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O ATO INDIZ�VEL

Na primavera de 2011,

com 18 anos de idade,

meu irm�o Matthew
teve sua primeira namorada.

Pensei que tiv�ssemos um acordo

de que pertenc�amos
um ao outro.

O que era bem idiota
da minha parte.

Precisam de algo?

-Estamos bem, certo, Jeanne?
-Tudo bem.

Ai, Deus.

N�o acredito que vou ter
que cozinhar para ela.

Quer comer fora?

-Eu pago! Em qualquer lugar!
-O que voc� precisa?

Apenas diga o que devo fazer.

Deixe-me pensar...

Precisa que descasque isso?

-Sim, e cortadas em cubos.
-Certo.

Yolanda, m�e. M�e, Yolanda.

-Prazer.
-Valeu por me receber.

-Oi, eu sou Jeanne.
-Yolanda.

-Prazer.
-Prazer.

-Oi! Ouvi tanto sobre voc�!
-Eu tamb�m.

Conhece Shirley Chiang?

Sim! � uma grande amiga!

-Como a conhece?
-Viajamos juntas

antes de ela se mudar.
Adoro ela!

Sempre nos falamos

-porque ela faz quest�o!
-� maravilhosa nisso!

-N�o sabia que a conhecia!
-Quer beber algo?

-N�o, obrigada.
-Quer conhecer a casa?

Sim, obrigada!

Shirley disse que trabalha

-no jornal da escola.
-Sim, ano que vem

seremos coeditoras juntas...

-Est� tudo delicioso.
-Sim, est� �timo.

Est� muito bom.

-O molho � incr�vel.
-Jeanne que fez.

-Foi mesmo? Est� �timo!
-Obrigada. Ficou bom.

Poderiam me dar licen�a?

-Tem or�gano?
-Sim.

S� meu irm�o cozinha na fam�lia.

N�o sei a quem ele puxou,
n�o � minha m�e.

Ela cozinha muito pouco.

-Cozinhava quando eram pequenos?
-Na verdade, meu pai cozinhou mais.

Minha m�e diz que eram obrigadas

quando ela era pequena,
e n�o queria essa vida.

Bem, claro que � verdade,

mas quando temos uma fam�lia,

algu�m tem que p�r comida na mesa.

Sim, concordo,

mas minha m�e tem ideias pr�prias.

Adoro ela, mas ela vive
do jeito que quer.

-Voc� vai subir?
-Sim, daqui a pouco.

-Yolanda � muito legal.
-Sim, ela � �tima.

Acho que estou
com algum problema.

Nada para no est�mago,
e nem sinto vontade de comer.

Ontem acordei �s 2h

e n�o consegui voltar a dormir.

Estou bem? Tenho olheiras?

N�o, voc� est� bem.

Olhe.

-Voc� j� transou com ela?
-N�o.

-Vai me contar quando acontecer?
-Voc� quer saber?

Sim.

Voc� tem que me dizer.
Mesmo que eu surte, me conte tudo.

N�o suportarei
se n�o conversarmos.

-Voc� promete?
-Tudo bem.

-Isso melhora as coisas?
-N�o, est� tudo horr�vel.

-Gosta mais dela do que de mim?
-N�o, mal a conhe�o.

Quero dar uma chance a ela.
Quero ter rela��es sexuais.

Sim, eu sei. Quer crescer
e ter rela��es adultas,

n�o imaturas como a nossa.

Bom, vou dormir.

Voc� n�o conseguiu.

N�o goze comigo,
est� come�ando a fazer isso,

e eu n�o gosto, estou bem triste!

N�o quero...

N�o quero sair daqui,
e n�o quero voltar.

Mas n�o posso ficar aqui
o resto da minha vida!

Rainha do drama.

N�o, n�o...

Vou pegar algo para comer.
Quer vir comigo?

N�o posso comer agora.

O que eu vou fazer?

V�...

-coma alguma coisa, vou ficar bem.
-Tudo bem.

Est� escrevendo sobre a Yolanda?

-Voc� gostou dela?
-Pareciam estar se dando bem.

Ela � muito legal.

M�e, n�o quero
que ele tenha namorada.

Quer, sim. Sabe que sim.

N�o fale desse jeito.

N�o, realmente n�o quero.

Uma coisa sobre
estar apaixonada por seu irm�o,

� que voc� pode dizer
quase tudo o que quiser sobre ele.

Para quem quiser.

Porque ningu�m quer saber.

As pessoas far�o de tudo

para dar a mais leve interpreta��o

a tudo o que disser.

N�o estou com fome.

-Oi.
-Ol�, querido.

Matthew contou
quando transou com a Yolanda.

Foi uma coisa horr�vel
de se ouvir.

Mas sempre contamos
tudo um ao outro.

Nunca dormi com ningu�m.

Algumas amigas, sim.

Mas ainda tenho um tempo
antes de me sentir rejeitada.

H� anos, mam�e disse
que uma garota como eu,

atrairia mais caras na faculdade.

Mas gostaria de experimentar,

o ato inomin�vel,
a palavra com "I".

Mas esse conceito
n�o fecha t�o bem com o Matthew.

N�o que eu seja bonita,

mas poderia atrair
um cara se tentasse.

N�o tenho experi�ncia,
mas acho que conseguiria.

N�o est� na minha lista
de prioridades agora.

� f�cil conseguir
coisas que n�o importam.

Mam�e � uma excelente escritora.

A �nica coisa que escreve
s�o o seu di�rio e cartas.

Mas sua linguagem � incr�vel,
t�o forte e clara.

