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Nada � mais f�cil que o auto engano.

Para o que cada homem deseja,
que ele tamb�m acredita ser verdade.

Dem�stenes

Criar Grupo

Toda a verdade sobre o assassinato
de Tair Rada

A fazer justi�a

A reabrir o caso

Puni��o do assassino

Juntei-me ao grupo em 2011,

Grupo do Facebook: "Toda a verdade
sobre o assassinato de Tair Rada".

�ramos umas centenas.

Com o passar do tempo, o grupo cresceu.

Agora somos mais de 200 mil.

O que temos em comum,
� que queremos justi�a para um homem...

ADMINISTRADOR DO GRUPO DO FACEBOOK
NIR YESOD

...que claramente n�o fez nada de errado.

Estou aqui para falar em nome do Roman
e de gritar pela sua inoc�ncia.

� uma forma de protesto social.

N�o h� raz�o no mundo para nos
manifestarmos sobre um assassino.

N�o o conhecemos de todo.

Ainda assim, aqui estamos,
um grupo inteiro a dizer que n�o acredita

no que o Supremo Tribunal decretou

e queremos a verdade.

"Uma coisa n�o percebo,

o assassino devia ter deixado
um rasto de sangue.

Ent�o porque � que n�o havia nenhum?

Vi um documento que dizia
que foi encontrado sangue fora da escola.

Envia-mo."

De alguma forma, vi-me metido nisto.

Estou t�o metido, que nem durmo.

E quando durmo, sonho com isto.

As pessoas cansam-se de estar comigo,
n�o querem ouvir falar disto.

Preocupa a minha fam�lia

que ande por a� com pessoas
com que n�o devia.

ADMINISTRADORA DO GRUPO DO FACEBOOK
EMI BONI

"Recomendo o livro de Haim Sadovsky."

Depois fiquei presa ao livro
de Haim Sadovsky'.

Li-o v�rias vezes,

e levantou-me ainda mais d�vidas.

N�o faz sentido que uma rapariga
seja assassinada numa escola

e ningu�m queira saber disso.

"Nunca duvides do poder de um pequeno
grupo para mudar as coisas.

Ali�s, � a �nica coisa
que sempre resultou."

No dia em que a Tair foi assassinada,
eu estava num hotel no norte.

Dei l� uma palestra, e quando voltei,

era meia noite.

DETETIVE PRIVADO
HAIM SADOVSKY

Ouvi as not�cias no r�dio.

Disseram que encontraram uma rapariga
de 13 anos numa casa de banho da escola.

O assassinato da rapariga de 13 anos
na escola de Golan.

O corpo dela, com sinais de viol�ncia,
foi encontrado numa escola em Katzrin.

Foi como um murro no est�mago
porque a minha filha tem a idade dela.

Tenho uma filha uns meses
mais velha que a Tair.

Liguei � Ilana no dia a seguir.

Ele apresentou-se como Haim Sadeh,
um investigador privado.

M�E DE TAIR
ILANA RADA

Ele disse para aguardar e que nos iria
trazer os assassinos da Tair.

Ela disse: "N�o se v� embora
at� os encontrar."

Era um compromisso
em que eu n�o tinha pensado,

n�o estava preparado para isso,
mas foi o que aconteceu.

Recebi uma chamada do advogado Spiegel.
Ele disse:

TESTEMUNHA DE DEFESA ESPECIALIZADA
DORON BALDINGER

"Quero mostrar-lhe
fotos da cena do crime."

Olhei para elas vezes sem conta.

Fiquei no escrit�rio durante umas horas.
S� � noitinha fui para casa, horrorizado.

Dei comigo a simpatizar completamente

com a v�tima, a rapariga.

Senti que era minha miss�o
revelar a verdade.

Tinha em casa uma caixa de provas
que pertenciam � Tair,

e estudei tudo
o que havia para saber sobre ela.

Tenho a certeza absoluta, n�o s�
que n�o foi o Zadorov que o fez,

como tamb�m n�o foi
um assassinato aleat�rio.

