All language subtitles for Jan Saudek • Trapped By His Passions No Hope For Rescue [2007]_PT

O verdadeiro esp�rito de um indiv�duo
que o seu talento influenciou a hist�ria

normalmente se mant�m inexplic�vel.

A excepcionalidade de seu legado
est� lado a lado

do modo que o difere
dos reles mortais.

E mesmo tendo um contato direto,
n�o os entendemos apesar do fato

deles terem atingido
milh�es de pessoas.

Este filme � minha vis�o pessoal

do esp�rito de um fot�grafo
revolucion�rio que � uma pessoa extraordin�ria.

Apesar de ser apenas mais
uma vis�o em meio a milhares,

faz sentido tentar.

Apresentam

Um filme supostamente verdadeiro de
Adolf Zika

Quando a guerra acabou, n�s
retornamos por uma terra em ru�nas,

de um campo para crian�as na Pol�nia
onde est�vamos sem nossos pais.

No caminho vimos coisas terr�veis
que pareciam n�o ter fim.

Eu achei que eles atirariam
em meu irm�o e em mim.

Imaginava se doeria.

Eu lembro como nossos soldados queimavam
alguns soldados alem�es at� a morte.

Eles os penduravam por uma perna em um
poste, e jogavam gasolina sobre eles.

Que gritavam: M�e, M�e!

Mas logo ap�s isso o sol saia

e eu vi algo que talvez
n�o era para eu ver t�o cedo.

JAN SAUDEK

PRESO POR SUAS PAIX�ES,
SEM ESPERAN�A DE SE SALVAR.

"G�nio ou czar?"

"Saudek ainda choca"

"�ltima mostra de Saudek"

"Adeus Jan"

"Saudek provocador..."

Algum babaca agarrou o Ministro
da Cultura na Pra�a Da Velha Cidade

para arrast�-lo at� a Galeria Nacional. Mas ele disse:
"N�o, estou indo ver o trabalho do Saudek"

E o babaca respondeu:
"Mas isso � pornografia!"

Isso � simplista. Por que isso
venderia por milhares de d�lares

se voc� pode comprar uma revista porn�
ou um filme por 10 d�lares?

Uma vez perguntei a uma colega de trabalho,
a qual eu estava mais do que trabalhando junto,

o que era arte e ela disse:
"Arte � absurdo."

Essa � uma bela defini��o.
Vamos ficar com ela.

Eu n�o apoio o triunfo
da raz�o.

Isto � urina
da minha camela doente.

Ergo minha ta�a de vinho georgiano
por sua sa�de, St�lin.

Est�dio de Jan Saudek
abaixo da torre da TV Zizkov

Esse � o verdadeiro cocktail.

-Jan, meu corpo inteiro...
-Sim, amo voc� toda.

-Espere.
-Ok?

Eu amo e quando amo eu me
embanano todo.

Eu sempre fui assim.
J� era hora.

Senhoritas, tenho um projeto.
E quero fazer essa fotografia...

Voc�s ficar�o sobre mim e despejar�o
este vinho sacramental

que eu roubei de uma igreja,
da sacristia.

Eu adoraria ficar cego
por um instante. Oh, assim.

Jan, como foi sua inf�ncia?
Louvada por todos?

N�o houve nenhum louvor.
Foi a pior �poca da minha vida.

Minha juventude n�o foi muito melhor
mas eu esqueceria minha inf�ncia com ela,

porque as pessoas se iludem achando
que esse per�odo de impot�ncia,

depend�ncia e humilha��o tem
algo de belo. E n�o tem.

Mas o fato mais triste �
que ainda crian�a,

eu me lembro exatamente,
j� com 8 anos de idade,

que eu j� desesperadamente desejava
uma mulher como algo fundamental.

Mas na �poca n�o era poss�vel
concretizar esse desejo

que era mais forte do que o caos
da guerra e seus atos horrendos.

Eu parecia muito infantil
e tamb�m por minha timidez inata,

nenhuma mulher ou garota queria me dar.

Eu me lembro quando a guerra estava
acabando, v�amos o ex�rcito russo avan�ar.

Eles mentem sobre isso at� hoje.
Ningu�m tinha consci�ncia de nada.

Todos estavam b�bados, at� os garotos
alem�es que defendiam o Reich.

A �nica diferen�a era que os russos
bebiam vodka e os alem�es schnapps.

Mas por outro lado, era profissionais
contra garotos, pelo menos no fim.

E haviam muitos no ch�o.
Nunca mais vi tantos mortos assim.

Onde voc� esteve durante a guerra?

Em Praga, mas no final eu fiquei em um
campo de concentra��o para crian�as...

na Pol�nia. Haviam crian�as do
Protetorado da Bo�mia e Mor�via

selecionadas para experimentos m�dicos
por aquele perverso Dr. Mengele.

Um fato peculiar e maravilhoso que
se poderia at� fazer um filme

era que todas as crian�as eram g�meas.

Agora eu percebo que n�o havia
nenhum filho �nico e nem trig�meos.

Isso era bizarro, mas � um
detalhe muito curioso mesmo.

Onde estavam seus pais?

Meu pai estava com seu �ltimo irm�o,
que ap�s a guerra morreu de tifo,

em Theresienstadt,
na pris�o de l�.

E minha m�e se virava em algum lugar
no interior com seus parentes.

Meu relacionamento com meu irm�o?
Sem d�vida, o maior amor da minha vida.

N�o se pode ser comparado ao amor
por mulheres e crian�as,

at� mesmo por meus filhos. N�o se pode comparar.
Era um amor absoluto,

puro,
e excepcionalmente forte.

Meu irm�o era mais famoso, mais talentoso,
com uma perseveran�a de atleta.

-Ele era melhor em tudo.
-Voc�s inspiravam um ao outro?

Bastante. Desde crian�a n�s nos
comunic�vamos em nosso pr�prio dialeto,

incompreens�vel para os outros.

Nossa rela��o durou muito tempo,
at� cada um se casar, � claro.

As mulheres est�o por tr�s de tudo,
elas nos separaram.

� um questionamento constante,
se em uma encruzilhada

dever�amos escolher apenas um caminho,
ou tentar outros tamb�m.

Correr em todas as dire��es
traz surpresas.

Ele deveria ter feito uma outra escolha
porque era um artista talentoso.

Ele deveria ter escolhido seu
trabalho e sacrificado sua fam�lia,

assim, como eu fiz,
pois n�o me arrependo disso.

Sim, isso demanda alguns sacrif�cios,
mas eu n�o fiz nenhum,

e n�o gosto de dizer isso,
pois n�o � nada estim�vel.

Livrei-me de alguns fardos
pelo caminho,

o que me permitiu conseguir
alguma coisa da vida.

Para mim, ele � a prova viva

que o amor n�o � eterno e que
sua energia vai para outro lugar,

ela sai de nossas m�os, e ent�o
n�o sobra mais nada,

fica apenas uma marca.

-O que � isso?
-� meu irm�o.

Eu o tenho secretamente preservado.

Eu n�o fiquei com o resto dos ossos para
parecer que ele foi decapitado,

bem, ele perdia a
cabe�a �s vezes.

Agora perdeu de vez.

Este � Yorick, o bobo da corte de "Hamlet".

Oh, irm�o,
n�o posso estar com voc� agora.

Mas quero que voc� seja lembrado para sempre
como um belo garoto de cabelos pretos,

muito melhor do que eu.

Agora que voc� est� indo,

voc� parece t�o assustador.

N�o posso ir at� voc�,
mas nos encontraremos algum dia.

Apartamento de Jan Saudek
em um pr�dio de concreto em Zizkov

-Ol�.
-Onde est�o todos?

Estar�o logo aqui. Apenas alguns rapazes
est�o aqui. Cheguei cedo.

-Aqui...
-Um pr�dio de concreto

dos anos 80, mas pelo menos
voc� tem um elevador novo.

