All language subtitles for SoundAndFury

O SOM DE LONG ISLAND

Voc� sabia que h�
sons em toda parte?

Eu sei que voc�
n�o os ouve,

mas h� sons em
todos os lugares.

Quando se abre
uma porta, h� um som.

Quando se bate
� porta... O qu�?

Quando voc� toca uma
campainha, faz um som.

Certo.

O que � isso?

O que significa?

Um le�o!
O rugido de um le�o.

Certo. Tudo faz som.

SOM E F�RIA

Voc� vai voltar logo?

Eu disse que, se fizesse
um implante coclear,

poderia falar ao telefone.

Est� contando isso � Amanda?

O que est� dizendo
� Amanda?

Est� falando sobre
o implante coclear?

Eu sou o primog�nito
da fam�lia, e sou surdo.

Jamais diria que
preferiria ouvir.

Sou muito feliz
com a surdez.

� muito tranquilo.
Quem iria querer mudar?

No fundo do cora��o,
sei que sou assim.

Se me dessem uma p�lula
que me fizesse ouvir,

ser� que a engoliria?
Jamais.

Eu iria a um hospital
para vomitar

e voltar a ser surdo.
Eu quero ser surdo.

Quando meus tr�s filhos
nasceram surdos tamb�m,

eu pensei: "Que �timo!
Meus filhos s�o como eu."

Comecei a fazer sinais
para Heather, a mais velha,

quando ela ainda
era um beb� de colo.

Hoje, olho para ela
e me espanto.

Aos cinco anos, j� tem
flu�ncia nos sinais.

Por isso, quando Heather
nos disse que queria

um implante coclear,
fiquei muito chateado.

Senti que estava rejeitando
a mim e a minha esposa.

Ela queria ser diferente.

Ela queria ouvir.

� muito incomum que uma
crian�a surda de cinco anos

diga que quer ouvir,
falar e usar o telefone.

Acho que � por sermos a
�nica fam�lia surda do bairro.

Heather quer se comunicar
com quem ouve.

Entendo o interesse dela,

mas quero que seja feliz
como ela �.

Uma pessoa que ouve
n�o consegue entender

como se pode ser feliz
se um filho nasce surdo,

pois s� conhece
pessoas que ouvem.

Quando meu irm�o e
a esposa tiveram g�meos

e descobriram que um era
surdo, ficaram arrasados.

Vamos l�.

Quando soubemos que Peter
era surdo, ficamos arrasados.

Apesar da surdez na fam�lia,
foi um golpe duro.

Peter.

Acabou.

Tenho um CD aqui e
quero que escutem,

para terem um ideia do
que � a perda da audi��o.

Filtraram toda a frequ�ncia
acima de 250 hertz,

que � mais do que
seu filho ouve.

Isso que acabaram
de ouvir �,

provavelmente, mais
do que seu filho ouve.

Nunca tinha ouvido simula��o
alguma! � impressionante.

Eu n�o sabia o que
conseguiam ouvir,

se � que pode-se
considerar assim.

Sou fonoaudi�loga
h� 25 anos.

Nunca � f�cil dizer aos
pais que um filho � surdo.

Ouvir aquele CD
e pensar em Peter

acabou comigo.
Uma parte de mim morreu.

Com um implante coclear,
a crian�a poder� ouvir.

Algumas crian�as t�m
uma surdez t�o profunda

que um aparelho
n�o lhes ajuda muito.

Temos condi��o de
restaurar nelas

boa parte da audi��o,
atrav�s desta opera��o,

na qual inserimos um
eletrodo na parte espiralada,

na c�clea,
do ouvido interno.

Quanto mais cedo melhor,

porque quando as crian�as
s�o mais novas

elas est�o aprendendo
uma linguagem

e o processo
� muito mais natural

do que tentar aprender
a linguagem mais tarde.

Quando o implante � feito aos
18 meses de idade

a crian�a � capaz
de ouvir, falar

e se relacionar n�o com surdos,
mas com ouvintes.

Quando o m�dico diagnosticou
sua surdez, disse

que ele era candidato
a um implante.

Nossa opini�o foi:
"De jeito algum.

Soubemos que o sucesso
n�o � t�o grande,

e nem vale a pena
considerar."

Ent�o, come�amos a
receber informa��es

e achamos melhor
investigar.

Nesta sala de aula, muitas
crian�as nasceram surdas.

Entraram para o nosso
programa maternal,

fizeram implante coclear
com cerca de 3 anos

e est� conosco
h� dois anos.

No ano que vem
v�o para o jardim.

Ol�.

Digam "oi".

Oi!

Mais alto.

Cada um ter� a sua vez.

Shelby, pode perguntar
se est�o prontos?

Voc�s est�o prontos?

Prossiga.

Bom dia
bom dia

como v�o?
como v�o?

Shelby � surda de nascen�a?

Shelby nasceu surda
e fez o implante

com cerca de
dois anos e meio.

E que idade ela tem?

Fez cinco anos em dezembro.

Em dois anos e meio,
a fala ficou t�o boa?

Exato.

Mas, sem o implante,
ela volta a ser surda.

Certo.

Diga:
"Como vai, Corina?"

Como vai, Corina?

Como vai?

Vou bem, obrigada.

�timo.

Quando vimos aquelas
crian�as, fiquei estupefata.

As crian�as ouviam!

Como vai, Corina?

A ideia da cirurgia
para o implante � assustadora.

� muito invasiva.

Eles perfuram o cr�nio
e v�o bem ao fundo.

Temo que os
implantes cocleares

criem um bando de rob�s.

N�o parece certo
para um surdo,

porque nossa comunica��o
natural s�o os sinais.

Quando eu era crian�a
e meus pais falavam,

eu ficava perdido.

Via os sinais e
a linguagem corporal,

mas n�o tinha ideia
do que diziam.

Eu mal conseguia me
comunicar com eles.

Acabei aprendendo a
linguagem dos sinais,

e foi quando
comecei a viver.

Ingl�s � s�
movimento de l�bios.

N�o significa nada
para mim.

A linguagem dos sinais
� visual, tem emo��o.

Pela primeira vez
eu me comunicava.

Temo que, com o implante,
Heather n�o fa�a parte

nem do mundo dos surdos
nem dos que ouvem.

Far� parte do mundo
dos implantados.

Quando Heather brinca
com os amigos que ouvem,

ela fica frustrada.

Ela pergunta a mim e �
m�e o que est�o dizendo.

N�o sabemos.
Tamb�m somos surdos.

Eu me sinto impotente.

Ela quer muito se
comunicar com eles,

por isso diz que quer
o implante coclear.

Por que quer um
implante coclear?

Porque eu quero
ouvir tudo.

Tudo?

Preciso ouvir alarmes,

detetores de fuma�a,
por causa dos inc�ndios...

-E o que mais?
-Diversas coisas.

Um serra,

pregos sendo martelados
na madeira,

o telefone, uma serra
cortando uma �rvore,

carros batendo, buzinas
tocando, televis�o.

E o que mais?

Ouvir todo mundo falando
na Fl�rida e em NY.

V�rios estados?

