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Certo.

– O que é? Como um...
– Não.

– Então...
– Sim.

Isso!

Sim, é isso.

Isso mesmo. Muito lindo.

Sim. Sim, é lindo.

Droga.

Espero poder passar...

Passar por esta fase.

Você conseguirá, CT.

Espero que sim.

Todos rezamos por você.

Muito obrigado, CT.

Obrigado, cara.

Agradeço a Deus por você.

Igualmente.

Não posso agradecer o bastante.

– Tudo bem.
– Por tudo.

Querido Justin,

desafios fazem parte da
vida, como você sabe.

Sua mente é um elemento poderoso.

Use-a para pensamentos positivos,

e aprenderá o que aprendi.

Acredito em seu talento,
e acredito em você.

Apenas lembre-se disto.

– Clark.
– Sim.

Foi Duke ou Conde Basie
que te deu esses sapatos?

– Foi o Duke?
– Sim.

Indo ao GRAMMY.

Ter um som reconhecível...

...é um dos atributos
mais importantes do jazz.

E nosso próximo homenageado é
instantaneamente reconhecido

por suas técnica genial, com
sensibilidade e balanço.

Ele possui o som mais feliz do jazz.

Portanto, animem-se comigo enquanto
celebramos o extraordinário Clark Terry.

A Academia com orgulho entrega o
GRAMMY Lifetime Achievement Award

a Clark Terry.

Obrigado.

Obrigado. “Deixaram um velho muito
feliz”, ele disse, e eu também fiquei.

Tenho 89 anos, mas continuarei
fazendo isso até fazer direito.

CASA DE CLARK PINE BLUFF, ARKANSAS

Ganharei dinheiro com um assopro!

Eu gostaria dizer que me considero
a pessoa mais sortuda do mundo

por ter o privilégio e a
honra de chegar aos 90 anos,

sentar aqui e desejar o melhor aos amigos
que me desejam um feliz aniversário.

Lembro-me de uma vez em que estávamos
num jogo dos Knicks em Nova York

e Dizzy Gillespie veio até mim.

Estávamos nos bastidores, esperando
para ele tocar o hino nacional.

Ele estava nervoso e nós
todos tentávamos consolá-lo.

Então ele disse: “Acho que
não sabe com quem se casou.”

Eu olhei para ele e falei:

“Sei com quem me casei. Me
casei com Clark Terry.”

Ele respondeu: “Clark Terry é um
dos maiores, senão o maior...

trompetista que já existiu.”

Ele disse: “Eu sei. Sou
Dizzy Gillespie, e eu sei.”

Clark Terry, o trompetista,
é, sem dúvida, para mim...

QUINCY JONES - PRODUTOR
GANHADOR DO GRAMMY 27 VEZES

...o primeiro da lista.

Ele solta algumas
notas e você já diz:

“É Clark Terry.”

ARTURO SANDOVAL - TROMPETISTA,
COMPOSITOR VENCEDOR DO GRAMMY NOVE VEZES

Ele era meu ídolo. Quem diria o contrário?
Ele era ídolo do Miles.

E certamente faz o blues como
qualquer cantor de blues...

...que já ouvi, mas você ri.

“Mumbles”...

É quase um personagem
que Clark inventou.

Não dá para entender nada que ele
diz, mas a gente entende tudo.

HERBIE HANCOCK - PIANISTA, COMPOSITOR
VENCEDOR DO GRAMMY 14 VEZES

A música dele é como...

MULGREW MILLER PIANISTA,
COMPOSITOR (1955-2013)

É como uma janela que leva
às coisas boas do passado.

FESTIVAL DE JAZZ DE MONTREUX

Quando se ouve Clark,
ouve-se a vida dele.

Só um mestre pode fazer isso.

E Clark é um mestre.

CIDADE DE NOVA YORK, 2010

Meu nome é Justin Kauflin.

Tenho 23 anos de idade e toco piano.

Indo pela Jay Street
para a Front Street.

Os últimos quatro quarteirões.
Vire para a direita.

Tenho morado aqui em Nova
York por cerca de três anos.

Nova York é como a Meca.

É o centro do mundo do jazz.

É onde preciso estar.

Antes de ir para a cidade,
eu não havia precisado

cruzar tanto as ruas. Cruzar
uma rua era assustador.

Mas consegui a Candy,
minha cão-guia.

Ela me ajudou muito a ter
a confiança que precisava

para andar sozinho pela cidade.

Quero ser um grande músico de jazz.

Se isso significar que
precisarei lutar para conseguir,

então é o que farei.

Mas, neste momento,
ainda sou um ninguém

tentando descobrir um jeito.

Aí está.

Quando era bebê, com
uns seis meses...

PHYLLIS KAUFLIN MÃE DE JUSTIN

...estávamos fazendo
uma foto familiar

e o homem queria fazê-lo
olhar para a câmera,

e ele não olhava.

Chama-se retinopatia exsudativa.

É um caso raríssimo.

Disseram que ele nunca
verá nada além de sombras.

Foi a época mais dolorosa
para mim como mãe,

porque era como um pesadelo.

E ele tinha um comportamento
muito positivo.

Era um bebê feliz.

Ele se saía muito bem,

porque corria e fazia coisas

que as outras crianças faziam.

Muito bem, Justin!

Fora não ver as coisas bem

a menos que chegasse muito
perto, eu era normal.

Toque devagar!

Nós sabíamos que ele
poderia perder a visão,

e então foi quando começou a
aprender braille por precaução.

FRANK KAUFLIN PAI DE JUSTIN

Mas ele trapaceava.

Isso foi logo antes de
ter perdido a visão.

Ele perdeu a visão na sexta série.

Quando finalmente perdi a visão,

não tinha mais videogames.

Não tinha mais o basquete nem podia
sair para brincar com meus amigos.

Isso foi perdido.

Quando isso se perdeu,
pensei: “O que tenho a faze?

O que posso fazer?

Fui para a escola e
agora estou em casa.

E agora?”

E meio que flutuei até o piano,

sentei-me nele e me apaixonei.

Aprender uma nova canção era
como adquirir algo novo,

quase como um brinquedo.

Foi realmente assim que comecei
a amar o que estava fazendo.

