All language subtitles for Stanley.Tucci.Searching.for.Italy.S01E01.1080p.WEB.H264-WHOSNEXT

� dif�cil acreditar
que alguns meses atr�s,

a primeira onda de Covid-19
esvaziou as ruas de N�poles

e a It�lia estava
em lockdown.

Ainda bem, cheguei num breve
momento de normalidade.

Restaurantes est�o abertos

e m�scaras n�o s�o obrigat�rias
na rua.

E obedeceremos
as regras locais.

N�poles �
uma cidade emocionante.

No momento que chega,
� engolfado

por uma caos magnifico.

E n�o adianta lutar contra.

As pessoas aqui fazem as coisas
do pr�prio jeito.

Pegue a energia
de Nova York,

misture a eleg�ncia
de Nova Orleans,

adicione 3 mil anos
de hist�ria,

e cozinhe no calor do vulc�o
mais famoso do mundo.

Isso � N�poles.

Sou Stanley Tucci.
Sou italiano de pai e m�e,

e estou viajando pela It�lia
para descobrir como a comida

em cada uma das 20 regi�es
desse pa�s,

� t�o �nica quantas as pessoas
e seu passado.

No Sul somos acostumados
a lutar.

Esse lugar pode ser desprezado
como o primo pobre da It�lia.

Stanley, � poss�vel ter uma joia
em todo lugar do mundo? N�o!

Mas as pessoas que vivem
nessa regi�o,

tem seu pr�prio jeito de fazer
as coisas.

Para mim essa � nossa filosofia.

Essa � nossa tradi��o.

Deram ao mundo
sua comida preferida.

Pizza Margherita.

S� n�o esque�a
onde foi inventada.

- Floren�a.
- Mas como Floren�a? N�poles.

Estamos em N�poles!
Maldito seja!

Stanley Tucci:
Searching for Italy

S01E01
| Naples and the Amalfi Coast

Mrs. Bennet | TatiSaaresto |
Henderson | TinTin

Helo | Rayusca | Mario |
Nani | TKDion

Revis�o: Mrs.Bennet

Se a pizza fosse nascer
em algum lugar,

seria aqui, em N�poles.

Lindo!

A cidade � quente, r�pida,
e uma festa para os sentidos.

N�poles fica situada
na Camp�nia.

� a capital n�o-oficial
do sul da It�lia.

E � ainda mais antiga
que Roma.

� uma regi�o
de paisagens vulc�nicas,

ilhas m�gicas

e a mundialmente famosa
Costa Amalfitana.

O sol do Sul nutre tomates
que provocam inveja no mundo.

E nas colinas,
b�falas produzem leite

para melhor mu�arela.

Mas pizza n�o nasceu
nas colinas exuberantes.

Veio das mais escuras
e pobres ruas de N�poles.

E sua hist�ria combina dois
assuntos preferidos da It�lia,

comida e morte.

Ves�vio em erup��o.

Vulc�o hist�rico da It�lia

explode na mais assustadora
e devastadora erup��o.

Ao menos uma vez no s�culo
� propenso a isso.

DA FRIGIDEIRA
AO FORNO

O vulc�o �
como uma amea�a perene, n�o?

�, pois est� na paisagem.

Pode sempre v�-lo.
Sempre tem ele...

Tem ele na sua mente
e nos seus olhos.

Professora Elisabetta Moro

� uma dos 3 milh�es
de napolitanos

que vivem
na sombra do poderoso vulc�o.

As pessoas s�o obcecadas
com a possibilidade de morrer,

pois existe o vulc�o,
existem terremotos.

- Sim.
- Pois existem epidemias.

- Sim.
- Ent�o � bem dif�cil para eles.

A vida pode ser dif�cil
nesta cidade vol�til.

N�o � de se admirar
que aonde for em N�poles,

ver� santu�rios
feitos � m�o,

mantendo uma luz brilhando
para entes queridos falecidos.

Por toda a cidade
se v� isto.

Sim. Eles est�o inclu�dos
na arquitetura da cidade.

Sabe, estes s�o
templos da mem�ria.

- Certo.
- Se lembra das pessoas

de sua fam�lia
ou seus amigos,

especialmente jovens
que morreram.

Vindo de uma fam�lia
do sul da It�lia,

morte sempre foi um assunto.

