All language subtitles for A Map for Saturday 2007

Então... Hoje eu vou avisar as pessoas do trabalho que eu estarei fora por todo o próximo ano

Torcendo para eles dizerem para eu voltar ao trabalho assim que eu retornar ao país.

E, obviamente, me perguntando se eles vão dizer:

"Foi bom te conhecer, tchauzinho..."

Eu decidi que, antes de me mudar, me casar, de ter filhos...

...eu preciso fazer algumas coisas

Então em 2005 eu passarei o ano viajando pelo mundo.

Que maneiro!

-Você vai passar o ano inteiro fora?
-Onze meses.

E você vai fazer isso sozinho?

Talvez em 50 ou 60 anos, eu estarei morto...

Eu quero dizer que eu vivi uma vida boa.

-Você nunca tinha viajado antes?
-Eu nem tinha saído da minha cidade antes.

Parece loucura você ter feito isso.

Parece agora, mas na hora era a coisa certa a fazer.

As pessoas dizem que sou sortuda.
Não é sorte, é atitude.

Eu estou disposta a largar tudo para estar aqui.

Eu tenho amigos morando a 20 quilometros de distância

O lance é que há todo um mundo lá fora, com diferentes culturas, diferentes pessoas...

Por que não começar uma carreira? Não é o que você deveria fazer?

Porque eu sou jovem agora.

Todos estão sorrindo, felizes, festejando,
bebendo, transando e tudo o mais.

Eu não estou pelada... Mas...

Não é como um grande feriado

Mas você precisa encontrar pessoas, encontrar um lugar para ficar...

...tem que se comunicar em uma lingua estranha.

Não é para todo mundo... Isso é certo.

É um modo de vida simples. Você leva tudo nas costas.

Os bens materiais não significam tanto quanto costumavam.

Isso é algo que você leva até o fim da sua vida.

Legendas pelo SACÍ VIRADO

TÁ ME ENTENDENDO, BANDIDÃO?

Eu acabei de largar meu emprego como um produtor de TV para mochilar ao redor do mundo...

E as respostas variaram...

Eu posso imaginar as pessoas do escritório falando,
enquanto você vai saindo pelo corredor...

Como uma onda no oceano, atras de você e ai...
"Lá vai o idiota!"

"Olha o idiota, olha o cara.... Era o cara que tinha tudo!"

Vai ser uns 20 quilos

"O cara que tá largando tudo..."

E aí, vão ficar se perguntando: "Por quê?"

Por que largar um emprego que eu lutei tanto para conseguir...

E não vou conseguir de volta...

Eu gosto de trabalhar como um jornalista esportivo

Gosto de viajar na primeira classe

E de ficar em hoteis 4 estrelas.

Gosto de morar perto do Central Park.

E, mesmo sabendo que é ridículo...

...eu gosto do meu estilo de vida que me permite cortar o cabelo em um salão que cobra 100 dólares por um corte.

Eu me vendo indo pelo caminho que termina com filhos, hipotéca...

...o mesmo emprego por 30 anos.

E não são coisas ruins, mas...

...não estou pronto para me comprometer com isso agora, e temo...

...que se não fizer as coisas que eu quero agora, não vou fazer nunca.

Eu tinha um bom emprego, e ganhava bem.

Mas depois de três anos e meio...

...me lembrei que dinheiro não é o que me faz feliz.

Eu ouço tantas pessoas mais velhas falando de como queriam ter tido a oportunidade de ver o mundo...

...e não queria me ver com 80 anos, presa à rotina da vida...

Bom dia... Preparada para a viagem?

Eu te levo até a porta.... Tenha um bom vôo.
E te vejo em breve.

Não vê não.

Eu estava no aeroporto... Meus amigos e minha família me levaram...

Eu estava passando mal, e me sentia horrível.

Então... Esse é o momento que eu me despedi de todo mundo....

E estou me dando conta que vou passar um ano sem ver ninguém que eu conheço.

Nós dois fizemos nossas viagens nessa idade.... E ainda penso muito nelas...

Mas essa é grande...

O sentimento no primeiro dia... Uma terça quente em Sidney...

É uma realização de virar o estômago sobre o que me espera.

É o primeiro dia, de um total de 350, e por um momento, no aeroporto de Sidney, começou a me desesperar.

Eu ainda não sabia onde estaria hospedado, e eu realmente não conhecia ninguém...

E a viagem está aqui...

...e eu pensava "Ah, meu Deus!, ainda tem um ano disso à minha frente.

Um ano é bastante tempo.

Como me senti no começo da viagem?

-Com medo...
-Só com medo.

-Eu estava animado
-Eu me perguntava: "O que estou fazendo?"

hmmmm... Eu estava de ressaca...

Bebi umas Heineken no avião...

Honestamente... Nós fomos para LA e eu não tinha nem cruzado uma faixa de pedestres até então.

Eu tive que ensinar à ela como fazer.

Era a ansiedade estar fora de casa por um ano, sem saber o que o próximo ano iria me trazer.

Na cozinha do hostel em Sidney, eu preparo macarrão para o jantar.

Tem dois pratos, não porque eu vou dividir com um amigo, mas porque eu fiz demais para caber em um prato só.

Além de controle de tamanho de porções, há muito a aprender no hostel.

Há os estranhos arranjos de dormir em beliches com oito pessoas no quarto.

E a inconveniente necessidade de tomar banho de chinelo,

para não pegar algum fungo de pé.

A primeira vez em um hostel pode ser um pouco assustadora

Como uma astraliana que eu conheci em Oslo que dizia "Eu não fico em hostels"

Essa coisa de compartilhar um quarto...

É chato quando tem gente que ronca, e gente que cheira mal

E a cozinha comunitária... como as 6:00 ou 7:00 todo mundo está na cozinha.

Nós tinhamos banheiros unissex...

Muitos cabelos nos ralos...

Você poderia odiar, mas você acabaria reclamando o tempo todo, então você aguenta e continua indo.

Nos primeiros dias em Sidney, há também uma sensação nova na minha boca, com a lingua seca e mandibula dormente.

Que vem de horas solitárias onde você não fala com mais ninguém.

No primeiro dia foi "Que legal, estou sozinho hoje!"

E no segundo dia "é... eu realmente estou sozinho agora..."

A primeira semana eu me perguntava o que estava fazendo,por que resolvi viajar, por que eu quis fazer isso sozinha?

Estavamos a duas semanas nos EUA e eu chorei uns seis dias sem parar.

Eu acordava chorando, ia dormir chorando, tomava banho chorando... .Eu estava tão assustada.

E liguei para o meu pai e disse que queria voltar para casa.

E ele disse "nãaaaooo"

É ótimo sair, e ir ver a Opera House

mas queremos ter alguém lá para dizer "Cara, olha a Opera House!"

Mas se você está lá sozinho, você bate uma foto e OK...

Você quer falar disso com alguém.

Mas mesmo sozinho na foto,

a Australia é o que eu esperava.

E o que você provavelmente imagina.

Existe uma cultura de bebedeira e uma escola de bumerangues.

Tem surf em janeiro porque janeiro é o meio do verão.

E se não há ninguém para ajudar a passar protetor nas suas costas, só significa que você tem que treinar sua flexibilidade.

E trabalhar em se manter positivo.

Mas então, depois do que parece um mês mas na verdade são quatro dias...

...o hostel faz um churrasco, juntando todo mundo no pátio.

Você experimenta uma profunda sensação de solidão, e você tem que fazer alguma coisa a respeito.

Você não tem muita escolha, porque você sai e repara que está por sí só...

...eu posso passar os próximos doze meses sozinho...

...ou posso fazer um esforço e conhecer as pessoas.

Eu não posso voltar para casa, eu tenho essa oportunidade e preciso aproveita-la.

No pátio naquela tarde, nós compartilhamos um churrasco mediocre.

Este é Hitch, um suiço recentemente divorciado de sua esposa.

Sabrina, uma alemã recem separada de seu namorado.

E Jens, que se separou de seu emprego no banco para viajar.

Todos me diziam "Você é louco, você tem um emprego tão bom, ganha um bom dinheiro..."

mas foi a decisão certa. Agora é a hora de gastar o dinheiro e viver a vida que eu quero viver.

Olha o que te acontece, você conhece alguém por três ou quatro dias e acaba se divertindo.

Se divertindo pra caralho.

Os alemães são péssimos em inglês e no Frisbee, como você pode ver.

