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B A S T A R D O S
I N G L Ó R I O S

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 1
ERA UMA VEZ...

NA FRANÇA OCUPADA
PELOS NAZISTAS

Papai!

Vá para dentro e feche a porta.

Julie, pegue água da bomba
para eu me lavar

e depois fique lá dentro
com sua mãe.

Pronto, papai!

Obrigado querida,

agora entre e cuide de sua mãe.

Não corra.

- É a propriedade de Perrier LaPadite?
- Sim, Herr Coronel.

Herman, até ordem em contrário,
quero ficar sozinho.

Como desejar, Herr Coronel.

Essa é a propriedade
de Perrier LaPadite?

Eu sou Perrier LaPadite.

É um prazer conhecê-lo,
Monsieur LaPadite,

sou o Coronel Hans Landa da SS.

Em que posso ajudá-lo?

Esperava que pudesse
me convidar a entrar

para podermos conversar.

Certamente, por favor.

Coronel Landa,
esta é minha família.

Coronel Hans Landa da SS, senhora.

A seu serviço.

Os rumores na aldeia sobre sua
família são todos verdadeiros.

Sr. LaPadite,

suas filhas são
todas encantadoras.

Obrigado.

Por favor, sente-se.

Susane, não seria bom servir
um pouco de vinho ao Coronel?

Não... Obrigado, Sr. LaPadite,
mas vinho não.

Sendo esta uma fazenda de gado,

posso supor que tenham leite?

- Sim.
- Então, prefiro leite.

Muito bem.

Julie, por favor, feche a janela.

Obrigado.

Monsieur,

tanto pela família
quanto pelas vacas,

eu digo: bravo!

Obrigado.

Por favor, junte-se a mim
em sua mesa.

Muito bem.

Monsieur LaPadite,

o que temos a discutir,
seria melhor em particular.

Como pode perceber,
deixei meus homens lá fora.

Sem querer ofendê-las,

pediria às lindas damas
para saírem?

Você está certo.

Charlotte, poderia sair
com Julie e Susane?

O Coronel e eu precisamos
trocar algumas palavras.

Monsieur LaPadite,

Lamento informar que esgotei

a extensão do meu francês.

Continuar a falar precariamente,
serviria só para me envergonhar.

No entanto, me fizeram acreditar
que você fala inglês muito bem.

Sim.

Bom, já que é assim,
eu também falo.

Como esta é sua casa,

peço permissão para continuarmos
em inglês o resto da conversa.

Certamente.

Já estou muito familiarizado
com você e sua família,

mas não sei se sabe quem eu sou.

Está ciente da minha existência?

- Sim.
- Isso é ótimo.

Está ciente do trabalho que fui
ordenado a realizar na França?

Sim.

Por favor, diga-me o que ouviu.

Eu soube que

o Führer o encarregou de reunir
os judeus da França

que estão se escondendo
ou se passando por gentios.

O Führer não podia
ter descrito melhor.

Mas o propósito
de sua visita,

embora agradável,

é um mistério para mim.

Os alemães procuraram
judeus aqui há 9 meses

e não encontraram nada.

Fui informado.

Li os relatórios dessa área.

Mas como em qualquer empresa,

sob nova direção,

sempre há uma ligeira
duplicação de esforços.

A maioria é uma completa
perda de tempo,

mas precisa ser feito.

Só tenho algumas
perguntas, Monsieur LaPadite,

se me der as respostas,

meu departamento pode fechar
o arquivo de sua família.

Agora,

antes da ocupação havia

todos fazendeiros como você.

Os Doleracs, os Rollins,
os Loveitts,

e os Dreyfus, está correto?

Que eu saiba, essas eram as famílias
judias entre os fazendeiros.

Herr Coronel, incomodaria
se eu fumasse meu cachimbo?

Por favor, Sr. LaPadite,
esta é sua casa, fique a vontade.

De acordo com
esses documentos,

há explicação para
todas as famílias,

exceto os Dreyfus.

Parece que no último ano
desapareceram.

O que me leva a concluir que,

ou são muito bons em fuga,

ou alguém os escondeu muito bem.

O que tem ouvido
dos Dreyfus, Sr. LaPadite?

Só boatos.

Adoro boatos!

Os fatos podem ser tão frustrantes,
ao passo que boatos,

verdadeiros ou falsos,
podem ser bem reveladores.

Então, Monsieur LaPadite,

que boatos ouviu
a respeito dos Dreyfus?

Novamente,

são só boatos,

mas soubemos
que os Dreyfus

foram para a Espanha.

Então, ouviu boatos de fuga?

Sim.

Como não conheço os Dreyfus,

me confirmaria os membros
e seus nomes?

Eram 5.

O pai, Jacob.

A esposa, Miriam.

O irmão dela... Bob.

Quantos anos tinha Bob?

30... 31?

Continue.

E as crianças,

Amos e Shoshanna.

A idade das crianças?

Amos... 9 ou 10.

E Shoshanna?

Shoshanna,

18 ou 19,
não tenho certeza.

Bom, acho que é tudo.

No entanto, antes de ir,

posso tomar outro copo
do seu leite delicioso?

Naturalmente.

Monsieur LaPadite,

sabe como me apelidaram
na França?

Não me interesso por tais coisas.

Mas sabe do que me chamam?

Estou ciente.

Do que está ciente?

Que te chamam,
"O Caçador de Judeu".

Precisamente!

Eu entendo sua
hesitação em repetir.

Heydrich,

antes de assassinado, odiava o
apelido que o povo de Praga lhe deu.

A razão dele odiar o nome,
"O Enforcador", me intriga,

pois ele usou todo o seu poder
para merecê-lo.

Mas eu, por outro lado,

adoro meu título não oficial,
porque o mereci.

O que me faz ser um caçador
de judeus eficaz é que,

ao contrário da maioria
dos soldados alemães,

posso pensar como um judeu.

Enquanto eles só conseguem
pensar como alemão,

ou mais precisamente,
um soldado alemão.

Mas acredito que o atributo

que o povo alemão
compartilhe com um animal,

seja a astúcia e o instinto
predatório de um falcão.

Já os judeus compartilham o
atributo comparável

ao de um rato.

A propaganda do Führer e de Gobbles
diz quase a mesma coisa.

Onde nossas conclusões diferem,

é que não considero
a comparação um insulto.

Considere por um momento,
o mundo de um rato.

É um mundo hostil, de fato.

Mas se um rato entrar
pela sua porta agora,

o trataria com hostilidade?

Eu suponho que sim.

O rato já te fez algo para criar
essa aversão que sente deles?

Os ratos transmitem doenças
e mordem as pessoas.

Os ratos causaram
a peste bubônica,

mas foi há algum tempo.

Tanto ratos quanto esquilos
transmitem as mesmas doenças.

Concorda?

Sim.

No entanto, presumo que não sinta
a mesma aversão a esquilos, não é?

Não.

E ambos são roedores, não?

E exceto pelo cauda,
são bem parecidos, não?

É um pensamento interessante,
Herr Coronel.

Apesar de interessante,

não fará diferença
em como se sente.

Se um rato entrar
pela porta, agora,

ofereceria um prato
de seu leite?

Provavelmente não.

Achei que não.

Você não gosta deles.

Não sabe por quê.

Só sabe que os acha repulsivos.

Consequentemente,

um soldado alemão conduz
uma busca numa casa

suspeita de esconder judeus.

Onde o falcão procura?

No celeiro, no sótão, na adega.

Em toda parte,
onde podem se esconder.

Mas há muitos lugares que
escapam aos olhos de um falcão.

Entretanto, o motivo do Führer
me transferir dos Alpes, na Áustria

para essa região rural francesa,
é porque não escapam a mim.

Porque sei tudo que o ser humano
é capaz quando abandona a dignidade.

Posso fumar
meu cachimbo também?

Por favor, Herr Coronel,
sinta-se em casa.

Agora,

meu trabalho exige

que meus homens
entrem em sua casa,

e revistem tudo

antes que eu risque o nome
de sua família da minha lista.

E se houver qualquer
irregularidade a ser encontrada,

asseguro, ela será.

A menos que tenha
algo a me dizer

para evitar uma
busca desnecessária.

Devo acrescentar que

qualquer informação que
facilite meu trabalho,

não será passível de punição.

Na verdade, pelo contrário,
será recompensado.

E essa recompensa será cessar
todos os assédios a sua família,

pelo exército alemão durante o resto
da nossa ocupação no seu país.

Você está abrigando
inimigos do Estado, não é?

Sim.

Os esconde debaixo
do assoalho, não é?

Sim.

Me indique a área
do esconderijo deles.

Como não ouvi nenhum ruído,
enquanto ouviam,

presumo que não falem inglês.

Sim.

Agora voltarei ao francês e quero
que simule comigo. Fui claro?

Sim.

Monsieur LaPadite,

agradeço o leite

e sua hospitalidade.

Acredito que nosso
assunto aqui está terminado.

Minha Senhora!

Agradeço seu tempo.

Não quero incomodar
sua família por mais tempo.

Monsieur e Mademoiselles,

só me resta dizer a vocês...

Bom dia. Adeus.

Ops!

Au revoir, Shoshanna!

Capítulo 2
BASTARDOS INGLÓRIOS

Em posição!