Eu lembro que minha av�
ligava para minha m�e,

minha m�e pegava o telefone
e dizia...

- "Sabe quem morreu?"
- Sim, exato!

- Era isso mesmo.
- Minha av� fazia o mesmo.

Mas tamb�m era uma forma
de se sentir vivo.

Elizabetta est� me mostrando
a parte hist�rica da cidade.

Por centenas de anos,
os mais pobres de N�poles

foram amontoados
nessas ruas estreitas.

Saneamento terr�vel
significava que sua vida

poderia ser tirada de voc�
de repente,

pela epidemia brutal
daquela �poca, a c�lera.

As pessoas ficaram com medo.

Porque era uma epidemia
mais ou menos

- como o v�rus da Covid-19.
- Sim.

- Poderia transmitir facilmente.
- Sim, certo.

A c�lera se espalhou
pela �gua e por alimentos.

As pessoas aqui cozinhavam
peda�os de p�o em �leo quente.

Ent�o a fritura
� mais simples.

� mais simples. � f�cil.

Voc� pode obter
um grau muito bom de higiene,

porque fritar
realmente esteriliza tudo.

Provavelmente foi uma
das poucas vezes na vida

em que fritar alguma coisa
pode ter sido saud�vel.

Ent�o � aqui
que vamos comer pizza frita?

- Est� bem. Ciao.
- Querem pizza?

- Sim, sempre.
- Como voc� gosta?

Uma pizza frita
com ricota para mim.

A verdadeira
pizza napolitana.

Pequena?

- Pequena.
- Pequena.

- Certo, ent�o...
- Ricota.

- Pizza. Ricota.
- Ricota.

- "Provola".
- � um queijo defumado.

Gordura de porco.

Manjeric�o? Lindo.

Este � o original
de N�poles.

Depois de prov�-lo,
voc� nunca vai deix�-lo.

H� um s�culo
que a fam�lia dela faz isso.

- Ent�o...
- H� um s�culo?

H� um s�culo.

Essas ruas j� foram cheias
de lugares como este.

Mas Fernanda agora � a �ltima
de uma linhagem hist�rica.

Por quanto tempo
deve fritar?

S� eu sei quanto tempo.

- � um segredo de fam�lia.
- Quando fica dourado.

Dourado, n�o?

Fica estufado, n�o?

Esse � o truque.

� lindo.

Certo. Obrigado. Grazie.

- De nada.
- Obrigada, Fernanda.

Pronta?

Esse delicioso
peda�o de hist�ria,

era pizza,
antes da pizza ser pizza.

Com o...

- Com o porco e a ricota.
- � saboroso.

Enquanto queimamos
algumas calorias,

Elizabetta me conta
como a pizza nasceu nessas ruas.

Com come�os
bem despretensiosos.

O que eles faziam
era vender p�o,

com um pouco de gordura
em cima,

�s vezes pimenta,

porque as pessoas
eram muito pobres.

Ent�o, num certo momento,

as pessoas aqui
inventaram a pizza.

Mas por muitos anos,
era apenas algo napolitano,

um prato napolitano.

Porque a c�lera
teve um papel importante.

Sim, teve.

Teve por s�culos.

Felizmente para n�s,
no final do s�culo 19,

o preconceito italiano
contra N�poles e sua comida,

come�ou a mudar.

E Elizabetta me leva ao lugar,
onde segundo a lenda,

em 1889 a Rainha italiana
pediu uma pizza,

que viria a levar seu nome,

a Margherita.

Voc� faz pizza em casa?

- Em N�poles � quase um crime.
- N�o tem porqu�.

O �nico problema
foi durante o lockdown.

Todas as pizzarias fecharam.

Foi terr�vel.

Sabe, no primeiro dia,

depois do lockdown,

60 mil pizzas foram feitas.

- No mesmo dia.
- S�rio?

Sim. E n�o foi suficiente,

porque todos queriam pizza.

- Estavam desesperados?
- Sim.

Primeiro pizza,
depois vacina.

Nas ruas de N�poles,

pizza cresceu a partir
de uma pandemia,

e sustentou a cidade
durante outra.

O que nasceu num lugar
consumido pela morte,

agora � uma comida que todos
consideram maravilhosa.

Na cidade dos pizzaiolos,

h� um homem cuja reputa��o,

� t�o grande na cidade,
quanto o Ves�vio.

