All language subtitles for Room 2806 The Accusation - S01E04

ESTE EPIS�DIO CONT�M
DESCRI��ES GR�FICAS DE VIOL�NCIA SEXUAL

QUE PODEM FERIR
A SENSIBILIDADE DOS ESPETADORES.

SE SOUBER DE UM CASO ASSIM, VISITE:

NOVA IORQUE

A JUSTI�A � O DESEJO DE DAR
A CADA HOMEM O QUE LHE � DEVIDO

MANUAL DA LEI CRIMINAL
DE NOVA IORQUE

LIDERAR A GUERRA LEGAL CONTRA FOX

Chamo-me Kenneth Thompson.

E eu,
juntamente com o meu s�cio, Doug Wigdor,

representamos a v�tima
de Dominique Strauss-Kahn.

Alguns de voc�s na imprensa retrataram-na

como parte de um plano sinistro
para derrubar Dominique Strauss-Kahn.

Isso n�o � verdade.

ADVOGADO DE NAFISSATOU DIALLO

Era um caso importante.
E qualquer advogado de Nova Iorque,

gostaria de estar neste tipo de caso.

E eu e o Sr. Thompson
�ramos ex-procuradores.

Ambos est�vamos a trabalhar em todo
o tipo de casos de direitos das v�timas,

por isso sentimos
que est�vamos bem preparados.

Havia hist�rias por a�

com a finalidade de minar
a credibilidade da menina Diallo.

Acho que a criada n�o agiu sozinha...

JORNALISTA E ESCRITOR

... ao decidir ir � pol�cia.

A dan�a da vit�ria foi uma prova disso.

Escrevi o artigo para a New York Review.

O artigo dizia
que havia v�rias pessoas envolvidas...

O QUE REALMENTE ACONTECEU
AO STRAUSS-KAHN?

... na decis�o de prender Dominique,

estreitamente ligadas � equipa
de seguran�a de Sarkozy.

Em Fran�a,
deu em todos os notici�rios da noite.

Sim, a rea��o foi enorme.

A teoria da conspira��o voltou.

Teoria da conspira��o...

Conspira��o pol�tica.

O facto de o grupo Accor, dono do Sofitel,

ter alertado logo as autoridades francesas
sugere poderem ter sido c�mplices.

O que celebram os dois agentes?

Os gerentes do hotel dizem
que est�o a celebrar um evento desportivo.

No entanto, n�o estava a acontecer
nenhum grande evento desportivo.

A menina Diallo entrou na sala
com ordens espec�ficas

para encurralar o diretor do FMI.

UMA S�RIE DOCUMENTAL ORIGINAL NETFLIX

O Hotel Sofitel, em Nova Iorque,
pertence ao Grupo Accor, em Fran�a.

E a cadeia de eventos implica
o Pal�cio do Eliseu, em Paris.

O chefe de seguran�a do presidente
Nicolas Sarkozy, no Eliseu...

JORNALISTA

... era um pol�cia importante
e ex-chefe da RAID.

E � particularmente amigo
do chefe de seguran�a do Accor.

Trabalhavam juntos como pol�cias.

Portanto, � absolutamente imposs�vel
que um n�o tenha avisado o outro.

E, na verdade, algu�m que trabalhava
no Eliseu, na altura,

confirmou-me
que ele tinha sido informado pelo amigo.

Era o m�nimo que ele podia fazer.

Mas a hist�ria dos dois tipos
a celebrar no corredor...

N�o prova uma armadilha.

E o Nicolas Sarkozy sempre negou

ter recebido informa��es especiais
sobre este caso.

Os dois seguran�as n�o fazem ideia
de quem � o Dominique Strauss-Kahn,

al�m do facto de ser um VIP do hotel.

CHEFE DE SEGURAN�A DO SOFITEL

S� vos posso dizer que eles celebraram
a vinda da cavalaria

que era a Pol�cia de Nova Iorque.

Este v�deo �, para mim, um momento de:

"Fizemos a coisa certa.

Sentimo-nos bem em fazer a coisa certa.
Proteger esta empregada a 100 %."

N�o se esque�am, � a equipa de seguran�a

que sabe a localiza��o de todos os
sistemas de vigil�ncia na doca de carga.

Se n�o quisessem que a dan�a
de comemora��o fosse filmada,

podiam t�-lo feito facilmente
onde n�o houvesse c�maras

e realizado a mesma coisa comemorativa.

Mas o facto de terem feito isso
mostra-me que n�o tinham nada a esconder.

Achar que a menina Diallo foi contratada
pelo Sarkozy para vir para a Am�rica

para fazer tudo isto ou achar
que ela sabia quem era o Sarkozy,

ou ainda que podia ter sido capaz
de se envolver nesta conspira��o maci�a,

� rid�culo.

Mas a defesa agarrou qualquer oportunidade
para fazer esta alega��o de agress�o

n�o parecer real.

E surgiu uma oportunidade,
como o dar mais cinco na zona de cargas

ou um telefonema a um recluso
e usaram isso a seu favor.

Bem, t�nhamos uma equipa de investigadores

a ajudar-nos a perceber
o que tinha acontecido.

ADVOGADO DE DOMINIQUE

N�o estavam s� a investigar
a testemunha queixosa,

mas tamb�m a ver o que tinha acontecido.

Havia muitos rumores na altura.

Para ajudar os seus advogados
na investiga��o e vigil�ncia,

Dominique contratou detetives privados

a um custo de cerca
de 140 000 euros por m�s.

A EMPRESA GUIDEPOST SOLUTIONS
CONDUZ A INVESTIGA��O

EM NOME DO ARGUIDO

Uma empresa como a Guidepost
tem acesso a ex-pol�cias,

bons investigadores na rua...

