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O que sentia? 9 00:00:40,160 --> 00:00:42,827 E, principalmente, no que acreditava? 10 00:00:42,828 --> 00:00:47,448 POR DENTRO DA MENTE MEDIEVAL 11 00:00:49,584 --> 00:00:52,763 CREN�A 12 00:00:52,764 --> 00:00:56,033 MUSKETEERS Albattroz Otoni Kakko 13 00:00:57,122 --> 00:00:59,500 Entre os s�culos X e XV, 14 00:00:59,501 --> 00:01:03,896 o Ocidente foi dominado pela religi�o e cren�as sobrenaturais 15 00:01:03,897 --> 00:01:07,297 de uma forma que � dif�cil imaginarmos. 16 00:01:08,240 --> 00:01:12,890 As pessoas viam o mundo sob o prisma de tais cren�as. 17 00:01:14,600 --> 00:01:18,599 Era um mundo influenciado pela import�ncia divina. 18 00:01:18,600 --> 00:01:22,632 Encantado... incerto... imprevis�vel. 19 00:01:24,220 --> 00:01:25,659 Um mundo no qual 20 00:01:25,660 --> 00:01:28,819 alguns limites eram menos claros do que s�o hoje. 21 00:01:28,820 --> 00:01:33,179 Os limites entre o natural e o sobrenatural eram indefinidos, 22 00:01:33,180 --> 00:01:36,379 entre o normal e o milagroso, 23 00:01:36,380 --> 00:01:38,879 entre os vivos e os mortos. 24 00:01:43,449 --> 00:01:45,758 Os registros medievais evocam uma �poca 25 00:01:45,759 --> 00:01:49,309 na qual os mortos estavam sempre conosco. 26 00:01:51,685 --> 00:01:54,332 O abade do monast�rio de Burton-on-Trent 27 00:01:54,333 --> 00:01:56,979 registrou uma s�rie de eventos estranhos 28 00:01:56,980 --> 00:01:59,455 ocorridos por volta de 1090. 29 00:02:03,100 --> 00:02:08,399 "Dois moradores de Stapenhill fugiram para a vila vizinha. 30 00:02:10,180 --> 00:02:15,839 "No dia seguinte, �s 9h, eles morreram subitamente. 31 00:02:16,442 --> 00:02:18,860 Pouco ap�s seus corpos serem queimados, 32 00:02:18,861 --> 00:02:21,268 surgiu a not�cia de dois seres estranhos 33 00:02:21,269 --> 00:02:23,194 perambulando pela mata. 34 00:02:32,628 --> 00:02:34,892 "Apareceram sob a forma de dois homens 35 00:02:34,893 --> 00:02:38,176 "carregando caix�es de madeira nos ombros. 36 00:02:38,177 --> 00:02:41,577 "Agora, sob apar�ncia de ursos ou c�es. 37 00:02:46,532 --> 00:02:48,497 Os moradores morriam de medo 38 00:02:48,498 --> 00:02:50,636 dos dois fantasmas dos homens mortos 39 00:02:50,637 --> 00:02:53,387 que andavam pelo campo � noite. 40 00:02:54,572 --> 00:02:58,897 O bispo autorizou os moradores a exumar os corpos. 41 00:03:01,832 --> 00:03:03,976 "Os panos de linho sobre seus rostos 42 00:03:03,977 --> 00:03:05,751 "estavam manchados de sangue. 43 00:03:05,752 --> 00:03:07,822 "Deceparam as cabe�as dos homens 44 00:03:07,823 --> 00:03:09,931 "e as puseram no meio das pernas, 45 00:03:09,932 --> 00:03:14,282 "arrancaram os cora��es dos corpos e os queimaram." 46 00:03:18,572 --> 00:03:20,660 Quando os cora��es foram queimados, 47 00:03:20,661 --> 00:03:23,251 eles se partiram fazendo um grande barulho. 48 00:03:23,252 --> 00:03:26,160 Todos viram um esp�rito maligno na forma de um corvo 49 00:03:26,161 --> 00:03:28,131 sair voando das chamas. 50 00:03:28,132 --> 00:03:29,832 Quando tudo acabou, 51 00:03:29,833 --> 00:03:33,071 os mortos e os fantasmas tinham desaparecido. 52 00:03:33,072 --> 00:03:35,840 Estes registros mostram que esta hist�ria not�vel, 53 00:03:35,841 --> 00:03:38,337 com mortos-vivos e panos manchados de sangue, 54 00:03:38,338 --> 00:03:40,011 era levada muito a s�rio. 55 00:03:40,012 --> 00:03:41,994 Esta n�o era uma hist�ria de fantasma 56 00:03:41,995 --> 00:03:44,584 inventada para passar a noite perto da fogueira, 57 00:03:44,585 --> 00:03:47,571 mas um lembrete de uma realidade premente. 58 00:03:47,572 --> 00:03:49,997 Que os mortos n�o viravam p�, 59 00:03:49,998 --> 00:03:53,573 mas podiam ocupar o mesmo mundo que os vivos. 60 00:03:53,574 --> 00:03:55,498 In�meros relatos semelhantes 61 00:03:55,499 --> 00:03:59,924 sugerem que os mortos eram uma presen�a persistente. 62 00:04:00,430 --> 00:04:02,771 Herefordshire, na d�cada de 1150. 63 00:04:02,772 --> 00:04:06,171 O cad�ver de um homem mau vagava pelas estradas � noite, 64 00:04:06,172 --> 00:04:10,947 chamando os nomes dos moradores, que adoeciam e morriam. 65 00:04:11,492 --> 00:04:15,072 Em Annandale, Esc�cia, um cad�ver percorria as vilas 66 00:04:15,073 --> 00:04:18,751 espalhando a peste com seu h�lito f�tido. 67 00:04:20,652 --> 00:04:23,332 Na d�cada de 1190, em Buckinghamshire, 68 00:04:23,333 --> 00:04:25,909 um defunto voltou � cama de sua vi�va 69 00:04:25,910 --> 00:04:28,660 quase esmagando-a com seu peso. 70 00:04:31,514 --> 00:04:34,065 Essas hist�rias de horror eram tidas como fato 71 00:04:34,066 --> 00:04:37,416 por cronistas como William de Newburgh. 72 00:04:39,515 --> 00:04:43,491 "N�o seria f�cil acreditar que cad�veres saem de seus t�mulos 73 00:04:43,492 --> 00:04:46,451 "e andam por a� a aterrorizar os vivos, 74 00:04:46,452 --> 00:04:51,602 "se n�o houvesse tantos casos apoiados por amplo testemunho." 75 00:04:54,114 --> 00:04:56,633 � �poca desses estranhos acontecimentos, 76 00:04:56,634 --> 00:05:01,133 era comum reenterrar os corpos dessas almas penadas. 77 00:05:01,823 --> 00:05:04,969 Escava��es dos cemit�rios medievais em todo o pa�s 78 00:05:04,970 --> 00:05:08,588 revelaram cad�veres enterrados de forma incomum. 79 00:05:08,589 --> 00:05:11,895 Com a cabe�a decepada e colocada entre as pernas, 80 00:05:11,896 --> 00:05:13,616 assim como na hist�ria, 81 00:05:13,617 --> 00:05:17,292 para impedir que o morto voltasse a andar. 82 00:05:18,915 --> 00:05:23,240 Os mortos medievais dividiam o mundo com os vivos. 83 00:05:25,954 --> 00:05:29,504 E podiam ser encontrados a qualquer hora. 84 00:05:31,014 --> 00:05:33,654 Um dos contos medievais populares mais comuns 85 00:05:33,655 --> 00:05:37,955 era a hist�ria dos "Tr�s vivos e os Tr�s Mortos". 86 00:05:39,774 --> 00:05:42,748 Tr�s jovens ricos passeavam 87 00:05:42,749 --> 00:05:45,874 quando se depararam com tr�s mortos. 88 00:05:48,694 --> 00:05:52,413 Os mortos, cada um em diferente est�gio de decomposi��o, 89 00:05:52,414 --> 00:05:55,664 tinham algo a dizer aos jovens ricos. 90 00:05:58,374 --> 00:06:00,993 "Cuidado", disseram eles. 91 00:06:01,378 --> 00:06:04,583 "Assim como voc�s s�o, n�s fomos. 92 00:06:04,987 --> 00:06:08,288 "Assim como eu sou, voc�s ser�o." 93 00:06:08,582 --> 00:06:12,350 Eles os censuravam por seu amor �s coisas materiais. 94 00:06:12,351 --> 00:06:15,030 "Riqueza, honra e poder", diziam eles, 95 00:06:15,031 --> 00:06:17,981 "n�o t�m valor na hora da morte." 96 00:06:20,737 --> 00:06:23,479 O nosso tempo entre os vivos era descrito como 97 00:06:23,480 --> 00:06:25,671 "mais curto que um piscar de olhos." 98 00:06:25,672 --> 00:06:28,438 O que importava era a hora da morte, 99 00:06:28,439 --> 00:06:30,757 a passagem para o outro mundo, 100 00:06:30,758 --> 00:06:34,323 quando tamb�m poder�amos nos tornar como um dos tr�s mortos, 101 00:06:34,324 --> 00:06:36,458 vagando pela Terra, alertando os vivos 102 00:06:36,459 --> 00:06:39,109 para se prepararem para o que estava por vir. 103 00:06:39,110 --> 00:06:42,520 E este tr�fego entre os vivos e os mortos era de m�o dupla. 104 00:06:42,521 --> 00:06:46,464 Assim como acreditavam que os mortos visitavam os vivos, 105 00:06:46,465 --> 00:06:51,315 tamb�m acreditavam que os vivos podiam visitar os mortos. 