All language subtitles for Trafficked.with.Mariana.van.Zeller.S01E05.Pimps.1080p.WEB.h264-CAFFEiNE

Conte-me um pouco
sobre seu dia a dia.

Voc� acorda,
e o que acontece depois?

Eu acordo,

me certifico de que meus filhos
est�o na escola,

e depois dirijo
pela rua Creation,

olhando para meninas
bonitas e jovens.

Voc� pode conseguir uma mulher
em qualquer lugar.

Qualquer lugar.

- Rodovi�rias.
- Esta��es de trem.

- Instagram.
- Instagram.

- Facebook.
- Pris�o da cidade.

- Shoppings.
- Lanchonetes.

Primeiro, vem a sedu��o.

Depois, vem a realidade.

Depois de alguns dias
bebendo e fumando,

voc� precisa ir para as ruas.

Esta � uma hist�ria
sobre cafet�es.

Como trabalham, como pensam

e o que far�o para garantir
sua parte no mercado bilion�rio

de sexo il�cito nos EUA.

Aqui, nestas ruas,

voc� � ca�ador ou � ca�a.

Voc� � uma ovelha ou � um lobo.

N�o estou dizendo
que o que fa�o � certo,

mas sou um lobo sobrevivendo
nestas ruas.

Porque n�o vou ser uma ovelha.

Mercado Ilegal com Mariana van Zeller

Na primeira vez que fiz isso,

foi uma adrenalina total.

Mas depois voc� meio
que vai se acostumando.

Como � quando se est� nas ruas?

� frio.
� muito frio.

Eu estou usando muita roupa.

N�s vemos garotas nas ruas
s� de calcinha e suti�.

- No inverno?
- No inverno, na chuva.

Muitas delas
n�o podem sair de l�

at� que eles permitam
que elas voltem para dentro.

Os cafet�es?

Sim, os cafet�es.

E � perigoso?

� extremamente perigoso.

Encostam carros perto de n�s

e n�o sabemos se v�o
chegar perto e come�ar a atirar.

Como um cafet�o rival do outro
para o qual voc� trabalha.

Tecnicamente, eles s�o inimigos.

Ent�o, em vez de irem atr�s
do cafet�o,

v�o atr�s das garotas.

Voc�s s�o muito abordadas
por cafet�es?

Quase sempre que estamos l�.

E voc� tem feito isso
h� quanto tempo?

Eu fa�o isso h� uns tr�s anos.

Foi logo depois que voc�
entrou para a pol�cia ou...?

Foi um bom tempo depois.

Michelle, como vamos cham�-la,

� uma das duas policiais
de Oakland

que estar�o disfar�adas
e servir�o de isca esta noite.

- Quem protege voc�s?
- Temos pessoas bem perto.

Observando?

E tamb�m estamos armadas.

- Voc� leva sua arma junto?
- Sim.

- Onde?
- N�s damos um jeito.

O tr�fico sexual se tornou
manchete recentemente,

gra�as a casos grandes

como o do multimilion�rio
Jeffrey Epstein.

Por anos, Epstein coordenou
uma opera��o de tr�fico sexual.

At� recentemente,
tr�fico sexual era considerado,

em grande parte,
um problema transnacional,

com redes criminosas traficando
mulheres sem documentos

pelas fronteiras pra trabalharem
como escravas sexuais.

Mas h� um tipo muito mais comum

acontecendo
em todas as cidades dos EUA,

grandes e pequenas,

em que americanos
exploram outros americanos.

Nenhum estado relata mais casos
do que a Calif�rnia.

E, ao que parece,
Oakland � um ponto central.

Obrigado a todos pela presen�a.

Faremos uma opera��o
� paisana hoje.

� muito perigoso para as iscas.

Fiquem fora de vista,
mas fiquem perto.

Se prendermos um cafet�o,

usaremos o c�digo tr�s
para efetuar a pris�o.

O objetivo da miss�o
� desmantelar os neg�cios

em uma das rotas de prostitui��o
mais conhecidas da Calif�rnia,

a International Boulevard,
em East Oakland.

Um lugar onde cafet�es
s�o conhecidos h� tempos

por vender garotas
menores de idade.

Voc�s costumavam ir atr�s,
principalmente,

das mulheres
que trabalhavam nas ruas,

mas mudaram e agora v�o atr�s
dos traficantes e dos clientes.

Quando isso aconteceu?

Em outubro do ano passado.

- S� em outubro do ano passado?
- Sim.

- Uma mudan�a bem recente.
- Sim.

Uma mudan�a recente.

Queremos focar no que est�
alimentando a demanda

aqui, em Oakland.

Queremos ir atr�s
dos exploradores,

daqueles que est�o vitimizando
nossas jovens.

Ent�o, vamos atacar a demanda
e fazer as pessoas entenderem

que Oakland n�o vai tolerar

que forcem pessoas
� prostitui��o.

O tenente Jimmy Beere

� comandante
da Delegacia de Costumes

e meu guia esta noite.

Um cliente
chega dirigindo devagar,

analisando
a apar�ncia das garotas.

Odeio dizer, mas � uma vitrine.

Os cafet�es, por outro lado,

querem deixar claro que s�o
os mandachuvas da regi�o.

Ent�o, costumam fazer as curvas
em alta velocidade.

Ou algo intimidador,

como cantar pneu e sair
arrancando em alta velocidade.

Temos um homem latino a p�
falando com as garotas agora.

Sinal de alerta
no indiv�duo careca.

Aten��o, ele entrou

em uma picape branca Toyota
modelo anos 80.

Ele est� ali, localizei.

- Est� acontecendo.
- Sim, est�o prendendo o cara.

As agentes v�o
para alguns quarteir�es � frente

e come�am a trabalhar
em outra esquina.

Em poucos minutos,
um carro para.

- Ele est� tentando dar no p�.
- Sim.

� ele.

O que voc�s sabem
sobre a maioria desses clientes?

Qual � o perfil?