ADVOGADO DE DOMINIQUE

... e formas mais sofisticadas
de conduzir investiga��es, se necess�rio.

Encontr�mo-nos com eles
em v�rias ocasi�es.

E, de facto, os dois investigadores
s�o meus amigos.

INVESTIGADOR DA PROCURADORIA

S�o ambos sargentos reformados.

Come��mos a reunir-nos com a Procuradoria,

e eu e o Sr. Taylor
come��mos a dar-lhes informa��es

que demonstraram irrefutavelmente,
na nossa mente,

que havia
inconsist�ncias consider�veis

que nos deixaram claro que ela
n�o estava a dizer a verdade.

Sinto que, naquele caso,
tudo era sobre mim.

Nada sobre ele.

Sinto que me tratam
como uma criminosa que atacou algu�m.

Preocupo-me porque as minhas culturas,
a minha fam�lia...

Em todo o lado, em todo mundo...

... � algo importante.

N�o quero pensar nisso.

Ela contou uma hist�ria...

PROCURADOR DISTRITAL
CONDADO DE NOVA IORQUE

... sobre ter sido violada por...

Acho que ela pode ter dito
uma d�zia de soldados na Guin�.

Esta foi a base para ter asilo.

Pelo menos, foi o que ela nos disse,
que havia uma persegui��o

e que os soldados naquele pa�s
faziam este tipo de coisas.

E em detalhes incr�veis

juntamente com uma incr�vel ang�stia
emocional demonstrada em rela��o a tudo.

Depois, � medida que o tempo passa,
ela chora a toda a hora.

Ela chora e algumas vezes
atirou-se ao ch�o a chorar.

Como se se contorcesse em agonia no ch�o.

E mudou a hist�ria demasiadas vezes.

Isto come�ou a destruir
a sua credibilidade.

Fal�mos com ela e...

... ela disse: "Sim, inventei isso."

E eu perguntei: "Como se inventa
uma hist�ria assim?

Com um detalhe incr�vel."

Depois, conta uma hist�ria sobre
uma pessoa que conheceu na Guin�

que a ajudou no processo de candidatura.

E aquele tipo,
de quem ela n�o se lembrava do nome,

tinha-lhe dado uma cassete �udio

de algu�m a descrever o evento
que ela descreveu.

E eu disse: "Bem, n�o nos pode mentir

e contar-nos algo que nunca aconteceu.

Especialmente no contexto desta
investiga��o, que � um crime sexual."

Perguntei-lhe:
"O que � suposto fazermos consigo?"

Disse-lhe: "Mente sobre viola��es sexuais
e quer que acreditemos

que est� a dizer a verdade
sobre esta agress�o sexual.

Ou seja, � isto que lhe vai acontecer.

Vamos a tribunal, ele vai a julgamento

e o seu advogado, um bom advogado, dir�:

"Ent�o, mentiu antes
ou est� a mentir agora?"

Tudo o que t�m de fazer � p�r
um pouco de d�vida na mente de um j�ri

e isto vai desaparecer.

Ele vai ser absolvido
e voc� vai parecer uma mentirosa.

Deviam estar concentrados
no que aconteceu.

T�m um caso.
N�o � para me perguntarem, tipo...

Eles querem saber tudo sobre mim.
Quero ser 100 % sincera.

Digo-lhes como tudo aconteceu.

Sabem o que � muito mau?

Quando dizes a verdade a algu�m e eles
nem se importam. N�o querem saber.

N�o querem saber.
N�o querem saber a verdade.

Eles s�...

Pessoas que v�m para este pa�s
sob um pedido de asilo, frequentemente

e infelizmente, recebem conselhos
de advogados com m� reputa��o.

O que aconteceu foi que a menina Diallo,
foi aconselhada pelo seu advogado

que para entrar no pa�s
tinha de inventar algumas coisas

no seu pedido de asilo.

E quando os procuradores
e a defesa souberam disto,

disseram: "Ela mentiu no pedido de asilo.

Deve estar a mentir sobre o Sofitel."

Como membro da comunidade policial,

como cidad�o de Nova Iorque,
como um homem com filhas,

estou muito indignado.

EX-SARGENTO FUNDADOR DOS 100 NEGROS
NA AUTORIDADE QUE SE PREOCUPAM

Neste pa�s, nesta cidade,

nesta Procuradoria,
nada influencia mais do que a ra�a.

Se fosse um homem rico, afro-americano

ou africano de �frica e fizesse
algo semelhante a uma mulher branca,

acreditamos que o procurador
agiria de forma semelhante? N�o.

O Dominique Strauss-Kahn
tem um passado sombrio.

As alega��es dela s�o consistentes

com as feitas por outras mulheres
em Fran�a contra o Dominique.

Isso nunca foi abordado pela Procuradoria.

Usaram informa��o insignificante
e n�o relacionada...

PROCURADOR DE NOVA IORQUE

... para fazer coment�rios depreciativos
sobre a credibilidade da v�tima.

Vemos o gabinete do procurador
a fazer tudo o que pode para encontrar

provas contra a v�tima.

A responsabilidade do procurador
� acusar em nome das v�timas.

Isso n�o aconteceu no caso de Dominique.

A certa altura, o caso passou de...

REP�RTER

... a hist�ria dela �s hist�rias sobre ela.

Ela est� sob escrut�nio dos media.

Est� sob escrut�nio
pela equipa de defesa e pela Procuradoria.

Todos os envolvidos no caso
est�o a olhar para ela,

porque ela � a chave para tudo.

N�o h� acusa��o sem ela.

