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OS IRM�OS KARAMAZOV

-Grigory!

-Alexey!
-Grigory.

Diga ao Pai que estou aqu�.

-Fora!
-Seu filho est� aqu�.

Espera!

Quem? Dmitri?

Alexey.

Alexey...

Toca, toca, toca.
Mas baixinho, meninos, baixinho.

-Deveria estar no monast�rio.
-Eu vim por que. -Sim.

N�o est� nervoso, eh?

-Voc� nunca me julga.
-Deus te julgar�.

Deus tamb�m saber� compreender-me.

O que � mais que posso
dizer de meus outros filhos.

-Pai, prometeu enviar uma carruagem e dinheiro.
-Dinheiro? Para que? Que dinheiro?

J� era quase um monje. Deveria estar sonhando
com anjos e n�o com esse sujo dinheiro.

Voc� prometeu a Dimitri 10.000 rublos.

-Sim. -Daqu� a seu quartel h�
duas horas a mais.

-Nem ainda que eu v� agora, dif�cilmente
poderei chegar. -Sim, � muito tarde.

-Poder� faz�-lo amanh�... a semana que vem.
-Sabe muito bem que necessito esta noite.

Por favor, pai. Ele o est� esperando.

Grigory, um cavalo e uma carruagem
para Alexey.

Sempre est� esperando meu dinheiro
como se f�sse um abutre.

Dimitri jura por Deus que �
um dinheiro que lhe pertence.

Ent�o que seja Deus
que lhe d�.

D�-me o dinheiro e eu irei.

-Faz-lhe assinar este recibo.
-Aqu� s� h� 5.000.

Como nunca me devolve, n�o � melhor
que me deva 5.000, em vez de 10.000?

Olha, olha, todos estes recibos assinados
por ele. J� me deve milhares de rublos.

-� conta do que lhe deixou sua m�e.
-Mentira!

Est� bem.

Sua m�e! Deus a tenha em sua gl�ria.

Era sua m�e tamb�m! E deixou
o dinheiro para mim.

Mas, por que deve preocupar-se
sobre assuntos de dinheiro?

Isso s� pode corromper-lhe.

N�o deixe que abuse de voc�
velho e indefeso pai.

E faz-lhe assinar o recibo!

J� chegou seu irm�o, tenente.

- Chega a tempo, Alexey, muito a tempo.
-O caminho estava cheio de lama...

-... e meu pai havia esquecido o dinheiro.

-Esquecido?
-Tive que recordar-lhe.

-Dimitri, s� me deu 5.000.
-Mas ele me havia prometido 10.000.

Como se pode gastar
5.000 rublos de uma vez?

Tenho que admitir que requer
certo talento, irm�o.

Espere aqu�.

-Quanto lhes devo, cavaleiros?
-Cinco pacotes.

500 rublos menos 65.

-S�o exatamente 435.
-Exato como de costume.

-O caso � que neste momento ando muito
apertado de dinheiro. -Como de costume.

Nos deve mais de 4.000
desde o dia quatro.

Por que joga se sabe
que n�o pode pagar?

Oh, contava com ganhar!
Estava seguro.

Vamos, cavaleiros! N�o tem
que levar-lhe t�o a s�rio.

Grisha, outra garrafa.
Meus amigos t�m s�de.

-Tenente, o patr�o disse...
-Que disse?

Que n�o lhe concede mais cr�dito, senhor.

Isso � um insulto!

Perdoa-me, amigo.

Paga ou n�o paga?

Deixe-me ver, por acaso n�o lhes emprestei
dinheiro a cada um de voc�s?

- Eu lhes tenho pressionado alguma vez?
-Sabe como eles chamam aos que n�o pagam suas d�vidas?

Como lhes chamam?

Vou chegar tarde a uma cita��o.

Boa noite, cavaleiros.

Ladr�es! Isso � o que lhes chamam.

Ladr�es!

-Quem vai pagar todo este destro�o?
-Ponha-o em minha conta.

Vou denunciar-lhe. Irei ver o
coronel de seu regimento.

Estou seguro disso.

Boa noite a todos.

Boa noite. A voc�s tamb�m.

N�o lhe explico.

Por que tem quarto particular
fora do quartel?

Por raz�es particulares, irm�o.

N�o podia haver-lhes pagado com os 5.000?

Destinou-os para outra finalidade.

-Pai quer que assine este primeiro.
-Que vai ao inferno primeiro.

Seria capaz de fazer-lhe
respons�vel por isso.

Como pode odiar a seu pr�prio pai?

Uma coisa � ser pai e outra ser s�
o animal que lhe fez.

Nunca foi um verdadeiro pai
para mim, nem para ti, nem para Ivan.

Que espera de mim?
Que o ame?

Dimitri, todos necessitamos de amor.

-Para voc�, n�o faz nada censur�vel?
-Nada.

Alexey, vejo em mim a mesma deprava��o
e pecado que h� em nosso pai.

Sou um Karamazov.

Bem, voc� tamb�m �.

Mas voc� � um santo.

Aonde quer que esteja Fyodor
Karamazov, estar� mal.

Aonde quer que voc� esteja,
estar� bem.

Alexey!

Roga por mim, irm�o.

-� muito pontual, Katya.
-Estou desesperada, tenente.

Posso oferecer-lhe alguma coisa?

Um copo de vinho? ch�?

Os 5.000 rublos, por favor.

Voc�, disse que havia de vir
eu mesma busc�-los.

Pois bem; aqu� estou.

At� quando voc� pede um favor,
parece que � um insulto.

Voc� � muito orgulhosa, Katya.

Amanh� vir�o inspecionar
os livros do regimento.

Comprovar�o que faltam 5.000 rublos.

Como comandante em chefe, meu pai
ser� considerado respons�vel.

-Porque foi ele quem levou o dinheiro.
-Voc� me prometeu os 5.000 se eu...

N�o costumo mendigar, tenente.

-Esta noite estou disposta a...
-E amanh�? -Nosso trato s� �...

E se amanh� lhe fizesse uma
proposta de matrim�nio?

Isso ainda seria mais degradante.

Boa noite, Katya.

Boa noite.

Tenente!

-O patr�o disse que voc� � o respons�vel por
todos os destro�os. -Compreendo, cavaleiros.

UMA PRIS�O DO EX�RCITO EM VOLTA DE
MOSCOU, ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

-Acreditei que voc� estava em Moscou. -Estava,
quando soube de que voc� estava aqu�.

-Que � que aconteceu?
-Nada extraordin�rio.

Houve uma briga que causou pequenos danos
e que converteram-me em um pequeno devedor.

Foi por minha culpa. Se n�o me
houvesse dado aquele dinheiro...

N�o, eu sempre devo dinheiro a algu�m.
Ao menos desde que tenho mem�ria.

Voc� � como a pr�pria Russia:

... toda for�a, toda exalta��o,
sem nenhum freio,

-...imprescind�vel.
-N�o estou contente comigo.

Voc� me agrada e penso que j�
acabou seus problemas.

O dinheiro que me deu servir�
para pagar suas d�vidas.

Depois, inclusive me atreverei a pedir-lhe
que abandone o ex�rcito.

E logo que?

N�o sirvo para nada fora
do ex�rcito.

Aquela noite em sua casa, voc� me
falou de uma proposta de matrim�nio.

Bem, a aceito.

-Katya, n�o tem nenhuma obriga��o
comigo. -Quero t�-la. -N�o, comigo.

-Aquela noite veio at� mim pelo dinheiro.
-Apenas lhe conhecia.

E ainda n�o me conhece.

Eu a desejava. Voc� era inacess�vel.

Se havia convertido em uma obsess�o.

Queria que fosse minha, para logo
desped�-la sem um c�ntimo.

Mas n�o pude resistir o impulso
de mostrar-me nobre e galante.

Salve-se, Katya!

Voc� me salvou e
tamb�m a meu pai.

Tenho aspecto de ser uma herdeira?

Pois eu sou; sou rica.

Minha av� acaba de dotar-me com 80.000
rublos. E tudo gra�as a voc�.

Como n�o compareceu a ela
para pedir-lhe os 5.000?

Havia averiguado de meu pai
e a falta de dinheiro.

Ent�o ca� em sua desgra�a
e ele me deserdou.

Mas agora... sua generosidade
mudou nossas vidas.

E quero compartilhar com voc�
minha boa fortuna.

N�o me deve nada em absoluto.

Eu lhe devo tudo por haver-me
feito consciente.

Me sinto viva e adoro
este sentimento.

Eu lhe quero.

Talvez voc� ainda n�o me queira.

Mas me querer�; j� o ver�.

Eu gostaria de casar-me em sua cidade.
Minha tia vive l�.

Voc� escrever� a seu pai
e irm�os?

Por favor, quero conhecer a sua fam�lia.
Logo ser� minha tamb�m.

-Pelo santo Deus! N�o tenho profiss�o, nem dinheiro.
-Eu tenho suficiente para n�s dois.

Se ao menos pudesse liquidar o
dinheiro pendente com meu pai.

N�o � necess�rio.

Confie em mim, eu lhe rogo.

Permita-me um coment�rio,
senhor.

-Voc� n�o � como seu irm�o Dimitri.
-Meio-irm�o.

Voc� � diferente dos demais. Me diz, conta
desde o primeiro momento em que chegou.

-Diferente?
-Tem intelig�ncia, aud�cia, talento.

Voc� n�o conheceu ningu�m
que viveu em Moscou.

N�o, senhor. Conhe�o seus artigos
das revistas: os que falam do crime.

Voc� gostou?

"Nada h� no mundo que fa�a que
os homens amem a seus semelhantes".

"Se Deus n�o existe, nada � imoral.
Tudo � l�cito, incluso o crime".

"O crime se converte em algo
n�o s�mente l�cito, mas inevit�vel".

-� muito inteligente para recordar isso.
-N�o, senhor. N�o � ser astuto; � uma honra.