-Novinho. -Bacana.
-Novo e incrivelmente devagar.

Posso lhe garantir que corro
muito mais r�pido do que o elevador.

-Subindo as escadas.
-Fa�o isso sempre e nem sou lisonjeado.

-Voc� tem um jardim bot�nico aqui.
-Sou bot�nico. -� lindo.

Deixe me trancar a porta
porque algu�m poder�...

-Parece uma esp�cie de floresta aqui.
-...perturbar aqui.

-E os papagaios, onde est�o?
-Os papagaios s�o apenas uma grava��o.

Tem um ali.
Eu vejo um.

Aqui � onde voc� pinta,
no corredor?

Sim, eu pinto a� fora
e vivo aqui.

Esta � minha �gua. Estava se afogando
em uma banheira, esta senhora.

Ela escorregou e desmaiou, indo
para baixo da superf�cie d��gua.

-Quando voc� come�ou a colorir?
-Em 1948.

-Em 1948 voc� come�ou a colorir fotos?
-Sim.

Mas eu n�o sabia que a foto
deveria ter um tom s�pia, marrom.

Primeiro voc� alveja a foto, e depois
a mancha com sulfeto de s�dio.

Isso � feito h� mais de 150 anos.

Mas voc� tem de arejar a casa
toda por horas,

porque grandes doses de sulfeto de
hidrog�nio s�o liberadas,

o que imagino que n�o seja saud�vel.

Mas se eu tivesse de me importar
realmente com o que n�o � saud�vel...

Levaria muito tempo para concluir
a produ��o final de uma fotografia.

Ok, minhas queridas, vamos indo.

Tchau, garotas.

Johana Saudkova -
esposa de Kaja Saudek

A primeira esposa de Jan ia pra escola
com Kaja e era apaixonada por ele.

Kaja tinha o h�bito de passar todas
as mulheres que conhecia para Jan.

E Jan imediatamente se mudou com
Marie Geislerov� e se casou com ela.

Jan queria ter um lar,
uma fam�lia, mas tamb�m queria divers�o.

Por outro lado Kaja n�o queria
ter uma fam�lia, ele queria liberdade.

Samuel Saudek -
filho mais velho de Jan Saudek

Meu pai � um homem de meados do s�culo
e na �poca, talvez

pela falta de outras formas de
divers�o, era um nobre dever

satisfazer toda mulher
que demonstrasse interesse.

No contexto dos dias atuais
as coisas s�o um pouco diferentes.

Voc� acredita que poderia ter
um casamento est�vel e perfeito?

Acreditei nisso por umas duas semanas
at� come�ar a trair minha esposa.

Claro que quando ela descobriu
depois de uns anos,

ela me puniu direitinho,
afastou-se de mim, privou-me de muitas coisas,

mas fez a coisa certa porque
qualquer mulher faria isso,

e eu deveria ter aprendido e n�o
me metido em nenhum outro caso.

Mas eu fiz novamente e continuarei
fazendo at� o fim da minha vida.

Jan Saudek retorna no dia de seu
72� anivers�rio

para o lugar
de sua primeira mostra

em 1964 no lend�rio Teatro da Balustrada.

Por favor, desliguem seus celulares.

Senhoras e senhores, Jan Saudek.

Ol�. Sempre sonhei em
voc� tirando fotos de mim.

-Por que voc� n�o veio?
-Eu n�o sabia como fazer.

-Voc� � de Praga?
-Sou. Podemos arranjar algo?

Fechado. Voc� est� livre hoje?

-Sempre terei tempo para voc�.
-Isso diz tudo. Espere um segundo.

O que voc� bebe?

Eu normalmente n�o bebo,
mas beberei com voc�.

Bem, eu bebo muito. Ent�o, voc�
ficar� s�bria e eu beberei.

Isso diz tudo.
Mais uma quest�o.

Vamos com mais uma pergunta
antes do intervalo.

Ol�, eu tamb�m estou livre
esta tarde.

-Eu tamb�m!
-Voc� tamb�m?

Vamos fazer uma orgia.

Voc� sabe quantos filhos leg�timos
e ileg�timos voc� tem?

Quatro s�o leg�timos e o resto
voc� os conte.

Quatro s�o ileg�timos. Mas meu favorito � o �ltimo.
N�o sei se ele est� aqui.

Est� l� atr�s, sentado,
deitado, dormindo e bebendo.

Deitar e dormir, � o mesmo que vou fazer
em breve. Vou deixar isso como um pretexto...

Se apenas uma mulher devesse restar
no mundo, quem seria?

Hum, isso � uma coisa s�ria.

Gostaria que fosse a minha filha
ca�ula que cumpriu pena na cadeia.

Ela � uma boa garota agora, tem dois
filhos saud�veis, e est� esperando um terceiro.

Deve ser uma menina.
Assim, eu a deixaria sobreviver

porque ela traria uma nova crian�a
para o mundo, e ainda bem que seria uma menina.

Eu posso fazer meninos, mas meninas
s�o muito mais dif�ceis de fazer.

Sr. Saudek, voc� ainda rouba as
namoradas de seus netos?

O que voc� quer dizer com roubar?
Ningu�m pode TER uma mulher.

Elas s�o t�o livres e imprevis�veis que
�TER uma mulher� � uma besteira.

Foi me permitido olhar para elas como
se estivessem em um pedestal, assim � melhor,

mas eles tamb�m n�o T�M nada.
As pessoas me questionam:

"Escute, Jan, voc� � muito galinha" -

Eu vivo em Zizkov � "Quantas vagabundas
voc� j� teve?" Eu conto:

"uma, duas, tr�s, quatro, cerca de
quinhentas."

Voc� se tornou um fantoche nas m�os
da ambiciosa Sra. Sara?

Sou um brinquedo nas m�os de uma vi�va.
Vi�va, depois de mim.

Estou quebrado novamente,
sem carros, sem telefone, nada,

mas eu salvei minha vida e
minha bunda cabeluda.

Suas fotografias s�o s�rdidas
e depravadas, elas s�o horr�veis.

Mas at� que voc� faz algumas
fotos que ainda s�o publicadas.

Voc� brinca com a libido das pessoas
por raz�es comerciais ou por deprava��o mesmo?

Tenho sido depravado desde o come�o.
Mas eu n�o vendo as fotos.

Voc� deve culpar Saudek.com por isso.
Eu nem possuo os negativos.

Agora fa�o coisas "horr�veis" que nunca ir�o
alcan�ar a excel�ncia feita durante a minha juventude,

assim, como eu nunca irei correr t�o
r�pido como fazia quando era jovem.

Sim, essa � a exata classifica��o.
Elas s�o s�rdidas e depravadas,

mas por alguma raz�o
as pessoas carecem de coisas "ruins".

Em algumas discuss�es escutei que
voc� promove a feiura e o ceticismo.

-Oh, isso me deixa triste.
-Voc� acaba de responder,

mas ainda estou interessado em saber
o que voc� pensa sobre isso.

Uma pessoa jamais pode ser
realmente feia a menos que desista.

Eu acredito profundamente que retrato as
pessoas com respeito, admira��o e humildade.

Eu jamais faria uma fotografia
que nos retratassem em nossa verdadeira

mis�ria, humilha��o ou pervers�o.

O abuso �... estranho para mim.

Ap�s a apresenta��o no teatro
Jan se calou,

e n�o se comunicou
por mais de um m�s.

Por fim, avisou o diretor por um bilhete

e decidiu continuar com o filme.

Jan? Jan?

-Sim, sim, sim.
-Jan, voc� est� aqui? -Aqui.

Casa de ver�o de
Jan Saudek em Mokrovraty

-Ent�o, estou aqui.
-Olha s� para voc�.

-Depois de um m�s.
-Cara! -Ol�.

Como vai?
Est� tudo bem?

Oh sim, mas esque�o r�pido das coisas.
Em minha idade posso fazer isso, tranquilamente.