Pareceu-me um pouco estranho
o tipo de hist�rias divulgadas

pelo lado do Dominique
para desacreditar a v�tima.

SU�TE PRESIDENCIAL

Havia hist�rias
de que ela s� ligou � pol�cia

porque o Dominique n�o lhe pagou
depois de ela ter ido l� acima...

... para fazer sexo com ele. Por dinheiro.

Representamos muitas pessoas
que trabalham no departamento de limpeza.

Muitas vezes, s�o maltratadas
nos quartos dos h�spedes.

PRESIDENTE DO CONSELHO DE HOTELARIA

H�spedes falam-lhes mal
e portam-se de maneira inapropriada.

Pessoas contratadas
por Dominique Strauss-Kahn

come�am a manipular a hist�ria...

Agora, � uma prostituta.

E o sindicato

� o proxeneta dela.

E gerimos um c�rculo de prostitui��o
a partir do gabinete do sindicato.

E os empregados de quarto
de toda a ind�stria hoteleira

prestam estes servi�os a h�spedes
estrangeiros que viajam para Nova Iorque.

Recebi uma chamada
de um rep�rter do New York Post.

E o rep�rter quer
que respondamos �s alega��es.

Ent�o, o que conseguimos fazer foi,

primeiro, provar ao jornalista,
com provas documentais,

que tudo isso n�o era verdade.

Prov�mos que a mulher foi contratada
atrav�s da ag�ncia de assist�ncia.

Al�m disso, o diretor geral do hotel

confirmou tudo
ao New York Post por telefone.

E a resposta deles para mim foi:

"Bem, temos uma fonte que diz o contr�rio,

por isso, vamos continuar com a hist�ria."

A primeira p�gina do jornal
chamava esta mulher...

... de prostituta.

MENTIRAS DA EMPREGADA
E LIGA��ES �S DROGAS

TRUQUE BARATO

AS MENTIRAS DA EMPREGADA

A EMPREGADA DO DSK � UMA PROSTITUTA

EMPREGADA DE HOTEL
EM CHOQUE DE HIV

Claro. C� estamos.

Lembro-me da primeira vez que vi
algo escrito sobre a sua credibilidade.

FRAUDE! EMPREGADA MENTE
E DEITA TUDO A PERDER

Come�amos a ficar nervosos
quando percebemos...

PRESIDENTE DA ORGANIZA��O
NACIONAL DE MULHERES

... at� onde v�o para
tentar desacreditar esta mulher.

Bem, esta � a primeira vez nos meus
quase 40 anos a trabalhar com o sindicato

em que protest�mos
fora de uma sala de audi�ncias.

UM DANO A UM DE N�S
� UM DANO A TODOS N�S

Ach�mos que era muito importante
que ela soubesse que os seus colegas,

camaradas da ind�stria e o sindicato
a apoiavam e acreditavam nela.

Estamos aqui para apoiar,

porque lidamos com tanta gente.

Pessoas diferentes
que n�o sabemos quem s�o.

Podem ser criminosos, qualquer coisa.
N�o sabemos. Precisamos de prote��o.

Todos eles s�o pessoas boas, decentes,
honestas e trabalhadoras.

Podem ser a m�e e a irm� de qualquer um.

Podiam ser a tia de qualquer um.

E quer�amos que o p�blico as vissem,
de uniforme, a dizer:

"Isto acontece. Acontece a toda a hora."

H� uns anos eu fui uma v�tima
e foi varrido para debaixo do tapete.

Sim, acontece muitas vezes,
mas muitas de n�s n�o falamos disso.

Com que frequ�ncia?
J� esteve numa situa��o como...

J� estive nesta situa��o duas vezes.

A v�tima quer que saibam...

ADVOGADO DE NAFISSATOU DIALLO

... que todo o poder
e dinheiro de Dominique Strauss-Kahn

e a influ�ncia que tem em todo
o mundo n�o evitar� que a verdade

sobre o que ele lhe fez
naquele quarto de hotel seja revelada.

Em vez de ir embora e lidar com isso,

como 99 %
dos outros advogados teriam feito,

n�s dissemos: "Sabem que mais?
Temos de ir l� fora

e contar a hist�ria do que aconteceu,

e esperar que ressoe com o p�blico

e esperemos que fa�a press�o sobre
o procurador para avan�ar com a acusa��o.

Na altura, a nossa estrat�gia
era rela��es p�blicas.

E pens�mos que a �nica forma

de mudar a dire��o era divulgar
a hist�ria da menina Diallo.

Primeiro, foi atrav�s da nossa voz,
mas depois, na sua pr�pria voz.

Porque, mais uma vez,
ningu�m a tinha visto,

ningu�m conseguia avaliar a credibilidade
dela com os seus pr�prios olhos.

CENTRO CULTURAL CRIST�O

Ela vai � igreja de Brooklyn

para falar publicamente do caso
pela primeira vez.

Queria que as pessoas me ouvissem.

Nunca ningu�m ouve a minha voz.
N�o tenho hip�tese.

Queria que me ouvissem,
soubessem quem sou,

mesmo que n�o acreditassem em mim.

Nafissatou Diallo.

Ol�, chamo-me Nafi Diallo.

N�o tenha pressa.

Estou aqui hoje para dizer a toda a gente...

... o que tenho passado
nestes �ltimos meses.

Estou a passar um mau bocado.

A minha filha pediu-me:

"M�e, por favor,
promete-me que vais parar de chorar.

As pessoas chamam-te nomes.

As pessoas falam mal de ti
porque n�o te conhecem.

Por favor, para de chorar.
S� forte por mim."

