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Procura as coisas que v�m de cima.

E n�o as coisas que andam na Terra.

Inglaterra, 1380.
Durante mais de 300 anos,

os bar�es Normandos mandaram nos
seus dom�nios com poder absoluto.

A Igreja e o Estado falaram em un�ssono
- manter a ordem existente.

Irm�os e irm�s.

Todos os dias oi�o ressentimentos
contra Deus.

Os tempos s�o maus.
Os tempos s�o duros.

Tempos de desgosto.

E de facto s�o-no.

Mas n�o esque�amos as palavras
do ap�stolo

na sua carta aos romanos.

Os sofrimentos do tempo presente,

n�o podem ser comparados
com a gl�ria futura.

A gloria que ser� revelada em n�s.

De facto irm�os e irm�s,

eu vou mais longe.

Eu vou mais longe e digo que
esta vida, tem de ser sofrida.

Para parar a felicidade terrestre.

Ser amado.

� essencial que esta vida,
seja esquecida

para que a pr�xima...
neste momento ainda escuro.

N�o podemos ver Deus ainda.

Ou segurar nas vossas m�os
todas as suas promessas.

Mas n�o desesperem.

Confiem nele.
Tenham esperan�a.

Tenham esperan�a nele.

N�o ficar�o desapontados.

As dificuldades levam � paci�ncia.

A paci�ncia faz-nos ultrapass�-las.

A vit�ria d�-nos esperan�a.

Entretanto, a esperan�a...
a esperan�a...

...n�o desilude.

Em nome do Pai, do Filho e do
Esp�rito Santo. �men.

O que foi isto?

Que andas a fazer escondido
nos arbustos?

Onde est�o os outros?

Nestes tempos,

que tipo de idiota viaja sozinho?

Sou apenas um criado, sa� das terras do
meu amo sem licen�a.

Ele mente.

Por favor, meu Deus.

Dev�amos cortar-lhe a l�ngua.

Deixem-me ir e prometo que
n�o conto o que vi.

O qu�?

O que viste?

Vi um mercador a ser morto.

Agora somos os ladr�es.

As vossas roupas.
S�o os nossos trajes.

Protegem-nos do frio.

Trajes?
Somos actores.

Actores viajantes.

E este � o nosso bras�o.

Somos a companhia de
Lord Robert Sandville.

Ele n�o oferece perigo.

Eu vi-os matar um homem.

Era o meu pai.

O nosso pai.

E nosso l�der.

Tem estado doente h� meses.

Um cancro na barriga. Pediu para
acabarmos com a dor.

M�os de trabalhador?
N�o me parece.

O que fazemos?
Reparamos isso na pr�xima cidade.

Pagamos com o qu�?
Nem temos para comer.

Ent�o actuaremos.

Para onde v�o?
Norte.

Para actuarmos para o primo do
nosso amo.

� isso que somos. Uma prenda de
Natal de um Lord para outro.

Vamos.

Posso ir convosco?

N�o!

Quero juntar-me ao vosso grupo.

N�o sou actor mas
posso aprender.

Ningu�m pode substituir o l�der.
Ningu�m.

N�o o vou substituir. Apenas tentar
suprir a vaga que ele deixou.

Suprir a vaga que ele deixou?
Ok, vamos ver o que sabes fazer?

J� sei... imita um p�ssaro.

O qu�?

Um p�ssaro. Imita um p�ssaro.

E se tentarmos um peru?
Um tipo grande como tu.

� isso... agora numa perna s�.

Salta, isso.

Mexe-te, agora em c�rculos,
naquela direc��o.

Vai com Deus.

Ele tem raz�o.

Sem o teu pai, precisamos de algu�m
que interprete os papeis menores.

O pequeno anjo.
O bobo do diabo.

O bobo �s tu.
Nem sabemos quem ele �.

Vamos votar nisto.

O qu�?

Como vosso l�der, chamo a votos.

Tu?

Ora a� est� uma surpresa.

Sou contra.

Precisas de perguntar?

Nunca vi um peru igual.
Estou contigo.

Bem vindo.

Olha o que est�s a fazer.

Para onde agora?
Vamos para Oeste.

E porque n�o Este?

Por a� � imposs�vel.
E Oeste?

N�o sei Tobias, nunca l� estive.

Onde est� toda a gente?

Ol�!?

N�o est� c� ningu�m. Vamos por este lado.

Durmam descansados nas
vossas camas de noite.

Com as barrigas cheias.

Se o fizermos � porque cada um
fez a sua parte.