Voc� nos deu trabalho.

-Tudo est� perdoado. Vamos, entre.
-Obrigado.

Eu pensei bastante
se minhas fotos

exaltam ou glorificam a
repulsividade e a feiura,

mas eu n�o vejo as pessoas desse jeito.
Eu as vejo com respeito

e tento retrat�-las desse jeito.
E se algu�m v� isso de um modo diferente,

ent�o a feiura est� em seus olhos,

assim, como a beleza est� nos
olhos de quem a v�.

Se as fotografias que fa�o, que j� dizem tudo
sobre mim n�o s�o o bastante,

ent�o eu mesmo n�o sou interessante
nem essencial.

Qual foi o per�odo mais
dif�cil da sua vida?

Eu sinto que o pior, para minha grande surpresa,

foi durante os 7 anos na d�cada de 1970,
vivendo num por�o. Foi horr�vel.

At� passei fome �s vezes,
n�o que eu poderia morrer,

mas geralmente eu s� tinha
p�o e geleia barata para comer.

Mas aprendi muito a partir da�.
Realmente, foi uma �poca de pobreza,

mas � isso mesmo que estimula a pessoa a
sair daquele tipo de situa��o,

e foi o que eu fiz.

-Voc� n�o ganha dinheiro com as fotos?
-N�o. Talvez outros ganhem.

No exterior eles vendem c�pias
de meus cart�es e posteres, mas eu n�o.

Ainda n�o.

Voc� disse que teve de abrir m�o de
muitas coisas na vida,

de muitos relacionamentos para
conquistar o que voc� conquistou

e chegar onde voc� est� hoje.

O que foi mais dif�cil?

Mais que tudo, sinto falta das
crian�as que foram tiradas de mim

como puni��o por meu comportamento.
Isso n�o � nada incomum.

Aconteceu comigo como acontece
com outros ad�lteros.

Sinto muita falta de meus filhos.
Isso me assusta muito,

e se eu tiver mais filhos
ficarei com eles o m�ximo que puder,

assim, n�o terei que chorar por eles.

Bem, vou contar para voc�s, pessoal

As not�cias n�o s�o t�o boas.

Bem, vou contar para voc�s, pessoal

As not�cias n�o s�o t�o boas.

Ela disse: Sua querida o deixou

E desta vez ela vai embora para sempre.

Hmmm...

Matej Saudek -
ca�ula de Jan Saudek

-Que contraponto mel�dico!
-Uau.

-Que contraponto mel�dico!
-Voc� realmente � muito bom.

-N�o tire sarro de mim.
-N�o, s�rio.

Minha relut�ncia em aparecer em p�blico
s� aumenta e se fortalece mais.

Fico cada vez mais e mais receoso.

Fico apavorado com a
companhia das pessoas.

Fico preocupado em ser ridicularizado,
ou at� mesmo apanhar.

Uma vez assisti a um filme

em que uma gaivota se alimentava
em um lix�o.

Fiquei profundamente tocado por aquilo.

Eu me considero um andarilho
solit�rio

que n�o deveria incomodar
as pessoas com sua exist�ncia.

Eu queria, Jan, te perguntar se voc� j� tentou
se abrir completamente com algu�m.

Com certeza.

Sim, sinto que enquanto mais envelhe�o
vou me tornando mais honesto.

Tento contar a verdade para todos.

Para as mulheres que digo amar
sou muito honesto.

J� disse isso algumas vezes esta semana...

Mas ao dizer a palavra tantas vezes,
voc� a degrada.

...mas naquele instante eu
realmente as amo,

naquele instante estou �vido,
perturbado e encantado.

Voc� percebe que �s vezes � cruel?

Hum hum, sim.

-Voc� n�o se importa?
-Tento.

Pergunto onde est� a moral,
ou onde come�a o tabu...

A moral � feita pela fam�lia?

-N�o apenas pela fam�lia, mas...
-Ou com quem � familiar?

Lembro-me de quando era bem jovem,
eu acariciava o meu irm�o.

O que n�o seria t�o mal assim se...

Estou tentando chegar aos filhos,
se for a� que a moral se encontra.

Se eu me apaixonasse por
um de meus filhos,

e o filho sem ser coagido

desejasse fazer amor comigo,
eu faria.

� uma resposta boa o bastante?

-Certamente.
-Considere respondido, ent�o.

Bem, o �udio vai ser cortado agora, n�?

-Voc� � atra�do pela beleza masculina?
-Claro.

Voc� acha que � natural
para os artistas?

� natural para todos, mas n�s
que n�o queremos admitir.

Voc� j� se apaixonou ao ver
um belo corpo masculino

que voc� quisesse acariciar como
um corpo feminino?

Espere, n�o � um belo corpo
masculino que me atrai.

O corpo n�o precisa ser "bonito",

caracterizando-se por ser magro e musculoso.

N�s somos guiados pelo faro,
e � por meio disso

que me deixo ser levado, e � assim que posso
ser atra�do pela beleza masculina.

-Voc� j� esteve com um homem?
-Claro.

N�o sei direito a �poca, se foi nos anos 70 ou 80
que voc� come�ou com a fotografia �pornogr�fica�...

Comecei a fotografar um porn� leve com um
�self timer� (disparador autom�tico),

porque era um bom momento para eu tentar fazer isso.

Da�, a partir dos anos 70,
que comecei a fotografar um porn� mais pesado,

e tamb�m usando o �self timer�.
Sendo mais expl�cito,

voc� podia ver tudo.

Bra�o na manga,
pinto no ninho.

Voc� se lembra o dia em que Sara
apareceu pela primeira vez em sua vida?

Lembro-me muito bem.

Desde a primeira vez que a vi, ela me pareceu
incrivelmente bela.

Apesar das for�as policiais estarem
dispersa supostamente, eu pensei,

pelo menos aquela bela mulher
poderia estar me espionando.

Sara Saudkova - ex-namorada e
empres�ria de Jan Saudek

Cruzei com algumas fotos suas

e depois com fotos dele mesmo,
e foi assim que me apaixonei.

Eu acho

que uma pessoa que realiza fotos
t�o incr�veis e divinas

deve ser como elas, porque o
artista � refletido em seu trabalho.

Ent�o, fui procurar esse cara,

para ver como ele era,
o que fazia. Eu queria conhec�-lo.

Ele estava obviamente se escondendo.
Ele pensou que sob aquele nome,

meu primeiro nome atual, estava uma outra garota
a qual se promete o C�u e a Terra,

e claro, ele tinha suas raz�es
para se esconder dela.

Ele tinha receio de que eu fosse a garota
de quem ele estava se escondendo

e como eu n�o desistia, ele
acabou desistindo.

Ele se armou com um monte de namoradas
para que n�o ficasse com medo

no caso de haver alguma
confronta��o. Eu entrei,

ele tinha me convidado. Ele me disse
onde poderia ach�-lo.

Ele esperava outra pessoa
e eu entrei.

Eu sabia de cara que o destino
me ajudaria chegar at� ao topo.

Mas se eu falhasse l�, cairia profundamente.

Quanto mais alto, maior a queda.
Ent�o n�o interessava.

Esses v�rios anos, mais de 10 de fato,
foram marcantes.

Eu tinha uma parceira que me ajudava
extraordinariamente com meu trabalho.

N�o tinha a ambi��o de viver com Jan,
nem mesmo de unir nossas vidas.

Sequer pensava nisso, e talvez por causa
disso que acabou dessa forma.

Eu n�o ia l� com o objetivo
de seduzi-lo.

Apenas deixei a natureza
seguir seu rumo.

Ela veio at� minha casa, e havia
duas mulheres sentadas na cama.

E acho que uma n�o estava
totalmente vestida.

Desde o in�cio ela teve de saber o
que aquilo significava. Ela se sacrificou

muito tamb�m, porque eu n�o sabia nada
sobre a trajet�ria de sua vida emocional.