Antes, eu era
contra o implante.

Achava que n�o se encaixava
no mundo dos surdos.

Depois, lembrei como
foi minha inf�ncia.

A �nica pessoa surda
na minha fam�lia era eu.

Toda a cidade ouvia.
Era muito frustrante.

Eu n�o aprendi a falar
e me sentia exclu�da.

N�o quero que Heather
tenha as mesmas frustra��es.

Estou disposto a tentar,
mas ela � minha filha

e n�o quero que
ela sofra.

N�o quero que ela
se decepcione,

quero ter certeza que ela
est� feliz.

Se ela est� feliz,
eu estou feliz.

Eu vou falar e usar sinais.

Terei amigos surdos
e que ouvem.

Tentarei me relacionar com

pessoas surdas
e com quem ouve.

Heather nos disse que, se
aprender a falar, nos ajudar�.

Eu percebi que ela sempre
estar� envolvida conosco.

Ela sabe que, mesmo com
o implante, ser� sempre surda.

Se seu filho fosse cego
e houvesse uma cirurgia

para que pudesse ver,
voc� aceitaria?

Sei que at� meus pais diriam
que fariam na hora.

Neste caso, por que n�o
oferecer o melhor a seu filho,

que seria o implante?

Sou a mais velha
de tr�s irm�os.

Meus pais t�m
surdez profunda.

Precisei fazer fonoaudiologia
durante muitos anos,

porque falava como
uma crian�a surda.

As crian�as me
ridicularizavam, diziam

coisas terr�veis sobre
meus pais e como eles falavam.

Eu tinha de ser int�rprete
deles, defend�-los.

Eu amadureci
muito depressa.

Quando fiquei mais velha,
me rebelei com meus pais.

Por muito tempo tentei
ficar longe da cultura surda

e n�o me involver.

Ent�o, tive um filho surdo.

Acho que Deus me preparou
para o desafio.

N�s tomamos uma decis�o.

Peter far�
o implante coclear

e o poremos em um
programa para falar,

n�o em um que ensine
a linguagem dos sinais.

Voc� o est� obrigando.

Peter n�o entende isso,
ele n�o ouve.

N�o o estou obrigando,
e sim lhe dando oportunidades.

� diferente.

Os surdos v�o insult�-lo,
v�o brigar com ele.

Acha que os surdos
v�o desprez�-lo?

Acho, sim.

N�o me importo o que
os surdos digam.

Quando lhe disse que Peter
era surdo, como reagiram?

-Eu me senti feliz.
-Feliz?

-Deus o aben�oou.
-Como aben�oou?

Por que acha que
� uma b�n��o?

� o primeiro membro
surdo da fam�lia, Mari.

Eu fiquei feliz, s� isso.

Mas, pai, quando era menor,
era dif�cil, n�o?

Sendo surdo, teve dificuldade
em arrumar emprego

e em se comunicar, certo?

Como se sentia
quando menino?

Eu era sozinho.
Ningu�m falava comigo.

Eu andava de bicicleta
e ficava sozinho, em casa.

As pessoas ficavam
paralisadas

diante de pessoas surdas.
Nem conseguiam falar conosco.

Eu dizia: "O que houve?
Diga o que foi."

Tinham medo de pessoas
surdas, n�o tinham?

N�o quero isso
para Peter, m�e.

Quero que cres�a com as
mesmas oportunidades

que o irm�o
g�meo ter�.

Este � o Christopher.

Mary ama essa opera��o,

� uma grande bobagem.

Eu fico com o beb�,
Mary pode ir embora.

Se ela n�o quer o beb�
por ser surdo,

eu fico com ele, e ele
pode dar tchau pra mam�e.

Durante a pesquisa sobre
o implante para Heather,

comecei a achar que seria
bom para mim tamb�m.

Achei que o implante me daria
uma melhor qualidade de vida.

Eu me comunicaria melhor
e ouviria sons.

Minha esposa come�ou a falar
sobre um implante para ela.

Fiquei chocado.

Disse: "Agora voc� quer um?
Mas voc� � surda,

pensei que tinha orgulho
de ser surda."

Ela disse que eu tinha que
abrir minha mente sobre isso.

Quero um implante coclear
porque quero ouvir sons.

Eu ainda seria surda, mas
talvez me sentiria melhor comigo.

Ficaria mais � vontade
no mundo dos que ouvem.

Decidi ir em frente e ver
se Heather deve faz�-lo.

Uma das coisas que deve
entender sobre o implante

� que os resultados em
uma pessoa que � surda

h� muito tempo n�o
s�o t�o bons

quanto em uma
crian�a pequena.

Voc� seria capaz de ouvir

as pessoas falando,
a voz delas,

mas n�o entenderia
o que dizem.

Ainda teria que ler l�bios.

E quando a pessoa puder
se comunicar por sinais,

ficaria mais � vontade
com a linguagem dos sinais.

Olho para minha filha e vejo
que quer mesmo o implante.

Ela diz: "Tenho amigos que
ouvem e quero falar com eles."

Um implante coclear
para sua filha,

que tem 4 anos e meio,
� muito diferente.

Ela ainda est� desenvolvendo
a linguagem e a fala.

Fazendo o implante nesta
idade, ela desenvolver�

uma capacidade quase
natural de fala.

Conheceu outras pessoas
de 20 a 35 anos

que tenham recebido
o implante j� adultas?

Dos nossos
trezentos pacientes,

somente cinco apresentam
o mesmo caso que voc�.

Muitos pacientes
mais velhos,

que s�o surdos h� muito
tempo ou nasceram assim,

n�o costumam
procurar o implante.

Eu me sinto desencorajada.
Mas n�o foi surpresa.

Eu sabia que seria mais
dif�cil para um adulto

aprender uma l�ngua
e falar,

mesmo com implante
e terapia.

Mas, para uma crian�a,
n�o � dif�cil.

Temos que apoiar Heather.

Ela � jovem,
tem muito potencial.

Para mim e Nita n�o
vai funcionar.

� tarde demais e
ela decidiu n�o fazer.

Estou feliz que ela tenha
decidido por si mesma.

Mas, para Heather,
� outra hist�ria.

Hoje vou conhecer uma garota
com implante coclear.

Ela mora em Nova Jersey
e tem 10 anos.

A fam�lia � toda
surda, como a nossa.

Nova Jersey � muito longe.

Vamos dirigir horas e horas,
dias e dias,

at� que, finalmente,
chegaremos.

Esses s�o Stan, Diane
e Nancy.

Esses s�o Heather, Peter e Nita.

Voc� gosta do implante?

Claro que sim.

Voc� pode
usar o telefone?

Sim, com algo que
ligo ao processador.

Pode ouvir um beb� chorando?

Ouve at�
o chocalho de uma cobra.

Eu vi uma cobra, e ouvi.

Cobras s�o muito perigosas.
Podem sufocar voc�.

Pode ouvir os animais
do zool�gico?

Ouviu os ursos?

Sim, eu ou�o os animais.
Qualquer um.

Pode ouvir uma
casa desmoronar?

Nunca vi isso acontecer.