N�o pode haver excep��es.

Pela sua entrega neste assunto,
o tribunal sa�da o irm�o Simon Damian.

Confessor do nosso nobre
amo Robert De Guise

Assim fica decretado, de acordo
com o dono da terra.

Depois de analisados os factos e
circunst�ncias do caso

fica decidido que o acusado �
culpado das acusa��es.

� a senten�a deste tribunal,
que sejas enforcada

pelo pesco�o,
at� o teu corpo perecer.

E que Deus tenha piedade
da tua alma.

Qual foi o crime dela?

Assass�nio...

...do jovem Thomas Huelf.

6 pences por isto?

Pelo uso do p�tio e por cada xelim
que cobrarem.

� a festa de S�o Lazaro amanh�, tenho
outros viajantes dispostos a pagar.

N�o somos apenas viajantes,
somos actores.

Actores, viajantes!
S�o todos uns desgra�ados.

Ficamos com isto.

Quando penso no respeito que a nossa
profiss�o teve um dia.

Um, dois, tr�s, puxem.

Vamos para o celeiro.
Segurem-no.

Ele j� n�o est� rijo.

� o que acontece depois
de um dia e uma noite.

Steven, tapa-o.

Sabes muito sobre a morte.

Assim como o Steven.

O Steven foi um soldado.

Este n�o me parece s�-lo.

A primeira vaga da peste atingiu
forte a minha aldeia.

Alguns de n�s foram poupados,
outros nem por isso.

Ele � um mentiroso, aquele sacana
� um mentiroso.

Isso mesmo.

O Tobias tem raz�o. Precisamos de
um eixo em condi��es.

Boa gente.
Oferecemo-vos a nossa pe�a

sobre Ad�o e Eva.

Pedimo-vos que abram os vossos olhos
e ouvidos, sobre como o �den se perdeu.

Como uma mulher deixou o seu homem
cair em desgra�a.

E com ele todos os outros.

� Deus, grande na sua majestade,
onde ningu�m o poder� ser.

C�u e terra

s�o feitos atrav�s de mim

e � meu desejo agora que se fa�a luz.

Com ar e corpo

ele aben�oado acima de
todas as criaturas

grande e aben�oado.

A serpente veio

com manha e sorrisos

mas Ad�o afastou-a

livre da sua selvagem

e enquanto dormia sozinho

tirei dele um s� osso

e fiz a sua paix�o, uma mulher

que a pr�pria humanidade pode,
sozinha...

...criar.

Fantasmas do para�so,

onde estava mas farei cair,

e porei o meu pecado

no de Deus

com homens e mulheres l� dentro.

Tentei tudo o que pude,
mas em v�o.

Na minha maldade trazer a dor.

Na minha maldade trarei dor,
ou tenho de dizer a deixa de novo.

Se o mundo lhe pertence, ent�o
senhores de tudo ser�s.

O mundo pertence-me e todas as
mulheres, ser� assim

para o Inferno,
para o Dem�nio.

Dois m�seros xelins.

Costum�vamos fazer 10.

N�o � exactamente uma fortuna n�o �?

Bem, chega para o funeral de Brendon,
e seguiremos o nosso caminho.

Ah, Brandon, Brandon...

Padre... padre!

Gostar�amos de falar consigo.

Gostar�amos de enterrar um
amigo nosso.

Morto, espero.

Como podem ver, estamos bastante
ocupados por aqui.

Uma cova de crian�a.

Thomas Wells.

O mi�do morto pela mulher.

Sim.

Ela estrangulou-o.

- 6 xelins.
- Seis...!

6 xelins?

� por acaso parente do estalageiro?

N�o sou um qualquer para ser
importunado.

Quem o enterraria no mato?
Longe de tudo?

Eu prometi-lhe,
solo sagrado.

N�o temos outra escolha,
Martin.

Entendes?

Que tipo de Deus inflige
tamanho sofrimento no seu servo?

Ou no seu filho.

Adeus velho amigo.

Nicholas, obrigado.

Obrigada.

Obrigado padre. Em nome do
Pai, do Filho e do Esp�rito Santo.

Quem diria, tu... um padre.

O que fizeste?

Um padre na estrada
a viajar inc�gnito.

Os segredos de um homem
s�o s� dele, Tobias.

Tudo bem.
Devo-vos contar.

Deitei-me com uma mulher da vila.

A mulher de outro homem.

Combina bem com o trabalho.

J� chega n�o?

N�o, n�o.
Quero saber os detalhes s�rdidos.