Mas ela sabia que trilharia um caminho
tortuoso por alguns anos.

Ela me parecia t�o perfeita que eu
pensei que ela deveria ter aquele nome.

Ent�o, ela mudou seus dois nomes.

Ela carrega o nome com honra.

Johana Saudkova -
esposa de Kaja Saudek

Sou grata quando algu�m ostenta o nome Saudek,
mas isso acabou virando uma desgra�a.

O nome dela era Sarka Smesna, um nome rid�culo,
mas que � bem comum na Mor�via.

E tamb�m � um nome muito
respeit�vel l�.

Sara Saudkova � ex-namorada
e empres�ria de Jan Saudek

Logo depois de nos conhecermos,
ele me levou para Amsterd�

onde ele tinha seu agente na �poca.

Eu levei maliciosamente
uma mala velha e pequena.

Talvez, Jan, ainda deva ter a mala escondida
em algum lugar. Ele nunca a abriu

e a mala ficou em seu est�dio.

Era como...
Era como um sinal do destino.

Na minha opini�o ela era um encanto tremendo,
muito bonita e jovem. Ela tinha 24 anos.

E eu s� estava l� com ela para mostrar

que as holandesas n�o s�o as garotas
mais bonitas de todas,

e que ela era muito melhor do que elas.

Em um lixo, baratas do mau
Cagaram e mijaram em um dedal

Depois elas fugiram sem d�
Para jogarem �Escravos de J�

Depois de mais de 30 anos
Jan Saudek retorna ao por�o

em que passou os sete anos
mais dif�ceis de sua vida.

O que ele n�o podia ver de sua janela
ele via atrav�s de suas fotografias.

Isso, posteriormente,
tornou-o mundialmente famoso.

-Aqui est� ele, sim.
-142.

Espere, tenho que tirar uma foto disso.

-Vamos.
-Ent�o este � o lugar?

Sim.

-N�o me parece nada familiar. Est� todo roxo.
-Como era aqui? Est� muito diferente?

Est� terr�vel. � aqui, mas estava
bem diferente nas fotografias.

Mas a janela � original.
Posso ver resqu�cios da antiga pintura.

Em cima morava uma vizinha,
que um dia me atacou.

-Onde?
-Naquela janela. Talvez ela ainda esteja l�.

-Querida, voc� est� aqui! -Ol�.
-Voc� n�o mudou nada.

Mas eu sim, eu mudei bastante.

N�o lhe vejo faz tempo.
A Sra. Kubcova ainda mora aqui?

Sim, mas amputaram a sua perna,
por isso ela est� no hospital.

Coitada. Estou contente em te ver.

Supostamente algu�m mora l�
agora, ou deve ser uma oficina,

mas parece muito melhor.
Antes era horr�vel...

-Que ano era?
-1970 at� 1977.

Pode passar, passe.
Continue, continue. Aqui.

-Ah�, assim que era...
-Aqui � bem no in�cio.

Aqui.

-Vamos ver.
-O que restou?

Pelo menos uma chamin� da destilaria
ainda est� de p�.

Imagine todo o �lcool que deve
ter sido fabricado ali.

N�o devo estar engando. Sim, � aqui.
Ainda � usado, as pessoas passam por aqui...

Atrav�s disso, voc� reconhece?

Apenas reconheci, n�o devo estar
errado. Este � o caminho.

Estou vendo isto depois de
50 anos. Mas � este o caminho sim.

Olha, daqui que tinha a vista para o c�u.

Talvez, fosse um pouco mais para baixo.

Aqui n�o � t�o interessante assim, n�o �?
Voc� esperava ter alguma sensa��o especial?

-Tem certeza que voc� n�o estava em
outro lugar? -Sim! Era aqui! -T� bom.

N�o sei se ele estava � minha direita,
ou � minha esquerda... Assim.

-Deixe-me ficar aqui.
-� aqui.

Isso mesmo,
esse � o horizonte.

Esse � o horizonte.

-Por isso que ningu�m encontraria.
-Agora n�s encontramos, e � lindo.

-Quem est� na motocicleta?
-Meu irm�o Kaja.

E aquele homem ali... saindo do rio?

-� voc�?
-Sim. � um auto-retrato.

Qual � a sensa��o de voltar
a esses lugares?

Bem, s�o lugares bacanas.
Mas s� isso.

-Quem � aquela garotinha?
-A que espera seu terceiro filho.

-Sua filha?
-A criminosa, sim.

A boa e velha criminosa.

Eu pintei o que n�o pude ver
durante anos.

Marie Saudkova -
filha mais nova de Jan Saudek

Eu n�o pude ver uma �rvore
por todos esses anos

e agora eu tenho essa grande
necessidade de sempre pintar �rvores.

Pintar um c�u, um rio e tudo aquilo que eu tinha
perdido, aquilo que o ser humano realmente precisa,

porque se voc� apenas ficar olhando para uma
parede cinza em um p�tio de pris�o,

isso te faz sofrer muito, e ent�o voc�
quer ver um c�u, andar na grama.

Por isso pinto sempre as mesmas coisas,
mas quando eu me cansar de tudo isso,

continuarei, pois sei que isso � o suficiente.

Marie cumpriu 3 anos e meio devido
a seu v�cio em hero�na.

Jan n�o aceitou isso muito bem e
nunca a visitou na pris�o.

Demorou muitos anos at� eles se
reencontrarem.

-Voc� acha que ela amava mesmo Jan?
-Absolutamente.

Primeiro, ela era fascinada por ele.
E ela era o achado dele.

Ela era uma garota do interior
que dormia em um dormit�rio na faculdade,

Johana Saudkova -
esposa de Kaja Saudek

e que de repente, muda para um
ambiente completamente novo.

Ele a cortejava muito,
por sempre ter gostado de ruivas.

Ent�o, ele foi o seu grande admirador.

Sua personalidade tem v�rias caracter�sticas, mas algumas
realmente podem te ferir, mesmo que ele negue isso.

Entretanto elas podem ser perdoadas
devido a tudo o que ele passou em sua vida.

Ele possui v�rias qualidades pelas
quais se pode admir�-lo e am�-lo.

Por�m, ao mesmo tempo, ele pode

se revelar um grande canalha, o que te faz odi�-lo.

Mas mesmo assim, misturando seus v�rios lados,
ele � uma pessoa impressionante.

Meu marido me disse isto quando Sara
e Jan ainda eram um casal.

Kaja me disse:
"Jan n�o dorme com ela."

Eu disse: "Que isso! Ent�o, como eles
podem ser t�o apegados um ao outro assim?"

N�s costum�vamos caminhar e Kaja sempre me dizia:
"Eles n�o dormem juntos!"

Eu pensei:
"Deve ser apenas especula��o do Kaja."

Acho que a raz�o porque Jan
n�o tinha uma vida amorosa com ela,

era porque ele dormia com outras mulheres...

Ele possu�a muitas qualidades femininas,
e agrade�o a Deus por isso.

Se n�o fosse assim,
ele n�o conseguiria penetrar

t�o profundamente a alma de uma mulher,
como fazia embaixo de suas saias.

Sara tolerava isso, levava na esportiva,
mas na verdade...

Ela era jovem e queria ter
um futuro.

E continuar com o nome
Saudkova...

Voc�s alguma vez pensaram em
ter filhos?

N�o.

Voc� acha que ele pensou nisso?
Que gostaria?

Nunca conversamos sobre isso,
n�o que evit�ssemos,

apenas nunca consideramos isso, porque
depois Jan me explicou

que nos am�vamos tanto, que �ramos t�o
felizes apenas n�s dois,

que n�o precis�vamos de um filho.
E era verdade mesmo.

Ela saberia que se tivesse outro homem,
e tenho certeza disso,

e que n�o fosse do sangue de Jan,
ele a expulsaria sem d� de sua vida.

Ele poderia ser muito impiedoso.