Gostaria que ela tentasse
publicar algo.

Mas ela n�o tem ambi��o para isso.

Ela escreve cartas longas
quase sempre

para meu irm�o mais velho, Will.

Ele est� estudando em Paris.

Depois que se formar,
ele vai voltar para c�.

Mam�e sente muita falta dele.

� muito dif�cil para ela,
ele estar longe.

Will � muito legal,
mas n�o sinto tanta falta dele.

Ele muda o clima da casa
quando est� perto.

Tudo gira em torno dele.

N�o que seja mand�o
ou algo assim.

S� tem uma personalidade forte.

Quando ele se foi, relaxamos.
Cada um ficou na sua.

Na verdade, gosto mais assim.

Matthew e Will s�o bem ligados.

Eles se falam o tempo todo.

Desde que me lembro,

Jeanne queria crescer r�pido
e se tornar adulta.

Era vis�vel que n�o gostava
de ser crian�a.

Ela estuda na faculdade local.

Passa muito tempo
com seu namorado, Charles.

Parece ser um cara legal,
mas n�o o vemos muito.

Um dia desses, ela sair� de casa
e n�o olhar� para tr�s.

Nosso pai morreu
uns anos depois que nasci.

Ele j� estava separado da mam�e.

Will se lembra dele,
mas a gente n�o.

Achamos que sua morte
teve rela��o com drogas.

Mam�e foi viciada em drogas
muito tempo atr�s.

Deve ter sido na mesma �poca.

Compartilhamos tudo na fam�lia,
somos incrivelmente unidos.

Mas h� coisas do passado
que desconhecemos.

Foram mencionadas, explicadas,

e podemos perguntar sobre elas.

No final, percebemos
que as quest�es importantes

nunca s�o respondidas.

Ele n�o sai do celular.

Est� tendo um papo s�rio
com a namorada.

� uma discuss�o?

Vou tentar cham�-lo.

N�o estou pedindo isso.

N�o estou pedindo nada.

Queria que houvesse algo
que eu pudesse pedir.

Bem, acho que essa � suficiente.

Eu sei.

N�o, n�o quero isso.

J� disse que nunca falei isso.
N�o falei e n�o penso.

Sinceramente.

N�o, gosto disso em voc�.
Gostaria de ser mais assim.

Sim.

Pode ir. Vou esperar.

VOC� J� SOUBE?
YOLANDA E MATT SE SEPARARAM.

N�O. COMO VOC� SOUBE?

MATTHEW, N�O MATT.

A IRM� DA HELENA
TRABALHA COM A YOLANDA.

CERTO, MATTHEW.

NINGU�M O CHAMA DE MATT...

DESCULPE.

-Oi.
-Ol�, querida.

Achou o que precisava
na biblioteca?

Mais ou menos. Vou come�ar
a escrever e ver o que acontece.

Sabia que Matthew
e Yolanda terminaram?

Matthew me contou.

-Quando?
-Ontem � noite.

Pelo que entendi,

-n�o eram muito compat�veis.
-Como assim?

Disse que n�o se sentia bem
com o comportamento dela.

S�rio?

Yolanda � muito mais soci�vel,

isso � bastante �bvio.

-Foi um problema para Matthew.
-Ele ficou com ci�mes?

Eu n�o sei.

Yolanda parece uma menica doce.

Tenho certeza que n�o fez nada
de t�o terr�vel.

Matthew...

pode ser um pouco antiquado
quando se trata de meninas.

Conservador, talvez?

Acho que ele ser� feliz
com algu�m mais quieta,

mais parecida com ele.

Estava planejando me contar
que voc�s terminaram?

J� descobriu?

Todo mundo na cidade sabe,
menos eu.

Nem sequer vi voc� desde ent�o.
Tem bons informantes.

Conversou com mam�e sobre isso.

Voc� est� triste?

Um pouco triste
e um pouco aliviado.

-Ela foi cruel com voc�?
-N�o, n�o foi.

Minha teoria � que ela
n�o queria ter um relacionamento.

A dela � diferente.

-Vai achar outra namorada.
-Espero que sim.

Ela � uma pessoa interessante.
Podem se dar bem.

Nunca mais quero v�-la.

Comprei ingressos para mim e ela
para os Decemberists.

No Prospect Park, dia 14.

Tony e uma garota v�o tamb�m.

-Voc� quer vir?
-Sim.

N�o sei muito
de onde vem o dinheiro.

Mam�e tem um fundo em algum lugar.
Achava que viv�amos disso.

Mas ela disse que n�o � muito.

N�o vivemos com extravag�ncia,

mas temos o suficiente
para o que precisamos.

Oi!

Oi, est� ocupada?

N�o, estou no intervalo.

O que vai fazer hoje?

Vou ajudar a Sarah
a gravar uma m�sica que ela comp�s.

Qual � a sua fun��o?

-Vou s� apertar o bot�o de grava��o...
-Apoio moral?

Sim, com certeza.

Pode me encontrar no quarto depois?
Quero conversar.

Claro. � algo s�rio?

N�o, nada s�rio.
Falamos mais tarde.

Certo. O que est� fazendo?

Terminando o livro do Muller, � legal.

-Deve l�-lo quando eu terminar.
-�timo, termine logo.

Tudo bem, divirta-se.

Tchau!

� noite, a casa � nossa.

Mam�e dorme cedo.

Jeanne fica rondando
no quarto dela.

N�o sei o que ela faz l�,
mas a mant�m ocupada.

Espere um pouco.