J� passou tanto tempo.

De que foges realmente?

Vejo-o em ti.

N�o � da mulher.

Algum segredo mais obscuro.

Enquanto estiveres connosco,

obrigas-nos a carreg�-lo tamb�m.

Para onde ir�s?

- O padroeiro dos viajantes.
- S�o Crist�v�o.

Era da minha m�e e
da m�e dela antes.

Onde est� ela agora?

Peste.

Quem perdeste?

A minha irm�.

Roguei para ser levado com ela.

Ent�o Deus tem outro
destino para ti.

Acho que ele j� desistiu de
mim agora.

Sem ti...

...um bom homem n�o teria
tido um funeral decente.

Ganhaste os nossos agradecimentos

e a nossa amizade seguir�

pode n�o ser muito, mas...

...� mais que as mentiras por a�.

Terias pago bom dinheiro para ver
a nossa pe�a ontem?

N�o �s o �nico.

J� ningu�m nos vem ver.

As nossas bolsas andam sempre vazias.
Os nossos est�magos raramente cheios.

Em Wakefield, em York, fizeram ciclos
de todos os mist�rios, numa semana.

Tudo desde a queda de L�cifer at�
ao dia do Julgamento Final.

Em Coventry vi a
ressuscita��o de Cristo.

Subindo aos c�us at�
deixar de se ver.

- Como podemos competir?
- N�o podem.

A n�o ser que mudemos as
nossas hist�rias.

N�o podem mudar as hist�rias
escritas na B�blia.

Falo de hist�rias novas.

Pergunta a ti mesmo.

O que interessa mais a esta gente?

A tenta��o de Ad�o e Eva,

ou a historia do mi�do assassinado
que andou aqui durante anos?

Um mau dia para os porcos.

Vou tratar do carro.

- Marvin...
- � uma prenda.

Estou desejoso de ver o estalageiro
e o seu vinho venenoso pelas costas.

M�s noticias. O eixo n�o pode ser reparado.
Tem de ser substitu�do.

Quanto?

Temos de actuar de novo.

Mal me aguento em p�, quanto
mais atravessar um p�tio em andas.

Talvez n�o precises.

Tenho uma proposta.

Mudamos a pe�a.

Por favor, a crucifica��o de novo n�o.

Uma pe�a nova.

Uma pe�a sobre gan�ncia, tenta��o
e pecados m�ltiplos.

Uma pe�a em que virtude e vicio combatem
pela alma de uma jovem e a justi�a prevalece.

Thomas Wells.

Thomas quem?

� um jovem que dorme por
baixo de Brandon.

Quem se atreve a representar coisas
que acontecem neste mundo.

Foi s� uma pergunta.

Creio que ser� assim o teatro no futuro.

Ent�o queres avan�ar anos?

O que pensaria o teu pai?

Ao nomear-me como seu sucessor,

acho que ele concordaria.

Mentiras, mentiras homem.

E tu sabes.

O teu pai virava-se na campa
se te ouvisse agora.

N�o sei disso...
n�o tem muito espa�o.

Martin, � s� um assassinato.

Assim como Caim e Abel.

E n�s represent�mos tanta vez.

Caim e Abel est� na B�blia.

Deus n�o nos revelou o significado
desta historia.

Tantas das inten��es de Deus
permanecem distantes de n�s.

Porque lan�a ele pragas nas nossas
colheitas, e doen�as na nossa gente?

Os padres falam palavras ocas do Papa.

Podemos mostrar o trabalho de
Deus com hist�rias reais.

E eventos que nos tocam directamente.

N�o tens voz nisto.

Mas eu tenho.

Gan�ncia. O rapaz levava a carteira do pai,
ela tirou-o da estrada

e estrangulou-o.

Ent�o a estrada � o sentido da vida.

O caminho da rectid�o.

E ao sair para o lado pela tenta��o,
o rapaz encontrou a morte.

N�o v�em, � uma pe�a sobre moralidade.

S� os personagens s�o diferentes.

Onde est�o as palavras para esta pe�a?

Podemos fazer em m�mica.

Falar as palavras conforme
nos ocorrerem.

Tobias?

A mente de um homem pode mudar,

mas n�o temos autoridade de Deus,
para fazer isto.

- Eu ainda estou contra.
- Eu tamb�m.

E porque n�o?

Estamos presos aqui at� amanha.
Gostem ou n�o.

Tu?

3 a favor, 2 contra.

O voto decisivo � teu.

Em empate vai contra a proposta.

Lembra-te que �s um padre.