Quando voc� conheceu Samuel?

-Voc� se lembra?
-No mesmo ano em que conheci Jan,

mas na �poca Samuel era
tido como um enteado.

Conhe�o-o h� tanto tempo quanto Jan,
mas de um modo diferente.

Voc� gostou dele desde o in�cio
ou foi diferente?

Voc� acha que voc� e ele
poderiam ser...

Na �poca ele ainda era casado
com lda, Samuel...

N�o pensava em nada,
mas havia gostado dele.

Samuel Saudek -
filho mais velho de Jan Saudek

Quando Sara mostrou
algum interesse,

fiquei surpreso, porque meus
instintos b�sico n�o ficaram velados...

Ent�o, de repente, percebi
que era uma boa investida.

O que por um lado n�o
poderia ser moralmente poss�vel,

eu via bem claramente.

Voc� se lembra do dia que em que lhe contou
que voc� esperava um filho de seu filho?

Sim, tenho uma mem�ria p�ssima, mas alguns
detalhes ou momentos da vida me recordo bem.

Como ele reagiu?

Naquela tarde ele descansava
em seu est�dio ap�s uma festa,

alguma garota ou mulher tinha
acabado de sair de l�.

Cheguei e disse
que tinha uma novidade para ele.

Disse que esperava um filho.

Ele estava despertando de sua
sonol�ncia de uma forma t�o delicada,

e sorrindo disse:
"Um filho acabar� com n�s."

Lembro-me bem disso.

Bom, n�?

Fotografando Dominiky � uma vis�o
supostamente verdadeira - c�mera A

Por enquanto, ela est� um minuto atrasada.
Bem, ainda n�o conhe�o a garota

mas atrasar � um terrorismo
o qual eu n�o posso tolerar.

Ent�o, em 4 minutos eu irei escrever
para ela que esperei por 15 minutos,

e darei uma chance, esperando l� fora para ver

se ela chega em menos de 13 minutos,

mas a� acho que n�o irei a convidar
mais para posar.

Dois minutos, veremos.
Acredito que ela vir�...

porque n�o ser� de gra�a.

-Ol�.
-� meu Deus, voc� ainda � uma crian�a.

Voc� tem pelo menos 15 anos, n�?

Tenho mais de 21. Ol�.
Sou Dominiky, prazer em lhe conhecer.

-Sou Soudek. Por favor, entre.
-Soudek?

Lubomir Soudek, sente-se.
Irei lhe servir uma bebida.

-Tem um ros�?
-Sim.

-Ent�o eu gostaria de um pouco...
-Voc� parece mesmo rosada.

-Sente-se, trarei o vinho.
-Obrigada.

-Fique � vontade.
-Vou esperar, obrigada.

Logo voc� estar� cochilando. Menores
de idade n�o podem consumir �lcool.

-Eu disse que j� tenho 21.
-Desculpe, voc� �...

-Velha, eu sei...
-Voc� n�o � muito jovem.

-Sente-se para eu lhe dizer algo...
-Vai beber comigo?

-Adoraria, mas normalmente s� bebo
quando isso leva a algo.

Alguma vez voc� j� posou despida
para uma c�mera?

-Infelizmente n�o ou felizmente?
-Eu sempre fotografo assim.

-Seremos pudicos com isso ent�o.
-Preparei-me um pouco para isso.

Como voc� vai fotografar quando
estivermos sozinhos?

Boa pergunta. A c�mera tem uma
coisa chamada �self timer�,

e agora eu sei o porqu� que eles colocaram
isso nela j� h� 100 anos atr�s.

Assim, n�s a usaremos e ningu�m
ouvir� ou ver� nada.

Certo, ent�o estou pronta.

� isso.

�timo.

Fotografando Dominiky � uma vis�o
supostamente verdadeira - c�mera B

-Ol�, sou Dominiky, prazer em lhe
conhecer. -Belo nome, belo rosto.

-Deixe-me lhe dizer algo...
-Vai beber comigo?

Adoraria, mas normalmente s� bebo
quando isso leva a algo.

Vou fumar, tr�s tragos j� bastam.

Espere, n�o posso colocar
isso na minha boca.

-Descanse. -Est� agrad�vel.
-Temos que nos preparar.

-Provavelmente sou a mais jovem aqui.
-Oh, sim. -Sou a mais jovem em todo lugar.

(C�mera) -Cuidado para ela n�o cair.
-Ela est� �tima, Bob!

Nasci em 1986,
sou tigre no hor�scopo chin�s.

-E eu sou porco. Hipop�tamo no...
-Um tigre e um porco. Ent�o, vou te pegar.

-Sim, pegue-me.
-Essa � uma parede linda...

(Diretor) -Bob, vire a c�mera.
-Linda! Linda!

Jovem e linda!

Sim? Com licen�a, c�mera!
Em 1, 2, 3, j�!

-N�o seria melhor da...
-Vai ser uma �tima foto.

Eu estou t�o... muito...

Eu te amo!

-S� ser� n�s dois.
-Sou muito t�mida. -N�o parece.

-E voc� tamb�m n�o vai aparecer.
-Espere!

Apenas sua bunda vai aparecer.
E s� eu estarei com voc�.

-E da� eu acho que...
-For�a!

Qual o seu signo em nosso hor�scopo?
Vou adivinhar: Sagit�rio?

-C�ncer n�o �, � Sagit�rio mesmo, o arqueiro.
-E que arqueiro!

-Tentarei acertar a jovem senhorita.
-Voc� � Sagit�rio, certo?

-Sim.
-Espera... Vai me acertar?

-Sou um p�ssimo arqueiro.
-Voc� � realmente um arqueiro?

-N�o, o que foi?
-Sou �ries.

-T� bom, sou Touro.
-Touro? -Nascido em Maio.

-Ent�o, vamos nos preparar.
-Devo tirar minhas roupas tamb�m?

-Ainda n�o, todos sair�o.
-N�o vou esperar.

-Vou focalizar.
-Saiam todos.

-Apenas a equipe ficar�.
-Tudo bem, focalize nela.

Bacana, enquadre eles.

-Posso chamar aquele garoto?
-Pode.

-Devemos ensaiar antes ou...
-Vamos fazer direto.

(Diretor) Vou sair e te chamarei.

-Esperem um instante.
-� o corpo de um mocinha.

Vire-se, voc� � mesmo uma mulher?
Claro que �.

-Estamos no centro?
-Perfeito.

Click, click, click...

-�timo. Bacana.
-Voc� � maravilhosa.

Perfeito, obrigado.

Seu namorado � o homem
mais sortudo do mundo.

-Ele � um puta de um sortudo.
-Mas espero que voc�...

Espero que voc� me convide
para a estreia do filme.

-De que maneira?
-Essa � uma bela cena. Fotografe.

-Fale com o diretor.
-Espero que ele me convide tamb�m.

-Voc� j� est� convidada!
-Quero por escrito.

Mas n�o posso escrever isso,
s� o diretor aqui que pode.

Espere, n�o posso colocar
isso na minha boca.

Provavelmente sou a mais jovem aqui.

Agora estou com c�ibra na
outra perna. J� passou.

Esses dois anos quando sua esposa estava
viva, Sara n�o era nada.

Mas no momento que Marie Sr�mkov� faleceu
e Sara come�ou a demonstrar que era

companheira de Jan tamb�m, foi a� que
iniciou a separa��o entre Jan e Kaja.

Isso � minha opini�o,

porque eles se comportavam como um casal

e todos os enxergavam desse jeito.

Eles viveram juntos a vida inteira,
e de repente, Sara queria ser a N� 1.

Talvez, Jan queria isso tamb�m,

e pensou que o �nico modo de
conseguir isso seria eliminando Kaja.

Ele tocou a nota certa dentro de mim,

pois foi capaz de aceitar minhas convic��es.

Eu vivia do jeito que queria,
sem ser for�ada a nada.