Meu nome é Tenente Aldo Raine,

estou formando
uma equipe especial.

E preciso de oito soldados.

8 soldados-judeus-americanos.

Podem ter ouvido boatos
que a frota partiria em breve.

Bom, nós partiremos um pouco antes.

Vamos descer na França,
vestidos como civis.

E uma vez em
território inimigo,

através de emboscadas,
guerrilhas,

faremos uma coisa,
uma só coisa,

matar nazistas.

Não sei vocês,

mas não saí de uma maldita
montanha do Tennessee para

atravessar 9 mil km de água

e mais metade
da Sicília lutando,

depois de saltar de um aeroplano

para ensinar lições
humanitárias a nazistas.

Nazista não tem humanidade.

São soldados rasos
que odeiam judeus,

genocidas maníacos
e precisam ser destruídos.

É por isso que todo filho da puta
que acharmos em uniforme nazista,

vai morrer.

Sou descendente direto
do montanhista Jim Bridger.

Ou seja, há sangue nativo aqui.

E nosso plano de batalha,
será esse.

Uma resistência apache.

Seremos cruéis com os alemães.

E através da nossa crueldade,
eles saberão quem somos.

Eles encontrarão as
evidências de nossa crueldade,

nos corpos estripados, desmembrados
e desfigurados de seus irmãos

que deixaremos para trás.

E o alemães nem
imaginarão a crueldade

que seus irmãos sofreram
em nossas mãos,

debaixo de nossas botas,
na ponta de nossas facas.

E os alemães,
ficarão fartos de nós.

E os alemães,
falarão sobre nós.

E os alemães,
terão medo de nós.

E à noite quando
fecharem os olhos,

atormentados pelo
mal que fizeram

pensarão em nós,
torturando-os.

Parece bom?

Sim, Senhor!

É isso que eu gosto de ouvir.

Mas tenho uma advertência
a todos os pretensos guerreiros.

Quando se junta ao meu comando,
você assume uma dívida.

Uma dívida pessoal comigo.

Todo homem sob meu comando
me deve 100 escalpos nazistas.

E eu quero os meus escalpos!

E todos vocês me trarão

arrancados das cabeças
de 100 nazistas mortos.

Ou morrerão tentando.

Não! Não! Não! Não!

Eu mesmo escutei boatos!
Soldados do 3º Reich,

que puseram
o mundo de joelhos,

agora cacarejam
como galinhas!

Soube do último boato que criaram,
em seus pavores delirantes?

Que um deles bate em
meus rapazes com um bastão.

O chamam "O Urso judeu".
É um Golem.

Meu Führer, são só
fofocas de soldados.

Ninguém acredita realmente

que o Urso Judeu
é um anjo vingador.

Por que não?

Driblam a captura,
parecem ilusão de ótica.

Parecem ser capazes de aparecer
e desaparecer à vontade.

Quer provar a carne
e o sangue deles?

Então, traga-os para mim!

Vou pendurá-los nus,
pelos calcanhares, na Torre Eiffel!

E então, jogar seus
corpos nos esgotos

para os ratos de Paris
fazerem a festa!

Kliest!

Sim, meu Führer.

Tenho uma ordem

a transmitir a todos soldados alemães
estacionados na França.

O judeu degenerado

conhecido como Urso Judeu,

a partir de agora, não deve mais
ser chamado assim.

Sim, meu Führer.

Ainda deseja ver
o soldado Butz?

Quem é o soldado Butz?

É o soldado
que queria ver pessoalmente.

Sua unidade foi emboscada
pelos judeus do Tenente Raines.

Evidente que quero vê-lo.

Obrigado por me lembrar.
Mande-o entrar.

Werner e eu fomos os únicos
a sair vivos da emboscada.

Enquanto um homem nos vigiava,

o resto arrancava
o couro cabeludo.

Ei, Hirschberg,

leve esse Sargento
chucrute para lá.

Você, ande!

Sargento Werner Rachtman.

Tenente Aldo Raine,
prazer em conhecê-lo.

Sabe o que significa
sentar-se, Werner?

- Sim.
- Então, sente-se.

Como é seu inglês, Werner?

Se precisar, temos colegas
para traduzir.

Wicki ali,

judeu austríaco, caiu fora
de Munique, enquanto podia.

Tornou-se americano,
foi recrutado

e voltou para dar
o que vocês merecem.

Aquele outro ali,
deve ter ouvido falar.

Sargento Hugo Stiglitz!

Já ouviu falar deles?

Todos do exército alemão
já ouviram falar de Hugo Stiglitz.

HUGO STIGLITZ

Hugo Stiglitz assassina

A razão de Hugo Stiglitz ser célebre
entre os soldados alemães é simples.

Como recruta alemão,

ele matou 13 oficiais da Gestapo.

Em vez de fuzilá-lo,

o Alto Comando decidiu enviá-lo
a Berlim, como exemplo.

Nem precisa dizer que
os Bastardos souberam dele

e ele nunca chegou lá.

Sargento Hugo Stiglitz?

Sou o Tenente Aldo Raine
e esses são Os Bastardos.

Já ouviu falar de nós?

Só queremos dizer que somos
grandes fãs do seu trabalho.

E matando nazistas

mostra grande talento,

tenho olho clínico para isso.

Mas seu modus operandi
como assassino nazista

ainda é amador.

Viemos aqui para saber,
se quer se profissionalizar?

Suponho que saiba quem somos.

Aldo, o Apache.

Werner, se nos conhece

sabe que nosso negócio
não é fazer prisioneiro.

Nosso negócio
é matar nazistas.

E primo, nosso negócio
está crescendo.

Agora, há duas formas
de lidar com isso.

Te matamos
ou te deixamos ir.

Sair desse círculo vivo ou não
depende inteiramente de você.

Subindo um pouco a estrada,
há um pomar.

Além de você,

sabemos que há outra maldita
patrulha de chucrutes por perto.

E se essa patrulha
tiver franco atiradores,

o pomar seria um paraíso.

Agora, se quiser voltar a comer
um sanduíche de chucrute de novo,

terá que me mostrar neste mapa
onde eles estão,

me dizer quantos são,

e que tipo de artilharia levam.

Espera que eu dê informação que
colocaria vidas alemãs em perigo?

Bom, Werner é aí que se engana.
É exatamente isso que eu espero.

Preciso saber dos alemães
escondidos em árvores.

E vai me dizer.

E vai me dizer agora.

Agora pegue o seu dedo,

e aponte neste mapa,
onde a tropa está estacionada,

quantos vieram,

e o que trouxeram para brincar?

Com todo respeito,
me recuso, Sr.

Mesmo?

Sim.

Esse é o Sgt.
Donny Donowitz.

Mas deve conhecê-lo melhor
pelo seu apelido.

O Urso Judeu.

Já que ouviu falar de Aldo, o Apache,
deve ter ouvido falar do Urso Judeu.

- Eu ouvi.
- O que ouviu?

Que ele bate em soldados alemães
com um bastão.

Ele arrebenta os miolos deles com um
taco de beisebol, é o que ele faz.

Werner, pedirei uma maldita
última vez e se ainda

"respeitosamente recusar",

aí chamarei o Urso Judeu

e seu enorme bastão
e ele te espancará até à morte.

Pegue seu dedo sujo
de bife à milanesa

e aponte neste mapa
o que quero saber.

Foda-se você

e seus cães judeus!

De fato, Werner,
é estimulante dizer isso.

Ver Donny esmagar nazistas
até à morte,

é o máximo que
chegamos do cinema.

- Donny!
- Sim?

Tem um alemão aqui
querendo morrer pelo país.

Obrigue-o.

Ganhou por matar judeus?

Por bravura.

E agora? Eu estaria cagando
nas calças, se fosse você.

Porra! O incrível Teddy Williams
limpou a Terra!

Todos de pé para comemorar!

Merda! Fiz essa porra!
Um porra a menos

vivendo nas porras das ruas!
Você!

Maldição, Hirschberg.

Traga esse aqui.

Vivo!

Levante-se! Mexa-se, maldito!
Sua vez agora!

Dois abatidos.
Decida se quer sair do chão!

Inglês?

Não.

Wicky!

Pergunte se quer viver.

Sim, Sr.

Aponte neste mapa
a posição alemã.

Pergunte quantos alemães.

Uns 12.

Que tipo de artilharia?

Há uma metralhadora aqui
apontando para o norte.

Como sobreviveu
a essa tortura?

Eles me deixaram ir.

Quando relatar isso,

não diga que nos contou
ou atirarão em você.

Mas se perguntarem por que é tão
especial para o deixarmos viver.

Diga que o deixamos viver

para que espalhasse às fileiras,

o que acontecerá a todo
nazista que encontrarmos.

Você não dirá nada a ninguém!

Nem uma palavra!

Sua unidade sofreu uma
emboscada, e você escapou.

Nem uma palavra a mais!

Sim, meu Führer.

Te marcaram como fizeram
com os outros sobreviventes?

Sim, meu Führer.

Agora que sobreviveu à guerra,
o que fará quando voltar para casa?

Abraçarei minha mãe
como nunca abracei antes.

Que garoto simpático.

E vai tirar o uniforme?

Pretendo queimá-lo!

É, é isso que pensamos.
Não gostamos disso.

Entenda, gostamos de nossos
nazistas em uniformes.