-Oh, Sra. Hchlacov!
-Oh, Sr. Karamazov!

Parece que chegamos
justo a tempo

Ele pescou uma noiva rica. N�o sei
como se arranjou para faz�-lo.

Mas a pescou: 80.000
rublos de dote.

Talvez Dimitri � mais Karamazov
do que eu pensava.

� bonita?

Quem? Que importa se � ou n�o bonita!
Ela o ama apaixonadamente.

Que bom!

Sim, quer reform�-lo.
Que bom!

Que melhor modo de faz�-lo que
pagando as d�vidas de seu amado!

-Eu gostaria de conhecer-lhe.
-Por que?

-Tem que haver alguma raz�o? -Conhecendo-lhe,
sei qual � a raz�o. -De verdade?

O �nico que lhe interessa � o dinheiro,
verdade, Grushenka?

N�o s�mente, mas mais que nada.

Vir� jantar esta noite
em minha casa?

Talvez.

Haver� um presente para voc�:
um envelope.

-N�o perder� nada com isso. -Venha
conhecer a sua futura nora. -Sim.

-Esta noite.
-Talvez.

-Eu lhe espero.
-Talvez n�o.

Querida tia!

Katya querida!
E este � o irm�o...

Perdoa-me. Eu sinto muito, mas
esquec� seu nome. Que l�stima!

Permita-me que lhe apresente
a meu filho Iv�n, Katya?

Eu sou o afortunado e
agradecido pai.

Benvinda!

Este � outro membro da fam�lia, ...

Smerdyakov disse que � meu filho bastardo,
coisa que naturalmente nego.

Mas � de mais utilidade como cozinheiro
e mordomo que como filho.

E tamb�m, mais barato.

N�o nos vimos antes?

-N�o sei. Em todo caso voc� recordar�a.
-Tia, eu irei com Iv�n.

Temos coisas de que falar
sobre o casamento.

-Vir� ver-nos esta noite, senhor? -Esta noite
talvez n�o seria muito adequado. -Ent�o, amanh�.

Voc� cr� no destino?

S�mente creio no que posso
tocar, cheirar, ouvir ou gostar.

-Voc� � muito mau.
-Sim, senhora.

Diga-me algo sobre ele: todo. Como
era quando pequeno e jovem?

Estou curiosa por todos esses anos que passou,
antes de lhe conhecer.

De menino estivemos separados,
como se f�ssemos estranhos.

Dimitri tinha uns quatro anos quando sua m�e morreu,
e o enviamos para viver com um tio seu.

Aos quatro anos sem pai nem m�e e
ainda lhe acusam de ind�mito e impulsivo!

Alexey tinha tr�s anos e eu sete,
quando nossa m�e morreu.

-Nossa tia av�...
-Ana!

...criou-nos, Alexey e eu
em S�o Petersburgo.

Que espirito deve possuir para
superar semelhante inf�ncia!

Alexey teve a mesma inf�ncia e eu cheguei
a ser um sacrificado monje.

-J� n�o ter� que sacrificar-se pelos
demais. -Mas Alexey se consagrou.

Falo de Dimitri. Em mim encontrar�
a compensa��o a tanta calamidade.

-Voc� o ama?
-Oh, claro.

Claro que ele tamb�m lhe ama.

Oh, claro.

Meu irm�o � um homem
muito afortunado.

Dimitri e eu nos casaremos antes
de que venham as neves.

Dimitri?

Eu j� poderia haver lhe matado
vinte vezes.

E isso que estou meio b�bado.

Seria capaz de matar
a seu pr�prio filho?

Acaso posso dizer que meus
filhos n�o matariam o seu pai?

Olha Dimitri. Cada dia que passa distante
de Katya me mata um pouco mais.

-Tr�s meses j�. -N�o � nada raro que
um filho queira matar o seu pai.

-Quem disse isso?
-Os fil�sofos.

Fil�sofos!

Que sabem os fil�sofos
da vida real?

-Voc�, querido, tamb�m quer matar-me?
-Deixa de dizer bobagens, pai.

� todo um benfeitor.

Traga a sopa, est�pido!

-Est� aqu� Dimitri? -E por que
teria que estar? -Est� desesperado.

Nele isso � algo normal.

Se vem � para pedir dinheiro ainda que
venha, n�o vai conseguir.

Seu irm�o n�o tem respeito pelo dinheiro. Por
isso, meu dinheiro tampouco respeita ele.

Eu tampouco tenho respeito
pelo dinheiro.

Sua pobreza � santidade.

Voc� alcan�ar� a imortalidade.

-Deus existe? -N�o, Alexey.
-Sim.

Tem que existir alguma
classe de imortalidade.

Outra vida, depois desta,
ainda que seja curta... min�scula.

-A imortalidade tampouco existe.
-Nenhuma? -N�o.

Mas, exista algo,
depois da morte.

-Qualquer coisa � melhor
que nada. -Nada!

-A imortalidade a encontrar�
em Deus. -Pode prov�-la?

Quem tem f� n�o necessita provas.

Oh! Iv�n, diz-me pela �ltima vez se
existe ou n�o Deus. � s�rio!

Eu lhe direi pela �ltima vez:
Deus n�o existe.

-Me d� l�stima. -Por que?
Por que Deus n�o existe?

Porque queria ter f�...

...e n�o pode.

Muitos necessitam crer em algo que
seja mais poderoso que eles mesmos.

Por isso, ainda que Deus n�o exista,
inventam-no.

E a mim, que me suceder�? N�o
vou me conformar com pequenezas.

Voc� ouviu, Iv�n?

Suponho que voc� tamb�m
espera a imortalidade.

De momento, s� espero que
acertemos nossas contas.

-Bem, me deve 14.000 rublos.
-Tem credores por todas partes.

-Sou seu pai; paga-me primeiro.
-Com que? Com meu pagamento do ex�rcito?

Eu o empenhei todo, para pagar
meu aluguel e minhas despesas.

Pode viver aqu� gr�tis.

-Eu lhe prepararei um aposento. -Espera.
S�mente era uma sugest�o, n�o um aposento.

D�-me agora os 10.000 rublos e
n�o voltarei a molestar-lhe.

-Valeria a pena!
-E bem?

-Pe�a a Katya o dinheiro.
-N�o. -Por que n�o?

Por que n�o casou todavia?
� rica, inteligente e bonita

O mais importante � que seja rica.

Esperava que me liquidasse
a heran�a de minha m�e.

S� quero o que � meu.

Por isso estou aqu�.

-Demanda comigo. -Se me obriga a
faz�-lo, eu o farei. -Ouviu?

Tem me amea�ado. Vamos!
J� pode ir aos Tribunais.

D� um espet�culo p�blico. Arrasta
o nome dos Karamazov para o l�do.

-Voc� j� sabia disso antes de que
n�s nacermos. -J� basta!

Se n�o sente respeito por ele,
faz-lo ao menos por Katya.

Quer que se veja envolta
em um esc�ndalo p�blico?

Precisamente, pensa na mulher
que te ama e respeita seu sobrenome.

E que Deus n�o lhe d� filhos!

Deve haver um modo civilizado de resolver
esta quest�o, de uma vez por todas.

Civilizado? Ele?

-Por que n�o buscam um mediador?
-Boa id�ia!

Isso � pensar com a cabe�a.
Conhe�o um juiz ideal.

N�o, se voc� o escolhe.

-O Superior de Alexey: o Padre Zossima.
-Por que misturar-lhe nisto?

Quem poderia faz�-lo melhor?
O homem mais santo da R�ssia.

Um santo que n�o vai contra
os ricos nem contra os pobres.

Me submeterei de bom grado a
decis�o do Padre Zossima.

Meu filho!

Segue o conselho de um homem
com experi�ncia:

....casa-se com a mo�a e se
acabar�o todos seus problemas.

-N�o est� namorando Katya. -Isso � o que
importa. Trata-se de matrim�nio, n�o de amor.

-Uma farsa de matrim�nio.
-N�o se meta nisso.

Nem sequer tem ido v�-la, eu sei.
Tenho estado com ela quase que di�rio.

Quase di�rio? Quem � voc�: um
desfazedor de lares? Est�o prometidos.

-Quer lhe ou n�o?
-Outra vez falando de amor?

Sim ou n�o?

Voc� a quer, verdade, Iv�n?

Fa�a as gest�es oportunas
com o Padre Zossima.

Iv�n!

Voc� a ama?

-N�o podia esperar que eu chegasse?
-Eu sinto. Tinha apetite.

Tenho uma id�ia que vai gostar.
Quer ouv�-la?

Casamo-nos esta noite.

Isso � o que mais gosto em
voc�: seu entusiasmo.

Por que haveria de casar-me contigo?

Prefiro deixar-lhe meu dinheiro que
a meus filhos. Mais de 100.000 rublos.

Voc� no melhor chega
aos cem anos de idade.

As mulheres n�o deveriam ter dinheiro,
porque se tornam independentes.

-N�o, s�mente mais seletivas. -Isso
� mau. -Mau para voc�, n�o para mim.

Agora falemos de neg�cios.

Poderia encarregar-me desta sua taberna
e do resto de seus neg�cios.

N�o confio em voc�.

N�o lhe dei as promiss�rias de Dimitri,
para que voc� mesma v� cobr�-las?

-Dar-me-as? Voc� as me vendeu por 2.000
rublos. -Voc� vai ganhar o dobro logo.

Isso ser� meu pagamento. Estou aqu� h�
tr�s meses e n�o vi um c�ntimo.

Que tipo de homem �
o Padre Zossima?

O Padre Zossima!

� um santo, um homem de
Deus, por qu�?

Pode-lhe subornar?

Sim o Padre Zossima � um homem direito,
falar� contra m�m, complicando as coisas.

-Teremos que levar a juizo o Dimitri.
-Teremos?

