tenho nada pelo que me culpar.

- N�o, a inje��o n�o.
- N�o venha com birra.

Vamos, arregace a manga.

N�o, n�o, nada de cimento.
Tudo deve permanecer como antes.

Deve ser preservado tamb�m
o estilo das estruturas.

E voc�, o que est� fazendo aqui?

Hoje est� com birra.
N�o quer tomar a inje��o.

N�o fuja mais e n�o diga mais mentiras.

Agora, como penit�ncia, dir�
o Pai Nosso, a Ave-Maria e a Gl�ria ao Pai.

Eu o absolvo de seus pecados...

...em nome do Pai, do Filho
e do Esp�rito Santo. Am�m.

Ave Maria, cheia de gra�a...

Orchidea Durantini.

E este � o marido, engenheiro civil.
Uma pessoa decente, muito religioso.

A esposa d� aulas na escola do convento.

Ela era colega da v�tima.

No momento do crime
ela estava em casa, dormindo.

O marido, por outro lado, estava em viagem.
Voltava de Floren�a no trem da uma hora.

A� est�, este � Pisani.
Ele foi busc�-lo na esta��o.

- No momento, isso � tudo, Sr. Procurador.
- Sim, mas n�o me parece muito.

As investiga��es acabaram de come�ar.

- Sim, mantenha-me informado.
- Claro.

- Boa sorte.
- Obrigado.

Com licen�a, Doutor, pode voltar um pouco?

Pare.

Aquele n�o � Barsetti?

Sim. Barsetti...

Quinze anos por homic�dio e foi
libertado com a �ltima anistia.

Ele mesmo.

Anselmo, o sacrist�o.

Tinham um ex-presidi�rio
no convento e ficaram quietas?

Madre, devemos contar tudo ao Comiss�rio.

� parte seus precedentes,
ele � um bom homem.

Desde que Dom Giorgio o repreendeu
por aquela quest�o dos candelabros...

...comportou-se sempre muito bem.

Ele rouba da igreja, bebe como uma
esponja, e diz que ele � um bom homem.

- Me chamou?
- Algumas perguntas.

- Espero que n�o se importe.
- N�o, claro.

Irm�, substitua a senhora na classe,
por favor.

A Sra. Durantini est� ocupada.
Faremos um tema em classe.

Peguem seus cadernos e a caneta.

Est� com minha caneta?

Lembran�a de Dom Giorgio

Por que n�o me disse antes
um fato t�o importante?

N�o havia dado tanta import�ncia.

O pr�prio padre Dom Giorgio mostrou
que n�o levava a s�rio essa amea�a.

Claro, estava com medo.
Gritava como um louco.

Os olhos esbugalhados e
a foice erguida contra n�s.

Contra os dois ou apenas
contra o padre Giorgio?

Tente se lembrar.
� muito importante.

Bem, ele vinha em dire��o ao carro,
mas do lado de Dom Giorgio.

Ent�o tinha problemas apenas com ele?

Penso que sim.
Comigo, sempre foi gentil.

Bem... bem, bem, bem!

- Ent�o suspeita que ele seja culpado?
- N�o... n�o, senhora.

N�o sinto que eu possa dizer isso.

Senhora.

- Pobre Dom Giorgio, quem pensaria isso?
- Sim.

Quem poderia querer
tanto mal a um homem t�o bom?

- Mas acham que Ferruccio tamb�m tentou...
- Mas n�o, o que isso tem a ver?

Por que, pobre menino?
Ele nem sequer entendeu...

Mas olhe.

Tudo no ch�o.

Sempre o mesmo. Que desastre.

S�o bagunceiras.

Hoje n�o me passou a bola.
Nem sequer uma vez.

Quem sabe se podemos voltar hoje?

Que frio!
Vamos pegar pneumonia hoje.

Amanh� tamb�m quero experimentar.

Anselmo, por favor, me passe o sabonete?
Vamos, o azul.

Sim, sim, Irm�.

Mas tenha cuidado, sen�o escorrega.

Sargento, aonde est� indo?

