All language subtitles for Room 2806 The Accusation - S01E01

ESTE EPIS�DIO CONTEM
DESCRI��ES GR�FICAS DE VIOL�NCIA SEXUAL

QUE PODEM FERIR
A SENSIBILIDADE DOS ESPETADORES.

SE SOUBER DE UM CASO ASSIM, VISITE:

Fui comiss�rio-adjunto
de informa��o p�blica

da Pol�cia de Nova Iorque.

112, operadora 1505.

Ol�, quero denunciar uma agress�o sexual.

CHAMADA PARA O 112
14 DE MAIO DE 2011 - 13H32

Fui imediatamente para a cidade,
com luzes, sirenes e tudo mais.

Quem foi agredido?

Na verdade, isto � um hotel
e � uma das nossas criadas.

Aparentemente, foi atacada
por um dos h�spedes importantes.

Como se chama o hotel?

O Sofitel Hotel.

- Diga outra vez?
- Sofitel. S-O-F-I-T-E-L.

Sabe quem � o h�spede?

Sim, temos informa��o sobre ele.

Ele... N�o tenho autoriza��o
para lhe dar o nome, neste momento.

Descobrimos que era
uma pessoa muito rica e de renome,

conhecida internacionalmente.

Um indiv�duo muito poderoso

que seria, provavelmente,
o pr�ximo presidente de Fran�a.

Dominique Strauss-Kahn
ia ser acusado de um crime muito grave...

... cometido contra
uma pobre mulher imigrante neste pa�s.

Por esta altura, sabia que ia ser
uma grande hist�ria internacional.

O bom do meu trabalho � que, de repente,
somos introduzidos na hist�ria.

Naquilo que se tornar� hist�ria.

UMA S�RIE DOCUMENTAL ORIGINAL NETFLIX

14 DE MAIO DE 2011

Pode afetar o seu emprego,
reforma e carteira.

Outro choque para o sistema financeiro.

Lehman Brothers � a fal�ncia mais s�ria
da hist�ria financeira da Am�rica.

� a �ltima v�tima da crise do subprime.

Estes empr�stimos de alto risco
foram dados aleatoriamente

a fam�lias com baixos rendimentos
que n�o podiam pagar.

AVISO DE DESPEJO

O n�mero de casas
com execu��o hipotec�ria subiu 57 %.

Os bancos n�o t�m empatia.

Aqueles que n�o saem depressa
acabam na cal�ada.

Tentei fazer desta casa o que �.

E nem me ajudaram, atiraram-nos
para a rua como um sapato velho.

Est�o todos a passar-se.
N�o sei como isto vai correr.

Foi um p�nico absoluto em Wall Street,
no sistema financeiro.

A crise banc�ria americana

est� a causar o colapso dos mercados
em todo o mundo.

De Paris a Frankfurt, a Europa
continua a escorregar para o inferno.

O mundo tinha mudado. Est�vamos em guerra.

A crise no estrangeiro teve um efeito
em cadeia pelos mercados financeiros

e a Gr�cia est� quase falida.

Dezenas de milhares foram �s ruas
durante uma greve nacional de 24 horas.

WASHINGTON, D.C.

FUNDO MONET�RIO INTERNACIONAL

ECONOMISTA-CHEFE DO FMI

O FMI age como um conselheiro

e tem um trabalho um pouco mais dif�cil

que �, quando as coisas correm mal,

intervir nas pol�ticas para ajudar
os pa�ses a encontrar dinheiro.

� uma institui��o muito importante.

CORRESPONDENTE DO FMI

Trata das finan�as mundiais,
da sa�de da economia de todos os pa�ses.

Este foi o maior teste do FMI,
provavelmente, desde que foi fundado.

Durante esse tempo,
o Sr. Strauss-Kahn � o chefe do FMI

e desempenha um papel muito importante

durante a pior crise financeira
desde a depress�o.

Todos procuravam um l�der e ele liderava.

A primeira prioridade

� restaurar o funcionamento normal
dos mercados financeiros.

