All language subtitles for Transfer S01E02 (2017)

Florian! Florian!

Disse aos mi�dos que ele est� morto.

Acalma-te, Florian.
Sou eu, o Dr. Vautier.

Sophie, temos um problema.
O Florian fugiu.

Est� no novo corpo dele. N�o sabe o que
se passa. Desconhece o perigo em que est�.

Estou � espera disto h� cinco anos.

Vi o meu corpo. Mataram-me.

Transplant�mos a tua mente noutro corpo.

�s o Sylvain Bernard. Foste baleado.

N�o te lembras de nada.

Sentes-te bem?

V�s-me a fingir ser pol�cia?
Ningu�m acredita.

Capit�o Sylvain Bernard...

O tipo que tinhas em mira
n�o � o Sylvain Bernard.

- Ol�, m�e.
- Ol�, minha querida Liza.

Ouvi-a ontem ao jantar. N�o � ela.

- Ela n�o est� normal.
- Chega.

- Sinto que algo est� errado.
- Calma.

- Ela � uma transferida. N�o, escuta.
- N�o, j� chega. Ela est� a crescer.

N�o, algo est� errado. N�o � ela.

- Conhe�o a minha Liza.
- Est� a crescer.

N�o � isso. Sinto que algo est� errado.
Tenho a certeza.

- Porque n�o acreditas em mim?
- Porque est�s sempre...

S�o coisas da tua cabe�a.

ESP�RITO SANTO - CONFISS�ES,
DONATIVOS

CONFISS�ES - A LIGAR

Aben�oe-me, Sr. Padre, porque pequei.

Fala, minha filha. Estou a ouvir.

Amo-o, Sr. Padre.

Amo o Sylvain Bernard.

N�o olhes para mim.

O homem que conhe�o est� magoado,
perdido. N�o se lembra de nada.

Devia ter vergonha, mas dou gra�as
ao Senhor pela amn�sia dele.

PADRE LUC

Dependia dele,
mas ele precisa de mim agora.

Vou mostrar-lhe que nos amamos.

Deus p�e-nos � prova
para que reafirmemos o nosso amor.

� uma oportunidade
para constru�rem algo mais forte.

Antes da interven��o do Novak,
brig�mos porque ele j� n�o me queria.

Fiquei destro�ada.

Agora, ele voltou e esqueceu tudo.

N�o quero perd�-lo.

Se lhe digo que acab�mos, ele deixa-me.

Se n�o lhe disser nada,
tudo volta a ser como antes. Melhor at�.

O Sr. Padre mesmo disse:

podemos construir algo novo.

Algo mais forte.

Florian.

Florian.

Desculpa, n�o consigo.

A amn�sia dele pode ser providencial.

Beatrice, uma mentira no altar do amor
n�o � necessariamente um pecado.

Este homem � um cordeiro perdido. Tem f�.

�s a melhor pessoa para o guiar.

N�o faz mal.

Foi s� demasiado cedo.

N�o faz mal.

� esquisito.

A m�e est� em fase terminal
e � aceite pelo programa de terapia.

Tem 50 e muitos anos.

Transferiram-na para o corpo
de uma mulher de 26 anos. Uma brasa.

Mais nova do que a pr�pria filha.
Nem imaginas a rea��o dela. E n�o � tudo.

Sabes o que faz o namorado da filha?
Trocou a filha pela m�e.

- N�o.
- Uma transferida de merda. � verdade.

- Est�s a inventar. N�o acredito.
- � verdade.

- Estou-te a dizer.
- Olhem para aquele motim.

Deveriam disparar contra eles
e ensinar uma li��o a estes palha�os.

Quem me dera atropelar um.

- Isso, continuem.
- Saiam da frente!

- Isso, mais alto.
- Saiam da frente!

- Mexam-se!
- Bazem.

- V�o para o caralho!
- Gabriel, avan�a.

NAZIS DA BATI

- Afastem-se! Saiam da�!
- Mexam-se!

- Nazis da BATI! Nazis da BATI!
- Est�o parvos ou qu�?

Monte de merda.

Adorava dar cabo de um deles.

Nunca estive aqui antes.

O que achas, Sylvain?

Em vez da cadeia, v� o que lhes demos.

Olha para aquilo.