A� est� ele!

Desculpem-me, irm�s, desculpem-me.
N�o vi nada.

- Estou em servi�o.
- Est� escapando!

Solte-me! N�o fiz nada!
Sim, mudei de nome,

- ...sen�o n�o comia...
- Ande, sen�o � pior!

N�o quero voltar ao xadrez!

- Basta!
- Soltem-me!

Soltem-me! Filhos da pu...

Vamos!

Mas o que foi que eu fiz?

N�o quero voltar ao xadrez.
N�o quero voltar!

Ferruccio!
Ferruccio, venha aqui.

Eu o fiz fazer uma reda��o.

Onde est� aquele comiss�rio? Ele poderia
ter poupado as crian�as desta cena.

N�o sei. Estava aqui at� agora h� pouco.

Precisamos conversar, eu e voc�.

Tudo deve continuar como antes, Ferruccio.

A morte � uma coisa terr�vel,
mas Dom Giorgio est� vendo voc�.

Ele n�o quer que se comporte assim.

- D� um sorriso agora, vamos.
- Quero que me leve com voc�.

- Agora que o padre n�o est� mais.
- Claro que sim, querido.

Sabe que tenho uma coisa sua aqui
na bolsa? Quer ver o que �?

- � sua, n�o?
- N�o.

Por que est� mentindo?
Deveria ir se confessar.

Bom dia.

Ent�o, como vai este menino bonito?

Achei que tivesse ido embora
com aquele pobre homem.

N�o, n�o, n�o h� pressa.
Vou interrog�-lo mais tarde.

Ent�o, est� se sentindo melhor hoje?

- A morte de Dom Giorgio o chocou.
- Um homic�dio sem sentido.

E ent�o voc� prende um
velho louco e se pergunta...

Eu gostava muito de Dom Giorgio.

Era um bom amigo.
Tornava mais f�cil meu trabalho.

Ah sim, nunca me explicou
por que faz este trabalho.

� dif�cil falar com um policial.

Deve-se ser t�o precisa, tem-se a
sensa��o de que eles sempre sabem tudo.

- Mas estou de folga agora.
- Ent�o � ainda mais perigoso.

Se algu�m est� em perigo aqui, sou eu.

De verdade. Por favor.

- N�o v� embora.
- N�o, realmente tenho que ir.

Meu marido est� me esperando para almo�ar.

Ele me apoia para que
cuide da escola, mas...

Sabe que posso ver quando quiser?

Basta que eu a convoque para interrog�-la.

- Mas n�o � um abuso de autoridade?
- �.

- Sabia que est� transformada?
- Gosto de dirigir � vontade.

Est� t�o quente.

A menos que a seguran�a p�blica
se escandalize.

- Sabe quantas infra��es j� cometeu?
- A mais s�ria � estar aqui com voc�.

- Mas eu n�o sou casado.
- Mas eu sim.

Tem algu�m a�?

Bom dia, senhora.
Podemos comer alguma coisa?

Claro. Por favor, venham por aqui.

Obrigado.

"Traveller repose,
and dream among my leaves."

"O viajante repousa,
e sonha entre minhas folhas."

H� apenas uma mesa.
Deve ser a nossa, sem d�vida.

� t�o estranho aqui, mas tem seu charme.

Como voc�, sabe?

- Obrigada, Senhor Comiss�rio.
- Meu nome � Franco.

Por que est� t�o quieto?

Olho para voc�.
E quanto mais eu olho para voc�...

...mais parece que a vejo
novamente pela primeira vez.

A mesma emo��o.

Tamb�m acredito estar descobrindo algo
em voc� que n�o imaginava.

- Sabia que tenho um filho no Haiti?
- No Taiti?

N�o, no Haiti.

Essa est�ria tem que acabar.

O que voc� meteu na cabe�a
para fazer s� o que quer?

- Vamos, prepare-se.
- E se eu n�o quiser?

N�o tem que me dar as inje��es.
Devia ser boa comigo.

Sabe que eu lhe dou as inje��es
para o seu bem. Ent�o? Vamos, venha aqui.