� mais profundo que isso.

A Tair entrou nas nossas vidas quando
os nossos dois filhos j� eram crescidos.

Ela era a alegria em pessoa.

A m�e dela ficou t�o feliz
depois de ter tido dois rapazes.

Temos muitos v�deos caseiros
de festas de anivers�rios dela.

Desde o assassinato,
n�o consigo for�ar-me a v�-los.

Cuidado. Tr�s,

quatro, cinco,

seis, sete, oito!

Ela afastava toda a gente.

Desde que era beb�, toda a gente

queria tomar conta dela,
fazer coisas para ela.

Muita sorte na escola e divers�o na vida,

e espero que cases comigo.

- Est� bem?
- Est� bem.

A Tair era corajosa. N�o era tola nenhuma.

Era a rainha da sala de aula.

As raparigas faziam o que ela dizia.

Talvez o temperamento da Tair

e o facto de ela ser
envolvente e talentosa

criou alguma inveja.

Eu estava muito envolvida na vida da Tair,
posso at� dizer obcecada.

Lembro-me depois do per�odo da manh�,
um grupo de crian�as da escola veio c�,

e notei algo de estranho.

Duas raparigas sa�ram do grupo
e sussurraram mais ao lado.

Peda�o a peda�o,

come�as a juntar as pe�as.

Este puzzle levou-me � conclus�o...

que algo implodiu
no ambiente chegado � Tair.

O que me chamou � aten��o para o facto
de os mi�dos o fazerem,

pessoas que a Tair conhecia intimamente,

a primeira coisa, foi a Ilana.

Ela deu-me os nomes deles.

Verifiquei os nomes, e depois olhei para

o que eles disseram nos testemunhos
e n�o fazia sentido algum.

Pouco antes de ela morrer,
a Tair tinha teatro na escola.

De acordo com os testemunhos,
ela estava l�, mas sentada � parte

e parecia triste.

O professor perguntou-lhe
porque � que ela estava sentada ali.

Ela disse: "Porque tenho medo da morte."

Alguns mi�dos
viram a Tair subir as escadas.

Estavam todos na aula sem a Tair.
N�o acharam isso estranho?

Ningu�m pensou que algo estava errado?

Voc� viu a mochila da Tair.

Se viu a mochila dela na sala

perto de uma das suas cadeiras, n�o diria:

"A Tair esqueceu-se da mochila,
vou entregar-lha."?

H� coisas que...

me deixam pouco � vontade,

porque n�o era assim que as pessoas
interagiam perto da Tair.

Os jornais relataram que cinco
dos amigos mais chegados da Tair

testemunharam � pol�cia
que dias antes do assassinato

um jovem an�nimo a tinha assediado.

Era supostamente um tipo,
o Avi de Tiberias, 18 anos de idade,

que ligava � Tair
ou lhe enviava mensagens.

Um m�s antes,
o Avi de Tiberias amea�ou a Tair

que se n�o fosse namorada dele,
que ele a matava.

Ele disse-lhe: "Estou em Katzrin.
Vens ter comigo?"

Ela respondeu: "N�o quero." E desligou.

Um dia depois o mesmo tipo
enviou-lhe uma mensagem:

"Se n�o ficares comigo, mato-te."

A pol�cia investigou. Nunca aconteceu.

Ent�o, como � que todos esses jovens
estavam a contar a mesma hist�ria?

De onde veio isso?

Parece que coordenaram os testemunhos.

Quando examinamos o tempo de todas
as crian�as sentados no exterior com ela,

vemos que por volta das 13h20,

a Tair levantou-se, alegadamente,
para beber um copo de �gua.

Depois temos per�odos de tempo
das raparigas que foram � casa de banho

quando alegadamente ela estava l�.

Sabemos de seis raparigas que foram
� casa de banho e sa�ram

entre as 13h20 e as 14h05.

E sabemos de outras raparigas
que a pol�cia n�o interrogou.