Conforme isso mudava para o jazz,
aprendendo sobre os músicos do jazz,

ele disse: “Queria que
acontecesse algo ruim comigo

– para poder tocar assim.”
– Cantar o blues.

“Para poder tocar assim.”
Olhei para ele e falei:

“Acabou de perder toda sua visão.

Não é ruim?”

Ele respondeu: “Na verdade não.
Não é como eles.

Eles passaram por tempos difíceis.”

Estou tão ansiosa.

Eu e Clark temos trabalhado na
autobiografia dele há 20 anos.

A prévia chegou e temos
editado o livro,

e eu o leio todas as
noites para o Clark,

e toda vez ele encontra
coisas que quer corrigir.

“Um dos membros brancos, cujos
nomes nunca soube disse:

‘Encontrei você caído
na lama fora da tenda.’

Ele disse: ‘Você estava
desmaiado, cara.’

E um mundo de homens brancos com
cara feia vieram com correntes,

facas, bastões e todas essas coisas.

E o cara assustador que tinham
como líder nos perguntou:

“Onde está o negro que
deixei caído na lama?”

Mas já tínhamos trazido você aqui.’

Procurei o homem branco
que veio ao meu resgate,

e demos as mãos.

Foi um aperto de mãos inesquecível.

Firme e caloroso, sem dúvida
ficou gravado em minha mente.

Você sabe como escrever, Clark.

O jeito com que conta histórias
faz parecer tão real.

Me senti como se estivesse lá.

Você se sentiu lá?

Eu estava lá.

Meu nome completo é Clark Terry Jr..

Nasci em 1920, em St.
Louis, Missouri,

na rua South Broadway, 6207.

Sou um entre onze crianças.

Éramos muito pobres.

Meu pai trabalhava duro.
Ele trabalhava duro.

Eu tinha sete anos
quando minha mãe faleceu

e sinto falta dela deste então.

ORQUESTRA DE DUKE ELLINGTON, 1929

Tinha cerca de dez anos quando ouvi
pela primeira vez a banda Ellington

e aquilo me maravilhou.

Depois de ouvir aquela banda,
quis tanto tocar trompete

que fiz um.

Então fui até o lixo,

encontrei um pedaço de
mangueira e o entortei.

Depois, peguei um velho
funil de querosene,

coloquei-o na ponta e
fiz um sino com ele.

Na outra ponta, peguei um
pedaço de cano de chumbo

e fiz a parte da boca com ele.

Claro que na época eu não sabia
que chumbo era venenoso.

Os vizinhos não gostaram
de todo aquele barulho,

então fizeram uma vaquinha de $12,50

e compraram um trompete de
verdade em uma loja de penhores.

Naquela época, não havia
livro sobre jazz,

então se quisesse aprender, era
preciso falar com os mais velhos.

JAZZ AO VIVO NITELY

E os mais velhos naquela
época não eram generosos.

Como um velho me falou:

“Filho, vá para casa praticar,
sente-se em sua cadeira,

com os pés descalços no
chão enquanto pratica,

e olhe no espelho,

mexa a orelha esquerda
e ranja os dentes.

Quando percebi que
aquilo era besteira,

decidi que se aprendesse
sobre o jazz,

não guardaria aquilo
em segredo de ninguém.

Minha cidade de St. Louis era conhecida
como a cidade dos trompetistas,

e os melhores tinham
cada um seu próprio som.

Aquilo era algo que
eu realmente queria.

A primeira grande apresentação veio quando
fui contratado pelo Count Basie, em 1947.

Era uma banda alegre.

Meu tempo com a banda Basie foi
como uma escola preparatória

para a Universidade de Ellingtonia.

APOLLO BANDA DE DUKE ELLINGTON

DANÇARINOS DE GEOFFREY HOLDER
CAVALIERS JACKIE MABLEY

Começamos esta parada com
um grande trompetista,

um homem que, nos círculos de jazz,
é considerado acima da média.

Clark Terry.

Minha década com Duke

foi como estudar com o grande
mestre todas as noites.

Sinto saudades da banda.

Uma das maiores honras da minha
vida foi ter sido escolhido

como o primeiro músico negro da NBC.

O SHOW DA NOITE, 1965

Uma nota é uma nota, e ela não
se importa com quem a toca

desde que a toque bem.

Não importa se é preto,
marrom, verde ou cinza.

Se tocar a nota bem, será aceito.

Clark Terry.

Clark foi recentemente incluído no
Hall da Fama Internacional do Jazz.

Deixe-me fazer uma homenagem
a este grupo de 1965,

A Orquestra do Count Basie,

Roy Eldridge, Ella Fitzgerald,
Dizzy Gillespie, Benny Goodman,

e Sr. Clark Terry.

E deram este prêmio em honra a...

down beat OCUPADO, PORÉM FELIZ
– CLARK TERRY

Muitos sonhos meus aconteceram.

Mas o que aprendi é
que os sonhos mudam.

COM 75, OLHANDO PARA O
PASSADO SEGUINDO EM FRENTE

Sempre achei que a coisa mais
importante fosse tocar meu instrumento.

Mas depois, tive um novo sonho...

Ellington certa vez disse o seguinte: “A
simplicidade é a forma mais complexa.”

E quanto mais envolvido você ficar,
descobrirá o quão importante

e bela a simplicidade é.

Ajudar novos músicos a
tornar seus sonhos reais.

Essa tornou-se minha
felicidade suprema

e minha maior aspiração.

UNIVERSIDADE WILLIAM
PATERSON NOVA JERSEY, 2005

Quando conheci CT pela primeira vez,
estudava na Universidade William Paterson.

E aí, cara?

Ele gerenciava algo
chamado Pequeno Grupo.

Nos encontrávamos uma ou
duas vezes por semana

e ele nos ensinava
incríveis padrões.

A banda Ellington pode tocar com as
três primeiras notas pronunciadas.

Justin, Oscar Peterson
me disse uma vez

que pianistas fazem a mesma coisa.

– Sabia disso?
– Eu não sabia.

Ele cansava a gente
naqueles ensaios.

Um, dois, três, quatro.

Aqui estamos nós, um monte
de rapazes de 20 anos

e esse cara de 85.