- N�o! N�o quero! N�o quero! N�o!
- Quieto!

- Deixe, deixe. Eu cuido disso.
- Cuidado, pode se cortar.

Feliz? Bela impress�o ao Comiss�rio.

Um homenzinho como voc�
que tem medo de uma inje��o...

Por que est� deixando a Sra. Orchidea
com raiva? O que �, n�o gosta dela?

Sim, gosto dela. Mas se
ela me der a inje��o, n�o.

L�gica infantil.
O afeto tamb�m tem um pre�o.

- Voc� ouviu?
- Sim, eu escutei.

Voc� merece ser deixado aqui.

Vamos, j� � tarde e ainda
precisa se vestir.

V�.

Olhe, a bolinha que Moriconi
encontrou na igreja.

- Voc� a pegou?
- Sim, queria dar de presente ao Ferruccio.

- Voc� a quer? Gosta dela?
- Vamos, pegue.

N�o seja bobo. N�o v� como � bonita?

Hum, boa esta lagosta.

- Vem de Civitavecchia.
- Um pouco de vinho, m�e?

- Prove o meu molho.
- Com prazer.

Tem uma apar�ncia muito apetitosa.

Gosto de coisas picantes.

- � uma especialidade da Giulia.
- Sim, mas com sua receita.

- Vejo que gosta muito.
- Sim, mas com este calor...

Sim, � verdade.
J� estamos no outono e ainda...

O Comiss�rio parece ter
um est�mago de ferro.

Est� gostando, pelo visto.

Com o trabalho que fa�o,
se tiver o est�mago fraco...

Esta reforma de h�bitos para voc�s,
irm�s, ser� providencial.

Principalmente no ver�o.

Venha, Caterina.

As cartas de Giulia n�o mentem jamais.

Que vida aventureira.
Como a invejo.

Ah, sim, uma longa s�rie de sucessos.

E existe um amor tamb�m.
N�o vejo claramente.

Um grande amor...

- E uma grande amea�a.
- � o bastante. Obrigado.

Engenheiro, n�o est� tentado?
Tamb�m queremos saber seus segredos.

N�o, a minha vida n�o �
t�o aventureira como a sua.

E n�o tenho curiosidade
de conhecer meu futuro.

- E eu n�o tenho segredos...
- Aristide, eu poderia desmenti-lo.

Mas se vier a mim para que eu leia suas
cartas em particular, serei indulgente.

De acordo, sim?

O que � isso?

"LEV�TICO 18/20".

- Refere-se � B�blia.
- Certamente.

Mas como isto acabou aqui?
� um mist�rio.

Devo ter perdido.
Estava no missal de Dom Giorgio.

Sabe o que isso significa?

Cum uxore proximi tui non coibis nec
seminis commixtione maculaberis.

Parab�ns, Madre.
At� a B�blia de mem�ria!

� o que isso quer dizer?

Bem, e ent�o, Madre?

N�o fornicar� com a mulher
de seu vizinho...

...nem ir� se macular misturando
seu s�men com o de seu marido. "

Isso � o que o Senhor
ordenou a Mois�s.

Ah...

Em sua opini�o,
esta � caligrafia de Dom Giorgio?

N�o... n�o saberia.

Obrigado.

Ferruccio est� dormindo.
Devo lev�-lo de volta ao convento.

Vem comigo, Comiss�rio?

- Pronto, coloquei-o na cama.
- Ent�o, adeus.

- Em que est� pensando?.
- Aquele bilhete. � estranho.

- Parecia escrito para n�s.
- Sim, parecia, mas n�o �.

Melhor assim.

Eu te amo, Franco.

- O que h� de errado com voc�?
- Nada.

Escute. Voc� o conhecia bem.

Em sua opini�o,
ele poderia ter tido uma amante?

- Quem?
- Dom Giorgio.

Sim, poderia.

E voc�? Teria sa�do com ele?

Eu? N�o o havia tocado nem mesmo
com um dedo.

Meu �nico amante, sabe quem �?
Ferruccio.