Ao longo de uma semana, essa experiência foi de 'muito estranha' e intimidadora....

... para não só confortável e aprasível, mas...

...tipo... Ótima.

A Australia é quase do tamanho da porção continental dos EUA, então leva um tempo para ver uma pequena parte do país.

Você acaba passando bastante tempo em ônibus...

A menos que você decida se virar...

Jens resolve comprar um trailer de 25 anos...

...e nos convida a ir em uma viagem de 30 horas para Melbourne.

O motor fica embaixo disso, bem aqui entre nós dois...

então de vez em quando vai ficar 'quentinho'.

-Quem projetou isso?!
-Acho que foram os japoneses...

Este é o ar condicionado...

...como pode ver.

É engraçado, porque você acha que está nesta busca sozinho...

...e acaba cruzando com todas estas pessoas que estão fazendo a mesma coisa.

lAcho que você vai ter que dar um empurrão...

-Acho que você não deveria estar gastando energia nos limpadores de para-brisa...
-Ah, claro... Desculpe...

Mochilando, você acaba conhecendo os outros tão rapidamente....

...que você acaba sentindo uma conexão com o outro...

Este é o americano mais inteligente que eu já conheci...

...e eu sou o alemão mais inteligente que ele já conheceu.

Eu nunca conheci alguém tire tanto os olhos da estrada quanto você....

Tá com medo...

Acho que na minha idade, você não conhece mais gente tão espontaneamente...

...mas viajando, você não pergunta a profissão da pessoa. Não é a primeira pergunta.

É "De onde você é?" e "De onde você veio?"

É um jeito mais agradável de fazer amizade com as pessoas.

Eu acho que deveria olhar a estrada...

Me dá vontade de rir quando as pessoas dizem que não poderiam fazer o que eu estou fazendo...

Porque se você me visse em casa, jamais me imaginaria fazendo isso.

Nossos amigos disseram que iriamos desistir em seis semanas, e agora fazem 14 meses....

...e se eu posso fazer, qualquer um pode.

Em Melbourne e em qualquer outra cidade que você consiga imaginar...

E, provavelmente, onde você estiver agora...

...existem mochileiros.

Não foi sempre assim.

Mas esta forma de viajar está se tornando cada vez mais viável.

Graças à vôos internacionais baratos...

...e uma lingua comum, que para nossa sorte é o Inglês...

...e uma industria de guias e guias de viagens alimentando e se alimentando deste grupo...

O básico é fácil.

Você se acostuma a sentir fome, já que comer normalmente é caro, ou inconveniente.

Quando você come, ou é macarrão ou é refogado.

-O que você vai comer?
-Legumes refogados com galinha... O mesmo que eu comi a dois dias atras.

Você aprende a enrolar suas roupas, para economizar espaço. E a levar bem pouco.

Menos de três quilos de roupas, no meu caso.

Você aprende a dormir nos dormitórios, mesmo que sempre esteja entrando alguém... Ou saindo.

Não é como férias, onde você está correndo para tantos museus ou praias quanto você consegue.

Parece mais um final de semana.

Você não precisou ir trabalhar hoje... E não precisa ir amanhâ.

Então fica acordado até tarde... E dorme até tarde no dia seguinte...

E, quando finalmente acorda, até onde te interessa, ainda é sábado.

E uma manhã, você acorda.... E tem uma namorada.

Como eu acho que sempre acontece, nesse tipo de situação...

...acontece rápido... E parece ser mais do que realmente é.... mesmo que você saiba que só parece.

-Você se apaixona de forma diferente quando você está viajando?
-Definitivamente, é mais forte...

...porque você tem tempo, não está trabalhando,
não tem outras coisas para fazer...

...você acaba sendo mais real... É tudo que você tem para oferecer.

Sim, seus relacionamentos acontecem bem mais rápido.

Eu tive essa garota, que fomos de apaixonados, para casal, para "você está me enlouquecendo, temos que nos separar", em quatro dias.

Vocês lidam um com o outro, 24 horas, sete dias por semana....

Desliga a câmera, e vamos para casa...

E é complicado, em um relacionamento. Acho que se você consegue se manter em uma grande viagem, então você consegue se manter para sermpe.

Depois de um mês, Sabrina está se esquecendo do namorado...
E nós evoluímos de dormitórios para quartos de casal.

Mas os únicos quartos em Noosa, no dia dos namorados....

...parece projetado para três.

Acho que é um quarto para três, e se alguém quiser essa cama, seremos três...

Então você acha que alguém... Ela poderia vir dormir com a gente?

Ela... Ou ele...

-E isso te incomoda um pouco?
-Não... Se for um cara legal...

Você se sente diferente, desde que você começou a viajar?

Sim, eu espero me sentir diferente, e acho que estou no melhor caminho para pensar diferente.

Não... Eu penso diferente agora... E é bom para mim.

O que é diferente?

Eu não sinto falta dele.

E então... Rápido como começou, acaba.

-E amanhã?
-Eu vou sentir falta de outra pessoa, eu acho.

Sabrina e Jens tem mais um ano na Australia, mas as minhas seis semanas acabaram.

Para você, e para mim, talvez essas duas primeiras semanas sejam a melhor parte da viagem.

Você tem alguém que é todo o seu mundo... E eles se vâo...

Mas essa é a vida dos mochileiros...

A parte mais triste são as pessoas..... As pessoas que você está sempre deixando para trás.

A parte mais difícil de viajar é dizer 'adeus' para as pessoas, eu acho.

Por que você pode fazer grandes amigos... E aí... Se separam...

E talvez nunca mais os veja... Isso é estranho.

Sua vida de mochileiro é dividida em partes, entende?

Você faz parte de uma parte, e é difícil de despedir.

Eu tenho que seguir, você tem que seguir. E temos que esperar que nos veremos de novo.

Mas, claro, não nos vemos mais.

E eventualmente, os e-mails não são mais respondidos.

E tudo que você sabe é que por um curto tempo, foram melhores amigos.

E esse tempo passou.
E agora você está sozinho.

A caminho da Asia.

Bangkok, por enquanto, não é tão divertida.

Acho que quando você está com as pessoas certas, em qualque lugar você consegue se divertir, mas não se estiver sozinho.

Na Australia você tem ar condicionado, não tem bichos na cama...

...boas camas, bastante gente.
Aqui é mais complicado.

A lingua é diferente, a cultura é diferente, as estradas são diferentes.

Se você vai à um banheiro público, então você tem que esperar um lugar realmente imundo.

Leva um tempo para se acostumar com os sanitários de se agachar.

Inicialmente, foi estranho. Mas depois de um tempo...

fica bem, você se acostuma a não usar papél higiênico, a usar o chuveirinho...

Não gostamos, mas você deixa de se importar.

Para viajar na Ásia, você precisa se ajustar.

Você precisa ter mais paciência, se adaptar ao estilo asiático de viajar.

Olha as estradas. Eu achei que seriam muito loucas, e não me decepcionei.

Tem todo mundo vindo de todos os lados, e ninguém espera ninguém, então você só continua andando no seu ritmo.

Em Saigon, vinte pessoas morrem todos os dias... E com esse transito, talvez seja um número bom.

A rota de mochilão do sudeste asiático é bem usada.

Passa pelo Vietnã, onde os agricultores aram o campo e os barcos cruzam a Baia de Ha Long.

Passa pelo Laos, por tempo suficiente para qualquer viajante de respeito aprender que o S no final da palavra, é mudo.

Entra para o Camboja, onde há o templo de Ankor Wat, um enorme complexo de templos antigos.

É onde Angelina Jolie gravou Tomb Raider.

E meu amigo Jason quase encontrou seu destino.

Mas a trilha começa e termina em Bangkon, Tailândia, onde a maioria dos mochileiros começa sua viagem.

E primeiro se deparam com a viagem na Ásia.

-Por que você está olhando o mapa?
-Porque estamos fazendo um caminho bem circular pela cidade.

-Estamos no relógio...
-E como estamos indo? Ah, está subindo bem rápido.

Para chegar aqui, estamos vindo aqui.

Então este é o caminho rápido para Soy Tu?

Isso é rápido? Porque Soy Tu fica a 2 km de distância, e já dirigimos 5 km.

Então é um caminho mais longo.

Opa, um acidente. Melhor não falar enquanto ele está dirigindo.

O lado bom é que estamos evitando o trânsito.