Depois de praticar por três ou
quatro horas na William Paterson,

levavam Clark de volta para casa.

Primeiro, eu cozinhava
e eles comiam.

Os tempos na casa do CT eram sempre
lições sobre a história do Jazz.

Ele nos contava sobre Ella
Fitzgerald e Billie Holiday.

Essas pessoas eram amigas dele.

PEQUENO GRUPO UNIVERSIDADE
WILLIAM PATERSON

Enquanto eu estava na William Paterson,
Clark estava perdendo a visão

e acho que estava tendo muita
dificuldade para se acostumar com isso.

Clark tem diabetes desde
o início dos anos 50.

São 60 anos com diabetes.

E um dos efeitos infelizes disso

é que sua visão tem
piorado nos últimos anos.

E aconteceu que

Clark conheceu Justin
durante esse período,

o que foi realmente uma bênção.

Clark se identificava com Justin e
Justin se identificava com Clark.

E acho que foi um laço

que iniciou uma bela
e profunda relação.

Justin Kauflin, é uma das
pessoas de quem mais gosto.

Linda pessoa.

Acho que ele é um dos
pianistas mais talentosos

que já caminharam na
face desta Terra.

Ele é fantástico.

Gwen e eu o amamos.

É como se ele fosse
um dos nossos filhos.

CASA DE CLARK EM ARKANSAS

– Sim.
– Ainda venho visitar CT

o tempo todo. Ele ainda
é meu professor.

Digo, às vezes passo
algumas semanas aqui.

O que aconteceria se você...

Sim.

Não, não esta.

Isso.

Sim, agora junte tudo.

Isso, isso.

CLARK TERRY PLAZA AO VIVO

Espetacular.

Sim, Candy.

Eu queria saber a letra toda disso.

Sim, rapaz. Um bom som.

Sim, é.

Estive pensando, CT.

Há mestres e há amadores.

Sim, é verdade.

E há muito mais amadores
do que mestres.

– Sim, é verdade.
– E tenho tentado pensar,

– o que realmente faz a diferença?
– Uma coisa é o desejo.

Desejo de ser excelente.

É preciso querer tocar
melhor que qualquer um.

É preciso se esforçar e dizer: “Quero
ser melhor que aquele canalha.”

Você sabe. “Farei o
melhor que posso.”

Algumas pessoas não fazem
o melhor que podem

e outras não dão a mínima.

Alguns não conseguem se
tentarem porque não praticam.

Não estudam o bastante.

Eles não se estudam o bastante.

Não sabem quais são as
próprias deficiências.

Isso é muito importante.
Conhecer a si mesmo.

É preciso se conhecer.

Saber quais são suas deficiências,

saber o que precisa melhorar,
e trabalhar nisso.

Que horas são?

São 1h35 da manhã.

– Oi, CT.
– Oi, Justin, como vai, garoto?

Vou bem. Prestes a voar aqui.

Muito bem. Ei, bebê.

Ela está querendo subir
e lamber a gordura.

– Muito obrigado, CT.
– Eu que agradeço, garoto.

Certo, CT, vá com calma. Eu te amo.

Tenha uma boa viagem. Amo você.

– Tudo bem, CT.
– Deus o abençoe. O caminho todo.

– Tudo bem.
– Toque até cair.

– Vou tentar.
– Certo.

Vou tentar.

Quando conheci Clark Terry,
eu devia ter uns 13 anos,

e havia um teatro lá
onde os famosos iam:

o teatro Palomar.

Eu ficava sentado e o
ouvia tocar, sabe?

Quando eu estava com o Pequeno
Grupo do Count Basie,

um garoto pequenino e magro

ia à nossa apresentação toda
noite e dizia para mim:

“Sr. Terry, meu nome é Quincy Jones

e gostaria de aprender
com o senhor.”

Ele era meu ídolo.

Na época, eu não sabia
nada e estava determinado

a ficar ao menos
perto daquele homem,

para ouvir qualquer coisa
que ele tivesse a dizer.

E ele era realmente pequeno e magro.

Era pequeno o bastante
para montar num galo.

Então eu disse: “Você vai à
escola e dorme durante a noite,

e eu estou acordando,
tocando nos clubes.

Quando vai à escola durante
o dia, eu estou dormindo.

Claro que é preciso ter muita coragem
para chegar em alguém assim,

mas era minha única chance.

Se eu não dissesse nada, talvez
nunca tivesse acontecido nada.

E ele podia ver que eu
estava determinado,

mas o importante é
que ele disse “sim”.

Quincy ia ao quarto
de hotel do Clark

pouco antes de o Clark ir dormir,

o que era pouco antes
de Quincy ir à escola,

e Clark dava aulas a ele.

Quincy foi o primeiro
aluno de Clark.

Onze anos depois, Clark
deixou a banda Duke Ellington

para juntar-se a Quincy Jones.

CLARK COM ORQUESTRA
QUINCY JONES PARIS, 1960

Ele ter deixado a banda de Duke Ellington
e vir à minha banda em Paris, nossa,

faz ideia da sensação boa que foi?

É a maior honra com que você
pode sonhar em toda a vida.

Eu disse: “Aqui está meu ídolo, meu professor.
Tocando na minha banda.”

Não pude acreditar. Digo,
não se esquece isso.

Não acredito que já
se passaram 65 anos,

sabe, desde aquele dia.

Muito bem.

Eu tinha ideia de como as coisas
seriam quando me mudei para Nova York,

e eu era ingênuo demais, talvez.

Achei que seria de um certo jeito.

Queria ser um acompanhante, tocar
com muitas bandas diferentes,

e isso não aconteceu
por causa da cegueira.

Achavam que não podia aprender as
músicas, chegar às apresentações

ou que seria um peso, diferente
de alguém que poderia aparecer.

Não tenho mais dinheiro...
basicamente.

Não posso me colocar nessa situação

porque não posso sair
e arrumar um emprego.

Mas é meio esquisito. Parece que é

o último dia na escola
ou algo desse tipo.

Arrumar as coisas, ir para casa.

CASA DOS PAIS DE JUSTIN
VIRGINIA BEACH, VA

Candy, cadê seu brinquedo?

Candy, vá buscar!

Anda.

Largue-o.

