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ESTE EPISÓDIO CONTÉM DESCRIÇÕES
DE ABUSO SEXUAL DE MENORES

QUE PODERÃO PERTURBAR OS ESPETADORES.

Esta noite, algo inédito
no caso do homicídio de JonBenét Ramsey.

Os seus pais, John e Patsy,

enfrentam Steve Thomas,
ex-inspetor da Polícia de Boulder.

Demos uma entrevista ao Larry King.

Disseram-nos que foi um erro, mas demos.

Estávamos a tentar pôr alguma lógica
no debate.

Quando chegou à sua conclusão?

E que conclusão é essa?

A minha teoria é que Patsy,

num confronto violento com a filha…

- A matou acidentalmente?
- Não…

Eu acho que foi acidental
no sentido em que não houve motivo.

O quê? Diga-me, passo a passo,
como imaginou…

A Patsy é que estava lá.

Deve ter formulado alguma ideia

para vir a público dizer
que eu matei a minha filha.

- Quero ouvir de um a dez.
- Acho que escreveu o pedido de resgate.

- Quando? Antes ou depois de a matar?
- A senhora é que o escreveu.

A teoria é sua, diga-me.

Estava lá nessa noite.

Explique o que acha
que aconteceu nessa noite.

Acho que houve um problema por causa
do uso da sanita que foi descartado.

- Está bem. Explique isso.
- Por a menina urinar na cama.

- E Patsy zangou-se com a filha por isso.
- Sem dúvida.

A nossa filha urinou na cama

e nós matámo-la.

Isso é tão absurdo.

- Não estava lá, não sabe.
- Estava, sim. Conheço a Patsy.

Vivo com ela há 20 anos.

Sei que ela amava aquela criança
mais do que tudo no mundo.

Concorda, Patsy,
que quase nada disto faz sentido?

- Sim, foi uma maldade…
- Porque é que o intruso fez isto?

- É uma pessoa maldosa.
- Não sei.

Deus sabe. E a verdade vai prevalecer.

CHAMADA PARA O 112
5H52

PEQUENA BELDADE ABUSADA SEXUALMENTE?

TACO DE BASEBOL
ENCONTRADO NA CASA DOS RAMSEY

PROVA

CASO ARQUIVADO
QUEM MATOU JONBENÉT RAMSEY

CENTRO DE JUSTIÇA DO CONDADO DE BOULDER

13 DE OUTUBRO DE 1999
DOIS ANOS E NOVE MESES APÓS O CRIME

Agentes do xerife escoltaram jurados
até ao Centro de Justiça de Boulder.

Tinham à sua espera
jornalistas de todo o mundo

que se deslocaram a Boulder.

Após mais de um ano a analisar provas

e a ouvir depoimentos,

o grande júri tomou a sua decisão.

Aí à frente.

Aí à frente, por favor.

Aí à frente.

Fale alto!

Grite, por favor!

PROCURADOR DE BOULDER

Os jurados fizeram o seu trabalho
extraordinariamente bem,

pondo em prática
todos os seus poderes legais,

experiências de vida e perspicácia.

No entanto, tenho de vos informar

de que eu
e a minha equipa especial de acusação

achamos que não temos provas suficientes,

neste momento, que justifiquem a acusação
de nenhuma das pessoas

que foram investigadas.

Muito obrigado.

"NÃO TEMOS PROVAS SUFICIENTES"
NÃO HÁ ACUSAÇÃO

O caso não ia avançar.

Os Ramsey não seriam detidos,
apesar de 13 meses de investigação.

Após o anúncio
de que não haveria acusações no caso,

os pais de JonBenét emitiram
um comunicado.

Disseram que não estavam contentes
com este resultado

porque um homicida de crianças
continua à solta.

NÃO HÁ INDICIAÇÃO

A razão pela qual não aconteceu,

para além do facto de não haver provas
contra estas duas pessoas,

é que não mataram JonBenét.

A única coisa que fizeram foi amá-la.

E foi isso que foi revelado hoje.

Eu falei hoje com o inspetor Lou Smit.
Ele nunca veio ao programa.

Disse-me: "Hoje foi um grande dia
na história do direito.

Eles são inocentes."

Alex Hunter disse
que os Ramsey não seriam indiciados

e que não seriam processados.

Eu estava na minha carrinha
e comecei a chorar.

E foi realmente maravilhoso.

Disse ao meu fotógrafo

para focar a cara de Michael Kane
quando fizessem o anúncio.

E dava para ver que o lábio inferior
de Michael Kane tremia.

Ele parecia muito chateado.

Ficámos muito desiludidos,

mas não foi por causa
do que o grande júri fez ou não fez.

Foi uma desilusão por ter passado
quase dois anos a trabalhar nisto

e não ter havido uma resolução.

Olhei para o primeiro piso
do Centro de Justiça

e três dos inspetores principais
estavam a olhar para nós.

E soube mais tarde que,

quando Alex Hunter lhes disse cara a cara
que não ia avançar com o caso,

bateram na mesa
e houve gritos e portas a bater.

Ficaram mesmo muito chateados.

Houve um sentimento geral
de desilusão e desespero,

um sentimento de vergonha,

de que os americanos
viram o pior do seu governo.

Deram passos tremendos na investigação,

fizeram o possível para acusar
o John e a Patsy Ramsey,

mas não tinham provas.

Desperdiçaram os recursos
do estado do Colorado.

Desperdiçaram uma oportunidade

de usar os poderes investigativos
do grande júri para encontrar o autor.

Essa oportunidade foi por água abaixo.

Sabemos se o grande júri votou?

Não sabemos. Pelo menos, eu não sei.

Eu estava a tentar ler nas entrelinhas
enquanto ele falava ontem

e acho que escolheu as palavras
com muita cautela.

Alex Hunter podia ter anunciado
naquela tarde

que o grande júri decidira
não indiciar ninguém.

Ele podia ter dito
que o grande júri indiciara alguém,

mas que não avançaria para acusação.