Como p�de ver,

tivemos um asi�tico,
um latino e um negro.

E aposto que o pr�ximo
ser� um homem branco.

E jovem, velho,
casado, solteiro?

Tudo isso.

N�o existe um perfil exato
de cliente.

Tem um homem em um Lexus,

com uma arma
para fora da janela.

Droga!

Temos um cara apontando
a arma pras prostitutas.

Logo fica claro que poderiam
prender clientes a noite toda.

Mas n�o � dos clientes
que eles est�o atr�s.

Estamos tentando
atrair o cafet�o.

Tir�-lo das sombras.

Tentar fazer com que tente
recrutar uma das nossas garotas

para irmos para cima.

Acha que eles ganham mais
como cafet�es

do que se estivessem
vendendo drogas?

- Sim.
- Por qu�?

� mais vantajoso.

Tem mais demanda.

N�o � preciso comprar o produto,
ent�o n�o gasta nada.

N�o � preciso empacotar.

Ele n�o corre o risco de ser
pego com o produto em m�os.

� um produto renov�vel
que nunca vence,

enquanto ela continuar viva.

E se est� viva,
� melhor trazer dinheiro.

O desafio � conseguir
encontr�-los e prend�-los.

Isso.

O combate ao tr�fico humano

� uma das grandes causas
dos direitos humanos.

E os EUA continuar�o
a lider�-lo.

N�o vamos parar at� prendermos
o �ltimo traficante de humanos

e libertarmos
o �ltimo sobrevivente.

O combate ao tr�fico parece ser
uma das poucas quest�es

que transcende a pol�tica.

Mas toda essa aten��o esconde
uma triste verdade:

prender traficantes sexuais
� extremamente dif�cil,

em parte, porque as v�timas
costumam ter medo de depor.

Eu diria que � mais dif�cil
resolver esses casos

do que casos de homic�dio.

Para os cafet�es,

isso quer dizer que o risco
� relativamente baixo

e os lucros s�o muito altos.

Uma combina��o
que deve ser irresist�vel.

E � exatamente por isso
que quero achar um deles.

Minha busca come�a no Instagram.

Foi onde eu soube que cafet�es
t�m seu pr�prio ecossistema

de hashtags.

Tem uma hashtag, 304.

De cabe�a para baixo,

304 vira "hoe",
prostituta em ingl�s.

N�o posso mostrar muitos rostos,

mas #GameRelated,
#PGO, "Cafet�o na �rea",

#HGO, que significa
"Prostituta na �rea",

#IZM, que � algo de ostenta��o.

Mais joias, mais diamantes.

Essa demonstra��o
de riqueza e poder.

Essas pilhas de dinheiro.

� tudo uma maneira de mostrar
a essas mulheres

como poderia ser a vida delas
se trabalhassem para eles.

N�o fa�o ideia se algum deles
� de fato um cafet�o

ou apenas finge ser.

Mas, para alguns,

deu para notar que o feed
das redes sociais

� uma ferramenta de marketing
para suas opera��es.

Eles n�o parecem ter vergonha
ou querer esconder o que fazem.

Na verdade, querem mostrar.

Por semanas,

enviei mensagens a diversos
homens e algumas mulheres,

perguntando se algum deles
estaria disposto a conversar.

A maioria me ignorou.

Ent�o, por fim, uma descoberta.

Eu encontrei um g�nero liter�rio
que n�o sabia que existia:

a biografia de cafet�es.

E foi assim que encontrei
Mickey Royal.

Ele � o autor de The Pimp Game

e concordou em me encontrar
em um hotel no centro-sul

de Los Angeles.

Tenho esperan�as de que Mickey
seja minha porta de entrada

para o mundo
da antiga profiss�o dele.

- Como vai?
- Bem.

- Mariana.
- Mickey Royal.

Oi, Mickey.
� um prazer.

Igualmente.

Eu entrei para a cafetinagem
aos 19 ou 20 anos.

Vim de um ambiente
de drogas e gangues,

ent�o eu achava o estilo de vida
de cafet�o para fracos.

Porque, se n�o envolvia armas,
eu n�o estava interessado.

Mas tinha algum tipo de...

encanto nisso.

Voc� acaba sendo sugado,
e eu me apaixonei por isso.

Eu sei que sou bonito.

O encanto da cafetinagem
n�o � segredo.

Eu quero que se recomponha,
volte l� e traga meu dinheiro.

Est� nos filmes,

nos videoclipes...

Que eu sou cafet�o

...e at� em Seinfeld.

Poucas figuras do submundo
receberam tanto carinho

da cultura pop quanto o cafet�o.

Mas eu quero saber
como funciona a cafetinagem.

Mickey se oferece
para me levar em um tour

pelo trajeto mais infame
de Los Angeles.

- Aonde vamos?
- Estamos indo para Figueroa.

� conhecida como o ponto,
o local.

� assim desde os anos 60.

Estamos falando
de 95 quarteir�es.

Noventa e cinco quarteir�es.

Acha que � muito perigoso?

Extremamente perigoso.

H� muitas coisas
com que se preocupar.

Se irritar o cafet�o,
ter� problemas.

H� sequestros, facadas,
tiroteios, muita coisa.

� um profiss�o em que
o abuso sexual e estupro

s�o apenas amea�as
ocupacionais di�rias.

Eu morei em Los Angeles
por mais de 10 anos,

e conhe�o Figueroa,

mas nunca havia visto
nada disso, at� hoje.

Chamo de "Mundo das Sombras".

Ele existe � noite
e em plena luz do dia.

- Ela est� trabalhando.
- E est� de biqu�ni.

�.

Est� congelando.
Est� fazendo 8 �C l� fora.

� preciso entender
que se elas tiverem cafet�es,

elas podem ganhar mais
sendo vistas de longe.

N�o podem nem usar jaquetas.

Viu como est�o
com poucas roupas?

Devem ter o mesmo cafet�o.

Quem trabalhava com voc�
se vestia igual?