106 00:06:56,197 --> 00:06:59,328 Em 1206, na tranquila zona rural de Essex, 107 00:06:59,329 --> 00:07:02,634 um campon�s chamado Thurkill, do vilarejo de Stisted, 108 00:07:02,635 --> 00:07:04,485 trabalhava nos campos. 109 00:07:10,855 --> 00:07:14,180 Um acidente o deixou em coma profundo. 110 00:07:17,457 --> 00:07:22,357 Por dois dias, ele ficou deitado como se estivesse morto. 111 00:07:23,251 --> 00:07:24,778 Quando ele retornou, 112 00:07:24,779 --> 00:07:27,251 tinha uma hist�ria extraordin�ria para contar. 113 00:07:27,252 --> 00:07:29,917 Para o que se imagina fosse uma plateia at�nita, 114 00:07:29,918 --> 00:07:31,998 ele recontou tudo que tinha ocorrido 115 00:07:31,999 --> 00:07:34,489 enquanto seu corpo estava em sono profundo. 116 00:07:34,490 --> 00:07:36,994 O que ele descreveu foi nada menos 117 00:07:36,995 --> 00:07:40,995 que uma viagem de ida e volta ao outro mundo. 118 00:07:42,238 --> 00:07:45,077 Ele deu aos seus ouvintes um relato detalhado 119 00:07:45,078 --> 00:07:47,997 da geografia da vida ap�s a morte. 120 00:07:47,998 --> 00:07:52,013 Thurkill cita que chegou a uma igreja misteriosa, 121 00:07:52,014 --> 00:07:54,489 diferente de todas na Terra. 122 00:07:56,800 --> 00:08:00,507 "Ao norte havia uma parede com cerca de 2 metros de altura. 123 00:08:00,508 --> 00:08:03,505 "No meio da igreja havia uma fonte, 124 00:08:03,506 --> 00:08:06,481 "da qual sa�a uma chama brilhante. 125 00:08:06,598 --> 00:08:11,340 Thurkill disse que esp�ritos malignos vieram ao seu encontro, 126 00:08:11,341 --> 00:08:13,966 gargalhando uns com os outros. 127 00:08:15,509 --> 00:08:18,718 Era onde as almas dos mortos vinham para serem julgadas, 128 00:08:18,719 --> 00:08:23,069 algumas para serem condenadas e levadas ao inferno. 129 00:08:25,182 --> 00:08:27,942 "Elas gritavam, amaldi�oavam pai e m�e, 130 00:08:27,943 --> 00:08:31,063 "que as conduziram ao tormento eterno." 131 00:08:31,064 --> 00:08:34,260 Os salvos passavam direto pelos port�es ornados de joias 132 00:08:34,261 --> 00:08:36,211 rumo � igreja de ouro. 133 00:08:38,460 --> 00:08:39,917 Quanto ao resto de n�s, 134 00:08:39,918 --> 00:08:43,566 o destino seria cumprir nossa pena no purgat�rio, 135 00:08:43,567 --> 00:08:46,156 a angustiante sala de espera do C�u. 136 00:08:46,157 --> 00:08:49,383 O lugar onde os nossos pecados eram purgados, da� o nome. 137 00:08:49,384 --> 00:08:52,909 E quanto maior o pecado, maior a espera. 138 00:08:55,598 --> 00:08:57,973 Depois, Thurkill atravessou o fogo 139 00:08:57,974 --> 00:09:01,424 e cruzou uma ponte de pregos e estacas. 140 00:09:03,911 --> 00:09:06,456 Foi ali, no meio do amontoado de pecadores, 141 00:09:06,457 --> 00:09:09,732 que ele vislumbrou uma figura sombria. 142 00:09:10,649 --> 00:09:15,959 Era o pai dele, terrivelmente magro e deformado pela dor. 143 00:09:16,542 --> 00:09:19,994 O pai se esfor�a para lhe dizer que estava definhando ali 144 00:09:19,995 --> 00:09:22,526 por causa de seus neg�cios escusos. 145 00:09:22,527 --> 00:09:25,163 Thurkill ouve a voz de S�o Miguel. 146 00:09:25,164 --> 00:09:27,723 "Dez missas libertar�o seu pai, 147 00:09:27,724 --> 00:09:29,910 "e ent�o voc� poder� acompanh�-lo 148 00:09:29,911 --> 00:09:32,936 "at� a igreja do Monte da Gl�ria." 149 00:09:34,173 --> 00:09:36,615 Thurkill n�o vislumbrou a m�e. 150 00:09:36,616 --> 00:09:41,816 Teria sido ela condenada a sofrer pela eternidade no inferno? 151 00:09:45,011 --> 00:09:46,678 Para os moradores de Essex, 152 00:09:46,679 --> 00:09:51,077 a vis�o de Thurkill deve ter parecido terrivelmente familiar. 153 00:09:51,078 --> 00:09:54,828 Era uma jornada que aguardava a todos eles. 154 00:09:57,310 --> 00:10:01,597 Esta descri��o da vida ap�s a morte n�o foi um fato isolado. 155 00:10:01,598 --> 00:10:04,677 Tais vis�es eram frequentes na Inglaterra medieval. 156 00:10:04,678 --> 00:10:07,917 E muitas delas seguiam o padr�o da de Thurkill, 157 00:10:07,918 --> 00:10:11,016 com tormentos concebidos para determinados pecados. 158 00:10:11,017 --> 00:10:13,858 Como glut�es for�ados a passar fome, 159 00:10:13,859 --> 00:10:17,634 ou avaros tendo ouro empurrado goela abaixo. 160 00:10:21,578 --> 00:10:24,178 A liga��o entre este mundo e o outro 161 00:10:24,179 --> 00:10:26,604 era uma realidade cotidiana. 162 00:10:29,485 --> 00:10:31,770 Essas hist�rias eram debatidas 163 00:10:31,771 --> 00:10:35,371 e repetidas em p�lpitos por toda a parte. 164 00:10:36,938 --> 00:10:40,037 Essa vis�o de uma jornada para o outro mundo 165 00:10:40,038 --> 00:10:44,277 � o tema de uma das maiores obras da literatura medieval... 166 00:10:44,278 --> 00:10:46,528 a Divina Com�dia de Dante. 167 00:10:48,042 --> 00:10:51,792 O inferno � um pesadelo de tormento eterno. 168 00:10:56,713 --> 00:10:58,702 O purgat�rio � uma montanha 169 00:10:58,703 --> 00:11:01,984 onde os com poucos pecados cumpriam sua pena 170 00:11:01,985 --> 00:11:05,135 antes de se juntarem a Deus no C�u. 171 00:11:12,638 --> 00:11:14,871 Os mortos podiam visitar os vivos, 172 00:11:14,872 --> 00:11:17,406 os vivos podiam ajudar os mortos. 173 00:11:17,407 --> 00:11:20,737 Os limites entre esses mundos eram perme�veis. 174 00:11:20,738 --> 00:11:25,138 A vida na Terra era apenas uma fra��o da exist�ncia eterna. 175 00:11:25,139 --> 00:11:28,639 O mundo real n�o era este, mas o outro. 176 00:11:35,578 --> 00:11:38,400 Em constante movimento entre esses dois mundos 177 00:11:38,401 --> 00:11:41,001 estava uma ra�a de seres espirituais. 178 00:11:41,002 --> 00:11:42,869 O bem e o mal. 179 00:11:49,662 --> 00:11:53,886 Liderando as for�as das trevas estava o diabo, Satan�s. 180 00:11:53,887 --> 00:11:56,489 Um antigo anjo expulso do C�u 181 00:11:56,490 --> 00:12:01,090 que fazia oposi��o implac�vel a Deus e � Sua cria��o. 182 00:12:05,348 --> 00:12:07,346 O diabo e seu batalh�o de dem�nios 183 00:12:07,347 --> 00:12:08,984 estavam por toda a parte. 184 00:12:08,985 --> 00:12:12,867 Para nos tentar, enganar e destruir. 185 00:12:31,996 --> 00:12:34,924 O diabo pode aparecer sob todos os tipos de formas. 186 00:12:34,925 --> 00:12:37,800 Talvez sob a forma de um sapo... 187 00:12:38,659 --> 00:12:40,577 ou um cachorro negro. 188 00:12:41,108 --> 00:12:42,826 Ou um corvo. 189 00:12:42,827 --> 00:12:46,289 Algo assustador. Algo incomum. 190 00:12:46,290 --> 00:12:50,535 Mas algo que pud�ssemos encontrar todos os dias. 191 00:12:55,398 --> 00:12:57,838 Na d�cada de 1230, havia um homem chamado 192 00:12:57,839 --> 00:13:00,317 William de Aberdeen, um marinheiro, 193 00:13:00,318 --> 00:13:02,781 que caminhava pelos p�ntanos escoceses. 194 00:13:02,782 --> 00:13:06,157 Ele notou que um pequeno c�o o seguia. 195 00:13:06,501 --> 00:13:10,103 De repente, o c�o aumentou bastante de tamanho, 196 00:13:10,104 --> 00:13:11,794 e virou um drag�o. 197 00:13:11,795 --> 00:13:14,920 William foi possu�do por um dem�nio. 198 00:13:15,109 --> 00:13:18,200 Ele rasgou toda sua roupa, exceto as cal�as, 199 00:13:18,201 --> 00:13:20,876 e foi � cidade de Dunfermline. 200 00:13:22,198 --> 00:13:24,029 "Instigado pelo dem�nio, 201 00:13:24,030 --> 00:13:26,785 "ele tentou fazer muitas maldades por l�. 202 00:13:26,786 --> 00:13:28,830 "Ele for�ou para dentro de casa, 203 00:13:28,831 --> 00:13:31,404 "crian�as, donzelas, os velhos e jovens, 204 00:13:31,405 --> 00:13:36,284 "e tentou derrubar suas portas com um machado afiado." 