All language subtitles for 2001 - Rasganço

Obrigado.

Estás aqui, Coimbra?

Acabei de chegar.

É a primeira vez que venho a Coimbra.

Preciso de um guia.

Conheço Coimbra como a palma da minha
mão.

O que é isto?

É o fim.

É a última cerimónia da praça académica.

A Sofia foi hoje.

Já é doutora.

A partir de agora deixou de ser uma
demais.

Isto é tudo tão estranho.

Só fui perdido.

Pois sente.

Vira o mundo à parte.

No princípio assusta.

É uma espécie de desculpa feita só para
os estudantes e para a universidade.

Já vi que encontrei a pessoa de certo.

Como é que disseste que se chamava
aquilo?

Resguei -se.

Daqui a seis meses é a minha vez.

Pronto, é assim. Não se pode ficar
expressivo.

Tens namorado?

Que pergunta tão estúpida. Não viste a
minha cara? Sim.

Namoramos desde o meu primeiro ano.

Ele era mais velho.

Quando acabou o curso, voltou para a
Terra.

Nunca mais me telefonou.

Mentiu -me durante quatro anos.

Dei -lhe tudo.

Viajei. Já vi muitas coisas.

Abre -te bem nos meus

ombros,

vira costas à saudade. O milagre. O quê?

Encontrar -te. Tapa negra, rosa negra,
bandeira de

liberdade, bandeira de liberdade.

Vais -me contar a história do rasgão na
capa ou não?

Quanto mais tarde.

Eu sou livre como as aves e faço a vida
a cantar.

Rádio, Universidade, Informação.

Ontem, em frente às câmaras da RTP, Inês
Afonso, a Presidente da Associação

Académica, lançou um aviso ao Ministro
da Educação.

Enquanto o Governo não se
responsabiliza... Merda, já estamos a

Acorda -nos!

Não tem,

meu amor?

Espera! Eu vou contigo!

Tchau, Inês.

De

qualquer

modo, meus senhores, nada que eu acabei
de explicar tem a mínima importância se

olharmos o sol lá fora.

O mais importante não é o que aprendem
nestes bancos.

Tenham um bom fim de semana.

Daqui a meia hora o ano.

O meu gabinete?

Sim, não que não possa fazer, Leroy.

A minha casa?

Eu sou responsável deste setor.

O senhor entrou ontem à noite e não
preencheu os papéis. Quem é que o

Isto é uma casa -abrigo da Santa Casa da
Misericórdia da Câmara Municipal. Um

albergue temporário para gente que não
tem onde dormir.

Aqui há regras.

Levante -se, faz favor, e vá ter comigo
o meu gabinete que é ao fundo do

corredor. Tenho que preencher a
papelada.

Vá, despache -se.

Que eu não tenho o dia todo e tenho
muito mais o que fazer.

És tão burra, Maria dos Anjos.

Eu sei que é contra o regulamento,
senhora diretora, mas para mim é muito

importante.

Eu sinto que encontrei o meu lugar.

É Coimbra.

Até estava a pensar em voltar a estudar.

Trabalhava e ia tirando um curso ao
mesmo tempo.

Desculpe, estou a falar consigo e nem me
ouve.

Ele muitas vezes a cabeça não dá.

Não se preocupe, isto passa.

Tenho que voltar para casa.

Tem jeito para massagens.

Deixe -me ajudá -la.

Não, muito obrigada, mas das minhas
dores, coisa meu.

Pode ficar mais uns dias.

Mas estou até a arranjar emprego.

Isto é uma instituição da misericórdia
e...

Se eu abro uma exceção é porque acho que
você merece a oportunidade.

Não desiluda.

Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã E eu
tinha tantos

planos para depois Fui eu quem virou as
páginas

Na pressa de chegar até nós Sem tirar
das

palavras Seu cruel sentido

Sobre a razão estar cega Resta

-me apenas uma razão

A política não percebe.

Perpinas. Não pagam futebol. São todos
uns meninos ricos.