Voc�, claro. Seu pr�prio pai n�o pode
colocar-lhe no c�rcere por dividas.

-Mas se o colocar na cadeia, como
poder� pagar o dinheiro? -Ah!

Olha, se Dimitri vai para a cadeia,
Katya correr� a salvar-lhe.

As mulheres gostam de sacrificar-se,
especialmente em p�blico... algumas.

Se Katya casa-se com Dimitri, teremos
nosso dinheiro. � a �nica maneira.

Marya! Chama o capit�o Snegiryov.

Odeia seu filho, verdade?
Por qu�?

Capit�o, conhece Dimitri Karamazov?

Bem, compre todas suas promiss�rias e
ofere�a pagar a metade de seu valor.

A metade de seu valor!

Ele n�o pode pagar nem dois
c�ntimos por rublo.

Isso est� muito mal. Bem, creio
que ter� que ir para a cadeia.

Isso eu creio.

Capit�o Snegiryov!
Capit�o!

-Dimitri, por favor!
-Vai para casa, Katya. Vai.

Que direito tem para estar
seguindo-me? Que quer?

Lhe devo algum dinheiro?
Nem sequer lhe conhe�o.

Por que quer colocar-me na
cadeia? Que eu lhe fiz?

Solte-o, senhor, por favor!

� meu pai.

Obrigado. Obrigado.

-� voc� um oficial, parece-me.
-Ex-capit�o, senhor.

-Nos bateremos em duelo.
-N�o.

N�o.

-Ainda tenho que provocar-lhe mais?
-Por favor.

Ou�a, n�o posso duelar-me.

Minha esp�sa � uma inv�lida, minha filha n�o
est� casada e j� vem meu filho. Se me mata...

-Verdade, que me compreende, senhor?
-Por que comprou minhas promiss�rias?

-Tinha que faz�-lo. -Por que?
-Se n�o, perdia meu trabalho.

Para quem trabalha?

-E bem? -Para Grushenka?
-Quem?

� a dona dessa taberna.

Que tem que ela a ver comigo?

Tem que ver com seu pai.

Illusha!

Illusha!

Illlusha, n�o chore.

N�o chore, filho, por favor.

Por que lhe tem tratado assim?

Nunca lhe perdoarei,
pai, nunca.

N�o, filho. Nunca.

Pai, que vergonha!

-Como pode fazer isso? -Eu sinto.
- E na frente de toda essa gente.

-Tem-me encurralado.
-Como?

Por dinheiro. Sempre
� por dinheiro.

Minha m�e me deixou 20.000 rublos
e meu velho se nega a entregar-me-os.

Me empresta algo, mas sempre
exige que lhe assine uma promiss�ria.

� demasiado h�bil
para recorrer-me.

Assim vende a outros as promiss�rias
pela metade de seu pre�o,

...para que me metam na cadeia.

E se isto acontece, Pap� Karamazov j� n�o
ter� que dar-me o dinheiro de minha m�e.

-Se n�o resgato minhas promiss�rias...
-Deixa-me que lhe d� o dinheiro.

N�o, obrigado.

-Faz-me o favor. Aqu� h� 3.000
rublos. -Por favor, Katya.

-Promet� a meu pai que lhe enviaria
pelo correio. -A ag�ncia postal esta fechada.

Amanh�...voc� passa,
quando tiver tempo.

-Por favor, fica um pouco mais.
-Tenho que encontrar a uma tal Grushenka.

-Meu pai fez um trato com ela.
-N�o me importam eles, s�mente n�s.

Que nos est� acontecendo?

Conhece uma mulher
chamada Grushenka?

� voc� Grushenka?

-Espere. -Sim, meu tenente.
� uma ordem.

Sou Dimitri Karamazov.

-E bem?
-Bem o que?

-Voc� sabe muito bem por que
estou aqu�. -Para patinar, n�o?

Oh! Deve haver vindo aqu� para
pagar-me o dinheiro que me deve.

N�o, deve haver vindo pegar-me.
Ao melhor que gosto...

Soltou-me o patim.

-Mas, que h�? -Colocarmos-nos em
igualdade de condi��es.

N�o est� seguro do terreno
que pisa?

-Vamos!
-Tenho os p�s gelados.

-Est� nervoso.
-Que faz aqu�, Smerdyakov?

Trazia uma menssagem de seu pai.

-Era sobre mim?
-N�o, se referia a mim.

Uma contrasenha para quando vier
esta noite a sua janela.

Devo dar dois golpes assim e
logo outros tr�s mais suaves.

-Meu pai � muito rom�ntico.
-E muito rico.

Quer casar comigo.

E se casa comigo, ent�o
eu serei sua m�e.

E voc� n�o pegaria nunca a sua
pr�pria m�e, verdade?

Verdade que n�o?

So! Ryevsk!

Benvinda Grushenka! Aonde estavas?
Pens�vamos que nos havia abandonado.

Todas as noites esperando-lhe
e voc� sem vir por aqu�.

Tem cuidado, � o propriet�rio,
um aut�ntico diabo.

Lhe prover� de quanto queira,
n�o por sua alma meramente por seu dinheiro.

Benvindo, senhor!

Necessitamos beber algo que nos
reconforte, mas n�o uma bebida quente.

Toma minha ta�a!

-Temos fome! -E s�de!
-Que tal, uma festa?

-D� festa a cr�dito?
-Nunca.

Mas, tenho me equivocado alguma vez?
Posso cheirar o dinheiro neste cavaleiro.

-Voc� se equivoca. -Tem raz�o.
Uma festa com ciganos!

-N�o tenha m�do. Vai ser uma
bonita festa. -N�o exagerada.

-Est� bem aqu�, mas me p�e
triste. -Todos estamos tristes.

N�o sei. Eu posso chorar por todos.

Est� bem.

-Quando vai casar-se com
essa mo�a? -Com Katya?

-Sim, com a rica. -Isso j� se
acabou por completo.

-Desde quando?
-Desde o momento em que lhe v�.

Diga-me que me ama desesperadamente.

Desesperadamente.

Oh, que bonito sonho!

-Mas eu n�o gosto de voc�.
-N�o.

Amar � melhor que gostar.

-Arde como o fogo rapidamente.
-E se consome como o dinheiro.

Dinheiro! �Dinheiro!

Por que tem maltratado, quando
me deve tanto dinheiro?

E se n�o lhe casa com ela, como
vai me pagar alguma vez?

Quer que me case com ela?

N�o.

-Posso confessar-lhe algo?
-Sim.

Sabe por que lhe trouxe
aqu� esta noite?

Para zombar-me do primeiro homem
que eu trago aqu� h� cinco anos.

Era... era um importante
oficial polaco.

Foi nesta taberna e
nesta mesma moradia.

Para ele, aquilo n�o significava
nada; para mim, tudo.

Eu passava as noites
acordada, chorando.

Agora me escreveu uma carta,
depois de cinco anos.

Queria que n�s nos reun�ssimos
aqu� esta noite.

Tinha m�do de arrastar-me a seus p�s com
uma s� palavra sua, como estava acostumada a fazer.

Eu lhe trouxe aqu�, porque s� em ver-lhe
compreenderia que j� n�o lhe necessito mais,

...e que poderia rir-me dele.

Mas n�o veio...

...nem vir�.

Todavia lhe ama?

Eu n�o sei.

Perdoa-me por haver-lhe utilizado.

Desde este mesmo momento, j�
n�o me deve nada.

� demasiado bom para
ter que ir para o c�rcere.

Por favor, n�o deixe que seu
pai se case comigo.

Querido, n�o quero ser sua m�e.

A dama guardar� a aposta. O primeiro que
corte todas as arvorezinhas, sem deixar nenhuma,

...e logo recolha o pano, ganhar�.

O ganhador ter� tamb�m direito
a ser beijado por uma dama?

Sim!

-Preparado?
-Preparado.

Que tem esse beijo?

-Vejo aqu� um homem muito forte
apaixonado e generoso. -Conhe�o-lhe?

Vejo tamb�m uma grande viagem
e uma carta misteriosa.

-Sim, h� uma carta!
-Boas not�cias.

-E quem � o homem que escreveu a carta?
-O homem que a escreveu, pronto, muito pronto...

Embusteiro! Libertino! A cidade
inteira se faz eco de seus v�cios.

Pode crer, vener�vel Padre, que sua noiva
� uma mo�a decente de boa fam�lia,

...a que ele se prometeu em matrim�nio?
E aonde estava a semana passada?

Com sua prometida? N�o, jazendo em
uma taberna com uma sedutora j�vem.

Nega-o. Nega que tem estado cada dia
com ela, depois de roubar ela de mim.

Essa n�o � a quest�o. Est� aqu�
para tratar de ajeitar...

� verdade, vener�vel pai, que
pode ver na alma do homem

...e predizer o futuro?

-Qual � meu destino? -Tem que
ser sempre o buf�o? -Certo.

Certo. Est� absolutamente
certo. Sou um buf�o.

-Sempre digo coisas inapropiadas.
-Por que n�o se cala?

O farei: agora e para sempre.

Tenho sido um palha�o, porque
n�o pude evit�-lo.

Mas n�o sou como voc�s. Ao menos, creio
em Deus e nunca roubei nada a meu pai.

Mas sou um buf�o, que
vergonha! E por isso...

...me envergonho de mim mesmo.

Decid�, vener�vel padre, devo
ser despojado por meu pr�prio filho?

S�o como gafanhoto...
voc� e voc� tamb�m.

-Mas acima de todos, voc� .
-Calma! Calma!

-E voc� filho, que reclamas?
-Nada, padre.

Eu vim hoje, porque
pensava que...

Mas renuncio a todos meus
lit�gios contra ele.

Quero mudar de vida.

Saldar primeiro uma d�vida e marchar-me
em busca de uma nova vida.

Marchar-se? Com Grushenka?