Deus n�o nos deu a hist�ria para usarmos.

N�o.

Mas ele est� em todo o lado.

At� nesta hist�ria.

O Martin tem raz�o, cabe-nos a
n�s descobrir-lhe o significado.

Como eu pensava.

Um aliado para mudar os votos
para o teu lado.

Actuaremos esta tarde.

E usem a manh� para saber
mais do que aconteceu.

- Jack Flint?
- Sim.

Foi voc� que encontrou
o corpo de Thomas Wells?

- � do castelo?
- N�o, sou um actor.

Queremos contar a hist�ria da morte dele.

Pior do que pensei.

Est�o todos, at� o Vileas.

Martin.

Martin... onde vais?

O que descobriste?

Nada. Ele n�o quis falar comigo.
Ningu�m o fez.

� altura de festa, tem outras
coisas em que pensar.

Anda.

- Meio xelim?
- Para lhe ver pelo cora��o.

O cora��o da nossa pe�a.

- Quem � esta gente?
- Convidados do Lord de Guise.

Foi ele que me deu o dinheiro.
Pode ficar aqui a ver.

Tem cuidado com ela... diz-se
que tem poderes.

Que poder?

Fala-se demais, na realidade...
ela � surda e burra.

Chamo-me Martin.

Aquele � o Nicholas.

Somos actores.

Que estou a fazer? Ela n�o ouve.

Olha.

Consegues ver as minhas palavras?

Queremos contar a tua hist�ria
no nosso palco.

Porque o fizeste?

O que te possuiu?

Um mi�do, uma crian�a.

O monge viu-te perto do bosque.

Ele est� a mentir. Porqu�?

O xerife e os seus homens encontraram
a bolsa na tua casa.

O monge...

O do julgamento... esse monge?

Carteira?

A carteira do monge... a carteira do rapaz!

O monge tirou a carteira do rapaz e...

...escondeu-a debaixo da tua cama.

Viste-o fazer isso?

N�o estavas l�.

O monge estava com eles quando
revistaram a tua casa?

Prenderam-te quando voltaste.

Pouco barulho a�!

N�o foste tu.

N�o foi ela.
Nem sequer estava l�.

Isso diz ela. Tamb�m tu o far�s.

Ela n�o estava l�.

Que queres fazer? Declar�-la inocente
com base em alguns gestos.

�s um actor, podes...
Olha para mim.

Por amor de Deus homem, somos
actores e n�o ju�zes.

Acabamos de nos tornar,
diz-me s� se ela estava a mentir.

Olha para mim.

N�o quero ouvir mais nada
a este respeito.

A fam�lia dele foi a uma aldeia
aqui perto para vender

o seu cavalo.

Era uma vaca.

Um cavalo ou uma vaca, n�o interessa
a quest�o �...

...o pai dele foi directo � taberna mais
pr�xima, para beber o dinheiro todo.

E t�-lo-ia feito se...

...se a mulher n�o lho tivesse tirado

e dado ao Thomas para o trazer
directo para casa.

� por isso que ele estava na estrada.

- E foi assim que ele foi...
- Sim, j� sabemos o resto.

Abrimos com a taberna.

Tobias, p�e a mesa aqui.

Steven, tu fazes de pai b�bedo.

Tu fazes papel duplo.

Fazes de mulher e de m�e.

O nome dela � Martha.

E tu Nicholas...

...vais ser o bom conselheiro, a manter
o mi�do no caminho.

O caminho da vida.

De onde come�amos?

O que te preocupa?

Pergunta ao teu irm�o.

�s livre para sa�res.

Se for, o meu precioso voto
vai comigo?

Vou fazer esta pe�a.
Com ou sem ti.

O povo est� a chegar.
Sarah.

Toma o teu lugar.

Obrigado.

Bons senhores.

Agradecemos a vossa paci�ncia,

e tamb�m por virem � nossa pe�a,

que tamb�m � vossa.

� algo novo fazer uma pe�a que
pertence a uma cidade.

E esta pe�a honra a vossa cidade.

Porque mostra como se aplica a justi�a
rapidamente aqui.

Gentis senhores.

Oferecemo-vos a pe�a de
Thomas Wells.

A fam�lia acabou de vender a vaca.

A carteira est� cheia.

Passam por uma taberna.

Ele perde o dia e quase metade
da preciosa bolsa na bebida.

Est�s pronto?

Conforme a luz do dia cai, tamb�m ele.

Para a sua mulher � a oportunidade.

Tira-a agora.