Ent�o, temos dez ou onze raparigas

a entrar e a sair da casa de banho
durante a aula.

Nenhuma delas viu as outras,
nenhuma delas viu o assassinato,

nenhuma delas viu o trabalho de limpeza
que ocorreu ap�s o assassinato

e nenhuma delas ouviu nada.

Estas coisas t�m de ser investigadas.

Agora, h� uma coisa fant�stica,
no relat�rio do m�dico legista,

fala de pelo menos sete pontos diferentes
de sangramento da cabe�a da Tair,

o que significa que foi atingida na nuca
por sete vezes.

A acusa��o diz que essas marcas

foram causadas ao cair contra a retrete,
isso parece-me estranho...

CHEFE DO INSTITUTO DE PATOLOGIA
DR. CHEN KUGEL

...uma vez que eu n�o acho
que sete pontos de sangramento

possam ser causados por uma queda,

e certamente n�o quando
est�o em planos diferentes.

Acho que s�o resultado de golpes diretos
ou algu�m a esmagar a cabe�a,

definitivamente n�o por quedas repetidas.

As marcas est�o no topo, quer dizer que
algu�m estava por tr�s dela e bateu-lhe.

Eram pelo menos dois atacantes.

E o facto de ter sido usado
uma faca contra esta pequena rapariga

que tinha menos de 1,45 m.

Um adulto n�o precisaria de uma faca.

Um adulto podia esbofete�-la
e ela colapsar.

Um adulto n�o precisaria de um banho
de sangue com sete golpes na cabe�a.

Foi algu�m da idade dela.

Amanh� passa uma semana desde a morte
de Tair de 13 anos de Katzrin

e a pol�cia ainda procura pistas.

No fim de semana, a pol�cia ir� determinar
se o assassino � da escola.

Na primeira semana, logo depois do crime,
o rumo da investiga��o era claro.

A pol�cia emitiu um comunicado.

"Jovens est�o envolvidos na morte."

Dezenas de adolescente foram
investigados, ou melhor, questionados.

N�o foi ningu�m preso e interrogado
sob admoesta��o.

Ningu�m deu provas biol�gicas.

Sem impress�es digitais, pegadas,
cabelos, nem ADN.

Ningu�m deu nada.

S� quatro ou cinco dias depois,
abordaram um novo �ngulo.

Talvez porque sejam mi�dos,
e a reputa��o da cidade esteja em risco,

muita gente fez press�o.

E a quest�o dos mi�dos estarem envolvidos
n�o foi investigada.

Tentaram mostrar o qu�o verde e bonita
e pr�spera era Katzrin,

mas esconderam e enterraram
todos os problemas s�rios.

O facto, � que houve facas,

� t�pico desta idade, n�o s� em Katzrin.

Houve incidentes de viol�ncia
e vandalismo na escola.

Como incendiar o gabinete
da professora e o carro dela.

Acord�mos, e pela janela,
vimos o nosso carro a arder.

Alunos da nossa escola
incendiaram o nosso carro.

E de repente havia conversas
de uma viola��o na escola.

Estas coisas n�o vieram � tona,
foram s� rumores.

E s� quando o homic�dio aconteceu...

a cortina de fumo se levantou.

Tentem imaginar a Tair
a ir para a casa de banho

e de repente v� algu�m
a apontar-lhe uma faca.

Ela olha para tr�s, e de repente,
a porta fecha-se atr�s dela

e a Tair tenta afastar o atacante,

e vemos a feridas nos dedos dela.

E os golpes na cabe�a

que ela tinha foram dadas por tr�s
enquanto se defendia.

Estavam duas pessoas l�.
E vimos o cabelo pelo ch�o.

Foi uma luta de vida ou morte,
e uma vez que h� cabelo nas m�os dela,

� muito prov�vel que seja cabelo
de um dos atacantes.

E vemos o papel higi�nico com cabelo
e sangue que foi atirado para a retrete.