Não pagamos, não pagamos.

Tu não compreendes que a nossa luta é
por muito mais do que isso?

Para que pessoas como tu, por exemplo,
possam continuar a estar.

cidade está deserta e alguém escreveu o
teu nome em toda a parte.

Nas casas, nos carros.

Em todo lado essa palavra repetida ao
expoente da loucura.

Ora amarga, ora doce.

Para nos lembrar que o amor é uma
doença.

Quando nele julgamos ver a nossa cura.

Não chore, estou aqui.

Já não estás sozinha.

Eu sei que tens medo.

Ai, estou a fome.

Não tens experiência com homens. Eu sei
que já acabo muitas vezes a pedir

milagres. Passo no exame.

Às vezes me acabaram o curso. Fizeste o
curso e aqui ficaste.

Mas isto é muito importante.

Mas nunca te conseguiste adaptar a isto.

Conheci um homem.

À cidade, à academia.

Eu bem tentei.

Nunca sentiste que eras um estudante
como as outras.

Mas se um homem não é de ferro, uma
mulher também não.

Parecia que te faltava qualquer coisa.
Quem nunca pecou quer ter a primeira

pedra. O Dom Afonso compreende. Olha bem
para mim.

Também pecou quando precisou. Nunca mais
te quero ver a chorar.

A sua mãezinha.

Tu és muito forte.

Este homem pediu -me ajuda para ficar na
casa dele. Eu tenho muito mais coragem

do que estas betas. Eu sei que é legal,
mas sou muito competidora dos meus

defeiros.

Ele é tão bom homem.

Até foi pouca sorte na vida.

Se o vice tão afonso.

Ele quer aprender tudo.

Até me pediu as minhas sementas.

Queres ser doutor?

Tem cá uma cabeça?

Ai, Maria dos Anjos.

Lá estás tu outra vez.

Mas o milagre é simples.

Eu pedi à Marquesa que o deixasse ficar
lá mais uns dias.

A Marquesa, quero dizer.

A senhora diretora.

Mas ela é toda tão empruada.

Fazer com que ela deixe ficar lá.

E já agora, que arranjou um emprego.

Ela até é boa pessoa, gosta de ajudar
quando tem necessidade.

Não me tire, D. Afonso.

É louco ser -se, Maria dos Anjos.

Ai, ai, vida, vida.

Já fui barco, já fui navio,

já fui chalo para...

Já fui moço, já sou homem, só

me falta ser mulher.

Só me falta ser mulher.

Só me falta ser...

Fui xalopar

Vai com o objeto na mão.

É o meu irmão, Miguel.

Tem uma voz linda.

Nunca o ouviste na Rádio Universidade?

Sim.

Sim.

Tu não gostavas de voltar a estudar?

Isso é muito importante para ti, não é?

Estou -te aqui incluindo.

Eu acabei a lista com boas notas.

Talvez, direito, o iconismo nos permita
encaranjar o emprego.

Acho que é melhor não falares de nós a
ninguém quando eu estiver na casa

Não quero que tenhas problemas por me
teres levado para lá.

Solta eu arranjar emprego.

O que é que eu digo ao meu irmão e aos
meus amigos?

Diz -te que eu sou teu amigo.

Tenho aqui um livro.

Diz -me que queres ter mais culto.

Este é dos meus filmes de estudante.

Começa assim.

Metafísica é um ser com os olhos
vendados, num quarto escuro, à procura

gato preso que não está lá.

Sabe de que horas?

Ah, isto é muito mais coisas.

Aprendo -se muito na faculdade.

O meu poeta preferido dizia que há
metafísica suficiente em não se pensar

coisa nenhuma.

Ah, mãe, eu posso trazer -lhe o livro.

Espero que goste. Vou gostar com
certeza.

Queremos dizer a possibilidade de uma
participação na realização dos valores e

no domínio dos bens que formam o
património do todo social, de modo a que

membro da comunidade em causa possa
constituir o túmulo próprio.

