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Meu pai o comprou
por apenas dois suz

O cordeiro! O cordeiro!

Meu pai o comprou
por apenas dois suz

Assim conta a Haggada

Astuto, o gato ficou � espreita

Ele se jogou sobre o cordeiro
e o devorou

O c�o que estrangulou
o gato

Que devorou o cordeiro

Que meu pai comprou

por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro!

Ent�o veio o bast�o

E se abateu sobre o c�o

Que mordeu o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Ele o comprou
por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro!

Ent�o veio o fogo
e consumiu o bast�o

Que abateu o c�o

Que estragulou o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro!

Ent�o a �gua veio apagar o fogo

Que consumiu o bast�o

Que abateu o c�o

Que estrangulou o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro

O boi que passava por ali
bebeu a �gua que apagou o fogo

Que queimou o bast�o

Que abateu o c�o

Que estrangulou o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro

Veio o a�ougueiro que matou
o boi que bebeu a �gua

Que apagou o fogo

Que consumiu o bast�o

Que abateu o c�o

Que estrangulou o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Ent�o veio o Anjo da Morte
que matou o a�ougueiro

Que matou o boi
que bebeu a �gua

Que apagou o fogo

Que consumiu o bast�o

Que abateu o c�o

Que estrangulou o gato

Que devorou o cordeiro
que meu pai comprou

Por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro

Por que voc� canta
ent�o o cordeiro?

A primavera n�o est� aqui ainda,
nem a P�scoa

Voc� mudou

Eu mudei este ano

E todas as noites,
Como cada noite

Eu fiz apenas quatro perguntas

Mas esta noite, me vem
uma outra pergunta

At� quando durar�
esse ciclo infernal

Essa noite me vem uma pergunta

At� quando durar�
esse ciclo infernal?

Do opressor e do oprimido,
Do carrasco e da v�tima

At� quando essa loucura

Alguma coisa mudou

Eu mudei este ano

Eu era um cordeiro bom

Eu me tornei um tigre
e um lobo selvagem

Eu era uma pomba, uma gazela

Hoje eu n�o sei quem eu sou

Meu pai o comprou
por apenas dois suz

O cordeiro, o cordeiro

Nosso pai o comprou
por apenas dois suz

E voltamos ao ponto de partida

Podemos partir daqui?

Por favor.

Para onde?

N�o sei.

Vamos embora daqui,
por favor.

N�o posso te levar.

Por que n�o?

Porque eu tenho um encontro
muito importante na Jord�nia.

N�o importa. Eu vou com voc�.
Leve-me junto.

Eu n�o levo passageiros.
- Eu ficarei invis�vel.

Eu tenho um neg�cio de fam�lia
para resolver. Um neg�cio s�rio.

Eu tamb�m, � um neg�cio de
fam�lia e � s�rio.

Por favor.

Voc� n�o tem amigos aqui em Jerusal�m?

S�o os seus.
- Como?

S�o os seus amigos.

- Voc� tem fam�lia aqui?
- Agora n�o tenho mais.

Eu preciso atravessar a fronteira hoje.

Eu preciso sair desse pa�s.

N�s vamos fazer uma longa viagem.

Eu estou pronta.

Estamos quase l�.

Estamos nos aproximando da fronteira.

Quero lembrar a voc�...

Se fizerem perguntas,
sou eu que respondo. Ok?

Sou eu quem fala.

Se perguntarem para voc�

Voc� � turista e eu sou
sua motorista. Ok?

Ok.

Voc� est� com o passaporte?

N�o fa�a perguntas idiotas.

Sorria para ele.

Shalom.

V�o para Jord�nia?

Sim.

Os passaportes, por favor.

Aqui est� o meu.

Rebecca...

Tire os �culos.

- Est� bem. Voc� tem alguma arma?
- N�o, n�o.

- Nenhum tipo de arma?
- N�o.

Pode abrir.

Obrigada.

Passamos o primeiro obst�culo...
Agora o outro.

- V�o para a Jord�nia?
- Sim.

Avance devagar.
Devagar.

Um bruto!

Avance mais um pouco, mais um pouco.

Mais um pouco, senhora.

Desligue o motor.
Os passaportes.

Devagar, devagar.

Shalom. Aqui est� o meu passaporte.

E o seu.

Voc� � americana?

Tire os �culos.

- O que voc� fazia na Espanha?
- Eu viajava com meu namorado.

Como voc�s se encontraram?

- � para mim que voc� pergunta?
- Como voc�s se conheceram?

Ela me visita.

Eu sou sua motorista.

- Voc� � a motorista dela?
- Sim. Isso n�o tem nada de mais!

De qual sociedade?

Est� escrito. A sociedade do meu marido,
Moshe Ben Moshe.

- Quem � Moshe?
- Meu marido.

Qual o motivo da viagem?

Eu estou levando-a para
visitar a Jord�nia.

V�o ficar muito tempo
na Jord�nia?

Somente 24 horas.

Entendo.

Todas essas bagagens para 24 horas?