Sim. � mais f�cil comprar
todas as roupas de uma vez.

Todas aquelas tr�s ali
est�o com sapatos iguais.

Quer dizer que trabalham
para o mesmo cafet�o?

Provavelmente.

Aquela era t�o jovem.
Parecia ter uns 15 anos.

- Voc� viu?
- Sim.

Vai ver muitas assim.

N�s j� vimos muitas e muitas
e muitas mulheres at� aqui,

em uns 20 quarteir�es, certo?

Sim.

Devia ver nas noites
de sexta e s�bado.

Parece at� um show.

E onde voc� estaria?

Uma garota estaria
nesta esquina. E voc�?

No carro.

- N�o muito longe.
- De olho nela?

- Sim.
- Por qu�?

Para ver se ela est� bem.
Achava que era minha fun��o.

Como faria se tivesse
mais de uma garota?

Voc� vai e vem.

Fica aqui por 10 minutos,
at� ela conseguir um cliente,

ver como v�o as coisas.

E depois vai ver a outra.

Voc� fala com uma,
pega o dinheiro.

Mas ela n�o vai arrumar nada
se ficar parado ali.

Est�vamos passando pelos mesmos
quarteir�es v�rias vezes,

quando Mickey ficou apreensivo.

- Certo. Temos que sair daqui.
- O que houve?

- S�o eles.
- Por qu�? O que houve?

- Est� come�ando a esquentar.
- Como assim?

Assim que virem as c�meras,
v�o contar a todos o que viram

e apontar para o carro.

E se virarmos � direita
e dermos uma �ltima volta?

Melhor n�o.

- S�rio?
- N�o.

� melhor encerrar a noite agora.
Acredite.

Eu sigo o conselho de Mickey,

mas ainda espero que ele me
apresente a um cafet�o na ativa.

Estamos trabalhando
nesta hist�ria faz tempo

e tem sido dif�cil arranjar
pessoas pra entrevistar,

principalmente pessoas
que est�o na ativa...

N�o vai conseguir.

Bom, se voc� ainda estivesse
fazendo isso,

- voc� admitiria para n�s?
- N�o.

Seria melhor chegar com armas
do que c�meras para mim.

N�o.

Eu enfrentaria as armas,
mas fugiria das c�meras.

- N�o.
- Por que n�o?

Porque se voc� quer se safar
de um crime,

� preciso manter segredo.

Simples assim.

Depois da nossa entrevista,
Mickey me chamou de canto.

Ele me deu um nome,
um n�mero e uma chance.

Um telefonema depois,

as portas come�aram a se abrir.

- Al�?
- Oi.

Aqui � a Mariana.
Como vai?

Estou bem.

Mickey me passou seu n�mero

e disse que talvez estivesse
disposta a falar conosco.

Adorar�amos
nos encontrar com voc�

em Inglewood,
se estiver dispon�vel.

- Sim.
- Certo.

E vai levar pessoas
que trabalham com voc�, certo?

Certo.

Voc� quer nos encontrar
naquele hotel?

Isso.

Voc� j� trabalhou l�?

Sim.

Alugamos este quarto de motel.

Elas disseram
que j� trabalharam aqui.

Elas deveriam ter chegado
h� uma hora,

mas ainda n�o apareceram.

Mas esperamos que venham.

Tem sido dif�cil conseguir
quem fale conosco.

Elas pareceram dispostas,
e espero que venham.

- Oi.
- Prazer.

Sou Mariana.
Como vai?

- Estou bem.
- Entrem.

Obrigada por nos encontrarem.

Sei que querem proteger
suas identidades.

Ent�o, trouxemos
estas m�scaras para voc�s.

Esta � minha cara.

Ela � muito bonita.

� engra�ado,
porque olhando para elas,

fiquei pensando em qual usaria,
se fosse eu.

- Mudei de ideia umas tr�s vezes.
- Sei.

Perfeita.

- Cubra mais um pouco em cima.
- Gostei desta.

Estamos bem perto de Figueroa,

que � um dos pontos
mais famosos de Los Angeles.

Voc�s j� estiveram l�?

- Eu j�.
- Para trabalhar, sim.

Acham que a maioria das mulheres
que trabalham naqueles pontos

tem um cafet�o?

Eu diria que 80% t�m.

- Sim.
- Eu diria que sim.

Voc� teve um cafet�o?

Quando eu comecei, n�o.

Eu s� falava:
"Ei, vamos nos divertir".

Sabe?

Mas eu cheguei a tentar.

Os caras queriam
que eu fosse prostituta deles.

E eu me aproximei deles,
convivi com as mulheres deles,

observei como era o ambiente,
mas n�o era para mim.

Havia muita viol�ncia,
muito ci�me.

E eu n�o via para onde
o dinheiro ia.

Por que outras fazem isso?

Por quest�es paternas.

Procuram aten��o,
talvez foram molestadas.

Talvez sintam que precisam
ser valorizadas por um homem

e n�o valorizadas por si mesmas.

Muitas v�m de lares desfeitos.

N�o ter uma figura paterna
� um problema muito grande

na vida de uma garota jovem.

Quando voc� n�o recebe
o amor que voc� merece,

isso leva voc�
a um estado diferente,

dif�cil de explicar
ou descrever.

Voc� s� sente a dor.

Acham que os cafet�es
sabem disso e exploram isso?

Sim.
� como abusam de voc�.

� assim que fazem com que voc�
nunca saia dessa.

Por isso, muitas garotas
da minha idade ficam presas

e vivem nessas condi��es
por muito tempo.

Quanto mais conversamos,

mais percebo
as diferentes maneiras

em que as mulheres
s�o levadas para as ruas.

Chamaremos esta mulher de Bee.

A prostitui��o n�o
� seu trabalho principal.

� apenas algo que faz ap�s
o expediente como enfermeira.

Eu pago meus estudos.

Eu pensei:
"Eu j� transo mesmo.

Por que n�o?".

Eu n�o tenho vergonha disso.