Ele não disse nada disso.

Ficámos sem saber
o que é que eles fizeram.

JORNALISTA PEDE REGISTOS DO GRANDE JÚRI

Alguns anos depois,

duas fontes minhas disseram-me:

"Não podes divulgar isto,

mas eles indiciaram John e Patsy Ramsey."

Então, decidi contactar diretamente
jurados do painel.

E vários deles confirmaram-me

que isso aconteceu.

JÚRI VOTOU A FAVOR
DA INDICIAÇÃO DOS RAMSEY

"MENCIONA JOHN E PATSY RAMSEY"

O grande júri indiciou não por homicídio,
mas por abuso infantil,

concluindo que os Ramsey permitiram
que JonBenét estivesse numa situação

que levou à sua morte.

Tanto quanto sei, os jurados não sabiam
quem poderia ter feito o quê,

mas acharam que teria acontecido algo.

O grande júri considerou
que o casal teve a intenção

de dificultar, atrasar e impedir
a acusação do homicida da sua filha.

Eles achavam que os pais sabiam
o que tinha acontecido, que deviam saber

ou que deviam ter pedido ajuda para ela
e não o fizeram.

Foi o que um jurado me disse.

Havia provas para indiciar
John e Patsy Ramsey de um crime?

Com base nas provas apresentadas,
acho que sim.

O que o grande júri nos estava a dizer

é que achava que havia causa provável
para estas pessoas serem indiciadas.

Mas há uma distância muito grande
entre causa provável,

que é o mínimo exigido
no sistema de justiça penal,

e provas além de qualquer duvida razoável,
que são o máximo exigido.

Eu jamais poderia dizer,
sem qualquer sombra de dúvida,

que foi certa pessoa.

Sem a probabilidade razoável
de condenação,

temos uma obrigação moral.

Temos uma obrigação ética
como procuradores

de não avançar para acusação.

ENTREVISTA A ALEX HUNTER, 2004

Seria fácil acusá-los.

Mas acusá-los, apesar de ter a sensação
de que não havia provas sólidas,

isso teria sido algo horrível.

Sinto-me em paz

e, até certo ponto,

orgulhoso do facto

de ter aguentado… esta provação

e ter agido bem, com base nas provas.

Depois do grande júri,
voltámos para Atlanta

e, entretanto, já tínhamos gastado
quase todas as nossas poupanças.

RAMSEY IRÃO VENDER A CASA DE ATLANTA

Vendemos a nossa casa e bens

para tentar pagar
a advogados e investigadores.

Só queríamos encontrar o homicida.

Enquanto houver um homicida à solta
que matou a nossa filha,

as nossas vidas nunca continuarão.

Alguém matou esta criança de seis anos.

Nós sabemos isso
e queremos que o culpado seja apanhado.

CASO JONBENET ESTAGNA

Sabíamos que a Polícia
não estava a investigar o crime.

Já tinham decidido
que tinha sido a Patsy ou eu.

Por isso, sabíamos que a Polícia
não ia procurar o culpado.

O grande júri parou.

Não há indiciações nem acusações,
o caso foi posto de lado.

Não estão a investigar nada.

Está nas mãos da Polícia de Boulder,

mas estão tão convencidos de que os Ramsey
são culpados que não fazem nada.

Uma pessoa da Polícia disse-nos:

"Estamos à espera que John Ramsey morra
para que o caso caia no esquecimento."

Estou a citar.

Anda um homicida nas ruas deste país
e temos de procurar essa pessoa.

O objetivo de falar com os média

era pressionar a Polícia.

Não vamos desaparecer.

Vou insistir convosco até morrer,

se não encontrarem a pessoa
que fez isto à nossa filha.

Lou Smit diz-nos que podemos…

É um inspetor, certo?

Lou Smit é o único investigador
de homicídios que analisou este caso.

E ele diz que há provas suficientes
para encontrar este homem.

Não sei se consigo resolvê-lo
sem a Polícia,

mas eles não me vão ajudar.

Mas sei que Deus tem um plano
e eu faço parte dele.

Vou continuar a trabalhar nele,
enquanto Ele precisar de mim.

O Lou Smit queria o caso resolvido.

Por isso, ele, sozinho,

continuou a trabalhar no caso.

JonBenét Ramsey.

Acho que ele é um pedófilo, sem dúvida,

muito específico.

De certeza que a viu num destes concursos.

Quero ouvir os coiotes a uivar

Enquanto o Sol se põe no ocidente

JonBenét Ramsey era uma menina linda.

Entendo porque um pedófilo se focaria nela

e acho que foi isso que aconteceu.

PRISÃO

Quando vemos as imagens dela
vestida à vaqueira, a cantar:

"Quero ser namorada de um vaqueiro",
e tudo mais,

eu nunca vi nada assim.

VIOLADOR

No início desta investigação,

a Polícia recebeu informações
sobre um tal Gary Oliva.

Ele agrediu sexualmente
uma das filhas de um vizinho,

enquanto vivia no Oregon, e fugiu.

Acabou em Boulder, Colorado,
esteve lá de passagem.

Um dos amigos de Gary Oliva

disse que Gary lhe ligou

e estava perturbado.

Disse que tinha feito mal a uma menina.

Por tudo isso,
a Polícia de Boulder investigou-o bem.

Quando os agentes o procuraram,
na tenda dele,

tinha fotos de JonBenét.

Fez mal ou matou JonBenét Ramsey?

Não.

Não, não fiz.

Acredito que ela veio ter comigo
após a matarem

e que se me revelou.

Mais tarde, confessou,

dizendo basicamente
que assumiria a autoria

do homicídio de JonBenét Ramsey

se a Polícia garantisse

que ele teria três refeições por dia
e um teto.

Mas o ADN dele não correspondia
com as provas do local.

Não conseguiram confirmar
que foi mesmo ele que cometeu o crime.

POLÍCIA DESCARTA CONFISSÃO

JonBenét Ramsey como Ziegfeld Follies!