205 00:13:41,089 --> 00:13:44,325 Ele acabou sendo desarmado, amarrado, 206 00:13:44,326 --> 00:13:47,723 levado ao templo local, o Mosteiro de Santa Margarida. 207 00:13:47,724 --> 00:13:49,509 Ele ficou 3 dias por l�, 208 00:13:49,510 --> 00:13:52,244 uivando, gemendo e sem comer nada, 209 00:13:52,245 --> 00:13:55,328 at� recobrar os sentidos. 210 00:13:55,329 --> 00:13:57,430 Os monges lhe deram p�o e queijo, 211 00:13:57,431 --> 00:14:01,831 ele confessou seus pecados e o dem�nio o abandonou. 212 00:14:10,762 --> 00:14:13,242 Mas o homem medieval n�o estava s� 213 00:14:13,243 --> 00:14:16,493 em sua luta contra o mundo demon�aco. 214 00:14:21,413 --> 00:14:23,708 Um ex�rcito celestial de anjos 215 00:14:23,709 --> 00:14:26,959 estava pronto para lutar em seu nome. 216 00:14:27,613 --> 00:14:31,482 Nove ordens deles. De serafins a querubins, 217 00:14:31,483 --> 00:14:34,184 passando por arcanjos e meros anjos, 218 00:14:34,185 --> 00:14:36,935 cada um com seu papel definido. 219 00:14:38,874 --> 00:14:40,878 O padre, Geraldo de Gales, 220 00:14:40,879 --> 00:14:45,004 descreveu a posi��o deles no esquema das coisas. 221 00:14:47,163 --> 00:14:49,898 "Eles t�m uma ess�ncia mais sutil que o homem, 222 00:14:49,899 --> 00:14:51,422 "uma posi��o mais elevada 223 00:14:51,423 --> 00:14:55,123 "e uma familiaridade mais �ntima com Deus." 224 00:14:59,680 --> 00:15:02,466 Anjos e dem�nios lutavam constantemente 225 00:15:02,467 --> 00:15:04,792 pela posse de nossas almas. 226 00:15:07,090 --> 00:15:11,865 "Os anjos mostram cuidado constante por nosso bem-estar. 227 00:15:12,340 --> 00:15:14,954 "Os dem�nios nos atacam ferozmente 228 00:15:14,955 --> 00:15:17,705 "para nos obrigar a render-se." 229 00:15:24,840 --> 00:15:27,719 Por volta de 1110, William de Corbeil 230 00:15:27,720 --> 00:15:32,045 viu esta batalha diretamente em sua casa em Dover. 231 00:15:38,888 --> 00:15:40,898 "Quando adoeci, 232 00:15:40,899 --> 00:15:43,868 "um grupo de dem�nios hediondos se aproximou 233 00:15:43,869 --> 00:15:46,343 "e sentou-se ao redor da minha cama, 234 00:15:46,344 --> 00:15:49,194 "discutindo o que fariam comigo." 235 00:15:54,280 --> 00:15:59,236 Mas, ent�o, William notou uma presen�a ao lado de sua cama, 236 00:15:59,237 --> 00:16:00,836 a Virgem Maria. 237 00:16:02,605 --> 00:16:05,440 Ele ainda estava apavorado, mas a Virgem assegurou 238 00:16:05,441 --> 00:16:08,541 que os dem�nios n�o podiam lev�-lo. 239 00:16:10,913 --> 00:16:12,696 "Ela lhes disse que os anjos 240 00:16:12,697 --> 00:16:16,697 "Miguel, Gabriel e Rafael lutariam contra eles. 241 00:16:16,700 --> 00:16:18,740 "Os dem�nios sa�ram, 242 00:16:18,741 --> 00:16:21,926 "resmungando que eles n�o iriam enfrent�-los." 243 00:16:21,927 --> 00:16:23,856 William foi salvo. 244 00:16:24,473 --> 00:16:25,986 Mas, a qualquer instante, 245 00:16:25,987 --> 00:16:28,327 a vida de algu�m podia ser transformada, 246 00:16:28,328 --> 00:16:32,953 para melhor ou para pior, por esses seres espirituais. 247 00:16:33,612 --> 00:16:37,253 Essas ideias geravam ansiedade ou tranquilidade? 248 00:16:37,254 --> 00:16:39,794 Provavelmente, ambas em momentos distintos. 249 00:16:39,795 --> 00:16:41,589 Mas n�o importa a resposta. 250 00:16:41,590 --> 00:16:44,262 N�o havia nada de estranho na interven��o divina. 251 00:16:44,263 --> 00:16:47,788 Era apenas parte de como eram as coisas. 252 00:16:59,529 --> 00:17:02,692 A mais espetacular das interven��es divinas 253 00:17:02,693 --> 00:17:06,218 era o Dia do Ju�zo Final, o pr�prio Apocalipse, 254 00:17:06,219 --> 00:17:11,144 quando o mundo seria destru�do e os mortos ressuscitariam. 255 00:17:13,045 --> 00:17:15,240 Quando exatamente isso iria acontecer? 256 00:17:15,241 --> 00:17:17,329 Os estudiosos medievais calcularam 257 00:17:17,330 --> 00:17:20,679 que o homem estava vivendo a sexta e �ltima era. 258 00:17:20,680 --> 00:17:22,703 Portanto, para as pessoas da �poca, 259 00:17:22,704 --> 00:17:24,817 a Idade M�dia n�o era a Idade M�dia, 260 00:17:24,818 --> 00:17:26,867 era o fim dos tempos. 261 00:17:33,380 --> 00:17:37,764 O fim do mundo se aproximando. Visitas dos mortos-vivos. 262 00:17:37,765 --> 00:17:41,279 Relatos em primeira m�o de viagens ao al�m. 263 00:17:41,280 --> 00:17:44,930 Batalhas invis�veis entre anjos e dem�nios. 264 00:17:45,544 --> 00:17:48,725 O sobrenatural n�o era nada abstrato. 265 00:17:48,726 --> 00:17:52,226 Ele era real e estava por toda a parte. 266 00:17:58,204 --> 00:18:01,838 A �nica mediadora entre este mundo e o outro 267 00:18:01,839 --> 00:18:05,814 era uma das for�as mais poderosas da hist�ria. 268 00:18:07,076 --> 00:18:08,979 A Igreja medieval. 269 00:18:23,450 --> 00:18:25,866 O aumento das catedrais na Idade M�dia 270 00:18:25,867 --> 00:18:28,439 protegia as almas de homens e mulheres 271 00:18:28,440 --> 00:18:31,865 contra as interven��es malignas do al�m. 272 00:18:34,465 --> 00:18:37,715 O poder de Deus manifestado em pedra. 273 00:18:43,361 --> 00:18:47,386 A Igreja possu�a um quinto da riqueza do pa�s. 274 00:18:50,720 --> 00:18:55,520 Ela ficava com um d�cimo da renda de todos os crist�os. 275 00:18:57,609 --> 00:19:02,434 Em troca, lan�ava um escudo protetor em torno dos fi�is. 276 00:19:05,502 --> 00:19:07,771 Dizer que esta era uma �poca religiosa 277 00:19:07,772 --> 00:19:09,559 n�o reflete bem a realidade. 278 00:19:09,560 --> 00:19:11,525 Nas sociedades ocidentais modernas, 279 00:19:11,526 --> 00:19:13,361 a religi�o � quest�o de escolha. 280 00:19:13,362 --> 00:19:15,225 Os governos n�o devem intervir 281 00:19:15,226 --> 00:19:18,601 em nome de uma religi�o contra a outra. 282 00:19:18,602 --> 00:19:21,646 Nos EUA, a separa��o entre Igreja e Estado 283 00:19:21,647 --> 00:19:24,072 foi escrita na Constitui��o. 284 00:19:24,795 --> 00:19:28,519 Tais ideias seriam incompreens�veis na Idade M�dia. 285 00:19:28,520 --> 00:19:31,039 � �poca, a Igreja n�o era uma associa��o 286 00:19:31,040 --> 00:19:34,559 de indiv�duos com interesse comum, juntos por escolha. 287 00:19:34,560 --> 00:19:38,110 Ela era o pr�prio arcabou�o da sociedade. 288 00:19:49,434 --> 00:19:52,262 Na linha de frente da defesa contra o mal 289 00:19:52,263 --> 00:19:55,563 estavam os grandes mosteiros medievais. 290 00:19:59,693 --> 00:20:01,175 No s�culo XIII, 291 00:20:01,176 --> 00:20:03,765 havia pelo menos mil casas religiosas 292 00:20:03,766 --> 00:20:05,616 somente na Inglaterra. 293 00:20:11,363 --> 00:20:13,780 Muitas constru�das em lugares remotos, 294 00:20:13,781 --> 00:20:18,106 ressoando a luta de Cristo com Satan�s no deserto. 295 00:20:27,000 --> 00:20:29,625 A Abadia de Pluscarden, perto de Inverness, 296 00:20:29,626 --> 00:20:32,145 � o �nico mosteiro medieval na Gr�-Bretanha 297 00:20:32,146 --> 00:20:35,696 ainda usado para o seu objetivo original. 298 00:20:43,460 --> 00:20:46,959 No in�cio do s�culo XII, o monge, Orderico Vital, 299 00:20:46,960 --> 00:20:51,435 descreveu o papel dos mosteiros no ex�rcito de Deus. 300 00:20:53,800 --> 00:20:56,147 "Aqui, as tropas de Cristo 301 00:20:56,148 --> 00:20:58,706 "rejeitam o mundo e seus parasitas, 302 00:20:58,707 --> 00:21:01,911 "desqualificando todos os seus prazeres como imund�cie, 303 00:21:01,912 --> 00:21:05,487 "para lutar corajosamente contra o diabo." 