E ele tamb�m � muito ciumento.

- O que est� fazendo?
- N�o est� vendo? Estou tirando a placa.

- Ah, est� trocando, n�o?
- Eles fecharam.

- Quando?
- Eles morreram, um acidente.

Escute, quem vinha aqui?
Por quem era frequentado?

Ningu�m, alguns casais.

- Sabe como se chamava a senhora?
- Eu? N�o era gente daqui.

- O que est� fazendo, espionando?
- Ou�a, seja menos engra�ado, sim?

- Est� aberto?.
- Est� aberto, est� aberto, Doutor.

- Quer que o acompanhe?
- N�o, fique onde est�.

Acabei, estou indo embora.

Moriconi... mas vai tomar no cu!

Doutor, o que esta fazendo? Espere-me.

N�o posso correr.
Meu osso sacro est� doendo.

- Posso ver esta carta an�nima?
- Aqui est� ela.

"Restaurante Val Sia Rosa.
V� at� l�. Dom Giorgio tamb�m ia l�."

Isso � tudo, estou lhe dizendo.

E que nome � esse!
Foi dif�cil encontr�-lo.

Bastava que perguntasse a mim.

N�o estava l� quando a carta chegou.
Achei que tudo bem.

Doutor, em troca dos socos
que me deu...

...tem que me dizer uma coisa:
como soube deste restaurante?

Talvez a carta an�nima
tenha sido enviada por mim.

E agora, para onde vamos?

Eu estou indo para o convento.

E voc�, fique o mais longe poss�vel
de mim, sim?

V� para o inferno.

Obrigado, terminei.

Descobriu algo?

Sim, descobri muitas coisas.

Por exemplo, quem colocou o
bilhete no missal de Dom Giorgio.

- Quem?.
- Voc�, Irm� Tarquinia.

E h� outra mensagem escrita por voc�...

...com o nome de um estranho restaurante.

Sim.

Escrevi aquele bilhete a Dom Giorgio,
com o vers�culo b�blico.

Eu esperava poder salvar sua alma.

Para tir�-lo de uma situa��o indigna
de um sacerdote.

Indigna de um ser superior,
diferente, como ele era.

Agora que est� morto,
ele ficar� em sil�ncio para sempre.

Se n�o estivesse em jogo
a vida de um inocente...

Dom Giorgio tentou destru�-la junto
com as outras cartas daquela mulher.

Eu a encontrei aqui
arrumando suas coisas.

Infelizmente, n�o deixa margem
para d�vidas.

Foi por isso que escondi.
Para salvaguardar sua mem�ria.

Leia, leia! Que coisa horrenda!

Cheia de amea�as, insultos.

E detalhes obscenos.

Foi a� que descobri aquele restaurante.

Mas agora h� algo mais importante em jogo.

O Evangelho tamb�m diz:
"Oportet ut scandala eveniant".

"�s vezes, o esc�ndalo � necess�rio."

Bendito seja Deus.

Bendito seja Deus.

Em nome do Pai,
do Filho e do Esp�rito Santo. Am�m.

Aceita esta penit�ncia, � Senhor,
em aux�lio a Dom Giorgio.

Que esta imita��o da
virtude do nosso capel�o...

...mantenha-nos agora e
para sempre longe do mal.

Deus, tenha piedade de mim,
segundo Sua grande miseric�rdia.

Deus, tenha piedade de mim,
pois confio a Ti minha alma.

Senhor, levante-se,
ajude-nos e nos liberte.

- Pai Celestial, Deus.
- Tenha piedade de n�s.

- Filho, Redentor do mundo, Deus.
- Tenha piedade de n�s.

- Esp�rito Santo, Deus.
- Tenha piedade de n�s.

- Sant�ssima Trindade, um Deus.
- Tenha piedade de n�s.

Livre-nos de todas as coisas ruins,
Senhor.

Livre-nos de todos os pecados,
Senhor.

Livre-nos de todos os pecados,
Senhor.

Cristo, ou�a-nos.