O qu�?

Com os cigarros.
Queria falar disso.

Escute, acho que dev�amos
parar de fumar.

S�rio?

-O que voc� acha?
-Eu n�o sei.

Me sinto mal
por ter feito voc� come�ar.

Bem, n�o � a coisa
mais inteligente do mundo.

Exatamente.

Voc� est� pronta para isso?

Tudo bem.

-O que fa�o com esses?
-Jogamos na privada.

N�o temos que fazer isso, temos?

Tudo bem, jogamos na privada.

Nunca mais fumei
depois disso.

Tenho certeza
que o Matthew tamb�m n�o.

O ver�o est� quase no fim.

N�o queria que acabasse.

Queria poder impedir.

-Escolha um.
-N�o posso escolher s� um.

Imagine que tivesse.
Que fosse sozinho numa ilha deserta.

-Don DeLillo.
-DeLillo?

No lugar de Pynchon?
De David Foster Wallace?

Disse para escolher.
Gosto dele.

Eu tamb�m,
mas no lugar de Pynchon?

Pynchon � �timo. Por que
est� me for�ando a escolher um?

Porque escolheu a pessoa errada!

Sinta-se livre para falar.

Estou ouvindo essa conversa.

O que voc� acha, Jess?

Ter�o que resolver
essa quest�o sozinhos.

N�o tem o que resolver!
� t�o �bvio!

Meu Deus.
N�o parecem namorados?

N�o acha que parecem namorados
em vez de irm�os?

Sim, o que vamos fazer agora?

Esta � uma noite perfeita.

Queria que a vida
fosse sempre assim.

Sei que � s� uma fantasia,
mas � muito gostoso.

Talvez n�o fosse divertido,
se fosse isso.

Nunca saberemos, n�o �?

Desde quando se conforma
com o seu destino?

Por que est� dizendo isso?

Sei que n�o h� solu��o.

N�o tenho esperan�a
de termos uma vida juntos.

Nunca tive.

N�o falo do ato indiz�vel,

pois n�o acho
que seja grande coisa.

Acho que � s�
uma quest�o de log�stica.

Para um ato indiz�vel,
ele � bem mencionado.

Voc� se sente desconfort�vel?

Vamos l�, voc� gosta.

Ficaria triste
se eu perdesse o interesse.

Se essa fase passasse,
se sentiria abandonado.

N�o, n�o me sentiria.

Seria uma situa��o
bem conveniente para voc�.

-Qual situa��o?
-A que est�vamos falando.

Que n�o pode ser mencionada.

Poderia abandon�-la e passar
para um relacionamento adulto,

quando estivesse pronto.
Eu aceitaria.

-Sim, posso ver que aceitaria.
-Gostaria que me levasse a s�rio.

Eu a levo muito a s�rio.

Quem n�o leva voc� a s�rio
est� cometendo um grande erro.

H� algo que n�o lembro
ouvir voc� falar.

Nessa fantasia sem expectativas,

-existem crian�as?
-N�o.

N�o sei exatamente

-quais s�o seus limites.
-N�o.

Tudo bem.

Voc� bem sabe
acabar com o clima.

Desculpe.

Quando imaginava
Matthew na faculdade

era sempre um cen�rio de outono.
Com folhas ca�das no ch�o,

e todos usando casacos.

Mas Princeton orientou os calouros

antes das aulas.

E ele foi embora no final de agosto.
Quando ainda era ver�o.

A casa n�o � mais silenciosa
do que era antes.

Mas agora os momentos
de sil�ncio s�o terr�veis.

Sinto como se n�o devesse
estar mais aqui.

Mas n�o tenho outro lugar.

Decidi partir na mesma �poca
que o Matthew.

Para visitar minha prima Annie
e seu marido Joe no norte.

Mas foi uma �poca estranha
para f�rias.

Seus filhos estavam
voltando �s aulas.

Eles estavam ocupados.

Voltei para casa
depois de uma semana.

Sempre falamos por mensagem,
ou ligamos.

Por e-mail, nem tanto.
� terr�vel e deprimente.

Facebook � divertido �s vezes.

Matthew ainda posta em blogs,

e, �s vezes, fa�o coment�rios
para ver se descobre que sou eu.

Um tanto pat�tico.

Fecharam a biblioteca ao p�blico,

mas uma menina do 2� ano
me deixou entrar.

Olhe s� para isso.

Ele enviou um v�deo
na segunda semana de aula.

Filmou e editou.

Achei muito legal
ele ter feito isso.

� muito trabalho para uma carta.

-Zoe! Voc� est� mexendo!
-N�o estou mexendo!

-Eu n�o estou mexendo!
-Seria um fantasma?

-Juro que est� se mexendo!
-Ai, meu Deus!

J� ouviu a palavra "parafilia"?

-"Parafilia?"
-Megan, concentre-se!

Significa �repetida e intensa
excita��o sexual

a est�mulos n�o convencionais
ou desviantes."

Pensei que estivesse estudando.

Isso est� no Facebook do George.

Por que ele postaria sobre isso?
Est� saindo do arm�rio?

A p�gina dele
� cheia de textos de psicologia.

Esse � do "Manual Diagn�stico
e Estat�stico de Transtornos Mentais."

Est� tentando ser pervertido.

-Com ar de acad�mico...
-Outra defini��o.

"Excita��o sexual
em resposta a objetos ou situa��es

que n�o fazem parte dos padr�es
de excita��o socialmente normais."

Vamos voltar para o tabuleiro.
Parou de falar

quando falou disso.