Ent�o, prometi-lhe: "Vou ser forte por ti

e por todas as outras mulheres no mundo."

O que me aconteceu, n�o quero que
aconte�a a nenhuma outra mulher.

Porque, isto � demasiado para mim.
� demasiado para mim e para a minha filha.

Est� tudo bem, Nafi.

Estar perto de pessoas que se preocupam,
que te apoiam, isso deu-me for�a.

Tipo, para viver.

Para, tipo, voltar a confiar.

Bem, aplaudo-a porque sei qu�o dif�cil �

para as v�timas de abuso sexual
apresentarem-se publicamente.

Mas n�o s� como mulher,
mas como imigrante

e como mulher negra

a acusar um homem branco e poderoso.

Esta irm� foi vitimada duas vezes.

Uma vez, por Dominique Strauss-Kahn,

mas tamb�m foi v�tima
da Procuradoria de Manhattan.

- Que est� a vitimar a nossa irm�.
- Isso mesmo.

- Uma mulher.
- Isso mesmo.

Uma imigrante... de meios humildes.

E pedimos ao governador que nomeie
um procurador especial para este caso.

Sim, senhor.

PROCURADOR DISTRITAL DE NOVA IORQUE

Pedimos � menina Diallo para vir,
com o advogado dela.

Lev�mo-los l� acima
para uma sala de reuni�es

para explicar aos dois o que ia acontecer.

Ela � a �nica testemunha do evento
sem ser o Strauss-Kahn,

que diz: "Isto n�o aconteceu assim."

"Sem for�a usada, sem coer��o, nada."

Que ela fez isto de livre vontade.

N�o � uma acusa��o de boa-f�

continuar com um caso que, A,
n�o se pode provar e, B,

a pessoa que � a �nica testemunha
� uma pessoa n�o fi�vel e n�o cred�vel.

RECOMENDA-SE O ARQUIVAMENTO

Os procuradores produzem um documento
que concluiu a nossa investiga��o

e o juiz decidir� em breve.

SE N�O ACREDITARMOS NELA...

... UMA D�VIDA RAZO�VEL DE QUE
A QUEIXOSA � CRED�VEL.

Houve indigna��o total das duas partes.

Mant�m-te forte!

... N�O PODEMOS PEDIR A UM J�RI QUE O FA�A.

... RECOMENDA-SE
QUE O CASO SEJA ARQUIVADO.

Eu e o Ken n�o entend�amos,
como ex-procuradores,

porque tinham tanto medo.
Porque fugiram disto.

Focaram-se nos problemas colaterais.

Tipo: "Esperem a�.
E aquilo que aconteceu no quarto?"

Qual � a hist�ria dele?
Como � que ele avan�ar� com uma defesa?

Como � que este encontro sexual
de nove minutos resulta em consentimento?

N�o faz sentido nenhum.

O Robert Mooney � um bom detetive
de homic�dios e de esquadra,

mas n�o um investigador de agress�o sexual
nem um detetive de v�timas especiais.

Ele n�o estava no local. N�o viu a v�tima...

EX-CHEFE DA POL�CIA DE NOVA IORQUE

... nem teve conhecimento
de toda a informa��o que nos chegava.

Cada v�tima de agress�o sexual
tem um comportamento diferente.

Algumas demoram dez anos a agir,
outras agem logo.

Algumas choram, outras n�o choram.

Algumas n�o t�m qualquer emo��o.
Outras t�m muita emo��o.

Algumas conseguem dar uma vers�o completa
do que aconteceu.

Outras d�o fragmentos de cada vez.

Portanto, devido � complexidade
da vitimiza��o,

n�o se pode julgar o comportamento de uma
pessoa e determinar se � v�lido ou n�o.

23 DE AGOSTO DE 2011

Fiquem sentados e em ordem,
a comarca 51 est� em sess�o.

O Honor�vel Michael Obus a presidir.

MO��O PARA DISPENSAR A AUDI�NCIA

- Bom dia.
- Bom dia, Merit�ssimo.

Esta tarde, em Nova Iorque, o destino
de Dominique poder� ser decidido.

Nos Estados Unidos,
a acusa��o pode desistir de casos

se acreditarem que n�o podem provar
as acusa��es sem qualquer d�vida.

Algo raro, proposto pelo procurador,
mas o juiz ter� a palavra final.

N�O RETIREM A QUEIXA

� s� o que nos interessa.

Deviam ter vergonha!

Recebi os documentos da Procuradoria,

a recomenda��o para arquivamento.

H� algo que o estado
queira dizer sobre isso?

Sim, Merit�ssimo. Obrigada.

O facto de ser um encontro sexual

de curta dura��o dentro da su�te do hotel

sugere fortemente algo diferente
de um ato consensual.

No entanto... durante
a nossa investiga��o neste caso,

a queixosa n�o foi verdadeira connosco

em praticamente
todas as entrevistas importantes,

apesar dos nossos repetidos pedidos
para que o fosse.

A nossa incapacidade de acreditar
na sua vers�o n�o deve sugerir

que concordamos
com o comportamento do arguido.

Seja qual for a verdade sobre o encontro

entre a queixosa e o arguido...

... a nossa incapacidade de acreditar
na queixosa sem qualquer d�vida

significa que n�o podemos,
de boa-f�, pedir a um j�ri que o fa�a.

Estamos muito satisfeitos.

� muito mais prov�vel que seja
bem-sucedido se os pr�prios procuradores

desenvolverem ceticismo ou
preocupa��o quanto � verdade do seu caso.

Pelas raz�es que declarei aqui hoje,

pedimos respeitosamente
que o tribunal arquive o caso.

Obrigado.