- Cristo, ou�a-nos.
- Cristo, ou�a-nos.

Cristo, ou�a-nos.

- Senhor tenha piedade!.
- Cristo, tenha piedade!

- Senhor, tenha piedade!.
- Cristo, tenha piedade!

- Com o poder do Seu amor!
- Com o poder do Seu amor!

Santo, santo, santo seja o Seu nome!

Senhor, tenha piedade!

Livre-nos, Senhor, do nosso inferno!

Livre-nos de nossos males.

Livre-nos da morte eterna, Senhor.

Livre-nos, Senhor, da ira e do �dio.

Voc� n�o serve para nada.
� um incapaz, sabia?

E quatro.

Quer jogar de novo?

N�o, n�o me conv�m,
sempre perco. Voc� � muito bom.

Doutor, terminaram.

Deixe-me em paz.
N�o v� que estou ocupado?

Ligue-me quando o Procurador chegar.

- Aquela mulher est� morta, certo?
- N�o pense nisso.

- Escute, vamos fazer uma troca?
- E com qu�?

Olhe, eu lhe dou tudo isso.
S�o muitas, n�o?

- E voc� me d� aquela ali.
- N�o, eu gosto desta.

Bom, est� bem, como quiser.

Quer dizer que vou dar uma para
a Sra. Orchidea. Ela tem tantas.

Sim, muitas. E onde ela consegue?
Estas n�o s�o vendidas.

N�o, n�o �? E ent�o onde elas est�o?

Diga a verdade, esta bola era sua.
E voc� a perdeu na igreja, n�o?

Estou indo agora.
Tenho que fazer minha li��o de casa.

- S�o dez e meia.
- Me d� isto.

Desculpe-me.

Por que n�o o acerta?
Est� indicando onze e meia.

� autom�tico. N�o sou bom nisso.

Dom Giorgio me deu. Ele acertava para
mim quando o hor�rio de ver�o mudava.

Mas justo naquele dia ele morreu.

O hor�rio de ver�o? Que idiota!

Moriconi! Moriconi!

Doutor, o que digo ao Procurador? Ele
quer o relat�rio sobre a morte de Pisani.

Assassinado entre 24 e uma hora...

...em vez de entre 23 e uma hora,
como pens�vamos.

E quem diabos se importa?

O problema � que, hora de ver�o
ver�o ou n�o...

- ...quem tinha �libi ainda tem.
- Entendi.

Porque, no fundo, tudo se resume
ao fato de que houve uma "hora morta".

Uma "hora morta".

- Que "hora morta"?
- Certo! � meia-noite se volta...

Enfim, nunca entendi isso muito bem.

O fato � que por uma hora
tudo para. At� os trens.

� como se fosse uma hora
que n�o existe, � isso!

Devolva-me as declara��es.
Imediatamente!

O motivo existe.

O �libi talvez j� n�o exista.

Sim? Um momento.

� a Durantini.

O que est� fazendo a esta hora na igreja,
Comiss�rio?

E voc�, o que est� fazendo?

Rezava, em aux�lio a Dom Giorgio.

E escutava sua m�sica.

Entendi.

Muito bem.

Muito bem.

Siga orando, sim? Continue.

Al�! Passe ao Comiss�rio Boito.

Sou a Sra. Durantini.
� a terceira vez que ligo.

Diga-me quando posso encontr�-lo.

Entendi.

Obrigada.

CENTRAL DE POL�CIA
BRIGADA M�VEL

Ent�o, Engenheiro...

Enquanto Dom Giorgio foi assassinado,
estava no trem.

Sim, de fato.

Sim, claro, estava no trem.

Exceto que... o trem estava parado.

N�o nos contou isto durante
o primeiro interrogat�rio.

� verdade. Que est�pido!
Ficamos parados por uma hora.

- Onde?
- Bem, isto eu n�o saberia dizer.

- No campo. Sim, no campo.
- Vou lhe dizer onde.

Exatamente vinte minutos
a p� at� a igreja do convento.

E o que isto que significa?

Isso significa que teve todo o tempo
para sair do trem...