O que espero � o compromisso
dos l�deres mundiais

para dar um passo em frente e rapidamente.

� a sua primeira vez na Gr�cia
desde o in�cio da crise.

Se tivessem uma doen�a

e pedissem ao m�dico para vos ajudar,

o m�dico viria e dar-vos-ia medicamentos.

No nosso caso, a medicina � dinheiro.

Mas o m�dico tamb�m vos diz
para mudarem o vosso comportamento.

Se n�o mudarem o vosso comportamento,
n�o voltar�o a ser saud�veis.

Comecei a trabalhar no FMI
a 13 de agosto de 1984.

ASSISTENTE DO DIRETOR DO FMI

Finalmente fui reconhecida
a ponto de trabalhar para o diretor.

Ele n�o precisava de muitos detalhes

de qualquer assunto que lhe fosse trazido.

Tinha uma breve reuni�o
com o economista em quest�o,

entendia e dizia: "OK, percebi."

Ele � muito inteligente e instintivo.

Se houver um obst�culo, posso contorn�-lo.

Uns fazem-no devagar, outros depressa.

Ele pertence � categoria mais r�pida.

Ele era uma figura importante
em todas estas negocia��es

para evitar
que a crise global ca�sse em depress�o.

Ele sabia

como manobrar os oficiais mais importantes
dos principais pa�ses.

O mundo referia-se
a Dominique Strauss-Kahn

como o l�der financeiro do mundo.

NOVA IORQUE

Chamo-me Nafissatou Diallo.

Sinto que devo falar.

Tenho de dizer �s pessoas quem sou.

Nasci a 18 de agosto de 1978,

na Guin�, Conacri.

Agora, tenho uma filha.

Tive dois. Um faleceu.
Agora, tenho a minha filha.

Em 2003, vim para c�
em busca de uma vida melhor.

Diallo vive numa zona
de baixo rendimento da cidade, o Bronx.

O bairro do Bronx.

Cresci l� em mi�do, os meus pais
eram imigrantes irlandeses.

Ela vivia onde eu vivia,
porque as casas s�o baratas.

N�o � um bairro muito chique, mas � bom,

porque, se n�o estiver a trabalhar
estou quase sempre no apartamento.

N�o � mau.

Nunca tive oportunidade de ir � escola.

Quando era jovem,
os meus pais n�o me deixaram ir.

Bem, eu tive a minha filha aqui.

Tive a oportunidade de p�-la na escola.

�s vezes, depois do trabalho,
vamos ao cinema.

Eu costumava gostar.

Foi um sonho muito bom para mim.

Fui muito feliz ali
com o trabalho e tudo o resto.

Como todos os s�bados, fui trabalhar.

Costumava apanhar o comboio D
para a 47 - 50 e dali ia trabalhar.

A Diallo � como milhares, sen�o milh�es,
de americanos rec�m-chegados.

Ganham a vida na ind�stria de servi�os.

Ent�o, ela ia, provavelmente,
de um dos bairros mais pobres

de Nova Iorque para um dos mais ricos.

Sinto que tive o meu sonho,
o que queria. Foi bom.

14 DE MAIO DE 2011

21 DE ABRIL DE 2011

Estamos a um ano
das elei��es presidenciais

e as sondagens j� sugerem um favorito,
o socialista, Dominique Strauss-Kahn.

Dominique Strauss-Kahn lidera
as sondagens com 29 % na primeira ronda

das elei��es presidenciais.

A nossa proje��o mostra
que tem 34 % dos votos.

Tem subido muito nas sondagens.

Sou jornalista h� 30 anos.

Escrevo sobre o poder, em geral, as suas
paix�es e o seu funcionamento interior.

Foi assim que conheci
o Dominique Strauss-Kahn.

CORRESPONDENTE POL�TICA

Na altura, em Fran�a,
ele liderava as sondagens.

Cumpria todos os requisitos.

Tinha experi�ncia internacional,
era popular, moderno.