Recuperada a bolsa, ela deve ficar e
ent�o manda Thomas no seu caminho.

As sombras rodeiam-no.

Ele est� cansado e com frio.

O seu jovem cora��o apertado de medo.

Ele acelera o passo, apertando
a sua preciosa carteira.

Precisamos de mais tempo.
Empata o melhor que conseguires.

Usa o teu latim. Ele nunca saber�.

Vai.

Bom conselheiro � o meu nome.
Alguns chamam-me consci�ncia.

O meu dever �...

R�pido v�...

Para levar cada homem,

a manter-se no caminho da vida.

Caminho esse que est� aberto para n�s,

pelo sofrimento de Cristo.

Vai, vai...

Ouve as minhas palavras Thomas porque,

como todos aqui sabem,

est� na natureza dos jovens,

serem afastados daquilo que
foram advertidos,

convencidos que os mais velhos...

...a comerem o fruto proibido.

No principio tudo parecia doce

mas o ajuste de contas
sempre chega.

Com o seu destino selado...

N�o foi assim!

- Enquanto Thomas...
- N�o!

...cai na tenta��o...

N�o...

O que disse?

O Thomas era um bom menino.

Muito jovem para saber...

...ela levou-o para as sombras.

Ele nunca teria ido com ela,
digo-vos.

Ele n�o teria ido...

Ele n�o teria ido...

Pe�o desculpa.

A sua m�e h�-de o saber...

A morte com um disfarce t�o doce.

Ele estava no bosque. Ela n�o tinha
for�a para o arrastar.

Mas foi forte para o estrangular.

Era apenas um rapaz...

Forte com um touro.

Saiam do palco.

J� chega.

Calados, calados.

Talvez tenha-lhe batido antes
de o estrangular.

N�o havia marcas no corpo,
s� no pesco�o.

Foi o que ouvi de Jack Flynn.

O homem que encontrou o corpo.

Ele foi o �nico a ver o mi�do morto.

Nem � pr�pria m�e deixaram
ver o mi�do.

Isto � verdade?

Uma m�e tem o direito de ver
o pr�prio filho.

� assim que pagam a caridade
do vosso senhor?

O homem que deu ao vosso filho
um enterro decente.

Abandonem o p�tio, vamos.
Deixem o p�tio.

Deixem o p�tio!

Avisem o Lord de Guise.

Fa�am uma pe�a sobre os
outros rapazes.

Que outros rapazes?

Houve mais rapazes?

Quatro num ano.
Desapareceram sem deixar rasto.

Nunca vi nada igual.

Quiseste uma hist�ria?
Tiveste o caos.

Ele teve a verdade.

Mexericos.

Quando o sol nascer ou estar�o na
estrada ou na minha cadeia.

O eixo est� partido, n�o estar�
pronto a tempo.

O eixo est� pronto desde de manh�
como voc�s bem o sabem.

S� pela caridade de Lord de Guise
� que voc�s est�o livres.

Ao nascer do Sol.

Mentiste-nos.

Partiste um eixo,
s� para p�r em cena a tua pe�a.

Actor Mestre, n�o �s digno
do t�tulo do teu pai.

Perdoa-me.

Roubo de sepulturas.

� um crime capital.

Ajuda-o a cavar.

N�o � um rapaz...
� um homem meu senhor.

� um amigo nosso que sepultamos
aqui para poupar a despesa.

E quem fez a cerim�nia?

Fui eu.

Um padre,

que se tornou actor.

Tira-o da�.

Bom, destapem-no.

Foi para isso que viemos c�,
para examin�-lo

para ver o que
os pais foram impedidos de ver.

Faz o que o Justiceiro do Rei diz.

Justiceiro do Rei?

Destapem-no.

Tirem-lhe as vestes.

Nada.

Excepto a marca no pesco�o.

Marcas de dentadas.

Sim.

Oh, Deus.

Oh, Deus.

Oh, Cristo.

O que foi?

Um incha�o.
Perto do sovaco.

Se n�o o tivessem morto a
peste tinha-o feito.

N�o h� perigo,
ele est� morto � 3 dias.

N�o h� perigo, ajuda-me.

Ajuda-me.

Ser� melhor que sigas com
os teus amigos.

V�o enforc�-la. Ela est� inocente,
ningu�m poderia ter feito isto.

V�o enforc�-la.

E a ti, se revelares o
que fizeste aqui hoje.

O que quer o Justiceiro do Rei
com o corpo de um pobre rapaz?

Desculpa-me.