Sabe quanta bagagem elas tem
ali atr�s?

Acalme-se.

De quem s�o as bagagens?

Ahn...

� complicado.

As bagagens pertencem a
sogra dela, Sra. Breitberg.

Eu deveria lev�-la.

Voc� ouviu falar
da passageira ing�nua?

Ela esqueceu sua bagagem
no meu carro.

� s� dar a ordem
e eu desmonto o carro.

- Russo, voc� fez qual curso?
- Benchetrik. Chimchon 89.

Entendo. Tenha calma.

A passageira ing�nua era
Anne Mary Murphy, casada com um �rabe.

Explosivos estavam escondidos
sem que ela soubesse na sua bagagem.

Mas eu sou israelense!

Eu fa�o perguntas pela
sua seguran�a

e a seguran�a do Estado.

Quem arrumou as malas
l� atr�s?

A m�e do meu noivo.

E voc� quer passar a fronteira
com malas

que n�o foi voc� quem fez?
Aqui � arriscado.

D� a ordem
e eu desmonto o carro.

A garota parece uma puta.

Voc�, seja educado.

N�o me diga o que fazer.
N�o nos interrompa.

Onde voc�s v�o depois da Jord�nia?

Tenho uma ideia.

Voc� tem fam�lia na Jord�nia?

- Ela tem fam�lia na Jord�nia?
- Claro que n�o.

Ela vai apenas
visitar a Jord�nia.

Toda essa bagagem para
uma simples visita?

Posso deix�-las aqui.

Elas n�o s�o nossas.
Eu pego-as quando voltar.

V� ao controle de passaportes,
eu vou checar.

N�o me incomoda
deix�-las aqui.

V� ao controle de passaportes.
N�s vamos pensar.

Muito obrigada.

Um conselho. Mude
a foto do seu passaporte,

n�o se parece com voc�.

Mais respeito ao falar comigo.

Tenha calma.

Que aud�cia!

Nos veremos de novo!

Viu esse atrevido?

Obrigada pela ideia
de deixar as malas aqui.

Lamento t�-las colocado ali.

Pegue seu passaporte e venha.

Isso vai ser dif�cil.

Shalom.

Est� com seu passaporte?

Pegue-o.

E sorria, sorria.

- Ol�.
- Ol�, como vai?

Bem-vinda � Jord�nia.
Os passaportes.

Sim, um momento.

Muitos passaportes...

- Voc� tem o meu?
- Sim.

Aqui est� o dela.

- Bem-vindas � Jord�nia.
- Obrigada.

Acorde, acorde.

N�o � dif�cil.

Junte-se ao mundo livre.
A vida l� � t�o bela.

� preciso saber apreciar
as coisas simples.

Escute isso.

Ame-o, respeite-o,
e trabalhe por ele.

Quanto mais voc� se aproxima,
mais l�mpida, mais rica

e mais feliz sua vida ser�.

Amar a vida e
olhar para o futuro.

- Que se foda o futuro.
- Como assim?

Foda-se o futuro.

Ok. Foda-se o futuro.
Explique.

Com meu pai e minha m�e,
quando est�vamos em Tiber�ade,

T�nhamos essa cozinheira �rabe.
Ela pescava o peixe no lago.

Ela o levava na sua cesta
e o cozinhava para o jantar

e olh�vamos ela fazer.
Isso nos parecia levar horas.

Ela chegava pelos
caminhos pedregosos

Ela andava, andava, andava...

E depois?

Voc� espera e espera...

E ent�o,
um peixe morto.

Lutamos tr�s dias
nessa cidade

at� liquid�-los.

Voc� matou algu�m?

N�o. N�o com minhas m�os.

Eu fiquei dois dias l�,
os outros tinham partido.

Eu cuidava das armas
que t�nhamos apanhado

e esperava refor�os.

Eu estava s� com uma camponesa.

Ela n�o tinha sido morta?

Ela tinha se escondido, a puta.

Ela era jovem? Velha?

Vinte, vinte e dois anos.

Bonita?

Um pouco gorda.

E o que voc� fez?

Eu pensava que estava sozinho
no campo.

N�o era f�cil com
todos esses cad�veres.

Eu conhecia alguns deles.

Eu n�o sabia quando
os refor�os chegariam.

De repente, eu ouvi um choro.

Eu procurei entre os cad�veres.

Eu a vi escondida
sob uma pilha de lenha.

Tirei-a de l�.

Pedi comida a ela.

Em que l�ngua falou com ela?

N�o sei mais. Boa pergunta.

Em todo caso, ela compreendeu.

Ela me preparou uma sopa quente.

E depois j� estava tarde.

Voc� tem certeza
de que quer ouvir tudo?

Sim.

Eu disse a ela que queria
ficar � noite.

Ent�o ela me indicou um quarto
perto da cozinha.

Eu disse a ela: "Escuta, puta,
eu quero o melhor leito".

O que voc� fez?

Eu a possu� no quarto do
seu marido.

Ela resistiu?

Nem um pouco.

Voc� a estuprou?

Eu n�o chamaria de estupro.