Pode ouvir uma
batida de carro?

Acha que carros
batem todo dia?

-Uma vez, eu vi um batida.
-Sim, uma vez.

Pode ouvir um fantasma?

Eu nunca vi um fantasma.

Tenho outra pergunta:

Pode ouvir as pessoas
falando na escola?

Ningu�m fala apenas,
na verdade.

Todas as crian�as da
minha sala s�o surdas.

Tamb�m usam sinais e,
�s vezes, n�o falam nada.

Quando brinco com
amigos que ouvem,

usando implante, algumas
vezes eu entendo, outras n�o.

� mesmo?

Ouvi dizer que, com
o implante coclear,

poderia entender tudo.

N�o totalmente,
como quem ouve.

Pode me mostrar
como voc� fala?

O meu nome � Nancy.

O nome do meu
irm�o � Marvin.

O nome da minha
m�e � Diane.

O nome do meu pai � Stan.

Eu moro em Hackettstown,

em Nova Jersey.

Tenho dois coelhos...

Coelhos... Coelhos...

Coelhos.

E um cachorro.

Nancy fala algumas vezes
em casa,

mas, por sermos surdos,
n�o sabemos se fala bem.

Perguntei aos meus pais
e eles disseram que

a fala dela �
quase perfeita.

Voc� fica mais com pessoas
surdas ou que ouvem?

Na maioria, surdas.

Sua fam�lia � surda,
seus amigos s�o surdos

como se sentem
sendo a �nica fam�lia

com o implante?
Como se sentem?

Nunca pensamos sobre isso.

Somos pessoas positivas.
N�o h� negatividade aqui.

S� queremos que
ela seja feliz.

S� uma �ltima pergunta:

Voc� prefere um aparelho
auditivo ou o implante?

O que prefere?

Prefiro o implante coclear,
de verdade.

Deve dizer que agrade�o
a sua sinceridade.

Estamos nos sentindo melhor,

voc� nos deu
um �timo "feedback".

Obtive informa��es de
muitas pessoas que ouvem.

J� chega. Somos surdos,
est� entendendo?

Somos iguais.
Esque�a os que ouvem!

Ainda preciso de provas
de que o implante funciona.

Quero ter certeza de que
ser� adequado para Heather.

Quer ver o meu implante?

Eu o fiz h� dois anos.

Este � um microfone,
e ele entra aqui.

Agora, eu ligo
e posso ouvir.

Estou ouvindo.

Quando perdi a audi��o,
j� era adulta.

Quer tocar?

Quer um igual?

Est� vendo isto?
Olhe o processador.

Est� mais alto.
Muito bem.

Eu gosto muito dele.
Deixa tudo mais alto.

Eu consigo ouvir.
Ou�o os p�ssaros.

Heather, est� ouvindo
os p�ssaros?

N�o?

N�o, vou ouvi-los depois.

Heather, pode me dizer por
que quer o implante coclear?

Porque quem ouve
n�o usa sinais.

Voc� tem boa fala?

Deixe-me ouvir a sua voz.

Ol�!

Shelby, Heather quer
um implante coclear,

como Corina, Lindsay,
Shelby. Quem mais?

Danielle?

Christopher?

� uma abelha.

Olhe s�.

Por que todos falam
e n�o usam sinais?

Esta escola se concentra
na fala.

Quem? Todos eles?

Sim. Nesta escola,
ensinam a usar a fala.

Como eles se sentem?

Quanto a qu�?
Ao implante?

Shelby, voc� gosta
do seu implante?

Eu gosto.

Posso ouvir melhor.

Voc� quer brincar?

Shelby, pergunte a ela:
"Quer comer alguma coisa?"

Voc� quer comer
alguma coisa?

Shelby, pegue a m�o dela.

-O qu�?
-Pegue a m�o dela.

Foi uma batalha
para Heather.

Ela tentou se comunicar,
mas ningu�m conhecia

os sinais ou a
cultura dos surdos.

Eles n�o t�m a identidade
nem a auto-estima dos surdos.

Sinto pena deles, porque
s� pensam na fala.

� porque todos
t�m pais que ouvem.

Preciso pesquisar mais,

pois quero que Heather
tenha os dois mundos.

Quero que possa
falar e usar sinais.

Voc� se lembra
de Heather?

Heather est� pensando
em fazer o implante,

como voc�.

No momento, ela usa
aparelho auditivo.

Podemos mostrar
a ela seu implante?

Este � o implante coclear
de Shelby.

Ele deu a ela o que o
aparelho auditivo jamais deu.

Esse � o �m� que
ajuda Shelby a ouvir.

E abaixo, se retir�-lo,
h� um pequeno incha�o.

Quer senti-lo?

Sinta-o.

Esta � a parte interna
feita na cirurgia.

Shelby quer cantar
para voc�s.

Pode cantar.

As rodas do �nibus
v�o girando, girando,

girando, girando,

as rodas do �nibus
v�o girando, girando,

por toda a cidade

Desculpe-me.

Como int�rprete, entendeu
o que Shelby disse?

As palavras estavam claras?

Sim, eu a entendi
claramente.

A voz estava bem clara.

Estou explicando a Shelby
que ela n�o entende

o uso da linguagem dos sinais
porque nunca se exp�s a ela.

Eles tamb�m n�o
conseguem ouvir nada,

n�o fizeram implante
e n�o usam aparelho.

� assim que
conseguem "falar".

D� isso a Heather.
Deixe-a ler como voc�.

"Onde est� Spot?"

Heather, por que
n�o usa sinais?

A int�rprete vai falar.

Fa�a o sinal e ela
falar� por voc�.

Eu n�o quero usar sinais,
eu quero falar.

Use sinais,
� a sua l�ngua.

-N�o.
-Fa�a o sinal. Ela fala.

Deixe-a.

Quero que use
sinais, Heather.

-Eu quero falar.
-Tudo bem, deixe.

Est� bem.

"Onde est� Spot?"

Ele est� no piano?

N�o, n�o.
Onde est� Spot?

Est� embaixo da cama?

V� ver no cesto.

L� est� Spot!

Sei que somos do mundo dos
surdos e voc�s, dos que ouvem,

mas quero saber se pesquisaram
a hist�ria dos surdos

ou a linguagem dos sinais
antes de fazer o implante

ou se simplesmente o fizeram,
sem informa��es reais.

Achamos que haveria mais
op��es dispon�veis para ela,

se ela fosse capaz de ouvir.

A vida dela seria
mais f�cil,

mais normal, ela n�o
sofreria restri��es.

Mesmo com uma profiss�o
como a de cirurgia,

algo simples, voc� n�o
pode confiar nos sinais

para executar uma cirurgia.

Shelby pensa em si mesma
como surda ou n�o?

Eu gostaria de saber
que vis�o ela tem de si mesma.

Sabe como ela se v�
com o implante coclear?

Ela se v� como algu�m
que ouve.

Sem d�vida alguma.

N�o conhece nada
da vida de surda.

Quer ir brincar com
Heather l� fora?

Pergunte se Heather quer.

-Voc� quer brincar?
-L� fora.