Ent�o, parecia ser um candidato �bvio
para as pr�ximas elei��es.

O chefe do FMI esteve em Paris h� uns dias

e conseguiu perceber a sua popularidade.

A sua visita ofuscou a situa��o econ�mica.

S� falam da sua poss�vel candidatura.

� bom ver-te.

O Dominique vem a Paris.

E � quando lhe digo que ele precisa
de entrar na corrida rapidamente.

EX-MINISTRA DA JUSTI�A

� prov�vel que ganhe...

Sabemos que far� um bom trabalho
com a campanha.

Para todos os seus amigos,
� a promessa de um futuro brilhante.

- Boa noite, Sr. Strauss-Kahn.
- Boa noite.

Obrigado por ter vindo. � talvez
o expatriado mais famoso de Fran�a.

N�o temos muitas novidades suas.
Primeiro, est� bem?

Sim, estou muito bem.

Especialmente quando tenho a oportunidade
de vir a Paris e ver a fam�lia e amigos.

Do que sente mais falta

al�m das entrevistas pol�ticas
aos domingos � noite?

- Em Fran�a?
- Sim.

Ver e sair
com os meus compatriotas franceses.

L� not�cias francesas,
que falam muito sobre si nas sondagens?

N�o presto muita aten��o �s sondagens.

Na v�spera da campanha de 2012,

o presidente, Nicolas Sarkozy,
era altamente impopular.

O que se passa contigo?

A Fran�a nunca desgostou tanto
de um presidente.

DESAPARECE PARVALH�O!

Em toda a Fran�a. Estamos a morrer.

E porque estou aqui?

Ele n�o estava bem nas sondagens

e h� um rival importante que emerge,
o Dominique Strauss-Kahn.

Todas as sondagens
d�o-lhe 60 % de hip�teses de vit�ria,

contra os 40 % de Sarkozy.

Era a melhor esperan�a da esquerda
para ganhar.

Ele � muito respeitado,
agora mais do que nunca.

SIM, PODEMOS!

Que t-shirt � essa?

� a t-shirt da minha equipa, no trabalho.

Parece um slogan de campanha.

Foi feito sem o meu conhecimento.
Nas minhas costas!

Gosta desse slogan?

Serviu uma vez,
n�o pode servir duas vezes.

Sim, podemos!

Todos pensaram
que ele seria eleito, sem d�vida.

Realmente, � o futuro presidente.

Sim, podemos!

NOVA IORQUE

112, operadora 1505.

Ol�, quero denunciar uma agress�o sexual.

1 DIA ANTES DA CHAMADA PARA O 112

No dia 13 de maio, o Sr. Dominique
Strauss-Kahn chegou a Nova Iorque.

Com base na disponibilidade
foi colocado na su�te presidencial.

O gerente de servi�o costuma acompanh�-los
at� ao quarto de h�spedes.

Pediu repetidamente que uma funcion�ria
fosse ao quarto beber champanhe.

Tentou consistentemente

que as funcion�rias ficassem
no quarto dele ou subissem ao quarto dele.

Saiu do hotel � noite.

N�o tinha a seguran�a normal com ele.

E, poucas horas depois,

volta com outra mulher a meio da noite.

Depois, alguns momentos ou horas depois,
ela sai do hotel sozinha.

4 HORAS ANTES DA CHAMADA PARA O 112

Como todos os s�bados, tenho o uniforme,

o caf� e estou pronta para trabalhar.

Sobretudo naquela altura,
estava muito feliz.

Pagavam bem, tinha sindicato,
tinha muitos benef�cios naquele trabalho.

Era um s�tio pac�fico.
A empresa era muito boa, muito organizada.

Era um bom lugar para trabalhar.
Estava contente com o trabalho.

28.� andar.

Antes de chegar ao quarto, vi um tipo do
servi�o de quartos a sair com uma bandeja.

E perguntei-lhe: "Ol�. Desculpa.
� um check-out?"

Ele respondeu: "Sim, � um check-out."
Eu disse: "Meu Deus!