Alô?

– Ele está com muita dor?
– Acho que sim.

– Disseram que dói em várias partes.
– Essa não.

Sério, disseram que planejavam

voltar para o hospital. Foi só isso.

Caramba...

Acho que é a circulação.

Porque era exatamente esse
o problema dele, certo?

As pernas dele estavam
sem circulação,

e acho que é bastante comum pessoas
com diabetes perderem membros.

TERRY, C ALERTA DE
CONTROLE DE INFECÇÃO

PERIGO DE QUEDA

Clark tem um machucado no
pé que não quer curar.

É um problema comum
quando se tem diabetes,

a circulação.

Ele veio ao hospital para
vermos o que precisa ser feito.

– Oi, Justin.
– Oi, CT, como vai?

– Cara.
– Candy. Olá, bebê.

– Oi, Candy.
– Está abanando o rabo feito doida.

Candy, sente-se. Isso mesmo.

Estamos de volta a Virgínia agora.

Tiramos tudo do apartamento.

De volta para casa. Voltei
para casa com a família...

Voltou com meu amigo, vovó.

Sim, isso mesmo. Sim, cara!

Acho ótimo quando alunos
dele estão por perto,

porque ficam falando sobre música

e a mente do Clark se abre.

– Ei, Justin.
– Sim?

Pode praticar algumas
notas com os dedos.

Faça algumas vezes comigo.

Dois, três, quatro.

Continue tocando.

Vamos.

Não, estou ouvindo fazer...

“Lah” em vez de “dah”.

Seja o que for que
faça musicalmente,

faça bem.

E qualquer outra coisa que
precisar fazer na vida, seguirá.

Porque funciona desse jeito.

Os médicos querem que Clark experimente
tratamento com oxigênio hiperbárico.

É uma câmara de oxigênio.

Faremos nosso melhor.

Estávamos passando o tempo,
e Mulgrew estava lá,

e você estava ensinando-o um som.

– Mulgrew Miller?
– Sim, lá mesmo,

você estava ensinando-o este som.

– O velho som que eu amava?
– É um velho som, sim.

Sei exatamente o que quer dizer.

É uma palavra. Tenho certeza
de que é uma palavra.

Estou tentando pensar no som.
Adoro esse som.

Navegar? Tinha a ver com uma brisa?

– Brisa. É isso!
– Brisa!

– Você acertou em cheio!
– Tudo bem, encontramos.

Brisa

Você roubou meu coração

Sim.

Quando acordei nessa manhã

Ela havia ido

Brisa

Traga meu amor de volta para mim

– Este é o som!
– É um belo som.

Ainda quero tocá-lo e
ninguém o conhece.

– Precisa aprender para mim, Justin.
– Eu vou. Aprenderei.

– Tudo bem.
– Sim.

Que horas são agora?

Espere. Pegarei isto...

– São 2h35 da manhã.
– 2h35.

– 2h35?
– Da manhã.

Traga meu amor de volta para mim

Sim.

VIRGINIA BEACH, VIRGÍNIA

Sim, estamos indo ao médico agora.

Só para fazer exames de rotina.

Que droga. Virei cedo demais.

– Maldição.
– Quando minha mãe faz algo errado,

é tipo o fim do mundo. “Essa não!
O que vamos fazer?”

Eu digo: “Vire. Não tem problema.”

– Sério?
– Sim, porque você surta.

Vai ter um ataque do coração.

Alô?

Sim.

Como vai?

Ótimo. Isso é... Certo, tudo bem.

Irei para casa praticar, então.

É do Monk Institute.

– O quê?
– Do Monk Competition.

– Mesmo?
– Sou semifinalista.

O quê?

Thelonious Monk.

É uma competição.

Certo, demais. Eu deveria lhe
dar alguns detalhes agora.

Sou completamente cego e
ando com um cão-guia.

Então, só... sim, sim.

Só para lhe dar uma informação.

Tudo bem. Muito obrigado.

Tchau.

Já me sinto mal.

Não consigo ir bem em competições.

– Não vou bem.
– Justin.

Não, olha só. Posso ver seus nervos.

Sim, estou surtando.

É o que acontece quando estou nervoso.
Eu tremo.

Igual acontece quando minha
mãe faz barbeiragem.

Ficarei assim a semana toda.

– “Meus Deus! Que droga!”
– Não...

– Não acredito que eu... sério?
– Sempre que você se perde...

CT, como vai, cara?

Estou levando, levando.

É bom saber. Bom saber
que saiu do hospital.

Sim.

Ei, CT, tenho boas notícias.

Estarei no Thelonious
Monk Competition.

Isso é maravilhoso.

Não sei como entrei, mas estou lá.

Eu sei como conseguiu.

Droga.

Você conseguiu, conseguiu sozinho.

Caramba, CT.

Bem, estou ralando agora.
Estou me preparando.

Esta Monk Competition, pelo
que sei, é algo importante.

Pelos próprios jurados:

Danilo Pérez, Herbie,
e Ellis Marsalis.

Digo, a coisa é pesada.

Poderia ser um avançou
enorme para minha carreira.

Quanto mais falo a respeito,
mais vejo o que está em jogo.

Pode acontecer muita coisa.

Como se sente?

– Mais ou menos?
– Sim

Cobertas suficientes?

– Sim, eu acho.
– Certo.

Guarde e deixe os cotovelos
colados, Sr. Clark.

Certo.

No começo, ele não
queria fazer isso.

Ele é meio claustrofóbico.

O que a máquina faz é
aumentar a oxigenação

no pouco fluxo sanguíneo
que tem nas pernas dele.

Nem todos têm seus
ferimentos curados,

mas de um jeito ou
outro, eles curam.

Ele tem melhorado a cada tratamento.

Não sei por quanto tempo, se irá
querer fazer 90 tratamentos.

Sei que é duro, então aguente firme.

– Bem...
– Tudo bem? Sairemos dessa.

Você está bem?

– Sim.
– Certo?

– Obrigado.
– Não há de quê, querido.

Dê-me outro.

Dê-me mais um.

E um último?

– Certo.
– Obrigado.

Tudo bem.

Ele tem tocado a
mesma música direto,

tipo às 3h da manhã toda noite,

e seu piano está logo abaixo
de nós, do nosso quarto.