Duas Margheritas.
Mu�arela de b�fala.

Enzo Coccia, criou o padr�o
reconhecido globalmente,

para se fazer a melhor pizza
napolitana do mundo.

E foi o primeiro pizzaiolo,

a ser reconhecido
pelo guia Michelin.

Enzo?

Finalmente.

Que prazer!
Bem-vindo � N�poles.

- N�o posso.
- N�o podemos...

A �nica coisa que ele ama
mais que pizza,

� a pr�pria N�poles.

Esta � a minha cidade.

Floren�a!

Mas como Floren�a? N�poles!

Estamos em N�poles!

Maldito seja!

EM BUSCA DA PIZZA

Antes dele preparar
uma pizza,

o maestro precisa
ir �s compras.

E quando na Camp�nia,
quem precisa de loja,

quando se pode ir
direto � fonte?

B�falas foram trazidas para arar
o solo do sul italiano

por conquistadores �rabes,
h� quase mil anos.

E toda manh� bem cedo,

seu leite � transformado
na mu�arela mais refinada.

Oi, Mimmo!

Primeiro,
vamos colocar a touca e tudo.

Mesmo sendo careca?

Sim, coloque assim mesmo.
Vai ficar bonito.

Lindo.

Obrigado.

Esse homem de m�scara
� Mimmo Lovecchia.

� conhecido como um dos
maiores queijeiros da It�lia.

Assim que o leite de b�fala
dessa manh� � aquecido,

Mimmo, adiciona quimosina,

para separar a coalhada
e o soro do leite.

� como um grande c�rebro.

A coalhada � cortada
e �gua fervendo � adicionada.

O resultado � incr�vel.

� como se ele fosse
um m�gico.

Sabe do que estou falando?

Agora vamos para o corte.

Em italiano "mozzare"
significa decepar.

E esse antigo processo d�
o nome ao queijo.

Se torna a "mozzarella".

A mu�arela descansa
na salmoura por algumas horas.

Diferente de outros queijos
que melhoram com o tempo,

mu�arela � melhor
ser comida fresca.

O tradicional formato em V
significa que � artesanal.

�tima not�cia para mim.

Ai, meu Deus.

Corte,

se escorrer leite,

voc� deve comprar.

Em nenhum outro lugar do mundo
vai comer uma mu�arela assim.

Bem-vindo � Camp�nia.

Ent�o, se vai fazer
a melhor pizza de N�poles,

j� que tem a melhor mu�arela

voc� precisa
do tomate perfeito.

Tem um lugar
que � sussurrado em admira��o,

por f�s de pizza
de todo o mundo,

do Brooklyn � Bangcoc.

E Enzo est� me levando l�.

Agora, n�s vamos ver
o verdadeiro San Marzano,

que o mundo inteiro
tem inveja.

Como amante de pizza,
eu somente

compro latas
de tomates San Marzano,

e agora, eu estou indo
� terra prometida.

Embora n�o esperasse uma pequena
fazenda debaixo da rodovia.

Encontraremos com o fornecedor
especial do Enzo,

Tio Vincenzo.

Atr�s de port�es
enferrujados,

sou lembrado
que aqui na It�lia,

tesouros s�o encontrados
nos mais improv�veis locais.

Stanley, esses San Marzanos
s�o muito especiais,

porque t�m uma casca
extremamente fina,

um suco agrad�vel
e uma acidez residual,

que � �nico na combina��o
com a mozzarella.

N�o � muito �cido.

N�o � muito �cido.

N�o � muito doce.

� equilibrado.

E ainda � suculento.

Eu comi tomates San Marzano
em v�rios lugares do mundo,

mas esse sabor vivo
e equilibrado

n�o parece nada
com os que j� provei.

Existe um verdadeiro
esc�ndalo sobre San Marzano.

O New York Times at� falou
sobre isso em sua investiga��o.

� o tomate mais
replicado no mundo.

Mas o verdadeiro San Marzano

cresce numa �rea
de apenas 150 hectares.

- N�o � muito.
- � isso.

- E basta.
- N�o tem mais.

Porque em todo mundo
existem milh�es de latas...

� tudo falso!

Que se l� San Marzano,
mas n�o s�o.

N�o s�o San Marzano. N�o.