Mesmo quando te enrolam aqui, não te enrolam em muito.

Com uns dois mil doláres, você consegue viver aqui vários meses, gastando uns vinte dólares por dia.

Ouvi de pessoas que passam com dez.

Uma das razões que o sudeste asiático é tão popular, é porque é muito barato.

Então, hoje, eu e Kim, se ele baixar o livro...

...vamos registrar nossas atividades e gastos em um dia típico.

E o primeiro é nosso adorável quarto, que nos custou cinco dólares.

É um passeio meio molhado, e meio sacudido, mas é parte do passeio, mas é dois dólares para cada, que eu acho barato.

Está chovendo bastante agora.

Então estamos olhando o tigre, e bebendo Ice Tea, que é outro gasto.

Ele pegou no meu pé... Olhe...

Estava cantando Eye of the Tiger. Eu também não gosto, não culpo ele.

É hora do almoço na cachoeira, e estamos comendo sopa de bife, e bebidas.

e, de novo, estou mais barato que o Kim, o dele é 5.000 pela água de côco, mas só 40 cents pela garrafa de Pepsi.

-Cala a boca, é mais caro que isso....
-Não, a lata é 60 cents, mas a garrafa é 40.

De novo!

-Está aumentando o seu.
-Eu sei.... Mais 20 cents.

Lavanderia, mais dois dólares.

Tivemos que chegar o e-mail, que nos custou 2.000 kips. Ou 20 cents.

Peixe de novo?

Vamos beber uma cerveja.

Mais um dólar. Saúde.

-Então... Que dia é hoje?
-Hoje?

Hoje é....

Segunda! Não...

Sei lá. Eu tive que comprar um relógio para o dia e a hora, porque ficara aparecendo na rodoviária nos dias errados.

Não só o dia, mas onde... Que país eu estou? Que cidade é essa?

O que eu vim fazer aqui?

Depois de meses sem nenhuma responsabilidade....

-Já teve páscoa na praia antes?
-Definitivamente não.

Quando até a páscoa parece cair no sábado...

Você fica com vontade de fazer algo produtivo.

Pouco depois do Tsunami no sudeste asiático, o que muitos mochileiros fazem é pegar um barco para Ko Phi Phi, Tailândia

A ilha era uma grande atração turistica, especialmente depois que o filme de mochileiros A Praia foi filmado aqui.

Mas Phi Phi foi atingida forte pelo Tsunami, e ao nos aproximarmos da ilha onde 2.000 pessoas perderam suas vidas, ninguém sabe bem o que esperar.

Muitas pessoas disseram para não vir, que não tinha sobrado nada, que não queriam gente aqui... Eu quis ver eu mesma.

E quando a balsa chega na doca, o que nós encontramos, quase três meses depois da onda...

É devastação total.

É impressionante os danos.

Me lembra fotos de depois da guerra, onde não sobrou nada.

Neill Dodson estava caminhando pelas ruinas, dois meses após o desastre.

Quando uma senhora pediu ajuda para limpar a rua na frente da sua lojinha de souvenirs.

Eu achei que ela estava louca, abrindo a loja quando só tinha um pessoal limpando as ruas.

Então limpamos na frente da loja e continuamos limpando a rua.

Enquanto Neill e sua namorada continuaram limpando, foram se juntando um fluxo de mochileiros curiosos.

E duas pessoas vieram nos ajudar... E mais duas...

Saimos do barco, fomos para o hotel. Estavamos aqui a 25 minutos e começamos a trabalhar aqui.

É legal, todo mundo chegando e se dispondo a trabalhar.

Se sujando e tentando ajudar.

Parece que se você não estiver ajudando, você não merece estar aqui.

Então, ajuda ou vai embora.

Ninguém é de nenhuma organização, estão de férias e ajudando.

Não existem organizações aqui.

Nenhuma.

Somos a organização, um bando de mochileiros.

Por que isso acontece não é claro, mas muitos dizem que o governo está tentando expulsar os moradores de suas valiosas casas na beira do mar.

O slogan pintado nesta parede é direcionado ao governo.

Diz "Se vocês não vem nos ajudar, não nos atrapalhem."

Residentes como Ed recebem mais ajuda dos viajantes que do governo.

Os turistas me ajudam, ajudam Phi Phi.

E Tailândia não é bom. Não ajuda. Turistas ajudam.

Os rumores é que os moradores da praia terão que sair para os morros, para abrir espaço para um mega resort.

Mas não há anuncio oficial, então pego um barco para o continente.

Coloco meu chapéu de jornalista e minha camisa de uma cor.

E digo ao governador o que eu ouvi em Phi Phi.

Dizem que no continente, foi feito muito trabalho, é quase como era antes do Tsunami.

Mas olhe aqui em Phi Phi, e a razão para isso...

...é que querem que fiquemos sem dinheiro e tenhamos que vender nossas casas.

Acho que isso é um muito mal entendido.

Queremos as pessoas de Phi Phi de volta lá.

Mas numa situação melhor. Mais segura. Mais bonita.

Mas precisa tempo.

Mas os residentes estão impacientes. Esperaram três meses e agora pedem para esperar mais dois.

Receberam 50 dólares por pessoa em dinheiro de ajuda.

E 500 por negócio, e é difícil viver cinco meses com isso.

Então moradores como Ed reconstruiram suas casas.

E voltaram a vender suas panquecas aos poucos estrangeiros que retornam à ilha.

Mas ele mora a 30 metros do mar, e quando o governador me mostra duas opções para a reconstrução de Phi Phi

Ambas exigem que as pessoas da área saiam.

Conto-lhe de Ed.

Seu nome é Ed, e ele vende panquecas do lado da praia na estrada.

Então ele terá que se mudar.

Aqui?

Bem aqui.

-A casa dele ainda está aqui?
-A casa estava destruida, e ele reconstruiu.

Se ele estiver a 30 metros da água, vai ter que se mudar.

E se as pessoas não quiserem se mudar?

É perigo para suas famílias. Ninguém sabe um Tsunami acontece de novo.

Ninguém sabe o que vai aocntecer.

Cansam eles até eles ficarem frustrados e desistirem.

Eu nunca forço as pessoas a sair.

Mas precisa tempo.

As pessoas precisam de ajuda. E tem recursos tão limitados, especialmente nesta ilha.

Que podem aproveitar qualquer mão que apareça.

Precisamos continuar, se desistirmos então perdemos.

Não vamos desistir, porque podemos ganhar.

Como diz o clichê das viagens, existe o resto do mundo...
E existe a Índia.

Primeiro que tem muitas pessoas... Parece o centro de Manhattan.

Mas isso em qualquer grande cidade. E tem camêlos andando pela rua.

E eu estava achando que a Austrália era desafiadora, dormindo na van com o Jens e a Sabrina.

Mas agora todas as paradas anteriores estão parecendo um treinamento.

Parecem a série B do mochilão, e agora eu estou no jogo grande.

Mas quando me encontro com Christian, um alemão dando aula no Sri Lanka por nove meses

O que descobrimos é que, ao mesmo tempo que todo mundo parece querer alguma coisa de você...

Que é quase sempre

Eles sempre dão algo em troca.

Por uma chance de brincar com sua câmera, eles deixam você entrar no jogo de Cricket.

E mais que em qualquer outro lugar, sempre há estranhos nos convidando para suas casas, nos dando um lugar para dormir e comida para comer.

Você tem diferentes tipos de pessoas... Por um lado há os Touts.

que vão sempre tentar pegar seu dinheiro, ou te enrolar.

Por outro lado, sempre te oferecem ajuda.

É muito bom, gente muito amigável.

Aqui estamos no Taj Mahal.

É muito parecido com o que vemos nas fotos.

Das exóticas margens do rio atrás do Taj Mahal

Christian e eu tentamos ir para Leste de Agra.

Mas a Índia é onde os planos vão para morrer.

E conseguir uma passagem de trem se mostra difícil.

Estamos jogando o jogo favorito dos viajantes na Índia,
"Fomos enganados?"

Estamos tentando conseguir as passagens em um trêm para Allahabad

E pagamos a passagem... E parece que o 'agente de viagem'.... agente de viagens temporário... Parece que não está mais por aqui.

E agora nos perguntamos como pegamos nossas passagens.

Quando vamos ao seu escritório pegar as passagens...

O agente de viagens sumiu.

Parece que esses anéis e coisas estão largados aí há anos.