Sei que posso conseguir desde que

não sufoque a mim mesmo. Está
acontecendo muita coisa, certo?

Tenho de deixar algo na mão
esquerda para fazer o tempo passar.

Não consigo pensar em tentar
manter a mão esquerda

fazendo a coisa certa e tentar
fazer um solo ao mesmo tempo.

E tentar manter a
sincronia é, tipo...

“Senhor, tenha piedade.”

Ele se cobra muito.

É bastante crítico.

Sempre que pensa a respeito,

ele sente muita
ansiedade e passa mal.

A pior coisa em mim é que
me desespero facilmente.

Esta será a pior coisa, então
preciso estar preparado.

Se tiver de ouvir três
pessoas antes de mim,

não posso deixar isso
afetar o que eu fizer.

Acho que um não poderá
ouvir o outro, certo?

Tem de haver uma espécie
de sala de espera.

Posso ter um ataque
de pânico no palco.

“Ele está bem? Está tendo
ataque cardíaco no palco?”

Clark Terry,

aqui o presenteamos
com este diploma,

e o envolvemos com esta capa.

Clark foi um dos fundadores
da educação do jazz.

Quatro. Quatro.

E quando está tocando,
sai com o mesmo estilo.

Igual como todo ícone do jazz...

CHRISTIAN MCBRIDE BAIXISTA,
COMPOSITOR GANHADOR DO GRAMMY 3 VEZES

...já que Clark Terry teve
de aprender com Clark Terry.

Miles disse a mim que cruzaria o rio

até St. Louis para
ouvir Clark tocar.

E Clark botou Miles
debaixo de sua asa.

Miles Dewey Davis.

Ele era bem magrinho.

Não conseguia te olhar nos olhos.
Era muito tímido.

Ele era tão magro

que se virasse de lado,
ninguém o veria.

Ele era magrinho.

Clark foi meu primeiro ídolo.

Está em mim, é osmose.
É que... você sabe.

Terri, é bom vê-la novamente.
Não a vejo desde Wichita.

– Você continua igual.
– Você também.

Sim, conheci Clark quando
tinha uns dez anos de idade.

Ele foi um grande apoio
para mim naquela idade.

Tanto que me fez continuar adiante.

TERRI LYNE CARRINGTON BATERISTA,
COMPOSITOR GANHADOR DO GRAMMY 2 VEZES

E vi aquilo como meu futuro.

Recebi seu cartão portal da França
de quando tocava na Costa Azul.

Você recebeu?

WYNTON MARSALIS TROMPETISTA,
COMPOSITOR GANHADOR DO GRAMMY 9 VEZES

Foi ótimo quando ouvi
este grande homem tocar.

E eu não conhecia, sério,
a história do jazz,

mas fui ouvir Clark
Terry e fiquei...

Lembro-me que quando vim para Nova York
e fui tocar, CT me disse para relaxar.

Eu peguei e toquei algo triste.

Quando ele pegou de volta,
disse: “Precisa melhorar isso”

Mas falou aquilo com amor.

– Oi.
– Meu Deus.

Tem algo nele...

DIANNE REEVES GANHADORA
DO GRAMMY 4 VEZES

...que o faz chegar dentro de você e
o faz fazer o que precisa ser feito.

Você fazer o que este
homem sabe que você pode,

porque ele desperta isso em você,

e você quer fazer por ele.

Acho que você é maravilhosa e
que faz um ótimo trabalho.

– Obrigada.
– Fico feliz por ti,

e eu a amo, Deus a abençoe.

Esse homem ensinou a milhares de alunos
que ensinaram a milhares de alunos,

que ensinarão a milhares de alunos.

É como ser atraído por um imã.

Você sente uma vontade de fazer
seu melhor por outro alguém.

Fora o fato de que há
pessoas de todo o mundo

que podem ensinar alguém a raiz
quadrada de um si bemol maior,

não há muita gente que
encoraja os outros

a dar vida aos sentimentos

e produzir aquilo que
há dentro deles.

É preciso inspirar e encorajar,

fazê-las realizar aquilo que sabem
que podem e, na maioria das vezes,

mal sabem do que são capazes
até você extrair delas.

Ele não quer que você
copie o que ele faz.

Ele quer que encontre
sua própria voz.

QUINCY JONES AOS 18 ANOS

Não consigo pôr em palavras as
coisas que aprendi com Clark.

Não consigo pôr em palavras,
porque há tantas coisas

como ser humano, sabe, como músico...
há tantas coisas.

Mas é muito mais do que isso.

Se não fosse o Clark,

eu não teria chegado a
gravar tantos discos

e filmes e todas as
outras coisas, porque

seu amor e ensinamentos

encorajaram-me a continuar
fazendo meu melhor.

É o mais importante que se
pode conseguir como músico.

Saber que tem alguém
que acredita em você.

Te faz acreditar mais em si mesmo.

– Oi, Justin. Candy.
– Gwen. Como vai?

– Oi, é bom lhe ver.
– É ótimo lhe ver.

– É bom lhe ver também.
– Vamos. Entre.

Clark ficará muito feliz de vê-lo.

– Oi, Justin.
– O que está havendo?

– Como vai, rapaz?
– Vim passar o tempo.

Todos me dizem que
anda praticando muito.

Só um pouco. Tentando
acertar algumas coisas.

– Onde está minha bebê?
– Ela está bem aqui, CT.

Como está, menina?

Você vai ao tal Monk?

Sim, eu vou. Ficarei
em primeiro lugar.

– Isso é maravilhoso.
– Vamos ver.

Vou dizer, para ser franco,

desde que recebi a ligação,
estou com um nó no estômago.

Claro.

E isso pode ser muito
importante para mim,

porque tem sido difícil para mim
encontrar trabalho em Nova York.

Podemos tratar de muitas coisas.

Consigo pensar em
zilhões de melodias.

– É?
– Ou riffs, sim.

Sim.

Lembra deste som? Já ouviu?

Sim.

Gosto muito de fazer isso contigo
porque sabe ouvir essas coisas.

Isso que tocou aí, eu adorava a
forma com que Duke fazia isso.

Droga.

Sinto falta do Duke.