Parece que, com o implante,
ela n�o usa sinais.

Por qu�?
Voc�s permitem?

Quando Shelby tiver
seis ou sete anos e

quiser usar os sinais, v�o dizer
que n�o ou v�o deixar?

Segundo os profissionais
que n�s consultamos,

as crian�as podem usar
os sinais como muleta

e n�o conseguir desenvolver
totalmente a fala e a l�ngua.

Sei que a cultura dos surdos
� muito importante em sua vida.

Para n�s, � dif�cil
conseguir entender

por que voc�s querem
manter Heather nesse mundo,

e n�o ampliar
seus horizontes.

Adorar�amos que ela se
envolvesse nos dois mundos.

O dos surdos e
o dos que ouvem.

Mas o que nos preocupa

� se o implante vai
mudar sua identidade.

Foi um erro meu conhec�-los.

Senti como se me sufocassem
e me achassem est�pida.

Mas s� quero o melhor
para a minha fam�lia.

Talvez a fam�lia de Shelby
se envergonhe da surdez dela.

Shelby vai crescer achando
que � ruim ser surda.

Nita, ela � feliz no mundo dos
que ouvem. Deixe-a em paz.

Por que precisa de
uma identidade de surda?

Porque ela nem sabe
o que � sua surdez.

N�o tem ideia, pois os pais
n�o lhe disseram que � surda.

Ela perguntou o que �
linguagem dos sinais.

O que � isso, Mari?
Eu me senti p�ssima.

Fiquei muito magoada.

Ela n�o sabe nada
dos sinais,

nem uma palavra sequer!

Age como se tivesse audi��o.

Por que � t�o importante
ser surdo?

Os surdos t�m uma
linguagem linda,

mas perdem outras coisas
lindas do mundo,

como a m�sica.

N�o ligo para m�sica,
n�o posso ouvi-la.

� ouvir o choro de um
beb� pela 1a. vez

ou ir l� fora e ouvir
a linda chuva.

Pode ouvir a chuva
caindo no solo.

Mari, voc� n�o entende.
Espere a�.

Voc� ouve.
Eu nunca ouvi.

Para mim, � normal.
Posso ver a linda chuva.

Posso sentir a
chuva nos l�bios.

N�o me importa ouvi-la.
Para mim, n�o faz sentido.

Voc� nunca
experimentou ouvir.

Eu sei o que est� perdendo.

Pensei em tudo o que
todos me disseram.

Decidi n�o levar nada em conta e,

daqui para a frente,
tomar as decis�es sozinha.

Todos disseram: "O implante
ser� melhor para Heather,

ela vai poder se
comunicar melhor."

Acho que eu e meu marido
faremos o poss�vel

para lhe dar uma boa
educa��o,

para que ela tenha uma
vida boa sem o implante.

Sabe por que eu e
seu pai decidimos que

o implante n�o ser� bom?

Porque voc� � crian�a,
s� tem cinco anos

e j� come�ou a entender
a cultura dos surdos.

J� tem a sua l�ngua,
a dos sinais.

Cultura dos surdos?

Significa que h� um grupo
de surdos que

usam sinais e vivem juntos.

Quem ouve usa a fala,
� a linguagem de sua cultura.

Voc� j� est� na cultura
dos surdos,

porque seus pais s�o surdos.
E n�s usamos sinais.

� f�cil usar o
implante e passar a ouvir?

N�o, querida, n�o �.

Ficou chateada por n�o
receber o implante agora?

N�o fiquei.
N�o fiquei.

Voc� sabe um pouquinho.

Voc� conhece os sinais.
Diga "prazer em conhec�-la".

Observe.
Prazer em conhec�-la.

Grande vov�! Grande vov�!

Eu amo voc�.

O livro?
Sobre o implante?

Est� na minha casa.
Esqueci.

Talvez eu o busque depois.

N�s mudamos de ideia.

N�o queremos
o implante agora.

Queremos que espere.
Ela j� est� confusa.

Se fizer o implante, disseram
que n�o poder� usar sinais.

Vai ter de falar.

N�o estamos prontos
para isso.

Decidimos adiar
e nos sentimos bem melhor.

Imagine quando ela crescer,

come�ar a ver outras crian�as
com implante e perguntar:

"Por que eu n�o tenho
o implante?"

Por que faz�-la
sofrer mais?

Voc� n�o entende. Ela vai
perder a vida de surda.

Esque�am a surdez!

S�o pai e m�e
antes de tudo!

Fa�am o que � certo
para a crian�a.

Heather me disse:
"N�o estou pronta

para o implante.
Tenho medo."

Eu concordei.
Vamos lhe dar tempo.

A decis�o n�o � dela.

Voc� n�o fala sobre isso
na frente de uma crian�a

porque a decis�o
n�o � dela, � sua.

Por favor, m�e...

Alto l�. Ela me diz:
"Vov�, quero me comunicar."

Foi o que ela disse,
"Comunicar. Eu quero."

N�o, ela disse:
"Eu quero ouvir, como voc�."

O que � isso?
Estou mentindo?

Voc� est� me pressionando,
pare com isso.

Heather � uma exce��o.
Ela est� totalmente certa.

Ela � uma candidata perfeita
ao implante.

Eu decido
o que � melhor pra ela.

Sou o pai dela.

Mas ela � a sua filha,
n�o quer o melhor pra ela?

Eu sei o que � melhor pra ela.

N�o sabe n�o.

Eu sei o que estou fazendo.

N�o sabe o que
� melhor para ela.

Est� preocupada com o que
os outros v�o pensar.

Eu sei o que passou
na inf�ncia.

Sei as frustra��es
que teve.

N�o sabe. N�o tem
ideia do que passei.

O que, Peter?

N�o sabe como �
ser surdo.

Peter, eu andava com voc�,
no mois�s, pelo supermercado,

usando aparelho auditivo,
e todos faziam piada.

Eu n�o ligo para
o que pensam.

Voc� n�o entende.
N�o sofreu isso.

N�o teve a experi�ncia
como pai.

Ela vai sofrer mais.

- � a sua opini�o.
- N�o � a minha opini�o

Fale com os professores
nas confer�ncias,

o mundo dos surdos
est� mudando.

Olhe para mim, m�e.
Olhe para mim.

N�o tenho
uma vida bem-sucedida?

Uma vida dif�cil.

Olhe para mim.
O que acha?

Voc� � meu filho.
Eu o criei e eu o amo.

Est� mundando sua atitude.

N�o estou mudando
a atitude.

Se tivesse nascido hoje,
amanh� procuraria o implante.

Gra�as a Deus!
Eu n�o quero um implante.

Certo, voc� n�o precisa.
Se n�o quiser, n�o fa�a.

-Estou pensando nela.
-Todos me pressionam.

N�o me importa
o que fa�a.

Chris, eu reclamei com voc�?

Reclamei quanto �
sua decis�o?

Eu n�o vou me zangar,
porque a filha � sua.

Eu reclamei com voc�?

Se n�o quer ajud�-la,
problema seu.

Heather � minha filha,
e n�o estou sendo bitolado!