Gra�as a Deus, porque hoje, todos
os meus quartos s�o: N�o incomodar."

SU�TE PRESIDENCIAL

Cheguei � porta e bati.

"Limpeza, limpeza, limpeza", tr�s vezes.

Ningu�m atendeu e usei a minha chave.

Abri a porta.

Conheci o Dominique em 68
quando estudava para entrar na faculdade.

AMIGO DE LONGA DATA

Em 68, t�nhamos namoradas aqui e ali.

O �nico casado e fiel era o Dominique.

Costum�vamos ir a v�rias festas � noite.

O Dominique nunca ia.

Dizia: "Estou a trabalhar!
A investir no meu futuro."

A sua primeira mulher, H�l�ne Dumas,

dava no duro, como se diz,
enquanto ele estudava.

Ele j� era ambicioso.

Costumava perguntar-me

se eu achava que ele seria ministro das
finan�as ou vencedor do Nobel de economia.

Cinco, quatro, tr�s, dois, um...

Fran�ois Mitterrand �
o presidente da Rep�blica.

Mitterrand!

PRIMEIRO PRESIDENTE SOCIALISTA FRANC�S

PRESIDENTE

Fran�ois Mitterrand queria estar rodeado
de uma equipa jovem.

EX-MINISTRO DA CULTURA

Pessoas inteligentes e especialmente
pessoas da pr�xima gera��o.

O Sr. Strauss-Kahn � professor de economia

e pode at� receber
o Pr�mio Nobel da Economia.

Dominique era um dos jovens economistas
do Partido Socialista

que mais prometia e parecia inteligente.

Estamos a ver uma abordagem diferente
face � d�vida?

H� uma mudan�a.

O comportamento franc�s tende a refletir
as tend�ncias que surgiram

noutros pa�ses, como nos Estados Unidos.

E o que t�nhamos em comum

era ter estudos, at� em excesso.

Quer�amos renovar a esquerda e a pol�tica.

� o que todas as novas gera��es
querem fazer e � bom.

O Dominique era, para mim,
uma lufada de ar fresco, um raio de sol.

Fiquei impressionado
com a sua abordagem � vida.

A sua exuber�ncia, a sua intelig�ncia
deslumbrante, a sua autenticidade.

A sua segunda mulher, Brigite Guillemette,
era especialista em comunica��es

e refez a sua imagem p�blica.

F�-lo rapar a barba de professor.

Vestiu-o melhor, com fatos sob medida.

Penteou o seu cabelo grisalho.

Tornou-o sedutor.

A Brigite Guillemette motivou-o,

trouxe-lhe estrutura, ajudou-o.

Ela fez-lhe muito bem.

E ela permite-lhe entrar neste novo mundo,

o mundo da pol�tica, dos media.

PRIMEIRO V�DEO DE CAMPANHA POL�TICA

Este filme mostra exatamente quem ele �.

Queria parecer americano,
onde os candidatos parecem mais fixes,

com uma vida normal.

Representa a sua sedu��o, a sua marotice.

Ele quer ser moderno.

Dominique!

Em 1986, foi eleito para o parlamento.
E s�-lo-� v�rias vezes na carreira.

Distinguiu-se rapidamente dos outros.

Dominique tem passatempos. O xadrez,
a pintura e a paix�o pela inform�tica.

Est� muito interessado na nova tecnologia.

Foi para a Calif�rnia.
Compreende Silicon Valley,

enquanto em Fran�a ainda � desconhecido.

Como est�?

E n�o se parece
com outros pol�ticos franceses.

Parece mais novo do que na filmagem.

Ele n�o anseia por poder por si s�.

Em primeiro lugar,
� guiado pelo prazer da vida.

E s�o as suas esposas

que lhe d�o o rigor e a disciplina
necess�rios para uma carreira pol�tica.

Principalmente a que conhece em 1988.

Boa noite.
Costumo sentar-me com pol�ticos,

artistas, intelectuais e desportistas,

mas raramente g�nios.
Boa noite, Woody Allen.