N�o tem motivo
para ter vergonha.

Todo mundo faz sexo.

Voc� nunca sonhou
em ser uma stripper?

Esta � a parte em que n�o sei
se aceno com a cabe�a ou n�o.

Exatamente.

Honey diz que seus principais
clientes s�o do ramo do neg�cio.

Meu pre�o � muito alto.

Eu ganho muito dinheiro
fazendo isso.

Ela disse que chega a ganhar
20 mil d�lares por semana.

Mas todo esse dinheiro tem
um custo pessoal muito alto.

Eu tinha uma amiga cujo pai era
traficante de drogas e cafet�o.

Minha m�e nunca estava
por perto,

ent�o eu passava muito tempo
na casa dela.

E o pai dela sempre dava
em cima de mim

e me tocava.

Mas nunca contei para ningu�m.
Eu n�o tinha ningu�m, ent�o...

Quantos anos tinha?

Eu tinha 12 anos.

Desculpe por perguntar isto.

N�o precisa responder,

ou se n�o quiser a pergunta,
podemos editar, mas...

Ele estuprou voc�?

Sim, estuprou.

- Aos 12 anos?
- Sim.

E como foi a partir da�?

Ele disse: "Tudo bem.

Se fizer isso para mim,
n�o vou te julgar, ningu�m vai.

N�o conte para ningu�m".

Ent�o, sempre guardei segredo.
Ningu�m nunca soube o que fiz.

E como ele convenceu voc�
a vender seu corpo para outros?

Eu n�o tive m�e ou pai
por perto,

ent�o cresci achando que era
normal vender meu corpo.

Eu era jovem e ing�nua.

Voc� falava que estava tudo bem
e eu acreditava.

- Ele era cafet�o?
- Sim.

Muitas mulheres
trabalhavam para ele?

- Sim.
- Quantas?

Umas cinco de n�s.

- Todas jovens como voc�?
- Sim.

Ent�o, elas tinham entre 12...

De 12 a 15 anos.

N�o mais que isso.

Depois de quatro anos,
Honey finalmente fugiu.

Ele chegou a ser preso
ou algo assim?

N�o. N�o prestei queixa,
nem nada disso.

Eu s� queria fugir.

Uma das coisas que ouvimos muito
� que mulheres com cafet�es,

mesmo quando abusivos,
n�o querem falar com a pol�cia,

n�o querem depor,
s� querem deixar isso para tr�s.

"Falador passa mal".

Ent�o, se voc� falar,
v�o colocar sua cabe�a a pr�mio.

N�o importa o pre�o.

- Isso.
- � o que eles dizem?

� a regra.

Quer dizer que v�o espancar voc�
se voc� contar?

Sim.

E far�o isso.
V�o garantir que seja feito.

Depois que voc� entra,
� dif�cil de sair.

Sempre volta para voc�.

Quando voc� corrompe uma garota,

� dif�cil ela voltar a ser boa.

Depois da entrevista,

Nina me diz que conhece
todos nas ruas,

inclusive cafet�es.

Ela me passou uns contatos,
troquei algumas mensagens

e parecia que ia acontecer,

mas n�o aconteceu.

J� estivemos em tr�s lugares
diferentes at� agora, s� hoje,

esperando que esses cafet�es
apare�am.

Eles dizem que est�o vindo,
que est�o a caminho.

N�s preparamos tudo,
esperamos e esperamos.

E, no �ltimo minuto,
eles n�o aparecem,

ou mandam mensagem
dizendo que n�o v�o,

ou que est�o desconfiados
que somos da pol�cia

e n�o se sentem � vontade.

Ele cancelou.
N�o vem mais.

Acabamos de receber
mensagem de um cara

que disse que est�
na rua 54 com a Western.

Ele est� na esquina
e vai nos esperar l�.

N�o fazemos ideia
de onde estamos nos metendo

e com quem vamos nos encontrar.

Mas esperamos
que tenha algu�m l�.

O processo � frustrante.

J� consegui acesso mais f�cil
a traficantes de armas

e chefes do tr�fico.

Mas estou percebendo que
este mercado ilegal � diferente

e mais sombrio.

Certo.

� aqui.

Estamos no estacionamento
de uma lavanderia.

Ele falou
para nos encontrarmos aqui.

Como era de se esperar,
ele n�o est� l�.

Pode ser que ele esteja
nos observando de algum lugar,

confirmando
que n�o somos da pol�cia.

Nesse caso,
acho melhor sair do carro,

dar uma volta e avisar para ele
que sou a mulher de vermelho.

- O qu�?
- Est� tirando fotos?

N�o, est�o tirando fotos de mim.

- Est�o me filmando.
- Volte para a droga do carro!

N�o sei.

� melhor desligar a c�mera,
porque est�o ficando irritados.

- S�rio?
- Sim.

Certo. "Vire a esquina
e v� at� o n�mero 1609."

Temos um endere�o.

Vamos ver o que acontece.

Da Western, entramos
em um bairro residencial

e seguimos para o endere�o.

Finalmente, ap�s meses tentando,

aqui estou,

na presen�a sombria
de um cafet�o na ativa.

Ap�s meses tentando,

finalmente estou frente a frente
com um cafet�o na ativa.

Ele quer
que eu o chame de Chill.

E esta � sua parceira
de neg�cios, Lady P.

Eu sei que quando est�vamos
trocando mensagens, voc�...

n�o queria passar
o endere�o certo de imediato.

N�o tinha certeza
se �ramos da pol�cia.

Isso mesmo.

Por causa do nosso ramo.

S� de falar que � deste ramo,

eles mudam a postura.

Porque, agora,
em vez de um crime comum,

em que ser cafet�o
� ser cafet�o, n�o,

o que fazemos agora
� considerado tr�fico humano.

E essa droga � totalmente
diferente de cafetinagem.

Ent�o, diga o que � ser cafet�o.

� uma quest�o de escolha.

Elas veem o brilho, o ouro,
o dinheiro e os carros.