...chegar � igreja,
matar o pobre Dom Giorgio...

...e voltar ao trem antes que
este partisse novamente.

E qual motivo poderia ter
para matar aquele padre?

� isso, exatamente.
Isso que eu queria lhe perguntar.

Que motivo teria para apunhalar
o pobre Dom Giorgio?

Nenhum. Dom Giorgio era um grande
amigo. Frequentava minha casa.

E al�m disso,
minha esposa gostava muito dele.

E para quando Giulia Pisani
foi assassinada, teria um �libi?

O que est� querendo dizer, Comiss�rio?
Por qu�? Realmente pensa que eu poderia...

Engenheiro...

Quem matou Dom Giorgio
tamb�m matou Giulia Pisani.

Isto � matem�tico.

Giulia inclinou-se para pegar
este envelope...

...que deveria conter notas de dez mil,
o pre�o de uma extors�o.

Em vez disso,
continha apenas papel.

O assassino esperou no lugar
que ela o havia indicado.

No momento oportuno: vapt!

S� que ele se esqueceu
de pegar o envelope.

Quer dizer, ele estava com
pressa de voltar � igreja...

...antes que terminasse a missa.

Engenheiro, � suspeito de um crime.

Receber� a comunica��o oficial amanh�
pela manh� do Procurador-adjunto.

Obrigado, pode ir.

� um erro.

O que est� olhando?
O que est� olhando, hein?

O que �, nunca me viu antes?

N�o, mas...
� a primeira vez que n�o o entendo.

Quer dizer, n�o o entendo h� alguns dias,
para ser sincero.

Moriconi, como sempre,
tr�s pontos essenciais:

A arma, a hora e o motivo.

Mas aqui, se o corno n�o sabe de nada...

...adeus, motivo.

Ent�o, encontrou algo?

Nada interessante.

O Engenheiro Durantini costumava
vir aqui para tirar as cartas, n�o �?

Pode ser. Eu sempre fiquei pouco em casa

Pobre Giulia...

Ela sempre dizia que
era boa para os outros.

E dizia que, por outro lado,
n�o podia ler as cartas para si mesma.

Comiss�rio, quem poderia t�-la matado?
Quem?

- Al�?
- Orchidea? Orchidea.

- Ah, � voc�.
- Escute-me.

De onde est� ligando a esta hora?

Estou no escrit�rio,
acho que vou enlouquecer!

- O que aconteceu?.
- Estive na delegacia o dia todo.

E depois com o advogado. Suspeitam
que eu tenha matado Dom Giorgio e Giulia.

Entendeu? Entendeu?
Venha r�pido, por favor!

Al�? Al�?

Este � o Sol, este � o Dem�nio
e este � o Enforcado.

E estes s�o os Arcanos Maiores.

Mas aqui uma carta
infelizmente est� faltando.

Qual est� faltando?

Est� faltando a Justi�a.

Ah...

Al�?

Sim, sou eu.

O qu�?

- Estou indo.
- Vai de moto?

Fa�a com que mandem um carro.
Meu filho, voc� � uma autoridade.

- E venda aquela moto.
- Sim. Tchau, m�e.

Ele se trancou l� dentro e n�o responde.

Moriconi.

Cartillo.

Ei?

Boa.

Ligue para o legista.

Sim, senhor.

Avise o magistrado
e fa�a vir o da Cient�fica.

Moriconi! Um momento...

Experimente isto na porta.

Sim, imediatamente.

Funciona?

� exatamente esta.
Ele havia se trancado por dentro.

� culpa sua. Estava alterado.

Ele me ligou depois que voc� o acusou.

N�o.

N�o acho que poderia ir t�o
longe sem um motivo v�lido.

Agora v�. V� ali, no outro quarto.

O Engenheiro era ciument�ssimo
de seu escrit�rio...

...e mandou instalar
uma fechadura especial.

Existem mais destas chaves?
Sei l�, a secret�ria? Voc�, Pisani?

- N�o, absolutamente. Ele tinha a �nica.
- Isso n�o abre, Doutor.