Quem ouve tem um ponto
de vista pr�prio.

A minha fam�lia � surda.
Essa � minha vida.

Ela sempre dificulta tudo.

Peter, s� estou lhe dizendo,
como m�e e av�,

que est� escolhendo
um caminho dif�cil para ela.

-Eu sou o pai dela.
-Eu disse av�.

Sou eu que decido.
Essa decis�o � minha.

At� hoje, eu n�o sabia
que n�o aceitava a surdez.

Peter, voc� s�
enxerga o que quer.

-� �bvio.
-Daria a vida por ela.

-� um jogo de azar.
-N�o �.

�, sim.

Anos atr�s, era.
Agora, n�o � mais.

Me parte o cora��o,
porque sei que ela vai sofrer.

Eles n�o percebem,
n�o enxergam o futuro dela.

Eles n�o lembram do que sofreram,
eram muito jovens.

Eu vi o isolamento deles,
sendo ignorados por serem surdos

Eu n�o os culpo.
Eles s�o minoria

Os ouvintes n�o v�o
aprender a linguagem de sinais.

N�o quero que Heather
seja ouvinte.

Quero que a vida dela
seja mais f�cil.

Aceito a surdez dela,

o que me incomoda � que
poderia ser mais f�cil para ela.

As pessoas que ouvem acham
que a surdez limita,

que n�o podemos ter sucesso.
De jeito algum.

Olhe para mim.
Eu sou surdo e bem-sucedido.

Trabalho com computadores
na Salomon Smith Barney, Wall Street.

Eu enfrento o mundo dos
que ouvem todo dia.

E � dif�cil.

-D�gito 64?
-N�o, � o seguinte.

Est� fazendo este agora.

Dependo de emails e
int�rpretes,

E, pra ser honesto,
me sinto limitado �s vezes.

Mas o mundo dos ouvintes
pode ser muito ego�sta.

Existe muita discrimina��o
contra os surdos.

Segunda de manh�,
teremos nova configura��o.

Pra falar a verdade,

eu n�o posso subir muito
na empresa.

FESTIVAL DA COLHEITA
ESCOLA PARA SURDOS

M�e, sabe que vamos
fazer o implante.

Semana que vem, Peter far�
exames no fonoaudi�logo.

Receber� o implante
em janeiro.

Um amigo me perguntou
por que ele vai faz�-lo.

Eu disse que voc� queria,
e ele ficou surpreso.

Ele sentiu pena.
O que posso fazer?

Voc� tem vergonha do que
os outros v�o dizer?

Tenho vergonha de voc�
faz�-lo ouvir

para que ele fale direito.

Minha fam�lia toda ouve,
s� ele � surdo.

As tias e o tio
dele s�o surdos.

Ele tem muitos surdos
na fam�lia. Isso n�o importa.

Importa, sim.

Eu quero que tenha a chance
de ser o que quiser.

Voc� � uma
p�ssima filha.

Mam�e acabou de dizer que
sou uma p�ssima filha.

N�o, n�o.
Parem com isso.

Sou p�ssima filha, porque
quero implante para meu filho.

-O que acha?
-O que acho?

Sim, pai. O que acha?
Sou uma p�ssima filha?

N�o, n�o.

Quem � p�ssima?

Mari, minha filha.

Meus amigos surdos perguntam
como algu�m como ela,

que ajuda os surdos,
atua at� como int�rprete,

n�o amaria o pr�prio filho,
que nasceu surdo.

Uma m�e deve amar
o filho como ele �.

Surdos pensam
que os ouvintes

querem torn�-los ouvintes.
N�o � verdade.

N�o quero te ofender,

mas eles tem que entender
que o mundo mudou.

N�o para ferir os surdos,
mas para ajud�-los.

Sei que para os surdos
� dif�cil aceitar isso,

porque � como se
o tapete fosse puxado

debaixo dos seus p�s.

Eu entendo.

Mas n�o podem impedir
o futuro,

impedir que
o progresso aconte�a.

...como Franksteins,
monstros.

Hoje, quando pais descobrem
que o filho � surdo,

n�o sabem o que fazer,
apenas for�am um implante.

S�o pais ego�stas.

Para mim se nasceu surdo,
� isso.

Est� certo,
concordo com voc�.

Todos v�o se
impressionar comigo.

Decidimos dar a nosso
filho, Peter,

o implante coclear.

Por qu�?

Quero que tenha a oportunidade
de viver nos dois mundos.

Voc� acha que surdos
s�o inferiores.

Ent�o quer o implante para
que seus filhos tenham futuro.

Voc� pensa assim?

N�o � porque achamos
surdos limitados,

� porque o mundo os v�
como uma dificuldade.

Olhe para mim,
eu trabalho no "NY Times".

H� 5 anos, supervisiono
25 pessoas que ouvem.

E sou surdo!

Eu chefe no meu trabalho,
e controlo um departamento.

Eles dependem de mim.
E sou surdo como pedra.

Uma crian�a n�o �
uma cobaia.

O pai que for�a
um implante no filho

n�o pensa nos sentimentos dele.

O corpo pertence � crian�a,
quando ele crescer

os pais podem pergunt�-lo
se ele quer um implante.

Mas essa � a melhor idade
para o implante.

Para aprender a fala
e a linguagem.

Se esperarmos at� os 15 anos,
ser� tarde demais.

N�o estamos
tirando a surdez dele,

ele saber� que � surdo,
ensinaremos a cultura surda.

O implante pode matar
a cultura surda? Sim ou n�o?

Sim! Sim!

Uma vez implantado,
ele ir� para o mundo dos ouvintes

e abandonar� o dos surdos.

N�o sabemos o que
teria acontecido

se a tecnologia j� existisse
h� muito tempo.

Talvez todos n�s ter�amos
implantes. Como saber?

Em breve seremos
como rob�s.

Nem todos os surdos
desenvolvem a fala

como quem ouve,
apenas cerca de 20%.

A cultura dos surdos
permanecer� por muitos anos.

A cultura dos surdos
� maravilhosa.

�s vezes, acho que
t�m raz�o,

que estou traindo
o que conhe�o.

Ainda estou dividida.
Tomei como um sinal:

"Veja esta crian�a,
� igual a mim.

N�o h� nada errado.
Faz parte do mundo."

E isso me mata!
Isso me mata!

Ao mesmo tempo, quero
o melhor para meu filho.

Quero a melhor oportunidade.

E a melhor maneira �
essa tecnologia

para torn�-los mais
adaptados aos ouvintes.

O caminho � ouvir.
Este � o caminho.

� assim o
mundo l� fora.

N�o � para as pessoas
terem uma defici�ncia.

Acontece. N�o h� nada de
errado, mas n�o era para ter.

Pai, sei o que pensa
do implante coclear.

Eu sei mesmo.

Mas me parece que n�o
confia no meu julgamento.

No momento, eu n�o
confio mesmo.

Uma hora voc� e sua esposa
dizem: "Voc� far� o implante".

N�o falamos isso.

- Voc� apoiava.
- N�o � t�o simples.

Uma hora, o implante
coclear ser� feito.