"H� oito categorias disso:
Exibicionismo, fetichismo...

frotteurismo..."

N�o ouvimos sempre:

"Tocar ou esfregar-se
contra algu�m sem consenso."

Ent�o, "frotteur"

-� uma palavra?
-Acho que sim.

-� uma boa de lembrar...
-Talvez seja um fantasma bom.

E o estamos assustando
com essa conversa.

E, a 9� categoria
chama-se SOE:

Sem Outra Especifica��o.

Quando Will partiu para Cornell,

ca� em uma terr�vel depress�o.

Sabia, claro,
que sentiria falta dele, muita

mas o que senti
foi bem mais do que isso.

N�o percebi o quanto
eu dependia dele.

Para uma mulher sozinha,
os filhos tornam-se tudo.

E o mais velho...

Bem, me conhe�o melhor agora.

N�o fui pega de surpresa,
quanado Matthew partiu.

Devia ter conversado mais
depois que ele partiu.

Fez a mam�e achar
que eu estava deprimida.

Talvez eu estivesse
bem deprimida, n�o sei.

Talvez estivesse fingindo
estar deprimida para n�o falar,

mas talvez estivesse deprimida
e pensasse estar fingindo.

De qualquer forma, a mam�e,

com toda a boa inten��o,

achou que eu deveria fazer terapia.

Quer tomar um caf�?

N�o.

Algumas vezes,
ela me pegou chorando.

Chorei muito
depois que Matthew partiu.

Parecia natural.
E me sentia melhor depois.

N�o achei que tivesse
algo de errado.

Enfim, isso � tudo
a respeito do assunto.

Sua irm� ainda vive em casa.

-Jeanne, n�o � mesmo?
-Sim, Jeanne.

-Voc� conversa com ela?
-De vez em quando.

N�o temos muita coisa em comum.

Voc� parece ser legal,
mas estou um pouco desconfort�vel.

-Sim, posso ver.
-Bem apavorada, na verdade.

Pode falar sobre o que sente medo?

Se conseguisse,
n�o estaria com medo.

Sinto muito.
Estou sendo grossa.

Pode ser grossa, se quiser.

N�o estou acostumada a falar
sobre isso.

Tenho a impress�o

-de que gosta de falar.
-Ah, sim!

Parece bastante aberta
sobre seus sentimentos.

Eu envergonho as pessoas

falando o que penso.

Mas, agora...

Acha que essa seria
minha grande chance.

Estou preocupada que conte
para minha m�e o que eu disser.

Jackie, sempre falo com os pais

antes de come�ar a terapia
com uma menor.

Sua m�e concordou eu manter

tudo que voc� disser
em total segredo.

H� apenas uma exce��o:

se disser algo que me fa�a pensar
que possa fazer mal a si mesma.

N�o vou fazer mal a mim mesma.

Ent�o, tudo o que disser,
ficar� nesta sala.

Poderia peguntar a ela

-o que eu deveria fazer?
-Jackie, n�o vou fazer isso.

N�o vou contar
o que voc� disser aqui, certo?

Tudo bem.

-Ent�o, � uma pessoa reservada.
-Sim, �s vezes.

-Tem algu�m com quem possa falar?
-N�o, n�o tenho.

Mant�m um di�rio, um caderno,

-onde escreva seus pensamentos?
-Ai, meu Deus!

Nunca faria isso.

-Tem medo de que sua m�e o leia?
-N�o, ela nunca faria isso.

� apenas a ideia.

Acho melhor pararmos por hoje.

Pe�o que v� para casa

-e pense o que quer dessa terapia.
-Tudo bem.

Vou manter seu hor�rio.

Voc�, ou sua m�e, pode me ligar
e dizer o que decidiu.

Me senti uma idiota
por me retrair daquele jeito.

Prometi a mim mesma que seria sincera
na pr�xima sess�o.

Mas quando cheguei l�,
fiquei apavorada de novo.

Certo, acho que � isso por enquanto.

Acha estranho nunca termos dito
"eu te amo"?

Tem que ter um bom final, n�o �?

Ent�o, vamos l�...
Eu te amo, tchau!

Certo, acho que � isso por enquanto.

Vou ligar mais tarde,

n�o precisamos
de um adeus dram�tico, certo?

Sinto tanto sua falta.

Certo, boa noite.

Ficou bom. A maneira como editou
� bem inteligente.

-Gostei dos quartos juntos.
-N�o, odiei isso!

N�o consegui fazer direito.

Tinha um bom ritmo.
Devia pensar em fazer cinema.

-Acho que tem talento.
-N�o, est� louco!

-Eu desisti, e dei upload.
-Estou com ele em outra janela.

Ol�!

Ai, meu Deus!

-O qu�?
-Pare, agora mesmo!

Quer que eu pare?

N�o, espere!
Coloque de novo!

Ainda est� rodando
N�o tem som nesta parte.

O que est� acontecendo agora?

� a sequ�ncia da mam�e.

Ai, meu Deus.

Ela j� fez, claro.
Mais do que todas n�s juntas.

-Ent�o, como �?
-Eu adoro sexo.

N�o vai conseguir nada.

� diferente, ela est� apaixonada.
Muda quando se ama.

Eu confesso, nunca transei.

Acho que a maioria n�o transou.

Mas todo mundo fala disso sempre,

-ent�o me sinto uma aberra��o.
-Por que se sente assim?

N�o � uma chave m�gica.

Mesmo transando voc� achar�

-que os outros transam mais e melhor.
-Mas voc� nem gostou.