Ela foi treinada por Jan e via tudo
atrav�s de seus olhos.

E ela gostava muito disso.
Um outro ponto,

� que quando eles conviveram juntos nesses
dois primeiros anos, que ele ainda era casado,

Jan confidenciava muitas coisas para ela,
dizia-lhe suas adversidades com a mulher.

Uma mulher, sendo esperta,
e Sara era,

nunca cometeria os mesmos erros,

n�o iria chate�-lo com as mesmas
coisas que as de antes o chatearam.

Ela trouxe a ess�ncia de algo novo para Jan
e ele gostava disso.

Eu n�o fui l� para colocar as
coisas em ordem,

mas quando eu vejo bagun�a, minha
natureza manda limp�-la,

porque sen�o voc� n�o
consegue encontrar nada.

-E era um caos assim?
-Jan, evidentemente, vivia no caos.

As pessoas viviam pedindo coisas que tinham
lhe emprestado, mas ele nunca as achava.

De repente, depois de alguns anos,
ela mudou completamente.

Ofereceram a ela um ensaio er�tico,

e foi assim que ela perdeu o
medo das pessoas.

E al�m disso, acima de tudo, ela �
incrivelmente perseverante e ambiciosa.

Ele � uma pessoa que manipula
uma c�mera muito bem,

mas Jan n�o � como um homem de
neg�cios que administra e calcula.

Ele acha essas coisas chatas
e banais, mesmo sendo dif�ceis.

De forma alguma ele usaria terno
e gravata, se sentiria perdido.

Em 1989 Jan Saudek j� era
reconhecido mundialmente,

mas em seu pa�s ainda era
desconhecido.

A Revolu��o de Veludo lhe
trouxe fama absoluta,

mas tamb�m a total perda
de sua privacidade!

A chamada revolu��o de fato n�o ocorreu,
apenas as gravatas mudaram de pesco�os

e os chefes, que eram um pouco
mais jovens e bonitos agora.

Mas o que ela realmente fez

foi acabar com aquele medo
onipresente que existia,

porque eu receava que as
for�as policiais chegassem

e tomassem todos os meus negativos,
pois eu sempre acreditei

que os agentes estavam interessados
na "pornografia" que eu produzia.

Mas apenas as pessoas do exterior que
estavam interessadas e queriam obt�-la,

por isso eles revistavam os
estrangeiros que estavam de partida.

E o ano de 1989 definitivamente me permitiu

fotografar quase tudo o que eu tinha
receio de fotografar at� ent�o.

Ent�o, eu tive liberdade total para
fotografar, principalmente, cenas de amor.

Depois de 1989, voc� produziu
bastante fotos um tanto quanto

tristes e at� col�ricas. Alguns
veem nelas menos vitalidade

do que aquelas de seus per�odos
anteriores. O que aconteceu?

A energia da juventude n�o pode estar
nelas, isso seria mentir.

Tenho de ver este mundo com os
olhos de um homem mais velho.

N�o posso fingir ter 25 anos, apesar de
minha apar�ncia f�sica assemelhar isso.

Na fotografia, eu poderia retratar
crian�as e a alegria juvenil,

a maternidade ou a paternidade, mas
n�o acredito muito nisso.

Na verdade, continuo "marginal",
vivo uma vida bem modesta,

voc� sabe como � livre o meu
modo de viver e aproveitar a vida.

E esses �ltimos anos e meses,
considero os melhores de minha vida.

� P�tria!

� P�tria e ao �lcool!

T� bom por hoje.

Essa foto sempre me fascinou muito mesmo
e isso � dif�cil de acontecer.

Acho que � a maneira de desde o come�o ela me assustar.

Mesmo para mim foi dif�cil de tir�-la,
levou um ano.

Antes tive que perder o meu medo
e a garota sua vergonha, naturalmente.

H� uma hist�ria por tr�s dela?

Ainda com 8 meses de idade, ela queimou
metade de seu corpo com fogo.

E a dor que ela teve que
suportar foi enorme.

Mas eu queria dar uma resposta
para Joel-Peter Witkin,

que no meu ponto de vista as pessoas s�o
bonitas e eu acredito que ela � bonita.

At� ela mesma se achou bonita.

Da� ela foi embora e nunca
mais ouvi falar dela novamente.

T� fraco.

H� 60 anos atr�s n�o costumava ser assim.

Sara ir� destruir todos n�s.

Acredite,
Sara ir� destruir todos n�s.

Todo mundo � filho da puta.

Por que n�o fazem rolhas
de pl�stico?

Mas Sara Saudkova
� uma fot�grafa tamb�m.

Ela est� torturando a sua fam�lia
com isso?

-Assim como Jan os "tortura".
-Claro que eu os torturo.

Eu sou a sem vergonha que chantageia
as pessoas e tenta roubar suas almas.

Porque eu preciso roub�-las
nas fotografias,

de uma forma r�pida.
Eu as sugo, sou uma vampira,

mas eu fa�o isso de um modo
elegante, com um sorriso...

-E Samuel?
-N�o com um sorriso de idiota.

Com o sorriso de um v�bora.
Sou uma v�bora que sorri

e friamente mira e ataca.

-A Ordem dos Cavaleiros.
-Sempre quis ver isso.

Irei colocar no meu peito nu.

-N�o.
-RED HOT me fotografou assim.

Vai machucar um bocado.

Posso tocar?

Foi presente do Prefeito Chirac, ele �
presidente agora, mas n�o por muito tempo.

Viu como consigo manter a ordem?

Obrigado.

Isto � tudo o que posso te mostrar.
O que voc� pode me mostrar?

-Nada na verdade.

N�o posso nem imaginar se
fosse diferente,

porque se eu tivesse um filho
com Jan,

iria privar Jan de mim.

Eu iria prend�-lo a algo que
ele n�o quereria.

Ele n�o gosta de compromissos e
obriga��es, pois leva tudo muito a s�rio.

Eu me devotaria � crian�a e ele
odiaria ser ignorado por mim.

Ele ainda � uma crian�a.
H� um menino em Jan.

Ele � um homem ideal. Um homem
que continua a ser menino � �timo.

Ent�o voc� precisa de outro
homem para tomar conta da casa.

Ou eu o faria se comprometer
a cuidar da crian�a.

Tenho certeza que
ele adora crian�as,

mas seria um pecado colocar
tal fardo sobre ele, ent�o Samuel...

N�o que eu tenha o escolhido
s� por isso,

para ser pai de meu filho.
Foi completamente espont�neo.

Mulheres t�m sangue frio.
Elas procuram ser calculistas

e definitivamente s�o mais fortes que os
homens, conseguem enxergar mais al�m,

e seu papel principal � tomar conta
da prole, � o que Sara faz.

E se no caminho algumas cabe�as
rolarem e tudo desmoronar,

n�o interessa, v�o morar em quitinetes,
isso n�o � o essencial.

Eu sempre tentei levantar a
autoconfian�a de Jan

para que ele n�o duvidasse de si
mesmo, porque ele n�o precisa disso,

mas ele tem essas "minhocas",
e n�o tem confian�a em si mesmo.

Por�m, ele se mostra t�o arrojado
e presun�oso,

mas por dentro tem uma alma
muito vulner�vel e sens�vel.

E s� Deus sabe se toda essa libertinagem
� realmente ele ou somente uma pose.

Ele n�o se abre verdadeiramente porque
tem medo da enxurrada de emo��es

que sairia dele, todas essas
l�grimas, amor e �dio,

isso faz parte do amor e ele
teme isso, teme o amor real,

e a responsabilidade e a dor.

Acho que ela nasceu para o sucesso
e nada supera o sucesso.

Mas ela atravessou uma longa jornada
em 15 ou 16 anos.

Uma garota t�mida, sem
autoconfian�a,

de 24 anos, tornou-se
uma orgulhosa m�e de muitos,

e em minha opini�o, tamb�m uma
�tima fot�grafa profissional.