O sol ainda n�o nasceu.

Eles sa�ram pelo port�o norte.
Talvez os apanhes.

- Jesus. Profanaste uma sepultura?
- Teve de ser, para chegar ao rapaz.

Ele foi violado.

Ela n�o o fez. N�o podia.
Temos de a ajudar.

Como?

E porqu�?

Tu mesmo disseste que o Justiceiro
do Rei mostrou interesse.

Martin.

Deste-lhe esperan�a.
Tu deste-lhe esperan�a.

- N�o podes virar as costas.
- Porque fazes isto?

N�o tenho escolha.

N�o tenho nada a perder.

Excepto a tua vida.

� s� uma quest�o de tempo at� me
encontrarem e me enforcarem.

Porqu�?
Por dormires com outra mulher?

Martin!

Volta comigo.

Oh, Cristo, Martin volta.

Por favor.

Quanto te pagaram?

N�o sei do que falas.

Sou o pai do mi�do. Ele esteve
desaparecido por 2 dias.

N�o fui eu.
Pensei que estava a dormir.

Deixei-o e depois vi as marcas
no pesco�o.

- O que lhe fizeste?
- N�o o matei.

Entreguei-o e n�o foi f�cil.
Estava rijo como um pau.

Estava o qu�?

Estava rijo.

O que querias dizer com 2 dias?

Rigor Mortis.

Gostava de ser metade do
homem que o meu pai foi.

E metade do pai que tu mereces.

V�-los-ei todos em Derham.

Fui � cadeia ver a sua filha.

N�o tenho filha.

N�o se importa que ela seja
enforcada esta noite?

� a vontade de Deus.

Mas ela � inocente.

Ningu�m � inocente.

Ent�o qual � o pecado dela?

Porque n�o � assass�nio.

Blasf�mia.

Ela toca-nos com as m�os e diz
que Deus fala por elas.

Ela � curandeira?

Deus � o �nico curandeiro.

A natureza do homem � corrupta.

Assim � desde o �den.

Viemos para nos redimir-nos.

Mas Deus n�o est� em n�s,
como ela e os seguidores afirmam.

Quais seguidores?

Quem �s tu que trazes uma mensagem
da minha filha.

N�o h� nada dela nestas partes.

Ela est� assustada.

Eu avisei-a.

Avisei-a que arranjavam uma forma de
a apanhar antes dos ju�zes.

- Eles conseguem sempre.
- Quem?

Os monges?

Os Benedicty?

O padre do Inferno.

Simon Damian.

O senhor que ele serve.
O juiz. S�o um s�.

E como um...

...eles enfrentam as chamas.

Com os seus c�es, os seus cavalos
e as suas putas.

Que comem e vestem com o
sangue e suor.

Fala de justi�a divina.
E a justi�a humana?

N�o � destas partes, pois n�o?

Ou saberia que quem procura justi�a,
perdem-se pelo caminho.

Padre, est� aqui um irm�o seu
que deseja falar consigo.

Manda-o entrar.

Sei que a mulher n�o matou
Thomas Wells.

Ela nem estava l� na noite
em que ele morreu.

O que tenho a ver com isso?

Eu vi o corpo.

Feridas que nenhuma mulher faria.

- O corpo est� enterrado.
- Estava.

E est� de novo.

Esta � a tua prova?

Provas que n�o te atrever�s
a revelar.

N�o preciso.

O Justiceiro do Rei estava comigo
quando o desenterrei.

� s� uma quest�o de tempo
at� serem apanhados.

Porque me dizes isto?

Porque te estou a dar a vida.

A tua liberdade.

Mas em troca quero a dela.

Uma confiss�o escrita para ser
encontrada depois de ires.

N�o vou confessar um crime
que n�o cometi.

O irm�o vai sair.

Ainda n�o o apanharam?

N�o chega morrer uma mulher inocente,
terei de morrer eu tamb�m?

Est� mais em jogo do que
alguma vez saber�s.

Como � que consegue dormir?

O monge est� morto.
Enforcado no seu quarto.

Morto pela sua pr�pria m�o.

Sai. N�o pode estar aqui.

- Foste v�-lo. Porqu�?
- Para pedir a confiss�o dele.

Em troca da liberdade dele?!

Ele n�o iria longe.

A sua confiss�o, se existisse uma,
jamais ser� encontrada.

Isto � a confiss�o dele.
Porque se mataria?

Ele n�o se matou.

Quando um homem se enforca a corda
levanta-se para tr�s dos maxilares,

das orelhas, da forma como o
corpo fica pendurado.