-Foi bom, n�o achei ruim.
-Por que devo me sentir melhor

se sua transa foi ruim?

Se sou a �nica pessoa no mundo

-que n�o transou...
-Voc� disse que era maioria.

Sinto como se fosse.

Se sinto me sinto assim desse jeito

n�o vou me sentir melhor
porque sua transa foi ruim.

Megan, est� sendo hostil.

-Como?
-N�o disse que a transa foi ruim.

As pessoas n�o v�o falar
sobre isso.

N�o significa que � a �nica.
As pessoas gostam de privacidade.

-Menos a Megan.
-Sim!

Eu comecei essa conversa?
Comecei a falar sobre sexo? N�o!

Voc� sabe que tamb�m n�o transei.

-Eu sei disso, mas
-Voc� n�o conta

-porque nem est� tentando.
-N�o estou?

Nunca mostra interesse nos meninos.

-N�o sei se voc� se importa.
-Me importo.

Penso nisso sempre.
Sou uma vagabunda total.

Todo mundo pensa.
Todos s�o meio vagabundos.

Por que nunca namorou,

-ou conversou sobre rapazes?
-N�o sei como paquerar.

-Acho que sou t�mida.
-Voc� n�o � t�mida!

-Com voc�s.
-Ela n�o quer falar.

Penso sempre nisso tamb�m.

E � frustrante, porque sei
que tudo o que penso

� fantasia que vem
de m�sicas e filmes.

N�o tem a ver

-com a realidade.
-S�rio?

-N�o sei, s� me pergunto.
-A minha parece real.

Mas voc� n�o tem certeza.

Tenho uma imagem v�vida de como ser�

com todos os sentimentos
e emo��es reunidos.

At� parece que tem
v�rias imagens v�vidas.

Jackie come�ar� tarde.
Em dez anos, rodando o mundo,

tendo casos com atores de cinema.
N�o imagina isso?

E eu? Vou rodar o mundo
com a Jackie?

N�o, voc� vai para a faculdade,
vai pegar uns caras,

e logo come�ar� a nos dar
conselhos sobre sexo.

Voc� � t�o grossa!

Se tiver um namorado,

n�o pretendo ficar atr�s de voc�
dando conselhos.

-Tudo bem.
-Estou fora!

S� na minha terceira sess�o

eu confessei sobre o Matthew.

Linda n�o chamou a pol�cia nem nada.

Na verdade, n�o parecia chocada.

Acho que ela imaginava.

Sente atra��o por outros meninos?

N�o, na verdade, n�o.

Como assim?

Bem... �s vezes
sinto atra��o por algu�m

que tenha uma qualidade
que eu aprecio, como...

se tem ideias pr�prias, ou

se disser algo inteligente
ou divertido.

Mas isso n�o quer dizer nada.

N�o significa nada?

Quem sabe como a pessoa realmente �?

N�o tem sentido
se apaixonar

s� porque ele sabe contar piada.

-Se preocupa por n�o saber como s�o.
-Claro.

Muita gente acha o mist�rio atraente.

Voc� prefere a familiaridade.

Sim, isso � verdade.

Preciso saber tudo sobre uma pessoa
antes de me aproximar.

-O que significa isso?
-N�o sei. O que voc� acha?

Eu n�o sei.

Fica com medo ou nervosa

-quando n�o sabe tudo sobre algu�m?
-N�o exatamente.

A pessoa parece perigosa

-ou amea�adora?
-Acho que n�o. Quero dizer,

n�o sinto isso conscientemente.

Eu fico entediada
se n�o conhe�o o outro.

Algumas pessoas veem
fantasias positivas

em um estranho atraente.

Imaginam que a pessoa
tem todas as qualidades que procuram,

at� que provem o contr�rio.

Acho que todo mundo � confuso
at� que provem o contr�rio.

-Poderia ser terapeuta.
-S�rio?

Bem, "confuso" n�o �
o termo cl�nico adequado,

mas n�o projetar fantasias positivas
sobre as pessoas

� uma qualidade
que um terapeuta precisa ter.

Como funciona quando conhece
uma pessoa muito bem?

Quando pode ver as suas manias,
imperfei��es.

Se torna dif�cil sentir atra��o?

Depende das imperfei��es.
N�o preciso que sejam perfeitas.

Todo mundo tem problemas.

V� os defeitos do Matthew?

-Sim, � claro.
-Quais s�o eles?

Bem...

Matthew pode ser arrogante.

No fundo, pensa que sabe tudo
melhor do que os outros.

E pode ser muito cr�tico.

Ele n�o tenta ser assim.
Isso � algo bom nele.

Pode falar com ele
se estiver triste

com alguma coisa que ele fez,
e ele vai ouvir.

N�o importa o quanto eu pense.

Quando se trata de...

Ele � a melhor pessoa que conhe�o.

� o mais inteligente, sens�vel
e interessante.

N�o � porque � meu irm�o,
mas � a melhor pessoa que existe.

Se n�o fosse ele,
n�o amaria ningu�m.

Ele � insubstitu�vel.

Visitou todos os museus?

� o Will no telefone,
pegue na cozinha.

Diga que mando um beijo.

Jackie acabou de chegar.
Mandou um beijo.

H� dois tipos de pessoas.

O primeiro tipo

finge que isso � para estudar,

mesmo sabendo que �
o t�pico A.

O segundo grupo nem finge.

Este dormit�rio � famoso
pela suposta festa na piscina

que supostamente acontece
com todo mundo nu.