Parece um lugar usado pra várias coisas.

É difícil saber se esconder a câmera ajuda,
mas quando voltamos, meia hora depois

Nosso agente retornou.

Ah, nossas passagens! Que beleza!

Não se preocupe. Você tira minha foto. Sem problema.

Você tira foto, não se preocupa porque eu não te engano.

Então você deve confiar nessa passagem, ok?

Se as passagens não são boas, pode voltar aqui.

Muito obrigado!

Mas claro, não há como ir ver nosso agente quando as coisas dão errado.

Nossas passagens se mostram erradas, só nos levando por metade do caminho.

Perdemos nossa cabine, mas o bilheteiro nos deixa ficar nos assentos abertos pelo resto da viagem.

Temos que dividir o banco... E eu tenho certeza que nunca vou comprar uma passagem assim.

Existem algumas coisas na Índia que você simplesmente não entende.

Por que há elefantes andando pelas ruas?

Por que, no calor de 40 graus, está todo mundo usando calças compridas?

E existem coisas que você acha que entende.... Mas não.

Essa pilha de lenha é para queimar, mas para queimar corpos ao longo do Gangees.

Que não é nem chamado Gangees, é Ganga.

E, enquanto a homossexualidade é tabu, o tempo todo você vê homens de mãos dadas, é um sinal de amizade.

As vezes a situação me lembra que sou nascido em um país ocidental.

E de uma forma eu consigo me adaptar à
uma cultura diferente, mas só até certo ponto.

As vezes há um certo luxo que eu sinto falta.

Ter um banheiro bom, ou um lugar limpo para dormir.

Mas quatro meses vivendo de uma mochila diminuem a necessidade de luxo e apagam padrões antigos.

Quando um motorista te cobra 80 rupias por um passeio que deveria ser 40, você briga por esse dólar como se fosse importante.

Uma lógica estranha, talvez irracional, te convence que uma refeição de 75 cents...

É cara.

E quatro meses vivendo de uma mochila convenceram Christian e eu

Que mesmo as bordas do mundo desenvolvido é menos estranha do que imaginamos.

Quanto mais você vê do mundo, menos exótico vai ficando.

Você passa a perceber que a diferença entre países é menor do que você esperaria que fossem.

Só após muito debate, nós dois entramos na fila para comprar uma perigosa passagem para o Nepal.

Rebeldes maoístas levam o país à beira da guerra cívil, e os turistas estão evitando o Nepal.

Principalmente depois de dois turístas russos serem
mortos no meio do fogo cruzado.

Mas nos fazemos a viagem de 12 horas de qualquer jeito, e depois de entrar no trêm errado e pular quando estava saíndo da estação

-Já havia pulado de um trêm antes?
-Não.

Cruzamos a fronteira da Índia com Nepal, para uma aduana vazia.

Mas logo que chegamos, Christian tem que partir.

E eu estou sozinho de novo.

No mais estranho e bonito lugar até agora.

Então... Os Himaláias estão, oficialmente, me detonando.

Acho que é enjoô de altitude, me deixando com uma enorme dor de cabeça.

E parece que vou vomitar

E temos que caminhar cinco ou seis horas pelos próximos cinco dias.

A dor de cabeça diminuí, enquanto eu desço com meu guia pessoa, Yuba.

Um estudante em férias.

Não há mais ninguém no nosso grupo, porque quase não há outros turistas no país.

Na nossa caminhada de uma semana pelo Nepal, normalmente somos os únicos hospedes nas hospedarias.

E compartilhamos a trilha só com os burros.

Havia muitos turistas no ínicio, as hospedarias estavam sempre cheias. Mas depois do problema político...

Não há mais turistas, porque os Maoístas fazem muita violência.

Os turístas pararam de vir em 2001, ano que a família real foi massacrada.

E o novo rei pouco popular, que os boatos dizem que teve uma participação no massacre

eliminou liberdades no país num esforço para sufocar a rebelião Maoísta.

A democracia Nepalesa também não inspira muita confiança.

Todos estão brigando por poder.

Então houve pouca discordância quando foram realizadas eleições, dois meses antes da minha chegada.

Estamos numa jaula, temos muita tensão.

Krishna, que é dono de uma livraria, fica em cima do muro na frente das câmeras

Você apoia algum dos lados?

É difícil dizer.

Não falamos sobre o exterior. Se falamos de Maoístas, sobre Rei, sobre política, talvez perigoso para nós.

Mas o que as pessoas falam, são sobre os
sonhos interrompidos pelo impasse político.

Raja, um vendedor de tapetes, formado na universidade com um diploma em Química, mas foi forçado a parar seus estudos.

Devido à problemas financeiros com minha família,
precisei sair para ajudar o meu pai.

E agora, vendendo tapetes por sete anos, ele está bem ciente da distância entre a loja e seu campo de estudos.

Quimica Orgânica e vender tapetes e enfeites... Acho que não tem muito a ver com química orgânica.

Duas coisas bem opostas.

Mas acabei de te dizer a razão.

Gostariamos de fazer muitas coisas com
nossas vidas, mas não temos o jeito.

Agora tenho 25, eu gostaria de fazer um monte de coisas.

O problema é dinheiro.

Em um país onde o trabalhador médio ganha 300 dólares por ano

É claro o que eu sou... Um ocidental mimado.

E não consigo explicar porque larguei um bom emprego em um país estável.

Não era um bom salário?

Não, era um bom salário.

Mas você quer, talvez, mudar de emprego.

Eu faço seu emprego, você faz o meu emprego.

Acho que não queria ter um emprego.

-E agora eu estou viajando.
-Certo. E agora você quer relaxar.

O Nepal é um lugar perigoso, se você for Nepalês.

Os toques de recolher se mantêm...

Mas ironicamente, ninguém está mais protegido aqui que os ricos turistas brancos.

Que podem ignorar o toque de recolher com segurança.

Mas Raja e Krishna não contam mais com o dinheiro dos turístas

Porque chega tão pouco agora.

Todos no extêrior, por favor notem essa coisa.

E tentem visitar essa parte do mundo, porque as pessoas estão sofrendo aqui.

Precisamos de vocês aqui.

Mas como os sobreviventes do Tsunami em Ko Phi Phi

Os Nepalêses gostariam da ajuda do mundo....
Mas estão se virando sem ela.

Eu vi uma lista de economias do mundo, e vi meu país, não no fundo, mas só alguns países e então o Nepal.

E não é bem assim, porque se você ver o país, as pessoas estão vivendo suas vidas bem.

Porque as pessoas no Nepal tem suas casas para viver,
comida para comer. Estão OK.

Um assento de classe econômica nunca pareceu tâo grande e indulgente quanto na viagem da Ásia para a Europa.

A passagem me diz que é 9 de Junho, e é uma Quinta-Feira.

Em qualquer dia, é claro, alguém está começando seu sábado eterno... E alguém está terminando.

E enquanto eu chego na Europa, na metade do meu ano

Kate sai do Canadá para começar o seu.

Você definiticamente se sente só, com aquela sensação que você tem que se virar sozinha

Porque eu já tinha vindo à Londres, mas tinha pessoas me ajudando, e assim que tive que fazer sozinha...

...e não tinha quem encontrar, e tinha que encontrar o hostel, e foi meu primeiro perrengue, foi aí que eu me dei conta.

Nesta mesma cidade, as coisas parecem diferente para mim.

Depois de meio ano fora, a estrada realmente parece sua casa.

Chuveiros bons, armários grandes. Essas são as coisas que me deixam feliz.

Na primeira semana, Kate ainda não sabe que mulheres viajantes sempre ganham peso

Mas no mês 6, eu sei que, misteriosamente, os homens perdem.

Quando eu comecei, essa bermuda estava do tamanho certo e o cinto no segundo furo.

E agora está no quinto.

Então eu perdi uns três números.

As pessoas sempre me falam que não conseguiriam viajar por um ano

Mas estou num ponto onde um ano é muita coisa para viajar

Mas é pouco para ter um estílo de vida.

E é assim que eu me sinto agora, e isso é estranho

Porque é um estilo de vida que não te mantém em um lugar por mais de uma semana

E as únicas pessoas com quem você interage, são pessoas que você nunca verá de novo.

E que você não conhecia no dia anterior.

Um monte de gente que eu conheci estão chegando e vão dormir, ou vão no cinema... "Quer vir? Sim, claro..."