N�o h� nada disso no testemunho do Roman,
confiss�o ou recria��o.

As pessoas entraram
e sa�ram e ningu�m viu nada?

� prov�vel que a palavra
se espalhasse pela escola

que iam dar uma li��o � Tair.

E � prov�vel que as crian�as tenham vindo
assistir, porque � assim que elas s�o.

N�o digo que estejam todos envolvidos,
mas � muito prov�vel que saibam.

H� uma rapariga de quem a Ilana
suspeita desde in�cio.

Eram as duas boas alunas,
a Tair e esta rapariga.

Eram ambas excelentes dan�arinas.

Os seus caminhos cruzaram-se
em muitas ocasi�es.

As raparigas foram inimigas durante anos
e os pais delas tamb�m se tornaram.

Ameacei a Tair
que se fosse amiga dessa rapariga

ou que andasse com ela, eu castigava-a.

A Ilana disse-me que a Tair tinha medo
de ir para a escola

e come�ar o novo ano,
por causa desta rapariga.

Esta rapariga saiu de Katzrin depois
do crime e voltou um dias depois.

Ela foi visitar a irm� a um kibbutz
no centro de Israel.

Sabemos que na maioria dos esfaqueamentos,

o atacante corta-se. Porqu�?
Porque o sangue � escorregadio.

Talvez ela se tenha cortado

e foi ao kibbutz para recuperar. N�o sei.

Sei que a pol�cia a interrogou.

"Sabe de algum mi�do que tenha deixado
Katzrin depois do crime?"

Ela disse que n�o.

Ela pr�pria saiu.

Ela disse que n�o sabia, e foi isso.

Sadovsky: "Algu�m aqui acha que as amigas
da Tair s�o suspeitas?"

Se sim, por favor, digam porqu�.

Eu suspeito de algumas das raparigas
que estiveram na casa de banho.

Elas sabiam.

Algumas assistiram, outras fizeram parte,

e outras vieram depois
para ver o que aconteceu.

As amigas dela mataram-na!
Devem ser expostas!"

Eu estava no ex�rcito na altura quando
o meu primo me mandou um link e disse:

COLEGA DA TAIR
NOFAR BEN DAVID

"Olha, Nofar, est�o a falar
sobre ti e o teu pai."

Eu entrei e vi um grupo
"Quem matou Tair Rada",

e vi que as pessoas l�

tinham a certeza que a Lilush
e eu est�vamos envolvidas.

"Procura-se - Nofar Ben David!
Por esconder informa��o essencial."

"Nofar � a assassina, registem isto.
Ela e outra rapariga."

Acredito que a Nofar esteve envolvida
no assassinato.

O que eu fiz nessa altura
foi procurar provas que foi a Nofar.

Procurei fotos dela
do passado, em crian�a,

fotos que provem que ela � canhota.

Muitas mensagens de pessoas diferentes

que nem conhe�o a chamarem-me assassina.

Acusam-me de tudo o poss�vel
sobre o homic�dio da minha amiga.

COLEGA DA TAIR
LEE LAHYANI

Escreveram coisas chocantes sobre mim.

"Assassina", "Vais arder no inferno,"

"Nunca ter�s paz depois do que fizeste."

"Como � que foi, matar a tua amiga?"

Fui a Katzrin e conheci pessoas

para ouvir o que elas tinham a dizer
da fam�lia e sobre o que aconteceu.

Fiz um estereotipo de um assassino.

Estava no caso dia e noite. Estava mal.

Eles criaram um personagem
canhoto no Facebook.

Ela saiu de Katzrin depois do crime.

O pai dela,
um oficial de alta patente, protegia-a.

Criaram uma Nofar Ben David,
nada parecida comigo.

Eu sou a Nofar Ben David que vive
em Katzrin, n�o fugi.

Sou dextra e n�o canhota,

nunca fui canhota.

E o meu pai n�o era assim
t�o importante na policia.

Optaram por n�o acreditarem em mim,
e n�o h� como o contornar.