Ela te queria ou n�o?

Voc� ficou muito tempo com ela?

Duas noites, at� o retorno
das tropas.

Ela tinha tetas grandes?

Eu estou te deixando.

Voc� vai ficar bem.

Dissemos que come�ar�amos
do zero, Rebecca.

Era ideia tua, n�o minha.

Eu te dei minha palavra,
nos d� uma chance.

Voc� vai ficar bem.

O que voc� vai fazer sem mim?

Vai fazer o qu�?

O que importa?

Eu sou de lugar nenhum agora.

� incr�vel ver na realidade
o que se l� nos livros.

Este � o lugar onde os romanos
estabeleceram a Dec�polis.

Suas dez cidades que protegiam
a fronteira..

Amman chamava-se Philadelphia,
como Philadelphia nos Estados Unidos.

Jarash era uma dessas cidades,
e Beit Shean, do outro lado

da fronteira era
uma c�pia de Jarash.

Te incomodo?

Como?

N�o. Estou procurando o caminho.
N�s estamos perdidas, Rebecca.

Julio diz que eu falo muito
e que o que me interessa

n�o interessa necessariamente
aos outros.

� interessante,
mas estamos sem gasolina.

� muito mais interessante,
Rebecca. Estou te ouvindo.

E a queda do Imp�rio Romano,

os bedu�nos que ainda est�o l�
hoje em dia...

� incr�vel...

Foram eles os guerreiros que
come�aram o imp�rio isl�mico

e eles tinham esses guerreiros
lend�rios.

Meu professor disse que eles n�o
lutavam realmente.

Eles sabiam que matar um homem
criaria um ciclo de viol�ncia,

ent�o eles enviavam um representante

contra o representante de uma
tribo advers�ria.

Eles come�avam o combate

e aquele que terminasse sentado
sobre o outro ganhava a guerra.

Boa ideia. Se Abou Mazen
se sentasse sobre Ariel Sharon

e Ariel Sharon sobre Abou Mazen,
seria o fim do conflito.

Um posto de gasolina.
Estamos salvas, Rebecca.

Formid�vel.

N�s estamos perdidas.
N�o sei onde n�s estamos.

Posso ajudar?

- Eu gostaria de gasolina.
- Encha o tanque com super.

- Gostariam de um caf�?

Eu estou com pressa.
Precisamos continuar.

O que ele quer?

Est� nos convidando a tomar
um caf� com ele.

Ok, obrigada.

Voc� n�o vai beber caf�.

N�o, Rebecca, volte!

O que �?

Jarash. � sua primeira visita?

- De onde voc� �?
- De Nova York.

Am�rica!

Ela tamb�m � americana?

Ela � do outro lado.

N�s fizemos Tel Aviv-Aman
de carro, hoje.

Tel Aviv! Sabe de onde eu sou?

De onde?
- De Jaffa.

N�o � poss�vel!

At� 1948, eu vivia em Jaffa.

Depois da guerra,
vivemos em Nablus e

depois aqui, em Jarash.

- Vou lhe fazer um bom caf�.
- Obrigada.

Voc� tem alguma coisa para comer?

- Claro!
- Estou faminta.

- Voc� gosta de queijo de cabra?
- Adoro.

Temos tamb�m coalhada
e homus.

Perfeito.

Rebecca!

Obrigada.

Rebecca!

Rebecca, volte!

�, Tsupi. Acalme-se.

Ouviu esse barulho?

Moshe!

Moshe! O que aconteceu?
Voc� est� bem?

Moshe, fale comigo.

� s� um pouco de sangue,
n�o � nada.

Como, um pouco de sangue?
Voc� est� todo ensanguentado.

- E o carro, Hanna?
- Que carro?

Eu trabalhei nele toda a noite.
Onde est� o carro?

Moshe, voc� est� ferido.
Esque�a esse carro.

Moshe, eu vou buscar socorro.

Voc� est� todo ensanguentado.

Preciso te acompanhar at� a casa
do americano, na zona franca.

- Esse canalha nos deve dinheiro.
- Falar de dinheiro agora!

Vou chamar ajuda.
Vou chamar uma ambul�ncia.

Deite. N�o se mexa.

Hanna, � preciso procurar a
Sra. Breitberg.

Breitberg que espere.

- Eu vou...
- Hanna!

Deite. N�o se mexa.

Eu vou buscar ajuda.

N�o esque�a a Sra. Breitberg!

Moshe, eu vou chamar
uma ambul�ncia. N�o se mexa.

Ela deve chegar com Julio!

Ele est� ferido na cabe�a.
N�o sabe o que diz.

Eu volto imediatamente.
Fique onde est�, ok?

Que cat�strofe!

Ol�, aqui � Hanna Ben Moshe.

Sim, Hanna Ben Moshe.

Preciso de ajuda.

Na nossa garagem... na garagem
de Moshe Ben Moshe.

Ele est� gravemente ferido.

Mande uma ambul�ncia. Depressa.

N�o diga nada �s meninas.

N�o as deixe preocupadas.