304 00:21:05,640 --> 00:21:08,886 Os monges aqui seguem a regra de S�o Bento, 305 00:21:08,887 --> 00:21:11,079 formulada no s�culo VI. 306 00:21:16,707 --> 00:21:22,286 A ess�ncia da regra beneditina � a busca por Deus, 307 00:21:22,287 --> 00:21:25,559 em uma vida comunit�ria organizada 308 00:21:25,560 --> 00:21:31,517 com �nfase especial na ora��o, leitura e trabalho. 309 00:21:32,042 --> 00:21:36,300 Viver sob uma regra, viver sob a autoridade de um abade. 310 00:21:36,301 --> 00:21:41,748 Viver uma vida crist� dedicada celibat�ria. 311 00:21:44,866 --> 00:21:47,797 O dia do monge come�a �s quatro horas da manh� 312 00:21:47,798 --> 00:21:52,523 e segue um padr�o que pouco mudou desde a Idade M�dia. 313 00:21:55,641 --> 00:21:57,777 Para seus antecessores medievais, 314 00:21:57,778 --> 00:22:01,903 tal rotina fazia parte de uma guerra incessante. 315 00:22:04,732 --> 00:22:08,032 "Um mosteiro � um castelo constru�do contra Satan�s, 316 00:22:08,033 --> 00:22:09,830 "onde campe�es com armadura 317 00:22:09,831 --> 00:22:13,481 "travam combate incessante contra o diabo." 318 00:22:18,793 --> 00:22:22,501 O monge est� engajado numa luta 319 00:22:22,502 --> 00:22:26,950 contra tudo que � ego�sta nele mesmo, 320 00:22:26,951 --> 00:22:31,866 ou com as for�as do mal, por assim dizer, 321 00:22:31,867 --> 00:22:34,124 dentro dele mesmo. 322 00:22:34,125 --> 00:22:36,483 Assim, nesse sentido, sim, 323 00:22:36,484 --> 00:22:39,872 � a ideia de um combate espiritual. 324 00:22:39,873 --> 00:22:42,083 Um combate muito antigo, 325 00:22:42,084 --> 00:22:44,934 remontando aos Padres do Deserto. 326 00:22:53,893 --> 00:22:57,273 Al�m das muralhas destes castelos erguidos contra Satan�s 327 00:22:57,274 --> 00:23:01,349 estavam as tropas locais, as igrejas paroquiais. 328 00:23:08,711 --> 00:23:11,012 A igrejas medievais montavam guarda 329 00:23:11,013 --> 00:23:14,963 sobre a alma de cada homem, mulher e crian�a. 330 00:23:16,824 --> 00:23:18,633 Como intermedi�rios de Deus, 331 00:23:18,634 --> 00:23:20,862 os padres ministravam os sacramentos, 332 00:23:20,863 --> 00:23:22,892 marcando as fases mais importantes 333 00:23:22,893 --> 00:23:26,518 na perigosa jornada do nascimento � morte. 334 00:23:30,542 --> 00:23:32,415 Primeiro, o batismo, 335 00:23:32,416 --> 00:23:36,266 uma forma de exorcismo, expulsando o dem�nio. 336 00:23:41,166 --> 00:23:42,944 Depois, a confiss�o. 337 00:23:44,422 --> 00:23:46,205 A comunh�o. 338 00:23:47,291 --> 00:23:48,890 O casamento. 339 00:23:49,998 --> 00:23:52,901 E, finalmente, eles conduziam o enterro, 340 00:23:52,902 --> 00:23:56,641 o rito de passagem mais dram�tico de todos. 341 00:23:56,642 --> 00:24:00,692 Os mortos medievais permaneciam no meio de n�s. 342 00:24:01,201 --> 00:24:05,076 Eles eram nossa liga��o com o mundo do al�m. 343 00:24:05,970 --> 00:24:08,618 A mistura dos vivos e mortos � incomum. 344 00:24:08,619 --> 00:24:10,410 Na Gr�cia e Roma antigas, 345 00:24:10,411 --> 00:24:12,964 era proibido enterrar cad�veres na cidade. 346 00:24:12,965 --> 00:24:15,828 O Cristianismo medieval os trouxe para pr�ximo. 347 00:24:15,829 --> 00:24:19,034 Toda igreja paroquial tinha um cemit�rio. 348 00:24:19,035 --> 00:24:21,277 Se forem a uma sinagoga, mesquita, 349 00:24:21,278 --> 00:24:23,424 ou a um templo budista ou hindu, 350 00:24:23,425 --> 00:24:26,176 voc�s n�o ver�o memoriais ou l�pides. 351 00:24:26,177 --> 00:24:28,552 Toda igreja paroquial est� repleta deles. 352 00:24:28,553 --> 00:24:30,285 Costumamos ignorar. 353 00:24:30,286 --> 00:24:35,436 Mas isso � parte do que podemos chamar de culto aos mortos. 354 00:24:42,500 --> 00:24:46,227 Os t�mulos dos mortos lembravam a todos, ricos e pobres, 355 00:24:46,228 --> 00:24:50,103 que este mundo n�o era o seu verdadeiro lar. 356 00:24:56,220 --> 00:24:58,368 Nas capelas medievais, 357 00:24:58,369 --> 00:25:01,494 os ricos investiam em t�mulos magn�ficos 358 00:25:01,495 --> 00:25:05,545 para ajudar a diminuir seu tempo no purgat�rio. 359 00:25:06,603 --> 00:25:09,558 O t�mulo de Richard Beauchamp, Conde de Warwick, 360 00:25:09,559 --> 00:25:12,727 um dos homens mais ricos e poderosos da Inglaterra. 361 00:25:12,728 --> 00:25:14,976 Quando morreu em 1439, deixou dinheiro 362 00:25:14,977 --> 00:25:18,803 para que 5 mil missas fossem celebradas por sua alma. 363 00:25:18,804 --> 00:25:20,717 Mas sua verdadeira prote��o 364 00:25:20,718 --> 00:25:24,365 contra o sofrimento do purgat�rio era esta capela. 365 00:25:24,366 --> 00:25:26,541 Constru�da 20 anos ap�s sua morte, 366 00:25:26,542 --> 00:25:28,236 custou milhares de libras, 367 00:25:28,237 --> 00:25:31,075 o equivalente a milh�es hoje em dia, 368 00:25:31,076 --> 00:25:33,672 onde ele esperava, em suas pr�prias palavras, 369 00:25:33,673 --> 00:25:37,823 que iriam rezar por ele "at� o fim dos tempos." 370 00:25:39,898 --> 00:25:44,220 A ef�gie de Richard Beauchamp conservada para a eternidade. 371 00:25:44,221 --> 00:25:48,500 Suas m�os abertas em ora��o e venera��o � Virgem Maria 372 00:25:48,501 --> 00:25:52,176 que olha para ele do teto abobadado acima. 373 00:25:57,278 --> 00:25:59,103 Ao redor das laterais do t�mulo, 374 00:25:59,104 --> 00:26:01,294 est�tuas, conhecidas como carpideiras, 375 00:26:01,295 --> 00:26:03,521 familiares em luto por sua morte 376 00:26:03,522 --> 00:26:07,472 e orando por sua ascens�o aos bra�os de Deus. 377 00:26:21,055 --> 00:26:24,647 Neste mundo, monges e padres rezam pelos mortos, 378 00:26:24,648 --> 00:26:27,197 ajudando a reduzir seu tempo de tormento 379 00:26:27,198 --> 00:26:29,077 no labirinto do purgat�rio. 380 00:26:29,078 --> 00:26:31,699 Da mesma forma, os mortos sagrados, 381 00:26:31,700 --> 00:26:33,955 os santos do C�u, estavam ocupados, 382 00:26:33,956 --> 00:26:36,656 oferecendo sua ajuda aos vivos. 383 00:26:42,702 --> 00:26:45,486 As pessoas veneravam os santos, homens e mulheres 384 00:26:45,487 --> 00:26:48,103 que tinham vivido uma vida especialmente sacra 385 00:26:48,104 --> 00:26:49,954 ou realizado milagres. 386 00:26:54,950 --> 00:26:59,675 Eles podiam intervir diretamente nos assuntos dos vivos. 387 00:27:00,541 --> 00:27:05,641 Assim, o culto aos santos estava no �mago da vida medieval. 388 00:27:12,221 --> 00:27:14,621 Todo paroquiano podia ver os santos 389 00:27:14,622 --> 00:27:17,683 pessoalmente nas pinturas da igreja local, 390 00:27:17,684 --> 00:27:22,584 onde eles ficavam cara a cara com esses seres celestiais. 391 00:27:38,061 --> 00:27:40,880 Alguns santos tinham uma especialidade, 392 00:27:40,881 --> 00:27:44,600 talvez associada a algum incidente nas pr�prias vidas. 393 00:27:44,601 --> 00:27:48,160 Rezava-se para Santa Margarida de Antioquia durante o parto, 394 00:27:48,161 --> 00:27:50,251 talvez porque ela saiu ilesa 395 00:27:50,252 --> 00:27:54,202 da barriga de um drag�o que a tinha engolido. 396 00:27:54,461 --> 00:27:58,080 Santa Apol�nia era padroeira da dor de dente. 397 00:27:58,081 --> 00:28:00,640 Ela foi uma santa m�rtir que foi torturada 398 00:28:00,641 --> 00:28:03,040 tendo todos os dentes arrancados. 399 00:28:03,041 --> 00:28:05,360 E quanto � Santa Wilgefortis, 400 00:28:05,361 --> 00:28:07,841 sua especialidade era ajudar esposas 401 00:28:07,842 --> 00:28:10,160 a se livrarem de maridos indesej�veis. 402 00:28:10,161 --> 00:28:13,380 Ela tamb�m � chamada Santa Uncumber. 