Assim os avistamos logo.

Mas se tira o uniforme,

ninguém saberá
que você é nazista.

E isso não é bom para nós.

Então, vou te dar uma coisinha
que você não pode tirar.

Sabe, Tenente,
está ficando muito bom nisso.

Sabe como se chega
ao Carnegie Hall, não?

Praticando.

Capítulo 3
UMA NOITE ALEMÃ EM PARIS

Paris

SHOSANNA DREYFUS

O que terá amanhã?

Um festival de Max Linder.

Sempre preferi Linder
do que Chaplin.

Exceto que Linder nunca fez um
filme tão bom quanto "O Menino".

O clima de perseguição
de "O Menino" é fabuloso.

Eu adoro seu cinema.

Obrigada.

É seu?

Se sou a dona?

Sim.

Como uma jovem como
você pode ter um cinema?

Minha tia o deixou para mim.

Obrigada por oferecer
"Uma Noite Alemã".

Não tenho escolha,
mas você é bem vindo.

Meu obrigado continua.
Adoro os filmes de Refensthal,

especialmente "Piz Palu".

É bom ver uma garota francesa
que admira Refensthal.

Admirar não é o adjetivo
que eu usaria para descrever

Fraulein Refensthal.

Mas admira o
diretor Pabst, não é?

Colocou o nome dele
na marquise.

E você não foi forçada.

Eu sou francesa.

Respeitamos os cineastas
em nosso país.

Até os alemães?

Até os alemães.

Obrigada pela ajuda, soldado.
Adeus.

Não vai terminar?

Vou terminar de manhã.

Posso perguntar seu nome?

Quer ver meus documentos?

Emmanuelle Mimieux.

Muito bonito.

Obrigada. Terminou?

Mademoiselle,
meu nome é Fredrick Zoller.

Foi um prazer conversar
com uma amante do cinema.

Bons sonhos, mademoiselle.

Adeus.

Olá, mademoiselle.
Posso me sentar?

Olha, Fredrick...

- Você se lembra do meu nome?
- Sim.

Olha, você parece
um sujeito bem agradável.

Obrigado.

De nada. Apesar disso,
quero que pare de me importunar.

Peço desculpas, mademoiselle,

só pretendia ser amigável.

Não quero ser sua amiga.

Por que não?

Não seja infantil,
você sabe por quê.

Sou mais que
um simples uniforme.

Não para mim.

Se está tão desesperado
por uma namorada francesa

sugiro que tente
a área alemã em Vichy.

Você é Fredrick Zoller?

Sim, sou eu.

Queria cumprimentá-lo,
é uma honra, honra!

- A honra é a minha...
- Wolfgang, Wolfgang.

Wolfgang.

Os alemães tem orgulho de você.
Todos estão orgulhosos.

- Heil Hitler.
- Heil Hitler.

Quem é você?

Pensei que eu fosse
apenas um uniforme.

Não é apenas um soldado?

É filho de alguém?

A maioria dos soldados alemães
são filhos de alguém.

Oh, meu Deus!
É você?

Talvez.

- Diga que sim.
- É possível.

Se refere-se a Fredrick Zoller,
sou eu.

Olá, Fredrick Zoller.

Sou Walter Franzl,
é uma grande honra conhecê-lo.

- A honra é minha.
- É uma sorte tê-lo aqui.

Poderia autografar
para minha amiga?

Com prazer.

Que garota de sorte. Estar com um
herói de guerra alemão tão corajoso!

Não, não, não.

Mademoiselle não é
minha namorada.

Você pode escrever:
"Amor, Babette"?

- Heil Hitler.
- Heil Hitler.

Então, você é um herói de guerra?

O que você fez?

Eu estava sozinho
em uma cidade murada,

com mil cartuchos de munição.

Em um ninho de pássaro

contra 300 soldados inimigos.

O que é um ninho de pássaros?

É o nome que um franco atirador
dá a um campanário.

É uma estrutura alta que
oferece uma visão de 360º.

Muito vantajosa.

Quantos você matou?

68.

No primeiro dia.

150,

no segundo.

32 no terceiro.

No quarto dia,
saíram da cidade.

Naturalmente,
minha história de guerra

recebeu muita atenção
na Alemanha,

por isso todos me reconhecem.

Me chamam de
O Sargento Alemão de York.

Talvez façam um filme
sobre suas façanhas.

Muito bem, é exatamente isso
o que Joseph Goebbels pensou.

Então ele fez,
é chamado "Orgulho da Nação".

Queriam que
eu mesmo estrelasse,

então eu fiz.

Têm pôsteres disso
em quiosques de toda Paris.

Essa é outra razão
para todas as atenções.

"Orgulho da Nação"
é sobre você?

E estrelado por você?

Eu sei, cômico, não é?

Bom, boa sorte com
a première, soldado.

Sorte para você e Joseph.

Adeus!

Adeus!

- Quer ajuda?
- Não, tudo bem!

- Vou preparar o projetor.
- Certo, querido.

Mademoiselle Mimieux?

Sim?

Este cinema é seu?

Sim.

Diga-lhe para descer.

Desça, por favor.

Eu não entendo, o que eu fiz?

Quer saber o que fez.

Coloque o traseiro nesse carro.

Muito bem.

Se não fosse os
descendentes de escravos

os EUA não seria competitivo
nos esportes.

A medalha de ouro olímpico

foi ganha com suor negro.

Joseph Goebbels
O segundo em importância para Hitler

Bom que veio.

Eu não tinha certeza
se declinaria ao meu convite.

Convite?

É essa a moça, Fredrick?

Sim, é, Dr. Goebbels.

Emmanuelle, há alguém
que quero que conheça.

Emanuelle Mimieux,

quero lhe apresentar
o Ministro da Propaganda,

o líder de toda indústria
cinematográfica alemã

e meu chefe,
agora que sou um ator,

Dr. Joseph Goebbels.

Sua reputação a precede,
Fraulein Mimieux.

E esta é a intérprete
de Herr Goebbels,

Mademoiselle Francesca Mondino.

Bom dia.

Bom dia.

E já conhece o Major.

Na verdade, não me apresentei.

Major Dieter Hellstrom,
da Gestapo.

A seu serviço, mademoiselle.

Por favor, permita-me.

Prove o champagne, mademoiselle.
Está muito bom.

Bom, devo dizer,
que impressionou nosso garoto.

Cheguei à França e queria
almoçar com a minha estrela.

Mas se tornou a sensação de Paris
e não tem mais tempo para mim.

As pessoas esperam dias
para me ver,

e eu espero pelo Führer

e pelo soldado Zoller.

Finalmente, consegui
uma audiência com o jovem

e ele passou o almoço todo
falando de você e seu cinema.

Fraulein Mimieux,
vamos ao que interessa.

Herr Goebbels,
ainda não a informei.

A menos que a garota seja idiota,

tenho certeza que já percebeu

Francesca, diga a ela.

Querem dizer que o soldado Zoller
passou a última hora do almoço,

tentando convencer
Monsieur Goebbels

a mudar os planos
da premiére do filme

e alterar o local
para o seu cinema.

- O quê?
- Eu queria informá-la.

Merda. Peço desculpas, soldado...

Qual é o problema?

O soldado é que queria
informar mademoiselle.

Bobagem!

Até que eu faça
algumas perguntas,

ele não tem nada a informar.

Registro que não concordei
com a mudança de local.

Devidamente anotado.

- Você tem camarotes?
- Sim.

- Quantos?
- Dois.

Mais seria melhor.

- Quantos lugares na platéia?
- 350.

Quase 400 lugares
a menos que o Ritz.

Mas Herr Goebbels,
não é tão ruim assim.

Você mesmo disse
que não queria aturar

a bajulação de
franceses burgueses.

Com lugares a menos
torna o evento mais exclusivo.

Não está tentando
encher a casa,

eles que briguem
pelos lugares.

Ao diabo com os franceses.

Esta é uma noite alemã,

um evento
e uma celebração alemã.

Esta noite é sua, minha,

do exército, do Alto Comando,
familiares e amigos.

As pessoas permitidas na sala

devem ser aquelas que
se emocionarão com o filme.

Percebo que seu
discurso melhorou.

Parece que criei um monstro.

Um monstro bem persuasivo.

Quando a guerra acabar,
a política o aguarda.

Bom, soldado,
embora seja verdade

ainda não estou convencido.

Devo assistir a um filme no
cinema dessa jovem

antes de dizer sim ou não.

Então, jovem,

fechará seu cinema hoje para
uma exibição privativa para mim.

O que tem do cinema alemão?

Ah, Landa, você está aqui!

Emmanuelle,
esse é o Cel. Hans Landa da SS,

Encarregado da
segurança do Premier.

Encantado, mademoiselle.

Agora, preciso levar
o Ministro Goebbels

a seu próximo compromisso.

Uma motorista escrava!

Uma motorista escrava francesa!

Na verdade,

como chefe de segurança
dessa alegre ocasião alemã,

temo precisar falar
com mademoiselle Mimieux.

Que tipo de conversa?

Isso soou como se um soldado

questionasse a ordem
de um Coronel.

Ou estou sendo muito sensível?

Nada poderia estar
mais longe da verdade.

Sua autoridade
não está em debate.

Mas sua reputação o precede.