Fez boa viagem,
Sra. Breitberg?

Muito boa, obrigada.

- Ib�ria?
- N�o.

- El Al?
- El Al.

- Eu prefiro Ib�ria.
- � boa, El Al!

Onde est� Moshe?

Moshe n�o est� bem.

Moshe, ferido.

� grave?

Grave, sim, grave.

Mas eu estou aqui.

Vamos a Jerusal�m?

Sim. N�s vamos
jantar em Jerusal�m.

Eu fiz reserva no restaurante
do hotel Mishkanot Shaananim.

- Um restaurante muito bom.
- Sim.

Antes, eu quero passar no
Muro das Lamenta��es.

E amanh� eu quero viajar.

Ir � Galil�ia,
ao Monte das Oliveiras e ao Yad Vashem.

- N�o, n�o, amanh� de manh� n�o.
- Como, n�o?

Amanh�, eu, � Jord�nia.

Como, na Jord�nia?

Julio, eu reservei um motorista
para hoje e amanh�.

Eu quero fazer um tour.

H� um problema de comunica��o nesse pa�s!

Mam�e, por favor,
fale em ingl�s.

� preciso falar ingl�s. Ok.

Eu lhe ofere�o um fim de semana
no Sheraton, e eis o resultado.

Meu filho n�o teve chance
com essa garota, acredite.

Sabe quem eu encontrei no
aeroporto na partida para Tel Aviv?

- Nem ideia.
- A filha do s�cio do teu pai.

Ela acaba de abrir
um escrit�rio em Nova York.

Falei de voc� para ela,
dos teus estudos brilhantes.

Eu disse que voc� ligaria para ela.
Ela me deu seu cart�o de visitas.

Ela disse que voc� podia
ligar quando quisesse.

Ela te far� trabalhar.
� uma garota magn�fica.

� alta, bonita, simp�tica, e
al�m disso � judia.

Voc� � judia?
N�o crist�?

- Sim, eu sou judia.
- Bom, muito bom!

Al�.

Quem fala?

Eu gostaria de falar com o americano.

Quem fala?

Moshe Ben Moshe.

Desculpe,
voc� fala qual l�ngua?

Falo �rabe, ingl�s...

Qual l�ngua voc� fala?

Quem � voc�?

Eu lhe disse...

Moshe Ben Moshe.

Essa n�o � a voz de Moshe.

� a voz da sua mulher.
A voz da mulher de Moshe.

Seu marido n�o vem?

N�o, meu marido vem.

Estou ligando para dizer
que ele vai se atrasar.

Ele est� na estrada para Aman.

J� passaram tr�s horas.
Onde ele est�?

Eu disse, ele est� na estrada.

Diga-lhe que a zona franca
fecha �s 16 horas.

Esses s�o os hor�rios de inverno.
Se ele n�o chegar,

precisaremos fechar.

Ou�a. Diga ao americano
para o esperar. Entendido?

Ok.

- Entendido?
- Sim.

Obrigada.

Eu me perguntava onde era o mercado.

Olhe todos esses t�xis.

Eles v�o para o Iraque.

Outra coisa.
� muito importante.

N�o diga que voc� � judia.

- Eu n�o sou judia.
- N�o?

Meu pai � israelense, minha m�e
� americana, n�o judia.

- E ent�o?
- Eu acreditava ser judia,

ia a sinagoga,
e quando cheguei aqui,

me disseram que eu n�o era judia.

Se a sua m�e n�o � judia,
voc� n�o � judia.

Eles dirigem como loucos.

Eu briguei com meu pai
para poder vir viver aqui.

Por que voc� queria viver aqui?

Eu n�o me sinto americana.

Ent�o eu decidi viver aqui.

Eu n�o tenho, sem d�vida,
meu lugar em nenhuma parte.

"Zona Franca"

Estou muito preocupada com Moshe.

Ele n�o teve chance, realmente.

- Voc� acha que vai ficar tudo bem?
- Eu espero que fique tudo bem.

Estou faminta.

Quero acabar logo com isso
e voltar para casa.

Estamos nos aproximando
da fronteira com

a S�ria, a Ar�bia Saudita
e o Iraque.

A zona franca fica no meio.

Aqui, todos v�m vender
e comprar carros.

Esta � a ideia genial de Moshe.

Ele a teve quando
estava desempregado.

Para algu�m de Neguev,
voc� deve estar congelada.

Eu vivo em Neguev, mas
pessoalmente n�o gosto muito.

Foi ideia de Moshe, meu marido

ap�s nossa expuls�o do Sinai.

Eu sou como meu pai,
eu gosto de Berlim. O tempo � mais agrad�vel.

Meu pai estudou em
Berlim. Na Bauhaus.

Quando esse maldito Hitler tomou o poder,
ele se escondeu

com a ajuda de um su��o.

Mas os su��os come�aram
a entregar os judeus aos alem�es,

e ele teve que fugir.

Foi dif�cil.
Ele n�o sabia onde ir.

Para a Am�rica ou Palestina.

O que ele escolheu?