Achei que fosse um mito no in�cio,

mas, agora, as pessoas tentam fazer
s� porque aceitaram a ideia.

Desde que Matthew partiu,
espero a not�cia

de que ele tem uma namorada.

�s vezes, desejo que acabe
com esse suspense e me d� a not�cia.

Linda diz que a maioria
gosta de mist�rio

e eu me sinto atra�da
por quem conhe�o.

Parece que ela sabe algo sobre voc�.

Se sente atra�do pelo mist�rio?

Em alguns aspectos.

� o que sente por mim?
Que me conhece muito bem

para se sentir atra�do?

� dif�cil de dizer exatamente.

N�o entendo.
Qual � o lance do mist�rio?

As pessoas n�o ser�o sempre assim.

Quando ele desaparecer,
o que v�o fazer?

Parece ser assim que funciona.
S� observar os casais.

Tenho um sistema mais pr�tico.

O mist�rio � a m� evolu��o.

N�o, est� errado. A evolu��o
n�o se preocupa com longo prazo.

Se preocupa em nos reproduzir.

Depois disso,
a evolu��o n�o d� a m�nima.

Tamb�m se preocupa
com genes diferentes.

Quanto mais mist�rio, melhor,
em termos de evolu��o.

Sim, est� certo.

Tem toda a raz�o,
nunca pensei dessa forma.

Voc� � t�o inteligente.

Eu rejeito a evolu��o,
estou muito ferrada.

Est� infeliz com a terapia?

N�o, est� tudo bem.

N�o sei qual � o objetivo,
mas tudo bem.

Est� se sentindo melhor

-do que quando come�ou?
-Talvez.

N�o acho que estava deprimida.

N�o tem nada a ver com voc�.
Eu te amo, te acho maravilhosa.

Gostaria de pensar em voc� sempre,
em vez de pensar nele.

Isso faria de mim uma l�sbica?

-Acabei de dizer isso?
-Sim, voc� disse.

-Isso � constrangedor.
-N�o fique, pode dizer o que quiser.

Na verdade, acho que sou
100% hetero.

J� tive queda por meninas.

Tenho que dizer
o que vier na minha cabe�a?

Tenho uma amiga chamada Madeleine,
adoro ela.

-Como � a Madeleine?
-Ela � bem linda.

E � incrivelmente querida,
n�o h� nada ruim nela.

Ela � legal com todo mundo.

Ela tem um namorado.
N�o a vejo muito.

-Gostaria de v�-la mais se pudesse?
-Sim, adoraria.

Seu sentimento por Madeleine
� diferente pelo Matthew?

Bem...sim.

Como ele � diferente?

Totalmente diferente em tudo.

� diferente em termos
de atra��o sexual?

Sim.

Ent�o sente atra��o sexual
pelo Matthew?

Sim.

Isso n�o estava claro para mim.

Voc� me deu a impress�o
que n�o era sexual.

Disse todo tipo de bobagem.

Voc� quase nunca fala sobre...

o Will, � o nome dele?

-Seu irm�o mais velho.
-Will.

-O que sente por ele?
-Ele � bem legal.

Eu gosto um pouco dele.

� um verdadeiro macho alfa,
bem agressivo.

Matthew tem uma
personalidade equilibrada.

Est� pensando se sinto
atra��o pelo Will.

-E sente?
-N�o.

Nem um pouco.

Nunca pensou nele dessa forma?

Ele n�o � o tipo de pessoa
pela qual me atrairia.

A ideia �...

� o qu�?

Muito desagrad�vel, e meio nojenta.

Em outras palavras,
seria como se fosse incesto.

Ai, meu Deus, estou t�o confusa!

Ou�am!

Membros da banda que estejam indo
para o jogo em Port Jervis,

o �nibus est� em frente ao pr�dio.

V�o at� a recep��o
para serem liberados.

Ei, ei!

-Sim?
-Voc� devia experimentar.

Por qu�? Acha
que me daria bem na banda?

N�o.

Ent�o, por que disse isso?

-Que imbecil.
-Acho que est� dando em cima de mim.

-Vou sair com a Sarah e a Alex.
-Tudo bem.

-Estamos indo para uma festa.
-S�rio?

O que h� de errado?

Nada, s� que voc�
n�o costuma ir em festas.

-N�o sei que horas eu volto.
-Tudo bem, divirta-se.

Tudo bem, at� depois.

Oi.

Oi.

-Se lembra de mim?
-Sim.

Participamos daquele evento
de caridade da igreja ano passado.

-Sim, lembro bem de voc�.
-Como est� a Debbie?

Est� bem. Est� estudando.

Quem voc� conhece aqui?

Voc� se importa?

Tudo bem.

Sou totalmente inexperiente nisso.

Tudo bem. V� em frente.

S� na segunda vez que fiz sexo

comecei a fantasiar sobre Matthew.

Depois de longa considera��o,

selecionei o e-mail,

a forma mais impessoal
de comunica��o.

ASSUNTO: DEFLORA��O

QUANDO CHEGAR EM CASA,

VAI ENCONTRAR
UMA MULHER ARRUINADA.

EU DISSE QUE N�O DEVERIA
TER ME ABANDONADO.

AGORA TENHO APENAS
UMA VIDA DE PROSTITUI��O

E DEGRADA��O PELA FRENTE.

P.S. N�O ESTOU BRINCANDO.

N�O TENHO MAIS O H�MEN.

POR FAVOR, INFORME...

PARAB�NS!

BEM-VINDA AO ADMIR�VEL
MUNDO NOVO.