Isto � San Marzano.

Eu sei, mas eu n�o posso
vir aqui todos os dias.

O que eu posso fazer?

� um produto de qualidade.

� poss�vel ter uma joia
em todo lugar do mundo? N�o.

Sim, eu sei. Imposs�vel.

Numa noite n�o consigo abastecer
todas as pizzarias de N�poles,

muito menos do mundo.

Variedades usando o nome
de San Marzano

s�o cultivadas em todos lugares,
de Nova Jersey a Nova Zel�ndia,

mas apenas o tomates
cultivados aqui,

s�o nutridos
pelo solo rico e nutritivo,

dado pelo nosso velho amigo,
agigantando-se no horizonte.

- Aquele � o Ves�vio?
- Sim, � o Ves�vio.

Na erup��o, cobriu quil�metros
e quil�metros de argila.

Sem ele, n�o existiria
esse presente de Deus.

Isso � para voc�,
para pizza.

E isso � para voc�. Os melhores
San Marzanos para fazer pizza.

- Obrigado, Vincenzo.
- Te amo.

Quero uma resposta,
se � bom ou n�o, combinado?

Ap�s nosso passeio de compras,
estamos de volta � cidade,

e finalmente, o maestro far�
uma pizza para mim.

Para preparar
a pizza napolitana precisamos

de quatro ingredientes.

Pizzas produzidas
em larga escala

sempre adicionam
a��car, gordura e temperos.

Mas em N�poles � apenas
�gua, farinha, sal, fermento.

E muita habilidade.

Tiramos todo o ar
e fazemos a borda.

O molho de San Marzanos
do Tio Vicenzo vai primeiro,

N�o colocamos muito.

Em seguida, os cremosos peda�os
de mussarela de b�fala

para se opor
a doce acidez dos tomates.

Lembre-se, equil�brio.

E o toque final.

Colocamos o pecorino.

Para adicionar salinidade.

- Manjeric�o.
- E fragr�ncia.

E ent�o,
em quest�o de segundos,

a m�gica da comida acontece.

Stanley, 45 segundos
e a pizza est� pronta.

Trabalhei 40 anos
para aprender a fazer isso.

Nossa, olhe s�. Linda.
Dourada.

O cheiro. O cheiro.

Meu Deus.

A hist�ria de N�poles
em um prato.

- Est� delicioso.
- Obrigado..

Est� perfeita. Perfeita.
Perfeita.

Produ��o de pizza � uma tradi��o
que esperamos que nunca morra.

E que os pizzaiolos de N�poles
sempre mantenham

a chama de pura
e simples perfei��o, acesa.

A pizza � para o mundo todo.

� um presente.
� um presente para humanidade.

E onde nasceu?

- Em N�poles.
- Em N�poles!

N�o em N�poles.

- Em N�poles!
- Em N�poles!

- Em N�poles!
- Muito bem!

PROBLEMA FERMENTANDO

Ent�o,
isso n�o � o que parece.

Deixe-me explicar.
Nessa cidade,

�s vezes parece que cada um
est� criando as pr�prias regras,

mas de algum modo,
o lugar d� certo.

Vamos tomar um caf�?

Vou encontrar o homem
que tenta manter a ordem aqui,

chefe da policia municipal,
Capit�o Capoano.

Tr�s caf�s, por favor.

No verdadeiro estilo napolitano,

ele quer explicar como funciona,
durante um caf�.

A "cuccumella",
a famosa "cuccumella".

Cl�ssico caf� napolitano.

Deixaremos um "sospeso".

O capit�o pede tr�s caf�s
para n�s dois.

Imagino que ele
goste muito de caf�.

- Est� certo?
- Obrigado.

N�s deixamos aqui.

- Para o "sospeso". Obrigado.
- Muito obrigado.

Mas pagar um caf� a mais,

� na verdade, uma importante
tradi��o aqui em N�poles.

� chamado de "caff� sospeso".

Quando uma pessoa
necessitada aparece,

o vendedor de caf�
d� uma bebida gratuita,

que o co-cidad�o
pagou anteriormente.

Essa � a filosofia
do povo napolitano.

Aqui, em nosso caos,
as coisas funcionam.

- Sa�de.
- Saluti.

Isso � bom.

As pessoas de N�poles
tem formas n�o oficiais

de se ajudarem
que remontam a s�culos.

