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Nelson Mandela e James Gregory

Quando cheguei à Ilha de Robben,

na altura diziam-nos
que os presos eram terroristas.

Ouviamos isso todos os dias
na comunicação social, na rádio,

em todo o lado.

Era isso que pensávamos,
que eles eram monstros.

Quando lá cheguei, inicialmente
mantive uma certa distância.

Um guarda comum
pode ser mais importante

do que o Director-Geral
dos Serviços Correccionais

e até mesmo
do que o Ministro da Justiça.

Se fôssemos ter com o Director
ou com o Ministro e disséssemos:

"Está frio,
quero quatro cobertores."

Ele iria consultar os regulamentos,

e dizer que os regulamentos estipulam
que só podemos ter três.

"Quatro cobertores não pode ser,
é uma violação dos regulamentos.

"E se lhe der quatro cobertores a si,
também tenho de dar aos outros."

Mas se for ter com o guarda
da sua ala

e lhe disser
que quer mais um cobertor,

se o tratar com respeito,

ele vai ao armazém,

dá-lhe mais um cobertor e pronto.

Desde que foi libertado,
telefonou-me algumas vezes.

Ele trata-me por James
e eu trato-o por Sr. Mandela.

Não se sentia incomodado
por ser o guarda e ele, o preso?

Nem por isso,
nós entendiamo-nos muito bem.

Não era estranho.

Ele não tinha animosidade
para comigo e vice-versa.

A relação era muito boa.

Falávamos durante horas.

Ele nunca tentou converter-me
à política dele.

Falávamos de coisas banais,
das notícias, de actualidades.

Tinhamos uma relação muito boa
e ainda temos.

Como o descreveria como pessoa?

O Sr. Mandela, desde que o conheci...

... até agora,
sempre foi um perfeito cavalheiro.

É tudo o que posso dizer.

Era um dos guardas da prisão
mais educados,

mais bem informados

e cortês com todas as pessoas.

Falava muito calmamente,
fazia observações muito boas.

Eu ganhei-lhe muito respeito.