Negar essa possibilidade de participação
a algum ou a alguns seria o mesmo que

excluí -los da convivência societária,
seria afirmar uma desigualdade por

princípio e, portanto, uma injustiça
radical, a injustiça que todos nós hoje

sentimos, inerente a qualquer forma de
discriminação social.

Com isto, queremos dizer que o direito
não é algo de exterior ao homem, pois o

direito não pode compreender -se senão a
partir da imanência humana e como

expressão do mais autenticamente humano
do homem, da sua liberdade.

não é apenas um instrumento
sociologicamente útil e porventura com

utilidade ética, é assim expressão da
própria eticidade

humana.

O primeiro e último fundamento do
direito é o homem.

E se o homem é o fundamento do direito,
a justiça é a sua estrela polar.

Acordam do Prêmio Tribunal de Justiça,
de 26 de novembro de 92, processo número

42916.

No momento em que o direito se
interroga, também ele, durante a

dos valores, é ao julgador que há de
pedir -se que vislumbre uma ligação do

direito à vida à marca da justiça.

Dizem que quem já viu nada porque viu
tudo.

Eu já vi.

E garanto.

Quem vê Coimbra daqui não precisa de ver
mais nada.

É linda.

É uma cidade linda.

Eu nasci aqui.

O meu bisabu era professor na
universidade.

O meu abu era reitor.

E o meu pai também.

E o meu marido é médico e professor.

E os meus filhos?

Se os pudesse ter tido.

Mas isso é um problema que pertence ao
passado.

Ficaram foi estas dores de cabeça.

Nem o meu marido que é médico consegue
tirar.

O melhor médico de Coimbra.

Eu arranjo um emprego.

Um emprego respeitável na universidade.

Você merece uma emprega a sua altura.

Sou um homem inteligente e sensível.

Consegue ver Coimbra?

A dor vai passar.

Vais levá -lo para o nosso escondrijo.

Vais ver, é um sítio muito bonito que eu
descobri ao pé do rio.

Vá, bate -me.

Bate -me?

A urso. Queres ver?

Como se fosse esta noite a última vez.

Eu tenho medo de te ver.

Quero sentir -te mais cerca, mirar -me
em tuos

sorrisos, ver -te junto a mim.

que talvez amanhã eu estarei

lejos, muito lejos de ti.

Ai,

Maria dos Anjos.

Isto não pode ser.

Ai, ai.

Mas é tão bom.

Se é tão bom, não pode ser pecado.

Isto é que é o amor.

O amor?

Não sei, sei lá. O amor tem que ser.

Eu vou curar -te.

Não penses que eu... Eu já vivi muito
mais do que tu.

Já fui cortejada por muitos príncipes.

Felizes, mas príncipes.

Amantes a muitos.

Mas homens de sério?

Saber amar.

Gostei de ver -se ensinar.

Nós temos de lutar pelos nossos direitos
e direitos. O governo acha que nós

calamos, mas nos estudantes ninguém
lembra. Nós queremos que o ensino

governo só pensa no direito.

Parece uma revolução.

Estudantes não é só para os brasileiros.
É a primeira coisa que se aprende.

Você não é estudante, pois não?

Olá, está bem?

Olá. Está bem? Sim.

Olá. Está bem?

Desculpa, mas não posso entrar.

Há uma assembleia magna, amigo. É o
órgão máximo da academia.

Há uma votação, pá. Vai haver um
referendo sobre os... Pá, Eduardo, sou

Rita. Há ninguém ali.

Eles vêm comigo, pá. Deixam entrar.

Diz que isto é uma festa aqui.

Desculpa. Mas aqui só podem entrar
estudantes.

O que fez este gajo?

Te fez caspear a malta?

Que país dorme?

Lisboa.

Ok, deixa -me adivinhar.

Trabalhas para o Ministério da
Administração Eterna?

Se não é nada disso, ele é meu amigo.

É responsabilíssimo. Que estupidez.