- Boa noite, Madonna.
- Boa noite.

Vossa Alteza Real, boa noite.

A Anne era uma grande estrela.

� uma jovem bonita e inteligente.

Boa noite...

A Anne Sinclair era um �cone.

Tinha um programa
todos os domingos � noite

que muitas pessoas em Fran�a
viam religiosamente.

O nosso convidado surpresa
esperou no nosso est�dio em Paris,

de costas. A� est� ele.

- Ol�, Dominique Strauss-Kahn.
- Ol�.

� o presidente da Comiss�o
de Finan�as da Assembleia Nacional.

Vou pass�-lo ao Alain Jupp�,
em vez de sermos os quatro.

Acredite
que quatro em simult�neo � dif�cil.

Conhecer a Anne Sinclair
foi amor � primeira vista

para estas duas pessoas
fortes e talentosas.

Quando o viu, a comunicar remotamente,

porque n�o estavam no mesmo est�dio,

pensou que ele era muito...

... sedutor, genu�no,
muito bom na televis�o.

Mas eram ambos casados.

A Brigitt Guillemette, a segunda mulher
de Dominique Strauss-Kahn,

empurrou-o para a conhecer.

A Brigite queria-o nos media.

Ela sabia que era assim que se come�ava
uma carreira na pol�tica.

E ela organiza o almo�o
que acaba por ser fatal para ela.

Foi a� que o Dominique Strauss-Kahn
conseguiu seduzir a Anne Sinclair.

Come�aram a ver-se em segredo.

O mais surpreendente � como se viam.

Foi o pai do Dominique Strauss-Kahn
que lhe alugou o apartamento

onde ele e a Anne se encontravam.

N�o � comum vermos pais a ajudar
os filhos a trair as esposas.

CERIM�NIA DE CASAMENTO

O que a Anne tinha por ele...

Os olhos dela
estavam cheios de amor por ele.

Estava obviamente caidinha por ele.

Desde o in�cio, foi para o Dominique

uma parceira leal,
atenciosa e inteligente.

A fam�lia s�o as crian�as
e a mulher com quem vives.

E ela n�o � apenas uma �ncora,
� a tua paix�o.

Al�m disso, a vida sem paix�o, n�o � vida.

Era a jornalista mais bem paga
de Fran�a e � herdeira.

Herdeira do seu av�, Paul Rosenberg,
um grande negociante de arte.

N�o era apenas rica, era riqu�ssima.

N�o s� encontrou uma mulher
que o amava e o idolatrava,

como encontrou algu�m
que podia financiar as suas ambi��es.

O Dominique tinha muito potencial.

Ela ajuda-o a perceber isso
e a torn�-lo realidade.

Ela era a terceira fase de um foguet�o.

Strauss-Kahn foi nomeado ministro
da ind�stria e dos neg�cios exteriores.

Primeiro, torna-se ministro da ind�stria,

mas o seu grande momento
� quando � nomeado ministro da economia.

Dominique Strauss-Kahn lidera
um superminist�rio no auge do seu poder.

Se n�o fosse pol�tico, seria matem�tico.

Adora equa��es e combina��es. H� quem diga
que � um calculador ambulante.

Foi um excelente ministro
desde o primeiro dia.

� animado, inteligente,
criativo e muito s�lido.

� altivo, o que � uma caracter�stica
de um bom ministro.

Pela primeira vez,
veremos uma moeda de euro.

Ali est� o primeiro euro franc�s!
O primeiro na Europa.

Vou entregar o microfone
a Dominique Strauss-Kahn.

- Ol�.
- Ol�.

Obrigado por ter vindo. Dominique
Strauss-Kahn � nosso convidado.

Como esposa, jornalista
e personalidade de televis�o,

a Anne deu-lhe muitos conselhos.

Estava muito presente
ao lado do Dominique e foi crucial.

Acabou e estou triste por sair,

porque foram 13 anos
de alegria e liberdade.

A Anne desistiu da carreira na televis�o.