403 00:28:17,121 --> 00:28:19,486 A interven��o de um santo podia representar 404 00:28:19,487 --> 00:28:21,480 a diferen�a entre a vida e a morte, 405 00:28:21,481 --> 00:28:25,256 fazendo at� mesmo Deus rever Seu julgamento. 406 00:28:28,381 --> 00:28:30,960 No julgamento medieval por ord�lio, 407 00:28:30,961 --> 00:28:34,191 Deus revelava a culpa ou inoc�ncia de um suspeito 408 00:28:34,192 --> 00:28:38,092 atrav�s de sua rea��o a um teste excruciante. 409 00:28:39,697 --> 00:28:43,515 No teste da �gua, se o acusado boiasse, 410 00:28:43,516 --> 00:28:45,160 era culpado. 411 00:28:45,161 --> 00:28:47,652 Se afundasse, era inocente 412 00:28:47,653 --> 00:28:49,928 e rapidamente era retirado. 413 00:28:52,041 --> 00:28:53,840 No teste do fogo, 414 00:28:53,841 --> 00:28:57,760 era culpado se sua pele inchasse com bolhas, 415 00:28:57,761 --> 00:29:00,111 inocente ela se recuperasse. 416 00:29:02,446 --> 00:29:04,392 Por volta de 1200, 417 00:29:04,393 --> 00:29:08,218 uma mulher em York foi acusada de homic�dio. 418 00:29:09,927 --> 00:29:12,819 "Ap�s a mulher ter carregado um ferro quente, 419 00:29:12,820 --> 00:29:14,968 "foi descoberto um incha�o na m�o 420 00:29:14,969 --> 00:29:19,119 "t�o grande com uma noz, assim foi condenada � morte." 421 00:29:19,120 --> 00:29:21,372 Deus revelara a sua culpa. 422 00:29:21,647 --> 00:29:24,198 Mas a acusada pediu permiss�o para orar 423 00:29:24,199 --> 00:29:26,374 no t�mulo de S�o William. 424 00:29:28,674 --> 00:29:30,800 "Assim que a mulher entrou na capela, 425 00:29:30,801 --> 00:29:33,926 "o incha�o sumiu sem deixar rastro." 426 00:29:35,300 --> 00:29:37,902 "Os ju�zes declararam sua inoc�ncia, 427 00:29:37,903 --> 00:29:41,067 "dizendo que se Deus e S�o William a tinham absolvido, 428 00:29:41,068 --> 00:29:43,843 "eles n�o desejavam conden�-la." 429 00:29:44,680 --> 00:29:48,762 Os santos eram companheiros, guiando-nos e protegendo-nos. 430 00:29:48,763 --> 00:29:51,492 Seu incr�vel poder estava especialmente presente 431 00:29:51,493 --> 00:29:53,359 em seus restos f�sicos. 432 00:29:53,360 --> 00:29:57,139 Pequenas por��es de ossos, cabelo ou roupa 433 00:29:57,140 --> 00:30:00,041 foram vigorosamente coletadas e guardadas 434 00:30:00,042 --> 00:30:02,299 nos anos e s�culos ap�s suas mortes 435 00:30:02,300 --> 00:30:05,715 por pessoas que acreditavam que esses objetos tang�veis 436 00:30:05,716 --> 00:30:08,166 continham poder sobrenatural. 437 00:30:10,960 --> 00:30:13,119 Tais restos eram chamados "rel�quias". 438 00:30:13,120 --> 00:30:18,545 A palavra significa literalmente aquilo que � deixado para tr�s. 439 00:30:18,640 --> 00:30:21,179 Objetos de poder sobrenatural, 440 00:30:21,180 --> 00:30:25,105 aproximavam-se deles com respeito, at� terror. 441 00:30:28,358 --> 00:30:32,091 O monge, Jocelim de Brakelond, em 1198, 442 00:30:32,092 --> 00:30:34,249 descreve como ele ajudou a remover 443 00:30:34,250 --> 00:30:36,132 o corpo do m�rtir S�o Edmundo 444 00:30:36,133 --> 00:30:39,433 para o altar-mor da igreja da abadia. 445 00:30:41,258 --> 00:30:43,164 "Aproximando-se com rever�ncia, 446 00:30:43,165 --> 00:30:45,343 "nos apressamos para abrir o caix�o. 447 00:30:45,344 --> 00:30:48,901 "O abade disse desejava contemplar seu padroeiro." 448 00:30:48,902 --> 00:30:50,888 Mas o abade aproximou-se 449 00:30:50,889 --> 00:30:54,464 dos ossos de 300 anos do santo com medo. 450 00:30:55,741 --> 00:30:58,461 Um outro abade havia ficado paralisado 451 00:30:58,462 --> 00:31:00,987 ao tocar os restos do santo. 452 00:31:04,352 --> 00:31:06,772 "Enquanto o resto da abadia dormia, 453 00:31:06,773 --> 00:31:08,705 "ele removeu cuidadosamente 454 00:31:08,706 --> 00:31:13,081 "as camadas do pano de seda que envolvia o corpo." 455 00:31:21,472 --> 00:31:24,053 "Segurando a cabe�a em suas m�os, 456 00:31:24,054 --> 00:31:25,729 "ele fez uma prece. 457 00:31:26,389 --> 00:31:30,012 "�, glorioso m�rtir, n�o me amaldi�oe, 458 00:31:30,013 --> 00:31:32,131 "um miser�vel pecador, 459 00:31:32,132 --> 00:31:35,542 "� perdi��o por se atrever a tocar-te. 460 00:31:35,924 --> 00:31:39,822 "Tu compreendes minha devo��o e prop�sito." 461 00:31:40,956 --> 00:31:44,551 Desta vez, o abade foi poupado da ira do santo. 462 00:31:44,552 --> 00:31:48,077 O cad�ver permaneceu completamente im�vel. 463 00:31:50,258 --> 00:31:52,679 Isso era o mais pr�ximo que pod�amos chegar 464 00:31:52,680 --> 00:31:54,737 de tocar o sagrado. 465 00:31:54,738 --> 00:31:58,713 N�o era algo para ser encarado com leviandade. 466 00:32:07,178 --> 00:32:10,897 Aproximar-se de santos mortos era uma paix�o medieval. 467 00:32:10,898 --> 00:32:13,051 Peregrinos viajavam grandes dist�ncias 468 00:32:13,052 --> 00:32:14,797 na esperan�a de assim o fazer. 469 00:32:14,798 --> 00:32:17,638 Para Roma, para Santiago na Espanha... 470 00:32:17,639 --> 00:32:19,839 e, claro, para Canterbury. 471 00:32:24,058 --> 00:32:26,558 Como Chaucer escreveu sobre os peregrinos: 472 00:32:26,559 --> 00:32:28,003 "Quando a primavera chega, 473 00:32:28,004 --> 00:32:30,133 "elas desejam partir em peregrina��o. 474 00:32:30,134 --> 00:32:31,715 "Desejam partir". 475 00:32:31,716 --> 00:32:33,642 As estradas da Gr�-Bretanha medieval 476 00:32:33,643 --> 00:32:35,081 eram cheias de peregrinos. 477 00:32:35,082 --> 00:32:37,932 Homens e mulheres viajando centenas de quil�metros, 478 00:32:37,933 --> 00:32:40,037 geralmente a p�, para se aproximar 479 00:32:40,038 --> 00:32:43,413 de uma rel�quia ou rezar em um templo. 480 00:32:49,930 --> 00:32:52,703 Ao longo do caminho dos peregrinos a Canterbury 481 00:32:52,704 --> 00:32:54,528 ficava o Priorado de Aylesford, 482 00:32:54,529 --> 00:32:59,104 o local de descanso predileto dos viajantes medievais. 483 00:32:59,744 --> 00:33:02,428 O priorado, que remonta ao s�culo XIII, 484 00:33:02,429 --> 00:33:06,254 era uma casa da Ordem dos Frades Carmelitas. 485 00:33:09,442 --> 00:33:13,435 Hoje, Aylesford abriga uma das raras rel�quias medievais 486 00:33:13,436 --> 00:33:15,053 da Gr�-Bretanha... 487 00:33:15,618 --> 00:33:18,809 o cr�nio de S�o Sim�o Stock. 488 00:33:26,218 --> 00:33:28,718 Um venerado frade carmelita, 489 00:33:28,719 --> 00:33:32,969 que fora aben�oado com uma vis�o da Virgem Maria. 490 00:33:38,858 --> 00:33:41,937 A Europa medieval estava repleta de rel�quias. 491 00:33:41,938 --> 00:33:45,997 Os restos mortais dos santos, os mortos sagrados. 492 00:33:45,998 --> 00:33:49,273 Os santos podiam estar no c�u, mas tamb�m estavam aqui, 493 00:33:49,274 --> 00:33:51,557 em seus ossos, em suas rel�quias. 494 00:33:51,558 --> 00:33:53,448 Vinha-se at� elas, rezava-se, 495 00:33:53,449 --> 00:33:56,197 tentava-se chegar o mais pr�ximo poss�vel. 496 00:33:56,198 --> 00:34:00,023 Podia-se at� esperar por uma cura milagrosa. 497 00:34:08,121 --> 00:34:10,186 O caminho de Canterbury levou milhares 498 00:34:10,187 --> 00:34:14,887 ao local de peregrina��o mais venerado na Gr�-Bretanha. 499 00:34:27,578 --> 00:34:29,500 Foi aqui na catedral, 500 00:34:29,501 --> 00:34:34,401 que S�o Tom�s Becket foi assassinado por soldados do rei. 501 00:34:38,298 --> 00:34:41,105 � medida que chegavam, ofereciam-se aos peregrinos 502 00:34:41,106 --> 00:34:45,156 garrafas com o sangue do m�rtir como lembran�a. 503 00:34:45,398 --> 00:34:49,023 E havia muito mais aqui para impressionar. 