Tentei defender-me.

Respondi a toda a gente
que colocou um coment�rio.

Disse: "Vamos conversar,
deixe-me explicar.

Responderei a tudo, perguntem.

Tipo, ela era minha amiga.

Acordem, malta. O que se passa convosco?

Mas ningu�m ouviu.

"Sonhei que a Lee matou a Tair.
N�o estou a mentir!"

Eu estava a trabalhar quando recebi
uma mensagem por Facebook.

Entrei e vi a imagem.
No princ�pio, n�o sabia o que era.

Depois olhei bem e percebi que era...

o pesco�o da Tair. Comecei a tremer...

N�o tinha percebido.

N�o conseguia dormir...

durante pelo menos duas semanas.

Algu�m p�s uma carta em todas
as caixas de correio de Katzrin a dizer:

"Nofar Ben David � a assassina.

Algu�m que saiba de algo,
por favor informe a pol�cia."

Chegou a um ponto
que n�o queria viver mais assim.

N�o queria estar num s�tio onde
as pessoas pensassem...

Espere um pouco.

Desde a noite em que a Tair
foi assassinada...

CORRESPONDENTE DO NORTHERN
RUBY HAMMERSCHLAG

...as pessoas apontavam o dedo
e diziam: "Foram as crian�as.

Eu vi-a nesta e naquela altura

e a outra tamb�m l� estava."

Teorias da conspira��o

t�m assombrado o caso
desde a primeira noite.

Depois a imprensa entrou

e d� a todos os tipos de personagens

uma oportunidade de serem entrevistados
e repetirem-se vezes sem conta,

e as pessoas que sofreram s�o
algumas raparigas da turma da Tair.

N�o houve nenhuma acusa��o em tribunal

em que essas raparigas
tenham cometido o crime,

por raz�o v�lida, na minha opini�o.

PROCURADORA-GERAL
SHILA INBAR

E acho muito lament�vel,

que n�o haja um conjunto de provas
que aponte para essas raparigas

que justificasse que as investigasse
como suspeitas,

mas espalhar o sangue delas
como se fossem culpadas pelo crime,

que as pessoas fazem
sem pensarem duas vezes.

Tenho mensagens novas.

Olha, algu�m me enviou isto:

"Sei que est�s envolvida
no assassinato da Tair.

A pol�cia corrupta est� a proteger-te,
e tramaram o Roman.

Confessa agora,
pelo bem da tua consci�ncia.

Por tua causa e das tuas "amigas"

um homem inocente est� na cadeia."

"Confessa j�, vadia.

Como podes viver assim, cabra?

Deus vai fazer-te pagar, rameira.

No inferno, a Tair vai esfaquear-te
tantas vezes em todo o teu corpo

a partir do c�u, rameira."

Que tal?

Como humanos, temos a tend�ncia
de inventar uma hist�ria e acreditar nela.

E foi o que me aconteceu no in�cio,
acreditei que elas estavam envolvidas.

� medida que l�s o material,
v�s que h� verdade em tudo

mas a verdade � t�o...

podes interpretar como tu quiseres.

A primeira vez que falei com a Lee,

disse: "Ela n�o sabe de nada.

� t�o querida. Isto � de loucos."

Ent�o comecei a disparar perguntas.

Como � que elas estiveram l�

na altura do crime e n�o ouviram nada?

Porque n�o foi s� um assassinato,
a Tair foi esfaqueada.

No dia a seguir ao crime, sentei-me no meu
quarto e recriei o dia anterior todo.

Quando descobri que aconteceu na casa
de banho, lembro-me de estarmos l�.

Durante o s�timo per�odo,
tive de ir � casa de banho

e estava l� outra rapariga
que nunca vi antes ou depois.

Ela parecia-me muito estranha.

Tinha cabelo encaracolado,
e tinha cal�as tipo ex�rcito ou de ganga.

Algo solto, n�o justo.
E uma t-shirt da escola.