Nunca ser� sua! Esta noite vai
vir comigo. Estou seguro!

Como pode estar vivo
um homem como ele?

Ele o ouviu? � um patricida.

Eu vejo que n�o arrumaremos nada.

S� busca o esc�ndalo.

Olha quem fala! V�s, que salva sua
alma comendo pescado todos os dias.

-Cr� que se pode sobornar a Deus
com um apetitoso pescado? -J� basta !

Adeus!

Perdoa-me todos!

Oh, Deus!

Por que deu a ben��o
a Dimitri? Que quis dizer?

Foi um s�mbolo ou um sinal?

Viu algo no futuro?
Responda-me.

� um m�stico...
e voc� um louco.

Padre, por que fez
uma rever�ncia ante Dimitri?

fica com seu irm�o
e ajuda-lhe.

Oh, por favor!

Por que tem que estar sentado aqu�
toda a noite e cada noite? Por que?

-Quem eram esses?
-Clientes. -Certeza?

J� volta a come�ar com isso e eu...

Eu tamb�m sou um cliente.

N�o tenho direito a um sorriso
o uma palavra, de vez em quando?

N�o lhe promet� nada
nem lhe devo nada.

Por que deve deixar-lhe
perder sempre tudo?

Faz sentir-me sempre como...
como se fizera algo mau.

Tenho que ser agrad�vel com meus
clientes; � parte de meu neg�cio.

E � noite, logo depois do neg�cio,
� s� neg�cio?

E a noite anterior?

-Lhe verei esta noite?
-Sim.

N�o, estou cansada.

Perdoa-me. Nos veremos
em minha casa.

Eu lhe apresento Dimitri Karamazov.
O Sr. Michael Kazodkin.

Importar� se lhe acompanharmos?

Eu sinto, obrigado.

-Eu o sinto.
-Outra vez criatura.

Ent�o, at� dentro de
uma hora, eh?

-Sim, tratarei de...
-Boa noite, senhor.

Gosta de ser desgra�ado, verdade?

Por que n�o quer nunca que
reunimos com outra gente?

� um ego�sta, sabe?

N�o confia em mim?

Deveria faz�-lo?

N�o!

Boa noite.
Estou cansada.

Sim, eu estou.

Diga ao cocheiro aonde vamos.

Eu lhe odeio!

Eu lhe odeio!

-N�o vai a festa?
-Sim.

A qualquer parte que n�o seja com voc�.

Por que n�o vai em casa?

Prometo-lhe n�o voltar a sair.

Muito bem, fique na rua at� que
congele. Seu desgra�ado. olha-me.

Chis! Nem uma palavra, irm�o.

-Por que fala em voz baixa?
-De verdade?

Deve ser estranhas artimanhas
da mente.

Tenho negros pensamentos, por
isso falo em voz baixa.

Um pouco de conhaque?

Necessito sua ajuda.

S� posso confiar em voc�.

Nem quando tenho Grushenka entre meus
bra�os posso estar seguro de que � minha.

Logo se far� noite. Eu ficarei
aqu�, esperando se vem ver o pai.

E se n�o ir a Mokroye. Talvez v�
reunir-se com o oficial polaco.

Como posso lhe ajudar?

Ir ver a Katya e apresentar-lhe
meus respeitos.

Diga-lhe que nunca voltarei a v�-la e que
est� tudo terminado entre n�s.

Nas est� prometido
e ela lhe ama.

N�o tanto como a sua pr�pria
virtude.

Que vai a fazer?
Aonde ir�?

A um beco sem sa�da, de
novo com Grushenka.

-Vai se casar com ela?
-Se ela quiser, sim.

Tenho feito muitas coisas em minha vida,
mas nunca fui um ladr�o.

Nunca poderia ser um ladr�o.

Mas deixa-me que lhe diga algo.

Katya me deu 3.000 rublos para
que os enviasse a seu pai...

...e eu fiquei com eles.

Portanto, sou um ladr�o.

Tenho que devolver-lhe o dinheiro.

S� assim serei livre.

-Se quisesse dinheiro, Dimitri...
-N�o.

-Eu pedirei ao pai.
-N�o, seu dinheiro � para Grushenka.

Se �, que venha ver.

Inclusive combinou
um sinal.

Dois golpes e logo tr�s r�pidos.

V�, Alexey! Eu vou tratar
de encontrar Grushenka.

Minha guarda noturna come�a.

O v�, irm�o?

Voltou a falar em
voz baixa.

De modo que voc� sabe
por que � epil�tico!

Porque minha m�e n�o estava bem da
cabe�a e voc� senhor... -Bobagens!

-� a vontade de Deus.
-Bobagens!

Segundo a ci�ncia, a epilepsia
� causada pela mente.

-Mo�as! Isso � o que lhe passa. Mo�as!
-N�o me interessam as mo�as.

Isso �, precisamente! Nunca temeu
nenhuma mulher. N�o � normal, lhe digo.

-E tudo isso se manifiesta em sua epilepsia.
-Para voc� tudo come�a e acaba em mulheres.

-Como deve ser.
-Pois a sua idade tampouco � t�o natural.

Na minha idade � muito bonito
e muito inspirador.

Em toda mulher h� alguma gra�a
oculta: algo diferente e especial.

Mas para descobrir-lhe,
necessita de talento.

N�o h� mulheres feias: descal�as,
redondas, gordas...

....delgadas, j�vens ou velhas,
todas valem a pena.

-Minha ambi��o seria ter a todas.
-Alguma delas acabar� lhe matando.

Feliz aquele que morre no campo
de batalha: o meu � a cama.

-Sou uma for�a da natureza. -Para o
bem ou para o mal; essa � a quest�o.

-N�o existe nem o bem e nem o mal.
-Cala-se, anormal, ou Deus lhe castigar�.

-N�o, n�o o far�.
-Tem cuidado. N�o blasfemes.

Se Deus existe, ele � o respons�vel
por minhas id�ias e meus atos.

E se Deus n�o existe, sou dono de minhas a��es e
sou capaz de tudo, sem temor a nenhum castigo divino.

O que ocorre � que trata de imitar-lhe.
Quer receber seus elogios, e que lhe elogie.

Lhe basta com coletar algumas id�ias.

N�o est� aqu�. Lhe dou minha palavra.

Aonde est�?

Grushenka?

Grushenka!

Grushenka!

Detenha-o, louco!
Ele a matou.

N�o. Mas o farei da pr�xima vez.

Deixa-me! Deixa-me s�!

Eu a perd�.

Eu sabia.

-Ela vir� aqu� esta noite, j� ver�.
-Velho louco, lhe detesto!

Parece-lhe melhor seu irm�o?

Um r�ptil destruir� ao outro.

Por que n�o me ajudou,
covarde? Eh?

Fora! Fora!

-Alexey.
-Dimitri n�o tinha inten��o.

Iv�n...� ele de verdade que
me assusta.

Alexey Karamazov est� aqu�.

Mas, que faz?

J� vou.

A pessoa que mais me
interessava ver!

Como o sabia?

Voc�s, os homens santos, podem
ver com os olhos de Deus, verdade?

Me manda Dimitri.

Estou encarregado de que lhe apresente
seus respeitos...

...e lhe assegurar que n�o poderia
voltar a v�-la.

-Eu sinto, Katya. Houvera querido...
-Estava trastornado o zangado? -Sim.

-Pelo dinheiro, pelos
3.000 rublos? -Sim.

Claro, n�o se da conta?

Quer poupar-me o disgosto.

-Mas � que h� outra mulher. -Cr� que
n�o sei? E se gasta dinheiro com ela.

-Cr� que isso me importa? Chocolate?
-Quer casar-se com ela.

N�o. Isso n�o � amor.

Anna, perd�o. Eu me havia esquecido
de que teria dor de cabe�a.

N�o, Dimitri n�o se casar�
com ela e sabe por que?

-Porque ela n�o lhe ama.
-Ela lhe tem enfeiti�ado.

Lhe tem enfeiti�ado, sim, mas ela � tamb�m
uma pessoa muito generosa.

As pessoas dizem muitas
coisas dela, mas todas s�o mentiras.

Querida!

Este � o irm�o de Dimitri,
Alexey. Est�vamos falando de voc�.

Que bom!

-Mais chocolate, querida?
-N�o, obrigado.

Eu queria falar com nossa
querida Grushenka...

...e pedir-lhe ajuda.

-Mas ela veio como um anjo
de paz. -Senhora, n�o me chame de anjo.

V� esta m�o pequena e generosa,
Alexey: tem feito sentir-me feliz.

V� livrar Dimitri de sua obssess�o,
para devolv�-lo a mim.

Lhe vai deixar livre?

Claro! Grushenka ama a outro:
a um atrativo oficial polaco,

...de que esta enamorada, desde
h� mais de cinco anos.

Agora se vai atr�s dele, porque
a chamou.

Oh! N�o sabe quanto
me alegro por voc�.

-Creio que se alegra muito r�pido.
-Voc� se alegrar� tamb�m.

Devera?

J� o v�, Alexey, romper� com Dimitri.
Me deu sua palavra.

-N�o exatamente.
-Como disse?

N�o lhe he dei minha palavra.
Voc� fala, fala e fala.

N�o lhe disse nada.

Mas... mas voc� me havia prometido.

Oh, no!

As promessas, sabe?, o atam
demasiado.

-Voc� me disse que n�o queria
Dimitri. -Disse isso?

Talvez, mas agora volto
a querer.

As vezes lhe quero e as vezes n�o.

-� assombroso que seja t�o vari�vel. -Me disse
que dele s�mente era paix�o. -S�mente?

Querida senhora, deveria fazer
como eu alguma vez.

Asseguro que ent�o n�o diria
"s�mente"

Mas se seus ci�mes lhe deixavam louca.

Sim, � certo.

Mas pense no muito
que tem sofrido.

No deveria eu tamb�m
ter pena dele?