Por amor.

E durante esse per�odo,
foi uma fonte essencial de apoio.

Ela � atra�da pela ambi��o dele.
� uma jornalista pol�tica.

Ent�o, obviamente, estar com um pol�tico

que pode vir a ser presidente

est� em sintonia com o que ela faz
como jornalista pol�tica h� anos.

SETEMBRO DE 2007

DOMINIQUE NOMEADO DIRETOR-GERAL DO FMI

Estou certo de que ser�
um excelente diretor do FMI.

EX-PRESIDENTE DE FRAN�A

Agora, um franc�s lidera uma das mais
importantes organiza��es internacionais.

Foi uma nomea��o muito
inteligente e fant�stica.

Pode ter havido outro motivo
para o presidente Sarkozy.

Talvez tenha pensado que,
com o Dominique em Washington,

tinha menos um rival
para as elei��es presidenciais.

Tenho uma confer�ncia de imprensa
esta tarde.

- Qual foi a sua primeira impress�o?
- Foi uma boa impress�o.

WASHINGTON, D.C.

Tinham uma vida familiar muito acolhedora.

Ela tinha um quadro do Picasso na parede.

Tinham muita arte, belas obras de arte.

Estariam a trabalhar juntos.

Tinham as secret�rias
de frente uma para a outra.

Havia uma uni�o.

Pareciam muito amorosos.

O que acontece em privado, n�o sei,

mas se me perguntarem:
"Parecem felizes juntos?" Sim, parecem.

NOVA IORQUE

Na verdade, isto � um hotel
e � uma das nossas criadas.

1 HORA ANTES DA CHAMADA PARA O 112

Aparentemente, foi atacada
por um dos h�spedes importantes.

O quarto era muito grande.

Entro e olho para l�,
n�o vejo nada. Nenhum saco. Nada.

Depois, verifico o escrit�rio.
Sem port�til, sem nada.

Depois volto-me.

Estou prestes a dizer: "Limpeza".

Foi a� que ele apareceu,
nu, na minha dire��o.

Disse: "Meu Deus! Lamento, senhor."

De seguida meteu a m�o no meu peito.

Agarrou o meu peito, e disse:
"N�o, n�o tens de lamentar."

Empurra-me e eu quero levantar-me
e empurra-me outra vez.

Eu digo: "Pare, senhor.
N�o quero perder o emprego."

Respondeu: "N�o perdes o emprego."

Eu digo-lhe que a minha supervisora
est� mesmo ali, est� l� fora.

Menti, a minha supervisora n�o estava l�,
mas queria que ele parasse.

Queria que parasse.

Ele era como um macaco, um animal.

Foi assim que ele me empurrou
para tr�s, ao lado da casa de banho.

Tentou puxar-me as cuecas para baixo
e eu segurei-as.

Segurei no vestido e ele...

... agarrou-me.

Agarrou-me.

Tive tanto medo.

Digo-lhe para parar.

Quero empurr�-lo, quero fugir.
Foi a� que ele

me empurrou para o ch�o.

Ca� sobre a minha m�o e o ombro esquerdo.

Foi assim que ele p�s a coisa...

... dele na minha boca.

E n�o pude fazer nada.

Fiquei at� ele fazer o que quis fazer.

Depois disso, cuspi em todo o lado.
Sentia-me suja.

Sinto-me completamente suja e fujo.

Ele n�o diz nada e eu fujo l� para fora.

Eu...

Eu estava a andar pelo corredor
e vi-o sair.

Cinco, n�o... talvez cinco minutos.
N�o sei, cinco minutos.

Foi quando a minha supervisora veio.

Ela nunca me tinha visto assim.
Perguntou-me:

"O que aconteceu?"

N�o sabia o que lhe dizer,

porque n�o sabia o que ia acontecer
se lhe dissesse.

Eu estava...

Mas n�o podia n�o dizer,
porque estava zangada.

Ent�o perguntei-lhe:
"Posso perguntar uma coisa?