Entrei na casa de banho e...

olhei por um compartimento livre
e ela mirava-me pelo espelho

e enquanto estive na l�, ouvi-a a sair.

Depois de ter testemunhado sobre
esta rapariga,

ningu�m me pediu para a descrever
para fazerem um retrato robot.

Nem tentaram saber quem ela era.

E eu disse isso ao pol�cia.

E por volta das 13H30 ou 13H40,
a Sapir e eu fomos � casa de banho.

O primeiro compartimento estava aberto
e os outros tr�s fechados,

mas n�o queria entrar porque cheirava mal.

Bati nas portas e ningu�m respondeu.

Depois ouvi o som de papel a ser puxado.

Perguntei: "Quem est� ai?"
Ningu�m respondeu.

Depois, quando ia abrir a porta,
uma rapariga disse: "Ocupado."

Quando apanharam o Roman,
interrogaram-nos outra vez,

e o detetive perguntou-me:
"Que tipo de voz ouviste?"

Eu disse: "N�o sei,
a voz de uma rapariga."

"Rapariga ou homem?"

"Talvez tenha ouvido mal?

N�o sei, talvez tenha sido um homem."

Ele disse: "Um homem?"
E eu: "Sim, talvez."

Acho que ele escreveu
que era a voz de um homem.

Ele levou-me a dizer isso,
� tudo o que posso dizer.

Nos �ltimos dois anos,
decidi fechar a minha porta,

fechar as minhas janelas, ficar em casa

e fechar tudo.

A minha alma est� ferida.
A capacidade de pensar com clareza

� cada vez menor.

No outro dia um amigo perguntou-me:
"Tomas comprimidos para dormir?"

Eu disse: "Sim, para impedir
a minha mente de pensar."

Porque sabemos
que nunca teremos a Tair de volta,

mas temos de saber a verdade.

TIPO C�MPLICE
13 DE JULHO DE 2013 �S 15H55

Quando as coisas no Facebook
ficaram descontroladas,

entrei e vi que algu�m
nos estava a defender.

"Acho que isto n�o faz sentido.
As crian�as precipitam-se."

Ele tinha um perfil falso,
n�o saia quem ele era,

mas enviei-lhe uma mensagem
a agradecer-lhe, pois n�o precisava.

"Obrigado por tentar, a s�rio."

"Na boa. Mereces uma pedido de desculpa."

Ele pedia desculpas
por tudo o que nos fez.

Eu disse-lhe que n�o era
por causa dele, mas ele sentiu

necessidade de se desculpar
pelo que fez e...

n�o percebi at� ele contar tudo.

"Sou um cobarde
que ficou de boca fechada."

No in�cio n�o acreditei nele,
mas o que ele disse batia certo.

"Estou siderada. N�o est�s a mentir?"

Estava furiosa, porque se isto � verdade,
porqu� esperar sete anos?

PESSOA QUE SABE

Muitas pessoas perguntam-me:
"Se n�o foi o Roman, quem foi?"

DEFENSOR P�BLICO DE ROMAN 2010-2015
DR. ELKANA LEIST

E devo dizer que tenho uma boa resposta.

Em abril de 2012,

recebi uma chamada uma noite de um cliente

que me queria ver com urg�ncia.

ADVOGADO DE A.H
YARON FORER

Quando ele entra no meu gabinete,
conta-me uma hist�ria

segundo a qual o assassino na cadeia
n�o � realmente o assassino.

Conta-nos uma hist�ria de arrepiar.

Soa totalmente absurdo, mas...

N�o vou medir as palavras,
acredito em A.H.

Ele disse que a namorada dele nessa altura

disse-lhe que causou a morte de Tair.

EX NAMORADO DE A.K.
A H

Ela levou-me para...

a outra sala da nossa casa.

Mostrou-me um saco,

mostrou-me as roupas que estava a usar,

a peruca, a faca.

Tudo estava...

ensopado em sangue.

Tradu��o: Nuno Castro
Sincroniza��o: remasta