Aqui estou!
Ele escolheu a Palestina.

Ela estava sob comando
brit�nico.

Eles tinham constru�do
um oleoduto

que ia de Haifa ao Iraque.

Foi assim que meu pai
teve permiss�o para imigrar.

Ent�o ele veio
com seu amigo su��o.

Eles conheciam algu�m
no kibutz.

Meu pai tinha estudado
com Paul Klee e Kandinsky.

O sujeito perguntou-lhes
se sabiam desenhar

tratores e vacas.

O amigo su��o ainda se lembra
dos tomates do kibutz.

Tomates...

Rebecca, voc� est� a�?

Chegamos?

Voc� faz muitas
Klotskashes.

O que � isso?

S�o perguntas dif�ceis.

� como esse rapaz
que vai at� o rabino.

Ele diz: "Me ajude, meus pais
querem que eu case."

"E ent�o? Case-se".

"Mas eu n�o quero me casar,
quero viver, me divertir."

"Ent�o n�o se case."

"Sim, mas meus pais s�o velhos.
Eles querem netos."

"Ent�o case!"

"Sim, mas eu n�o quero filhos
por enquanto, quero me divertir."

"Ent�o n�o se case."

"Mas se eu n�o me casar,
n�o terei dinheiro. A heran�a."

- "Ent�o case.
- "Mas por outro lado..."

Voc� sabe o que disse
o rabino?

- "Converta-se."
- "Por que?"

"V� at� o padre e lhe d�
essa confus�o!"

Chegamos.

Zona franca.

O que voc� me diz disso?

Voc� trabalha com carros usados?

N�o. Carros blindados.

Vendemos carros blindados
ao nosso parceiro americano

que os revende aos iraquianos.

Eu imaginava alguma coisa
um pouco mais rom�ntica.

Lamento decepcion�-la.

Imaginava camelos
e dunas de areia.

Eu n�o iria dirigir tantas horas,

n�o deixaria minhas filhas e meu marido

se n�o tivesse
um encontro t�o importante.

Est� aberto!

Em ingl�s, por favor?

O escrit�rio est� fechado.

Sim, mas sou eu.
Procuro o americano.

Quem � voc�?

Falei com voc� ao telefone
em �rabe, em ingl�s.

Sou Hanna. Hanna Ben Moshe,
a mulher de Moshe Ben Moshe.

Moshe n�o vem?

N�o, mas eu estou aqui
para pegar o dinheiro.

- Entre.
- Obrigada.

Venha, Rebecca.

Vou pegar o dinheiro, ok?

N�s nos falamos h� pouco.

Eu disse
que ele estava atrasado.

- Ela � sua filha?
- N�o, � uma amiga.

Ela � como se fosse da fam�lia.

Obrigada.

Voc�s devem estar muito cansadas
ap�s essa longa viagem.

Sim.

- Aceita um ch�?
- Por favor.

Para mim n�o, obrigada.
N�o � kasher.

- Kasher?
- �, como dizem os rabinos.

Rebecca, n�o se meta.
Isso � somente entre eu e ela.

Eu fa�o bastante a�ucarado.
Espero que goste.

Gosto de a��car, mas n�o quero
por causa do meu regime.

O que voc� disse?

Se voc� escutasse tudo que se diz sobre
o a��car, ningu�m tomaria.

Tem raz�o. Vamos beber.

Fa�amos um brinde.

Sa�de.

- Cigarro?
- N�o, obrigada.

Desculpe...

- Um cigarro?
- N�o, n�o.

- Qual o seu nome?
- Leila.

Leila, eu n�o vim beber
ch� nem fumar cigarros.

Vim a neg�cio.

Vim ver o americano.

Onde est� o americano?

Ele n�o est� aqui.
Ele est� doente.

Doente?

Onde est� Moshe?

Doente?
Moshe tamb�m est� doente.

Ok. � parte ele estar doente,
onde ele est�?

- Voc� � de onde?
- De Nova York.

Francamente...

Desculpe. O que � isso aqui?
A National Geographic?

- O qu�?
- Como o qu�?

Eu vim falar de outra coisa.

- Voc� � de onde?
- De Israel.

- E antes?
- Antes de Israel?

De Auschwitz. Meus pais
vieram de Auschwitz.

Meus pais s�o da Palestina.

N�o brinque!
Eu conhe�o os palestinos.

- Como voc� os conhece?
- N�s temos estufas.

- Estufas?
- Onde se cultiva flores.

- N�s tamb�m, temos um s�tio.
- Verdade?

Criamos camelos, vacas, cabras,
at� mesmo burros.

Eu tamb�m tenho um burro,
Moshe, meu marido.

Ok, Leila. Ou�a, minha linda.

Eu n�o vim aqui para disputar,
eu n�o conhe�o voc�.

Beba seu ch�.

N�o me d� ordens.
Olhe para mim um segundo.

Voc� sabe do que estou falando.
Voc� me deve 30.000 d�lares.

Eu sei.

Ent�o eu quero falar
com o americano

Posso fazer uma liga��o?

Obrigada.