Quando Nita vai ver se pode
fazer o implante,

mas descobre que, para ela,
� tarde demais,

tudo muda de figura.
Voc� mudou de opini�o.

-Voc� n�o sabe.
-Ela n�o vai fazer, vai?

Ela tomou esta
decis�o sozinha.

Decidiu por si mesma.

Tomou a pr�pria decis�o.

Acho que n�o entendeu.

Se eu n�o o conhecesse,
diria que � um pai abusivo,

porque tem a oportunidade
de curar uma defici�ncia.

Espere a�! Fui eu que
falei a minha esposa

para levar Heather �
escola dos implantes.

Se lembra?

Quando Heather voltou,
ela mesma disse que n�o queria.

Perguntamos o que aconteceu.

Ela disse: "Minha m�e
falou que n�o � bom."

Acha que estou mentindo?

Est� impedindo uma cura
para a surdez.

Est� t�o inserido no mundo
dos surdos que deseja

que seus filhos
sejam surdos.

Se se encaixarem no mundo
dos que ouvem, tudo bem,

mas t�m de ser surdos antes.
� errado.

Pai, minha fam�lia � surda.
Quero trabalhar muito por ela.

Que tal uma fam�lia
de aleijados?

Uma fam�lia de aleijados
que n�o andam.

N�o � disso
que estou falando.

Estamos falando de
implante, � diferente.

N�o �,
� uma defici�ncia.

� uma defici�ncia.

Quando eles t�m filhos, devem
quebrar as pernas deles?

Voc� considera
surdez defici�ncia.

Mas eu n�o considero.

Do fundo do cora��o.
Eu s� n�o ou�o.

Pai, voc� me criou para
ser um homem de verdade

ent�o agora estou sendo
forte pelos meus filhos.

Se meus filhos forem
bem-sucedidos,

n�o me importo com
o que digam.

Quando crescerem?
Eu darei os parab�ns.

Mas e se eles n�o
conseguirem?

Voc� n�o pode ver o futuro,
eu n�o posso.

�, voc� n�o pode
prever o futuro

mas pode dar a eles
todas as oportunidades.

N�o est� dando a eles
todas as oportunidades.

Voc� est� escolhendo
para eles.

M�e, vimos duas fam�lias,
uma surda e uma ouvinte.

A menina da fam�la surda
n�o falava bem

mesmo com muita terapia.

O implante coclear
simplesmente n�o tinha efeito.

Ent�o o qu� vai acontecer
com Heather?

� verdade que numa fam�lia surda
pode n�o funcionar.

Mas a fam�lia surda pode n�o
estar fazendo um esfor�o completo

para lhes dar
terapia de fala,

e exp�-los o m�ximo poss�vel
ao mundo dos ouvintes.

Se n�o est� pronto
para isso, ent�o est� certo.

N�o d� o implante.

No meu cora��o, eu sei
que Heather ser� bem-sucedida.

Eu acredito nisso.

O implante coclear � desnecess�rio
na nossa fam�lia.

Voc� pode falar em abuso.

� dif�cil falar isso
porque s�o meus filhos.

E s�o bons pais.

Mas n�o posso falar
que � um abuso.

S�o bons pais,
mas t�m medo.

Entendo esse medo,
estou tentando tir�-lo deles.

Eles t�m que ver que s�o
pais em primeiro lugar

T�m que parar de feri-los
e, pra mim, eles est�o ferindo.

Olhe. Est� vendo?

Diga: "Estamos separando"

Voc� pode dizer isso?
"Separando"?

Excelente!
Se-pa-ran-do.

Isso significa
"um quarto".

Bom.

Heather, cad� voc�?
Aqui est�.

Vem c�.
O que � isso?

Voc� � fant�stica!

"Copo de medida."

Qual � o cheiro?

Sim, tem cheiro de biscoito,
mas tamb�m cheira como...

"Canela".

Muito bem.

Por que voc� n�o
fala muito bem?

Boa resposta, voc�
quer falar com ouvintes.

Comigo?

E com o vov�.

Eu te amo.

Eu te amo mais.

Eu te amo mais!

Minha m�e acha terr�vel
que Heather n�o fale

como um ouvinte.

Sei que alguns pensam
que surdos que n�o implantam

seus filhos � abusivo.

Mas quer saber?
� o mesmo com os ouvintes.

Eles colocam implante nos filhos
sem saberem nada sobre surdez.

Para mim,
isso � abusivo.

Ombros!

Esta � uma can��o
sobre cores, cores!

Vemos por todos
os lados.

Tem vermelho no "pare",
verde nas �rvores.

Azul no c�u e no mar.

Shelby est� saindo-se
muito bem com o implante.

Eu fiquei surpresa,

porque n�o sabia como
ela se sairia numa turma normal.

No primeiro dia, n�o sabia
se ela chegaria chorando,

a mudan�a foi excelente.

- Shelby, qual sua cor favorita?
- Arco-�ris.

Ela se encaixou bem
na turma,

fez novos amigos,
escuta a professora,

faz tudo que algu�m
da 1� s�rie faz.

- Hoje � o nosso...
- 18� dia de aula.

Quando a professora manda
todos levantarem,

com as cadeiras
e o barulho,

Shelby pode n�o ouvir
algumas falas.

Mas com essa caixa
na mesa dela,

e com o microfone da professora,
Shelby pode ouvi-la.

Misture tudo, Shelby!

Alguma rea��o das
outras crian�as?

Expliquei �s crian�as
que ela tem um implante coclear

e perguntei se queriam
toc�-lo.

Todos estavam assim,
mas uma garotinha

levantou a m�o e,
depois dela,

todos quiseram tocar.
Todos tocaram.

E todos ficaram contentes
com isso.

� uma parte dela.

Acho que ela n�o
percebe que � surda.

Ela se v� igual
a todos.

Far� o implante em seu
filho daqui a 4 dias.

Vou chorar quando o vir.

Acho que far� isso por
n�o aceitar a surdez dele.

Est� pensando em seus pais
e tem medo.

Voc� se ressente porque seus
pais n�o tiveram educa��o,

e n�o quer o mesmo
para Peter.

N�o quer que nossos filhos
sejam como n�s.

N�o. Eu aceito
a surdez dele.

Eu amo meu filho.

Mas, se Peter pode ter uma
vida normal, por que n�o?

Como assim, normal?

Ele poder� ser o que quiser
e falar�.

Quer que ele seja brilhante,
que ele fale.

Parece n�o querer que
Peter v� a uma escola

para surdos, porque
o ensino � p�ssimo.

Escola para surdos
� terr�vel.

N�o quero isso para ele.

-Isso me magoa.
-Ora!

Espere a�. Voc� acha
os surdos atrasados.

Mas eu n�o acho.
Eu n�o.

Isso n�o � o certo.

Muitos formandos da escola
para surdos

leem como alunos
da 4a. s�rie de outra escola.

-Nem todos.
-Eu n�o disse todos.

Meu Deus!
Espere um instante!

Isso realmente me aborrece.

N�o disse que crian�as
surdas s�o idiotas.

S� disse que
a escola � terr�vel.