Sempre que voc� liga o r�dio,
o que voc� ouve?

Um rapper falando como est�
cheio de minas e outras coisas.

Ent�o, o que elas querem?

Elas querem aquele rapper.

Elas veem as Ferraris,
Lamborghinis, essas coisas.

Elas querem essas coisas.

O que � o mais pr�ximo
de um rapper?

Um cafet�o.

Por que n�o?

Ele pode dar o que elas querem.
F�cil.

Drogas, sexo e rock and roll.

� assim que �.

Essa pode ser a forma
que cafet�es como Chill

enxergam essa vida.

Mas imagino que a realidade
seja bem mais complicada

para as mulheres
que trabalham para ele.

Como encontram as garotas?

Em clubes.

Elas nos veem curtindo,
estamos na �rea VIP,

bebendo e nos divertindo.

� claro que elas n�o querem
ficar na �rea comum.

Querem ir para �rea VIP.

"Ei, garota,
quer curtir com a gente?"

- Quem fala isso?
- Eu.

E elas v�o.

Elas veem o brilho, o glamour,
o ouro, os carros, as motos.

Elas querem fumar erva,
usar coca�na, tomar ecstasy.

N�s temos tudo isso.

Uns dias depois
de estarem com a gente:

"Certo, agora � hora
de voc�s trazerem grana".

� preciso pagar as contas.

Ent�o, elas t�m que decidir.

Podem falar:
"N�o quero. Estou fora".

Mas em 99,9% das vezes,
essas garotas falam:

"Ei, tenho maconha, ecstasy,
eu tenho tudo o que quero,

e ainda posso ganhar uma grana?

Por que n�o?".

E a quantidade de garotas
� sempre t�o alta?

- S�o muitas?
- N�s n�o sa�mos por a�

procurando pelas garotas
mais elegantes, sabe?

N�s queremos
as que gostam de se divertir.

- Ou que ficam olhando para n�s.
- Ficam olhando.

- N�s percebemos.
- Essas que ficam olhando

j� foram notadas.

Esta aqui j� estava de olho.

J� era.

E, naquela altura,
a escolha j� foi feita.

Chill diz que as mulheres dele
n�o trabalham nas ruas.

Elas encontram
os clientes na Internet,

onde podem cobrar
um pre�o mais alto.

O que acha quando chamam voc�

de traficante sexual
ou de humanos?

Eu acho besteira.

Se perguntar �s minhas minas
se acham que sou isso,

elas v�o responder:
"Sim, ele est� me traficando

para Miami, para Vegas,
para a Fl�rida".

Voc� faz isso?
Voc� as transporta?

Eu n�o transporto.

Eu compro uma passagem.

"Aqui.
V� para o aeroporto.

Entre no avi�o.
At� mais."

Quando elas voltam,

eu olho para o meu saldo
e � s� grana entrando.

� chocante como se sabe pouco

sobre a economia
clandestina do sexo.

Um estudo recente estima
que o sexo il�cito nos EUA

gere 5,7 bilh�es
de d�lares por ano,

com a prostitui��o de rua,
servi�os online de acompanhante,

prost�bulos residenciais
e casas de massagem.

Mas n�o h� dados confi�veis

sobre quantos cafet�es
e traficantes est�o operando,

ou quantas v�timas
podem estar por a�.

� raro ter uma vis�o interna
da opera��o de um cafet�o,

e � por isso que quero
conhecer outros.

Na semana seguinte, eu fa�o
contato com mais dois cafet�es

que est�o atualmente na ativa.

Em um motel barato em Inglewood,
eu me encontro com Jack Knife.

E ap�s um pouco de insist�ncia,

eu me sento com Gotti,
tarde da noite,

em um bar pr�ximo ao aeroporto.

Voc� encontra essas mulheres
na rua?

Como as recruta
e as convence a trabalhar?

Nas ruas, em nove de dez vezes.

�s vezes, no Instagram, sabe?

�s vezes, no Facebook.
Depende.

Voc� pode conseguir uma mulher
em qualquer lugar.

Qualquer lugar.

O que voc� fala para elas?

"Oi, gata.

Posso te acompanhar
enquanto faz compras?

Podemos conversar
e nos conhecer."

N�s sa�mos, viramos amigos e...

falamos como podemos
ganhar dinheiro.

E se elas estiverem de acordo
com a proposta,

partimos para o neg�cio.

- Voc� as elogia?
- � claro que sim.

Digo que elas s�o lindas,
para irem l� ganhar dinheiro.

Elas t�m que entrar nessa
se sentindo bem,

para que possam ir l�
ganhar uma grana.

Voc� procura
um tipo espec�fico de garota?

Algu�m que n�o demonstre medo.

Que esteja pronta.

Um alvo f�cil seria,
digamos, Jan Brady,

da s�rie A Fam�lia Brady.

Ela � a filha do meio
que recebe menos aten��o.

� a que se sente menos atraente.

Eu daria � Jan
o m�ximo de aten��o

e falaria que ela � mais bonita
que sua irm� Marcia.

E quando a Jan
ficasse longe de mim,

ela voltaria a ser
o patinho feio da casa.

Ent�o, sua autoestima,
seu senso de empoderamento,

seu desejo de ser a n�mero um,
ou o fato de ser a n�mero um,

s� est� presente
quando eu estou por perto.

Ent�o, ela fica cada vez
mais pr�xima de mim.

Eu tentei perguntar a eles
sobre as finan�as do neg�cio,

mas foram evasivos.

Cada um admite trabalhar
com certo n�mero de mulheres.

Eu diria que umas sete.

Seis no m�nimo,
oito ou nove no m�ximo.

No momento, quatro.

As quatro trabalham
em tempo integral para voc�?

Sim.

Somente para mim.

E cada um fica com um certo
percentual dos lucros.

Elas ficam com a maior parte
ou voc�s ficam?

N�s ficamos.

- Voc�s que ficam?
- Sim.