H� algo que a defesa queira dizer?

N�o estamos em posi��o de os convencer

de que o seu caso � defeituoso.
Eles convencem-se a eles pr�prios.

Muito bem. Embora as partes
envolvidas no caso criminal

concordem que a acusa��o
n�o deve continuar,

o tribunal entende que, no m�nimo,

h� outros com vis�es diferentes.

O processo � arquivado,

a ordem de seguran�a � cancelada,
agrade�o a todos. Obrigado.

A Nafi teve de contar o acontecimento
uma d�zia de vezes,

mas o Dominique Strauss-Kahn,

por causa do seu poder
e de quem era, n�o fez nada.

Ficou ali sentado
e ningu�m lhe fez perguntas.

E isso teria sido
extremamente importante,

porque poderia ter contado a hist�ria

de como o grande sedutor,
a seduziu e fizeram sexo na cama.

Mas as provas f�sicas
teriam demonstrado que foi no tapete.

Algo assim teria sido um �xito...

Para usar uma met�fora americana,

teria sido um "home run" para a acusa��o.

Mas, por alguma raz�o,
deram-lhe um livre tr�nsito.

Ken Thompson, lute por ela!
Continuem a lutar pela Nafissatou!

E arranjem algu�m capaz
de apresentar a acusa��o!

O procurador Vance
abandonou uma mulher inocente

e negou a uma mulher inocente o direito
de obter justi�a num caso de viola��o.

E, ao faz�-lo,
tamb�m abandonou outras mulheres

que ser�o violadas no futuro
ou sexualmente agredidas.

E n�o fazem nada porque sou pobre.

Porque n�o sou ningu�m.

Porque n�o sou ningu�m.

N�o me fazem justi�a
por causa disso. Porque...

... se eu fosse algu�m, com...

Se n�o fosse eu, tenho a certeza...

... que poderiam ter prendido
essa pessoa durante muito tempo.

� absurdo o procurador falar de
quest�es de credibilidade do passado dela.

Isso n�o tem nada a ver com este caso.

Muitas vezes as v�timas,
n�o estou a sugerir que � o caso dela,

n�o s�o cred�veis.

Os traficantes e as prostitutas
podem ser v�timas de crimes.

O procurador acusa com base
nas provas desse caso em particular

e n�o decide n�o acusar

com base no passado de algu�m.

Que vergonha!

Quando as pessoas est�o
unidas sobre este assunto

e est�o l� fora a gritar "violador"...

... � frustra��o.

Um reconhecimento de como os violadores
n�o foram responsabilizados neste pa�s.

N�o s� durante um ou dois anos,
mas durante d�cadas.

E d�cadas e d�cadas.

Sempre que um caso � arquivado,
a rea��o adversa �,

se devia ter sido arquivado ou n�o.

E se a mensagem que � enviada

tem um efeito impactante

sobre as pessoas que se manifestam
e denunciam uma agress�o sexual.

Porque j� h� uma sensa��o
de que n�o h� muita justi�a.

Est�o felizes?

Desde o in�cio, ficou claro para mim

que o que ela alegou ter acontecido
n�o foi o que aconteceu.

Faz parte de quem se �, certo?

Quando escreverem uma biografia ou legado,

ou chegarem a algum ponto,
espero que n�o em breve, um obitu�rio,

falar�o dos grandes sucessos
da minha vida e este � um dos maiores.

Quando a hist�ria olhar para este caso,

acho que a hist�ria mostrar�
que um j�ri teria acreditado nela.

Especialmente agora, ao se saber mais
sobre como as v�timas se manifestam

e o que dizem
e como as coisas nem sempre s�o perfeitas.

Acho que as pessoas est�o mais dispostas
a dar �s v�timas o benef�cio da d�vida.

Dominique! Tem algo a dizer?

� o fim de uma dif�cil prova��o.

Estou aliviado pela minha mulher,
pelos meus filhos, pelos meus amigos.

Estou ansioso por regressar ao meu pa�s.
Falarei mais demoradamente quando voltar.

Obrigado.

Dominique, pode diz�-lo em ingl�s?

De volta � Paris chuvosa,
escoltado por fot�grafos e cinegrafistas,

a caminho da resid�ncia do casal
na Pra�a des Vosges.

Deixem-me passar.

Ele sabe que a sua primeira declara��o
em Fran�a � muito esperada.

At� logo.

Viva o Dominique!

O nosso convidado de hoje,
Dominique Strauss-Kahn. Boa noite.

Boa noite.

� a sua primeira declara��o
desde o caso no Sofitel em Manhattan.

Pode dizer-nos o que aconteceu
no quarto 2806 no s�bado, 14 de maio?

A entrevista com Claire Chazal foi,
obviamente, organizada pela sua equipa.

A Claire � amiga da Anne Sinclair.
Ela ligou-lhe de antem�o.

CORRESPONDENTE POL�TICA

Escusado ser� dizer que todas as palavras
foram escritas, ensaiadas...

... e planeadas � perfei��o.

O que aconteceu...

... n�o foram s� rela��es inapropriadas,
mas mais do que isso.

Um erro. Um erro quanto � minha mulher,

filhos e amigos.

Mas tamb�m um erro quanto ao povo franc�s,

que tinham esperan�a de mudan�a em mim.

E com isso em mente, pode-se dizer
que falhei para com o povo de Fran�a.

O sistema de justi�a americano
foi particularmente hostil para consigo?

Como diz�-lo. Tive medo.

Tive muito medo.

Quando ca�mos
nas mand�bulas desta m�quina,

sentimos que � capaz de nos dizimar.

Senti...

... que estava a ser espezinhado,
humilhado,

antes de poder dizer uma palavra.