ESTAMOS QUITES, MAS ESPERO
SAIR NA FRENTE EM BREVE.

Parece t�o confort�vel.

Pensei que fosse achar estranho.

Claro que � estranho.

Mas nossa rela��o � bem estranha
para come�ar.

Queria que achasse mais estranho.

Eu achei, achei bem estranho.

Mas � um estranho interessante.
Tem um certo fasc�nio.

Fiquei lembrando
dessa conversa durante dias.

Dei interpreta��es diferentes,

olhei de todos os �ngulos.

O que voc� sentiu?

Eu n�o sei.

N�o muito.

Estava bem tranquila o tempo todo.

-Houve alguma dificuldade?
-N�o, foi tudo bem.

-Voc� estava lubrificada?
-Sim.

Entrou muito facilmente
ap�s o h�mem se romper.

Parece que pelo menos
aproveitou um pouco.

N�o � verdade.

Se estava lubrificada
deve ter tido alguma rea��o.

Estava molhada,
mas n�o estava envolvida.

Me senti como uma espectadora.

Est� tentando dizer
que, no fundo, gostei?

N�o estou dizendo isso.

Estou dizendo que parece
que estava receptiva.

Sim, eu estava...

receptiva o bastante,
para os requisitos m�nimos.

N�o gosta da ideia de sentir atra��o
por outra pessoa al�m do Matthew?

Tive um sonho semana passada
com outra pessoa,

e me senti atra�da por ele.

O que aconteceu depois?

N�o lembro muito bem.

N�o falei com o cara.
N�o houve nada entre n�s.

-O rapaz do sonho te lembra algu�m?
-Ningu�m em particular.

Poderia descrev�-lo?

Ai, caramba, n�o consigo lembrar.

N�o era muito alto,

e tinha cabelo comprido.

Comprido para um rapaz.
At� o queixo.

Tinha um rosto redondo.

Essas caracter�sticas

-te lembram algu�m?
-N�o exatamente.

Acho que tenho um rosto igual.

Sim, voc� tem.

Acha que sou eu?

-O que isso significa?
-N�o sei.

-O que acha que significa?
-N�o tenho ideia.

Ele � um tanto detest�vel, n�o �?

Voc� � t�o forte. Se fosse comigo,
me esconderia num buraco para morrer.

Quem se importa?

Dois dias depois,
quando n�o havia ningu�m perto,

Tristan pediu para sair com ele de novo.

Disse que, talvez,
terminaria com a Debbie.

Ela n�o gostava dos amigos

ou ele n�o gostava dos dela,
algo assim.

Disse que tinha
se divertido s�bado � noite.

J� SE INSCREVEU PARA PRINCETON?

-Qual est� fazendo primeiro?
-Princeton.

Precisava perguntar isso, mam�e?

� sua primeira escolha?

Por enquanto.
Estou ainda pesquisando.

Isso � bom, querida.

Ficar longe ser� mais f�cil
se o Matthew estiver perto.

-Sinto que resiste muito a isso.
-Bem, sim.

Estamos s� conversando.

-Sabe que n�o vou for��-la a nada.
-Isso mesmo.

Nem disse minha prefer�ncia.

Mas sei o que quer que eu fa�a.

Podemos conversar

por que ir para outra escola

-te incomoda tanto?
-V� em frente, fale.

-Oi.
-Oi.

Tenho que terminar isso
para a Sra. Rodriguez.

Philip tem uma van
para sair no fim de semana.

-Este fim de semana? N�o d�.
-Por que n�o?

Per�odo de f�rias,
meu irm�o vem para casa, e...

tenho muitas coisas
para fazer em casa.

Ent�o, estar� ocupada
durante as f�rias?

Eu n�o sei. Talvez n�o.

-Tudo bem, deixa para l�.
-Desculpe, n�o posso ir.

Tenho que terminar isso.

Tudo bem, at� mais.

Por que n�o vem comigo?

N�o vejo necessidade
de ficar esperando no metr�.

-Nem sabemos quando ele vai chegar.
-Ele est� vindo.

Est� criando muito caso, Jacqueline.

N�o quero ser a �nica l�.
Venha comigo.

-Por que n�o quer ser a �nica?
-Eu n�o...sei.

Mas � importante.

Tenho certeza que vai ser
uma boa surpresa s� voc� ali.

N�o v� a nenhum lugar,

-venham direto para casa.
-Ai, meu Deus!

H� quanto tempo est� a�?

Bem-vindo ao lar.

Um s�mbolo da nossa gratid�o
por ter voltado para n�s.

Di Fara? Que bom!

-Mam�e est� fazendo jantar?
-Claro,

-mas pode comer...
-Vou comer uma fatia.

-� t�o bom ver voc�, querido!
-Oi, m�e.

-Oi, Matthew!
-Oi, Jeanne.

Peter concordou comigo.

Mas Eli queria um quarto p�blico.

Pensou que est�vamos
violando alguma lei.

Que absurdo. Voc� tinha raz�o.

Em teoria eu o entendo.

Mas ele sempre recebia
gente nos fins de semana.

Esse alunos de Princeton

-nunca estudam?
-Se quiser estudar,

v� para a biblioteca.

� rid�culo, mas n�o adianta discutir.

Na �ltima vez que eu sa�,
estava menstruada.

E eu pensei que tudo bem,

mas ele ficou nervoso,

Achei que n�o dessem a m�nima.

Fiquei surpresa, porque pensei
que os caras n�o se importassem.

Talvez n�o quisesse sujar
os len��is.

Foi no banco detr�s do carro.

Talvez.