Ainda por que haveria de ter pena?
N�o nascemos um para o outro.

-Oh! Creia que havia mentido.
-Mas se voc� � t�o boa pessoa!

At� me beijou a m�o
cinco vezes!

Eu deveria beijar a sua quinhentas vezes,
porque voc� � muit�ssimo melhor.

Mas pensando bem, querida senhora,
n�o vou beijar-lhe a m�o.

Que � que lhe passa com voc�?

Voc� me tem beijado a m�o e eu n�o.
Dimitri lhe encantar� se o conte.

Puta!

-� este o modo de atuar de uma dama?
-Voc� se vende a qualquer homem.

Acaso eu fui ver o Dimitri,
para pedir-lhe 5.000 rublos?

� certo. Voc� sabe vender-se
muito cara.

� s� quest�o de pre�o
verdade?

-Que deseja voc�?
-Mas Katya, querida, se � Iv�n.

Eu vim despedir-me.

Perdoa-me!

Tem sido essa mulher.

Acaso veio para dizer-me
que se vai?

Devo ir-me a Moscou amanh�
ou talvez depois.

-Mas eu n�o quero que se v�.
-Por que?

-Lhe necessito.
-Para que?

Que pergunta mais tonta!

-Tia, por que n�o leva Alexey a...?
-Fique-se, por favor.

Ainda eu desejaria outra coisa, n�o h�
nada pessoal entre n�s dois.

N�o lhe entendo.

Est� enamorado de ti e nem sequer
lhe da conta de que existe.

Que � o que n�o compreende?

Obrigado.

-Muito direto, mas exato.
-Mas se eu lhe quero.

-Como lhes quero a todos voc�s.
-E a seus cavalos, a Moscou ou ao tempo.

Mas a quem de verdade ama
� Dimitri.

Mas � voc� quem mais necessito.

Eu lhe convenho mais, porque assim poder�
castigar-me pelos atrevimentos de Dimitri.

Juntos temos passado
instantes t�o agrad�veis!

Sim, agradabil�ssimos.

Eu lhe falava de meu amor e voc�
me falava de seu amor por ele.

Quanto mais Dimitri a humilhava,
mais voc� lhe amava.

voc� lhe ama porque ele a deprecia.

J� � muito tarde. Vamos fechar.

Sempre � tarde, quando um
tem que ir empenhar algo.

Talvez demasiado tarde.

Medalhas n�o, por favor. As medalhas
s�o lembran�as, n�o dinheiro.

-Mas se � um joguete. -Cria
uma categoria. Uma pe�a perfeita.

Faz um ruido espantoso
quando dispara.

Eu lamento.

Dez rublos.

N�o o fa�a, j�vem.

-O que?
-Isso que est� pensando.

-Acaso pare�o um assassino?
-Pare�o eu um prestamista?

J� veio. Quanto pelo lote,
incluidas as pistolas?

Duzentos rublos?

Deu pressa.

V� buscar Snegiryov
e da-lhe este dinheiro.

Duzentos rublos para
tirar-lhe a barba?

Por que faz isto?
Por ele ou por voc� mesmo?

Eu o humilhei diante de seu filho.
Roga-lhes que me perdoem,

...tanto o padre como o filho.

A partir de agora minhas a��es
devem ser retas e limpas.

De outro modo, n�o tenho
esperan�a no futuro.

Esta noite cavalgarei at� Lyagavy.

Alguns amigos do ex�rcito
me devem dinheiro.

-� hora de que me paguem.
-E se n�o o fazem?

Ent�o, que Deus me ajude.

Snegiryov? Obrigado.

Boa noite.

� do col�gio.

� isso verdade, senhor?
Que � que tem feito?

N�o haver� sido desejado.

-� um bom gar�to.
-Foi desejado.

-Teve uma briga.
-Uma briga. Por que?

Por culpa minha? Porque me
insultaram e voc� saiu para defender-me?

-Direi ao Diretor que..
-N�o me mandam do col�gio.

-Sou Alexey Karamazov e venho a...
-Ex-capit�o Snegiryov, senhor.

-Venho da parte de meu irm�o.
-Briga com ele, pap�.

Faz que se desculpe.

Lhe roga que aceite estes
duzentos rublos.

Pap�!

N�o o aceite.

Meu irm�o lamenta de verdade.

-Tem vindo em pessoa.
-Tem visto o anjo de meu filho?

Enfermo dos pulm�es,
est� morrendo.

-Mas seu estado nervoso � muito grande.
-Use este dinheiro para cur�-lo.

-Voc� me depreciaria, se aceitasse este dinheiro.
-N�o, lhe juro por minha salva��o.

Illusha e eu temos um sonho.

-Este dinheiro poderia fazer que
o sonho seja realidade. -Sim!

Sim.

D�ga a seu irm�o que n�o
pode comprar minha honra.

Nem com duzentos rublos,
nem com um milhar.

Perdoa-me, perdoa-me senhor.

Como poderia explicar isso
a meu filho?

Qu� ia a dizer-me, se para
minha deshonra, eu o aceitara?

Est� aqu�... esperando!

Mostra-lhe!

Voc� sabia que eu estava aqu�
esperando.

-Por que? -Voc� quer�a
que eu estivesse aqu�.

-Para que?
-Voc� o sabe.

Fala claro! Que � o que eu sei?

N�s dois pensamos o mesmo.

Coincid�ncia de pensamentos!

O Amo disse que amanh� voc� vai
a Moscou.

Muito inteligente de sua parte.
N�o estar� aqu� quando acontecer.

-Conhaque, irm�o? -Que atitude
mais detest�vel a sua!

Quando suceder o que?

Quando regressar Dimitri e encontrar
a Grushenka com o velho...

..lhe matar�.

E se ela n�o vem ver ao pai?

Lhe matar� igualmente pelos 3.000 rublos
que h� dentro de um envelope para ela.

Dimitri nunca mataria por dinhero.

� noite quase lhe matou porque
o velho se r�a dele.

-Voc� lhe olhou: "A pr�xima vez o farei".
-Fica junto ao velho e protege-o.

Dimitri n�o pode enfrentar-me.

Mataria a mim tamb�m.

Sou um pobre enf�rmo. Que aconteceria se
tivesse um de meus ataques epil�pticos?

-Sim, posso notar que est� pr�ximo.
-Ningu�m pode predizer a epilepsia.

Sim, eu o creio. A �ltima vez me v�
ao cair pela escada do s�t�o.

-Ent�o, n�o aproxime da escadaria.
-Tenho que ir ao s�t�o todo dia.

Vai fingir um ataque?

Voc� est� dizendo, alguma sugest�o?

Est� muito claro. Voc� ver� a Grushenka
quando estiver vindo e fingir� ter um ataque.

Dimitri os surpreender� juntos.
Voc� tem tudo bem planejado!

N�o, s�o s�mente feitos circunstanciais
que escapam a meu controle.

Mas n�o ao meu, se continuar aqu�.

Espere! Espere!

Por que h� que salvar ao velho? Se ele casa
com Grushenka, ela herdar� todo seu dinheiro.

Mas se morre agora, haver�
40.000 rublos para cada filho.

Acaso cr� que Dimitri n�o sabe?

Ele v�.

O que vejo � que � um idiota
e que n�o vai acontecer nada.

Ent�o, pese tudo,
se vai a Moscou.

Desde logo.

Desde logo.

Que Cristo esteja contigo, filho!

-Escreve-me alguma vez.
-N�s lhe escreveremos tamb�m.

Finalmente v� que pelo menos deixa
aqu� um disc�pulo.

De que vai escrever-lhe? De Religi�o?
De Pol�tica? De Revolu��o?

Quem sabe? Sobre coisas
que sucedam.

Comida para o caminho.

Cocheiro!

-Pode dizer-lhe que..
-Que voc� n�o vir�.

-N�o, que...
-"Que voc� vir�".

A espera para jantar.

Bom dia.

-A� est� seu coche!
-Que bem!

Tenho medo por voc�.

N�o compreendo como pode
ir a seu encontro.

N�o tente compreend�-lo.

N�o tem explica��o. Vamos,
ajuda-me! Depressa!

Vamo-nos!

Escove o cavalo e faz com que caminhe.

Marya...

...vim dizer-lhe que estou aqu�.

-Aonde foi? -Eu n�o sei, senhor.
-Aonde? -N�o sei, senhor

-Aonde?
-Eu n�o sei, senhor.

-� taverna? -N�o, senhor.
-Ent�o, aonde? -Eu n�o sei.

Voc� sabe aonde n�o tem ido...

...mas eu sei aonde tem ido.

Grushenka?

Grushenka?

-Espera. Por favor, espera.
-N�o, n�o.

parasita! parasita!

Alto, parasita!

Eu lamento, Grigory.
Perdoa-me.

Voc�! Por que voc�?

Oh Deus, perdoa-me!

-Aonde est�? -Foi a Mokroye
ver um oficial polaco que conhece.

-Quando?
-N�o faz mais de 20 minutos.

Est� ferido, senhor?

N�o lhe fa�a dano, por
Deus eu o pe�o.

Por favor.

Venho por minhas pistolas.

Aqu� tem o dinheiro e
os rendimentos.

-N�o trago o recibo.
-Se encontra bem?

-Aonde est�... Grushenka?
-Acima.

-Prepara uma festa: grande, alegre.
-Mas, senhor, � muito tarde.

E tamb�m ciganos, por favor.

-Sobrou cr�dito. Se volto a perder, lhe
pagarei amanh�. -Amanh� n�o estaremos aqu�.

Cavalheiros!

Boa noite. Eu decid�
unir-me a voc�s.

-H� outros recintos.
-Eu gosto desta.

Traz-me lembran�as muito especiais.

Alegra-me que tenha vindo.

-Alegra-me muito.
-Conhece-lhe? -Sim.