Est� a tentar salvar a sua honra
e o que resta da sua imagem.

Talvez tamb�m o futuro dele.
� volta dele, ainda h� alguns f�s

que ainda acreditam
que pode ser um candidato presidencial.

Por isso, � fundamental

que mostre que n�o � o homem
que este caso pode fazer-vos pensar.

H� tamb�m uma acusa��o
de viola��o contra si por Tristane Banon.

Qual � a sua vers�o dos eventos
e como acha que isto se vai desenrolar?

No nosso encontro,
n�o houve agress�o nem viol�ncia.

N�o digo mais nada.

O seu h�bito de repetir que tudo isto
foi cruelmente orquestrado contra ele

n�o pode funcionar completamente devido
� grandeza do que est� a tentar esconder.

Tem medo
que surjam outros casos semelhantes?

N�o. Mas se por casos semelhantes
quer dizer casos

que foram inventados ou fabricados
de forma semelhante, nunca saberemos.

Obrigada, Dominique Strauss-Kahn,
por ter vindo.

NORTE DE FRAN�A

Nasci em Roubaix, no norte de Fran�a.

A minha adolesc�ncia foi interrompida...

... devido a problemas que vivi diariamente

na minha fam�lia.

Com um familiar em particular.

Fui v�tima de incesto...

... e...

... queria sair a todo o custo.

Ent�o, fugi. Fiquei quase sem casa.

N�o tive outra op��o.

Aos 17 anos,
comecei a trocar sexo por dinheiro.

E continuei por esse caminho.

Encontrava-me com personalidades
que gostavam de ter raparigas ao seu lado.

Eram pr�ncipes, homens de neg�cios...

UM ANO ANTES DA PRIS�O DE DOMINIQUE

Em 2010, conheci uma pessoa

que era rela��es p�blicas
num hotel em Lille.

Que...

Desculpem.

Que me testou...

... para ver se seria adequada

para as pessoas a quem ele
me queria apresentar.

A partir da�, foi montada uma opera��o.

Ele apresentou-me a um amigo
que era um empres�rio.

Veio � minha casa.

E ali, explicou-me

que queria apresentar-me
a algu�m por uma noite.

Ofereceram-me 1500 euros
para passar algumas horas

com o Dominique.

Estes homens nunca estiveram t�o perto
de algu�m t�o poderoso.

Ele era poderoso internacionalmente
e podia tornar-se presidente da Fran�a.

Claro que queriam a fama e o poder dele.

Podia mudar a vida deles.

E, por isso, foi criada uma pequena rede

que organizava festas
para aonde quer que ele viajasse.

Negociava com os l�deres mundiais

e enviava uma mensagem
para lhe prepararem a noite.

23 DE JANEIRO DE 2010
MENSAGEM DE DOMINIQUE

QUEM ESTAR� NA SUA BAGAGEM?

AINDA EST� COMPLICADO COM A SYLVIE.
JADE E CATHERINE DE CERTEZA.

VIENA, MAIO DE 2009

SMS DE DOMINIQUE

ESTAREI NO CLUBE COM UMA RAPARIGA
EM VIENA NA QUINTA, 14 DE MAIO.

QUERES VIR COM UMA SENHORA?

Ele at� correu o risco

de mostrar estas mulheres a todo o FMI.

Tiraram fotos com ele no escrit�rio.
� uma loucura correr esse tipo de riscos.

� como se pensasse que era intoc�vel.

MADRID, JULHO DE 2009

MENSAGEM DE DOMINIQUE

QUERES (PODES) IR COMIGO
A UM BOM CLUBE MAROTO

(E MATERIAL)?

No texto para os amigos ele diz "material"
como uma palavra para "mulheres".

ADVOGADO DE DOMINIQUE

Claro que n�o est� certo, � mau.

� rasca. Muito rasca.

Mas quem j� n�o foi rasca,
homem ou mulher?

Nem sempre somos admir�veis
desde o nascer do sol ao p�r-do-sol.

�s vezes, escorregamos,
�s vezes mentimos, �s vezes enganamos.

� a natureza humana. Temos de o aceitar.

Podem esperar toda a moralidade
que quiserem das figuras p�blicas.

Se est�o descontentes com algo,
n�o votem nele.

Mas n�o � um ato criminoso.
Isso � outra coisa.

OUTUBRO DE 2011

Um c�rculo de prostitui��o
est� a crescer em Lille,

com um total
de quatro suspeitos envolvidos.

Eles s�o suspeitos de oferecer

servi�os de prostitui��o
dentro do estabelecimento.

Nova revela��o no Journal du Dimanche
sobre o caso Carlton.

Um dos clientes pode ser
Dominique Strauss-Kahn,

chefe do FMI na altura.

Duas prostitutas ouvidas
pela Pol�cia Judici�ria em Lille

citaram-no como cliente desta rede.

CARLTON UM NOVO GOLPE PARA DOMINIQUE

SEXO NA CIDADE

PROXENETISMO DE LUXO

Encontr�mo-nos em Paris.

Num quarto de hotel.

Havia outras mulheres l�.

O Dominique chega.

E todos bebemos um copo de champanhe

e fizemos conversa fiada.

Mas... sempre a fazer pequenas sugest�es.

A convidar-nos para tomar um duche,

para tirar a roupa, vestir um roup�o.

O Dominique estava muito � vontade.

Como se fosse normal.

Quase como se f�ssemos velhos amigos.

Falou com os amigos.

Muito sobre pol�tica.

Sobre o Jap�o, a China,
n�o me lembro bem. Sobre as suas viagens.

Primeiro foi-se embora com uma mulher.