Al�, Moshe.

Sim.

N�s chegamos.
Estamos na zona franca.

Estou com a nora
da Sra. Breitberg.

Eu n�o tinha escolha.
N�o podia abandon�-la.

Sim, est� tudo bem. Houve alguns
contratempos. Nos perdemos.

N�o vou partir sem o dinheiro.

Esta vez � a Jihad.
N�o, n�o.

Vai ficar tudo bem.
N�o se preocupe. Tchau.

Rebecca, pode nos dar um instante?

Ent�o, Leila?
O que ele disse?

Que voc� est� atrasada.

Eu sei, mas eu telefonei
para dizer que chegaria atrasada.

E eu pedi
que ele nos esperasse.

Ele n�o est� aqui.

Eu notei!

Ou�a.
Qual seu nome? Eu esqueci.

- Leila.
- Ou�a, Leila.

Eu dirigi oito horas na estrada
e eu deixei

um marido doente e tr�s crian�as.
Eu vim recuperar meu dinheiro,

n�o para ouvir voc� dizer
que eu estou atrasada, ok?

N�o fale assim comigo!
Faz horas que estamos esperando.

voc� faz toda essa hist�ria
porque voc� veio de Israel?

Israel ou n�o, eu vim pegar
meu dinheiro. Ele me deve U$ 30.000

e eu quero ver o americano,
entendeu?

Eu disse que ele n�o est� aqui.

Eu quero meu dinheiro.

- Onde est� o dinheiro?
- O dinheiro n�o est� aqui.

Onde ele est�?

- No banco.
- � mesmo?!

Em Israel tamb�m colocamos
o dinheiro no banco.

Voc� quer me dizer que esperava
meu marido para lev�-lo

ao banco para buscar o dinheiro?

Ent�o, onde est� o dinheiro?

- Walid foi busc�-lo.
- Quem � Walid?

- O filho do americano.
- Onde est� o filho do americano?

Quando volta o filho
do americano?

Eu n�o sei.

Sou como voc�.
Estou esperando por ele.

Ou�a, Leila. Eu n�o sei quem
voc� �, quem � esse Walid.

N�o estou interessada em saber
quem � Walid e quem voc� �,

mas eu sei uma coisa:
o americano � nosso s�cio,

ele nos deve dinheiro
e eu quero v�-lo. Entendeu?

N�o o vemos h� meses.

Ele quer ficar sozinho.
Ele est� em casa.

Ent�o leve-me at� ele.
Eu quero v�-lo.

Diga-me onde ele mora
e eu irei.

Voc� n�o saberia ir.
Eu vou acompanhar voc�s.

Leve-me at� ele,
eu te pe�o.

Siga-me.

Obrigada.

Rebecca, v� com ela,
eu te sigo.

Seja gentil, Leila.

Ela vai com voc� e eu sigo voc�s, ok?

- Ok.
- Obrigada.

N�o se ofenda com Hanna.

Ela n�o tem uma vida f�cil.
Mas � uma boa pessoa.

Sim, mas isso n�o �
jeito de se comportar.

- Ela � um pouco grossa.
- Um pouco.

Pode me dar um cigarro, por favor?
Na minha bolsa.

Acendo para voc�?

Se n�o se importa.

Voc� fala hebraico?

Um pouco. Algumas palavras.
Tento aprender sozinha.

- E voc�, fala �rabe?
- Sei um pouco de �rabe.

Muito bem! Voc� aprendeu onde?

Na universidade.
Sou caloura.

� muito importante aprender
a l�ngua do seu inimigo.

Pena que os israelenses
n�o falem �rabe

como os palestinos
falam hebraico.

Se fosse o caso,
as coisas seriam diferentes.

Falando no inimigo,
n�o estou vendo-a.

Ah n�o! Vamos dar meia volta
e procur�-la.

- Eles nos viram?
- N�o se preocupe.

- Quantos anos voc� tem?
- 23 anos.

Eu poderia ter um filho
da sua idade.

- Mas...
- N�o pude.

L� est� ela.

Ela � boa.

- Voc� sabe como fazer?
- Sim.

Isso n�o vai ser f�cil.

Sim, continue.

Continuar?!
� dificil!

Deixe que eu fa�o.

Vou te ajudar.

� o lado certo?

No outro sentido.

Espere, espere.

N�o, n�o, venha.
Assim.

- Por que voc� � t�o segura de si mesma?
- Eu n�o sou.

Sim, voc� �.

Vamos. Fa�a.

Pronto.

Hum...

Agora, aproximamos...

Ufa. Obrigada, Leila.

H� fogo...

Esse louco colocou fogo no s�tio
e nas casas.

Eles destru�ram tudo.

- O que eu vou fazer com ele?
- Onde ele est�?

Ele est� com os outros.

O que eu vou fazer com ele?
R�pido, salvem os animais!

Est� satisfeito agora?

Est� orgulhoso agora?

R�pido!

Est� contente agora?

� isso que voc� queria?

Voc� est� bem arranjado agora.

Como devo falar com voc�?