Deram-lhes um para�so.

Damo-nos ao trabalho de os prender
e p�em-nos num resort de luxo.

Nojentos.

CENTRO �MEGA

A BATI. Est�vamos a vossa espera.

Capit�o Finant.

Capit�o Bernard. Tenente Lourmel.

Coronel Paul Zylberman.

- O Ex�rcito j� trata dos transferidos?
- Sa� do Ex�rcito. Escolhi vir para aqui.

Todos aqui me chamam Paul. Sigam-me.
Eu apresento-vos � equipa.

N�o h� crian�as no vosso centro?

N�o, pouparam-nos a isso.

Fui � manifesta��o
contra a transfer�ncia de crian�as.

E voc�s?

Sou contra qualquer transfer�ncia.

- Por morais religiosos?
- Morais, o tanas.

Se o movimento persistisse,
j� teriam desistido,

e n�o estar�amos nesta embrulhada.

Cheg�mos. Venham comigo.

� o �nico sistema de seguran�a que t�m?

Vigiamos o exterior do centro,
mas evitamos imposi��es no interior.

Os transferidos ilegais t�m
pulseiras eletr�nicas, mas os outros n�o.

N�s estamos aqui de livre vontade.

Como assim "n�s"?

Escutem, pisei uma mina
durante uma opera��o militar.

Ap�s 33 anos de servi�o ativo,

este corpo foi concedido pela na��o
a um soldado valoroso.

Bao Gang-Li. � um transferido legal,
como indica esta marca.

Est� aqui h� quatro meses.
Integrou-se na perfei��o.

O �nico contacto que tem do exterior
s�o as visitas da sua irm�, Enlai.

E Fran�ois Bertier, muito mais solit�rio.

N�o tem visitas,
nem faz atividades de grupo.

Est� marcado como o Bao.
Veio de livre vontade e n�o � uma amea�a.

Foi o Bao que proporcionou a fuga
num cami�o de entregas.

Escaparam h� uma semana.
Porque esperaram tanto?

Ningu�m reparou at� ontem.

Como disse, o centro n�o � uma pris�o.
N�o h� imposi��es.

Estamos em quarentena,
sob supervis�o m�dica.

Guarda essas tangas para os m�dia.

Eu detenho pessoas
para que fiquem presas, sim?

N�o espero ter de as apanhar outra vez.

O Bao Gang-Li e o Fran�ois Bertier
mostraram sinais de revers�o?

Estavam a ser medicados,
como os restantes pacientes.

Aqui est� o m�dico.

Ele responde �s vossas d�vidas.
� o Dr. Vautier.

Eu ouvi a sua pergunta, Inspetor.

Capit�o. Capit�o Bernard.

Certo.

Capit�o Bernard.

O Bertier � um homem inteligente
e controla perfeitamente as suas emo��es.

Por outro lado,
o Bao Gang-Li � depressivo e inst�vel.

N�o toma calmantes h� uma semana.
N�o garanto a estabilidade mental dele.

Mas, como sabe, Capit�o,

muito poucos transferidos revertem.

Desde que n�o revertam, n�o s�o perigosos.

S�o pessoas como n�s os dois.

Como o senhor, coronel.

Se o Bao e o Bertier mal se conheciam,

porque fugiram juntos?

O Bertier voltou?

� na boa, maninho. N�o precisamos dele.

H�s de conseguir sair do pa�s.

Ele prometeu ajudar-me
se o tirasse do centro.

S� podes contar comigo.

Vamos conseguir.

O que aconteceu ao teu bra�o?

Queria livrar-me da tatuagem.
Estou farto de ser um transferido.

- Porque fizeste isto?
- A ideia foi do Bertier.

Estou na lista. Sei o que me v�o fazer.

N�o quero voltar.
N�o quero que eles me apanhem.

N�o voltas para l�.

N�o voltas para l�. Prometo.

Temos de desinfetar isso.

� o nosso dinheiro que paga tudo isto.

Estes parasitas metem-me nojo.

Quem � que faz o qu�?
Vou eu atr�s do Bao e tu do Bertier?

Certo. Vens comigo, Sylvain?

N�o. Quero dizer...

Tu � que sabes.

V�, eu entendo.

Vai, Sylvain.