E voc�? Te incomoda?

-Nunca encontrei.
-J�, sim.

Nunca encontrei num contexto sexual.

N�o me importaria.

Depois ele entrou no lance?

Sim, ficou bem depois que come�amos.

Acho que gosto de sexo,
na verdade.

-Isso n�o me surpreende.
-O que quer dizer?

Sempre te achei uma pessoa sexual.

Pequenas coisas

-que lembro da nossa inf�ncia.
-Do que voc� lembra?

Nada em particular.

Lembro de voc� sorridente e feliz
quando apront�vamos algo.

Quando nos toc�vamos,

ou faz�amos algo mais perigoso.

Sempre me pareceu bem com isso.

Que pena que n�o durou muito.

Quando Tristan e eu estivemos juntos

ele me pediu para fazer algo especial.

Como o qu�?

Queria que eu colocasse
o dedo na bunda dele.

�, tudo bem.

Fingi que estava com nojo,
e disse que n�o.

Dava para ver que ele queria,
mas desistiu.

Mas n�o me importaria,
s� n�o tinha vontade de fazer na hora.

Acho que fui malvada.

Agiu com indigna��o,
tipo: "Como assim, senhor?"

Acho que eu disse "Eca".

Talvez mude de ideia algum dia.

-Isso n�o te incomoda?
-Claro que n�o.

Se amasse o garoto,
faria qualquer coisa.

Nunca diria n�o.

Voc� � uma rom�ntica assumida.

Com R mai�sculo.

Esse �ltimo coment�rio
foi para mim, eu acho.

Acho que sim.

Seria bom se tivesse
alguma pervers�o horr�vel

que ningu�m quisesse satisfazer.

Mas nunca me diria, certo?

Podia fingir que n�o est�
observando minha rea��o.

Voc� est� reagindo?

O que houve?

-Isso foi um erro.
-Matthew, espere!

-Sente-se.
-Est� fazendo tudo

-para eu n�o me aproximar.
-N�o fique bravo, por favor!

Tem que saber o que faz.

-Voc� est� me pressionando.
-Eu sei, sinto muito.

Mas tudo est� em jogo!
Toda minha vida!

Eu vou dormir.

Foi a �ltima noite
de ins�nia da minha vida.

-Oi.
-Oi.

-Podemos ir l� em cima conversar?
-Claro.

-Quer tomar um caf� primeiro?
-Sim.

H� s� uma coisa que tenho medo.
O que vai tirar de mim.

-Emocionalmente.
-� o que tem que acontecer.

Se quisermos ter uma vida normal.

-Se eu quiser ter uma vida normal.
-N�o, eu tamb�m.

S�rio?

Voc� � uma pessoa bem forte.
Talvez n�o ache.

-N�o me sinto forte.
-Mas voc� �.

Sinto que fico preso
no seu campo de for�a.

N�o encontro meu equil�brio.

O que est� dizendo � muito triste.

Consigo lidar com a nossa separa��o.
Acho que consigo.

Posso lidar com o fato
de voc� ter outras pessoas.

Mas n�o posso lidar com a ideia
de que n�o vou estar ligada a voc�.

Olhe para voc�. Sempre chora.
Est� chorando agora.

� isso que quer?

Chorar n�o � t�o ruim.
N�o entende porque nunca chora.

Se eu chorasse tamb�m,
essa cara estaria inundada.

Devia tentar um dia. Isso ajuda.

Estou me despedindo de algo.

Voc� deve chorar quando se despede.

Rainha do drama.

-O que est� acontecendo?
-Deixe-os sozinhos.

Fiquei bem o resto das f�rias.

Desabei quando
o Matthew partiu.

mas n�o foi horr�vel.

Acho que ele esperava.

Foi a decis�o mais dif�cil
que tomei na vida,

mas nunca enviei
a inscri��o para Princeton.

N�o posso descrever o que senti
quando tive que enviar.

Nem gosto de pensar.

Queria contar a Linda
sobre minha decis�o,

mas ela disse: "Acha que queria
que fizesse isso?"

N�o sei por que ela
est� perdendo tempo comigo.

Devia estar psicanalisando em Viena.

Esta casa � minha p�tria.

Logo terei que deix�-la,

para estar entre estrangeiros.

No inverno, comecei a namorar
um cara chamado Robert,

que vai para uma escola diferente.

N�o vamos ir
para a mesma faculdade.

E todos pensam que n�o vai durar
quando isso acontece.

Veremos.

Talvez eu seja exce��o � regra.
Como sou a outras.

Sinto-me t�o velha ultimamente.

T�o prematuramente velha.

Nem tenho 18 anos, e j� aceitei
que nunca serei feliz.

fingindo todos os dias que quero
as mesmas coisas que os outros.

Linda diz que n�o devo ser fatalista,

que minha vida continuar� mudando.

Ela � uma mulher inteligente.
Espero que esteja certa.

Estou pensando em estudar
psicologia na faculdade.

N�o posso dizer que a terapia
mudou algo em mim,

mas essa � uma coisa boa
que resultou dela.

Linda pensa
que � uma transfer�ncia,

mas estou bem interessada nisso.

Voc� pode estar preocupado
por talvez achar

uma terapeuta t�o anormal quanto eu.

Mas acho que isso
geralmente acontece.

Antes queremos saber
como funciona a cabe�a.

e depois nos interessamos
pela cabe�a dos outros.

O ATO INDIZ�VEL

Tradu��o: Isa de Carvalho

Legendagem: 4Esta��es

Revis�o: ETC Filmes