Estamos tão disposto a nos apoiar em alguém

É quase um entendimento não falado

Você quer ser meu amigo pelas próximas horas?

Para preencher esse vazio que eu tive no último dia

E você volta ao hostel e no outro dia eles se foram.

Robert é meu amigo de cinco horas em Dublin, Irlanda. E Scott e eu nos encontramos em um único dia em Londres, Inglaterra.

Amanhã, você vai embora e eu vou embora. Então nossa amizade, tudo que importa, é esse tempo.

Raramente temos amizades de anos, que você vai ao meu casamento...

Nossa amizade inicia e temina logo ali

Não definha até um fim... Você sabe quando acabou.

E está marcado no tempo para sempre, eu tive um amigo neste tempo.

E foi ótimo, nessa cidade... E eu gostei de passar tempo com ele.

Quando você vive na estrada, um rosto familiar é bom

E alguns amigos de casa me visitam na Europa.

Mas na maior parte, meus amigos não estão dispostos a participar do estilo de vida mochileiro.

Mochilar parece uma ideia divertida, mas pelas fotos dos lugares onde você ficou, eu não acho que posso dormir naquelas camas.

Poderiamos ter ficado num hostel, e economizado umas 15 ou 20 libras

Pagamos um extra, estamos aqui para relaxar.

Estavamos preocupados com os banheiros infestados de doenças, de DSTs.

Ou pior.

Acho que o maior problema é que quando você sai para fazer suas coisas

Você não quer ficar pensando "ah, espero que minhas coisas ainda estejam lá quando eu voltar"

Então vocês não sabiam que há armários para guardar suas coisas?

-Tem armários para guardar nossas coisas?
-Sim, claro!

Americanos não estão acostumados a mochilar, porque nós não fazemos.

De todos os viajantes que eu conheci, apenas dois são americanos viajando por um ano.

Quando as commodities de tempo e dinheiro colidem

Nossa escolha é sacrificar tempo livre para ganhar mais dinheiro.

Mas outros países ricos fazem outra escolha

Trocando seu dinheiro por um pouco mais de tempo de lazer... Franceses e alemães, por exemplo

Trabalham 25% a menos que nós.

E talvez por nossas viagens serem curtas, são celebradas por extravagância.

E muito caras para ser aproveitadas por muito tempo.

Esse é o tipo de viagem que estamos acostumados a aspirar.

Viemos para a Europa em busca de respostas,
mas mais importante:

Tem desses no meu tamanho?

É um oasís de duas semanas de lagostas, e 50 semanas em um deserto de cubículos.

Contando os dias para uma viagem para afirmar nosso status

Não é de estranhar que meus amigos tenham medo de hostels

E suspeitam de uma viagem tão longa

Você pode se divertir, mas e se você voltar para casa e não tiver um emprego?

É muito arriscado, então...

Vale a pena, para mim, correr esse risco para viajar?

Não..

Você acha que é para o garoto de 18 anos, e você já cresceu, ou o que?

Não... Sim, acho que sim. Se você tem 40 e está vivendo em hostels, viajando pela Europa em Hostels...

Pode haver uns problemas que você pode querer ver.

Eu gosto de viajar com uma mochila, porque era o jeito que eu gostava quando era mais novo.

Não sou rico, mas se quiser ficar num hotel, posso faze-lo.

Mas para mim, ficar em pensões e hostels... Isso é realmente viajar.

Olá!

Will entra no meu quarto uma manhã, em Bruxelas, Bélgica.

E é uma surpresa.

Qual a vantagem de um hostel? Eu tenho amigos de 23 anos que falam que não querem um hostel, que parece um lugar sujo e assustador.

Não, podem ser impecáveis, e são pessoas muito boas... São mais jovens, mas quem não é mais jovem que eu nesses dias?

Com 73 anos, ele é velho para ser avô da maioria dos mochileiros

Mas Will, que já foi a todos os 50 estados

E todos os países na América do Norte e do Sul

Um avô das viagens de mochila.

Fui de San Diego para Irlanda, Alemanha, Suécia

Então desço para a Itália

Tunísia

Depois não tenho muita certeza onde vou na África.

E para baixo até a Antartica, muito frio, muito bonito.

Você está fazendo o que muitas pessoas dizem que vão fazer, mas não fazem.

Poucas pessoas fazem, e eu acho que muitos de nós

Temos sonhos quando somos jovens, mesmo casando e tendo filhos

E chegam a um ponto de conforto na vida

e ainda gostam de viajar, mas acham que precisam de tanto conforto

E o preço é ir em cruzeiros, coisas desse tipo, e ficar em hotéis de 150 dólares

E se limitam a duas semanas.

Na minha idade, eu já perdi tantos dos meus amigos

E nunca sabe quanto tempo ainda temos

Então, gostaria de fazer essas coisas enquanto ainda posso.

Um dos primeiros sons de manhã é o barulho dos remédios tarja preta em uma das sacolas plásticas de Will.

Quantas? Treze? Todo dia?

O suficiente para me carregar por cinco meses.

Eu não costumo carregar tanto, mas em alguns lugares na África podem ser difíceis de consegui-los.

Preciso para ficar vivo.

Sou sobrevivente de cancêr

E sou diabético por 25 anos.

Estou com medicação

Mas... Ainda consigo viajar, e essa parte eu acho linda.

Você ainda consegue viajar... Doenças, 73 anos... mochilando pelo mundo sozinho

Sim, eu consigo.

Qualquer um consegue.

Costurada nas mochilas, costuma estar a bandeira do país de origem do mochileiro.

E você não deixa de reparar que a mais comum, é a folha de Mapple Canadense.

Tenho essa...

-Por que uma bandeira do Canadá?
-Para nos diferenciar...

Muitas pessoas acham que você é americano, e os americanos não estão com uma boa reputação no mundo...

Então você gosta de mostrar a bandeira.

Mas a verdade é que muitos desses canadenses... Não são canadenses.

-De onde você é mesmo?
-Bom, eu cresci na Califórnia

-O que você me disse quando me conheceu?
-Eu disse que era Canadense.

-Por quê?
-Porque todo mundo acha que eu sou canadense.

Esse é meu segredinho sujo.

Por que americanos se disfarçam de canadenses?

Na maioria das vezes, é cansaço.

De serem questionados o tempo todo sobre os EUA.

Uns europeus, amigos nossos, constantemente enchem nosso saco a respeito da política americana.

E o que você acha quando encontra americanos?

-Eu odeio os americanos
-Sério?

Só não fale de política. Se falar de política, você tá fudido.

Bin Laden é primeiro terrorista. E Bush é segundo terrorista.

Se você viajou bastante, você sabe que em todo lugar você é tratado diferente.

Sabe? Eu honestamente discordo.

Eu acho que sou tratado bem, como um americano.

Já tentou viajar como um canadense?

Não, porque acho que é um embuste escroto.

É porque cansa...

Eu sei lá porque ele é presidente de novo

É só uma resposta à formas que fui tratada em alguns lugares

Porque a primeira pergunta é sempre "de onde você é?" E já se ligam

Mas na minha experiência, não ligam.

E muitos dos críticos mais fortes que eu encontro, se tornam meus melhores amigos.

Em Estocolmo, Suécia, há Ella, Hilda e Amber.

Três holandesas que xingam o Bush com uma respiração

Eu fico doente quando vejo ele na TV.

E me convidam para uma viagem na próxima.

A cruz do anti-americanismo, que é real,

Se mostra fácil de quebrar, porque é muito fina.

É mais um sentimento anti-Bush.

Um de sentimento genuíno, mas também inflamado pela mídia.

-Se eu dissesse que votei no Bush, vocês me tratariam diferente?
-Eu me perguntaria, Por que?

Mas temos que ser abertas, porque nós não temos todas as informações.

Se mais da metade dos americanos votou no Bush, não devem ser todos estúpidos como imaginamos.

Então deve haver algo que não sabemos.

A verdade é que não conhecem o seu país, só o que leram no jornal... E o mesmo vale para americanos e outros países.

O pai da minha namorada acha os franceses idiotas.

Eu já morei na França duas vezes, eu adoro os franceses. Eu digo pra ele "você não sabe"

Você viveu sua vida inteira no meio de lugar nenhum, como você vai saber como são os franceses?

Mas ele lê nos jornais, qualquer lugar, e cria uma opinião.