Chama-se Dimitri. Eu lhe apresento
ao meu oficial polaco,

...o Capit�o Vrublewski e � o que tem barba
� sua guarda de corpos, que lhe protege de mim.

E este pobre homem que perdeu
todo seu dinheiro jogando cartas.

Pode cr�-lo? Tudo isto passou,
s� jogando cartas.

-Isso � tudo: s� cartas.
-Imagina-lhe...

-S� cartas.

Imagina-lhe!

S�o pistolas?

-Para que?
-Est� acostumado usar-las para matar.

-Que est� acontecendo aqu�
-H� uma festa.

-Eu n�o sou encarregado disto.
-Est� acostumado sua Excelencia.

-Oh, querida! "Sua Excelencia".
-Volto a lhe conduzir. -Por favor.

-Nosso patr�o nos faz armadilhas em tudo.
-Fazer armadilhas?

Recarrega um pouco todos os extras, mas
todo o mundo sabe que s�o algo especial.

Mas fazer armadilhas, n�o senhor. N�o �
como fazer armadilhas jogando cartas.

Fazer armadilhas?

-Devolve-lhe seu dinheiro.
-Que o prove.

N�o � necess�rio provar nada
com dinheiro, cavalheiros.

-Quanto dinheiro perdeu, senhor?
-Quase 300 rublos.

Volta para sua casa, senhor.
V�.

N�o fa�a isso.

Escuta...n�o deve ir esbofeteando a
a gente. N�o est� bem.

V� como n�o est� bem
esbofetear a gente?

Basta! Basta!

Eu vim aqu� s� para
perdoar e esquecer.

N�o recordo que haja feito algo
que eu tenha que perdoar.

Sua conduta destes cinco
anos, naturalmente.

Eu tenho me comportado naturalmente
todo o tempo.

Eu lhe tenho sido fiel durante cinco anos.

Mere�o realmente temer
um homem como ele?

Eu lhe recordo como se fosse
um falc�o.

Tranquilo e valente, ia conquistar
o mundo para mim.

Meu falc�o se converteu em um ganso,
que faz armadilhas com as cartas.

E agora vem buscar-me, porque
tenho algo de dinheiro.

-Eu lhe pro�bo que siga bebendo.
-Anda, Grusha! Vem, cadelinha boa!

S� teria que assoviar-me, para que eu fosse
arrastando-me atr�s dele, como um cachorrinho.

Que quer que eu lhe diga?
Que eu sinto?

Muito bem, eu sinto.

-Devo perdoar-lhe? -J� o
o fiz, ao vir aqu�.

Vamo-nos, r�pido!

E que acontece se j� n�o te amo?

E se em todos estes anos s� houvera
amado minhas l�grimas e meu ressentimento?

-Mas... se estou disposto a
casar-me contigo. -Oh!

Que bom! Mas eu n�o estou
disposta a casar-me contigo.

Para os m�sicos.

Obrigado. Obrigado.

Quero embriagar-me.

Embriagar-me com vinho
e m�sica. Quero ser feliz.

Se fosse Deus, hoje perdoaria
a todo o mundo.

Baila, toca e sejam felizes.

Quero que todo o mundo seja
feliz, especialmente voc�.

-Pode perdoar-me?
-Por que?

Por fazer que sua vida
fosse um inferno.

O �nico inferno �
n�o ser capaz de amar.

Isso � tudo o que tenho:
ser capaz de amar.

Quando lhe v� chegar esta noite, acreditei
que eu ia a estourar o cora��o.

Eu a queria tanto, que estava
sofrendo por voc�.

Logo v� sua olhada e as pistolas.

Ia de verdade disparar em mim...

...ou a esse velho e tonto ganso...

...ou em voc� mesmo?

Oh, quanto devo haver-lhe
ferido!

Escuta, devo de dizer-lhe algo,
enquanto ainda temos tempo.

-Sucedeu algo esta noite.
-Tratarei de compensar-lhe.

Voc� sabe sempre aonde estou e n�o
estarei nunca com outro, s� contigo.

Estaremos juntos, juntos
para tudo.

N�s iremos a um lugar onde
sempre seja primavera.

Por favor, diz-me que tudo
sair� bem.

Diz-me que seremos felizes.

Por que?

� demasiado tarde.

� pelo que a gente
dise de mim?

Dizem que sou amante
de qualquer.

Mas s� houve um
homem em minha vida.

-Voc� me quer, verdade?
-S�mente a voc�.

S� quero ver voc�.

Estar s� contigo,

...para esquecer-me de tudo.

N�o pode ser tarde para
n�s e menos agora.

Daria o que me sobrasse de vida...

...por um ano,

...um dia ou uma hora junto a voc�.

E agora escuta-me atentamente.

� noite sucedeu algo...

...que n�o tem nada que
ver com n�s,

...nem com nosso...

Cavalheiros, que sucede?

Que � que desejam?

-Sim, compreendo. -Sou o capit�o da
pol�cia. O Sr. Kirillov, fiscal adjunto.

Sim, j� entendo, senhores. Deve
tratar-se do velho Grigory.

-Eu compreendo. -Desde logo.
Sente-se, por favor. Obrigado.

D�ga-nos, que significa isso de
que compreende o do velho Grigory?

Ele matou o pobre Grigory.

Aqu� h� sangue seu.

V� como era demasiado tarde
para n�s.

Grigory est� vivo e o doutor
disse que viver�.

Est� vivo.

Gra�as a Deus! Gra�as, cavalheiros.
Devolveram-me a vida. Tudo est� consertado.

Sente-se, por favor.
Sente-se, por favor.

-Sim, senhor, claro. Diga o
voc�. -E agora...

...vamos aos fatos, senhor.

Grigory est� vivo. Acreditei
que o havia matado.

Se est� vivo, que outra
coisa importa?

Que lhe acontece? Est� b�bado?

O caso � que suas m�os est�o
manchadas com o sangue de seu pai.

Matou a seu pr�prio pai!

N�o.

-N�o, n�o, n�o.
-Esvazie seus bolsos, por favor.

N�o matei o meu pai.

Queria faz�-lo, mas n�o matei
o meu pai.

N�o matei o meu pai.

N�o matei o meu pai!

Tem sofrido ataques epil�pticos
em outras ocasi�es?

-Muitas vezes.
-Lhe atendeu um doutor?

Sim, o Dr. Zinoviev.

Encantam-me as pessoas pontuais.
Conhece o senhor fiscal?

Oh, sim! voc�, digo �s cinco e meia.

H� muito que chegou
sua senhoria?

-Uma pergunta, senhor: Se voc� foi a Moscou
no dia do crime? -Sim. -Por que?

Motivos pessoais, que
concernem a uma dama.

Voc� abandonou o trem chegando a Moscou?
Vieram al� seus amigos?

S� meus empregados do peri�dico.

Oh, voc� � periodista!
V�o ocupar-se do ju�zo?

-Isso pensamos.
-Excelente, excelente. Bom dia.

Ah, meus mais sentidos pes�mes!

-Por que fez isso?
-Piscar o olho?

� um gesto de amizade, suponho.

-Implica um segredo. -Eu nunca
violarei um pacto entre n�s.

Se tem algo que dizer,
diga-lhe a eles: a pol�cia.

-Poderiam n�o entend�-lo.
-Entender que?

Por que voc� partiu, quando
iam matar o pai?

-Est� suando, irm�o.
-Por que cr� que eu part�?

Desejava que morresse n�o
importava nas m�os de quem.

Como poderia entender isso e
a pol�cia jamais?

Como poderia entender a pol�cia que
est� permitido tudo, inclusive o crime?

Ser� melhor que apresente seus
respeitos ao pai.

Prisioneiro, como se declara?

Culpado de embriaguez e
de vida dissipada,

...de ociosidade e de libertinagem.

Eu n�o sou culpado da
morte de meu pai.

Ante os olhos de Deus e em nome
do Czar Alejandro II,

...se proceda a vista da causa
da R�ssia contra Karamazov.

Que compare�a a primeira
testemunha, por favor!

Antes de ser agredido, viu voc� se estava
aberta a janela da moradia do amo?

-Sim, senhor. -Sim, senho. Viu o amo
de p�, frente a janela?- N�o, senhor.

-Mas um momento antes, voc� viu
o amo gritar "parasita"? -Sim, senhor.

-Isso � tudo.
-S� uma ou duas perguntas.

-Est� acostumado sempre ler a Biblia
antes de ir dormir? -Sim, senhor.

-E voc� est� acostumado beber um copo de ch� ou
de algo tamb�m? -De vodka, senhor.

-Bebeu vodka essa noite?
-Sim, senhor, dois copos.

-Estava muito transtornado pelo ataque
de Smerdyakov. -Um copo, assim de grande.

N�o...t�o grande.

E ent�o foi quando ouv�
que algu�m gritava.

Sim, senhor, ao amo: "parasita".

-Est� seguro de que se referia ao
maior dos Karamazov? -Sim, senhor.

-Em que ano estamos?
-Como? -Que ano?

Que ano do Senhor? O atual

-N�o... n�o estou seguro. Os anos
passam t�o r�pido -Sabe ou n�o?

N�o, senhor.

Ou seja, que nem estando s�brio
n�o sabe em que ano estamos.

B�bado de vodka e com a porta
fechada, escuta algu�m gritar.

E voc� n�o s� sabe categor�camente
quem grita, mas de quem era a voz.

Estou dizendo a verdade.
Era a voz de meu pai...

...que gritava "parasita".

Perdoa-me, Grigory. Eu lhe golpeei
e n�o era essa minha inten��o.

Voc� sempre foi um verdadeiro
pai para mim.

E lhe dou gra�as por haver-me criado,
limpado o nariz e haver-me banhado.

Sinto de verdade o que
lhe disse. Perdoa-me.

Pode continuar, senhor fiscal.

-Ouviu a descri��o que se
fez da arma homicida? -Sim.