Quando vestimos a nossa filha

e a maquilhamos tanto
e a vestimos daquela maneira,

com fatos de corista de Las Vegas,

podemos inadvertida e inocentemente
atrair alguém, um predador sexual.

Chamo-me Joyce Singular.

Escrevi dois livros com o meu marido,

o jornalista de investigação
Stephen Singular.

Na última semana de 1996,

soube do caso JonBenét Ramsey,
mais através da minha mulher.

Ela interessou-se muito rapidamente.

Vivíamos em Denver,
que ficava a apenas 50 km de Boulder.

Tínhamos um filho com três anos na altura
e, claro, foi um crime tão brutal.

Não conseguíamos acreditar
que matassem assim uma criança.

Achámos que se os Ramsey
eram de facto culpados de algo,

e não se pode chamar-lhe crime…

Acho que foram culpados de serem ingénuos.

Acho que vesti-la como eles vestiram

poderia chamar a atenção

e estimular as pessoas erradas.

Quando JonBenét foi morta,

nós decidimos começar a entrevistar

mães de crianças de concursos de beleza

que tinham estado no mesmo circuito
com JonBenét.

Algumas delas suspeitavam

que alguns dos espetadores
que iam aos concursos

não estavam lá
por terem filhas no concurso.

Estavam lá só para… observar.

Também nos falaram de fotógrafos,

um em especial.

Todas nos contaram a mesma história,
que o fotógrafo principal de JonBenét,

e de muitas das meninas nessa área,
era um homem chamado Randy Simons.

Simons vendeu algumas das suas fotos
de JonBenét a uma agência fotográfica,

que acabaram por aparecer
em todos os tabloides.

E muitas mães dessas crianças
ficaram furiosas com isso.

Uma mãe específica disse
que, no estúdio de Simons,

ele tinha fotos na parede
que roçavam o impróprio.

Não era pornografia infantil, mas, enfim,

eram meninas sem a parte de cima ou…
Aparentemente, era inocente,

mas era algo manhoso ou duvidoso.

E suspeitavam dele.

Há todo um padrão de comportamento

em que, pelo menos para mim,
as perguntas saltam à vista.

As mães dessas crianças disseram-nos
que ele ligou a algumas pouco após o crime

a dizer que não matara JonBenét.
Estava histérico.

Mas ninguém disse que ele matou.
Levantou algumas desconfianças.

Liguei a Randy Simons várias vezes.

Só atendeu uma vez.

E ele estava nervoso.

E disse: "Eu sei mais sobre este caso,
mas não lhe vou dizer."

E não disse.

FOTÓGRAFO DE JONBENÉT PRESO

Um ano depois, ele andava nu pela rua

e chamaram a polícia.

E ele repetiu aos agentes
que não matara JonBenét.

Quer dizer, é muito estranho.

HOMEM NU DIZ QUE NÃO MATOU JONBENÉT

Perdemos contacto com Randy Simons.

Mas, em 2019, recebemos uma pista

de que tinha sido preso
no condado de Lane, Oregon,

e que descarregara pornografia infantil
num restaurante,

através da wi-fi deles.

Foi depois indiciado e acusado
de 15 crimes de pornografia infantil

e foi condenado a dez anos de prisão.

Mas não encontraram ADN de Randy Simons
no local do crime.

NOTAS DE LOU SMIT

O homicida pode andar por aí.

É possível que continue a matar
hoje em dia

e acho que é muito experiente.

Não se escolhe como primeira vítima
uma rainha de beleza, no Natal.

Fez um garrote. Ele tem fantasias.
Sabia como entrar numa casa.

Não teve medo de estar na casa.
É um criminoso de alto risco.

RESUMO DE ENCARCERAMENTO RECENTE:
VIOLAÇÃO AGRAVADA

Em março de 1997,

a Polícia de Boulder
recebeu uma chamada da Carolina do Norte

acerca de um homem
chamado John Brewer Eustace.

A Polícia de Boulder procura pistas
na outra ponta do país,

em Charlotte, Carolina do Norte.

Os investigadores foram para sul
rever provas contra este homem,

John Brewer Eustace.

É acusado de violar e raptar
uma criança no mês passado.

Era um vagabundo que confessou
raptar uma criança de dois anos.

E ele chegou mesmo a entrar na casa.

A menina de dois anos
foi tirada deste quarto.

A tela da janela foi aberta
e atirada ao chão.

Quando foram a casa dele,

encontraram um santuário a JonBenét.

Autoridades de mais quatro cidades estarão
a rever a confissão e o crime de Eustace,

mas o caso mais famoso
é o de JonBenét Ramsey.

A Polícia de Boulder foi lá e,

infelizmente para eles,

tinha um álibi sólido para aquela noite.

Ele trabalhava numa fábrica

e tinha picado o ponto.

Na altura em que JonBenét morreu,
ele estava a trabalhar.

Mas isto só mostra

que há pessoas por aí que são capazes
de cometer este tipo de crime.

Investiguem predadores de crianças,

pessoas que se sentiriam atraídas
por JonBenét Ramsey.

10 DE SETEMBRO DE 2002
CINCO ANOS E OITO MESES APÓS O CRIME

Em 2002,

fui contactado por alguém que conhecia
o meu trabalho no caso Ramsey

e que queria falar.

O nome dele no e-mail era Daxis.

Ele usou a palavra Daxis.
Não sei o significado.

ESTOU A TENTAR AO MÁXIMO
MANTER-ME ANÓNIMO.

SOU UM HOMEM A MONTE.

FUI INVESTIGADO POR ALEGADOS CRIMES

DESDE O HOMICÍDIO DE UMA RAPARIGA
DE 12 ANOS A ABUSO DE CRIANÇAS.

Começou a enviar-me e-mails regularmente,

nos quais, aos poucos,
começou a dizer que matara a JonBenét.

GUARDEI ESTE SEGREDO DURANTE DEZ ANOS.