Vai l� com ela. Tens a minha b�n��o.

N�o sejas t�mido.

Merda.

- Est�s bem?
- Sim.

A tua mem�ria voltou?

Nem por isso. Sinto-me deslocado.

N�o admira. Sinto o mesmo.

Seja como for, est�s a sair-te bem.

Diz-me uma coisa.

Houve alguma coisa entre n�s os dois?

Ainda bem que te lembras, Sylvain.

N�o estava muito interessada
em juntar-me � BATI,

mas, quando vieste � procura
de novos recrutas, achei-te irresist�vel.

N�s os dois t�nhamos o qu�?

O que continuamos a ter.

Se � que ainda sentes o mesmo.

Se n�o, podemos recome�ar.

Primeira conversa �ntima,
primeiro encontro e primeiro beijo.

Acho que cheg�mos.

Agora, fui eu
que te deixei pouco � vontade.

Escuta, Beatrice.

�s muito bonita.

Percebo porque � que tivemos
uma rela��o, mas n�o posso...

A mesma tanga do costume.

Sylvain, eu explico.

N�o t�nhamos nenhum compromisso.
Podemos retomar o que t�nhamos.

Quando me quiseres, estarei l�.

- Eu toco � campainha.
- Certo. Espera.

Quero este.

- Embrulho?
- N�o, obrigada.

O vermelho � uma cor de sorte
para os chineses. Mal n�o deve fazer.

O Bao contactou-vos?

Fazem ideia
de onde ele possa estar escondido?

Escutem, o vosso filho est� em perigo.

pode tornar-se um perigo
para si pr�prio ou para os outros.

O homem que procuram n�o � meu filho.

O Bao para aqui n�o vem.

Ningu�m na comunidade o ajuda.

� ele? � o Bao?

O Bao era uma b�n��o para a sua fam�lia.
O seu carma era bom.

Ele n�o conseguia usar as pernas,
mas era essa a sua for�a.

Estou a ver.

- Devem ter orgulho nele.
- O Bao morreu no dia em que transferiu.

Deve ter tido coragem
para ultrapassar a defici�ncia dele.

Esse jovem especial ainda existe
noutro corpo.

N�o entendem.
O Bao rompeu a harmonia da sua encarna��o.

- Com os antepassados...
- Deixa. Eu disse para tu recusares logo.

- Isso...
- Esquece. Chega de conversa.

N�o aguento mais.

Rejeitaram-no devido �s vossas tradi��es.

Ele s� queria pernas para correr.

Ele lutou muito
para conseguir uma transfer�ncia.

Parou de ganhar corridas
porque o rejeitaram.

- Abandonaram-no.
- N�o reconhec�amos o corpo dele.

E branco, ainda por cima.

J� n�o era nosso filho.

Continua a ser a mesma pessoa dentro dele.
Ainda � vosso filho.

Ainda o amo como dantes.

N�o fiquem ofendidos.

Onde � que ele est�?

Ele tem de voltar para ser tratado.

O meu irm�o jamais poria a fam�lia
em perigo. N�o sei onde ele est�.

Acreditamos que o vermelho d� sorte,

exceto quando traz m�s not�cias.

Foi um insulto para os meus pais.

Sou mesmo burra.

Ent�o, Beatrice? N�o �s adivinha.

- Vens a minha casa beber um copo?
- N�o. Preciso de andar.

- Precisas de andar?
- Sim.

Eu ligo-te.

V�m a�.

Est� � espera dos seus filhos?

Sim, � isso.

E eu dos meus amigos. Est�o ali.

Chama-se Thomas. � giro, n�o �?

Resto de bom dia.

Vi o teu tio hoje de manh�.

Eu sei. Ele ligou-me.

Ele disse que te portaste muito bem.

N�o posso continuar nisto para sempre.

O centro ajuda pessoas como eu.

- Acho que devia...
- N�o.

Tamb�m � dif�cil para mim.
Mas o pior j� passou, Florian.

N�o podemos desistir.

Est�s a pedir-me que passe os dias

com agentes treinados
para detetar transferidos.

� demasiado arriscado, meu amor.

O meu dever � prender um homem.
Um transferido. N�o passa de um rapaz.

O �nico crime dele
foi sonhar com uma vida melhor.