As pessoas ouvem, de uma mídia parcial,

Voilá, essa é a opinião.

Acho que você generaliza.

Porque os EUA é tão grande.

Acho que fazemos.

Mas se eu pensar bastante, acho que tem uma grande diferença

Talvez por ter te conhecido.

Se você quiser, você pode ter uma discussão filosófica sobre jovens de tantos lugares aprendendo tanto sobre os outros

E até um ponto, até que é verdade, mas...

A conversa de todos os dias

Não costuma ser nem tão importante nem tão interessante.

-Você cansou de ter A conversa?
-Sim, definitivamente.

Tem as cinco perguntas, que você quer escrever na camisa

A primeira coisa é "De onde você é?" ou "De onde você veio?" ou "Para onde você vai?"

De onde você vem? O que você está fazendo? Há quanto tempo está viajando?

-Há quanto tempo está viajando?
-Cerca de três meses.

De onde você está vindo? De onde você é?

Qual o seu nome? Na verdade,
ninguém pergunta seu nome até a décima pergunta

Você esquece o que as pessoas estão fazendo, então pergunta de novo

Ah, você já disse isso, é mesmo...

Ah é, eu já sei...

Nós já falamos disso antes...

Eu estou cansando disso...

Eu cansei depois do primeiro mês

Mas a conversa foge do script quando eu finalmente conheco Kate, em Madrid, Espanha.

A princípio, ela não gosta de mim.

Ela está no primeiro mês de viagem dela, e eu digo que oito meses é tempo demais para passar na Europa.

Que presunçoso, ela imagina.

Mas no almoço, meu colega de quarto foi roubado

Estava com uma sacola nos meus pés,
no restaurante, e três segundos depois, já era.

E nós, seguindo nosso dever, ajudamos ele a afogar as mágoas.

Você nem foi roubada!

Estou sentindo o stress dele

Você fica bêbado... E ele fica bêbado... E de repente você se apaixona por essa pessoa por algumas horas.

Estou em Madrid, e estou aproveitando meu tempo

Me responde isso, como mochileira. Como você transa nesses dormitórios?

Por que você acha eu eu sei?

Você não pode levar ela de volta para o hostel, senão você tem que compartilha-la com quatro outros caras, e nenhum dos dois quer isso

Sempre tem um jeito

-Praias... Praias ajudam
-Banheiros quebrados

Ou no beco

De alguma forma, o cara magicamente encontrou um colchão

E colocou no banheiro

Algumas pessoas fazem no dormitório, e cobrem com as toalhas

E fazem uma cabaninha

Já viu as pessoas que botam os lençois nos beliches?

Não faça na cama de cima, é injusto para as pessoas em baixo.

É... algumas vezes....

Não se preocupam com o que os outros pensam

Não estão mais nas suas cidadezinhas...

Eles não conhecem ninguém, podem ser eles mesmos, relaxar um pouco mais

De manhã, de ressaca, Kate e eu de repente, somos um casal.

Eu não estou pelada... Mas...

E muitas pessoas em casa acham que é assim o tempo todo

Mas quando você leva toda sua vida para o domitório

E a comunidade de viajantes fica tão pequena

Pode não ser nada assim.

Eu tinha na minha mente que as vezes estariam fazendo sexo, e não importa se haveria alguém mais ou não...

Não é tão sexual... Amizade é mais importante.

E é dificil você ver os sinais... Eu pareço tão nerd falando assim...

Porque você é sempre tão amigável, e é só porque sou uma colega mochileira ou ele genuínamente gosta de mim? É difícil.

A não ser que você seja toda confiante "ele gosta de mim, ele gosta de mim". Que eu já conheci gente assim e estão sempre transando, então funciona.

Kate e eu nos encontramos de novo na Itália, algumas semanas depois, e tentamos, sem muito sucesso

resolver nosso orçamento mochileiro, e nosso romance mochileiro.

O truque na Europa é se manter no orçamento, e hoje Kate e eu vamos ver quanto economicamente conseguimos passar um dia na Itália

E já estouramos nosso orçamento, porque nosso quarto é 60 Euros, que é mais que eu e Kim gastamos juntos no Laos alguns meses atrás.

Primeiras impressôes de Pompéia?

Achei que teria mais gente morta.

Poucos mortos pra você?

Piquinique em Pompéia, 11 Euros, incluindo uma garrafa de vinho de 1,50 Euros.

Dois Gellattos italianos autênticos... Quatro Euros.

Então... Uma garrafa de vinho para encerrar o dia

E esses seis Euros encerraram o dia... Menos competitivo que na Ásia.

Eu paguei seu jantar, que é seu aniversário de mentira.

77,30 Euros para mim, 60,70 Euros para Kate

Mas aí precisa converter para Dólares

-Mas tivemos um bom dia.
-Tivemos, um bom dia.

Vamos beber um vinho.

O que eu tanto sinto pena quanto invejo sobre Kate

É quanto ainda significa para ela

Porque essa história de viagem longa acaba sendo um anti-climax sentimental

Os grandes sentimentos estão no início da viagem.

Mas depois você fica anestesiado.

De como é bom o estilo de vida e como é difícil as despedidas.

-Quer fazer uma despedida de verdade?
-Na verdade, não.

Você fica bom em despedidas.

-Me escreve...
-É, você também.

Você fica mais experiênte em despedidas

Que qualquer um deveria ficar

O primeiro grupo de pessoas que se foi, eu fiquei o dia inteiro chorando.

Acho que fica difícil, eu não me deixo apegar.

Quando eu conheço alguém novo no hostel, você coloca uma barreira

Tem um cara aqui que eu estava vendo, e ele me perguntou se eu ia chorar quando ele fosse embora

E... Não...

Por que eu choraria?

Só estou na estrada a um mês e meio

Ainda não tive uma despedida difícil

E amanhã?

Amanhã vai ser um dia difícil... Provavelmente o mais difícil.

Infelizmente.

Vou te ver amanhã. E você não pode me gravar chorando.

Ok, então não vou filmar a despedida triste, mas vou filmar a caminhada para a despedida triste.

Não, está tudo bem.

Acho que veremos.

América do Sul, aí vamos nós.

Primeiro, no Rio de Janeiro, não há vídeo.

Exceto esse, filmado no ônibus do aeroporto, antes de eu saber das coisas.

-Sim, eu ouvi muitas histórias de gente que foi roubada
-Gangues de garotos que vêm te roubar.

Sim, acontece.

No Rio, eu nem peguei minha câmera. Fiquei uma semana, e não tenho nenhuma foto.

Eu estou com um relógio vagabundo, não estou usando corrente, anéis nem nada do tipo...

Que leva à pergunta: Eu deveria estar fazendo essas entrevistas na rua?

Eu não acho tão seguro, na verdade... Acho que deveriamos ir embora daqui a pouco.

Mas finalmente tenho coragem de levar a câmera para a praia de Ipanema, e filmar este vídeo.

No dia seguinte, no mesmo lugar e na mesma hora, um cara foi assaltado e levaram a câmera.

Mas nesse dia, atrás das praias, você pode ver as favelas, onde os mais pobres chamam de casa.

Os pobres também vem para a praia, e se misturam com seus vizinhos ricos... E as vezes... Alguém rouba alguém.

Eu não estaria tão confortável andando com essa câmera... Não nessa área...

Essa é uma área boa, mas mesmo assim...

É quando você se sente seguro que acontece, certo?

Perai... Por que você está descalço?

Eu fui para a praia dar um mergulho... E dois garotos de 10 anos roubaram meus chinelos.

O Brasil é tão envolvido na falta de lei, que as leis tiveram que se atualizar.

Então é legal, agora, passar sinais vermelhos de noite.

O risco de roubo de carro é muito grande para parar.

Então, enquanto os dias vão passando, você tem a sensação que está só esperando a sua vez.

Então, acho que iria acontecer mesmo, e ontem a noite aconteceu, John e eu estavamos subindo a ladeira aqui

Na área do Pelourinho

Uns quatro garotos vieram até mim, um do meu tamanho e os outros só meninos

E o grande me segurou enquanto os menores pegaram minhas coisas do meu bolso

E pegaram uns 60 reais, um pouco menos que 30 doláres,

E o meu passaporte, que foi a pior coisa, mas eles desceram correndo e jogaram fora o passaporte

Eu peguei de volta

Então não foi nada grave.

Existe, é claro, muito mais no Brasil que crime e violência.