Eles doam coisas essenciais

como caf�, comida,
e at� mesmo brinquedos

� fam�lias
que n�o podem compr�-los.

Camp�nia � a segunda regi�o
mais pobre da It�lia,

e a ajuda da comunidade � s�
o que algumas pessoas tem.

Quando isso falha,
a poderosa m�fia napolitana,

aqui conhecida como Camorra

est� pronta para atacar.

O problema � grande e real.

N�o podemos escond�-lo.

E infelizmente, por anos,
a cidade

tem sido ref�m
de grupos criminosos.

M�fia Camorrista,

que recrutam,
principalmente entre...

entre pessoas que n�o tem
do que viver.

N�o vamos esquecer
que a fam�lia do Al Capone

vieram da prov�ncia
de N�poles.

Pobreza e crime sempre
fizeram parte da vida na cidade.

Mas nos anos 60,

um experimento para melhorar
as coisas, deu muito errado.

A 8 km do centro da cidade,

um novo mundo
foi construido.

Era chamado de Scampia.

Os napolitanos mais pobres eram
levados das favelas escuras,

para novas casas
futur�sticas.

Mas o sonho
logo se tornou em pesadelo.

O local n�o tinha empregos
nem transporte,

e as pessoas aqui,
estavam presas.

A gangue de Camorra
entrou onde o Estado falhou.

Drogas eram
vendidas nas ruas

e as coisas ficaram t�o feias,
que at� a pol�cia se afastou.

Residentes comuns ficaram
presos no meio.

Recentemente, um novo cap�tulo
na hist�ria do bairro

come�ou quando centenas
de viajantes n�mades,

chamados ciganos, chegaram.

Prazer em conhec�-la.
Stanley.

- Samantha.
- Samantha.

Eles vieram do leste europeu
e montaram acampamento

sob uma rodovia aqui.

Onde � a casa?

- � aquela?
- Sim.

Os ciganos buscaram
uma vida melhor na It�lia

e fizeram sua casa aqui,

apesar de n�o ter acesso a
�gua corrente ou eletricidade.

Por quanto tempo
voc� viveu aqui?

Estou aqui
h� mais de dez anos.

Minhas filhas nasceram aqui.

Estamos aqui h� tanto tempo.

Se voc� n�o encontra um emprego,
se n�o trabalha,

n�o consegue fazer seus filhos
terem uma boa vida.

Por toda a vizinhan�a,

milhares de pessoas
como Samantha

viram suas vidas
sendo desperdi�adas,

rotulados injustamente
como criminosos,

enquanto as autoridades
os ignoravam.

Contudo, essa � N�poles

e as pessoas cuidam
uma das outras

das formas mais criativas.

A cozinha era um instrumento
muito poderoso

para superar estere�tipos
e tamb�m criar empregos.

- Certo.
- E decidimos

fazer uma pequena
revolu��o atrav�s da cozinha.

Numa cabana no limite
de Scampia,

ativistas locais,
Emma e seus amigos,

viram que tinham
uma comunidade talentosa,

de mulheres napolitanas
e ciganas,

cada uma com tradi��es
alimentares �nicas,

e decidiram resolver as coisas
por conta pr�pria.

No sul somos acostumados
a lutar.

Com ou sem a institui��o.

Acho que � uma qualidade
do sul da It�lia.

Essa pequena ideia se tornou
algo surpreendente.

A cabana � passado.

Agora � um restaurante
e buffet chamado Chiku.

Localizado num grande pr�dio
abandonado.

Samantha, quem eu conheci
no acampamento cigano,

foi contratada
como cozinheira.

Suas receitas
ficaram t�o populares

que hoje se destacam
no menu.

Isso � usado para fazer
a "sarma".

- A "sarma"?
- Sim.

- O repolho � usado na "sarma".
- O que vai dentro?

Esse recheio � feito
de carne.

Depois voc� coloca isso
dentro da couve-lombarda?

Ent�o isso � s�rvio?

� do meu pa�s.
Sempre comemos nas festas.

Um pouco de... azeite.

E vai para o forno.

Clientes vem para Scampia
atravessando a cidade

para experimentar
a deliciosa fus�o

de comida napolitana e cigana
que � criada aqui.

Isto � "Moussaka" Balc�nica,

com ingredientes napolitanos.