Ele n�o � perigoso. N�o mais do que eu.

Porque tenho de fazer isso?

E porque come�aste uma fam�lia?

Eu nunca desisti.

Nunca.

O teu lugar � ao meu lado.

Preciso de ver os mi�dos.

Acabaram de enterrar o pai.

Ainda n�o posso apresentar-lhes
um novo homem. Espera s� mais um pouco.

Preciso de v�-los, Sophie.

Sen�o n�o consigo fazer isto.

Est� bem.

PR�MIO NACAL

TRANSFERIDOS:
UMA PSICOLOGIA EVOLUTIVA

Capit�o Bernard,
pe�o desculpa pelo atraso.

Agora, escrevem livros sobre eles?

Quando � que far�o um filme?

Segunda Vida, no ano passado.
Foi um enorme sucesso.

De facto,
tem um problema de mem�ria grave.

Ora vejamos.

N�o se lembra de ningu�m.
Suponho que eu n�o seja exce��o.

Viviane Metzger.
Chamam-lhe "Irm� Viviane".

Mas ainda � novi�a.
Tecnicamente, ainda n�o � irm�.

N�o gosto de psiquiatras.

E muito menos de freiras.

S� sei isto
porque o Gabriel me falou sobre si.

N�o a reconhe�o.

Tenho grava��es
de todas as conversas que tivemos.

- Estou a ser gravado?
- Sim.

Qual � a sensa��o
de se lembrar de t�o pouco?

� muito desagrad�vel. Mas tenho f�
no regresso gradual das mem�rias.

Qual � a �ltima coisa de que se lembra?

De me aproximar do Novak.

Levei um tiro e as mem�rias foram-se.

O que fez hoje?
E a mem�ria de curto prazo?

Est� clara como �gua.

Certo.

Exclu�-se o S�ndrome de Korsakoff,
o choque cir�rgico mais comum.

Pe�o desculpa se a desapontei.

Os seus colegas dizem
que tinha um ar desorientado

durante a interven��o no hospital
contra o transferido Victor Novak.

Sim, � poss�vel. Mas sinto-me �timo agora.

Que bom.

O Professor Delattre,
que o acompanhou ap�s a opera��o,

perdeu a vida durante o atentado.

Que sentimentos isso desperta em si?

Sentimentos?

Ele interveio na altura errada,
levou um tiro e pronto.

N�o se sente culpado?

- Nada.
- A s�rio?

Foi ele que me apagou a mem�ria.
Deveria sentir-me culpado?

N�o mudou apesar das suas tribula��es.

Seria de espantar.
Os homens como o capit�o n�o mudam.

Bom.

Eu autorizo a reaquisi��o
da sua arma de servi�o.

Ser-lhe-� comunicada a data
do seu teste na carreira de tiro.

Dado os seus resultados habituais,
� uma mera formalidade.

Certo.

N�o!

N�o!

N�o!

Disse ontem
que o transferido rompeu a harmonia.

N�o sou crente, mas quero entender.

Porque � que salvar uma vida
est� fora de quest�o?

O Tao ensina-nos que,

se algu�m tem
a possibilidade de viver e vive,

� um dom sagrado.

Quando chegar a hora da morte,
ela � tamb�m um dom.

Mas, se pode viver e n�o vive,

e se chegou a sua hora e n�o morre,

n�o est� certo.

Estou triste pelo Bao.

Por v�-lo � deriva
num corpo que n�o lhe pertence.

Sou o pai dele e sinto pena dele.

O meu dever enquanto pai � conservar
os valores morais dos nossos antepassados.

Uma �rvore reta � derrubada
e transformada em t�buas.

Uma �rvore torta viver�
� margem do caminho.

O Bao era essa �rvore torta.

Cortou com as suas ra�zes.

Bao, espera!

Espera. Tem calma.
Olha para mim. N�o te fa�o mal.

Bao, acalma-te.
Olha para mim. Podes falar comigo.

- Sou o �nico que te compreende.
- N�o posso voltar.

- E vais para onde? Tens alternativa?
- Eles fazem-me mal. Matam-me.

- N�o posso voltar.
- Porqu�? Quem quer fazer-te mal?

Pai.

Prenda-o. Prenda-o!

Mais uma captura de sucesso.