504 00:34:49,798 --> 00:34:53,917 A lista de rel�quias de Catedral de Canterbury, no ano de 1316, 505 00:34:53,918 --> 00:34:57,083 inclu�a 12 corpos inteiros de santos, 506 00:34:57,084 --> 00:35:00,217 3 cabe�as, 12 bra�os, 507 00:35:00,218 --> 00:35:05,324 peda�os da cruz de Jesus, prep�cio, ber�o e t�mulo, 508 00:35:05,325 --> 00:35:09,875 bem como in�meras amostras de ossos, cabelo e sangue. 509 00:35:13,579 --> 00:35:16,827 Como peregrino, voc�s atravessariam a catedral, 510 00:35:16,828 --> 00:35:21,703 e subiriam os degraus at� a �rea mais sagrada da igreja. 511 00:35:35,637 --> 00:35:37,887 Este era o objetivo final. 512 00:35:37,924 --> 00:35:40,775 O relic�rio de S�o Tom�s de Canterbury. 513 00:35:40,776 --> 00:35:44,377 Ele ficava aqui, incrustado com ouro e joias, 514 00:35:44,378 --> 00:35:47,670 contendo os restos do santo mais famoso da Inglaterra. 515 00:35:47,671 --> 00:35:49,188 Um lugar de milagre. 516 00:35:49,189 --> 00:35:51,964 Um centro de poder sobrenatural. 517 00:35:53,524 --> 00:35:57,089 O relic�rio de S�o Tom�s foi criado para despertar temor 518 00:35:57,090 --> 00:36:00,165 no cora��o dos peregrinos medievais. 519 00:36:05,301 --> 00:36:08,589 Como muitos relic�rios, ele tinha aberturas laterais 520 00:36:08,590 --> 00:36:11,245 para permitir que os fi�is pudessem tocar 521 00:36:11,246 --> 00:36:14,571 e chegar ainda mais perto da rel�quia. 522 00:36:21,897 --> 00:36:24,080 Como um imenso livro de gravuras, 523 00:36:24,081 --> 00:36:26,777 os vitrais coloridos ao redor do sacr�rio 524 00:36:26,778 --> 00:36:30,603 contam a hist�ria dos milagres de S�o Tom�s. 525 00:36:33,193 --> 00:36:34,811 Um lembrete aterrorizante 526 00:36:34,812 --> 00:36:38,248 de que os santos podiam ser tanto vingativos como benignos 527 00:36:38,249 --> 00:36:42,949 � mostrado na hist�ria do cavaleiro Jordan Fitz-Eisulf. 528 00:36:45,601 --> 00:36:48,599 Sua fam�lia foi acometida por uma terr�vel doen�a. 529 00:36:48,600 --> 00:36:52,575 Entre os que morreram estava seu filho ca�ula. 530 00:36:54,073 --> 00:36:56,331 Naquele momento, ele recebia a visita 531 00:36:56,332 --> 00:36:58,505 de peregrinos vindos de Canterbury, 532 00:36:58,506 --> 00:37:03,406 que traziam consigo �gua benta do relic�rio de S�o Tom�s. 533 00:37:04,213 --> 00:37:06,088 Ele pensou em us�-la. 534 00:37:06,483 --> 00:37:09,512 Ele derramou um pouco da �gua benta na boca do menino. 535 00:37:09,513 --> 00:37:12,538 O garoto milagrosamente ressuscitou. 536 00:37:13,988 --> 00:37:17,521 Naturalmente, ele prometeu ir em peregrina��o por agradecimento 537 00:37:17,522 --> 00:37:19,755 ao relic�rio de S�o Tom�s em Canterbury. 538 00:37:19,756 --> 00:37:24,056 Mas uma coisa e outra o fez adiar a peregrina��o, 539 00:37:24,601 --> 00:37:28,068 mesmo Tom�s tendo aparecido numa vis�o para lembr�-lo. 540 00:37:28,069 --> 00:37:30,942 Um dia, a paci�ncia de S�o Tom�s acabou. 541 00:37:30,943 --> 00:37:35,477 Ele voltou e matou o filho mais velho do cavaleiro. 542 00:37:39,285 --> 00:37:44,560 Desta vez, claro, Jordan e sua fam�lia fizeram a peregrina��o. 543 00:37:48,714 --> 00:37:52,614 Milhares vinham aqui, � espera de um milagre. 544 00:37:52,968 --> 00:37:55,843 E milagre era o que n�o faltava. 545 00:37:58,834 --> 00:38:01,894 O que hoje achamos coincid�ncia, 546 00:38:01,895 --> 00:38:05,079 na Idade M�dia era tido como algo milagroso. 547 00:38:05,080 --> 00:38:08,054 Se tivesse um problema na perna ou uma dor de dente, 548 00:38:08,055 --> 00:38:12,319 bastava ir em peregrina��o para rezar pela cura, que melhorava. 549 00:38:12,320 --> 00:38:16,645 E isso era visto como prova da interven��o divina. 550 00:38:19,172 --> 00:38:22,424 A peregrina��o medieval tornou-se uma grande ind�stria. 551 00:38:22,425 --> 00:38:26,098 O dinheiro vinha da venda de ins�gnias, lembran�as 552 00:38:26,099 --> 00:38:29,999 e das ofertas deixadas no local do santu�rio. 553 00:38:34,241 --> 00:38:36,435 Com o dinheiro veio a corrup��o. 554 00:38:36,436 --> 00:38:38,369 At� falsifica��o. 555 00:38:40,714 --> 00:38:42,327 Por volta de 1270, 556 00:38:42,328 --> 00:38:45,086 o reverenciado frei, Walter de S�o Edmundo, 557 00:38:45,087 --> 00:38:47,962 havia sido sepultado recentemente. 558 00:38:51,122 --> 00:38:53,440 Um dia, um homem disse a um dos frades 559 00:38:53,441 --> 00:38:55,732 que podia torn�-los ricos se quisessem. 560 00:38:55,733 --> 00:38:58,279 Quando perguntado como, o homem explicou 561 00:38:58,280 --> 00:39:00,383 que o frei Walter tinha fama de santo 562 00:39:00,384 --> 00:39:02,985 e se ocorressem alguns milagres em seu t�mulo, 563 00:39:02,986 --> 00:39:06,260 isso geraria uma boa renda para os frades. 564 00:39:06,261 --> 00:39:09,253 Quando o frade perguntou como os milagres aconteceriam, 565 00:39:09,254 --> 00:39:10,925 sen�o por ordem de Deus, 566 00:39:10,926 --> 00:39:14,051 o homem tinha uma resposta imediata. 567 00:39:15,717 --> 00:39:17,857 "Ele tinha 24 homens sob seu comando 568 00:39:17,858 --> 00:39:20,393 "que produziam os milagres que quisesse. 569 00:39:20,394 --> 00:39:23,336 "Ele os tinha enviado a muitos locais na Inglaterra 570 00:39:23,337 --> 00:39:26,562 "para produzir milagres por dinheiro." 571 00:39:38,554 --> 00:39:42,093 Apesar dos casos de corrup��o e fraude, 572 00:39:42,094 --> 00:39:44,930 a influ�ncia da Igreja sobre a mente medieval 573 00:39:44,931 --> 00:39:46,641 permaneceu forte. 574 00:39:50,118 --> 00:39:53,843 A palavra da Igreja era a palavra de Deus. 575 00:39:56,944 --> 00:39:59,994 Ela podia absolver os seus pecados. 576 00:40:00,296 --> 00:40:03,250 Proteg�-lo contra Satan�s. 577 00:40:03,622 --> 00:40:06,996 At� mesmo mand�-lo para a guerra. 578 00:40:16,270 --> 00:40:20,067 Se n�o aceitasse as cren�as e rituais da Igreja 579 00:40:20,068 --> 00:40:23,424 era considerado um estranho, e possivelmente um inimigo. 580 00:40:23,425 --> 00:40:25,486 Na Idade M�dia, a Igreja tornou-se 581 00:40:25,487 --> 00:40:28,706 cada vez mais beligerante em rela��o aos estranhos, 582 00:40:28,707 --> 00:40:31,804 pessoas de cren�as diferentes, dentro e fora do pa�s, 583 00:40:31,805 --> 00:40:34,053 e qualquer um que discordasse da Igreja, 584 00:40:34,054 --> 00:40:36,716 os hereges, o inimigo interno. 585 00:40:42,099 --> 00:40:45,774 O Cristianismo n�o come�ou como uma religi�o belicosa. 586 00:40:45,775 --> 00:40:48,600 "D� a outra face", Cristo disse. 587 00:40:48,866 --> 00:40:53,416 Os crist�os do s�culo XI tinham um opini�o diferente. 588 00:41:00,494 --> 00:41:04,429 O foco de sua ira foi a ascens�o do Isl�. 589 00:41:11,291 --> 00:41:14,621 Em poucos s�culos, seus ensinamentos tinham se espalhado 590 00:41:14,622 --> 00:41:19,147 para locais t�o distantes, como a China e a Espanha. 591 00:41:19,814 --> 00:41:24,313 Seus ex�rcitos haviam capturado a cidade sagrada de Jerusal�m. 592 00:41:24,314 --> 00:41:28,514 Era uma pedra no sapato do Cristianismo medieval. 593 00:41:31,528 --> 00:41:34,204 Em 27 de novembro de 1095, 594 00:41:34,205 --> 00:41:37,699 o Papa Urbano II fez um serm�o que mudaria a hist�ria. 595 00:41:37,700 --> 00:41:40,055 Ele incitou os cavaleiros que o ouviam 596 00:41:40,056 --> 00:41:42,410 a marchar para o leste, para Jerusal�m 597 00:41:42,411 --> 00:41:44,134 � Igreja do Santo Sepulcro, 598 00:41:44,135 --> 00:41:47,064 supostamente o local da ressurrei��o de Jesus, 599 00:41:47,065 --> 00:41:49,074 e libert�-la do dom�nio mu�ulmano. 