Eu lhe desejo do fundo do cora��o toda sorte
do mundo, mas nossos caminhos se separaram.

Por um tempo eles seguiram juntos,
e da� come�aram a se afastar,

e eventualmente, n�s iremos
para dire��es completamente diferentes.

Posso imagin�-lo amando
profundamente um c�o,

uma p�tria.

Ele amou seu pai porque era
paparicado todos os dias,

e talvez ame alguns de seus filhos, mas
mais de um modo distante do que verdadeiro.

Ele � uma pessoa muito singular.

Sara e Jan n�o se veem
oficialmente h� mais de um ano,

o contato deles se limita a cartas,
fax e mensagens de texto.

Mesmo assim, ela ainda
� sua �nica empres�ria,

e propriet�ria dos direitos
autorais das fotos de Jan.

Mostra de Sara Saudkova

N�o � meu...

N�o �, hum, de quem � ent�o?

-Quem disse isso?
-Espalharam um boato.

-Somente para voc�?
-Sim

-Ele � feio e tem uma cabe�a de cone.
-Voc� est� brincando.

Voc� fala com cada gente
estranha.

Com Sara, Sara � uma av�.

-Ele � meu cunhado, n�o?
-�, seu cunhado.

N�o, ele � o tio.

-Abra os olhos.
-Ele n�o quer.

Senhora, vamos come�ar.

Sinceramente, estou muito
emocionada e feliz.

Eu lhes dou as boas-vindas na noite
da abertura da mostra �Formas de Amor�.

"Deixe-me te dar mais um conselho:
N�o se case.

Encontre um homem bonito
e se amem,

mas acredite em mim,
casamento n�o � para voc�..."

Ol�, trouxe sua boneca.
N�o iremos precisar mais.

-Acho que esperava outra pessoa.
-Cuide-se. �Voc� tamb�m, tchau.

Diga-me, quando foi que
Jan mais riu na vida?

A vez que ele mais riu que eu vi, foi quando
descobriu que sua conta banc�ria estava vazia.

Pavlina Hodkova -
namorada de Jan Saudek

-Quando isso aconteceu?
-H� cerca de um ano e meio.

O que aconteceu?

O dinheiro desapareceu. E Jan falou:
Quem pegou o meu dinheiro?

-Aonde foi parar?
-Ningu�m sabe.

N�o posso dizer a onde foi parar
porque o dinheiro n�o � meu

e n�o posso culpar ningu�m.

Olho para essas fotos despretensiosas
e mal feitas.

Esque�o-me como as fiz,

mas uma coisa eu lembro claramente,
n�o as fiz por dinheiro.

Nem mesmo aquela infeliz janela,
tamb�m n�o a fiz por dinheiro,

porque eu n�o tinha previsto de
forma alguma que havia dinheiro ali.

Mas ele veio e j� se foi novamente.
Vem f�cil, vai f�cil.

Mas esteve l� certa vez,

ent�o posso dizer com satisfa��o
que por algum tempo,

n�o muito, fui um homem rico.

Pode parece banal
falar de trabalho, certo?

Quando se trabalha, pode se ver
os marcos feitos no �ltimo ano,

administrar o neg�cio do
Saudek.com, j� que voc� perguntou,

significa, acima de tudo,
acreditar nele.

N�o uso palavras como amor
e felicidade constantemente,

porque elas se desgastam, mas n�s
�ramos realmente condizentes,

pois eu tenho muito tra�os masculinos
e Jan tra�os femininos,

que se encaixam como o Ying e Yang.

Voc� n�o fala sobre felicidade.
Se voc� insiste em proclam�-la

� como se voc� tivesse hasteado uma
bandeira branca aclamando ''Socorro,

h� algo errado comigo.''

Tenho de sair dessa pobreza, pois me sinto
como algu�m de uns 20 e poucos anos

que quer comprar fraldas para
seu filho rec�m-nascido.

-O que est� pintando?
-� uma cruz, rel�gio...

Para ser honesto, � bobagem,

mas ent�o eu sempre vendo,
isso vender� dessa vez tamb�m.

Quando come�ou a pintar?

Mais seriamente quando eu tinha 27 anos.

Se tivesse escolha, voc� seria
um fot�grafo ou um pintor?

Pintor � claro, mas acho
que n�o tenho o talento certo.

Como voc� avaliaria suas fotos?

Cria��es sinceras,

como um cr�tico disse: "Fantasias
in�teis de um velho."

O que ele disse � verdadeiro,
mas eu n�o aceito o �velho�.

-Seu irm�o comenta as pinturas?
-Ele n�o gosta delas.

-Na verdade ningu�m gosta.
-Mesmo assim continua pintando?

Pinto, porque posso viver disso.

Eu vendo essas pinturas.

Por que as pessoas disp�em a gastar
tanto dinheiro com seus quadros?

Gastam milh�es em quadros, ent�o porque
n�o gastar 50, 60 mil com os meus?

Querida, estou te avisando, voc�
deixou minha �ltima esposa em um

caix�o e voc� se lembra de como ela
estava com uma express�o de raiva.

Agora voc� est� no lugar dela e quer
a mesma coisa para mim, eu morto,

e isso n�o � legal. Nem voc�, e nem
eu podemos conviver com isso.

Mas eu n�o vou
te dar essa alegria.

N�o vou te dar esse prazer.
A morte chegar�, � certo,

mas at� l� estaremos separados
por milhares de anos-luz.

-Jan? Temos de ir.
-Ah, sim.

Acho que ele o ama. Quero dizer,
ele ainda n�o sabe disso.

-O beb� ou Jan?
-O beb�

Acho que o beb� o percebe, e sente isso.

Jan tem suas d�vidas, n�o tem certeza se
algu�m pode ter sentimentos t�o fortes assim

em um tempo t�o curto.

Mas quase sempre,
Jan prepara seu banho, quando pode.

Pavlina Hodkova -
namorada de Jan Saudek

E assim, conversa com ele,
cuida, abra�a...

Ele se diverte?

Conhece l�rio-de-maio?
Que at� as folhas s�o venenosas?

Cemit�rio judaico,
Praga - Olsany

� como na �A Dan�a dos Vampiros�

em que o judeu pobre
est� no caix�o do conde.

Meus pais foram transferidos com a Tia
Schwarzkopf, sabe? Aqui est�o,

mas meu irm�o acha que n�o
faz sentido vir aqui.

Meu pai n�o sabia dan�ar ou cantar,
mas era um homem aut�ntico.

Sei cantar, dan�ar e mesmo assim
me acho uma farsa e uma bosta.

Ele era uma pessoa muito especial. Por
isso penso mais nele do que nos outros,

com meu irm�o tamb�m � assim. Meu
pai me ensinou a buscar o horizonte,

que n�o podemos parar nunca,
e as estradas existem para isso.

Seu �ltimo casamento terminou
tragicamente, sua esposa cometeu suic�dio.

N�o!

-Ela morreu de forma inexplic�vel...
-A anterior a essa que se matou.

Sim.

E o motivo do suic�dio foi voc� a
atormentando? Isso te preocupa?

Gostaria de dizer que a maioria dos
parentes dela se enforcaram,

desconfio que na parte de seu pai,
isso era uma esp�cie de h�bito.

Mas fui acusado disso
e tomei essa culpa s� para mim,

mas quando eu a ver novamente
irei humildemente me desculpar.

Acho que na fam�lia de Jan as pessoas s�o
mais respeitadas e visitadas ap�s a morte.

Assim que algu�m falece,
sempre � visitado no cemit�rio.

� reverenciado e lembrado, mas
quando est� aqui ningu�m se importa.

A pessoa recebe mais aten��o
no momento em que parte.

Sobre a mulher da qual
voc� � vi�vo,

voc� pode dizer que ela se
torturou at� a morte?

� isso, mas at� ouvi
que eu a envenenei,

mas isso � exagero,
n�o fui t�o longe assim.