Essa noite ele o agarrou
e saiu correndo.

Quem? Pode o assinalar?

Ele.

Obrigado. Isso � tudo.

-Eu lamento. Eu...
-N�o farei mais perguntas.

Entrou correndo em meu com�rcio, com a
cara e a roupa manchada de sangue.

-Tinha muito dinheiro em suas m�os.
-Quanto dinheiro? -Eu n�o sei.

Voc� est� acostumado a manejar dinheiro, para que
fa�amos um c�lculo aproximado?

-3.000 rublos?
-Possivelmente.

Obrigado.

A noite que Dimitri foi a Mokroye
voc� lhe deu 3.000 rublos.

N�o sei se os dei a ele. Eu lhe dei,
para que o enviasse a meu pai.

-Enviou o dinheiro a seu pai?
-N�o. Eu sabia que estava em um apuro.

-E utilizou o dinheiro para s� mesmo?
-Sim, tal como havia suposto.

-E por que n�o o deu desde o princ�pio.
-Porque n�o o houvera aceitado.

Assim que voc� generosamente lhe deu
3.000 rublos que era para seu pai...

...sabendo que ele desperdi�aria
esse dinheiro.

-Eu lhe devia mais que tudo isso.
Havia lhe emprestado dinheiro a voc�?

Faz tr�s meses...

...havia me dado 5.000 rublos.

-Espontaneamente, pela bondade de seu
cora��o. -Mas voc� lhe devolveu os 5.000.

-Sim. -Ent�o esses 3.000 rublos
n�o eram por nenhuma d�vida?

Ele necesitava dinheiro est�vamos
prometidos. A quem mais podia acudir?

-E por que n�o a seu pai? -Porque
j� lhe devia milhares de rublos a seu pa...

D�ga-lo! A seu pai!

Este homem, que confessa haver
desejado a morte de seu pai...

...havia recebido em empr�stimo milhares
de rublos de seu pai.

Sabia que ele ia gastar esses 3.000 rublos
em uma noite de libertinagem com outra mulher?

Sabia que ia v�-la.

Se o digo j� de antem�o?

Foi a ela com inten��o de
liberar suas promiss�rias,

...porque podia enviar-lhe ao c�rcere
pelo n�o pagamento de d�vidas.

Assim que tratava de comprar os favores
de outra mulher, como havia feito com voc�.

Essa � a verdade, n�o � certo?

N�o me importa. Todavia lhe amo.

Uma pergunta a mais:

Ele voltou a dar 3.000 rublos pela
segunda vez na noite do crime?

-N�o.
-N�o.

Eu lhe perguntarei uma vez mais: Disse voc�
que nunca havia visto este envelope antes?

-Abre-lhe, por favor.
-N�o, senhor.

"Para minha querida Grushenka,
se vier visitar-me!

-"Grushenka", devia referir-se a voc�
verdade? -Sm, senhor.

Sabe voc� o que havia no
envelope?

-Ele me falou de um presente.
-Que tipo de presente?

-Dinheiro, suponho.
-Suponho! quanto dinheiro?

-N�o o sei, senhor. -Podia haver
3.000 rublos? -Sim, � poss�vel.

3.000 rublos � uma qantidade respeit�vel de
dinheiro. E que esperava de voc� em troca?

Protesto! S�o s� conjecturas.

Acabo de demostrar que a testemunha nunca
recebeu este dinheiro, j� que fora roubado por ele...

...e que perdeu em Mokroye, em
sua segunda visita a esta mulher.

Senhores, no m�vel foram 3.000 rublos,
pertencentes ao defunto Karamazov.

Ningu�m pode tocar esse dinheiro,
exceto o acusado.

-Prossiga, por favor. -Meu irm�o
nunca mataria por dinheiro.

-O faria por qualquer outra causa?
-N�o.

Acaso n�o irrompeu na casa,
atacou o seu pai e quase o matou...

...porque acreditava que sua amante se ocultava
nela? -Foi incitado a golpear-lhe.

Acaso n�o lhe atacou e lhe disse que
da pr�xima vez o mataria?

Responde-lhe, Alexey.

Sim, senhor fiscal, disse isso,

-...com essas mesmas palavras.
-Mas ele n�o matou a meu pai.

Como o sabe?

Conhe�o meu irm�o
em corpo e alma.

Mas ele lhe atacou. Por que?

Por favor, senhor...

Deixe-me ir a minha casa.

Ver�... meu filhinho est� morrendo.

Que acontece se seu �ltimo pensamento...

...� o de sentir vergonha
por seu pr�prio pai?

Por favor, deixe-me ir a minha casa.

Suspenda a se��o at� amanh�
pela manh�.

Suspende-se a se��o at� amanh�...

N�o tem nem uma s� possibilidade,
nem uma s�.

Eu lhe diria que j� se
declarou convicto.

N�o lhe importa?

Ou s� chora por ele em p�blico?

Mas se � inocente...

Tenho... tenho um plano para
que possa escapar.

Custar� 30.000 rublos, que irei pedir
a conta de minha parte na heran�a.

-Voc� o disse a Dimitri?
-Todavia n�o.

E se foi culpado?
Estaria bem salvar-lhe?

J� n�o sei o que est� bem
ou est� mal.

S� sei que me sinto respons�vel.

Poderia voc� haver evitado
o crime?

-E se Dimitri n�o o houver feito?
-Mas o fez.

Ele o nega.

Pode negar isto?

-Esta carta! Leia-a!
-Queime-a!

Conhe�o muito bem a diferen�a que h� entre
o bem e o mal, ainda que voc� n�o a conhe�a.

Por que tortura a se mesmo?

-Talvez... talvez um dia.
-Para voc� sempre ser� Dimitri.

� a ele a que quer. S� que ele
quer a Grushenka em vez de voc�.

E se n�o h� de ser para voc�,
n�o h� de ser para nenhuma.

Iv�n... tem mala cara.

Tenho pressa.

Grushenka quer que eu a leve para ver
Dimitri. Vir� com n�s?

-N�o! Por que haveria de ir?
-Porque necessitamos.

Iv�n, sabe por que o Padre
Zossima lhe fez uma rever�ncia?

Voc� sabe?

Pelo grande sofrimento
que viu nele.

-N�o sou o guardi�o de meu irm�o.
-Iv�n n�o o abandone agora.

-Ainda que Dimitri for culpado,
n�o poderia... -Ele �.

N�o. N�o foi ele quem matou
o pai. Eu lhe juro.

-Ent�o, quem?
-Voc� o sabe.

-Quem?
-Voc� o sabe.

Deus meu, Deus meu, por que
me abandonou?

Por que tem se afastado de mim,
em momentos de tribula��o?

-Oh, Alexey!
-Temos de animar-lhe.

-S� se permite uns minutos.
-Guarda, pode deixar-nos a l�mpada?

Por favor.

Aonde est� Iv�n?
N�o veio?

N�o se encontra bem.

-Sim, j� compreendo. -Trouxemos
algo de comer.

Toma! Come!

-Que coisas disseram hoje de voc�!
-Tudo o que disseram era verdade.

Exceto o de que matei ao Pai.

N�o o faziam com mal inten��o.

Nem sequer Katya?

Nem sequer ela.

Est� cheia de despeito.

Tem se humilhado em
p�blico por mim.

Voc� a tem destro�ado.

Cada uma de suas palavras
era verdade.

Mas ao sair de sua boca formavam
uma grande mentira.

Confiada no Senhor, para que
ele possa salvar-lhe. Deixa que...

Deixa que ele o salve,
dizendo que...

Eu o sinto por Katya. Eu tenho lhe feito
danos e tamb�m a muitos outros.

Devo ser castigado por ele.

Amanh�... amanh� serei castigado.

Amanh� me declarar�o culpado.

H� uma saida, por que
n�o a aceita? Por favor.

Diga-lhes que foi culpa minha.

Diga-lhes...

Diga-lhes que eu lhe teria dominado e lhe apartei
de Katya. Acreditariam f�cilmente.

Todos a respeitavam e at�
choravam por ela.

Volte com Katya. Suplica-lhe
que lhe perdoe.

Ver� como se comovem e
lhe deixam em liberdade.

Mas isso se... n�o diga que a ama.

Deixa que ao menos eu fique
com isso: com seu amor.

N�o tenho escapat�ria.

Eu v� em seus rostos que
querem castigar-me.

Ent�o, que me castiguem
a mim tamb�m.

Que o que tenham de fazer
contigo, o fa�am comigo.

Se lhe enviam a um campo de trabalhos
for�ados, eu irei contigo.

E se � algo pior...

...que nada nos volte a separar
um do outro.

Entre, irm�o!

Entre, ainda me fica algo
de refei��o.

Toma um pouco de ch� com conhaque.

N�o � essa a levita de meu pai?

N�o me sinta nada mal, verdade?

� isso o que acredita?

Parece que encaixa aqu�,

...em seu lugar?

-Que lhe ocorre?
-Faz dias que tenho esta enxaqueca.

Parece como se meu c�rebro
fosse partir em dois.

Isso s�o nervos.

N�o tem nada que temer.

Est� salvo. Tenho ouvido que o
julgamento foi muito bem hoje.

A salvo de que?

Sobe a seu aposento e dorme um pouco.
N�o tem nada de que preocupar-se.

Responde-me: a salvo de que?
N�o fiz nada.

N�o fez nada?

Quer dizer que foi porque
eu part�? � isso?

N�o, irm�o. Quero dizer que
foi voc� que assassinou o velho.

Ambos estamos implicados nele,
mas o verdadeiro assassino foi voc�.

Eu s� fui seu instrumento. Eu o fiz
s�mente porque acreditava em voc�.

Voc� matou ao pai?

Mas se voc� o sabia h� muito tempo.

Voc� ajudou a Dimitri!

N�o! A Dimitri n�o, a voc�.