Ele foi estrangulado.

Por tua causa...

...est� tudo perdido.
Acabou.

Sai.

Ou enforcam-te tamb�m.

Selem os nossos cavalos.

H� quanto tempo sabe?

H� quanto tempo?

Foi falado de outros rapazes.

Em Fran�a, quando Lord de Guise estava
em campanha com o Rei Ricardo.

Precis�vamos dele na altura.

A que pre�o?

A grandeza da na��o tem
os seus pre�os.

Estou certo que sim.

E agora pede que de Guise seja deposto?

Sen�o muitos mais morrer�o.

Ele planeia uma revolta contra o Rei.
Est�o reunidos no castelo agora mesmo.

Ent�o para si as crian�as, foram
apenas um detalhe.

Foram uma raz�o para o prender.

A nossa ultima hip�tese era o monge
apresentar provas contra de Guise.

V�s agora o que a tua
interfer�ncia fez?

Devia ter-me dito.

Um actor...

Assuntos de estado.

Tapa a sua consci�ncia
com frases de grandeza.

Mas apenas um homem desprez�vel
negoceia com a vida de outros.

De Guise est� fora do meu alcance,

e por certo para al�m do teu.

Diga a verdade �s pessoas.

Eles t�m o direito de saber a verdade.

Julgas que eles n�o sabem?

Gra�as a ele, t�m comida e abrigo.

Nestes tempos quantos podem
dizer o mesmo?

O deles � o sil�ncio do
consentimento.

N�o tenho a certeza se
consigo fazer isto.

Estamos aqui para executar a
senten�a desta mulher.

Considerada culpada da morte
de Thomas Wells.

Dever� ser levantada do ch�o
pelo pesco�o,

e o corpo pendurado at�
� sua morte.

Que a sua morte seja exemplo para todos os
que sa�ram do caminho da rectid�o.

Parem isto.

Viemos aqui em ignor�ncia e pobreza.

A pobreza levou-nos a aceitar
a vossa hist�ria,

como nossa,

a cegou-nos para a verdade.

Por ambas, pedimos o vosso perd�o.

Em troca oferecemo-vos,

a verdadeira hist�ria de Thomas Wells.

Vamos come�ar.

Estava escuro. Algu�m espreitava.

Mas n�o era esta mulher que est�
� vossa frente.

Era um monge.

Simon Damian.

Pensem nisto.

Imaginem-no.

Thomas, Thomas teria ido, nunca
pensando que um homem de Deus,

quisesse o dinheiro que ele levava.

Mas uma noite, um dia e
outra noite passou,

e Thomas morreu,
a sua vida foi-lhe roubada.

Ele j� estava desaparecido � 2 dias,

quando foi encontrado,
de madrugada,

por Jack Flint.

Flint teve dificuldades,
e isto � importante,

teve dificuldades em levar o corpo
para cima do cavalo,

porque estava rijo,
devido ao "rigor mortis".

Ele pegou naquele pobre rapaz morto,

at� aqui, � cidade.

As m�s noticias andam r�pido.

O Thomas Wells est� morto.

Voc�s ficaram zangados.

E o monge... ficou assustado.

Ent�o ele mentiu, ele disse
ter visto esta mulher,

Martha Lambert, perto dos bosques
na noite em que Thomas desapareceu.

E a sua palavra bastou.

Porque era um homem de Deus.

Agiu rapidamente e ele, o xerife
e os seus homens,

foram a casa dela para a prender,

mas Martha n�o estava l�

nem tinha estado no dia anterior,

Onde estava ela?

Ela estava fora.

Esteve longe a curar os pobres.

A dar o seu tempo a pessoas como voc�s.

Eles arrombaram a porta.

Eles procuraram pela casa.

Lembrem-se que o monge
ainda tinha a bolsa,

e quando esteve sozinho no quarto
escondeu-a debaixo da cama dela,

onde depois foi encontrada.

Ele pegou nesta prova, que
iriam enforcar esta mulher

e colocou-a l�, um homem de Deus.

Mentiras.
Ela matou o rapaz.

Como?

- Com as m�os nuas ela tirou-lhe a vida.
- Porqu�?

- Pelo dinheiro que ele trazia.
- Quando?

Na noite em que ele desapareceu.

Ent�o porque estava o corpo ainda rijo,
quando foi encontrado 2 dias depois?

O "rigor mortis" j� teria desaparecido
nessa altura.

Tem uma mulher inocente
no cadafalso.

Senhor De Guise.