SINTO-ME CULPADO, ENVERGONHADO.
SINTO IMENSO ARREPENDIMENTO.

SOFRI E CONTINUO A SOFRER O SUFICIENTE

SEM ESTAR NUMA CELA DE PRISÃO

Nunca dizia nada abertamente,

mas estava implícito que aquilo tudo
fazia parte de um caso amoroso.

EU AMAVA A JONBENÉT RAMSEY
MAIS DO QUE ALGUMA VEZ PODERIA EXPRESSAR.

Que foi um acidente.

NÃO SOU UM GÉNIO DO CRIME, MICHAEL.

SOU ALGUÉM QUE AMA MUITO MENINAS PEQUENAS.

Encontrei-me com o Michael Tracey
e falei sobre isso.

Eu ainda estava cético,

porque havia tanta informação
divulgada casualmente pela Polícia.

É outra reviravolta interessante
neste caso.

As pessoas decidem que querem ser famosas
e, por isso, confessam.

No entanto, é preciso investigar
cada uma dessas confissões.

EM BREVE, RELATAREI
O QUE ACONTECEU NAQUELA NOITE.

A DESCRIÇÃO SERÁ DESAGRADÁVEL.

NADA QUE EU DIGA
DEVE INDICAR QUE EU NÃO A AMAVA.

Perguntei: "Como sei
que não foi buscar isto à Internet

e me está a dizer coisas
que são públicas?"

E ele disse: "Pergunte a John Ramsey

como é que JonBenét chamava à Nedra,

a avó dela.

E será isto."

Enviei um e-mail ao John.
"Como é que ela lhe chamava?"

E ele diz-me: "Neddy."

Estava certo.

O John depois procurou

e esse diminutivo não fora divulgado,
não era do domínio público.

Como é que ele sabia o nome?

NÃO CONTAREI COMO CONHECI A JONBENET
E SÓ DIVULGAREI AQUILO QUE EU QUISER.

Partilhei alguns e-mails com o Lou Smit.

Disse-lhe: "Um tipo enviou-me isto.
Não sei quem é, onde vive.

Pode ser um vizinho, não sei."

E eu dizia sempre ao Lou:
"Diga-me que é um doido e ponto final."

E o Lou disse: "Não posso.
Não dá, Michael. Tem de continuar."

ESTE CASO NÃO É RESOLVIDO
PORQUE SE AGARRAM A TEORIAS CONHECIDAS.

Durante esse período, a Patsy
estava em remissão do cancro nos ovários,

mas todos os anos fazia exames.

No oitavo ano, ela voltou lá
e detetaram um pequeno cancro.

Sim, foi devastador
porque pensávamos que estava curada.

- Perdeu o cabelo?
- Sim.

Está a voltar.
As sobrancelhas estão a voltar.

Volta tudo, mas sabe que mais?
É uma preocupação muito pequena.

PATSY RAMSEY LUTA PELA VIDA

Quando volta,
é mais resistente ao tratamento.

E a Patsy estava nessa fase.

Mas ela acabou por não aguentar.

E chegou a um ponto em que um médico
recomendou cuidados paliativos,

para ela ter uma vida confortável.

Mas não estávamos prontos para isso.

Queria que ela lutasse. Ela queria lutar.
E depois chegou a um ponto em que…

… achei que não havia nada a fazer.

E eu… tomei a decisão
de parar o tratamento,

por recomendação do médico,
mas não disse à Patsy.

O cancro migrara para o cérebro,
por isso, ela não estava bem ciente.

Ela não sabia que tínhamos desistido.

Ela dizia: "Quando é o outro tratamento?"
E eu sabia que não havia outro tratamento.

Foi difícil.

6 DE AGOSTO DE 1990
25 DE DEZEMBRO DE 1996

AMO-A TANTO.
PRECISO DE ESTAR COM A MÃE DELA.

TEMOS DE FALAR
ANTES QUE A MÃE DA JONBENET MORRA.

Troquei e-mails com o Daxis
durante quatro anos.

Ainda não sabia quem era.

SOU UM FUGITIVO PROFISSIONAL.

Aparentemente, disfarçou bem
a sua cadeia de e-mails.

TENHO MEDO DE CAIR NUMA CILADA.

O MEU MEDO FAZ-ME IMAGINAR
QUE VOCÊ E EU ESTAMOS A FALAR

E, DE REPENTE, SOU APANHADO PELA POLÍCIA.

E, em 2006,

começou a pedir-me o contacto da Patsy,
para lhe pedir desculpa.

QUERO O NÚMERO DE TELEFONE DELES.

Ele pediu um contacto deles e eu empatei.

ACHO QUE ESTAREI NA SALA DE ESTAR DELA

ANTES DE CONSEGUIR OS CONTACTOS QUE PEDI.

Ele disse num e-mail:

"Michael, estarei na casa

antes de me dar esse contacto, não é?"

Entendi aquilo como uma possível ameaça.

PROCURADORA DO DISTRITO DE BOULDER

O caso estava agora nas mãos
de uma nova procuradora distrital.

O Michael falou com ela:
"Eis o que se tem passado.

Esta pessoa tem de ser investigada."

Mary iniciou a investigação
para tentar encontrar o sujeito,

com a Procuradoria,

o Departamento de Segurança Interna
e o Serviço de Imigração.

E ele depois perguntou:
"Quer ouvir a minha voz?"

E eu disse que sim.

Fala Mike Tracey.

- Olá, Michael.
- Como está?

Gravámos, creio eu,
cerca de 11 horas de conversa,

ouvidas por várias agências
de serviços secretos.

E essa foi uma experiência muito sombria.

É ótimo finalmente falar consigo.

Sim. Admito que fiquei surpreendido
quando enviou o número de telefone.

- Sim.
- Já agora, porque fez isso?

Não sei. Perdi a cabeça.

Quando decidiu
que tinha de me dizer que a matou?

Nunca disse que matei.

Mas está bastante implícito, não?

Eu sei e não consigo dizer isso.
Não consigo dizer a palavra "matar".