Ele era um homem maravilhoso.

Eu estudava o Duke como
você estudaria um livro.

Ele foi uma das pessoas mais
verdadeiras que conheci.

E quando subo no palco, sempre
sinto um pouco de medo.

E, claro, então tenho de
criar uma certa coragem,

me recompor

e fazer com que as pessoas
espantem meu medo.

Ele era gente boa, o Duke.

– “Moça Sofisticada.”
– “Moça Sofisticada.”

Qual era a ponte dela?
“Fumando, bebendo”?

Fumando, bebendo

Nunca pensando no amanhã

Indiferente

Deveria tocar isso
em sua apresentação.

Talvez eu tente. Preciso
tocar algo popular.

Essa é boa.

É uma música de gente adulta.
Não sei.

Posso não ser velho o
bastante para tocá-la.

Acho que pode tocar essa música.

Meu som é algo que
me incomoda muito.

Neste momento, não é o que eu quero.

Quando você ouve CT
tocando trompete,

já sabe que é o Clark,

e é a este ponto que quero chegar.

Eu não sei.

Tenho de descobrir
como ser eu mesmo.

Acho que é isso o
que estou buscando.

Oi, CT. É o Justin.

Oi, rapaz, como vai?

Vim fazer uma visita.

– Dê-me esta mão. Pronto.
– Pronto.

Sim. Maravilha. Como se sente?
Tem dormido bem?

Sim. Tenho dormido bastante.

– Ótimo. Dormido para caramba.

Praticou mais na noite passada?

Sim, só mais um pouco.

Maravilha.

CT, é o Justin.

Oi, Justin, como vai, rapaz?

Vou bem.

Acho que parecia que estava
ouvindo o Clifford aí.

Sim. CT, você gravou
mais de mil músicas?

Sim. Algo perto disso.

Isso é bastante.

Acho que encontrei uma.

Tem algum outro som em mente?

– Sim, certo, acho que consegui.
– Conseguiu?

– Sim, eu acho.
– Ótimo.

Isso é bom. Vamos tentar à noite.

Sim.

Memórias

Memórias de amor

Memórias

Parece que todas as músicas
estão relacionadas entre si.

Sim.

– Percebe isso?
– Sim.

Todas elas são feitas em
cima da mesma história.

Sim.

– Muito bem, CT.
– Muito bem.

Tem muitos sons em seu repertório.

Sim, tenho alguns.

– Melhore essa perna.
– Melhorar minha saúde.

Sim.

Melhore essa perna e estaremos
na melhor forma, cara.

– Espero que sim.
– É.

Boa sorte na competição, rapaz.

– Muito obrigado, CT.
– Maravilha.

– Obrigado. Foi ótimo estar aqui.
– Vá em frente! Deus o abençoe, rapaz.

– Você também. Te amo.
– Te amo.

Acho que há tempos eu não
tinha uma sessão assim.

É incrível como posso

sugerir velhos sons que
ele nunca ouviu antes...

– Sim.
– E ele os aprende na hora.

Posso não saber as
tecnicalidades do jazz,

mas sei quando está feliz.

Acho que ele irá bem.

A carreira dele o levará
até onde quer chegar.

E você é um professor e mestre
maravilhoso, eu te amo.

Obrigado, querida.

Certo. Pronto.

É ótimo. Candy está
pensando: “O quê?”

Candy, veja só. Veja só.

É muito bom.

Parece ser um embrulho de
Gwen e Clark, e uma gravação.

Querido Justin, desafios fazem
parte da vida, como sabe.

THELONIOUS MONK SEMIFINAIS

Entendo que pode sentir pressão.

Alguns chamam isso
de “medo de palco”.

Muitas pessoas sentiram
isso, inclusive eu.

Por isso, estou mandando
um par de meias para usar.

São meias da sorte.

Quando usar minhas meias da sorte,

quero que tire tudo e
todos de sua mente

e imagine nós aí do seu lado.

Acredito em seu talento,
e acredito em você.

THELONIOUS MONK JAZZ INTERNACIONAL
COMPETIÇÃO PATROCINADA PELA CADILLAC

Acredito que está pronto
para a competição.

O que quer que for
tocar, apenas relaxe.

Lembre-se de como estava
relaxado quando tocou para mim.

Então vá a fundo em sua alma

e diga: “Posso fazer meu melhor,

e farei meu melhor.”

É tudo o que peço.

Senhoras e senhores, nosso
quarto semifinalista

de Virginia Beach, Virgínia,

Justin Kauflin.

Sempre foi... Meu maior
inimigo é minha mente.

Não consigo desligá-la.

Não consigo pensar direito no que
acho que deveria estar dizendo.

Direto de mim, direto de quem sou.

Porque minha mente é
uma barreira e tanto.

Uma barreira e tanto.

Sem mais delongas, porque
estão todos nos bastidores

esperando ansiosamente,

é um privilégio e prazer
anunciar nossos três finalistas.

– Sr. Emmet Cohen.
– É!

Sr. Josh White.

E finalmente...

Sr. Kris Bowers.

Está tudo bem?

– Você foi maravilhoso.
– Muito obrigado.

– Meus parabéns.
– Muito obrigado.

Esta é uma parte difícil.

Andar por aí sorrindo e tal.

É a parte difícil.

Meu Deus. Só de pensar...

Caramba. O que direi ao CT?

Continue andando, garoto. Só isso.

Sim.

Você ficará bem, foi
só mais um episódio.

Sim, foi bom.

Foi bom fazer aquilo. Foi
bom, definitivamente.

Se não tiver sucesso,

continue tentando até ter o sucesso.

Estou ouvindo. Sim.

Mas quando estiver em sua
casa, faremos talvez

horas extras se você quiser.

Sim, com certeza.

Clark passou pela terapia
hiperbárica por várias semanas,

e não está funcionando.

Mas não desistiremos.

Teremos fé e descobriremos
quais são nossas opções.

Como está seu pé, Sr. Terry?
Sente-se melhor?

– É a médica?
– Sim, senhor. Como vai?

– Muito bem. É bom encontrá-la.
– Como está seu pé?

– Muito bem.
– Tudo bem.

Tirarei tudo isso para
poder dar uma boa olhada.