Nesse caso, a "Moussaka"

- � feita com br�colis rabe.
- Sim, sim.

O lugar n�o recebe
ajuda governamental,

mas o sucesso
do empreendimento social,

permite que ofere�am
uma creche e educa��o

a todos os moradores
de Scampia.

Fique a vontade!

- O que � isso?
- "Sarma".

Cuscuz.

"Moussaka"
com br�colis rabe.

Esse bairro
ainda tem problemas,

mas diante
da desola��o inimagin�vel,

os volunt�rios de Chiku

abriram um lugar
para misturar comida e talento.

Delicioso. Delicioso.

E criar esperan�a.

Essa � uma experi�ncia
incr�vel.

Mas a realidade �
que voc�s pegaram

essas duas culturas
e uniram elas,

com uma frigideira.

� sua generosidade,
obrigado.

� voc�.

Aos novos encontros. Sa�de.

A maior alegria em viagens

� que �s vezes voc� descobre
um lugar sem querer,

e ele acaba ficando com voc�
pelo resto da vida.

14 anos atr�s, minha falecida
esposa Kate e eu,

pegamos uma balsa de N�poles
at� a Ilha de �squia,

a uma hora de dist�ncia.

Uma noite, fomos
a um restaurante de fam�lia,

onde serviram pratos
que nunca esper�vamos comer

numa ilha
no Golfo de N�poles.

Eu tento voltar sempre
que tenho chance.

E a mais velha da fam�lia,
Sylvia,

vai me encontrar na doca.

- Ciao.
- Seja bem-vindo.

- Muito bom te ver.
- Sim.

Agora come�amos a aventura.

- Est� pronto?
- Estou.

JUNTOS NOVAMENTE

Agora,
voc� pode estar pensando,

hora de um belo passeio

pela costa
com frutos do mar saborosos.

Mas n�o.

Esse restaurante fica,
desafiadoramente,

longe da multid�o da costa.

Atrav�s da mata.

E subindo a montanha.

�squia � uma das ilhas
vulc�nicas perto de N�poles.

Turistas come�aram
a vir aqui nos anos 60

para aproveitar
as �guas termais.

Mas antes, eram piratas

e for�as estrangeiras
aparecendo na praia.

Seja bem-vindo.

Ent�o, as fam�lias
decidiram viver no alto

na seguran�a das montanhas.

E ao inv�s de pescar...

eles ca�am... coelhos.

O lugar est� cheio deles.

"Il coniglio all'ischitana".

� famoso por toda It�lia.

Nos EUA,
raramente comemos coelho,

mas a deliciosa carne magra

atrai a multid�o
a esse restaurante isolado.

Mas antes de comermos...

- Quer que eu abra?
- Sim, por favor.

Temos que peg�-lo.

O que eles comem?

Folhas de �rvores
de castanha.

Acima do restaurante,
coelhos selvagens s�o pegos

com um m�todo
engenhoso e sustent�vel

que moradores da ilha
usam h� s�culos.

- N�s colocamos l� dentro.
- Tudo?

Sim, tudo.

Um fosso � cavado
perto do buraco do coelho,

e comida saborosa
� jogada para atra�-los.

Folhas arom�ticas e bagas

s�o selecionadas para adicionar
sabor � carne do coelho.

- O sabor do...
- Aparece na carne.

- Sim.
- Naturalmente.

Ent�o, s� o que precisa fazer
� pular dentro,

pegar um e...

Vou te poupar do resto.

O irm�o mais novo de Sylvia,
Agostino,

comanda a cozinha
do Il Focolare.

Ele � �timo em destacar
os melhores sabores

da ca�a selvagem daqui.

Ele trabalhou
nos melhores restaurantes

de Nova York e Londres.

Mas voltou
para aplicar suas t�cnicas

na tradicional cozinha
r�stica.

�ltima vez que o vi, o encontrei
na rua em Nova York.

- Hist�ria engra�ada.
- Ele estava mal.

Brincadeira.
Mas isso faz muito tempo.

- Sim, foi.
- Mas eu amo coelho.

Cozinho muito em casa.
E a coisa sobre o coelho,

� que n�o � muito gordo.

- N�o tem gordura.
- N�o. Esse �... N�o.

Porque esse coelho
� selvagem.