Ele estava a tentar dizer que fazia parte
de uma espécie de relação estranha.

Ele gostava de asfixia erótica.

Eu e a JonBenét tivéramos
uma experiência especial

com o que chamo "fio especial".

Vou usar sempre esse termo.
Não vou usar outro termo.

Detesto usar o termo "asfixia"
e não o vou usar.

As pessoas gostam de ver isso

porque parece que a pessoa vai morrer,

porque perde a consciência
e começa a ter convulsões.

Por isso, é algo erótico de ver.

Vi os olhos dela a fecharem-se
e o corpo dela começou a ter convulsões.

As pernas começaram a ter convulsões,
como se estivesse a morrer.

Ela fica meia letárgica
durante uns segundos

e fica grogue.

Ela disse: "O que aconteceu?"

Respondi que ela entrara
num estado de sonho e que estava tudo bem.

E comecei a beijá-la nas coxas

e isso foi um verdadeiro ponto de viragem,

porque fiquei muito perto
do que designarei como o "sexo" dela.

Foi o ponto de viragem,
porque fiquei um bocado fora de mim.

A pior parte para mim

foi ter de fingir que estava tudo bem.

Não podia criticá-lo.

Ajoelhei-me à frente dela

e disse: "JonBenét,
quero fazer outro fio para ti."

E tinha alguns nós interessantes.

Então, lentamente, fiz pressão
no pescoço dela com o segundo "fio".

E disse: "Sim, querida,
deixa-te levar para o sonho lindo."

Nessa altura, o corpinho dela começou
a ter convulsões e a contrair-se um pouco.

Eu devia ter parado aí,
mas continuei a pressionar.

Estava em transe. Não conseguia parar
de olhar para a cara dela, de a beijar.

Estava completamente dominado
pelo êxtase com ela.

E, de repente,
o meu olhar foi interrompido.

E pensei: "Meu Deus.

JonBenét, estás bem?"

E…

Sabia que não estava bem
porque não estava a respirar…

CAUSA DA MORTE: ASFIXIA

… e…

… e fiquei muito assustado.

Eu disse: "Meu Deus,
vou ter de acabar isto.

Tem de ser, porque não posso arriscar
que ela ainda esteja viva."

Pensei para comigo: "Céus,
e se o cérebro dela estiver a morrer

e o corpo ainda estiver vivo?"

Não queria deixá-la naquele estado.

Não podia deixá-la assim.

E, por alguma razão estranha,
não sei explicar porquê,

eu disse a mim mesmo:

"Meu Deus, e se lhe sair sangue da boca

quando eu fizer isto?"

Desliguei a lanterna.

Havia fita adesiva enrolada na lanterna.

E tirei um bocado de fita da lanterna

e tapei-lhe a boca com essa fita.

Cobri-a com um cobertor e apertei-o bem.

Atirei a lanterna para trás
e disse: "Perdoa-me, JonBenét."

E depois… fi-lo.

A CAUSA DA MORTE
FOI ASFIXIA DEVIDO A ESTRANGULAMENTO,

ASSOCIADA A TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO.

Peço desculpa.

Está bem.

Fui para casa após uma das conversas

e desatei a chorar.

Mesmo agora, é difícil.

Estava ciente o suficiente para saber
que tinha de pegar nas minhas coisas.

E nem me lembro se trouxe tudo,
se deixei lá alguma coisa.

Mas tinha de voltar àquela janela.

Foi por aí que entrei
e tinha de sair por aí.

Levantei a grade, saí pela grade

e pensei: "Meu Deus, deixei
a minha menina naquele estado horrível.

Está naquela divisão minúscula
e, pior ainda, está morta.

Meu Deus, o que é que eu fiz?"

Quando a investigação começou,

não sabíamos quem ele era,
onde ele estava.

Sou o maior pesadelo da Interpol
porque sei como fugir.

E a Polícia vai deparar-se com um muro
quando tentar localizar este número.

Não leva a ninguém.

Eu não sou parvo. Não leva a ninguém.

Restava saber como o encontrar.

A Procuradoria disse:

"Olhe, esta pessoa estava fascinada
com a Patsy, queria falar com ela."

Acho que a Patricia não negaria
falar comigo por telefone.

Eles disseram: "Vamos aproveitar isso."

A Patsy estava acamada com cancro.

Ela não estava nada bem.

Então, puseram um telefone
ao lado da cama dela,

com uma escuta.

E ela estava preparada para falar com ele.

Ela está a morrer. Só um telefonema
seria melhor do que nada.

Mas ele nunca ligou.

24 DE JUNHO DE 2006

A Patsy estava muito doente.

Ela tinha dores, muitas dores,
e sabíamos que o fim estava próximo.

Pensei: "Deus, leva-a.
Leva-a para casa, alivia-lhe a dor."

Eu disse à Patsy:
"Não faz mal se partires."

E ela partiu.

E eu saí e…

Não sei, percebi
que tinha de dizer ao Burke.

Coitado do Burke.

Tinha acabado o liceu,
estava na faculdade.

E perder a mãe, que o amava tanto…

Era um miúdo típico. Ele adorava a mãe.

Acordei-o

e ele disse: "É a mãe",
e eu respondi que sim.

"Faleceu."

Foi difícil.

Patsy Ramsey, a mãe
da pequena JonBenét Ramsey, morreu.

Tinha 49 anos.

Não sei quanto tempo viverei,

mas sei que,
quando já não habitar este corpo,

estarei em casa com o Senhor.

E com a JonBenét, a Beth
e a minha mãe que entretanto faleceu e…

As pessoas divertidas estão lá,

por isso, vai ser um reencontro glorioso.

Disseram-nos:

"É uma pena que a Patsy tenha falecido

sem saber quem matou a filha dela."

E acho que ela agora sabe.

Voltarei a ver a Patsy, não tenho dúvidas.

Não sei como vai ser, como vai acontecer.

Está muito…

… além do que o meu cerebrozinho
consegue compreender,

mas acredito que é uma realidade
para nós como humanos.