Chega de conversa.

Se tu entras, ele não. Era só que
faltava um elemento preciso aqui na

Pô, caralho, foda -se. Calma, pá. Tudo
bem?

Nem parece o mesmo homem.

Fica -te mesmo bem.

Ficas mais elegante.

Mais fino.

Parece um estudante.

Um estudante a sério.

Até fico arrepiada. Vale a nossa
senhora.

Pena que não seja verdade.

Obrigado, meu anjo.

Foi a prenda mais bonita que recebi em
toda a minha vida.

A doutrina penalista é justamente a
sensação ilusória que seja a quem a

trabalha de participar de algum modo na
tarefa

científica de sondar a condição humana.

Adão, você é por agora ou para quê?

Hã?

Não para aqui com colunhas, não, não é?

Isso não é para quem queira, é para quem
sabe.

Por cópula, entende -se a conjugação
sexual entre homem e mulher.

Isto é, a ligação dos órgãos sexuais do
homem com os da mulher por meio da

introdução de pênis na vagina, ainda que
de forma parcial, ou seja, com a

simples intermissão entre grandes e
pequenos lábios, mesmo sem atingir o

Ai, desculpa.

Não queria fazer isso. Acho que é
horrível.

Desculpa. Gosto tanto de ti, Laura.

Tanto, tanto.

Só que eu estou contigo.

Não é desconfiança.

Amo -te.

Vamos a disso.

Amo -te, Laura.

Rasga -me agora.

Aqui.

A capas, estúpido.

Estava a ver -te.

Fique para sempre.

Só se tu não quiseres.

Nunca rasgaste a tua e namoradas foi o
que não te faltou.

Minha não percebeste.

Contigo vou até o fim do mundo.

Tem que aprender a arranjar -se, afinal
já é quase uma doutora.

Já não é uma estudante.

Eu devia ter vindo.

Estou tão esvaga.

Tenho reparado que andas bem tarde.

Não é nada. Isto já passa.

Quantos dias podemos passar para o
consultório do meu marido?

O Filipe veio num instante.

Obrigada, doutora Zita, mas não é
preciso.

Não, mas eu faço questão.

Para ele não é um incómodo.

Em dez minutos vê -a.

Você precisa de serviço para um médico.

E se não for de nada, é tanto melhor.

Eu acho que sei.

Muito bem.

Uma mulher sem sonhos.

Ai, eu isso não sei.

Desculpa. Eu tinha de te abafar.

Doutores e tatuagens que filmamos no
primeiro.

Por que me dera que a minha mãe fosse
assim?

Mas tem a certeza?

Acha mesmo que... Já contou o pai da
criança?

É um colega seu?

Não.

O pai nem desconfia.

Não sei como é que isto aconteceu.

Não sabe. Não sabe como.

Não se lembra? Não, não é isso.

Não sei como é que ele vai reagir.

Mas afinal... Não, rapaz.

Socorro. Doutora Tita, mas não lhe posso
contar.

É muito complicado.

Eu não quero prejudicar.

Prejudicar como?

Eu conheço.

Olá, sabes da Ana Rita?

Ana Rita está lá dentro, na festa.

É os nossos amigos.

Eu quero ir buscar a minha namorada,
estou a falar um bocadinho. Sim, mas

que tem que ir a adotar?

Olá!

Como é que estás? Ótimo!

Tudo bem?

Não é do mundo, não é? Tu não entras.

Percebes?

Rodrigues de Aveda, meditando sobre esta
questão, ajuiza assim.

A violação consuma -se, como ensinou
Carrara, no concurso de duas vontades em

conflito. Por isso, a característica
deste delito não é apenas o emprego da

física, de outros processos coativos,
mas também uma resistência séria e

por parte da vítima durante o curso da
ação violenta.

Não, Miguel, ainda tenho que estar para
o exame.

Trocas -me por um livro, não é?

Claro.

Também tens aulas?

Não, não.

Direito comercial?

Não, não.