Mademoiselle Mimieux
ou eu devemos nos preocupar?

Hans, o menino não é
mau-intencionado,

é apenas atento.

E ele está certo.
Sua reputação o precede.

Não se preocupem.

Como chefe de segurança,

só preciso ter uma conversa
com a dona do provável local.

Já provou o strudel daqui?

Não.

Não é tão terrível.

Então, como o jovem soldado
e você se conheceram?

Sim. Dois strudels, um para mim
e um para mademoiselle.

Uma xícara de café para mim

e para mademoiselle,
um copo de leite!

Então, mademoiselle...?

você estava
começando a explicar...?

Até alguns dias atrás,
não conhecia o soldado Zoller

ou suas façanhas.

Para mim, o soldado era só
um cliente do cinema.

Nos falamos umas vezes, mas...

Mademoiselle,
deixe-me interrompê-la.

Esta é uma simples formalidade,

não há razão para
se sentir ansiosa.

Peço desculpas, esqueci
de pedir creme de leite fresco.

Um momento.

Espere o creme.

Então, Emmanuelle...
Posso chamá-la de Emmanuelle?

Sim.

Então, Emmanuelle,

me explique

como uma jovem como você
possui um cinema?

Sirva-se antes.

O que acha?

Como eu disse,
não é tão terrível.

Você explicava
a origem de seu cinema...

O cinema originalmente
pertencia ao meu tio e tia.

Quais os nomes deles?

Jean Pierre e Ada Mimieux.

Onde estão agora?

Meu tio foi morto
durante a ofensiva alemã...

Pena... continue.

Tia Ada morreu de febre,
na primavera passada.

Lamentável.

Fiquei sabendo que você tem um
empregado negro, é verdade?

Sim.

Ele é francês.

Se chama Marcel.

Trabalhou com meus tios
desde que abriram o cinema.

Ele é o único que
trabalha comigo.

Fazendo o quê?

Ele projeta os filmes.

Ele é bom?

É o melhor.

Na verdade pode ser
um bom negócio para eles.

Você pode operar os projetores?

Claro que sim.

Conhecendo o
Ministro do Reich como eu,

estou certo que ele não gostaria

que o sucesso de
sua ilustre noite

dependa da destreza de um negro.

Então, se vier a acontecer

este evento no seu cinema...

Ele até pode ter talento,
não duvido,

mas será você
a operar os projetores.

Isso é aceitável?

Sim.

Cigarro?

Eles não são franceses,
são alemães.

Tinha outra coisa
que eu queria te perguntar,

mas, agora, juro que
não me lembro o que é.

Bom, não devia ser
tão importante.

Até hoje à noite.

Devo dizer que aprecio
a simplicidade deste cinema.

Seu cinema é respeitável,
quase como a igreja.

Não quer dizer que não podemos
enfeitar o local um pouco.

Irei ao Louvre,

pegar alguns nus gregos,
e espalhá-los por aqui,

o que acha?

Então, veremos...

Estou falando!

Ei, que diabos devemos fazer?

Parece que teremos
uma première nazista.

Como eu disse,
que porra vamos fazer?

Bom, preciso falar com
você sobre isso.

Estou confuso,
do quê estamos falando?

De encher o cinema com nazistas,
e queimá-los até as cinzas.

Não estou dizendo nada,
você é que está dizendo.

Não, não... nós dois
estamos falando disso agora.

Se pudéssemos evitar que o fogo
destruísse esse lugar

podemos também queimá-lo nós mesmos.

Sim, Shoshanna,
podemos fazer isso.

E com a coleção de 350 filmes
de nitrato de Madame Mimieux,

nem precisaremos
de explosivos, certo?

Quer dizer que não precisaremos
de mais explosivos?

Os filmes de 35 mm de nitrato
eram tão inflamáveis

que eram proibidos no bonde.

Isso não pode ficar no veículo.
São filmes, não?

- São.
- São inflamáveis. Saia!

Por que os filmes de nitrato
queimam 3 vezes mais rápido

que papel.

Shoshanna tinha uma coleção

de mais de 350 filmes de nitrato.

Vou queimar o cinema
na noite nazista.

E se vou queimar o cinema,
e eu vou,

não me deixará fazer sozinha.

Porque você me ama e eu te amo.

E você é a única pessoa
na Terra que eu confio.

Mas isso não é tudo o que faremos.

Será que o equipamento
no sótão ainda funciona?

Sei que a câmera sim,
mas e o gravador de som?

Funciona muito bem.

Gravei um novo guitarrista
que conheci no café.

Está perfeito.

Por que precisamos
de equipamento de filmagem?

Porque Marcel querido,
vamos fazer um filme.

Apenas para os nazistas.

Capitulo 4
OPERAÇÃO KINO

Tenente Archie Hicox,
reportando-se, Sr!

General Ed Fenech,
a vontade, Hicox.

Bebida?

Se me oferecer um
uísque com água, eu aceitaria.

Bom garoto, Tenente.

Sirva-se como
um bom rapaz. Certo?

O bar está no globo.

Quer algo, Senhor?

Uísque puro.
Sem porcarias.

Diz aqui que fala
alemão fluentemente?

Como um alemãozinho.

E a sua ocupação
antes da guerra?

Sou um crítico de cinema.

Lista de suas realizações?

Escrevo resenhas e artigos
para uma publicação,

a "Filmes e Cineastas".

E tive dois livros publicados.

Impressionante.

Não seja modesto, Tenente.
Quais os títulos?

O 1º livro se chamou:

"A Arte da visão,
Coração e Mente:

Um estudo do cinema alemão
nos anos vinte".

E o segundo se chamou...

"Vinte e quatro quadros
de Da Vinci".

É uma crítica de
cinema subtextual

à obra do diretor alemão G.W. Pabst.

Ao que devemos beber, Senhor?

À derrota de Hitler.

Derrota total, Sr.

Está familiarizado com o
cinema alemão do 3º Reich?

Sim.

Obviamente não vi nenhum filme
realizados nos últimos 3 anos,

mas estou familiarizado
com ele.

Me explique.

Perdão, Senhor?

Esta nossa aventura

requer conhecimento da
Indústria de Cinema do 3º Reich.

Explique-me essa Indústria,
sob Goebbels.

Goebbels considera
os filmes que faz

o início de uma nova era
do cinema alemão.

Uma alternativa ao que chama

"Cinema alemão-judeu-Intelectual
dos anos 20"

E os judeus controlando
o dogma de Hollywood.

Como ele está indo?

Desculpe, Sr.
mais uma vez?

Você diz que ele quer
competir com os judeus

em seu próprio jogo?

Comparado a Louis B. Mayer,
como ele está indo?

Muito bem.

Desde que Goebbels assumiu,

a audiência na Alemanha cresceu
muito nos últimos 8 anos.

Mas Louis B. Mayer não seria
opositor adequado a Goebbels.

Acredito que Goebbels se veja
mais como David O. Selznick.

Informe-o.

Tenente Hicox,

agora gostaria de informá-lo
sobre a Operação Kino.

Daqui a 3 dias,

Goebbels fará uma
première de gala

de seu novo filme em Paris.

Que filme, Senhor?

Um documentário chamado
"Orgulho da Nação"

A platéia da alegre
ocasião germânica,

será Goebbels,
Gerring, Boorman

e a maioria do
Alto Comando alemão,

incluindo os
oficiais da SS e Gestapo.

Bem como os famosos da
Indústria da Propaganda Nazista.

A raça superior reunida, hã?

Basicamente, temos todos
os ovos podres em uma cesta.

O objetivo da Operação Kino é...

Explodir a cesta.

"...e como as neves de outrora,
se foram dessa Terra."

Genial, Sr.

Uma unidade secreta americana,

que vive atrás das
linhas inimigas, te auxiliará.

Os alemães os chamam,

"Os Bastardos"

"Os Bastardos",

nunca ouvi falar deles.

Ponto para o serviço secreto,
você não ouvir deles.

Mas os alemães ouviram,

porque estes ianques
os têm infernizado.

Você descerá na França,
a 24 Km de Paris.

Os Bastardos
estarão te esperando.

Aí irá a uma pequena vila,
Nadine.

Em Nadine, há uma taverna
chamada "La Louisiane",

lá encontrará com nossa
agente dupla que te guiará.

É ela que te colocará
na première.

Será você, ela
e 2 alemães dos Bastardos.

Ela também fez todos os
preparativos que precisará.

Como a reconhecerei?

Suspeito que não terá
esse problema.

Seu contato é
Bridget Von Hammersmark.

Bridget Von Hammersmark?

A atriz alemã está trabalhando
para a Inglaterra?

Sim. Nos últimos 2 anos.

Pode-se dizer que
a Operação Kino partiu dela.

- Verdade?
- Entendeu a essência?

Acho que sim, Senhor.
Paris vai fritar.

Nadine, France

Você não disse que o encontro
seria em um maldito porão.

Eu não sabia.

Não disse que era
em uma taverna?

É uma taverna.

Sim, no porão dela.

Sabe, lutar num porão oferece
uma série de dificuldades.

A número 1 é que
sua guerra está num porão.

E se entrarmos
e ela nem estiver lá?

Esperaremos.

Não se preocupe,
ela é uma espiã britânica.

Ela virá.

Stiglitz, certo?