Pais surdos de crian�as surdas
sabem como lhes educar.

Todos querem uma boa
educa��o para os filhos.

Mas um implante
aos 11 meses! N�o!

Por que agora?
Agora, agora, agora.

Ele ainda � uma beb�!

Voc� deve amar o seu filho.

Dar seu amor a ele.

Quando ele crescer e chegar
a hora, fa�a o implante.

N�o destrua sua
vida emocional.

Ele � um lindo beb� surdo.

Depois de falar com Mari,
fiquei triste e com raiva.

Mas a conversa
me despertou.

Perguntei ao meu marido
e ele disse que era verdade.

Algumas escolas para surdos
formam alunos

que leem como
os de 4a. s�rie.

Vi que preciso procurar a
melhor escola para meus filhos.

Eu sabia que havia uma
comunidade em Maryland,

e que a escola de l� era
uma das melhores do pa�s.

Heather queria
o implante antes,

porque n�o havia sido
exposta ao mundo dos surdos.

Em Maryland,
h� tantos surdos

que ela acabaria se
envolvendo na comunidade.

- Ol�, quem � voc�?
- Heather.

Prazer em conhec�-la.
E quem � voc�?

Tim.

- Pode soletrar?
- T-I-M.

Tim! Ol�.

Vamos ler um hist�ria.

Todos em seus lugares.

Heather, venha
ficar com a gente.

"Que lama boa!",
disse o porco.

"Que lama boa!",
disse a vaca.

E rolou
de um lado para o outro.

Espere. O que acham
que vai acontecer?

A vaca toma um banho?

Eu acertei!

Muito bem! Muito bem!

Na escola para implantados,
em Long Island,

n�o estavam usando sinais.

Heather se sentiu exclu�da,
porque todos falavam.

Ela se sentiu alienada.

Mas, nesta escola,
ela participa do grupo.

Heather entrou na classe
com os olhos arregalados.

Ela estava muito empolgada
quando viu as crian�as.

Ela logo se incluiu
no grupo.

N�o havia preocupa��o
sobre a fala.

A comunica��o foi
natural para ela.

Ela n�o precisou pensar
sobre falar ou ouvir.

Long Island � uma comunidade
de pessoas que ouvem.

S�o os encarregado
e nos d�o ordens.

Mas n�o entendem
a cultura dos surdos.

Eu tentei explicar
v�rias vezes.

N�o me imagino tendo
de fazer isso no futuro.

N�o quero lidar com isso.

Eu entendo como se sente.

A cidade de Frederick
congregou americanos surdos.

H� a Am�rica, em geral,
e comunidades como esta.

As pessoas aqui
s�o muito sens�veis

� comunidade, porque a
escola tem mais de 130 anos.

Fomos fazer compras hoje,

e perguntei onde
ficavam as mamadeiras.

A funcion�ria usou sinais:
"Corredor 10."

Fiquei surpresa,
impressionada.

� verdade. Aqui, encontramos
gar�ons que usam sinais,

ou caixas de banco,
m�dicos, enfermeiras.

H� muita conscientiza��o.

Me sinto inspirado aqui.

Aqui no mundo dos surdos
me sinto seguro.

No mundo dos ouvintes,
me sinto numa jaula, oprimido.

Quero mesmo me mudar
para c�.

Eu e Nita conversamos
e decidimos

que seria bom nos
mudarmos para Maryland.

Eu e Peter somos os pais
dessas tr�s crian�as

e faremos o que
considerarmos o melhor.

N�o podem nos dizer
o que fazer.

Dizem-nos para fazer
o implante,

Para p�r as crian�as
em programas de fala,

fazer fonoaudiologia
todo dia.

Tudo isso pelo futuro delas.

Sinto-me for�ada a ceder
�s vontades deles.

Mas vou acabar com isso.

N�s decidiremos o que �
melhor para nossos filhos.

Queremos ir para Maryland
pois � o melhor para as crian�as.

===========================================1002==============================================

N�s sentimos que
voc� est� cercando as crian�as

porque voc� acredita
ser a coisa certa

cri�-los naquela comunidade.

Ao mudar voc�s est�o
limitando seus filhos,

est�o for�ando...
- M�e.

Espera, est�o os for�ando
a viverem s� entre os surdos.

Isso n�o � verdade, Marion.
N�o �.

Voc� disse antes:
"N�o quero minha filha sofrendo

como eu sofri."

"Quero que ela ou�a m�sica,
que aproveite a vida

que n�o tive."

O qu� est� fazendo agora?

Quando vi as crian�as
naquela escola

vi que por causa da
linguagem de sinais

a comunica��o e escrita
eram iguais �s dos ouvintes.

Voc� pode estar 100% correta.

Pode ser a melhor escola no mundo
para surdos,

mas sinto que est�
fugindo com sua fam�lia

do que estamos discutindo:

implante coclear.

M�e, sei como se sente
sobre o implante,

mas n�o quero isso
para Heather.

� minha decis�o final.

Em Maryland teremos
mais oportunidades,

mais int�rpretes,
mais comunica��o.

Surdos s�o aceitos l�.

Morar em Maryland
ser� melhor para as crian�as,

Somos uma fam�lia de surdos.
Peter e eu crescemos surdos,

n�s sabemos como �
ser criado entre ouvintes.

Podemos fazer melhor
por nossos filhos.

Voc� n�o entende
como nos sentimos.

...de um jeito, o dos surdos.
Existem dois mundos.

Querem apenas o mundo dos surdos
para seus filhos.

Eles t�m que viver
nos dois mundos.

Por que voc� queria
o implante?

- Ela estava curiosa?
- Curiosa? Bobagem.

Ela me disse que
queria ser igual

quero ouvir m�sica, dan�ar.
Viver nos dois mundos.

Est� dizendo que
limitamos nosso filhos?

Rid�culo, damos a eles
o melhor de tudo.

Pode ler uma receita sozinha,
sem ajuda?

- Entende toda uma receita?

Voc� precisa mesmo
perguntar isso?

N�o entendo uma receita.
Mas n�o � minha culpa,

meus pais n�o me ensinaram.

- N�o me diga!
- Mas eu ensino Heather!

Como sabe que
isso vai dar certo?

Que os dois v�o
aprender assim?

Sinto muita press�o
sobre isso.

J� chega!

Porque n�o quer aceitar.

Voc�s est�o fugindo
porque eu estou pressionando?

N�o!

Se quisessem o melhor
para seus filhos

dariam a eles o implante e
a oportunidade dos dois mundos.

Sinto que sua m�e
est� me sufocando,

nos controlando.
Quero ela longe!

Entendo, querida.
Ignore-a.

Voc� � a m�e.
Vamos seguir nossos planos.

Ela � s� a av�.
Ignore.

Pensei que seus pais
estariam orgulhosos de n�s,

que pelo menos
confiassem em n�s.

Mas acham que
tomamos a decis�o errada.

� assim que meus pais s�o.

Se meu pai ver que estamos bem,
ele vai aceitar.

Mas minha m�e
est� sendo cruel.

Tentei mostar como me sinto.