Olha aqui na cava curta.

portuguesas estão cinco da tarde no
Jardim Zoológico da Rádio Universidade.

Rádio Universidade. Informação.

Rádio Universidade. Informação.

Não me diga que está a pensar duas
vezes.

A menina é católica, já está no quarto
plano, está quase a acabar o curso.

Já tem namorado há muito tempo.

Ah, comigo também foi assim.

É verdade.

Engravidei na cama das fitas.

Festa é festa.

Acontece a todos.

E éramos os dois de medicina.

Vá falar ao namorado.

Os homens são todos iguais.

Quando sabem que vão ser pais pela
primeira vez, ficam todos contentes,

-se logo, não há nenhum que resista. Ele
acabou o namoro em setembro.

Ai, desculpe, não sabia.

Mas então, agora tem outro namorado.

É do seu curso?

Não.

Ah, já acabou o curso. É do Porto? Não.

Então? Ele nunca está na universidade.

Ah.

Então e como é que ele se chama?

Posso ir -me?

Pode.

A sua saúde está ótima.

Ah, estou um bocadinho nervosa.

Há alguma coisa que eu possa fazer para
ajudar?

Não, obrigado.

Acho que ninguém pode ajudar.

Ele está a trabalhar.

Vai ter -te com a minha mulher.

E vim.

Mas tu estás tão calado, homem.

Despediram -me outra vez.

Claro. Estou estúpido. Nunca andei na
universidade.

Por acaso até gostava de andar na
universidade.

Olha, direito.

Não vais mais longe.

Direito.

Quanto maior é o sonho, maior é o tombo.

São os filhos dos doutores é que entrou
em direito.

Sabes qual é a média?

Dezoito. Onde é que tu tiras de dezoito,
homem?

Deixa de fantasias.

Ai, ai, vida, vida.

Eu faço -me uma jantarinha.

Tua calma.

Eu tentarei.

Desculpe -me, Miguel.

Miguel!

O meu pássaro está ao meio do mel. Não,
não é.

O que disse o Miguel?

O que disse o Inês?

Inês?

Ana Rita!

Ana Rita!

Ana Rita!

. . .

.

.

Isto ainda agora começou -se na Estátua
de Pedro.

São miúdos. São miúdos, são. Até só uma
vez por ano. Queima e queima.

Começas amanhã.

Isto é um emprego, é muito melhor.

É um dos melhores sítios da
universidade.

Mas tens que ser discreto. Eu não quero
que ninguém saiba se o meu grito

surpreende -te.

Aqui até o porteiro tem que ser doutor.

Se fosse com alguém de nós, não era
capaz de compreender.

Eu não sou menos inteligente do que
estes doutores. Os nobres.

Eu também porto bem alguns afeitos. No
casamento tem que haver algumas

porque senão é como se estivéssemos
mortos e nem sequer estivéssemos por

Tu sim.

Minha marquesa.

Ainda bem que me ouves.

Se não fosse...

Coitada da Laura, eu gosto tanto dela.

Será que ela não vai voltar a falar?

Vocês têm que ter todas muito cuidado.

Eu não tenho medo.

Meu pai arranjou -me um spray que segue
o filho da puta que me atacaram.

Mas a merda não serve para nada, queres
ver?

Deixa -me!

Deixa -me! Larga -me!

Estúpido! És um bruto, pá! Merda, pá!

Fogo! O preço do canadê, o que é que
tem?

E aí

Obrigado.

Como é que estão -se?

A jogada. Ah, que porra de foda -se! O
que é que é para o Márcio Leroy?

Vocês já sabem...

Como é que está lá?

Desculpa, o quê?

Esta reunião é para nós pedirmos o que
vai fazer nas audiências. E acabou!

Fazer turnos vigileses. Fazer buscas
para o gajo, levar -se ao futebol. Temos

que descobrir o cabrão.

E tudo o diabo.

Até os animais gostam de ti.

Os animais são como nós.

Querem a corte em belos.