Uma das duas que estava l�.

Voltou com o roup�o.

Depois, levou-me pela m�o.

Sim... levou-me para o quarto.

Foi quando tudo come�ou.

CASO: MOUNIA R

O caso Carlton come�ou
como um caso de proxenetismo normal.

A Pol�cia Judici�ria de Lille
encarregou-se do caso.

E, durante a investiga��o,

descobriram que o Dominique
estava no meio de tudo.

DOMINIQUE NA SU�TE

DOMINIQUE

Dominique aparece constantemente no caso.

O relat�rio � retirado...
e colocado no ficheiro de Dominique.

Para organizar estas festas,
ele est� em contacto com toda uma rede

que est� a ser vigiada
pela pol�cia sob suspeita de proxenetismo.

Foi assim que o Dominique
acabou por ser vigiado.

E apesar de ele n�o ter a certeza,

suspeitava que podia estar a ser vigiado
por causa dos contactos que tinha.

Lembro-me que ele at� mudou de telem�vel
em v�rias ocasi�es.

Tem quatro ou cinco telem�veis.

Por estranho que pare�a, apesar do perigo,

continua a ir a estas festas de swing.

� incr�vel que embora saiba

que est� a ser vigiado de perto,

mantenha este comportamento perigoso

como se fosse atra�do pelo risco.

21 DE FEVEREIRO DE 2012

Era pouco antes das nove da manh�

quando o Dominique
chegou � esquadra da pol�cia em Lille.

Atr�s do vidro fosco, o ex-diretor do FMI

parecia nervoso, mas concentrado.

Come�a a cust�dia policial.

Ele foi essencialmente acusado
de proxenetismo agravado,

o que � um crime grave.

Proxenetismo
� quando algu�m contrata pessoas

para realizar atos sexuais
e recolhe parte dos seus lucros.

� um grande salto.

Pergunt�mo-nos como
poderia estar envolvido nisto.

S� o podiam acusar de ser um consumidor...

Um cliente de prostitui��o.

� isso. E sempre contestou

saber que aquelas mulheres
eram prostitutas.

TRIBUNAL DE LILLE

JULGAMENTO DE PROXENETISMO DO CARLTON

Um grupo de manifestantes do FEMEN
atiraram-se ao carro de Dominique

quando chegou ao tribunal em Lille.

"Chulos, clientes, culpados."

� o que esta mulher rabiscou no peito.

O libertinismo levou-o a julgamento.

Foi um julgamento
sobre a defini��o de moralidade.

� incr�vel que, na Fran�a do s�culo 21,

estamos a conduzir
um julgamento do s�culo 19.

Disseram-me que tinha de testemunhar,
que n�o tinha escolha.

Caso contr�rio, n�o o teria feito.

Tudo voltou outra vez.

E...

... tudo o que h� � volta.

A minha fam�lia, os amigos,
o olhar dos outros.

� dif�cil quando n�o estamos preparados.

Durante o julgamento,
pediram-me para vir testemunhar.

Foi a� que expliquei...

... o meu encontro com o Dominique.

N�o �, particularmente,
uma boa mem�ria, porque foi brutal.

E...

E segui em frente.

Porque eu estava l� s� por uma raz�o.

Precisava de dinheiro.

E n�o fazer tudo o que ele queria...

... significaria
que n�o receberia o meu dinheiro.

Ent�o, deixei-o faz�-lo.

Ele fez algo de que... n�o gostei.

Mas fi-lo na mesma.

Para mim...

... dizer n�o, estava fora de quest�o...

... apesar de estar a gesticular e a chorar.

Ent�o, segui em frente.

Ele voltou a vestir o roup�o e desceu.

Ent�o, fui � casa de banho.

As prostitutas n�o o culpam
de nada que n�o tenham consentido.

Disseram que houve algum...

... comportamento ligeiramente violento,
mas isso � tudo relativo.

� um pouco de falta de respeito.

Mas � um jogo e � consensual.
E isso faz parte do sexo.

Merece mesmo um julgamento?

12 DE JUNHO DE 2015
TRIBUNAL DE LILLE

VEREDICTO DO JULGAMENTO DE CARLTON

Boa noite e bem-vindos.
O antigo candidato presidencial franc�s,

foi detido por acusa��o
de proxenetismo agravado.

Jim Bittermann relata.

At� o procurador admitiu,
antes do veredito,

que n�o havia provas suficientes
para condenar Dominique

pelo seu papel em festas sexuais
na Fran�a e nos Estados Unidos.

O ex-ministro n�o � o instigador

de uma rede de proxenetismo agravada.

A �nica rea��o de Dominique foi:
"Muito barulho por nada."

N�o fiquei nada surpreendida.

Mas segui em frente.

N�o iniciei um processo legal contra ele.

O meu �nico desejo era acabar com aquilo.

S� isso.

N�o esperava mais nada.

� reconfortante que, quando estes casos...

... v�o a p�blico...

... trava um pouco os acusados
relativamente aos seus impulsos.

E talvez os impe�a de repetir.

Isso faz com que pare�a valer a pena.

Descobrimos...

... uma vida privada.

N�o se pode comportar assim.

EX-MINISTRA DA JUSTI�A

Foi antes do MeToo, mas...

Qualquer mulher consideraria aquilo
um comportamento repreens�vel.

Como � que estamos aqui
e como � que isto foi tolerado?

Este caso do Carlton
foi o que mudou a opini�o popular dele.

E para a Anne Sinclair,
levou-a a divorciar-se dele.

At� ent�o, esteve ao lado dele,

mas o caso do Carlton
foi a humilha��o final.