EM TERNA MEMÓRIA DE

A ALVORADA TRARÁ OUTRO DIA

E, COM ELE, A HIPÓTESE
DE ILUMINAR A VIDA DE OUTROS

COMO ILUMINASTE A MINHA

COM ESPERANÇA E CONFIANÇA EM DEUS

Estive lá pouco antes de Patsy morrer.

Fui ao hospital.
Segurei-lhe a mão no hospital.

E as últimas palavras
que Patsy me disse foram:

"Lou, não me resta muito tempo.
Apanhe este tipo antes de eu morrer."

Daxis, fala Mike Tracey.

Olá, Michael.

Tenho péssimas notícias.

A Patsy morreu.

- Meu Deus.
- Eu sei que é horrível.

Nunca a poderei ouvir dizer que me perdoa.

Alguém me pode dar a satisfação de saber

que, pelo menos, quis ter
uma ligação comigo, mas não foi possível?

Creio que sim!

Daxis sabia que eu tinha
a última foto da JonBenét.

Enviou-me um e-mail a perguntar
se eu a podia digitalizar e enviar-lha.

E um investigador sugeriu
que eu devia oferecer o original.

Por isso, sugeri-o e ele deu-nos
uma caixa postal da UPS em Banguecoque.

Dar-lhe uma morada,

embora saiba que a morada
está muito longe de mim,

está a assustar-me.

Sim.

Puseram a loja da UPS sob vigilância.

E ele disse-me que comprara
uma bicicleta de montanha e descreveu-a.

Sou ciclista.

Porque comprou a bicicleta?

Para a levar comigo para o trabalho.

Vai de bicicleta para a escola?

Sim.

Ele chega à loja de bicicleta…

ESCOLA INTERNACIONAL NEW SATHORN

E depois é vigiado
durante cerca de uma semana.

Então, fiquei a saber
que essa pessoa era John Mark Karr.

FOTO DE VIGILÂNCIA

As autoridades de Banguecoque descobriram
que ele era predador de crianças

e dava aulas no 1.º ciclo.

Numa das nossas conversas,

Karr descreveu a sala de aula
como tendo uma parede de vidro.

Dava para ver lá para dentro.

E há um momento
em que ele tem uma menina ao colo,

um professor entra e Karr afasta-a.

E foi aí que a Polícia tailandesa disse:

"Temos de avançar."

PROFESSOR CONDENADO A 10 ANOS
APÓS HOMICÍDIO DE JONBENÉT

COMO DESLINDARAM O CASO

17 DE AGOSTO DE 2006

O homicídio de JonBenét Ramsey,
participante em concursos de beleza,

cativou os EUA durante uma década.

Agora, passados dez anos,
um homem foi detido na Tailândia.

John Mark Karr, de 41 anos,

foi detido pela Polícia de Banguecoque
por suspeita de homicídio premeditado.

Eu amava a JonBenét
e ela morreu acidentalmente.

- É um homem inocente?
- Não.

Eu estava com a JonBenét
quando ela morreu.

Estavam mais pessoas consigo?

Não.

A morte dela foi um acidente.

Quem é John Mark Karr?

O que fazia ele na Tailândia?

Desde que Karr foi detido,
surgiram novos detalhes.

Chegou a dar aulas numa escola primária
nos subúrbios de Atlanta,

mas já não trabalha lá.

Foi professor substituto na escola
de 1.º ciclo Hamilton por alguns meses,

mesmo antes do homicídio de JonBenét,

mas foi tirado da lista de substitutos
após queixas de pais.

Linguagem imprópria.

Não que fosse necessariamente sexual,
mas dizia coisas que não eram normais.

Tem uma fixação por meninas.
Acho que não há dúvida disso.

Em 2001,
foi preso em Petaluma, Califórnia.

Trabalhava como professor
e apanharam-no com pornografia infantil.

TERÁ ESTADO ENVOLVIDO EM UM
OU MAIS ABUSOS DE CRIANÇAS

Foi acusado, ia a julgamento,
mas saiu do país

e desapareceu.

Foda-se, ando a fugir há dez anos.

E raios me partam
se alguém me vai apanhar agora.

Desde então,

o homem de 41 anos parece ter tido
muito trabalho no estrangeiro.

Em currículos publicados na Internet,

afirma ter dado aulas na Ásia,
Europa e América Latina.

Mais arrepiante,
Karr foi professor do primeiro ciclo

em pelo menos duas escolas internacionais
em Banguecoque,

incluindo uma só para raparigas.

Alguns observadores legais
duvidam da história de Karr.

Têm perguntas como:

porque deixaria um pedido de resgate
no local do homicídio de JonBenét?

O meu plano, desde o início, era raptá-la.

Quando cheguei à casa,

estava muito confiante e presunçoso.

Mas, quando entras no quarto dos pais,

tens uma sensação,
como se estivesses a ser observado.

Começas a ter noção
da gravidade da situação e pensas:

"Como vou lidar com os pais?"

Queria dar informação suficiente

que lhes permitisse saber
que eu a devolveria.

Eu gostaria de ter escrito o bilhete

de uma forma muito educada e amável.

"Caros Sr. e Sra. Ramsey,

eu tenho a vossa filha linda

e vou devolvê-la,

mas não agora."

E não podia fazer isso.

Ter-me-ia denunciado.

Se o tivesse escrito assim,

teria levado as autoridades
diretamente à minha porta.

PÃO, LEITE…

Não podia endereçar esse bilhete
à mãe dela, de forma alguma.

Talvez tenha pensado em fazê-lo no início,

mas mudei de ideias.

SR. RAMSEY, OUÇA COM ATENÇÃO!

Segunda uma fonte policial,

ouviram John Mark Karr dizer,
enquanto estava sob custódia,

que não compreende como podiam questionar

como ele entrou em casa dos Ramsey
na noite da morte de JonBenét.