– Tudo bem.
– Certo.

Comparado com quando
o vi no hospital,

o ferimento está maior.

O problema é que já
tentaram de tudo,

e a única coisa que teria de
oferecê-los neste momento

seria amputação,

ou remover o pé inteiro.

Sei que é uma decisão difícil.
Novamente, não quero forçá-los a nada.

Estou aqui para ajudar, mas
meu dever não será cumprido

se eu não disser, com
base no que vejo,

que o caso ficou
significativamente pior.

Você está bem?

Eu espero...

Espero ficar.

Só está com medo, querido.

Dói. Estou com medo e dói.

O que dói?

Tudo dói.

Onde?

Todo lugar.

Como se sente, querida?

Estou cansada, Clark. Estou
cansada, mas continuo.

Sei que está cansada.

Deus sabe que está cansada.

Seja forte.

Sou forte.

Certo, querida.

Onde está a cama?

Logo à frente.

A cirurgia do Clark é amanhã.

Ele pôde manter a positividade,
mas queria ver Justin

antes de ir para o hospital.

Sem xingar Sem agitar

Porque temos de receber Justin.

Droga.

Como vai, CT?

Vou vivendo, rapaz.

Não é fácil, mas é justo.

É, CT.

Não pude tocar nada desde a última

– vez que o vi.
– Mesmo?

Não.

Vá em frente e supere isso.
Saia dessa

– e recupere seu trompete.
– Sim.

Claro.

Voltar à fila.

Eu diria que me diverti
na competição.

– Sim.
– Sim.

O nervosismo tomou conta de mim.

– Você aprendeu algumas coisas.
– Definitivamente aprendi.

– Sim.
– Simplesmente não era a hora certa.

Sim.

CT teve um dia duro hoje.

Está com muitos problemas.

Estou realmente preocupado com ele.

Sinto muito. Sinto-me mal por não
termos conseguido fazer nada.

Não tem problema, CT.
Você precisa descansar.

– Certamente preciso.
– Isso é importante.

Espero poder passar...
Passar por esta fase.

Você conseguirá, CT.

– Espero que sim.
– Todos rezamos por você.

Muito obrigado, CT.

Obrigado, rapaz.

Agradeço a Deus por você.

Igualmente.

Não consigo lhe agradecer por tudo.

Obrigado.

Maravilha.

Muito bem.

Justin.

Você precisa seguir e batalhar.

Será julgado pelo seu jeito de ser.

Não pelo jeito de outra pessoa.

Seja você.

Tem de levar isso
muito, muito a sério,

tem de pensar no papel
que escolheu para si,

no caminho que escolheu trilhar.

Não dá para fazer do jeito fácil.

Você tem de fazer certo. Tem
de trabalhar com afinco.

Que horas são agora?

Cerca de 25 para as quatro.

– Quatro da manhã?
– Isso.

Tudo bem.

Fique bem, Deus lhe abençoe

e continue em frente, rapaz.

Continuarei, CT. Continuarei.

A terapia hiperbárica...
Ela não funcionou.

Ele pegou pneumonia, e agora a
outra perna está machucada.

E está ficando bem feio.

Clark vai para o hospital

e teremos de amputar
ambas as pernas.

Não sei se conseguirei
superar este desafio.

Tem muita gente que eu
gostaria de ajudar.

Mas não poderei ficar tempo
suficiente para isso.

Não quero que nada aconteça com ele.

Ele é a história do jazz.

Uma história de superação.

E não quero que ele se vá.

UM MÊS DEPOIS

Quero lhe desejar mais
um feliz aniversário.

Rezo por você.

Veremos você em breve.

Te amo, CT.

Dizem que podemos sentir
através da música da pessoa

o tipo de pessoa que ela é.

E tem algo verdadeiro nisso,
porque sei que alguns homens

são perversos, nervosos e maus

e soam ser perversos,
nervosos e maus.

Eu não gostaria de soar
perverso, nervoso e mau.

Gosto de soar tranquilo e alegre,

e até, em alguns casos, belo.

Mesmo sendo um homem velho e feio.

Gosto de pensar que ao
menos minha alma é bela.

QUATRO MESES DEPOIS

– Clark?
– É minha querida?

– É sua querida, querido.
– Oi, querida.

– Você vai para casa.
– Te amo, querida.

– Te amo também, Clark.
– Te amo demais.

– Você vai para casa.
– Graças a Deus.

– Eu sei. Eu sei.
– Graças a Deus.

Gwen? Lembra daquela
música “Goin’ Home”?

Como é, Clark?

Indo para casa

Indo para casa

Estou indo para casa

Casa

FELIZ ANIVERSÁRIO, CLARK TERRY

Faça um pedido.

Um, dois, três. Sorria.

Oi, CT. Justin está à sua direita.

– Oi, CT.
– Oi, Justin.

– Oi!
– Como vai, rapaz?

Vou bem. E você?

– Levando.
– Estou feliz por encontrá-lo.

– Estou feliz por encontrá-lo.
– Também estou feliz.

Onde está minha amiga?

Ela está bem aqui no chão,
à sua frente, acho.

– Ela está feliz por vê-lo.
– Olá, coração.

CT, deixou o tanque de oxigênio?

– Deixei o quê?
– Sem mais tanque de oxigênio?

– Não.
– O que está havendo?

Não o tenho usado faz tempo.

– Este rapaz é... você é um super-herói.
– Sim.

Preciso de um pouco disso.

Pense em...

É rápido demais para mim, CT.

Isso.

Perfeito.

Clark?

– Sim.
– O Q está aqui.

– Oi, Q.
– Sac! Como você vai, meu irmão?

Oi, como está você?

– Com os lábios oleosos?
– Lábios oleosos?

Sim.

– Como você está?
– Tudo bem.

– Te amo, cara.
– Também te amo.

Q, como está a família?

– Eles estão fantásticos, cara.
– Ainda tem sua força?

– Tenho, cara.
– Sim.

– Entrarei no 8 e 0 ano que vem.
– É, você me falou.

Curta isso.

Não é legal quando se tem 90.

Certo.

Sac, tem tocado?

Não sei onde aquela desgraça esta.

Você já o tocou bastante, Sac.