Correto, Sr.

Soube que é muito bom com isso.

Sabe, não esperamos
problemas agora.

Só faremos contato com a nossa
agente. Deve ser tranquilo.

Entretanto,

há uma ligeira chance
d'eu estar errado

e as coisas se agitarem.

Preciso saber se todos
podemos manter a calma.

Não pareço calmo para você?

Bom, colocando dessa forma,

acho que parece.

Esse seu alemão, Stiglitz?

Não é muito falante, é?

É desse tipo de homem
que precisa,

o tipo tagarela?

Bom argumento, Tenente.

Então, se houver
encrenca lá dentro,

o que faremos?

Fazer apostas
de como vai terminar?

Se entrarmos em apuros,
podemos lidar com isso.

Mas se houver problema
preciso que garanta

que nem alemães ou franceses
escapem desse porão.

Se Frau Von Hammersmark
for comprometida,

a missão está acabada.

Falando de Frau Hammersmark,

quem deu a ideia dessa
armadilha da morte?

Ela escolheu o local.

Bom, isso não é magnífico?

Olha, ela não é uma
estrategista militar.

É apenas uma atriz.

Não precisa ser General de guerra

para saber que não deve
lutar num porão.

Ela não escolheu
um lugar para lutar.

Escolheu um lugar isolado,
sem alemães.

Sou um personagem
de ficção literária, do passado,

sou americano,
e isso é controverso.

Não é controverso.

A nacionalidade do autor,

não tem nada a ver
com a do personagem.

O personagem é o personagem.

Hamlet não é britânico,
é dinamarquês.

Então, sim, este personagem
é americano.

Bravo!

Aguardente? Aguardente?

5 licores.

Já os trarei.

Se eu tivesse uma mulher,

ela seria uma índia?

Ele entendeu!

Meu irmão de sangue
é Old Shatterhand?

- Sim!
- Karl May me escreveu?

- Sim!
- Quem é você?

Sou Winnetou,
chefe dos Apaches!

Olá, meus amores.

Me juntarei a vocês
em instantes.

Estou terminando um jogo
com meus 5 novos amigos aqui.

Sem pressa,
Frau Von Hammersmark.

A vontade, divirta-se.

Eric, meu amor, por favor,
sirva meus amigos ali.

Von Hammersmark,
qualquer coisa para você.

Senhores,

a Srta. me pediu
para servi-los.

- O que vai ser?
- Uísque.

- Uísque.
- Uísque.

Três uísques.

Agradeço a todos
por me incluir no jogo.

Ei, a sua carta!

É mesmo.
Vamos ver.

Gengis Khan!
Não pensei que fosse ele.

Que bom te rever.

Há quanto tempo!

Pensei que esse lugar teria mais
franceses do que alemães.

Normalmente, isso é verdade.

Mas a esposa do Sargento
teve um bebê.

E o Comandante deu
a ele e aos colegas

a noite fora para comemorar.

Devemos sair.

Não, devemos ficar.

Para um drinque,
pelo menos.

Estive esperando
por vocês no bar,

pareceria estranho se
saíssemos antes de beber.

Ela está certa, é só ter calma
e desfrutar do seu uísque.

Eric, muito obrigada.

Por nada, Mademoiselle.

Ei, por que não vem para cá
e preenche o lugar vazio?

É, venha! Venha!

Não, eu não posso.
Eu não falo alemão.

Mas é uma idéia muito boa.
Vamos, querida.

Mantenha distancia dos oficiais.

Eu a ajudo com a tradução.

Ninguém tenta mexer com ela.

Não se preocupe.
Te ajudarei, se tentarem algo.

Sou mais forte do que pareço.

Aguardente? Aguardente?

Aguardente? Aguardente?

Eu tenho algo a dizer.

Bebamos ao nascimento

de um novo filho,

Maximilian.

Tudo para Max!

Houve mudanças na Operação Kino.
O local do cinema mudou.

Por que isso?

Ninguém sabe.
Isso não constitui um problema.

O novo cinema
é bem menor que o Ritz.

Assim, o material que levaria
para o Ritz terá duplo efeito lá.

Agora, essa próxima
informação é colossal,

tente não se alterar.

O Führer, estará presente...

Frau Von Hammersmark,
eu estava pensando...

se daria um autógrafo para
meu filho no dia do nascimento?

Eu adoraria, Wilhelm.

Esse Sargento bonitão
se tornou pai hoje.

- Que maravilha! Parabéns.
- Obrigado.

Então, Wilhelm,
já sabe o nome do descendente?

Certamente.

O nome dele é Maximilian.

Maximilian?
Que nome maravilhoso!

Obrigado, Tenente.

Apenas o melhor
para o pequeno Maximilian.

Obrigado, Fraulein, obrigado.

Max pode não saber quem é você.

Mas ele saberá.

Vou mostrar-lhe todos
os seus filmes.

Ele crescerá com os seus filmes.

E com esse guardanapo na parede!

Eu proponho um brinde
à maior atriz

da Alemanha!

Não há Dietrich, nem Riefenstahl,
só Von Hammersmark!

Saúde!
Saúde!

À Von Hammersmark!
Saúde!

Está se tornando um problema.

Frau Von Hammersmark,
o que a traz para a França?

Não é da sua conta,

Sargento.

Você pode não ser
um incômodo para Fraulein.

Mas esse seu comportamento
rude e bêbado,

é um incômodo para mim.

Devo lembrá-lo, Sargento,

que você é um subalterno,
e essa é uma mesa de Oficiais.

Eu sugiro que pare
de importunar Fraulein

e volte a sua mesa!

Desculpe-me, Capitão,

mas seu sotaque é muito incomum.

De onde você é?

Você deve estar bêbado ou louco

para falar com
um oficial superior

com tal impertinência!

Ordeno que se responsabilizem
por ele!

Tomem conta do seu amigo

ou passará o dia
do nascimento de Max

preso por embriaguez em público!

Então, eu poderia perguntar?

Como o jovem pai,
eu também tenho

um bom ouvido para sotaques.

E como ele,
também achei o seu estranho.

De onde você é, Capitão?

Major, isso é inapro...

Não estava falando com você,
Tenente Munique,

ou com você, Tenente Frankfurt.

Eu estava falando
com o Capitão eu-não-sei-de-onde.

Eu nasci numa vila...

aos pés do Piz Palu.

- A montanha?
- Sim.

Todos nós falamos assim na vila.

- Já viu o filme de Riefenshtal?
- Sim.

Então, você me viu.

Se lembra da cena
da tocha no esqui?

Lembro.

Naquela cena era eu,

meu pai, minha irmã
e meus dois irmãos.

Meu irmão é tão bonito

que o diretor Pabst
lhe deu um close.

Herr Major, se minha palavra
significa alguma coisa,

posso testemunhar tudo que o
jovem Capitão acaba de dizer.

Ele vem dos confins de Piz Palu,

estava no filme

e o irmão é bem
mais bonito que ele.

Você deve divertir seus amigos.

- Posso me sentar?
- Certamente, Major.

Então, essa é a origem
de seu sotaque estranho?

Extraordinário.

E o que faz aqui?

Além de tomar um drinque
com a adorável Fraulein?

Bom, o prazer não exige
nenhuma explicação.

Eu quis dizer, no País.

Obviamente não está
servindo na França,

ou eu saberia quem você é.

Você conhece todos
os alemães na França?

Só os que vale a pena conhecer.

Bom, então não há problema.

Afirmo que não vale a pena
me conhecer.

Deixando as piadas de lado,
o que faz na França?

Vim para acompanhar Fraulein
à Première de Goebbels.

Ele é mesmo seu
acompanhante, Fraulein?

Alguém precisa
carregar o isqueiro.

O capitão é meu par,
mas os três são meus convidados.

Somos velhos amigos,
de muito tempo atrás.

Mais até do que
uma atriz gostaria de admitir.

Nesse caso, levanto meu copo

aos três homens
mais afortunados do lugar.

Vou beber a isso.

Quem é você, Christina?

Mata Hari!

Aquele jogo parece bem divertido.

Não me juntarei a eles,
pois como disse o Capitão,

Oficiais e subalternos
não devem se confraternizar.

Mas...
como somos só Oficiais aqui

e uma dama sofisticada,
amiga de Oficiais,

que diriam de jogarmos?

Sim, claro. Um jogo.

Maravilha.

Bom, então podemos começar.

O objetivo do jogo

é escrever o nome de uma
pessoa famosa em seu cartão.

Reais ou fictícias, não importa.

Por exemplo, você pode escrever
Confúcio ou Dr. Fu Manchu.

Eric! Mais canetas.

Tem que ser famoso.
Não pode ser a tia Frida.

Quando escrever, coloque
o cartão virado na mesa

e mova-o para a pessoa
à sua esquerda.

A pessoa à direita,
moverá o cartão dela para você.

Pegue o cartão sem olhá-lo,
lamba o verso, e cole-o na testa,

assim.

E em dez perguntas, sim ou não,
deve adivinhar quem é você.

Escreva uma. Escreva!

Vou começar para dar uma idéia.

- Sou alemão?
- Não.

- Eu sou um americano?
- Não.

Espere um minuto, ele iria...

Não seja ridículo, obviamente,
ele não nasceu na América.

- Então... Eu visitei a América?
- Sim.