Karr deixou escapar, e cito:

"Todos dizem
que eu não saberia orientar-me lá dentro,

mas eu entrei por volta das 17 horas
e fiquei lá a noite toda.

Eles", referindo-se aos Ramsey,
"só voltaram às 22 horas."

Karr será deportado de Banguecoque

e depois será transferido
para Boulder, Colorado.

Quando a foto dele
foi publicada nos média,

tínhamos um chalé no norte do Michigan.

E tínhamos uma empregada
que ia lá regularmente limpá-lo

e ver como estava.

E ela viu essa foto, ligou-nos e disse:

"Esse sujeito esteve na vossa garagem…
no verão passado.

Tenho a certeza.

No verão antes de a JonBenét ser morta,
ele entrou na vossa garagem.

Era um tipo estranho e fez perguntas."

E comecei a pensar
que estávamos a ser perseguidos.

Os Ramsey conheciam Karr?
JonBenét conhecia-o?

Sabemos que vivia em Atlanta,

onde os Ramsey viviam
quando JonBenét nasceu,

mas, depois, mudaram-se para Boulder.

Não sabemos o que aconteceu ao Sr. Karr.

Quando sentiu uma ligação à JonBenét
pela primeira vez?

- Quando sentiu que…
- Não lhe posso dizer.

- Está bem.
- Não lhe posso dizer isso, desculpe.

Mas não sou um perseguidor, garanto-lhe.

De volta aos EUA,

os investigadores deverão recolher
mais amostras de ADN do suspeito.

Investigadores de Boulder
já devem saber uma resposta crucial.

Se há correspondência de ADN,

correspondência entre amostras
cedidas por Karr

e o ADN retirado das unhas da vítima

e de uma peça de roupa.

JUNTAM PROVAS CONTRA KARR

Claro, os média disseram:
"Detiveram alguém, fantástico."

E, para mim, isso deixou-me alerta,
porque agora os média…

Tínhamos 40 câmaras à frente da casa
a pedir comentários.

Eu ainda estava cético.
Não sabíamos se o ADN correspondia.

ANÁLISE AO ADN DO SUSPEITO
SERÁ CRUCIAL

E, claro, não correspondia.

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

Notícia de última hora.

O homicida confesso de JonBenét sai
em liberdade por o ADN não corresponder.

Só nos últimos…

Soubemos dias depois
que o ADN não correspondia.

Fontes afirmaram que ele sabia detalhes
sobre o crime que só o homicida saberia,

mas, segundo
o Laboratório Criminal de Denver,

o ADN prova que não estava no local
nessa noite terrível de dezembro.

E John Mark Karr foi libertado.

CASO DESMORONA
ADN EXCLUI CONFESSOR

John Mark Karr é um tipo muito estranho,

mas até termos uma correspondência de ADN,
não sabemos quem é o homicida.

EM MAIO DE 2024, KARR AFIRMOU NUM SITE

QUE TEM UMA "VIDA MUITO CLANDESTINA
FORA DOS EUA".

KARR NÃO FOI CONDENADO
POR NENHUM CRIME CONTRA CRIANÇAS.

O ADN não correspondia.

Alegadamente.

- Porque diz "alegadamente"?
- Acho que há um problema com o ADN.

ADN EM DÚVIDA

O ADN neste caso tem sido problemático

desde o início.

Já muitos peritos mo disseram.

E isto remonta
à contaminação do local do crime.

A Polícia de Boulder
cometeu muitos erros no início deste caso.

Sempre estive convencido de que isso
pode ter feito uma diferença importante

em termos de contaminação.

E, no local de um crime,

sobretudo quando é tão contaminado,

acho que é problemático
ter muitas certezas

com base num resultado de ADN.

E todos os que cederam
uma amostra do seu ADN?

Se o ADN estiver comprometido,
muitos ainda podem ser suspeitos.

ADN DO CASO RAMSEY SOB ESCRUTÍNIO

Temos descartado suspeitos com base no ADN

e se aceitarmos tacitamente
o que a Polícia disse

e os artigos feitos por tipos
como Charlie Brennan,

que dizem

que o ADN deste caso

não é tão valioso nem significativo

como pensamos,

então, temos andado a excluir pessoas

pelas razões erradas.

Devemos reconsiderá-las.

A Polícia nunca excluiu o John e a Patsy
apenas com base no ADN.

Então, como se exclui alguém
apenas com base neste ADN?

Temos de ir mais fundo.
Temos de pegar no ADN que temos hoje

e analisá-lo melhor.

28 DE ABRIL DE 2022

A família de JonBenét Ramsey
pede ao governador Jared Polis

que atue para ajudar a encontrar respostas

no caso que está por resolver
há mais de 25 anos.

Aquilo que defendemos,

e temos feito isso agressivamente
no último ano,

é que sabemos que tiraram cinco
ou seis itens do local do crime,

os enviaram para deteção de ADN
e eles não foram testados.

Por isso, queremos que testem os itens.

Queremos que testem novamente os itens
que já foram analisados e testados.

E depois queremos que usem
a base de dados pública de genealogia

para procurar não só uma correspondência,

mas um parente próximo.

Isso tem sido usado com muito sucesso

nos últimos três ou quatro anos

por parte da Polícia

para encontrar o homicida
de casos arquivados muito antigos.

Mas não sabemos o que está a ser feito.

EM 2023, O GABINETE DE INVESTIGAÇÃO
DO COLORADO

REUNIU PERITOS PARA REVER O CASO
DO HOMICÍDIO DE JONBENÉT RAMSEY.

OS PERITOS RECOMENDARAM PASSOS
QUE A POLÍCIA DE BOULDER DEVIA DAR

PARA ENCONTRAR O HOMICIDA.

A POLÍCIA NÃO DIVULGA
AS RECOMENDAÇÕES DOS PERITOS.

UM PORTA-VOZ AFIRMA
QUE AS PONDERARAM SERIAMENTE,

MAS NÃO DIZ SE ESTÃO A REALIZAR
NOVOS TESTES DE ADN.