Sim, ela estava aflita, e
realmente se torturou at� a morte.

N�s �ramos verdadeiras inimigas,

e eu que a coloquei em seu t�mulo,
e durante a cerim�nia eles disseram:

"� o �ltimo adeus
de uma m�e."

Eu amava muito essa garota.

� ela que a Sara sepultou...

Sua �ltima esposa?

Sim, como voc� pode ver,
ela viveu uma vida curta.

A segunda esposa de Jan, Jana, de quem
teve dois filhos, cometeu suic�dio.

Sua terceira esposa, Marie Sr�mkov�,
morreu de falecimento m�ltiplo de �rg�os

quando sua filha Marie tinha
15 anos.

-Com que frequ�ncia voc� vem aqui?
-Sempre.

-Definitivamente toda semana.
-S�rio?

No caminho para c� eu tamb�m visito
minha ex-sogra que me odiava,

meus pais, e possivelmente,

se tiver tempo, deixo algumas flores
no t�mulo de Jan Palach,

que est� no cemit�rio que
visitamos anteriormente.

-Essas duas mortes assombram voc�?
-Sim.

� habitual essas mulheres aparecerem
deterioradas e em vestidos rasgados,

insinuando que eu devesse segui-las.
Todo caminho at� o fim.

-Voc� sente culpa?
-O tempo todo. Mas lembre-se,

seja o que for que voc� fa�a em sua
vida, voc� sempre ir� se arrepender.

Se eu ficasse no meu primeiro casamento
e me comportasse bem,

eu me odiaria por todas as
coisas que eu teria perdido.

� coincid�ncia que sua �ltima esposa
tenha uma l�pide aqui?

-N�o, eu queria assim e estou
satisfeito, pois penso muito nela.

E hoje fotografaremos sua filha
para alguma funda��o,

de gra�a novamente. J� est� quase
na hora e estou realmente ansioso

por n�o apenas ver seu t�mulo, mas
para ver como ela era na flor da idade.

Acho que voc�s ir�o gostar.

Quando todos esses malandros estiverem
mortos, voc� estar� no auge de seus poderes.

E daqui a 100 anos nenhum de n�s
estar� vivo.

Porque estamos indo para Olomouc?

Por raz�es sentimentais.

Domingo 10/06/2007

Hoje, neste in�cio de manh�,

faz 50 anos desde que
eu disse adeus

para um amor de uma noite,
mas que foi t�o forte.

Voltei para Praga e ela
permaneceu em Mor�via

Na �poca prometemos em meio

a beijos e sussurros, no meio
do orvalho da manh�,

que ir�amos nos reencontrar l�, ap�s 50 anos,
se ainda estiv�ssemos vivos.

Se ela se lembrar disso ser� o
momento mais belo da minha vida.

Espero que ela me reconhe�a,
pois n�o me lembro de seu rosto.

Recordo apenas daquele momento
no in�cio da manh�.

Se tivermos sorte e por isso eu te
arrastei aqui comigo, registraremos

esse sonho se concretizando, algo que raramente
e dificilmente acontece, ainda mais comigo.

Foi uma hist�ria de uma noite apenas, e essas
geralmente s�o as mais fortes.

Infelizmente mulheres n�o gostam disso,
elas desejam uma hist�ria para toda a vida,

mas os homens n�o. Para mim foi uma
hist�ria de uma noite e uma manh� sem sono.

"Minha querida,
esqueci seu nome,

mas o lugar onde gostaria
de te reencontrar...

...ap�s tantos anos, eu jamais
esquecerei enquanto viver."

Eu sempre acreditei tolamente
que essa noite seria o meu reinado,

que iria me assediar,
que iria me ninar,

que na escurid�o meus defeitos
e feiura n�o seriam vis�veis,

que a noite iria me embalar
e me carregar.

Hoje tenho medo. At� mesmo os p�ssaros
se horrorizam com a luz do dia.

Talvez.

Nunca fui um p�ssaro,
mas queria voar,

e � noite, sonolento, eu consigo.

Estava voando, n�o muito acima do ch�o,
mas eu estava voando.

Mas ent�o veio a alvorada,
e naturalmente, o amanhecer,

e essa � a hora que todos nossos
belos sonhos v�o dormir.

Dolfie, diga-me...

Estou perambulando por aqui,
diga-me, voc� � desse meio?

-Sim, sou daqui.
-N�o, pergunte: Voc� � desse meio?

Amigo, voc� � desse meio?

N�o, eu sou mais desta ponta.

-Como voc� sabia da bituca?
-Passei por ela v�rias vezes.

N�o sei se alcancei algo realmente.

Eu sinceramente duvido.

Al�m do mais, na melhor circunst�ncia, as
fotos de um fot�grafo ainda s�o reconhecidas

mas nunca quem est� por tr�s delas,
o criador,

aquele que quer ser parabenizado,
e talvez, at� mesmo elogiado.

Eu tentei em toda minha vida, em minha
terra natal, desesperadamente alcan�ar algo.

E agora no fim,

receio que todo esse esfor�o

foi em v�o.

Nesse curto espa�o de tempo
enquanto eu olhava admirado

a bunda de uma mulher, minha vida
escorreu por meus dedos.

Em 1990 em Paris, Jan Saudek

foi o primeiro tcheco a receber,
ap�s a Revolu��o de Veludo,

a Ordem Francesa de Artes e Literatura.

Ele foi seguido pelo escritor B. Hrabal
e o ex-presidente Vaclav Havel.

Em 1992 a viuvez de Jan Saudek
inspirou a banda R.E.M.

que a mostrou em seu v�deo
"Losing My Religion".

Em 1998 Jan Saudek foi inclu�do
na fam�lia da Vodka Absolut,

sua foto Absolut Saudek juntamente
com sua entrevista

foram publicadas na revista
americana "Time".

Em 1998 a Rep�blica Tcheca abrigou
a �ltima mostra oficial de Jan Saudek.

Ele doou o lucro do leil�o,
quase 8 milh�es de coroas,

para transplantes de medula �ssea.

Jan Saudek publicou 20 livros
que s�o vendidos em todo o mundo.

O n�mero de livros, calend�rios e
posteres de Jan Saudek vendidos

j� superou a marca de um milh�o de
exemplares h� tempos.

Apesar de ser representado em v�rias
galerias e museus prestigiados

por todo o mundo, seu trabalho n�o se
encontra na Galeria Nacional de Praga.

O produtor formalmente requisitou
uma entrevista para o filme sobre Saudek,

mas o diretor da Galeria Nacional,

professor Milan Knizak, recusou.

Professor Milan Knizak � o segundo marido
da primeira esposa de Jan, Marie Geislerov�.

Ele criou os filhos de Jan,
Samuel e David.

O irm�o g�meo de Jan Saudek, Kaja Saudek,
devido a um acidente,

h� dois anos, entrou em um coma
que durou dois meses.

No momento, ele descansa em
uma unidade de tratamento intensivo

no Hospital da Universidade de Motol
em Praga.

Sua fam�lia ainda cr� que um milagre
ir� acontecer.

Kaja Saudek ainda � considerado o
rei dos cartuns tchecos.

Sara ainda � a �nica empres�ria
de Jan Saudek.

Ela tem tr�s filhos com o filho de
Jan, Samuel,

e vive na resid�ncia da empresa
Saudek.com

nas imedia��es de uma reserva natural.

Samuel ainda vive em seu apartamento
no centro de Praga.

Ele visita os filhos
e Sara constantemente.

Sara quer continuar a ter filhos
e permanecer m�e solteira.

Ap�s terminado o document�rio,
Jan se mudou de seu flat de 17 anos

para a antiga vila onde mora
com a fam�lia de sua filha Marie

que venceu o v�cio em hero�na.

Tradu��o: ceronte@yahoo.com
e olavocpa@yahoo.com.br

N�O SUBESTIME O PODER DO MKO!