- E?
- Suic�dio. Parece-me evidente.

- O que eu fa�o, for�o?
- Acalme-se. Calma, calma, Moriconi.

N�o nos deixemos levar pelo entusiasmo,
certo, Moriconi?

Abriu.

Aqui est�, a letra que faltava:
a Justi�a.

"Pague. Conv�m a voc�."

- Que significa isso?
- Vou explicar mais tarde.

E aqui... est� a faca.

Com isso, foram assassinados
Dom Giorgio e Giulia Pisani.

Sabe que suspeitei por um
momento que fosse a assassina.

Por que voc� n�o me contou imediatamente
sobre seu relacionamento com Dom Giorgio?

Achou que eu n�o entenderia?

Acredita que eu seja um homem
t�o insignificante para n�o...

Eu imploro, agora n�o.
N�o me repreenda agora.

Preciso tanto que me ame.

Morram!

A descoberta da arma dos dois crimes...

...na gaveta da mesa de Durantini...

...remove quaisquer d�vidas
residuais sobre sua culpabilidade.

Tamb�m temos a prova de que Pisani,
a v�tima, havia tentado chantage�-lo.

Mas o que, segundo o senhor...

...levou o Engenheiro Durantini
a se macular com tal...

Os ci�mes. Um ci�me absurdo,
est� claro...

...privado de qualquer
fundamento na realidade.

V�-se que em sua mente formou a
ideia de que sua esposa o estava traindo.

- Com a primeira v�tima, Dom Giorgio?
- Nisto est� o absurdo do seu ci�me.

Entre a senhora e o sacerdote
havia uma amizade normal.

Como... como entre colegas.

Sobre isto, todas as
testemunhas est�o de acordo.

S� que o marido, obcecado
pelo ci�me, provavelmente tinha perdido...

todo controle da realidade.

Em outras palavras,
ele teria ficado louco.

N�o h� outra explica��o.

Com a entrevista concedida
pelo Comiss�rio Boito...

...conclu�mos a parte
de nossa transmiss�o...

...dedicada aos acontecimentos...

- Al�
- Oi.

Oi.

- Voc� me viu?
- Acabei de desligar.

- Est� vindo me ver?
- Complicado.

N�o, amor,
realmente n�o consigo me mover.

- N�o vai me dizer nada?
- Sobre o qu�?

- Eu estava bem?
- Oh, sim, claro.

At� contei uma mentira.

Por mim,
tamb�m poderia ter dito a verdade.

Mas imagine se o fizessem dizer na TV
que aquele padre estava dormindo comigo.

Agora est� sendo injusta.
Fiz isso por voc�.

Obrigada ent�o.
Mas sim, melhor assim.

- Para mim, � algo terminado.
- Gostaria que fosse assim para mim tamb�m.

Est� come�ando de novo? Voc�
me prometeu nunca mais falar sobre isso.

Se me ama de verdade,
deve esquecer Dom Giorgio tamb�m.

Mas eu te amo, voc� sabe. Bem,
nos vemos amanh�. Boa noite.

- Tchau.
- Tchau.

Adeus.

CADERNO DE FERRUCCIO BALLATI

Tema. Lembran�a de Dom Giorgio.
Desenvolvimento.

- Veio me buscar?
- Sim, se quiser.

Mas primeiro devo falar com voc�.

Pare, Ferruccio!
S� quero falar com voc�!

Ferruccio, pare!

Venha aqui!

Para onde est� correndo, Ferruccio?
Pare!

Ferruccio!

Aonde est� indo, Ferruccio?
Pare! Pare!

Para onde est� indo?

- Ai!
- Est� bem.

Assim aprende.
Pronto.

Voc� � um est�pido! S� queria dizer que
vou me casar com o Comiss�rio Boito.

E decidimos adot�-lo.
N�o vai dizer nada?

Pelo menos est� contente
por estar aqui comigo?

Temos que fazer um trato,
n�s dois. Est� me ouvindo?

Voc� n�o precisa se levantar
t�o cedo. Est� de f�rias.