Andando todos ao mesmo.

Não era comigo ali dentro que hoje ainda
não gostei de ti o suficiente.

O homem se nunca tem.

Todas cabras.

Querem acusar um estudante, mas toda a
gente sabe que é um professor.

Tem que ser um professor.

Aliás, há um muito conhecido por
incomodar as alunas.

Toda a gente sabe quem é.

É uma vergonha.

Com o presidente da associação
académica, digo já que somos contra essa

bruxas. Pois eu proponho que o professor
em casa esteja suspenso.

O meu colega não disse o nome, mas eu
digo.

É o professor Carvalho e Melo.

Mas é tudo, Tiago. Estás doido? Temos
que o suspender imediatamente, magnífico

leitor. Exatamente.

Um homem que suspeita uma coisa destas
não pode continuar a dar aulas. É

Eu não admito.

Não admito que se acuse um professor
desta forma.

Como é que os senhores são capazes de
acusar um homem sem terem prova?

O presidente da Associação Académica
falou em carta às bruxas.

Mas este Senado não vai acusar ninguém.

Este Senado não vai perseguir ninguém.

A universidade não é a Inquisição.

Maninha.

Desaparecida.

Então, andas muito misteriosa, tu.

Tenho que dizer uma coisa.

Faz -te a ti.

Está tudo bem.

Não há problema nenhum.

Não há problema nenhum.

Não há problema nenhum.

Sempre que o amor me quiser

Sempre que o amor

me quiser

Eu sei que só cá venho pedir fretes.

Nem sei o que era da minha vida se não
fosse a sua ajuda.

Fez com que a doutora Tito deixasse lá
ficar.

Tenho arranjado empregos.

Ai, ai, vida, vida.

Mas eu não tenho tido sorte nenhuma.

A culpa não é dele, Dom Afonso.

Ele esforça -se tanto.

A culpa é desta cidade.

São todos uns finados.

Acham que só quem andou na universidade
é que é gente.

Mas eu vim cá porque... Eu quero casar
com

ele.

Ai, Dom Afonso.

Ajude -me.

Ele anda muito esquisito.

Muito arredio.

Fazer com que ele me queira como eu
quero a ele.

Eu quero esperar outra vez lá no teatro.

Pá, quem é que é o meu presidente? Quero
falar com ele. Não, não pode ser. Pá,

isto não é convite. Pá, tu estás pardo.

Pá, desculpa. Amanhã depois falo
contigo. Pá, falo comigo agora.

Ainda está a dar -me uma opinião da
direcção. Amanhã falo ao ministro.

Estou a falar o melhor do que eu dou.

Ana.

Pá, estou a falar contigo.

O que é que tu tens? Cara é essa.

Estou aqui à procura das palavras, mas
as garotas pediram fazer greve.

Ela pretende.

Fala comigo, Ana.

É daquele amigo que nunca apresenta -se
ao malta, não é?

Ana, fala comigo.

Pelo teu melhor, amiga. Chega de
mistérios.

É meu, Ana.

Claro que é teu. Havia de ser de quem?
Meu, não?

É meu.

É meu. É meu. Mas é dele, eu sei.

Como é que ele te sabe? Não por
conhecimento, eu não sei.

E que é desiludido pela minha pano
europeu. Claro.

O jogador do Sporting vive a alegria do
primeiro fim.

É isso.

As primeiras imagens de Juan.

Pamela Andres está na realidade em
frente com a sua filha doutiva. Olha -me

assim.

Edu, namorado do Brasil, conquista
Portugal.

O fim da impunidade.

A justiça britânica autoriza a
extradição.

Até aqui o fim.

Estes túneis... Não sei como é que
gostas disto.

É o único lugar nesta cidade que não
está cheio de estudantes.

O homem não fica assim.

Não há mal que sempre dure.

Despediram -te, despediram -te e depois?

Para trás -me já, burra.

Estou farta destes idiotas.

Se calhar devias procurar um emprego que
não fosse na universidade.