600 00:41:49,075 --> 00:41:51,583 A rea��o foi impressionante. 601 00:41:55,835 --> 00:41:58,293 Milhares responderam ao chamado de guerra. 602 00:41:58,294 --> 00:42:00,844 Eles marcharam � Terra Santa. 603 00:42:04,690 --> 00:42:08,590 Em menos de 4 anos, eles retomaram Jerusal�m. 604 00:42:11,908 --> 00:42:14,034 Essa extraordin�ria campanha 605 00:42:14,035 --> 00:42:17,585 hoje � conhecida como a Primeira Cruzada. 606 00:42:18,301 --> 00:42:21,126 Muitas outras se seguiram a ela. 607 00:42:22,594 --> 00:42:25,639 Lutar, at� morrer nas Cruzadas, 608 00:42:25,640 --> 00:42:29,515 era um dos mais altos ideais da Idade M�dia. 609 00:42:30,609 --> 00:42:32,374 A Igreja do Templo, em Londres, 610 00:42:32,375 --> 00:42:35,219 simboliza as aspira��es dos cruzados. 611 00:42:35,220 --> 00:42:39,620 Ela imita a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusal�m. 612 00:42:41,049 --> 00:42:43,911 Ela foi a casa dos Cavaleiros Templ�rios, 613 00:42:43,912 --> 00:42:46,750 um grupo de elite de monges guerreiros 614 00:42:46,751 --> 00:42:51,526 que formaram uma das unidades mais temidas das Cruzadas. 615 00:42:53,221 --> 00:42:56,362 As Cruzadas eram diferentes das demais guerras, 616 00:42:56,363 --> 00:42:59,667 pois eram guerras santas. Guerras santas crist�s. 617 00:42:59,668 --> 00:43:01,674 Foram autorizadas pelo Papa, 618 00:43:01,675 --> 00:43:04,683 e traziam benef�cios espirituais para quem lutava nelas. 619 00:43:04,684 --> 00:43:06,674 Se morresse numa cruzada, 620 00:43:06,675 --> 00:43:10,100 todos os seus pecados estavam perdoados. 621 00:43:12,230 --> 00:43:14,960 A luta na Terra entre o bem e o mal, 622 00:43:14,961 --> 00:43:17,586 tinha atingido um outro n�vel. 623 00:43:22,994 --> 00:43:24,822 S�o Bernardo de Claraval 624 00:43:24,823 --> 00:43:28,048 apelou aos seus companheiros crist�os. 625 00:43:30,834 --> 00:43:33,483 "Surgia um novo tipo de cavalaria. 626 00:43:33,484 --> 00:43:35,654 "O cavaleiro de Cristo, digo eu, 627 00:43:35,655 --> 00:43:37,726 "mata com mente despreocupada. 628 00:43:37,727 --> 00:43:40,957 "Um crist�o deve se glorificar com a morte de um pag�o, 629 00:43:40,958 --> 00:43:43,684 "pois Cristo foi glorificado." 630 00:43:49,529 --> 00:43:51,218 As Cruzadas, sem d�vida, 631 00:43:51,219 --> 00:43:54,532 aprofundaram a hostilidade entre crist�os e mu�ulmanos, 632 00:43:54,533 --> 00:43:56,979 fazendo os dois mundos entrarem em colis�o 633 00:43:56,980 --> 00:43:59,741 de forma que tem consequ�ncias at� hoje. 634 00:43:59,742 --> 00:44:03,160 A pr�pria palavra "cruzada" tem significados opostos 635 00:44:03,161 --> 00:44:05,387 no Ocidente e no mundo mu�ulmano. 636 00:44:05,388 --> 00:44:09,427 No Ocidente, ela significa uma luta por uma boa causa. 637 00:44:09,428 --> 00:44:12,475 No mundo mu�ulmano, ela evoca imagens 638 00:44:12,476 --> 00:44:15,476 dos ocidentais brutais e agressivos. 639 00:44:15,477 --> 00:44:20,354 Os mu�ulmanos hostis � presen�a americana no Oriente M�dio 640 00:44:20,355 --> 00:44:25,055 insultam os soldados americanos como "os cruzados". 641 00:44:38,454 --> 00:44:42,004 O mundo crist�o agora estava na ofensiva. 642 00:44:42,734 --> 00:44:46,357 Se os mu�ulmanos eram vistos como o inimigo pr�ximo, 643 00:44:46,358 --> 00:44:49,983 havia um outro inimigo ainda mais pr�ximo. 644 00:44:50,826 --> 00:44:52,603 Os judeus. 645 00:44:59,820 --> 00:45:01,720 Na maior parte da Europa medieval, 646 00:45:01,721 --> 00:45:04,383 o Juda�smo era a �nica religi�o n�o-crist� 647 00:45:04,384 --> 00:45:05,959 oficialmente tolerada. 648 00:45:05,960 --> 00:45:09,599 Sua posi��o era prec�ria e �s vezes perigosa. 649 00:45:09,600 --> 00:45:11,200 Os judeus eram insultados, 650 00:45:11,201 --> 00:45:14,039 mas tamb�m eram tidos como financiadores. 651 00:45:14,040 --> 00:45:16,519 Eram, tecnicamente, propriedade do rei, 652 00:45:16,520 --> 00:45:21,245 uma rela��o inc�moda que permitia explora��o e prote��o. 653 00:45:24,400 --> 00:45:25,960 Na Gr�-Bretanha medieval, 654 00:45:25,961 --> 00:45:29,159 os judeus eram tratados com intoler�ncia crescente. 655 00:45:29,160 --> 00:45:33,474 Havia boatos de pr�ticas estranhas nas sinagogas. 656 00:45:34,540 --> 00:45:37,392 Em 1144, judeus em Norwich 657 00:45:37,393 --> 00:45:39,729 foram acusados de um assassinato ritual, 658 00:45:39,730 --> 00:45:42,027 de raptar e matar um menino crist�o 659 00:45:42,028 --> 00:45:44,628 ridicularizando a crucifica��o. 660 00:45:46,893 --> 00:45:48,565 Mas foi em York 661 00:45:48,566 --> 00:45:52,766 que a hostilidade aos judeus acabou em viol�ncia. 662 00:45:56,200 --> 00:45:58,045 Em mar�o de 1190, 663 00:45:58,046 --> 00:46:01,139 o povo de York se virou contra os judeus locais. 664 00:46:01,140 --> 00:46:04,508 "Nem a lei, nem a raz�o, nem a humanidade os deteve," 665 00:46:04,509 --> 00:46:08,084 nas palavras de um cronista contempor�neo. 666 00:46:09,260 --> 00:46:11,257 O ataque foi liderado por nobres 667 00:46:11,258 --> 00:46:13,039 que deviam dinheiro aos judeus, 668 00:46:13,040 --> 00:46:15,639 e fizeram quest�o, durante os tumultos, 669 00:46:15,640 --> 00:46:20,915 de confiscar e queimar os pap�is que registravam suas d�vidas. 670 00:46:24,532 --> 00:46:28,247 Em desespero, os judeus refugiaram-se no castelo real, 671 00:46:28,248 --> 00:46:31,523 hoje conhecido como Torre de Clifford. 672 00:46:33,620 --> 00:46:36,870 L� fora, a multid�o crist� se reunia, 673 00:46:36,911 --> 00:46:39,639 os nobres endividados, os aprendizes locais, 674 00:46:39,640 --> 00:46:41,656 um eremita que disse: 675 00:46:41,657 --> 00:46:44,407 "Est�o fazendo a obra de Deus". 676 00:46:49,260 --> 00:46:51,519 Os judeus resistiram como puderam, 677 00:46:51,520 --> 00:46:53,648 atirando pedras sobre os sitiantes, 678 00:46:53,649 --> 00:46:55,519 uma das quais matou o eremita. 679 00:46:55,520 --> 00:46:57,759 Mas sua situa��o era desesperadora. 680 00:46:57,760 --> 00:46:59,837 Os crist�os trouxeram catapultas, 681 00:46:59,838 --> 00:47:02,342 imensas m�quinas que arremessavam pedras 682 00:47:02,343 --> 00:47:04,239 e demoliam as muralhas. 683 00:47:04,240 --> 00:47:07,139 Os judeus sabiam que era imposs�vel resistir mais. 684 00:47:07,140 --> 00:47:10,842 Eles recorreram ao seu membro mais velho e s�bio, o rabino, 685 00:47:10,843 --> 00:47:14,170 que lhes deu um conselho simples mas aterrador. 686 00:47:14,171 --> 00:47:15,899 Suic�dio em massa. 687 00:47:18,380 --> 00:47:21,079 Cada um dos homens judeus devia pegar sua faca 688 00:47:21,080 --> 00:47:25,832 matar a pr�pria esposa e filhos, e se matar. 689 00:47:26,623 --> 00:47:28,405 Eles atearam fogo no castelo, 690 00:47:28,406 --> 00:47:30,367 que � �poca era feito de madeira, 691 00:47:30,368 --> 00:47:34,418 e no meio das chamas come�aram essa atrocidade. 692 00:47:35,240 --> 00:47:38,480 Os judeus que n�o optaram pelo suic�dio 693 00:47:38,481 --> 00:47:41,497 imploraram aos crist�os l� fora que os deixassem ir. 694 00:47:41,498 --> 00:47:44,031 Os crist�os concordaram. Os judeus sa�ram. 695 00:47:44,032 --> 00:47:45,908 Foram todos massacrados. 