Eu coloquei fogo para que
voc� possa acender teus cigarros.

Eu n�o trabalho h� dois anos
para tentar te entender.

- Ningu�m consegue se compreender.
- Eu gostaria de poder te compreender.

Voc� n�o pode me entender.

Voc� deve encontrar uma solu��o
para o seu problema

porque voc� � a vergonha
de todo vilarejo.

- Voc� deveria ter vergonha, Walid.
- Ou�a, papai.

N�o me deixe nervoso.

Eu coloquei fogo no vilarejo
e eu queimaria ela tamb�m.

Cale-se!

Voc� passou dos limites, monstro!

Samir, acalme-se.

Rebecca, o que est� acontecendo?

Rebecca, o que h�?

Rebecca, o que � esse fogo?

Ela est� sozinha.
� preciso ajud�-la.

N�o, eu n�o me mexo.
Suba no carro.

- Ela est� sozinha.
- N�o estou gostando disso.

Estou com medo, suba no carro.
Precisamos sair desse lugar.

- Para ir onde?
- Para outro lugar.

Eu n�o quero ficar aqui.

- Precisamos ajud�-la.
- N�o!

Eu n�o vou!
Vou ficar no carro.

E voc� fique tamb�m, Rebecca!

Eu n�o pude salvar nada.

Walid, Walid!

Quem fez isso?

O filho do meu marido, Walid.

Ele n�o gosta do seu pai
porque ele vive no passado

Ele n�o me ama porque ele
n�o gosta do que eu represento.

Minha sogra tamb�m
n�o gostava de mim.

Ela achava que eu n�o era um bom exemplo.

Mas Walid...

N�o importa.

� bom que ele tenha posto fogo.

Eu tinha planos de mudar mesmo.

De mudar o passado.

Eu farei isso.
Sim, eu farei.

Sim.

Eu o encontrarei.

Trarei-o de volta.

Samir me ajudar�.

� um homem bom.

Eu odeio viol�ncia.

Odeio o fanatismo.

Eu me lembro quandos nos
expulsaram do Sinai,

depois de ter deixado Yamit,

n�s fomos para Neguev.
Eu disse a Moshe:

"Basta, Moshe."

"Vamos cultivar flores,
export�-las para a Europa."

"Vamos ganhar nossa vida."

Est�vamos nas flores quando
estourou a primeira Intifada.

Os palestinos n�o vieram
mais trabalhar.

As flores morreram.

Ent�o empregamos tailandeses.

Para nos ajudar nas estufas.

Depois houve o desemprego
em Israel.

A pol�cia da imigra��o
chegou

e as flores morreram.

Ent�o Moshe disse: "Os turistas!
Essa � a solu��o."

Ele comprou um t�xi.
Investiu nisso.

A segunda Intifada estourou.
Os turistas n�o vinham mais.

Ent�o Moshe me disse:
"Quer saber, Hanna?"

"O que � certo em Israel
� a Intifada e a guerra."

Ent�o que ideia ele teve?

Fabricar carros blindados
para vender aos �rabes.

Entende, Rebecca,
� preciso ganhar a vida...

� preciso sobreviver.

Eu estou exausta, Rebecca.

Eu gostaria de fechar
os olhos um pouco.

Descansar.

Eu tinha dez anos
quando o esculpi.

Afora eu, quem se lembra?

Sobre as colunas, havia um teto
feito de ramos de palmeiras.

Isso fazia sombra e impedia
a �gua de evaporar.

A �gua corria nas fossas at�
as palmeiras.

depois nas hortas.

No dia em que eles encontraram �gua,

um dos oper�rios veio gritando
"venham ver!"

Eles foram ver o homem, claro.

"Venham ver!"

O homem mal conseguia caminhar.

O oper�rio precisou carreg�-lo.

Quando eles chegaram,
estavam todos de p�

ao redor do buraco, em sil�ncio.

O homem teve medo.

Ele pensou que tinha
acontecido uma cat�strofe.

Eles se afastaram
para lhe permitir olhar

e eles lhe deram
uma corda e um balde.

Era �gua fresca.
�gua pot�vel.

A not�cia se espalhou pelos campos
de refugiados e nos vilarejos

que no palmeiral
o homem tinha encontrado �gua

e construiu casas
para os �rf�os.

Todo mundo veio.

Dezenas de crian�as
que esperavam ser escolhidas.

O homem s� podia pegar
cinquenta dentre centenas.

Eu era o cinquenta e um.

Eles me colocaram diante
da entrada da casa.

Uma faixa de pedintes colocados
diante dele,

lhe disseram:
"Tome-o tamb�m."

E o homem respondeu:
"Eu n�o posso,

"eu j� tenho cinquenta
e as casas est�o cheias."

As pessoas partiram.

Ent�o ele sentou-se perto de mim,
e ele me tomou tamb�m.

Um dia, n�s est�vamos sentados
ao redor dele.

Ele perguntou a uma das crian�as:
"Voc�, gostaria de cultivar o qu�?"

A crian�a respondeu:
"Tomates."