- Essa visita... foi casual?
- Não para você.

Minha terra natal...

poderia ser chamada de exótica?

Sim.

Isso pode indicar uma selva
ou o Extremo Oriente.

Descartarei meu primeiro instinto
e perguntar, sou da selva?

- Sim.
- Sim.

Srs., a esta altura poderiam
perguntar se é real ou fictício.

Mas como é muito fácil,
eu não perguntarei ainda.

Certo, minha
terra natal é a selva?

Eu visitei a América,
mas não planejei,

entretanto, alguém planejou.

Quando fui da selva
para a América,

eu fui de barco?

Eu fui contra a minha vontade?

Neste trajeto de barco,
eu estava acorrentado?

Quando cheguei na América...
Fui exibido em correntes?

Sou o histórico negro na América?

Não.

Então eu devo ser King Kong.

Bravo! Fantástico!

Já que respondi corretamente,

todos precisam
virar suas bebidas.

- Saúde!
- Saúde!

Agora quem é o próximo?

Major,

não quero ser rude, mas...

nós quatro somos grandes amigos.

E não nos víamos há muito tempo.

Então, Major,

temo que vá se sentir
um intruso aqui.

Peço permissão
para discordar, Capitão.

Apenas se Fraulein entender
minha presença como intrusão,

é que me sentirei um intruso.

- Fraulein, estou intrometendo?
- Não.

Achei que não.

É apenas o jovem Capitão que
está imune aos meus encantos.

Estou brincando,
brincadeira.

Claro que incomodo.

Permitam-me reabastecer
seus copos, Senhores.

E darei adeus
a vocês e à Fraulein.

Eric tem uma garrafa
de uísque escocês

puro malte de 33 anos.

- O que me dizem, Senhores?
- É muita gentileza, Senhor.

Eric, o 33!
E copos novos!

Não queremos contaminar o 33 com
esse lixo que estávamos bebendo.

- Quantos copos?
- Cinco!

Para mim não. Gosto de uísque,
mas ele não gosta de mim.

Nem para mim.
Continuarei no champagne.

Três copos.

Obrigada.

A um Reich de mil anos!

Aos mil anos do Reich Alemão!

Você ouviu isso?

É o som da minha Walther

apontada direto
para seus testículos.

Por que tem uma Luger
apontada para meus testículos?

Porque acaba de se
entregar, Capitão.

Você é tão alemão
quanto o uísque escocês.

- Bem, Major...
- Cala a boca, vadia!

O que tem a dizer?

Eu diria que somos dois, então.

Tenho uma arma apontada
para suas bolas desde que sentou.

Isso faz de nós, três então.
E a essa distância,

sou um verdadeiro
Fredrick Zoller.

Parece que temos uma
situação complicada aqui.

O que vai acontecer, Major,

é que, vai se levantar e sairá
por aquela porta com a gente.

Não, não, não, acho que não.

Desconfio que nós dois sabemos

que não importa o que aconteça
aos outros neste lugar,

nós dois não iremos
a lugar nenhum.

Uma pena para Wilhelm
e seus amigos,

parecem ser um grupo simpático.

Terão que matá-los também.

Pobre Max, não vai conhecer
o papai, não é?

Que triste!

Bom, se é isso, garotão,

espero que não se importe
d'eu falar a língua do Rei.

De forma alguma, Capitão.

Há um lugar especial no inferno

reservado àqueles que
desperdiçam um bom uísque.

E como estou quase à porta
no momento...

Devo dizer,
maldita coisa boa, Sr.

Agora,

sobre o "dilema"...

que estamos...

Só te resta uma coisa a fazer.

E que seria?

Stiglitz.

Diga "auf wiedersehen"
para suas bolas nazistas!

Você aí!
Quem é você?

Britânico? Americano?

O quê?

Sou americano, e você?

Sou alemão, idiota!

Fala inglês muito bem
para um alemão!

Concordo!
Então, vamos conversar!

Certo, fale!

Eu sou um pai!

Meu bebê nasceu hoje
em Frankfurt!

Cinco horas atrás!

O nome dele é Max!
Estávamos aqui,

bebendo e celebrando!

Eles entraram atirando e matando!
Não é minha culpa!

Ok, certo, não foi sua culpa!

- Qual é o seu nome, soldado?
- Wilhelm.

Agora...

Tem alguém vivo do nosso lado?

- Não!
- Eu estou viva!

Dê um pio e atiro, vadia!

Quem é?

A garota está do seu lado?

Que garota?

Quem acha que é?
Von Hammersmark!

É, ela é nossa.

Achei que sim.

Então, trabalha para
americanos? Hora ruim?

- Ela está bem?
- Traidora suja!

Ela foi baleada,

mas está viva!
Por enquanto.

Certo, Wilhelm!

O que diz de um acordo?

Qual seu nome?

Aldo.

Ok, Willi, eis o trato!

Deixe que eu e um dos meus homens
desçamos e levamos a garota.

Sem armas!
Eu e você desarmados.

Pegamos a garota
e vamos embora.

É simples, Willi.
Você vai embora e nós também.

E o pequeno Max
pode crescer com o papai.

Então, o que diz, Willi,
temos um trato?

Aldo?

Estou aqui, Willi.

Quero confiar em você...
Mas...

Mas como posso?

Que escolha tem, filho?

Certo...

Aldo,

vou confiar em você.

Desça.

Ei, Willi, e essa metralhadora?
Pensei que tínhamos um acordo.

Temos um acordo,
pegue a garota e vá. Vá!

Não tão rápido!

Só temos um acordo
se houver confiança.

Esse impasse não é sinal
de confiança.

Precisaria me apontar uma arma
para estarmos num impasse.

Está apontando para nós,
se decide atirar, estamos mortos.

Lá em cima, eles têm granadas,
se caírem aqui, você está morto.

Esse é um impasse
e não foi esse o acordo.

Sem confiança, sem acordo!

Wilhelm, pense em Maximilian.

Certo, Aldo.
Tudo bem.

Pegue essa traidora safada
e tire-a da minha vista.

Não tão rápido, Dr!
Vá brincar com os cães.

Antes de arrancar essa bala,
precisa responder umas perguntas.

Perguntas sobre o quê?

Sobre meus 3 homens mortos lá.

Por que não tenta dizer
o que houve?

O Oficial inglês se traiu
e o Major da Gestapo notou.

Antes de entrarmos
no X da questão,

por que marcou encontro
num porão cheio de nazistas?

Entendo, já que não viu
o que houve lá dentro,

os nazistas pareciam estranhos.

É, temos uma palavra
para isso em inglês,

chama-se "suspeitas".

Não deixe sua
imaginação prevalecer.

Você conheceu o Sargento Willi.

- Se lembra, não é?
- Sim, me lembro.

A esposa dele deu à luz hoje!

O Comandante deu a noite
a eles para comemorar.

Os alemães estarem lá

foi só uma coincidência trágica.

Como começou o tiroteio?

O inglês se traiu.

Como ele fez isso?

Ele pediu 3 copos assim.

É assim que alemão pede 3 copos.

Sem o polegar
é estranho. Alemães notam.

Certo, vamos fingir
que não houve alemães

e que tudo saiu como devia.

Qual seria o próximo passo?

Smokings.

Entrar na premiére de uniforme

com tanto militar lá,
seria suicídio.

Mas como membros
da indústria do cinema,

de smoking se
misturariam aos outros.

Arranjei um alfaiate para ajustar
três smokings para essa noite.

Como pretendia colocá-los
na premiére?

Dê minha bolsa.

O Tenente Hicox
iria como meu acompanhante.

Os outros iriam como um
cinegrafista alemão e seu assistente.

Ainda pode nos
colocar na premiére?

Pode falar alemão melhor
que seus amigos?

Não.

Eu levei um tiro?

Sim.

Não me vejo desfilando pelo
tapete vermelho muito um tempo.

Muito menos amanhã à noite.

Entretanto,
há algo que você não sabe.

Houve duas mudanças

com relação à Operação Kino.

1- O lugar que substitui
o Ritz é bem menor.

Enormes mudanças de última hora?
Isso não é muito Germânico.

Porque diabos Goebbels
está fazendo coisas inusitadas?

Provavelmente tem algo a ver
com a segunda mudança.

Qual é?

O Führer estará presente
na premiére.

Repensei

a posição sobre
minha participação

na sua premiére de
"Orgulho da Nação".

Como a semana passada,
e o desembarque americanos...

Eu me pego pensando mais e mais
neste soldado Zoller.

Este rapaz tem feito maravilhas
pela moral das tropas.

Estou começando a pensar que
minha participação neste evento

pode ser significativa.

Puta merda!

O que está pensando?

Que pegar um lunático do naipe do
tio Adolph muda a coisa de figura

O que isso quer dizer?

Que vai nos colocar
naquela premiére.

Vou é perder essa perna.

Bye bye carreira!
Divertido enquanto durou.

Como espera que eu caminhe
pelo tapete vermelho?

O Dr. dos cachorros aí
vai arrancar a bala

e engessar sua perna.

Aí vai dizer que quebrou a perna
nas montanhas.

É bem alemão. Todos gostam
de escalar montanhas.

Eu não. Gosto de fumar, beber
e comer em restaurantes,

mas percebi seu plano.