Tudo certo.
Colocamos azeite de oliva.

- Esse azeite � de �squia?
- Sim.

Alho. Isso � o suficiente.

Depois,
come�amos a colocar o coelho.

- N�o p�e o sal agora?
- N�o, mais tarde.

- Porque...
- Porque perde o l�quido.

- A sucul�ncia.
- Sucul�ncia, �.

Gostei que colocou
a cabe�a inteira de alho.

Agora, vinho branco.

Lindo.

Os ingredientes s�o simples.

Tomate, ervas, alho,

vinho branco e azeite.

Saber fazer o melhor
com o que tem

� vital aqui em cima.

Enquanto o coelho cozinha,
notei algo que nunca vi antes.

A vov� da fam�lia, Loretta,

est� mostrando ao seu neto

como amarrar tomates
com vinhas da regi�o.

Essa � uma maneira natural
de conservar o tomate.

Isso � importante
durante o inverno,

para fazer p�o com tomate,

a brusqueta ou at� mesmo
a salada de tomate.

Eu fiz um n�.

Viu, ele amarrou um n�.
Perfeito

Hoje, o restaurante
est� fechado.

Mas fico honrado em ser
convidado para o almo�o.

� a primeira vez
que a fam�lia se junta

desde que o pai faleceu,

no in�cio do ano,
durante o lockdown.

- Sa�de.
- Um brinde.

- Ao meu papai e � vida.
- � vida.

� um momento emocionante,

mas tamb�m,
um de celebra��o.

Ai, meu Deus.

Deliciosa
como essa comida �,

cozinha tradicional assim,

tamb�m te conta
a hist�ria de um lugar.

Como viveram e o que era
importante para eles.

Desde quando
se pode lembrar,

existe uma hierarquia r�gida

de como o coelho de �squia
� servido.

Ent�o a coxa era
a parte mais importante,

e devia ser dada ao patriarca,
ao homem.

Nesse caso � voc�,
que � nosso h�spede.

Bem, voc� � muito gentil.
Obrigado.

Ent�o, as crian�as
eram muito respeitadas tamb�m,

porque eram o futuro.

Antes havia trabalhadores
do campo,

como havia um conceito
de trabalho

ent�o vamos dar ao Agostino
o dorso.

Espere um pouco,
todos ter�o um peda�o.

S� um?

Infelizmente,
nesta hierarquia tradicional,

a m�e da fam�lia fica
com o pesco�o e o cr�nio.

Este � o "scappuccio".

O pesco�o. Certo?

Voc� pode ver quantas hist�rias
um coelho pode contar?

Comidas tradicionais
como essa nos conectam

e nos tornam parte
de uma hist�ria maior.

Olhe como est� comendo tudo.

� minha filha.

� por isso que, ainda hoje,

as fam�lias em �squia
se re�nem todo domingo,

para desfrutar de um coelho
e um almo�o juntos.

� vida!

Como se a imponente
majestade do Ves�vio

e das ilhas vulc�nicas
n�o bastassem,

Camp�nia tem
uma gloria final.

Apenas a meia hora
de N�poles,

uma das paisagens mais famosa
e fabulosa do planeta come�a.

A Costa Amalfitana.

� o cen�rio de milhares
de filmes rom�nticos,

e de f�rias �nicas.

E lar de um restaurante

onde eu comi um prato simples
de abobrinha e massa,

que honestamente,
mudou minha vida.

H� tempos queria voltar.

A fam�lia concordou
em me mostrar como � feito.

Minha esposa veio se juntar
a mim.

E estamos num dos lugares
mais bonitos do mundo.

O que poderia dar errado?

A TEMPESTADE PERFEITA

Certo. H� previs�o de tempestade
que ocorre uma vez na d�cada,

e todos est�o
buscando abrigo.

Mas isso n�o impede
a entrega matinal,

vinda das fazendas familiares
nas colinas.

Cada item cultivado pelo pai,
Pepino.

Bom dia!!

O orgulho nesta temporada,

� a estrela do meu
prato favorito.

Abobrinha.

A primeira vez
que comi esse prato

eu me insinuei na cozinha

para arrancar a receita
da filha de Pepino, Antonia,

que gerencia o lugar.

Agora fazemos em casa
"Spaghetti alla Norma"

toda semana, mas,
nunca � t�o bom.