696 00:47:45,909 --> 00:47:49,859 N�o restou um judeu vivo em York naquele dia. 697 00:47:59,220 --> 00:48:02,420 A hostilidade contra os judeus era alimentada 698 00:48:02,421 --> 00:48:06,148 por uma Igreja e Estado cada vez mais intolerantes. 699 00:48:06,149 --> 00:48:09,408 Eles foram obrigados a usar sinais identificadores. 700 00:48:09,409 --> 00:48:11,776 E, em 1290, Eduardo I da Inglaterra 701 00:48:11,777 --> 00:48:14,998 anunciou que todos os judeus deviam se converter 702 00:48:14,999 --> 00:48:17,674 ou deixar o reino para sempre. 703 00:48:17,801 --> 00:48:21,926 Eles s� voltariam no governo de Oliver Cromwell. 704 00:48:32,180 --> 00:48:33,866 Com os judeus banidos, 705 00:48:33,867 --> 00:48:36,500 a ofensiva contra os infi�is continuou, 706 00:48:36,501 --> 00:48:39,795 � medida que a Igreja se concentrava em um novo alvo... 707 00:48:39,796 --> 00:48:44,246 os reformadores religiosos em suas pr�prias fileiras. 708 00:48:47,580 --> 00:48:49,524 Esses reformadores eram perigosos, 709 00:48:49,525 --> 00:48:52,193 "o inimigo interno", e precisavam ser eliminados. 710 00:48:52,194 --> 00:48:54,689 Seus oponentes os chamavam de lollardos, 711 00:48:54,690 --> 00:48:56,357 que significa "resmung�es". 712 00:48:56,358 --> 00:48:58,107 Muito do que eles "resmungavam" 713 00:48:58,108 --> 00:49:00,880 atacava a pr�pria ess�ncia da Igreja medieval. 714 00:49:00,881 --> 00:49:05,306 Da cren�a na peregrina��o, � interven��o dos santos. 715 00:49:13,140 --> 00:49:16,474 Os lollardos foram inspirados pelo te�logo de Oxford, 716 00:49:16,475 --> 00:49:20,279 John Wycliffe. Durante 10 anos ele foi reitor desta igreja, 717 00:49:20,280 --> 00:49:23,119 Santa Maria de Lutterworth, em Leicestershire. 718 00:49:23,120 --> 00:49:28,119 Ele atacava a riqueza da Igreja e seu envolvimento na pol�tica, 719 00:49:28,120 --> 00:49:31,207 e queria que a B�blia fosse traduzida 720 00:49:31,208 --> 00:49:33,191 do latim para o ingl�s, 721 00:49:33,192 --> 00:49:36,923 para que o povo pudesse ouvir e entender 722 00:49:36,924 --> 00:49:40,974 as palavras da Escritura em sua pr�pria l�ngua. 723 00:49:42,755 --> 00:49:46,022 Essa medida amea�ava os intermedi�rios de Deus, 724 00:49:46,023 --> 00:49:50,998 os padres que interpretavam a B�blia latina para os fi�is. 725 00:49:52,400 --> 00:49:55,818 E pior, Wycliffe atacou a cren�a central 726 00:49:55,819 --> 00:49:58,119 que, durante a Santa Comunh�o, 727 00:49:58,120 --> 00:50:03,470 o p�o e o vinho se transformavam no sangue e corpo de Cristo. 728 00:50:06,140 --> 00:50:08,356 Seu desprezo por essa doutrina 729 00:50:08,357 --> 00:50:12,807 acabava com o mist�rio e a magia do ritual crist�o. 730 00:50:17,136 --> 00:50:19,363 � medida que o apoio a Wycliffe crescia, 731 00:50:19,364 --> 00:50:22,559 no Pal�cio de Lambeth, sede do arcebispado de Canterbury, 732 00:50:22,560 --> 00:50:26,235 as autoridades eclesi�sticas decidiram agir. 733 00:50:30,427 --> 00:50:34,208 Em 1378, Wycliffe foi trazido � capela do Pal�cio de Lambeth 734 00:50:34,209 --> 00:50:36,412 para ser julgado por suas cren�as. 735 00:50:36,413 --> 00:50:38,221 Foi um evento turbulento. 736 00:50:38,222 --> 00:50:41,149 Londrinos vieram manifestar seu apoio. 737 00:50:41,150 --> 00:50:45,439 Wycliffe defendeu suas opini�es, com calma e convic��o. 738 00:50:45,440 --> 00:50:50,490 Mas, ao final, os bispos o condenaram ao sil�ncio perp�tuo. 739 00:50:54,404 --> 00:50:56,505 Wycliffe voltou a Lutterworth, 740 00:50:56,506 --> 00:51:00,256 proibido de voltar a falar contra a Igreja. 741 00:51:03,603 --> 00:51:06,042 Ele morreu ali em 1384. 742 00:51:08,100 --> 00:51:11,039 O Papa n�o esqueceu John Wycliffe. 743 00:51:11,040 --> 00:51:14,300 Anos depois, ele ordenou que seus ossos fossem queimados 744 00:51:14,301 --> 00:51:17,401 e suas cinzas jogadas no rio local. 745 00:51:20,560 --> 00:51:24,399 Apesar disso, os seguidores de Wycliffe n�o foram silenciados. 746 00:51:24,400 --> 00:51:28,406 Em 1395, eles afixaram um ataque pungente contra a Igreja 747 00:51:28,407 --> 00:51:31,032 na porta do Sal�o Westminster. 748 00:51:35,428 --> 00:51:38,466 "N�s, pobres homens, exigimos a reforma 749 00:51:38,467 --> 00:51:41,167 "da Santa Igreja da Inglaterra, 750 00:51:41,306 --> 00:51:44,599 "que h� muitos anos est� cega e leprosa, 751 00:51:44,600 --> 00:51:48,595 "e � um grande fardo para o povo ingl�s." 752 00:51:51,856 --> 00:51:57,199 Reforma n�o era uma palavra que a Igreja medieval queria ouvir. 753 00:51:57,200 --> 00:52:02,015 V�rios seguidores de Wycliffe foram presos e interrogados. 754 00:52:02,016 --> 00:52:06,941 Alguns, dizem, foram presos no pr�prio Pal�cio de Lambeth. 755 00:52:16,480 --> 00:52:20,605 O nome tradicional deste lugar � Torre Lollarda. 756 00:52:30,960 --> 00:52:33,785 � um lugar sombrio e assustador. 757 00:52:36,477 --> 00:52:39,099 Ainda podemos ver as manilhas nas paredes 758 00:52:39,100 --> 00:52:42,825 as quais os prisioneiros foram acorrentados. 759 00:52:45,506 --> 00:52:47,583 � um lembrete um tanto assustador 760 00:52:47,584 --> 00:52:51,784 dos perigos de ser herege na Inglaterra medieval. 761 00:53:01,280 --> 00:53:05,980 Em 1401, um pregador lollardo foi queimado na fogueira. 762 00:53:09,139 --> 00:53:12,511 Ele foi o primeiro de muitos queimados por sua cren�a 763 00:53:12,512 --> 00:53:14,437 na Inglaterra medieval. 764 00:53:29,960 --> 00:53:31,412 Por toda a Europa, 765 00:53:31,413 --> 00:53:35,338 a Igreja objetivava erradicar toda a oposi��o. 766 00:53:39,400 --> 00:53:44,275 Homens e mulheres foram levados a tribunais eclesi�sticos. 767 00:53:45,994 --> 00:53:49,044 Toda a heresia devia ser destru�da. 768 00:53:51,727 --> 00:53:55,052 Milhares foram mortos em nome de Deus. 769 00:54:01,805 --> 00:54:04,039 Para um n�mero crescente de pessoas, 770 00:54:04,040 --> 00:54:06,294 a intransig�ncia brutal da Igreja 771 00:54:06,295 --> 00:54:08,145 se tornou intoler�vel. 772 00:54:16,100 --> 00:54:17,907 Cem anos ap�s os lollardos 773 00:54:17,908 --> 00:54:20,474 atacarem a ideia da reza pelos mortos, 774 00:54:20,475 --> 00:54:23,601 a peregrina��o, a riqueza e poder dos bispos 775 00:54:23,602 --> 00:54:26,239 e o que chamavam de "falso milagre da missa", 776 00:54:26,240 --> 00:54:28,016 outro ataque foi lan�ado 777 00:54:28,017 --> 00:54:30,470 para atingir o cora��o da Igreja medieval. 778 00:54:30,471 --> 00:54:34,113 E o que se seguiu foi uma guerra de ideias em grande escala, 779 00:54:34,114 --> 00:54:36,919 que marcou o in�cio da Reforma Protestante. 780 00:54:36,920 --> 00:54:39,685 A Igreja medieval estava prestes a enfrentar 781 00:54:39,686 --> 00:54:41,611 seu pr�prio julgamento. 782 00:54:48,400 --> 00:54:50,488 O cen�rio religioso da Gr�-Bretanha 783 00:54:50,489 --> 00:54:52,385 jamais seria o mesmo. 784 00:54:56,709 --> 00:54:58,839 O medo do Armagedom. 785 00:55:05,700 --> 00:55:08,722 O fasc�nio pelo sobrenatural. 786 00:55:14,165 --> 00:55:16,258 O culto aos santos. 787 00:55:25,054 --> 00:55:27,249 As grandes viagens de peregrina��o... 788 00:55:27,250 --> 00:55:32,100 estavam destinados a se tornar rel�quias da era medieval. 789 00:55:43,888 --> 00:55:48,347 MUSKETEERS Legendas Para a Vida Toda! 790 00:55:49,347 --> 00:55:59,347 Downloaded From www.AllSubs.org 65091

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