- Celebramos?
- N�o bebo �lcool.

N�o bebes �lcool?

Os m�dicos disseram-me para n�o beber.
S� quando recuperar a mem�ria.

Est� bem.

O que vai acontecer ao Bao?

O Gabriel est� a interrog�-lo.
Ainda est� � procura do Bertier.

Depois, volta para o centro.
N�o podemos fazer nada.

Eles parecem satisfeitos l�.

Eu sei que aparento ser forte.

Mas...

... o meu cheiro,

o meu corpo...

O que h� entre n�s.

Eu sei que te esqueceste, mas...

... n�o te d�o desejo?

Beatrice, lamento, mas n�o posso.

A culpa n�o � tua.

Foda-se, Sylvain.
O que aconteceu? Ficaste zarolho?

Perdi a capacidade.

Respira fundo.

N�o tentes lembrar-te de como se faz.
Deixa o teu corpo guiar-te. For�a.

Boa.

Pronto, est� melhor.

Dispara todas as balas.

Portanto...

... n�o sou um perigo
para as vossas vidas?

N�o sejas parvo.

Ultrapassas isto no terreno.

E estarei contigo.

H� not�cias do Bertier?

A descri��o que me deram
n�o corresponde ao que sabemos sobre ele.

Ficou incapacitado pela p�lio,
parou de estudar e ficou vegetativo.

Mas, ap�s a transfer�ncia,
a julgar pelos livros dele no centro...

Nietzsche, Descartes.

Desenvolveu uma mente genial.
Ningu�m sabe como.

Talvez a transfer�ncia o tenha mudado.

A transfer�ncia n�o os muda.

Ali�s, come�o a perguntar-me se...

- O que foi?
- � um disparate.

A transfer�ncia dele foi legal.

Pergunto-me se algu�m
roubou o corpo dele depois.

Quem roubaria um corpo marcado
com o �mega para depois se entregar?

S� se ele fosse tresloucado.

O que � que o Bao disse?

O Bertier convenceu-o
de que quer�amos mat�-los a todos.

� uma boa ideia,
mas ainda n�o cheg�mos a esse ponto.

Pois.

E ent�o, rapaz?

Est� tudo bem? Est�?

Sim, est�.

N�o, n�o, n�o.

Bom dia, Victoire.

Ele est� pronto.

Ent�o, Bao? N�o tens de ter medo.

Porque � que estou aqui?

- N�o fiz nada de mal.
- Eu sei.

� para o teu pr�prio bem.

Est�o todos aqui para o bem deles.

Bom, vamos come�ar.

Uma semana ap�s a revers�o de Novak,

a recente fuga de dois transferidos
vem em m� altura para o governo.

A quest�o do estado amb�guo
do Centro �mega

volta a ser tema de debate.

Ser� um estabelecimento
de cuidados preventivos ou uma pris�o?

Estava l� quando prenderam o Bao.

N�o quero ter nada a ver
com coisas dessas.

� um trabalho como os outros.

N�o escolhemos transferir-te para a BATI.
Precis�vamos de um corpo e ele apareceu.

Pelo menos, h� uma vantagem.

� um bom disfarce para ti.

Os transferidos s�o ca�ados, mas tu n�o.

O Bao tem pavor do centro.

- Do que � que ele tem medo?
- J� pensas como um pol�cia.

O Centro �mega suscita
ideias mirabolantes,

mas, na verdade,
as pessoas aqui est�o entediadas.

Est�o presas pelo sim, pelo n�o,
e dou-lhes calmantes. � isso.

Elas querem fugir ao t�dio?

O Bertier manipulou o Bao
para que o ajudasse a fugir.

Escuta, n�o fazemos mal aos transferidos.

Se � isso que te preocupa,
eu pr�prio asseguro-me disso.

- Quero ver o Bao.
- N�o. N�o � poss�vel.

Ele voltou num estado grave.

Ele reverteu. N�o h� nada a fazer.

Enfim. Assim ele n�o se torna perigoso.

At� arranjar uma solu��o
para o fen�meno da revers�o,

sou obrigado a sosseg�-los com calmantes.

Entretanto, continuo a pesquisa.

Pensa em ti pr�prio, Florian.
N�o �s como o Bao.

Pensa na Sophie e nos mi�dos.