Chef Tommaso est� me dando
uma aula magistral.

E minha esposa, Felicity,
veio para c�,

para garantir
que aprendamos.

Viemos aqui h� dois anos.

Por isso estamos
neste restaurante.

�, temos feito todo dia
desde ent�o.

Basicamente, todos os dias.

- Um favorito. Incr�vel.
- Adoramos.

Todo mundo sempre acha
que tem alho ou cebola.

- Apenas a do�ura da abobrinha.
- Eu sei.

- Espere. Ele j� colocou.
- N�s perdemos.

- Desculpe.
- T�o amadores.

As abobrinhas fatiadas
s�o fritas em �leo de girassol,

e esse � nosso
primeiro erro.

Precisamos de tr�s litros a mais
do que usamos em casa.

� frustrante v�-lo fazendo
com facilidade,

enquanto n�s laboriosamente

frit�vamos num recipiente
pequeno.

- Eu sei. T�o triste.
- Horas perdidas.

- Horas. Literalmente horas.
- Eu sei.

Depois de frita,
Tommaso deixa a abobrinha

durante a noite
para amolecer.

- Voc� coloca na geladeira?
- Sim, sim.

Com azeite e manjeric�o?

Com azeite e manjeric�o?

- Acho que fizemos errado.
- Fizemos tudo errado.

Tommaso depois aquece
a abobrinha.

Vou mostrar. A abobrinha
agora est� soltando tudo.

Olhe s�. Incr�vel...

Lindo.

E por �ltimo, um ingrediente
que nem tinham mencionado.

Veja, eles colocam manteiga.

- Ent�o basicamente...
- Eu perguntei a sua irm�,

dois anos atr�s.
Eu disse, eles colocam manteiga?

Onde est� Antonia?

Tem manteiga?

Sim, um pouco de manteiga.

Voc� n�o me disse isso.

- Estou t�o chateado.
- � al�rgico?

N�o, n�o!

N�o vou ficar chateado.
Deixe para l�.

Foi erro meu, erro meu.

- Meu Deus.
- Olhe s� para isso.

Certo. Talvez n�o tenha sido
proposital, mas ent�o,

por que n�o manteria
uma receita t�o boa para si?

As pessoas v�m aqui
do mundo todo

- s� para isso.
- Para isso?

- Sim.
- Que loucura.

Aqui est� o espaguete
com abobrinha.

- Merece aplausos.
- � muito emocionante.

- Incr�vel.
- Meu Deus.

- Olhe para isso.
- 20 minutos de �xtase.

Ainda melhor
do que me lembro.

E um prato t�o... simples.

Voc� o torna t�o lindo.

Uma das melhores coisas
que j� provei. Obrigado.

Muito obrigada.

Antonia, muito obrigado.
Obrigado.

Olhe o vento.

- O mar est� quase negro.
- Olhe o mar.

Vamos ficar aqui
comendo carboidratos,

por cinco horas, �timo.

Em qualquer outro dia,
esse local ensolarado

fica cheio de clientes
entusiasmados

em comer num dos lugares
mais lindos do mundo.

Mas conforme a tempestade chega
pela primeira vez do ano,

cada um dos 300 clientes
esperados para hoje, cancelou.

� noite, Felicity, a equipe e eu
somos os �nicos convidados.

Ao inv�s de deixar essa comida
incr�vel ser desperdi�ada,

eles est�o fazendo um banquete
para os corajosos ainda aqui.

Enquanto a cozinha
trabalha serenamente,

a equipe de filmagem
me ajudou

a capturar imagens da famosa
Costa Amalfitana

que normalmente n�o ver�
em postais.

N�o � muito bonito?

Eu sei.

At� que a natureza nos manda
correndo para dentro.

Chuva de granizo.

Um granizo do tamanho
de um lim�o amalfitano,

acabou de cair. Puta merda.

Sabe, eu sonhava em ter
esse lugar s� para mim,

sendo servido
de pratos de feij�es,

cogumelos e azeitonas
da fazenda da fam�lia,

lula frita, flor de abobrinha
e mexilh�es gratinados,

mas eu n�o esperava que fosse
nessas circunst�ncias.

Aqui na Camp�nia,
a natureza pode ser cruel,

mas tamb�m pode ser realmente
muito gentil, de fato.