Eu vejo, nesses países onde a segurança é uma preocupação diária, que há um foco no presente e a aceitação do risco.

Você pode julgar isso no mundo inteiro por como as pessoas atravessam a rua.

No sudeste asiático, é uma corrida suicída.

Em Estocolmo, Dinamarca, o carinha vermelho é bem respeitado.

O Brasil, onde nem os carros respeitam o sinal, é mais vivo que a maioria, talvez pelas suas condições difíceis.

Para mim, parece um primo da Índia, o bom e o mal.

Você não sabe o que esperar.

Então as brasileiras usam seus biquinis escandalosos

do berço até a meia idade

e bebem as caipirinhas, uma bebida forte de limão e cachaça de cana.

E antes que você tenha a chance de reclamar de ter sido roubado

Eles te dão algo diferente para contar em casa.

Esse é o bilhete que eu ganhei de uma garota no ponto de ônibus.

Ela escreveu umas coisas que eu deveria dizer para as garotas em Salvador

"Eu quero te beijar". E "Você quer ficar comigo?"

"Você está aqui sozinha?" Não é uma coisa legal para se fazer?

Na Suécia, eu posso ir falar com dez pessoas diferentes em uma noite, e todo mundo vai te ignorar

Aqui eu vou para um lugar, fico no bar, sendo sueco...

E as mulheres vem falar comigo.

Querem tocar no meu cabelo, na minha pele...

E me dizer que sou bonito... Ninguém faz isso na Suécia, pode ter certeza.

Jericoacoara é bem no alto, na costa Norte do Brasil.

Tão perto do Equador que a água nem gira no ralo da pia.

É um lugar remoto, procurado principalmente pelo Windsurf.

Seis horas de distância de uma grande cidade, não há nenhum crime, e depois de uma semana, não há nem o que roubar de nós de qualquer jeito.

Estamos sem dinheiro e não tem nenhum banco por perto.

Então ficamos sem dinheiro, mas não há caixa eletrônico aqui em Jeri, então vamos procurar um banco.

Que fica a uma hora e meia de distância, então vamos ver o que acontece.

Tivemos que dirigir na areia, ao longo das dunas, sobre as dunas...

E depois dois garotos para nos atravessar na jangada

Na água, e pegamos um barco

E chegamos.

As vezes você fica no Buggy o dia inteiro

E se pergunta como é tão sortudo

E as vezes retorna de uma viagem de cinco horas para o caixa eletrônico

E se pergunta quanto mais você ainda consegue aguentar.

Você chega a um ponto, onde fazer todas essas coisas que foram divertidas por um tempo não é mais tão divertido.

Ter que conhecer uma pessoa nova todo dia, porque não tem ninguém para passar o tempo

É bom, é legal, é divertido...

Mas depois de 8, 9, 10 meses disso...

Chega.

Eu cansei depois de seis meses.

Enche o saco, arrumar a mala todo dia, mudar de hostel o tempo todo

Você vai ver essas cachoeiras, essas montanhas, todas espetaculares

Mas já viu tantas cachoeiras

Você só pensa "Ah, mais uma cachoeira..."

Ah, outra montanha.... Ah, outra paisagem linda...

As vezes é uma dormência

Que você acharia incrivel, genuíno, unico e agora é só uma coisa cotidiana que você vê todo dia.

Mas ao mesmo tempo, eu não sei onde é nada e nada é normal.

E você cansa de não saber o que está acontecendo o tempo todo.

Não parece, nem se sente, mas é ação de graças, o que é bizarro... Não tem comida de ação de graças aqui...

E não tem clima de ação de graças, nem futebol americano... Tem volei...

Feliz ação de graças!

Estão ai?

Alo?

Ouvi 'Feliz ação de graças', e ai caiu...

Só caí, assim que atendem...

As vezes, eu sinto falta

das coisas do meu país

Não tem peru... Bife ou galinha...

Eu vejo a Austrália de um jeito tão diferente agora.

Aprecio as pequenas coisas.

Coisas que eu odiava antes.

Feliz ação de graças.

Mas mesmo sentindo falta de todas essas coisas, não consigo me ver voltando para casa nem no próximo ano.

-Não sente saudades de casa?
-Não... Sinto saudades da minha mãe.

E meu pai... E meu gato e meu cachorro. Mas...

Nada mais.

Mochileiros é como um clube

E seu status é medido no tempo que você está viajando.

Estou viajando por oito ou nove meses.

dez meses e meio

acho que um ano

Isso é competitivo.

seis a oito meses.

18 meses

todos mostrando suas medalhas de viagem

-Quando eu estive no Marrocos
-Quando eu estive na Índia

Eu fui aqui, eu fiz isso, bla bla bla

-Ontem eu estava na África
-Quando eu estava em Londres

Eu estava aqui, eu estava ali, foi legal....

Isso acontece muito com essas viagens.

É tudo sobre isso.

Ser competitivo. "Ah, você não foi a Veneza? Eu fui, é ótimo!"

E você pensa "Droga, não fui lá!"

Rebecca veio à Jeri, e somos vizinhos a algumas quadras da praia

Nós dois já estamos viajando a quase um ano. Na maioria das vezes, quando encontramos um colega de clube...

Nossas viagens ganham.

Todos dizem "Nossa que legal!" e eu "Meh... Até que é legalzinho"

No começo da minha viagem eu era do mesmo jeito "Que legal, onde você foi, o que você fez?"

Agora eu penso "Eh... Eu já fiz isso".

Dez dias. Quantas pessoas nunca fazem uma viagem com essa duração?

Dez dias não é pouco tempo para viajar, mas é pouco tempo para mim agora.

Porque não parece que vou voltar para casa em dez dias. Se você já voltou de férias, isso não se parece em nada.

Parece se mudar, terminar com alguém que você ama, como largar um emprego.

É difícil de explicar, mas esse final se aproximando...

Eu me sinto mal do estomago, nem comi hoje, estou doente para comer...

Acha que vai ter dificuldades de voltar para casa?

Com certeza. Me assusta voltar para casa.

Cinco... Cinco dias mais... E de volta à Londres.

Quando você está longe das pessoas que te conhecem melhor, você não tem elas reafirmando quem você é.

Eu penso "Eu sempre tomo minhas próprias decisões", sabe?

Mas não tem ninguém pra te servir de exemplo, ou para dizer "talvez isso seja melhor".

Eu virei uma pessoa bem mais confiante, porque quando você está viajando sozinho, você precisa ser.

E eu me dei conta que todo o resto é imaterial.

Que um emprego é só algo material, que te dá dinheiro. Onde você vive não importa, eu estive morando em hostels por um ano.

Espero que quando voltar para casa, eu ainda pense assim.

-17 de Abril e 2005
-04 de Agosto de 2005

Eu fiz essa viagem para tirar algo da minha cabeça

Esse desejo de ir a esses lugares e fazer essas coisas

Hoje vamos pescar

Vamos fazer massagem tailandesa

Vamos ver um Glacier

Vamos para Penguin Sunset

Mas não funciona

Porque acho que o que mudou em todos nós

é que uma vida normal não parece mais interessante

Não consigo imaginar não viajar de novo.

Não posso imaginar voltar para um emprego.

Quando você entra no hostel, recebe um formulário

Nome, país, passaporte, ocupação.

E por meses eu escrevi Produtor de TV.

Mas quero colocar Viajante.

Parece ser mais Eu, agora.

Em algumas horas eu vou entrar no avião... E estarei em casa.

-Vai para onde?
-Vou para casa.

Um dia temos que encarar a realidade.

E hoje é o dia.

Em meus 341 dias de viagem

Visitei 26 países

E gastei 20.000 dólares.

Não consigo imaginar quantas pessoas encontrei.

Mas neste último dia, tem Illane e Tanya.

Duas dinamarquesas que eu conheci no Rio.

Que agora tem um apartamento em Buenos Aires.

São as últimas horas da minha viagem.

E eu tenho três horas até o aeroporto.

E elas tem tesouras.

Illane vai cortar meu cabelo.

-Eu não faço ideia do que fazer
-Ela nunca cortou cabelo antes.

De tudo que eu queria aproveitar, que eu queria ver, das pessoas que eu queria conhecer

A viagem foi tudo que eu esperava.

Ah, meu Deus

Não acredito nisso

O que você está fazendo?

É chato dizer que vai embora, mas você vai ver
seu pai, seu cachorro, seus amigos.