Se eu cuido de voc�,
eu tenho que ganhar mais.

Isso mesmo.

Qual � a porcentagem?

A porcentagem maior
� delas ou sua?

� minha.

� meu dinheiro.
� nosso dinheiro.

� assim aqui.

� claro que vai ganhar dinheiro.
Vou dar uma parte.

Ou compro alguma coisa
para voc�.

Mas n�o vai ganhar grana
todas as vezes.

Eu acho uma loucura
uma mulher vender seu corpo

e os cafet�es sentirem
que t�m direito aos lucros.

E estamos falando
de muito dinheiro.

Segundo
o Departamento de Justi�a,

um cafet�o pode ganhar de 5 mil
a 30 mil d�lares por semana.

N�o � surpresa como alguns deles
fazem para manter o controle.

J� bateu nas suas mulheres?

Pr�xima pergunta.

Vou entender como um "sim".

O que leva algu�m a fazer isso?
O que levou voc�?

No meu caso, eu fui roubado.

Se elas sa�rem da linha,
se forem falar algo idiota...

levam um tapa ou at� um soco.

Posso at� cort�-las.

- Tanto faz.
- J� fez isso?

Eu?

Quando uma mulher foge
uma ou duas vezes,

eu corto a sola do p� dela.

- Corta com uma faca?
- A sola do p� dela.

N�o, n�o com uma faca.

Eu corto a sola do p�
com uma navalha.

Com uma navalha?

"Por que est� fugindo?
O que est� fazendo?

Dou dinheiro para voc�.
Est� tentando me roubar?

O que est� fazendo?"

Depois que fiz isso,

serviu de li��o
para todas as vadias.

N�o tive mais que fazer isso.

Se quiserem sair,
voc� n�o deixa?

Elas podem sair.

Podem sair.

N�o estou apontando
uma arma para elas.

- N�o, mas voc� admitiu...
- Eu n�o algemei ningu�m.

- Disse que � escolha delas...
- E �.

Mas depois
do que disse ter feito,

elas devem
morrer de medo, n�o acha?

Mas ela ainda pode ir.
Eu falei.

Eu falei: "Se voc� sair,
n�o se esque�a de mim".

Ela continua com voc�?

Sim, continua comigo.

Ela ainda trabalha para voc�?

At� hoje.

� simples.
Ou est� comigo ou n�o est�.

- Ent�o, voc�...
- Espere, espere.

Pode falar.

Cafet�es por a� fazem
coisa muito pior que isso.

Eles matam as minas.

Por aqui,
alguns sequestram as minas.

� s�rio.

Amarram as minas.

"Voc� n�o vai aonde voc� quer.

N�o conta para sua fam�lia
nem para ningu�m."

A coisa � feia aqui.

A realidade � desoladora
e comum demais.

Mas h� pessoas l� fora
tentando fazer a diferen�a.

Cuidado com a c�mera
porque ele est� na nossa frente.

Eu estou em Los Angeles,

n�o muito longe de onde moro,

tentando entender como cafet�es
justificam o que fazem.

Acho que as pessoas
que ouvirem isto diriam

que o que fazem
� explorar mulheres

quando elas est�o
no pior de seu pior.

"Ou voc� fica
e tem um lugar para morar,

mas precisa vender seu corpo
na rua, ou expulsamos voc�."

Isso n�o � explora��o?

N�s n�o batemos nessas mulheres,

enforcando-as,
enchendo-as de drogas.

N�o temos uma van branca.

N�o paramos o carro
e as sequestramos.

Elas saem quando quiserem.

Poderia ser pior.
Elas poderiam escolher pior.

Especialistas acreditam
que a maioria das jovens

recrutadas por cafet�es
e traficantes,

talvez at� 60% ou 70%,

viveu um tempo
em lares adotivos.

� um crime
que mira os mais vulner�veis.

Ningu�m se importa com elas.

Elas s�o vistas como rejeitadas.

E � isso que facilita para
que os cafet�es as recrutem.

"Eu te amo.

Eu te amo.

Sua m�e n�o te ama
porque ela te expulsou.

Seu pai n�o te ama
porque ele te molestou.

Eu te amo."

Se voc� nunca teve nada
e tem pela primeira vez,

e � bonito,

voc� aceita.

Mesmo se for feio.

E qual parte � feia?

- Diga-me voc�.
- Vender seu corpo.

Diga-me voc�.

A parte feia � vender seu corpo.

Voc�s assumem que � feio?

- Mas ainda pedem que fa�am.
- Sim, mas ela ainda concordou.

Eu repito, � uma escolha.

- � uma escolha mesmo?
- �.

�.

N�s sempre temos escolha.
Todos t�m escolha.

Qualquer promotor que tentar
prender um cafet�o como Chill

por tr�fico sexual

precisa provar o uso de for�a,
fraude ou coer��o,

para induzir uma mulher
a vender seu corpo.

� um desafio dif�cil,

principalmente quando
cafet�es como Chill

conhecem os limites
da linha legal.

Imagino que seja por isso
que ele e a Lady P

sejam t�o adeptos da palavra
"escolha".

Ainda assim, os cafet�es sabem
que t�m alvos em suas costas.

E podem se surpreender

com algumas das pessoas
tentando ca��-los.

Por que n�o quer
aparecer na c�mera?

Por quest�es de seguran�a.

Estamos juntando provas
contra pessoas

que podem, de fato,
ser criminosos

e que podem se tornar
alvo da pol�cia por nossa causa.

E n�o quero que descubram
e tentem me matar.

S�o pessoas perigosas?

Estamos lidando
com gente perigosa.

Jenna, como a chamarei,

� uma empres�ria de tecnologia
bem-sucedida

que mora em uma das regi�es
mais ricas do Vale do Sil�cio.

Eu falo aos nossos doadores:

"Podemos fazer isso.

Temos um hist�rico comprovado
de sucesso.

Podemos encontrar crian�as
por menos de 20 mil d�lares.

O que voc� prefere?