Ela respondeu: "Claro, diz." E eu disse:
"Se algu�m tentar fazer-te coisas..."

E com isso, n�o lhe conto pormeno...
S� lhe disse:

"Se algu�m tentar violar-te,
o que deves fazer trabalhando aqui?"

"O que deves fazer?"

Ela perguntou: "O que aconteceu?
Diz-me o que aconteceu."

Depois, levaram-me para baixo
ao gabinete de seguran�a.

Estou perturbada
e dizem-me para me sentar.

Disse-lhes o que aconteceu.

Foi assim que o drama come�ou.

CHEFE DE SEGURAN�A DO SOFITEL

Estou na ind�stria da seguran�a
h� cerca de 32 anos.

Estive quatro anos no Ex�rcito.

Tenho muito orgulho em proteger pessoas

e s� queria dizer-lhe

que iria fazer tudo para garantir
que seria protegida de agora em diante.

Imediatamente, senti-me mal,

uma esp�cie de enjoo,

como uma montanha-russa emocional.
Foi pessoal, no meu turno,

uma funcion�ria foi abusada sexualmente.

Disse: "Quero ir lavar a boca."

Eles dizem: "N�o, tens de ir ao hospital.

T�m de te fazer um checkup."

Disse-lhes: "D�i-me o ombro,
mas nada est� partido.

Acho que vou ficar bem."

N�o queria ir ao hospital.
N�o queria perder o emprego.

Tenho um certificado
por ser a melhor empregada.

Eu estava a sair-me bem.
Trabalho de cora��o.

Gosto do trabalho.

A Nafi foi corajosa por ter falado

e, se n�o o fizesse,
nada disto teria sido revelado.

Os meus sonhos desapareceram.

Nunca quis...

Nunca pensei que fosse
a minha �ltima vez l�.

112, operadora 1505.

EXCLUSIVO DA BFMTV

Recebemos as declara��es dela.

A hist�ria dela manteve-se consistente

nas entrevistas iniciais desse dia.

Consistente e cred�vel.

Ela vai para o hospital,

primeiro,
para ver se precisa de cuidados m�dicos,

e, tamb�m no caso de uma agress�o sexual,
para recolher provas.

Um fot�grafo tamb�m fotografa o quarto

e devido � notoriedade do caso

o oficial de pol�cia
mais reconhecido neste campo

de V�tima Especial tamb�m vem.

BEM-VINDOS � ESQUADRA N.� 5

CHEFE DA POL�CIA DE NOVA IORQUE

Saltei imediatamente para o carro
da pol�cia e fui para Manhattan.

Tinha um bom capit�o comigo,
o capit�o Joe White.

Perguntei-lhe: "Joe, o que temos?"

E ele respondeu: "Chefe, esta tarde
o presidente do FMI

foi acusado de agredir sexualmente uma
empregada num hotel em Upper Manhattan."

Sabia que o presidente do FMI
seria a oitava ou nona pessoa

mais poderosa do mundo.

N�o sabemos onde ele est�.
J� pode estar num avi�o.

Pode estar de volta a Washington, D.C.
Ningu�m sabe onde ele est�.

Temos de o encontrar.

O que aconteceu a seguir � extremamente
inesperado e extremamente raro.

Inverte tudo.

A dada altura, o Sr. Strauss-Kahn
telefona para o hotel

e eu estava l� com os detetives

e digo-lhes que o tenho ao telefone.

Ele est� a explicar
que deixou o telem�vel para tr�s.

E eu pergunto:
"Como poderemos dar-lhe o telefone?"

Ele disse que estava na sala de conv�vio
da Air France no JFK.

Anotei-o muito depressa,
"Sala de conv�vio da Air France no JFK",

entreguei o bilhete aos detetives

e sa�ram literalmente pela porta
o mais r�pido poss�vel

a caminho do aeroporto JFK.

Se ele entrasse no avi�o
e voltasse para Fran�a,

era muito pouco prov�vel
que o recuper�ssemos.

Legendas: Ema Nunes