Todo mundo é tão amigável

Em casa você não conhece tantas pessoas, você fica no seu círculo de amigos.

Acho que vai ser difícil.

Você gostou? Eu gostei.

Sim, vocês fizeram um bom trabalho.

-Ficou bom
-E o meu?

Não, não, não. Me esquece. Eu não fiz nada.

Me leva na esquina, para eu pegar o taxi.

Aeroporto Internacional?

Tchau, Brook.

-Espero te ver
-Espero te ver em breve.

-Pode ser a última vez que te vejo
-Não diga isso.

Bom... Te vejo em Nova York.

Foi bem legal.
Venha à Nova York.

-Podemos ficar com a câmera?
-É, podem... Até mais.

-Tchau, Brook
-Tchau, até mais.

A diferença entre estar em casa trabalhando, ou estar aqui mesmo nos momentos não tão legais,

Ainda é melhor que um horário fixo, sabe?

Acho tudo isso ótimo, porque erámos boas amigas antes, mas...

Agora não vamos nos separar.

-Aprendemos bastante
-Somos como irmãs agora.

-Como você acha que vai ser voltar para casa?
-Acho que vai ser como se mudar para longe, longe da família

As pessoas dizem que a vantagem de viajar acompanhado é ter alguém para compartilhar, quando você voltar, e eu acho que é verdade, mas...

Reparei que este é o último momento que eu vou estar sozinho como estive no último ano.

E, de uma forma, é uma coisa boa, porque eu estive bem sozinho algumas vezes este ano, mas...

Parte desta solidão é como uma conexão com você mesmo.

Porque você realmente vira o seu próprio melhor amigo

É só você.

Tiveram momentos difíceis.

Mas acho que houve boas coisas.

E agora estou me despedindo disso também.

São os lugares que ele foi?

50 semanas ao redor do mundo? Bom para ele.

Eu terminei de escrever meu diário no avião, minha última anotação, e eu estava a dez minutos de descer no aeroporto.

Lembro de estar no avião

E voando sobre Amsterdã

E estava chorando

Achei tão estranho, a dez horas eu estava em outra parte do mundo, e agora...

Vou ver minha família e amigos.

Cinco dólares para quem o ver primeiro.

Como ela entrou ali?

É uma passageira

Ontem eu estava na África, ou nessa hora eu estava em Perth.

Você sempre pensa assim.

Mesmo assim eu estava animado de chegar em casa, ver meus amigos e família.

Eu passei as portas do aeroporto

-Ali está ele, está vendo?
-Ele cortou o cabelo!

Eles estão felizes que você voltou, e eu estou feliz também.

-Gostei do seu cabelo
-Sim, as garotas dinamarquesas cortaram.

-Você mudou
-Como? Não sei não.

Ele está bem, está magrinho.

-É tudo que você teve, o tempo todo
-Sim, só isso.

A última vez que pude ver minha respiração, também estava vendo os Himaláias.

Agora é o Queens.

-Quando você chegou
-Hoje de manhã, as onze.

Todo dia era encontrar as pessoas, e falar sobre a viagem.

Vim direto da Argentina.

É tão bom te ver, bem vindo de volta.

Acho que são três dias de animação, e aí você já viu todo mundo.

E começa a reparar que ainda é tudo igual

E é claro que é.

-E o trabalho?
-Ocupado, bastante ocupado.

Ninguém entende, ninguém consegue comprender, quando você chega em casa

Onde você foi, como foi?

Como foi?

Como você explica para alguém que
trabalha das nove as cinco, todo santo dia.

E o que você fez, e eu penso

Você tem mais de cinco minutos, eu não sei nem se consigo explicar.

Meus amigos... Nâo é que não se interessem é como se eu nunca tivesse saído.

Eu tenho minhas memórias, minhas fotografias, minhas roupas e coisas que me emprestaram, e ninguém pode levar isso.

Foi bom voltar?

Não... A única vez que eu gostei de voltar,
foi o inicio, a lua de mel, as novidades

Sinto como se toda vez que eu voltasse, mudasse um pouquinho.

E quem ficou não mudou.

Foi como se minha vida tivesse tido escrita em um quadro negro

E nesses nove meses, foi ficando borrado.

E quando voltei para casa, "Ah, essa é minha família, é aqui que eu moro."

Era como voltar para algo que eu conhecia, mas eu não me encaixava mais.

As vezes em me sinto um forasteiro em casa.

Sinto que tenho que viajar de novo, quando puder.

É meio viciante, quando eu não estou viajando eu sinto que preciso, entende?

Igual tentar parar de fumar.

Eu sei que tem muito mais lá fora, e quero ve-lo, entende?

De volta à casa dos meus pais, com um passaporte cheio

E uma conta de banco vazia, os e-mails ainda chegam todos os dias.

Jens está no sudeste asiático agora, e diz que não sabe porque gastou tanto tempo na Austrália careira.

Sabrina ficou na Austrália enquanto pode, mas seu visto de trabalho acabou e ela vai se mudar para Amsterdã.

Com o namorado australiano.

Eu vi que Will voltou à Califórnia, soube que ele levou um tombo na África do Sul, mas até onde eu sei

Ele está indo bem.

Do Nepal, Yuba me manda notícias de sua família e de sua graduação na Universidade, mas nada de política.

Mas as notícias mostram que a situação piorou, com manifestações pedindo a saída do Rei e mortes.

As fotos de Ko Phi Phi, Tailândia, mostram progresso.

Mas mais de um ano após o Tsunami, Ed e sua família continuam morando em sua casinha temporária na beira da praia.

Eles querem se mudar da ilha para Kohanta. Mas não tem dinheiro.

Mochilar é um mundo pequeno, então não se surprenda que foi Kate que tirou essas fotos com Ed.

Ela acabou concordando que oito meses é tempo demais na Europa.

E, a caminho de casa nessa primavera, vai parar em Nova York.

Cada vez que eu recebo um e-mail ou uma carta, eu posso me imaginar naqueles lugares.

Mas toda semana

Me sinto menos conectado àquele grupo lá fora.

E, enquanto o puxão de um emprego se torna mais forte,

Eu acho difícil lembrar, realmente lembrar

Como foi bom.

Eu sei que não posso voltar aos lugares que me lembro.

Porque as pessoas são os lugares

E as pessoas se foram.

Então agora eu imagino o mundo como um lugar vazio, hosteis vazios,

Cidades hostís.

Eu imagino, acho, como as pessoas que nunca viajaram sozinhas.

Mas aquilo que eu descobri ainda está lá.

São o suficiente, para que quando eu receba o e-mail certo

Posso espiar, como um fantasma

E ver alguém ainda aprendendo a lidar com as alças de sua mochila

Olha-los se aconchegar em um dormitório de hostel

Ve-los saír da semana para onde eu voltei

E entrar nos seus sábados.

E sorrir.

Porque podem ver o que há à frente.

É uma experiência de mudança de vida. Eu sei que pareço uma hippie falando isso, mas realmente é uma experiência de mudança de vida.

-É o melhor momento da minha vida
-Parece bastante com o Coliseu

No início, eu não conseguia imaginar isso funcionando

Mas funciona.

Quero viajar 364 dias, e voltar para o Natal.

Assim que é uma boa entrevista, com alguém que arruma os próprios cabos.

-Meu nome é Ella
-Nicole

-Bill, o Vulcano
-De New Castle, Austrália

-Dublin, Irlanda
-Seattle, Washington.

Você adimite que eu estou certo sobre mochilar? Mesmo aquele negócio no banheiro?

Sim, sim

Eu adoraria viajar de novo, e se alguém estiver em dúvida sobre faze-lo

Vá faze-lo.

Porque eu aprendi que você só se arrepende das coisas que não fez.

Não das coisas que você fez.

Tchau, eu vou sentir sua falta.

-Isso é o principal do filme?
-Sim, nós temos um lindo por do sol aqui

Meu Deus, eu não posso ir para casa desse jeito

Foi uma grande decisão, e acho que foi a minha melhor idéia na vida

A atmosfera, não existe em nenhum outro lugar. Eu queria poder ficar aqui para sempre.

Melhor perder um amor que nunca amar

Acho uma aventura continua, mas eu tenho umas memórias que vão ficar comigo para sempre.

Você nunca pode explicar para as pessoas o que nós vimos e comos nos sentimos, ou os tempos bons