Ela n�o deixou.
Me colocou pra baixo.

Me deixou t�o brava,
me esforcei tanto.

Ignore-a.
Voc� sofre muito.

Quando estivermos em Maryland,
estar� bem mais feliz, prometo.

Conhecer� outras pessoas l�,

uma grande comunidade surda
que te aceitar� como �.

O mais importante
� nossa felicidade.

Estamos sofrendo tanto,
vem c�.

�REA DE
CRIAN�AS SURDAS

Os pais que v�m aqui,
veem o que a associa��o dos surdos

diz sobre os implantes cocleares.

E para voc�s em particular,
� importante verem isso.

A posi��o deles � que,
citando-os,

eles lamentam
a decis�o do governo

de apoiar
o implante em crian�as.

Podem dizer o que quiserem,
como quiserem.

Eu n�o importo.

� uma crian�a, que tem
essa perda de audi��o,

dificultando que ele ou�a.
E � isso.

O resto � bobagem.

V�o colocar minha imagem
num alvo, e atirar coisas em mim.

Porque somos o modelo
do que n�o fazer,

seguindo as "regras" deles.

Se pensam que
est� ruim agora,

quando fizerem isso,
a rea��o dos surdos da sua fam�lia

ser� muito forte
nessa hora.

A raz�o pra isso � que
est�o pegando um membro

da sociedade, da cultura deles,
e est�o tirando-o.

Aquele fala de
"N�o somos bons pra ele?"

"Voc�s t�m vergonha de n�s?"

"Esta n�o �
a melhor vida para ele?"

"Estamos bem como surdos,
temos orgulho de sermos surdos."

"Somos felizes.
Por que acham que devem fazer isso?"

Em alguns anos,
quando Peter estiver falando

os primos v�o fazer
muitas perguntas.

� a� que a f�ria de verdade
vai vir.

� quando as perguntas vierem,
e como lidar com isso.

Quando vir Peter com
o implante,

vai mudar de ideia
e querer um tamb�m?

N�o, eu n�o quero.

N�o quer?

Por qu�?

N�o quero
o implante coclear.

Tudo bem, a decis�o � sua.
Como se sentir melhor.

Voc� disse que
tinha decidido.

Decidimos juntas.
N�s concordamos.

Esta � a minha sogra.

-Oi, como vai?
-Prazer.

Como vai?

Sabe que algo vai acontecer.
N�o me solta!

� sinal de boa
sa�de mental.

N�o me solta!

Como est� hoje, doutor?

A que horas acordou?

3h.

Por que n�o
conseguiu dormir?

Porque n�o tive vontade.
Eu sou velho.

Passou a noite acordado,
pensando no implante?

N�o, n�o.

Eu passei a noite
em claro, preocupada.

N�o estou preocupada.
Estou calma e tranquila.

Eu estou preocupada.
De verdade.

Vai sair tudo bem.

Quando meus filhos nasceram

nunca teria sonhado
que estar�amos aqui,

esperando meu neto
tendo uma cirurgia para ouvir.

E se a surdez
desaparecer no futuro?

N�o haver�o mais
surdos.

Por isso que est� chateada.
Entendo isso,

Peter e Nita se sentem
da mesma forma.

As pessoas nunca esquecer�o
o que � a surdez

porque ser� hist�ria.

Pronto para o teste?

Este � o transmissor.

Est�o uma beleza.

-Est�o bem?
-Tudo est� �timo.

Se Peter tivesse
nascido hoje, sem ofensa,

eu certamente optaria
pela cirurgia.

Eu sei o que � criar
crian�as surdas.

� dif�cil.
� muito dif�cil.

Agora, temos de fechar.

Tudo saiu muito bem,
sem problema algum.

O rosto dele se move,
est� respirando bem.

Est� na sala de recupera��o.
Foi um sucesso.

Que �timo!
Quando poderemos v�-lo?

Se forem l� daqui a uns
15min, poder�o entrar.

Assim que despertar
o bastante

para perceber
que h� gente perto.

Muito obrigada, doutor.

At� mais tarde.

Fico com vontade de chorar.

Vida nova.

Um novo come�o.

Tenho medo de
que ca�oe de mim.

Ele jamais ca�oar� de voc�.

Peter vai falar muito bem.
Temo que me magoe.

Sinto-me muito magoada.

Eu vou v�-lo agora.

Espere. Se tiver
outro filho surdo,

far� a cirurgia
de novo?

Sim, m�e, eu farei.

Somos surdos.
Isso � o que importa.

Onde ele est�?

UM M�S DEPOIS

INSTITUTO DE
OTORRINOLARINGOLOGIA

CENTRO DE
IMPLANTE COCLEAR

Vou conectar o transmissor
externo aqui.

Ele vai ficar grudado.

Vou p�r isto aqui.

Prontinho.

Vou come�ar, dizendo-lhes
algumas coisas.

Vamos come�ar aumentando
a corrente um pouquinho,

no eletrodo de frequ�ncia
mais baixa que temos.

Muitas coisas podem acontecer.

Podemos n�o ver nada.
Podemos ver uma resposta negativa.

Podemos ver ele procurando,
ou piscando.

Vamos prestar muita
aten��o, observando-o.

� o que precisamos ver.

Mesmo tendo esperado
muito por isso,

e ele esperou mesmo,
seus ouvidos nasceram hoje.

Eu vou contar.

Um, dois, tr�s, j�.

Foi muito bom!
Bom trabalho!

Bom menino.

Est� relativamente baixo.

Um, dois, tr�s, vai.

N�o poderia ser melhor,
pessoal.

Ele ouviu cada um
dos eletrodos,

o que n�o � nada
realmente interessante.

Embora, tenha sido �timo.

Vamos ligar a fala.

Bom menino.

Um, dois, tr�s.

Peter.

Oi, Peter.

Oi, nenenzinho!

Como vai?

Oi, colega!

Os ouvidos dele
nasceram h� 5 minutos.

Neste momento, o crucial
� exp�-lo muito ao som.

Chris, � impressionante.

-Veja s�.
-E faz�-lo muito feliz.

Ele se volta para ela
cada vez que ela fala.

Oi, Peter!

Oi, Peter!

Diga "m�e, m�e, m�e".

� a mam�e.

Peter!

O grande Peter!

T�o grande!

Bom garoto.

Voc� ouve o papai?

� o meu garoto!
Ouviu o papai?

� um milagre.

O implante coclear est�
dando ao meu filho

liberdade, oportunidade
e a chave para o mundo.

Esta oportunidade que
estou dando ao meu filho.

Este � o crime que meu irm�o
est� fazendo com a fam�lia dele.

� um abuso.

Eu manteria minha decis�o
mil por cento.

Porque meu filho nunca
conseguiria

quando meu irm�o
tinha o controle.

A cultura surda,
como � hoje, acabou.

Pode vir a ser verdade

que as pessoas surdas
se tornem extintas.

Eu vou ficar magoado.

A cultura dos surdos deve
ser valorizada.

� a minha cultura.

Se a cultura de quem ouve
fosse exterminada,

chorariam e sentiriam
a perda.

Assim como eu.