Assim, um trabalho mais normal.

Ai, ai.

Eu sei bem o que é que tu querias.

Ai, vida, vida.

Mas sonhos são sonhos e não matam a fome
a ninguém.

Tu tens que arranjar uma casa.

Tens que assentar.

Ter uma vida.

Eu gostava.

Se tu me quisesse.

Eu sei.

Melhores tempos virão.

Tu tens tido pouca sorte, é o que é.

Mas vai passar.

Eu vou estar sempre contigo.

Nem todos nasceram para doutores.

Eu amo -te.

Assim como tu és.

Tu queres casar comigo?

Desde que é que eu não te posso guiar?

O que seria deste mundo se não fossem as
mulheres a suportar o fardo?

Oh, homem, não corras tanto. Espera por
mim.

Temos um jornal para apresentar -nos
daqui a cinco dias, não é? Então, oh

já te disse qual vai ser a capa da
cabra? Vou cortar as pepinas ao terrível

regulador. Vocês pensam que a cabra é o
jornal do crime?

Parta destas conversas.

Vou -me embora.

Não, assim diz o mundo.

Só se for medo.

Marca -te.

Então,

vocês não sabem mesmo o que fazer as
coisas que me devem te dizer, não é?

Eu estava naquela hora a pedir desculpa
ao meu colega.

. . . .

A vida é indubitavelmente o bem

jurídico mais protegido pelo ordenamento
penal português.

Assim...

Nos casos de homicídio, a culpa deixa de
ser um somatório das causas de

imputação subjetiva para possuir, para
além disso, um ponto de referência

próprio que reside na falta censurável
de uma atitude de acordo com o direito.

Só no âmbito de um conceito material de
culpa do artigo 132, os juristas

integram um tipo fundamental.

Que permite caracterizar a atitude
especialmente perversa do agente.

Era melhor a família dela estar aqui.

Ou a dela acordar.

Fazeste aí o telefone? Nós somos a
família da Ligia.

É connosco que ela vive. Nós é que
tratamos dela. Como é que ela está?

Sábado em Portugal.

É que os amigos são família.

Temos que tornar o pai a Elisa, não é?

Nós ficamos com a Elisa.

Mas ela vai ficar bem, não vai?

Ela está a reagir.

Vai tudo correr bem.

Nós andamos sempre com ela. Eu não
entendo como é que está a acontecer.

não importa.

Vamos deixar a Elisa.

Mas já daqui a dois meses eu me
arrasguei.

Por onde é que tens andado?

Não dizes nada, amuas -te, desapareces.

Depois do que tu me fizeste?

Porquê que nunca me deixam entrar nos
sítios onde tu vais?

Porque tu não podes.

Se fosse até te sentias mal.

Não tens nada a ver.

Não ias gostar.

Merda de música.

Farte de turnas e de estudantes.

Porquê que se passa contigo?

Não te gostavas tanto?

Vou -me embora.

Já não aguento mais esta merda.

Estou grávida.

Eu disse -te já, não vou voltar.

Se forem embora, eu tenho a criança na
mesma. Mas quê?

Mas não pode ser.

Vais dar cabo da tua vida. Tu és uma
criança.

Artigo 132.

O homicídio qualificado.

1. Se a morte for produzida em
circunstâncias que revelam especial

censurabilidade ou perversidade, o
agente é punido com pena de prisão de 12

anos. 2.

É suscetível de revelar especial
censurabilidade ou perversidade a que se

o número anterior, entre outras, a
circunstância de o agente ser

avidez, pelo prazer de matar, para
excitação.

Ou para satisfação do instinto sexual ou
por qualquer motivo torpo ou fútil.

Como por exemplo, se o agente matar a
vítima para ter relações sexuais com o

cadáver.

O teu irmão disse -me que tu não andavas
bem. Ana, fala comigo.

Eu não te queria assustar. Ana,
desculpa. Fala comigo. Fala comigo.