Te enchemos de morfina
até sair pelos ouvidos.

Aí arrasta sua bundinha
por aquele tapete vermelho.

Sei que é uma pergunta boba, mas

vocês americanos falam
outra língua a não ser inglês?

Nós dois falamos
um pouco de italiano.

Com um sotaque atroz,
sem dúvida.

Mas, em princípio
não significa o fim.

Os alemães não têm
bom ouvido para italiano.

Então, murmuram em italiano
e avançam até o fim,

é esse o plano?

Isso mesmo.

Parece bom.

É uma merda, mas o que mais
vamos fazer, voltar pra casa?

Não, é bom.

Se não estragarem tudo,
posso colocá-los naquele prédio.

Então, quem faz o quê?

Bom, eu falo mais o italiano,
assim serei seu acompanhante.

Como Donowitz é o segundo melhor
será seu cinegrafista italiano.

Omar, como terceiro melhor
será o assistente de Donny.

Eu não falo italiano.

Como disse,
o terceiro melhor.

Basta manter a boca fechada.

É só começar a praticar agora.

Hugo...

Posso ver que deixou esse mundo.

Tenente e seu recorde
de insubordinação.

Realmente notável.

E aquele é Weihelm Wicki.

É austríaco, nascido judeu,
emigrou para os EUA

quando as coisas começaram
a esquentar para os israelitas.

São dois alemães,
membros dos Bastardos.

Eram conhecidos por
usarem uniformes alemães

e emboscar as tropas.

O que os trazem aqui?

Algo não se encaixa nessa cena.

É estranho.

Parece que está faltando alguém.

Alguém elegante.

Avancem!

Para Max, com amor.

Bridget Von Hammersmark.

Capítulo 5

Capítulo 5
A VINGANÇA DA CARA GIGANTE

Noite da Premiere
"Orgulho da Nação"

- Preparada?
- Sim.

Ação.

Como pudemos produzir isso?

Só idiotas suicidas como nós
criariam essas cenas.

Como gravaremos a trilha sonora
na película de 35 mm?

Encontraremos alguém
que grave e processe em 35 mm.

Vamos obrigá-lo a fazer
ou o matamos.

Coloque a cabeça dele
sobre a mesa!

Obedeça ou enterrarei o machado
na sua cabeça de colaborador!

- Não sou um colaborador!
- Marcel...

- Sabe a esposa dele e os filhos?
- Sei.

Depois que matarmos
esse cão de alemão,

vamos silenciá-los também.

<
- Hermann Göring

Mostre para Fredrick.
É um troféu raro.

Este é o mais alto prêmio
que um alemão pode conseguir!

- Mas isso não é nada...
- Fabuloso! Totalmente merecido!

Depois da premiére desta noite
teremos um novo herdeiro ao cargo

Eu gostaria de apresentá-la
ao maior ator do mundo,

- Emil Jannings.
- Mademoiselle.

É um prazer.
Você tem um belo cinema aqui.

Fraulein Von Hammersmark.

Coronel Landa,
não o vejo há anos.

Elegante como sempre!

O que houve com sua linda perna?

Sem dúvida, a coisa mais
excitante do cinema alemão.

Guarde sua bajulação,
seu velho cão!

Conheço bem sua sedução,
rendendo todas ao pote de mel.

Mas, falando sério,
o que aconteceu?

Eu tentei,

muito estupidamente,
devo dizer,

escalar uma montanha
e aqui está o resultado.

Escalada? Assim que feriu
a perna? Escalando montanha?

Acredite ou não, foi assim.

Desculpe-me, não queria
rir da sua desgraça, é que...

Escalada?

Pergunto, Fraulein,
por que realizou

uma atividade tão arriscada?

Bom, não farei de novo.
Posso garantir.

O gesso tem aparência fresca
Como meu tio Gustav.

Quando esteve nas montanhas?
Ontem à noite?

Boa observação, Coronel.
Aconteceu ontem de manhã.

E onde exatamente em
Paris estão essas montanhas?

Só estou perturbando, Fraulein.

Você me conhece.
Adoro provocar.

Quem são seus
acompanhantes elegantes?

Infelizmente, nenhum deles
fala alemão.

São amigos meus,
vieram da Itália.

Esse é um maravilhoso
dublê italiano, Enzo Gorlomi.

Um cinegrafista muito talentoso,

Antonio Margheriti,

E o assistente de câmera de Antonio,

Dominick Decocco.

Senhores, este é meu velho amigo,

Coronel Hans Landa da SS.

Bon giorno.

Senhores, prazer.

Amigos da nossa amada amiga,
que admiro, são meus amigos.

Aproveitem nossa cultura
e estarão, evidentemente,

sob minha proteção pessoal
e se sintam em casa.

Obrigado.

Gorlomi?
Pronunciei corretamente?

Sim, correto.

Gor...lanlomi?
Por favor, repita de novo.

Gorlami.

- Perdão, como é?
- Gorlami.

Ah, Gorlami? Mais uma vez.

Gorlami.

E como se chama ele?

Antonio "Margarete".

- Outra vez.
- "Margarete"!

Só mais uma vez, vamos
ouvir a música dessa pronúncia!

- Margarete!
- Margheriti.

E você?

Dominic Decocco.

- Como é?
- Dominic Decocco.

Bravo! Bravo!

Meus dois amigos cinegrafistas
devem ir encontrar seus lugares.

Deixe-me ver os seus convites.

Imagino que uma estrela não teve
problemas para obter convites

numa premiére com o Führer.

0023 e 0024

Espero que gostem do filme.

- Arrivederci!
- Arrivederci!

"Rivederci!"

^
Martin Bormann

Desculpe-me, desculpe-me.

Perdão.

Danielle Darrieux.

Tenho que descer
e socializar com aqueles porcos.

Vamos repassar?

A bobina 1 está
no primeiro projetor.

A bobina 2 no segundo.

A 3, já rebobinei.

E a quarta ainda está na caixa.

Muito bem.

A grande batalha do atirador

começa no fim da terceira bobina.

Nosso filme começa
na quarta bobina,

então no meio da terceira

você desce, fecha a sala à chave,

espera meu sinal,

ao meu sinal,

você ateia fogo.

Tomem seus lugares!
O filme começará agora!

Todos a seus lugares!

Vamos encontrar nossos lugares.

Não tão rápido.

Tomem uma taça de champagne
ao "Orgulho da Nação".

- Saúde.
- Salute!

Tomem seus lugares!
O filme começará imediatamente.

Frau Von Hammersmark,
podemos nos falar em particular?

Sim, claro.

Nos dê licença.

Sente-se, Fraulein.

Mademoiselle Mimieux
nos permitiu usar o escritório.

Deixe-me ver sua perna.

Como?

Coloque seu pé no meu colo.

Coronel, está me constrangendo.

Pode olhar

o bolso direito do meu casaco
e ver o que está lá?

Posso?
Obrigado.

Como é a expressão americana?

Se o sapato serve, use-o.

E agora, Coronel?

O homem de terno branco.

Canalhas!

Vão se foder!
Bichas!

Fodam-se, miseráveis!

Malditos nazistas,
tirem as mãos de mim!

Muito inteligente.

Informe ao Führer que a platéia
já ocupou seus lugares,

e estamos prontos para começar.

Obrigado, Hans.

Fedidos, sujos, sacanas!

Como Stanley disse a Livingstone:
Tenente Aldo Raine, eu presumo?

Hans Landa?

Você teve uma bela
e longa trajetória, Aldo.

Mas agora está nas mãos da SS.

Nas minhas mãos, para ser exato.

E espero há muito tempo
para pôr as mãos em você.

Te peguei de surpresa.

Utivich?

É você, Tenente?

Sim.

Sabe o que aconteceu a Donny?
Omar? À mulher?

Não, não sei.

Me diga,

Aldo, se estivesse em meu lugar
teria piedade de mim?

Não.

Qual é mesmo aquela expressão
americana sobre sapatos e pés?

O sapato está no outro pé.

É, acabei de pensar nisso.

Deixe-nos sozinhos.
Mas fique atento!

Então, você é Aldo, o Apache?

E você, o caçador de judeus?

Eu sou um detetive.
Um muito bom.

Encontrar pessoas
é minha especialidade.

É natural que trabalhe
para os nazistas.

E sim, alguns são judeus.
Mas caçador de judeus?

É só um nome que ficou.

Bom, tem que
admitir que já "colou".

Você controla os apelidos
que seus inimigos te colocam?

Aldo, o Apache
e o Pequeno Homem?

O que quer dizer
com "Pequeno homem"?

É como os alemães te apelidaram.

Me apelidaram de "Pequeno Homem"?

Comprova o que eu dizia,

fiquei surpreso
com sua altura real.

Você é baixo,

mas não um anão de circo
como sua reputação sugeria.

Onde estão meus homens?

Onde está
Bridget Von Hammersmark?

Bom, vamos dizer
que ela teve o que mereceu.

E quando compra amigos como
Bridget Von Hammersmark,

deve pagar o preço por isso.

Quanto a seus "escultores",

Sgto. Donowitz
e o soldado Omar...

Como sabe nossos nomes?

Tnt. Aldo,

não acha que eu interrogaria

todo sobrevivente
marcado com a suástica?

Parece que não
há respeito mútuo aqui.

Acho que não.