N�o gostou do meu presente?

Eu quero os patins.

Agora estou indo � cidade.

N�o, voc� n�o sai desta casa!

N�o, Ferruccio!
Tem que respeitar o trato!

Cuidado com o fio.

O que est� fazendo?

Vou lhe mostrar.

Voc� fica aqui.
Ver� que jogo bacana.

Abra para mim, por favor?

- Fui bem?
- Sim, muito. Mas o que isso significa?

Assim se pode matar uma pessoa
e fazer parecer que, em vez disso,...

...ela se matou.

E como sabe disso?

Encontrei neste livro.

Estava em seu quarto.
Ficou brava?

Voc� � muito inteligente, Ferruccio.

Muito, realmente.

- Devo abrir, senhora?
- N�o, vou abri-lo.

Des�a para os preparativos,
que j� est�o chegando.

Pior para voc�.
Ferruccio.

Aqui est� o rascunho da reda��o.
E disse que n�o o tinha feito.

Voc� � um filho da puta.
Voc� � um chantagista.

Isso � o que voc� �.

Eu vi tudo.

Eu vi quem matou o padre Giorgio.

Orchidea!

Orchidea!

Onde est�?

Estava procurando Ferruccio.
Quem vai saber onde se enfiou...

N�o deixar� jamais de me surpreender.

Vamos nos casar e voc� pensa em Ferruccio.

O que � isso,
voc� o ama mais do que a mim?

Vamos l�, somos esperados l� embaixo.

Sentem-se.

Se � sua firme inten��o...

Se � sua firme inten��o contrair
o sagrado v�nculo do matrim�nio...

...juntem suas m�os...

Voc� fez bem. Agora pode ir.

Ah, � assim? N�o tem mais nada a me dizer?

Como pode se comportar desse modo?

N�o tenho mais nada a
dizer e me comporto...

...como me dita minha consci�ncia.

Deve me deixar em paz, entendeu?

As cartas, voc� poderia t�-las enviado,
em vez disso veio aqui.

Para me provocar...

Mas agora basta. V� embora!

Saia desta igreja.

Em nome de Deus, saia.
N�o quero mais v�-la

Mas eu preciso de voc�! Eu imploro,
n�o me deixe! Eu te imploro!

Est� louca? N�o v� que estamos na igreja?

V� embora! Saia!

Com voc� acabou! V� embora!

Voc� �...

...imunda.

- � a Giulia, ent�o? � a Giulia!
- V� embora!

Meu Deus, nos perdoe!

Ferruccio?

Ferruccio!

Ferruccio? Ferruccio!

Meu Deus...

Ferruccio...

Foi ela... foi ela.

Orchidea...

Ela queria me matar
com a inje��o de ar.

Fique tranquilo agora.

Venha.

Isso.

Voc� agora fica aqui. Fique
calmo e procure descansar.

- Est� bem?
- E Orchidea, o que vai fazer?

N�o se preocupe.

N�o fa�a mal a ela.

N�o.

Eu prometo.

Doutor, o que aconteceu? Todos
est�o o esperando na igreja.

Orchidea.

Orchidea!

Adeus, Ferruccio.
Venha nos visitar algum dia.

Adeus.

Ent�o vai se casar, certo?

Bem, isso... vamos ver isso, sim?

Venha, suba.

Vamos.

For�a, pequenino!

No momento,
h� muitas outras coisas a fazer.

Em primeiro lugar, tenho que o ensinar
a andar de motocicleta.

Ei!

E tamb�m temos que comprar
uma bela dentadura para o Anselmo.

Voc� me disse em meio �s l�grimas:

"Voc� vai me esquecer, voc� � jovem"

Vinte anos para sorrir

Vinte anos para amar

Voc� me disse em meio �s l�grimas:

"Deixe-me em paz, viva"

Vinte anos para se lamentar

Vinte anos de dor

Ent�o voc�,

voc� disse que voltaria,

me levaria com voc�

e nunca mais me deixaria.

Agora n�o tem mais l�grimas,
� sempre bela e jovem...