Eu gosto tanto de ti.

Tu és a minha melhor amiga. Fala comigo.
Eu gosto tanto de ti, Ana.

Venham altas montanhas Ventos do mar

Que o meu menino Nasceu para amar

Tens que estar na câmara às sete horas.

Vai correr tudo bem.

É um bom emprego.

Vais cortar de Penacova, é? Penacova?

Mas quer que me vá embora de Coimbra, é?

Eu não disse isso.

Eu fiz o que podia.

Penacova fica a 30 quilómetros.

Eu posso estar aí sempre e tu podes vir
os fins de semana.

Mas porquê?

Tem medo que saiba que tem um amante que
não é doutor? Que o detenta?

Que ele até mora na casa abrigo.

Para com isso.

Eu fiz tudo por ti.

Até corri risco. Fez porque quis.

Mas eu vou -me embora.

Eu faço tudo o que tu quiseres, mas não
vou -te dizer que te vais embora.

Eu sou criatura.

Eu faço o que quero.

Eu faço sempre o que quero.

Ou pensa que por ser rica e importante
manda em mim?

Acha mesmo que estou preocupado em ter
um emprego das sete às cinco e essas

coisinhas? É isso que eu quero da vida,
acha?

Estou farto.

Estou farto!

Fica.

Fica!

Eu já não...

Reparem nisto.

AAD de Associação Académica de Coimbra.

U de Universidade.

Saber.

Traz.

Somos nós.

O que este homem escreve no peito das
alunas é para nós.

Nós somos o alvo.

Mas então é pedido fechar já a
universidade. Continuando a sacrificar

estudantes. Exatamente.

Há solicitações tantas e diz o Senado
que vote já ou enterramente as

Não, ministro, está fora de questão.

São criminosos da parede. Está então a
propor que fiquemos aqui a saber disso.

Quer dizer que está raro, senhor
inspetor.

Inspetor.

Tenho uma semana.

Tenho uma semana.

Se daqui a uma semana não apanhar o
criminoso...

Eu mando entrar à universidade.

Obrigada.

há um homem sem cadastro que conhece bem
a universidade e a cidade pela forma

como capta as suas vítimas das
faculdades, sempre à luz do dia, sempre

deixar de cá.

Os estudantes são, por isso, os
principais suspeitos. A PJ apela mais

toda a população que colabora nas
investigações, comunicando -lhe todas as

informações que possam ajudar a
identificação do criminoso.

E pronto, depois desta trágica notícia
de última hora, voltamos à nossa

programação normal.

Beija -me muito, como se fosse esta
noite

a última vez.

Beija -me, beija -me muito,

que tenho medo de...

Quero sentir -te muito perto, olhar -me
nos teus olhos,

ver -te junto a mim.

Pensa que talvez amanhã eu estarei

longe,

muito longe de ti.

Tenho certeza.

Isto é gravíssimo.

Nunca desconfiou durante estes seis
meses?

Não.

Ele sempre foi muito correto.

Não fazia mal uma mosca.

Mas então porquê?

Não sei.

Sou psicóloga há muitos anos e não sei.

Ademais, não consigo compreender.

Por mais que tentemos protegê -la, isto
é incontrolável. As pessoas vão saber.

Vai ser comentado em toda a cidade.

Como já lhe disse, inspetora, estou aqui
a cumprir o meu dever de cidadã de

Coimbra.

Posso sair?

para o bebê.

Eu que não sei o pai.

Procurar quem espero.

O que eu quero é navegar.

Pelo tamanho das ondas.

Conto não voltar.

Parto rumo à prima.

Hoje o mar sou eu. Esperam -me ondas

que persistem.

Nunca param de bater.

Esperam -me homens que desistem.

Por querer mais do que a vida.

Sou a sombra do que eu sou.

E ao fim não tocar.

Parto rumo à maravilha, rumo à dor

que houver para vir.

Se eu encontrar uma igreja,

paro para sentir, dá sentido

à viagem.

Amém.