Ela disse-me que as coisas entre voc�s
n�o andam bem, mas enfim.

As coisas encaminham-se. N�o �?

Tem um pouco mais de paci�ncia.
Em breve, livras-te disso.

Tomaram-se novas medidas
para refor�ar a vossa seguran�a.

Todas as visitas privadas
dever�o ser autorizadas.

Todas as comunica��es
com o mundo exterior s�o proibidas.

Os adolescentes v�m
fumar charros para aqui.

Alertaram-nos e encontr�mos
um transferido em fuga.

N�o � bonito de se ver.

� o Bertier.

- O que foi?
- Estou bem.

- De certeza?
- Sim, estou bem.

Est�o mortos h� dias.

Foi pouco depois da fuga.

- Sabe-se quem �?
- Ainda n�o. Tens alguma teoria?

Bom, o Bertier andava fugido.
Pode ter transferido outra vez.

� poss�vel.

O m�dico ia transferi-lo para esse corpo.
Algu�m interrompeu-os e os matou.

� poss�vel, mas n�o creio.

Nem eu.

O homem nu pode ser um cliente
que ia ser transferido.

O Bertier chega, mata-o,
transfere-se e mata a �ltima testemunha.

- E transferiu-se para que corpo?
- Ningu�m sabe.

O Bertier teria uma nova apar�ncia.

Estamos longe de o encontrar.
Ele pode ser um homem ou uma mulher.

- E ent�o?
- N�o.

Leva-o.

Obrigado.

Tudo o que sabemos � que fuma charutos.

O corpo � diferente,
mas os maus h�bitos n�o mudam.

Opusemos o Centro �mega desde o in�cio
porque n�o passa de uma pris�o.

- Nada de rodeios.
- N�o...

Pris�o, centro de deten��o ou quarentena.

Devemos cuidar dessas almas perdidas,
dessas p�rias sociais.

- E porque s�o p�rias sociais?
- Sabe a resposta a essa pergunta.

N�o. Estou interessado
na sua opini�o, Padre Luc.

Os transferidos n�o se integram
na sociedade porqu�?

S�o perigosos, como sabe.

- N�o s�o.
- N�o � s� a revers�o.

S�o perigosos por natureza.
Como disse, almas perdidas.

PARTIDO DA LIBERDADE

Os transferidos
s�o uma aberra��o da ci�ncia.

- Espere l�...
- Armam-se em Deus.

Sim, a culpa � da ci�ncia.

N�o foi a ci�ncia
que descobriu as transfer�ncias?

Isso, por sua vez,
levou � descoberta do esp�rito.

� a fonte da vossa influ�ncia
na sociedade.

Foi a vossa ci�ncia que validou a alma,
e voc�s ressentem-se disso.

Bateram em retirada
porque j� n�o conseguem neg�-lo.

Deus existe. Voc�s provaram isso.

O homem existe.
O homem existe e tem esp�rito e corpo.

Durante meses, o Sr. Padre e o grupo dele
espalharam propaganda religiosa

e o governo vai atr�s de tudo o que dizem.

- Est� perdido, meu filho.
- N�o. N�o me venha com "meu filho".

Consegue provar
que os transferidos n�o s�o perigosos?

S� temos de olhar para a Hist�ria.

Para todas as situa��es
em que inocentes foram presos

sob o pretexto de que poderiam
tornar-se perigosos para a sociedade.

Com que crit�rios hist�ricos
julgamos o que se passa?

Os transferidos s�o bem tratados.
A maioria aceita ir para o Centro �mega.

A BATI � eficiente no combate
�s transfer�ncias ilegais,

que � a pior forma de criminalidade,
algo que ningu�m poder� contestar.

Gostas? Eu compro-o para ti.

� muito espalhafatoso para mim.
Gosto de simplicidade.

Viste o Sylvain? Est� diferente, n�o?

Como assim, "diferente"?

Isto n�o � uma consulta.

S� sincera. N�o achas que ele est�
mais calmo e introspetivo?

Queres mesmo que seja sincera?

Quando ele estava
a lutar pela vida, rezei.

N�o por ele, mas por ti.

Rezei para que ele n�o sobrevivesse.
Para o teu pr�prio bem.