Outro bracelete de diamante
em seu pulso?

Ou prefere encontrar uma garota
desaparecida e salv�-la?".

Essa � a miss�o
da Special Operations,

a ONG fundada por Jenna.

H� muitos grupos como o dela
no combate ao tr�fico sexual.

Mas a Special Operations
� mais agressiva que a maioria.

Ela n�o apenas resgata
garotas em perigo,

mas tamb�m vai atr�s
dos traficantes.

A organiza��o busca preencher
as lacunas da sociedade

para solucionar
crimes de tr�fico sexual.

Da forma que o sistema
funciona no momento,

o Centro Nacional para Crian�as
Desaparecidas e Exploradas

envia � pol�cia
meio milh�o de pistas.

Polaris, a linha direta
contra tr�fico sexual,

envia milhares de pistas.

Mas pode passar meses
at� que elas caiam

nas m�os de um investigador.

Entendido. Estou em frente
ao hotel, c�mbio.

Jenna me colocou em contato
com seu investigador-chefe,

um ex-policial
chamado Mike Ferrari.

H� quanto tempo
est� atr�s desse cara?

J� faz mais ou menos um ano.

Estou vendo apenas o Mark.
N�o vejo o suspeito.

A equipe de Mike,

que consiste em mais tr�s
investigadores particulares,

cada um em seu carro,

est� trabalhando em um caso

envolvendo um homem
que chamaremos de Ray.

Ele tem um hist�rico
de tr�fico de menores.

Sabemos
que � um predador em s�rie

e temos tentado tra�ar
um padr�o sobre ele

para encontrar o local onde,
certamente, h� mais v�timas,

porque, em toda pris�o,
sempre havia mais de uma v�tima.

Quantas garotas
trabalham para ele?

N�s conversamos com tr�s v�timas
de forma discreta.

Mas cada uma delas falou
sobre v�rias outras garotas.

Uma vez, quando uma garota
de 15 anos foi resgatada,

havia outras tr�s garotas.

Mas, como na maioria dos casos,

as v�timas ficaram com medo
de depor contra ele.

Senhor, vai sair mais um.

Estou vendo a porta dos fundos.

Quando ele sair,
� bom algu�m sair a p�,

para sabermos
aonde ele vai depois.

Ray � esperado no tribunal hoje

por outra acusa��o
n�o relacionada.

Se ele aparecer,

Mike e a equipe aproveitar�o
a oportunidade para segui-lo.

Mike est� convencido
de que Ray continua traficando,

mas eles precisam de provas.

Qualquer informa��o nova
sobre esse cara pode ajudar.

Parte do objetivo
da nossa organiza��o

� pegar esses caras
que escapam pelas brechas.

Entrada do p�tio, � com voc�.

Eles o est�o vendo.
Temos que ir agora.

Mark, ele est� saindo.
Est� vendo?

Ele est� na rua agora
com o advogado.

Ele atravessou a rua.

Certo.
Ali est� ele.

� ele ali na esquina.

- Cuidado com as c�meras.
- �.

Sejamos discretos
para que ele n�o nos veja.

Deixe comigo, Mike.

Est� passando pela rua Fuller.

Quem est� de olho nele?

O Mark est� vendo.

Sim, o Mark est� � direita.

Estou vendo.
Ele vai me passar de carro.

Passou o sinal vermelho,
virou � esquerda e direita.

Espere. Ele est� atr�s.
Espere um segundo.

Estou vendo.

Estou atr�s dele.

Eu o vi a 1,5 quil�metro.

Certo, n�o os perca.

O Mark est� na quarta pista.

Certo, n�o os perca.

Mike, tem muito tr�nsito
na �rea.

Estou na �rea da ba�a,

com uma equipe
de investigadores particulares,

perseguindo
um traficante suspeito.

Desde o in�cio, ele est� agindo
de forma suspeita,

em alta velocidade na estrada.

Cuidado com a c�mera
porque ele est� na nossa frente.

Passando por bairros.

Eu preciso de algu�m
aqui e agora, pessoal.

Estou logo atr�s de voc�.

Ele finalmente para em uma casa

n�o muito longe
da Universidade de Stanford,

que os investigadores conhecem
de vigil�ncias anteriores.

Ele est� na Casa da Vov�.
Casa da Vov�. Casa da Vov�.

Eles passam o dia
acompanhando seus movimentos.

Para onde ele foi?
Quem ele foi visitar?

Com quem mais ele
pode estar trabalhando?

Temos um carro novo,
que ainda n�o t�nhamos visto.

Ent�o, parece que temos
alguma atividade.

Sabe-se que traficantes
transportam v�timas

entre condados,
e at� mesmo estados,

para mant�-las desorientadas

e para despistar a pol�cia.

Esse cara declara um endere�o
no condado depois da ba�a,

um endere�o em South Bay.

Ele consegue suas v�timas
em outro condado.

Isso envolve v�rias jurisdi��es.

Pode ter algo acontecendo
de um lado da ba�a

e em um raio de seis ou oito
quil�metros entre os condados.

Mas n�o h� comunica��o
entre a pol�cia

e, �s vezes,
o sistema judici�rio.

Ent�o, fica muito dif�cil
pegar caras assim?

Sim.

Montar um caso
com provas contra Ray

precisar� de mais miss�es
como esta.

Caso tenha sucesso,

Mike ent�o entregar�
as provas � pol�cia,

com a esperan�a de que eles
abram sua pr�pria investiga��o.

Mas n�o h� garantias.

E tudo isso � para tentar parar
apenas um dos muitos cafet�es

e traficantes � solta.

Ainda assim,
Jenna est� decidida.

Esse � um crime que dinheiro
e boas conex�es podem resolver.

Talvez seja um pouco de otimismo
do Vale do Sil�cio.

Ou talvez seja verdade.

Mas, quando se pensa
em dinheiro e recursos

e no ramo terr�vel do tr�fico,

h� outras verdades
a se considerar tamb�m.