Bom,

voltando à questão
de seus 2 sabotadores italianos.

Neste momento,

Omar e Donowitz, devem estar
sentados onde os deixamos.

Lugares 0023 e 0024,
se não me falha a memória.

Os explosivos continuam nos
seus tornozelos,

prestes a explodir.

E sua missão, que poderíamos
chamar de complô terrorista,

neste momento, está em curso.

É uma história interessante.
Qual a próxima? Eliza no gelo?

Entretanto,

tudo que preciso fazer
é pegar esse telefone.

Informar ao cinema e seus planos
vão por água abaixo.

SE eles ainda estão lá

e SE ainda estão vivos,
e são muitos SE,

não há como tirá-los
sem que explodam as bombas.

Eu não tenho dúvidas

de que uns alemães morrerão,
que arruinará a noite,

que Goebbels ficará muito furioso
pelo que fez a sua grande noite.

Mas você não pegaria Hitler,
nem Goebbels,

nem Gering ou Boorman.

E deve pegar todos
os quatro para por fim à guerra.

Mas se eu não
pegar esse telefone,

você pegaria os quatro.

E se você pegar
todos os quatro,

acabaria com a guerra...

esta noite.

Então, senhores,

vamos discutir a perspectiva
"Fim da Guerra essa noite".

Do meu ponto de vista,
a morte ou o resgate de Hitler,

depende da minha reação.

Se não faço nada,

serei o causador da morte dele,
mais que vocês, concordam?

Acho que sim.

E você, Utivich?

Também acho.

Srs., não pretendo matar Hitler,
nem Goebbels,

nem Göring ou Bormann,

e muito menos ganhar
a guerra para os aliados,

para mais tarde estar diante
de um tribunal judaico.

Se quiserem ganhar
a guerra esta noite

precisamos fazer um acordo.

Que tipo de acordo?

Do tipo que não teriam
autoridade para fazê-lo.

No entanto,

tenho certeza que sua missão
tem um Comandante.

Um General.

Eu apostaria no...

Serviço Secreto Americano,
meu palpite.

Esse foi no bingo!

É assim que dizem,
"foi no bingo"?

Só dizemos... Bingo!

Bingo!
Que divertido!

Divaguei, onde estávamos?

Ah, fazendo o acordo.

Logo ali, há um poderoso rádio
transmissor/receptor.

E atrás dele,

um operador muito competente,

chamado... Herrman.

Consiga alguém para
o outro lado do rádio,

com poder de assinar

para autorizar meus...

vamos chamar de, meus termos
de rendição condicional.

para ser mais conveniente.

De onde eu venho...

Sim, exatamente de onde você vem?

Maryville, Tennessee.

Eu fazia contrabando de bebida.

Lá, enquanto o governo federal
chamava de "atividade ilegal"

nós chamávamos de "ganhar a vida"
vendendo álcool.

É bom manter os pés no chão.

Para encurtar,

Você ouve histórias que
parecem ser verdade,

e não são.

Se eu fosse você provavelmente
diria a mesma coisa.

Em 9999.999 das vezes
em um milhão,

você estaria correto.

Mas nas páginas da história,

ocasionalmente,

o destino é reescrito
e estende suas mãos.

Você só precisa ler livros de história.

Vou matar todos os porcos americanos.

Temos que destruir a torre!

Com licença. Perdão.

Está na hora.

É melhor eu ir ficar
atrás da tela e fechar a sala.

Quando a história militar
desta noite for escrita,

registrará que eu fazia parte da
"Operação Kino" desde o início,

como um agente duplo.

Tudo o que fiz na qualidade
de Coronel da S.S.

foi aprovado pelo
Serviço Secreto Americano,

como mal necessário para criar
minha cobertura com os alemães.

E eu que permiti que

o Ten Raines colocasse a dinamite
no camarote de Hitler e Goebbels,

o que garantiu suas mortes.

Diga ao Führer que o público
está no seu lugar

e estamos prontos para começar.

Obrigado, Hans.

A propósito,
essa última parte é verdade.

Quero minha pensão completa
e benefícios

de acordo com meu posto.

Eu quero receber
a Medalha de Honra do Congresso

pela minha ajuda incalculável
na queda do Terceiro Reich.

Na verdade, quero
que todos os membros da

"Operação Kino" também
recebam a medalha de honra.

Plena cidadania para mim,
nem precisaria dizer.

E, quero que os EUA me compre

uma propriedade
na ilha de Nantuckett,

como uma recompensa pelas
inúmeras vidas que salvei

pondo um rápido fim à tirania
do Partido Nacional Socialista.

Anotou tudo, Sr?

Eu também estou ansioso para
encontrá-lo frente a frente, Sr.

Tenente Raine?
Está aqui.

Pronto, Senhor.

Coronel Landa colocará você
e o soldado Utivich

em um veículo de prisioneiros.

Ele e seu operador de rádio,
levarão o caminhão

até nossas linhas.

Após cruzar nossas linhas,

o Cel. Landa e seu homem

se renderão a você.
Você dirigirá o caminhão

e os trará direto para mim
para interrogatório.

Está claro, Tenente?

Sim, Senhor.

Mexa-se.

- Senhor...
- O que é?

Preciso cuidar de um assunto, Sr.

Certo, meu rapaz.

Vá. Nos vemos depois do filme.

Quem é?

Fredrick.

Merda!

Você é o gerente do cinema?

Me reembolse.

O ator do filme não vale nada.

O que está fazendo aqui?

Eu vim te ver.

Não vê que estou ocupada?

Então, me permita ajudá-la.

Ouça, Fredrick, não é engraçado.

Não pode ficar aqui.

É sua premiére,
deve ficar lá embaixo com eles.

Normalmente estaria certa.

E em todos os outros
filmes que farei

pretendo suportar a noite

com o espírito apropriado.

Entretanto, as lembranças...

Este filme é baseado
em minhas façanhas militares.

Que, neste caso,
consistia em matar muitos homens.

E a parte do filme
que está passando agora...

eu não gostaria de assistir.

- Fredrick, lamento, mas...
- Então, pensei em vir aqui

e fazer o que faço melhor,
incomodá-la.

E a julgar pelo seu rosto

vejo que não perdi o jeito.

Se acostumou com os
nazistas lambendo suas botas

que esqueceu o que
significa "não"?

Não! Você não pode ficar aqui!

Agora vá embora!

Você me machucou!

É bom vê-la

sentir alguma coisa.

Mesmo que seja apenas dor física.

Não sou o tipo de homem

que se manda ir embora!

Existem mais
de 300 cadáveres na Itália

que, se pudessem,
testemunhariam isso.

Depois de tudo que fiz por você,

me desrespeitou
por sua conta e risco.

Feche a porta.

O quê?

Feche à chave.
Não temos muito tempo.

Tempo para quê?

- Não, é melhor descer.
- Não, não, não. Espere.

Quer...
que feche a porta?

Nos próximos 50 segundos, sim.

Tudo bem.

Tem que matar esse cara.
Vai ficar a 10 metros dele.

Pode fazer isso?

Eu farei.

Champagne?

Extraordinário, Joseph,
absolutamente fenomenal.

Este é o seu melhor filme.

Obrigado, meu Führer!

Obrigado.

Quem tem uma mensagem
para a Alemanha?

Eu Tenho uma mensagem
para a Alemanha.

Todos vocês vão morrer.

O quê é isso?

E quero que olhem detalhadamente

a cara da judia que fará isso.

Marcel,

ateie o fogo.

Sim, Shoshanna.

Meu nome é Shoshanna Dreyfus

e essa é a cara da

"Vingança Judia"!

Aqui é a frente norte americana,
Herr Coronel.

Excelente, Herrman.

Herrman, solte-os.

Estou oficialmente me entregando
a você, Tenente Raine.

Somos seus prisioneiros.

E a minha faca?

Muito obrigado, Coronel.

Utivich, prenda as mãos do
Coronel atrás das costas.

É realmente necessário?

Sou um escravo das aparências.

Tire o escalpo de Herrman.

Você está louco?

O que você fez?

Fiz um acordo com o general
de que meu homem ficaria vivo!

É, fizeram esse acordo,

mas não dão a mínima para ele,
precisam de você.

Será fuzilado por isso!

Não, acho que não.
Só uma repreensão.

Já fui repreendido antes.

Sabe?

Utivich e eu ouvimos o acordo
que concluiu com o General.

Fim da guerra hoje à noite?

Eu faria o acordo.

E você, Utivich,
faria o acordo?

Eu faria.

Eu não culpo você.
É um maldito bom acordo.

Você preparou um
ninho bem agradável.

Bom, se quer fritar
todo o alto comando alemão,

vale a pena certas considerações.

Mas eu tenho uma pergunta.

Quando chegar ao seu lugarzinho
na Ilha Nantuckett,

imagino que vai tirar

esse elegante
uniforme da SS, não é?

É o que eu pensei.

Agora isso...
eu não posso tolerar.

E você Utivich, pode tolerar?

Nem um pouco, Sr.

Se dependesse de mim,

você usaria esse uniforme

pelo resto da sua
vida de pica pau.

Mas sei que não é prático.

Pois em algum momento
teria que tirá-lo.

Então...

te darei uma coisinha
que você não pode tirar.

Sabe de uma coisa, Utivich?