O Padre Luc disse que as pessoas merecem
uma segunda oportunidade.

Segunda?
J� deves estar na quinta, pelo menos.

A perda de mem�ria � conveniente.
Esqueces-te do que ele te fez.

Ele n�o mudou, Beatrice.
Continua t�xico como dantes.

Talvez seja uma m�rtir.

N�o consigo evitar.
Sou doida por ele.

Que simp�tico, Sylvain.

Mi�dos, este � o Sylvain Bernard.

Estes s�o a Julie e o Thomas.

- Ol�, minha menina.
- Ol�.

- Isto � para ti.
- Obrigada.

N�o tenho direito a um beijinho?

Vem e diz "ol�".

- Muito gosto.
- Ol�, Thomas.

Entra. P�e-te � vontade.

N�o abres a tua prenda?

Mais logo.

- Ainda estou ocupada na cozinha.
- Queres ajuda?

N�o, n�o, eu dou conta disto.

- Queres ver a casa?
- Sim.

Podem mostrar-lhe a casa?

- Julie.
- Est� bem.

- Come�amos pelo meu quarto?
- Se quiseres.

Por aqui.

N�o costuma estar assim.
A m�e obrigou-me a arrum�-lo.

- � o Totor.
- Totor.

Mas n�o vou ter mais peluches.
J� sou crescida.

Vamos continuar.

Aqui � o quarto do Thomas.

- Posso entrar?
- Claro.

- De certeza?
- Sim.

- Continuamos?
- Sim.

Ali fica a casa de banho
e este � o quarto da m�e.

Entre.

Foi o meu pai que fez isto.

- Lavaram as m�os?
- Sim.

M�e.

N�o faz mal, senta-te ali desta vez.

O que se passa?

Desde que perdeu o pai,
� esse o lugar dele.

- Desculpa...
- N�o, deixa-te estar.

Tem piada estares nesse lugar.

- Vamos comer?
- Sim.

- Queres uma alm�ndega?
- Obrigado.

N�o faz mal.

� estranho ir-me embora.

Foi uma noite agrad�vel. E haver� outras.

Educaste muito bem os mi�dos.

A Julie � fant�stica.

E o Thomas � quase um homem.

Ele tem saudades tuas.

Ele n�o suporta
quando um homem se aproxima de mim.

Houve muitos?

O Thomas afugentou-os.
Ele guardou-te o lugar.

Gabriel?

O que fazes aqui?

Quem �s tu?

Vou repetir a pergunta. Quem �s tu?

Ainda n�o sabes?

Anda da�, vamos refrescar-te a mem�ria.

Vem da�.

Onde � que vamos?

Na tua aus�ncia, formei uma equipa.

Fizemos-te um favor.

V�s a merda daquela casa?

Pertence � cabra
de uma assistente do Damien Volber.

- O que v�o fazer?
- N�o o viste na televis�o?

Sempre do lado dos transferidos.
Vamos dizer "ol�" � PDL.

- Desliguei as c�maras.
- Mas n�o as nossas.

P�e isto.

V�, mexam-se.

Anda.

Est�s maluco? P�e a m�scara. P�e-na.

P�e-na.

A tua mem�ria est� a voltar?
J� te lembras?

J� te lembras melhor das coisas?
Isto �-te familiar?

Para dentro.

Thomas, acorda a tua irm�.
Veste-te depressa.

Onde � que vamos?

Explico depois. Temos de ir embora.

� esse o tipo de homem que queres?
Aviso-te j� que n�o sou assim.

- Ningu�m te viu?
- Que se lixe! Eles que me vejam!

N�o quero este corpo. Mete-me nojo.

Desculpa, querido. Perdoa-me.
N�o era isto que queria.

Tu n�o passas pelo que eu passo.

- Eles s�o doidos varridos.
- Vamos embora, agora.

Foi o teu �ltimo dia com aquele homem.

Acho que mataram algu�m.

N�o quero deixar-te.

- Do que est�s a falar?
- � a minha m�e e o amigo dela.

Querem ir embora. N�o volto a ver-te.

Quem � ele? Que amigo � esse?

Thomas, quem � ele?

O novo namorado dela. Sylvain.

Jantou connosco ontem.

Eu vou contigo. Anda.

Legendas: Jo�o Lino Monteiro