Por mais loucos que esses
cafet�es e prostitutas sejam,

eles n�o cruzam
a King Boulevard.

Quando cruza a King Boulevard,
voc� chega no dinheiro.

Ao norte da King
fica o campus da USC,

com seus quase seis bilh�es
de d�lares

em fundos patrimoniais.

Ao sul de King,
a coisa piora rapidamente.

Parece que aquele lugar
foi bombardeado.

Parece arrasado pela guerra.

Para Mickey,
essa divis�o explica tudo

sobre onde voc� acaba na vida.

Geografia como destino.

N�s crescemos em uma �rea
onde n�o temos recursos.

N�o temos nada.

N�o podemos fazer isso
ou aquilo,

como outras ra�as podem
fazer em suas �reas.

N�o tem trabalho.

Tem uma comunidade inteira
de desempregados.

E um monte de gente se pergunta:
"O que vamos fazer?".

Eu cresci em meio a gangues
e cafet�es.

Aos 15 anos,
voc� n�o pensa desse jeito,

mas depois a coisa muda
e voc� se pergunta:

"Por que n�o?".

Meu irm�o era cafet�o.

Ent�o, voc� cresceu nisso?

Sim.
Cresci nisso.

Havia muita cafetinagem
acontecendo.

Pessoas da sua fam�lia?

Uns caras da minha fam�lia
eram cafet�es.

Se voc� tivesse crescido
em outro bairro...?

Seria diferente.

Seria muito diferente.

Cresci com tudo isso ao redor.

Cafet�es, membros de gangue,
ladr�es, assassinos, golpistas,

toda essa droga.

Como um caldeir�o fervendo.

A coisa � s�ria aqui.

Eu cresci achando
que isso era certo.

Vi tudo isso enquanto crescia.

Eu era s� um garoto.

Alguns me falavam
que era errado,

mas eles tinham dinheiro.

"Tenho que ganhar dinheiro."

� uma droga de situa��o,

mas � uma atividade.

N�o crio desculpas
para esses cafet�es.

Mas entendo a frustra��o
de Jack Knife.

Deve ser dif�cil crescer
ao lado de tanta riqueza

e ter t�o poucas op��es.

Mas o que torna a cafetinagem
diferente de outras atividades

� que ela envolve
a vida de outras pessoas.

Normalmente, jovens
que j� v�m de uma vida dif�cil.

Ent�o, fiquei surpresa
quando Chill concordou

em me deixar falar
com uma das garotas

que trabalham para ele.

Quando voc� come�ou nisso?

Quando eu tinha uns 15 anos

e ca� nas m�os do cara errado.

E foi horr�vel.

Depois, conheci o Chill num bar,
e ele me pareceu um cara legal.

Ele � muito gentil e honrado.

Ele sempre cumpre
a palavra dele.

Ele faz exatamente
o que disse que faria.

Ele acreditou nos meus sonhos.

E ele me disse:
"Eu posso ajudar voc�".

E ent�o come�ou a me ajudar.

Logo eu percebo
que h� algo estranho.

Ele nunca me tocou
e meio que me acolheu.

� a descri��o mais gentil
de um cafet�o

que se possa imaginar.

Voc� d� parte
do seu dinheiro a ele?

Sim, mas � a mesma coisa
que depositar em um banco.

� como se guardasse para sacar
com o cart�o depois.

Mas no meu caso n�o � um cart�o,
e sim uma pessoa.

Ent�o, ele � seu cafet�o?

Eu n�o o chamaria de cafet�o.

Porque ele � doce.
Ele � muito honrado.

N�o o chama de cafet�o?
Do que o chama?

De amigo.

E me dou conta
de que n�o fa�o ideia

de quantos desses detalhes
s�o verdadeiros.

E quantos s�o inven��es
apenas para agradar ao chefe,

que passa toda a entrevista
pairando sobre n�s

com um taco de sinuca na m�o.

Essa � a parte dif�cil de fazer
hist�rias sobre tr�fico sexual.

Quando voc� dirige
por uma rua como Figueroa,

ou a International Boulevard,

e v� as mulheres trabalhando,

� imposs�vel saber
a realidade delas.

Algumas est�o l� por op��o,

mas outras n�o est�o.

Algumas s�o como a Honey.

Voc� j� ficou com raiva de saber
que h� homens, neste momento,

por toda a cidade e pa�s,

fazendo com mulheres
o que seu cafet�o fez com voc�?

Sim.

No meu caso, por exemplo,
uma garota de 12 anos

ainda n�o sabe
o que � melhor para ela.

Eu procurava por um adulto
que talvez pudesse me guiar

para o caminho certo.

Mas fui guiada
para o caminho errado.

Isso sempre me vem � cabe�a:

"Se nunca tivesse sido
apresentada a esta vida,

como estaria vivendo?

Como seria a minha vida?
Como eu seria?

Seria diferente?
Seria a mesma?".

Eu sinto pelas mulheres que t�m
que passar pela mesma coisa,

porque isso destr�i
toda a vida de uma mulher.

Pegue.

Agora eu tenho minha filha

e preciso garantir que tenha
mais que o suficiente para ela.

Quero dar o mundo a ela,
porque ela merece.

Ela n�o pediu para nascer.
Eu a trouxe.

Eu andei lendo seu livro

e marquei alguns trechos.

"Uma vadia para um cafet�o
n�o vale nada.

Ao mesmo tempo, ela vale tudo.

Voc� tira tudo o que ela tem
e depois d� o que ela precisa.

Voc�, o cafet�o,

� a causa e a solu��o
para todos os problemas dela.

Voc� d� a ela o veneno
e vende o ant�doto."

Voc� gostaria de...

� a verdade.

"A cafetinagem � premeditada.

Voc� sabe exatamente
o que est� fazendo

e sabe os efeitos disso
a longo prazo.

Voc� precisa ser s�dico,

porque tem que gostar
do que est� fazendo,

e voc� sabe o que est� fazendo.

Voc� sabe o que est� fazendo."