"E voc�,
queria cultivar o qu�?"

"Eu? Beringela,
feij�o, cebola,

"alho e melancia."

Ele me vestiu, me alimentou,
me educou.

Me ensinou a ler,
a escrever, a contar.

Nessa terra �rida,
havia de repente

frutas, legumes,
frango

at� o dia em que eles chegaram
e destru�ram tudo.

Quem?

Nos campos e
vilarejos vizinhos,

eles diziam: "N�s sofremos.

"N�s perdemos nossas casas.

"N�s queremos
reencontrar nossa p�tria.

"Esse homem esquece quem ele �."

Ent�o eles vieram,
nossa carne e nosso sangue,

e eles destru�ram tudo.

Algumas crian�as partiram para
o campo e os vilarejos,

mas eu fiquei.
N�s reconstru�mos nosso s�tio.

E nossos legumes eram ainda maiores,
e nossas casas ainda mais belas.

O tempo passou e em 67,
os tanques chegaram.

- Que tanques?
- Os tanques israelenses.

E eles come�aram a atirar.

Na manh� do terceiro dia da guerra,
n�s fomos ver.

Os canais destru�dos,
as casas incendiadas.

O que voc� faria no nosso lugar?

Eu n�o sei.
Eu teria partido, com certeza.

Sim, n�s partimos.

Depois eu fui para
um campo em J�nine.

N�o longe daqui.

Um dia, ap�s a guerra,
um oficial israelense veio

com uma oferta do governo
arranjada com os americanos:

Era uma passagem de avi�o para Houston.

- No Texas?
- No Texas.

Com a promessa do consulado
de conseguir trabalho

e um alojamento para
aqueles prontos a partir.

Eu subi no avi�o.

Nos deram U$ 200
para come�ar uma vida nova.

Mas l�, ningu�m nos esperava.

Eles tinham mentido
para se livrar de n�s.

Eu n�o queria passar minha vida

odiando os outros
por seus pecados.

Eu encontrei trabalho
com autom�veis.

Vinte e cinco anos se passaram.

Eu quis rever meu vilarejo
natal e voltei

com um passaporte americano
e fiquei.

Ent�o voc� � o americano?

Sim, mas eu n�o sou
um americano,

mas um palestino.

Walid brigou com seu pai
e colocou fogo.

- Acho que ele partiu com
seu dinheiro. - Meu dinheiro?

Acho que ele cruzou a fronteira.

Ele acredita que pertence ao povo
que vive nos campos.

- Voc� precisa me ajudar.
- Ent�o o que vamos fazer?

Eu preciso salv�-lo.
Ele � jovem e influenci�vel.

Ajude-me.

O que eu devo fazer?

Eu tenho visto. Posso passar
a fronteira com voc�, ok?

Por que devo me meter nos
seus problemas?

Porque voc� � uma m�e
e uma mulher. Voc� precisa me ajudar.

Suba.

Onde est� Rebecca? Onde est� Rebecca?

Sobre a colina.

Vamos busc�-la.

Tudo bem?

Vai ser bom, no fim da minha vida

Quando todos os amigos
falar�o de mim

Eles dir�o que eu fui
Eu e eu

Na gra�a
e na desgra�a

Sou algo mais, sou algo mais

Que algu�m diga o contr�rio

E eu desaparecerei sem dizer uma palavra

Eu me dispersarei no espa�o

Sem um mas e sem arrependimento

Um momento.

O dinheiro, Leila.

Antes do passaporte,
me d� o dinheiro.

Que dinheiro?

O dinheiro.

N�o pergunte que dinheiro.
Voc� sabe do que estou falando.

Voc� sabe muito bem,
o dinheiro que voc� nos deve.

Eu te disse
que eu n�o tenho o dinheiro.

Eu sei que voc� tem.
Olhe na sua bolsa.

O que ela quer?

Voc� sabe do que estou falando.
Voc� tem o dinheiro.

Voc� entrou na casa
para pegar alguma coisa, eu vi.

Eu te disse que eu
nao tinha o dinheiro.

Eu sei que voc� tem o dinheiro.

Foi Walid quem pegou o dinheiro.

Eu conhe�o essa hist�ria de Walid.
Eu sei que voc� tem o dinheiro.

Me d� o dinheiro.

Ele colocou fogo e pegou o dinheiro.

N�o acredito numa palavra
desta hist�ria. Est� entendendo?

N�o. - N�o me diga n�o.
Eu sei que voc� tem o dinheiro.

N�o me diga que voc� n�o tem o dinheiro.

Voc� estava conosco ontem.

Eu vi a casa queimando,
mas eu te vi entrar

e pegar alguma coisa.
- Walid pegou o dinheiro.

Isso n�o me interessa.

Voc� est� se repetindo. Eu n�o tenho o dinheiro.
- Ou�a bem.

Eu vou te dizer.

Eu vim buscar meu dinheiro
e vou peg�-lo.

Eu n�o acredito numa palavra!

Deixe-me passar para o outro lado
e eu encontro seu dinheiro.

Eu n�o acredito numa palavra!