Foi s� com sua ajuda como
podia matar ao velho.

Contigo e por voc�!

E por que n�o?

Depois de tudo, and�vamos
excedidos de raz�es.

Voc� recorda? "Tudo � l�cito,
inclusive o crime".

Voc� e eu formamos uma associa��o perfeita:
a voluntariedade e o instrumento.

Como?

Como sucedeu tudo?

Exatamente de ac�rdo
com o planejado.

Depois que Dimitri saltou a
cerca, esperei uns segundos...

...e corr� at� o jardim.

E encontrou Grigory!

O ma�o de almiscar estava atirado
na neve e a janela aberta.

A princ�pio, acreditei que Dimitri
havia matado ao amo.

Abr� a porta com minha chave...

...e l� estava o amo: escondido!

"J� se foi?", disse entre sussurros.
"Sim". "Fecha a janela".

Olhei l� fora.

"Est� aqui", disse. "Grushenka
lhe est� esperando".

Correu at� a janela.

Apanhei o ati�ador.

Um golpe com ele ser�a igual que um
dado com o ma�o de almirez.

Me aproximei por detr�s. "Grushenka,
Grushenka" a chamava pela janela.

Justo quando estava perto dele,
deu-se a volta e me viu com o ati�ador.

N�o hav�a medo em
seus olhos. Nenhum!

"Assim que havia de ser voc�,
depois de tudo", disse.

E sorria.

Sorria! Lhe golpeei uma e outra
e outra e outra vez.

Limpei com cuidado o sangue
e voltei a deix�-lo em seu lugar.

E lancei-me a correr,

...mas me lembrei do dinheiro.

Apanhei o envelope com a bonita
cinta rosa.

"Para minha querida Grushenka,
se vier visitar-me."

O abri e fiquei com os
3.000 rublos.

Por que deixou o envelope
aberto no solo?

Isso foi o mais inteligente
de tudo.

Grushenka n�o veio, depois de tudo.

Assim que, qual poderia ser o motivo
do crime para Dimitri?

Os 3.000 rublos!

Um envelope aberto, um motivo e uma
magn�fica pista para a pol�cia.

E Grigory foi como testemunha perfeito.

E pelo que a mim respeita, a
epilepsia, uma magn�fica cartada.

Assim que o matou s�
pelos 3.000 rublos?

Por mais, por muito mais.

Queria ganharme seu respeito. Iguais
como s�cios e como pessoas.

Sim, sou um criminoso. T�o culpado
como voc�. O s�cio perfeito.

A �nica raz�o para que eu mesmo n�o lhe mate,
� porque quero salvar Dimitri.

-Vamos � polic�a lhe dizer tudo.
N�s dois! -A pol�c�a, n�o.

D� uma �nica palavra a mais e
lhe matarei agora mesmo.

� pol�cia! Ent�o voc�
tambem acredita em Deus.

� um farsante! Acredita...
acredita em Deus.

Vir� comigo � pol�cia?

Com voc� a nenhuma parte.

Acredita que pode tambem matar?
Adiante, mata-me. Fa�a-o.

N�o, n�o pode, verdade?

Voc� e suas grandes palavras! Nunca
acreditei no que dizia.

N�o � nada: zero!

Eu o haveria seguido por qualquer parte.

Teria matado por voc�.

Smerdyakov?

Olha no s�t�o, eu irei para cima.

Alexey! Alexey!

Se demonstrares e ele confessar�.
Vou obrigar-lhe.

Alexey!

Eu sou o assassino. Sou culpado.

Acaso n�o � feito de acordo
com seu testemunho...

-...que voc� se achava em Moscou
na hora em que morreu? -Sim, mas...

Ent�o voc� n�o pode golpear seu pai.

Eu fui o inspirador. O instrumento foi
meu irm�o bastardo Smerdyakov.

Ningu�m pode jogar em sua cara: Voc�
quer salvar seu irm�o. Verdade?

Porque n�o � culpado.

-A voc� lhe ca�a bem Smerdyakov?
-Ele lhe aborrec�a.

E agora que est� morto, jogando-lhe a culpa,
pretende salvar seu irm�o, verdade?

A lealdade dif�cilmente prova nada.

Aqu� est� a prova: 3.000 rublos.
Este o suposto dinheiro roubado.

Este � o suposto motivo. O motivo
do crime de que falamos ontem.

Foi Smerdyakov quem o roubou.

Ele matou o velho e roubou o dinheiro.

E...

...deixou o envelope aberto.

Isso foi o mais inteligente de tudo.

Ele matou-lhe com um ati�ador e apagou o
sorriso de seus l�bios ensanguentados.

-Sabe? Meu pai estava sorrindo.
-Voc� est� enfermo?

Quem n�o deseja a morte
de seu pai?

-N�o est� em seu s�o juizo, senhor.
-Sim que eu estou.

E minha perversa mente n�o � pior
que a de todos voc�s.

Em nome de Jesus Cristo, � que por
acaso n�o podem comprend�-lo?

Disse que Smerdyakov � culpado.
Pode provar-lhe?

-Aqu� est� a prova: o dinheiro
roubado. -S�o s� 3.000 rublos.

-Poderiam ser de qualquer, inclusive
seus. -Smerdyakov me disse.

-De todas maneiras, tem alguma
testemunha. - N�o. -Bem, nese caso...

Sim.

-Tenho uma testemunha. -Como se chama?
-Est� dentro de todos n�s.

O diabo!

Mas se existe o diabo, tamb�m
tem que existir Deus.

E se Deus existe...sabe?

...minhas teorias s�o falsas e n�o
tudo n�o est� permitido.

Senhoria, solicito a Corte que
o caso seja suspenso.

Meu cliente � a todas luzes inocente.

Senhoria, esta dama tem uma prova
definitiva relativa ao crime.

Se � culpada de haver-la ocultado at�
agora, s� a fez por amor ao acusado.

Senhorita!

N�o permitirei que um inocente sofra.
Iv�n n�o � culpado.

Dimitri escreveu esta carta, dois dias
antes de que seu pai fosse...

Desde logo deveria estar b�bado.

"Querida Katya:

"Se n�o recebo o dinheiro,
irei ver o meu pai.

"E se n�o me o d�, lhe matarei
para arrebatar-se-lhe.

"Enquanto n�o haja lhe pagado o que
lhe devo, n�o me sentirei livre para ir..."

-Ele pediu a voc� que o restituisse.
-Jamais.

Ele o matou pelo dinheiro.
N�o foi Iv�n, mas ele.

Ele � o assassino.

Negar� que voc� escreveu isto?

Eu o escrev�.

O caso de R�ssia contra Karamazov
se d� por conclu�do.

A defesa tem a palavra. Pode
apresentar sua argumenta��o.

Renuncio a minha defesa.
Eu n�o matei a meu pai.

Guarda!

Muitas coisas foram ditas de mim
no julgamento absolutamente certas.

Mas juro ante Deus que n�o
matei a meu pai.

Falaram muito sobre
o dinheiro que gastei.

Katya me deu 3.000 rublos para
que os enviasse a meu pai.

Esse � o dinheiro que perd�
s�mente esse.

A primeira vez em Mokroye
eu gastei a metade.

O resto ficou comigo, porque
queria devolv�-lo,

...para poder ser livre.

Tenho um grande anseio de viver,
senhoria.

Quero viver. Quero voltar a nascer
e para isso, devo ser castigado.

Sem castigo n�o pode haver salva��o.

E se um n�o se salva,
n�o pode renascer.

Mas devem castiga-rme
por meus pr�prios delitos.

Proceda os jurados a deliberar
para pronunciar seu veredito.

-Culpado
-Culpado

-Culpado
-Culpado

-Culpado
-Culpado

-Quando ditar� o Tribunal a senten�a?
-Hoje mesmo, logo.

Os juizes possivelmente lhe condenaram
a 20 anos de trabalhos for�ados.

Oh, felicidades senhorita!

Aonde est� o prisioneiro Karamazov?
Aonde est�o seus guardi�es?

Busca-lo! Busca-lo!

Aonde est�... Dimitri?

Aqu� tem a metade do dinheiro.
O resto ao chegar a fronteira.

Aqu� tem o passaporte, dinheiro
e os bilhetes de trem.

-Foi Iv�n que
organizou tudo? -Sim.

-E voc� o aprova?
-Sim.

Porque sei que � inocente.

-Mas antes tenho que ver a alguem.
-Nos deve estar buscando agora.

-Senhorita, n�o temos tempo.
-Dimitri, por favor!

N�o, isto � imprescind�vel.

Cocheiro!

Se lembra de mim?

-Eu me vou.
-N�o, n�o pode ir-se.

-D�-me o resto do dinheiro.
-N�o posso cruzar a fronteira sem voc�

Lhe devo uma satisfa��o, Capit�o,
e venho a dar-la.

Eu, por mim, n�o necessito
nenhuma satisfa��o,

...mas o menino....

V�-lo aqu� estendido.

Temos visita, filho.

Illusha!

Boa noite.
Eu lhe trouxe algo.

� um canh�o, que dispara
com um ru�do ensurdecedor.

E uma medalha.

-Toma os presentes, filho.
-N�o, pap�.

Tem raz�o. N�o h� presente que
possa apagar um insulto.

Capit�o, lhe pediu humildemente perd�o.

Eu o desafio a um duelo. Foi um covarde.

Conhecia sua reputa��o como
bom atirador no ex�rcito.

Podia haver-me matado
ao primeiro disparo.

N�o era rival para
voc�, capit�o.

Por favor, perdoa-me
e libere-me do desafio.

Bem, filho. Voc� decide.

Perdoa-lhe, pai.

Deixa-lhe que viva.

Obrigado, senhor.

Oh, pai, que orgulhoso estou
de voc�! Que orgulhoso!

Vtg-Tradu��o-PT-BR: ADJARDES RIBEIRO.