Quando casei com o Dominique,
sabia que ele era cativante, sedutor.

Eu sabia isso.

E depois, em p�blico, havia rumores.

Mas os rumores s�o feitos para manchar,
difamar, fazer mal, por isso, ignorei-os.

Tive as minhas d�vidas.

Perguntei-lhe v�rias vezes
se havia alguma verdade

e ele negava-o e tranquilizava-me.

A dada altura, o p�blico perguntou:
"Como � que ela n�o sabia?"

Quer acreditem ou n�o, eu n�o sabia.

N�o h� forma f�cil
de fazer estas perguntas.

Nem de responder.

Vou perguntar diretamente.

Ele quer fechar o livro.

REP�RTER DA CNN

Ele veio c� para esclarecer as coisas.
At� ent�o, n�o o havia feito.

O Dominique tem claramente
um problema com as mulheres.

N�o. N�o me parece.

N�o me parece.

N�o penso que tenha
nenhum problema com mulheres.

S� tenho um problema em perceber
que o que se espera

de um pol�tico do mais alto n�vel

� diferente do que o Sr. Smith
possa fazer na rua.

- � o pre�o de estar no topo.
- Exatamente.

Ele acha que n�o fez nada errado,
al�m de ser apanhado.

O mesmo com as festas libertinas em Lille.

N�o acredita que tenha feito algo errado.
Al�m de ser apanhado.

Ele n�o percebe o que fez de mal.

As pessoas n�o esperam
este tipo de comportamento heterodoxo

de algu�m
com uma responsabilidade p�blica.

NO CASO DA TRISTANE BANON AS ACUSA��ES
DE TENTATIVA DE VIOLA��O FORAM RETIRADAS

PELOS PROCURADORES
DEVIDO A FALTA DE PROVAS.

O PROCURADOR DISSE QUE AS PROVAS
ERAM DE ASS�DIO SEXUAL,

MAS AS ACUSA��ES FORAM RETIRADAS
DEVIDO � PRESCRI��O DE TR�S ANOS.

DOMINIQUE NEGOU REPETIDAMENTE
QUALQUER AGRESS�O.

Nunca poderei viver normalmente,
seja l� o que isso significa,

sem que este caso exista,
sem estar sempre l�.

Muda tudo.

Talvez seja presuntivo,
mas acho que o MeToo n�o teria acontecido

se n�o fosse a Banon
e a Nafissatou Diallo.

D� algum significado ao que fiz,

porque me faz sentir que n�o foi em v�o.

Hoje, Dominique Strauss-Kahn
ainda aconselha v�rios l�deres,

sobretudo l�deres africanos,

de grandes empresas estrangeiras,
muitas vezes em �frica ou em Marrocos.

Portanto, continua a ser ouvido.

Continua a ser pago pelos seus conselhos.

Tem uma nova mulher.
Apareceram juntos em Cannes.

Vive a vida que queria.
Uma vida bastante livre.

Descobri que n�o estava sozinha.

Havia muitas mulheres.
Vi muitas mulheres falarem depois disto.

Passaram pela mesma coisa
no trabalho ou assim.

Pelo menos o ter falado
impedir� que coisas m�s aconte�am.

Isso deixa-me orgulhosa.

N�o me arrependo disso.
Estou feliz com isso.

Diallo contra Strauss-Kahn.
Cheg�mos a um acordo.

Bom dia, menina Diallo.

Deixem-me dizer que o valor do acordo

�, nos termos de um acordo das partes,
confidencial.

Pode fechar o registo, Sr. Williams.
Obrigado.

Obrigado, Merit�ssimo.

Mais tarde, foi relatado que ela recebeu
um milh�o e meio de d�lares

e isso foi uma esp�cie
de fim de tudo isto.

Sabem, n�o acaba com um julgamento
explosivo ou uma grande revela��o.

Acaba com advogados a assinar
um documento de confidencialidade

num escrit�rio de advogados algures.

Quero agradecer a todos
os que me apoiaram em todo o mundo.

Quero agradecer a todos. Agrade�o a Deus.

Que Deus vos aben�oe a todos.
Muito obrigada.

Ent�o, talvez tudo se resuma a algo
t�o simples como uma decis�o financeira

que vai melhorar a tua vida.

Um acordo de sete algarismos.

Mesmo que te seja dado pelo tipo
que tornou a tua vida insuport�vel.

Para tr�s.

E acho que ela est� muito feliz
com os termos do acordo,

mas se me est�o a perguntar
se ela o voltaria a fazer,

a resposta �, sem d�vida, n�o.

Ela devolveria o dinheiro
num piscar de olhos.

Ela p�de come�ar uma vida quase normal.

E quando digo normal,
nunca ser� o que era antes

de tudo isto acontecer.

Para ela, isso era o normal.

Ir trabalhar, apanhar o comboio
com a filha todos os dias,

trabalhar com amigos e colegas e receber
25 d�lares por hora para limpar quartos.

Isso para ela era normal
e o sonho americano. Ela adorou.

Vamos! Saiam da frente!

Vamos! Desimpe�am a rua!

O meu sonho � o de partilhar isto.

J� n�o � para mim.
� para as outras pessoas.

N�o quero que ningu�m passe
pelo que passei.

Por isso, faz-me sentir muito melhor
partilhar isto,

porque sinto que quanto mais falo...

... melhor me sinto. Sai de mim.
Mas nunca desaparece.

Portanto, sim.

AT� HOJE, DOMINIQUE STRAUSS-KAHN
N�O TEM REGISTO CRIMINAL.

NEGOU O NOSSO PEDIDO PARA UMA ENTREVISTA.

Legendas: Ema Nunes