Voc�s todos conhecem a Martha.
Voc�s conhecem-na.

Ela n�o tem muito,

mas o que tem,
d� de livre vontade.

N�o a deixem pagar com a vida.

Voc�s podem impedir isto.

Voc�s podem impedir isto porque
t�m a verdade.

E a verdade tem poder.

Thomas n�o foi morto nessa noite.

Ele foi levado e feito prisioneiro
at� ao dia seguinte.

Durante esse tempo,

foi sujeito aos mais brutais actos.

Actos impens�veis.

N�o foi o monge quem violou
e matou Thomas.

Nem ele se matou.

Foi assassinado pelo pr�prio
homem que servia.

O homem para quem ele
levava os rapazes.

Lord Robert de Guise.

Ele matou o Thomas e matou
os outros rapazes!

Estamos a dizer e verdade,
s� a verdade.

Perguntem-se porque motivo
ele foi levado t�o r�pido,

que nem a m�e viu o corpo.

R�pido, r�pido.

Para a igreja.

Fechem a porta!

Mudamo-los com a nossa pe�a.

Tu mudaste-os.

Posso perguntar quem �s?

Posso ver a cara do homem
que deseja saber?

Sou Nicholas De Valance.

De sangue normando, como eu.

Vai desaparecendo com os anos.

E porque vieste aqui?

Nicholas De Valance.

Por nenhuma raz�o.

N�o.
Pelo destino.

Acreditas no destino?

Acredito na ponte ca�da que
nos trouxe aqui.

Mas isso n�o � o destino.

Mas sim um mau trabalho
de homens.

N�s criamos o nosso destino.

F� � a religi�o dos fracos.

Tu n�o me pareces fraco.

Idiota talvez...

E teimoso, sim.

Mas fraco, n�o.

Parece que sou acusado por ti de
um acto n�o natural.

e de assass�nio.
- Nega?

N�o s� nego, como te desafio a ti
ou a outro a provar o contr�rio.

Sabe que n�o posso.

E a� reside a tua idiotice,

e a tua ru�na.

N�o, n�o me ameace.

Estamos protegidos pela santidade
da casa de Deus.

Aqui nada me amea�a.

Realmente acreditas?

Que o teu Deus tem o poder
de te proteger?

N�o.
Nem a inclina��o...

Que tipo de Deus � esse?

O tipo que permite que crian�as
inocentes sejam assassinadas.

Desde o principio dos tempos
que o teu Deus,

nos p�s a matar uns aos outros,

sobre as suas v�rias bandeiras.

Por isso volto-te a perguntar.

Que tipo de Deus � esse?

N�o clamo entender, mas acredito.

O triunfo da f� cega,

sobre a raz�o.

O que n�o consegues entender �
que entre a f� cega e a raz�o,

est� o �nico Deus verdadeiro.

O poder.

Quer dizer, o poder do mal?

Matar sem consci�ncia.

Fomos ensinados que Deus n�o tem
responsabilidade sobre o mal.

Que o mal vem, n�o dele,

mas da liberdade de escolha
que ele nos deu.

Ent�o a liberdade � uma
prenda imerecida

se todo o sofrimento do mundo �
o pre�o que temos de pagar.

Sacril�gio para os ouvidos
de um padre.

Sacril�gio da boca de um padre.

N�o?

E que crime te mandou para os bra�os
de saltimbancos?

Padre?

Adult�rio.

Que desilus�o.

E homic�dio.

E atreves-te a dar-me li��es?

Tu e os teus companheiros s�o
livres para ir.

Tem a minha palavra que n�o
ser�o incomodados.

E se recusarmos?

Est�s preparado para morrer?

E voc� est�?

Thomas Wells estava possu�do
pela peste.

� a �nica consola��o nisto.

Estava morto antes de
lhe ter tocado.

O que � que o irm�o Damian
lhe disse?

N�o a verdade.

N�o se atreveu a dizer a verdade.

Que lhe trouxe um mi�do com peste.

Queres saber porque fiz o que fiz?

Bom, porque o quis.

E porque...

...posso.

Prendam-nos a todos.

Esperem.

Ajuda-me.

Vai com Deus meu amigo.

A sua morte n�o foi em v�o.

O Rei Ricardo saber� do grande
servi�o que ele prestou.

Ele n�o o fez por voc�s.

Ou pelo vosso Rei.

Steven. Straw.

Carreguem o carro.

Temos de ir andando,
para Derham.

Para representarmos a nossa
nova pe�a.

Vamos.