Não ouviu o pianista cego, ouviu?

O rapaz aqui? De onde é, rapaz?

– Virginia Beach. É.
– Virginia Beach?

Conheci o Clark antes
da eletricidade.

Vamos. Temos de ir para a sala,

levaremos Clark para lá.

– Ei, Justin.
– Oi.

Quero que Q ouça você tocando algo.

Mesmo? Ele ouviu um pouquinho.

Sim, mas precisa ouvir um poucão.

Vou tentar. Tentarei
tocar algo para ele.

– Isso.
– Com certeza.

Caramba...

Sim.

– Muito agradável.
– Ele é ótimo, cara.

Com certeza.

Está olhando para o
melhor que já viveu.

É uma beleza você, com sua idade,

passar o tempo com
um homem como ele.

Ele já viu de tudo.

Sou muito, muito abençoado
por estar perto do Clark,

mas então, ao mesmo tempo,
tentando olhar para frente,

e descobrir com o que
quero contribuir.

Sim. É o que gosto mais.

Alguns garotos tentam ir além.
Como você, rapaz.

Isso é ótimo, mas continue nessa.

Com 26 anos, é melhor continuar.

Sim, estou tentando.

Sac, desculpe por termos feito
ficar acordado até tarde.

Fico feliz que tenham
me mantido acordado.

Você foi de dormir
tarde a vida toda.

Beleza, amigo, eu o deixarei.

– Certo.
– Te amo demais.

Tenha uma bela viagem.

E amo você.

– Amo você, cara.
– Sempre gostei e sempre gostarei.

– Fique bem.
– Para sempre.

– Fique bem.
– Você também, cara.

– Deus te abençoe.
– Sac, que abençoe você também.

– Cuide-se.
– Amo você.

TRÊS MESES DEPOIS

Alô, é a Gwen.

– Que Gwen?
– Como vai, Quincy?

– Oi, querida.
– Como vai?

Como vão vocês? Liguei
para saber como estão.

Seus lábios estão oleosos?

Seus lábios estão oleosos?

Sim, estão.

Como vai, cara?

Muito bem, Q. E você?

Não esquecerei a visita que fiz para
você em Arkansas enquanto viver.

E devo dizer:

fora passar o tempo com
você e com minha irmã Gwen,

ter conhecido Justin
Kauflin, foi especial.

E o som dele...

Não consigo tirá-lo da minha cabeça.

Quando conheci o garoto,

lembrei da época em
que nos conhecemos.

– Deus tenha piedade.
– Sim.

E acho que juntos faremos
o mundo conhecer

o garoto que você encontrou
e ensinou tão bem.

Porque fez isso comigo, cara.

Sei como é quando eu
tinha 12 anos, certo?

O Clark, quando o conheci,
ele veio me ouvir e disse:

“Entrarei em contato.”

E ele entrou.

– Homem especial.
– É diferente.

E a energia vital dele...

Todos deveriam aprender uma lição.

Muito obrigada, Justin.

Nunca trabalhamos juntos.
É a primeira vez.

Deus o abençoe, querido.

– Também amo você.
– Muito obrigada.

Minha nossa!

– CT?
– Sim, rapaz.

Como vai?

Estou prestes a
explodir porque tenho

boas notícias para você.

É? O que houve?

Recebi uma ligação do...

– Sim?
– Quincy Jones.

Quincy Jones?

Ele quer colocá-lo
numa turnê mundial.

– Está brincando!
– É sério, rapaz.

Não sei o que dizer, cara.

Não sei o que dizer.

– Meu Deus.
– Você conseguiu.

Quincy Jones, que diabos?

É pegadinha?

Isso não era esperado.

Certo.

Hora de fazer outra coisa agora.

MONTREUX, SUÍÇA

DESEMBARQUE

– Oi, cara.
– Como vai?

– Como está indo?
– Só sobrevivendo, sobrevivendo.

– Tentando sobreviver. Está minha filha.
– Muito prazer.

O som está ótimo aqui.

FESTIVAL DE JAZZ DE MONTREUX

TURNÊ MUNDIAL DE QUINCY JONES
FESTIVAL DE JAZZ DE MONTREUX, SUÍÇA

Quando tinha 12 anos,
fui muito feliz.

Encontrei um homem em St.
Louis chamado Clark Terry.

E ele...

É um ser humano inacreditável.

Fui o primeiro aluno dele,

e esta noite, temos o homem

que é o último aprendiz dele.

Ele é inacreditável.

Agora, Justin, você tem sido
como um filho para mim.

Te amo tanto assim.

Quero que saiba que estou
contigo até o fim.

Sua mente é um elemento poderoso.

Use-a para pensamentos positivos,

e aprenderá o que aprendi.

Chamo de “chegar ao
platô da positividade”.

“PARA CLARK” COMPOSTA
POR JUSTIN KAUFLIN

Justin Kauflin.

Justin Kauflin.

Inacreditável.

É para você, Clark.

Se precisar de mais
meias, fale comigo.

Tenho muitas.

Eu te amo, e deus o abençoe.

CT.

Após a turnê mundial, Justin foi
contratado por Quincy Jones.

Juntos, estão trabalhando
em seu novo álbum.

Certo, agora faça rapidamente.
Um, dois, três quatro.

Três, quatro.

Três, quatro.

Três, quatro.

– Certo, certo.
– Isto é lindo.

Sim.

Que horas são?

1h30, depois da meia-noite.

– Depois da meia-noite?
– Isso.

Sim.

Toque a ponte novamente.

Este filme não teria sido gravado
sem o generoso apoio de:

Clark e Gwen Terry Família Kauflin

Thelonious Monk Institute of
Jazz Jazz Foundation of America

Arquivos de Clark Terry na
Universidade William Paterson

Lavelda, Kaja, Camille & Chelsea
Conrad David e Catherine Eaton Skinner

Fundação da Família Mazursky
Bill Campbell e Alice Fiori

Alexis Acevedo Josh e Kate Dinar

Ginny Jordan Andy e Laura Lee

De sua casa no Arkansas,
Clark continua a inspirar

e ensinar alunos de todo o mundo.

EM MEMÓRIA

Menção àqueles que faleceram
durante a produção deste filme:

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