A POLÍCIA DE BOULDER RECUSOU
O NOSSO PEDIDO DE UMA ENTREVISTA.

Sei que esta investigação,
um dia, será resolvida.

Vou fazer tudo o que puder
para ajudar a resolvê-la.

O Lou teve cancro

e, enquanto ele estava
a fazer quimioterapia,

ainda se encontrava
com amigos mais chegados

e passava informações sobre este caso.

SMIT QUER JUSTIÇA PARA JONBENET

Visitei-o nos cuidados paliativos

e ele continuava a falar
sobre o caso JonBenét Ramsey.

Ele, literalmente, levou isto para a cova.

Ele queria o caso resolvido.

Queria certificar-se
de que o seu legado perduraria.

É por isso que a família Smit
continua a investigar este caso.

LOU SMIT PASSOU O SEU TRABALHO
AOS SEUS FILHOS ADULTOS,

QUE CONTINUARAM A INVESTIGAR O CASO
APÓS ELE MORRER EM 2010.

Poderíamos ter o homicida detido,
condenado, na prisão

e, ainda assim,

entre cinco e dez por cento da população
achariam que somos culpados.

É normal,
tendo em conta o que lhes foi dito.

Recebi cartas de pessoas durante anos
que diziam: "Desculpe,

achei que era culpado,
e eu estava errado e lamento muito."

E eu respondi:
"Como poderia achar outra coisa?

Foi isso que os média e a Polícia
lhe disseram."

EM 2000, O EX-INSPETOR STEVE THOMAS
ESCREVEU UM BESTSELLER

EM QUE ACUSAVA PATSY RAMSEY
DE MATAR JONBENÉT.

Um ex-inspetor que investigou
o homicídio de JonBenét Ramsey

diz que acha que Patsy Ramsey
matou a filha.

- Olá e bem-vindo, Steve.
- Obrigado.

Agentes não deviam escrever livros
sobre casos em aberto.

Não é nada profissional.

OS RAMSEY PROCESSARAM THOMAS
E O SEU EDITOR EM 80 MILHÕES DE DÓLARES

POR CALÚNIA E DIFAMAÇÃO.

AS PARTES CHEGARAM A ACORDO
APÓS THOMAS E O SEU EDITOR

ACEITAREM PAGAR AOS RAMSEY
UM VALOR CONFIDENCIAL.

STEVE THOMAS RECUSOU
O NOSSO PEDIDO DE UMA ENTREVISTA.

Temos de fazer
uma nova investigação completa,

começar do zero.

EM 2016,

A CBS EMITIU UM ESPECIAL

QUE ACUSAVA BURKE RAMSEY
DE MATAR JONBENÉT.

Achámos que seria bom se trouxéssemos
uma criança de cerca de dez anos

para fazer a demonstração.

ESPECULARAM QUE BURKE MATARA JONBENÉT

PORQUE ELA COMEU UM BOCADO DO LANCHE DELE.

Provavelmente, terá ficado chateado
por ela tentar tirar um bocado de ananás.

Por raiva, poderá tê-la agredido
com aquela lanterna.

BURKE PROCESSOU A CBS,
OS PRODUTORES E OS APRESENTADORES

EM 750 MILHÕES DE DÓLARES.

AS PARTES CHEGARAM A ACORDO
APÓS A CBS E OS PRODUTORES CONCORDAREM

EM PAGAR UM VALOR CONFIDENCIAL.

O Burke processou a CBS
e chegaram a acordo,

mas o estrago já estava feito.

Infelizmente,

essa ideia delirante
espalhou-se rapidamente.

A TEORIA "FOI O IRMÃO"…

O BURKE MATOU A IRMÃ.

O SACANINHA SAFOU-SE.

FOI O BURKE, A PATSY ENCOBRIU-O…

FOI O BURKE.

O mundo do crime real subscreveu
esta teoria absurda

de que o Burke matou a JonBenét.

É incrivelmente doloroso e errado.

IRMÃO ILIBADO COMO SUSPEITO
NO CASO JONBENET

Escrevemos uma carta a defendê-lo
porque a imprensa estava ao rubro.

"O Burke matou-a." Aquilo era de loucos.

Ele não escreveu o pedido de resgate,
não usou o garrote.

Era de loucos. Então,
escrevemos aquilo a ilibá-lo.

IRMÃO ILIBADO

PROCURADORA DE BOULDER
DESCARTA BURKE RAMSEY COMO SUSPEITO

CITANDO O MODO COMO FOI TRATADO
PELOS MÉDIA E DETETIVES ONLINE,

BURKE RAMSEY RECUSOU
O NOSSO PEDIDO DE UMA ENTREVISTA.

Bem, isto são umas botinhas
que a JonBenét usava, botas de vaqueira.

- Eram botas dos concursos.
- Sim.

Usou-as quando cantou
"Cowboy's Sweetheart", acho eu.

Voltei a casar
cinco anos após a morte da Patsy.

Sentimos que a JonBenét
é mais uma neta nossa.

Cristalizou nos seis anos de idade.

Nem a imagino como adulta.

Recordamo-la como um dos pequeninos. E…

Isto é uma espécie
de coleção dos nossos netos.

Sim, de todos os netos.

Esta é a Bíblia dela.

Ela tem-me apoiado muito,
adora os meus filhos,

trata-os como se fossem dela.

Conhecemo-nos num casamento em Denver.

Eu conhecia bem o caso,

mas não o estudara em profundidade

e não sabia que ainda era tão importante.

Portanto, isso fez-me repensar seriamente
se queria namorar com ele.

Quereria viver com essa nuvem sobre mim?

E, como amo o John, estou disposta a isso.

A JonBenét teve aulas de sapateado,

teve aulas de piano.

Adorava atuar.

Estava sempre a fazer encenações
com as amigas, em casa.

Vestiam fatiotas e diziam: "Temos uma peça
para vocês. Prestem atenção."

O John já passou
por tudo e mais alguma coisa.

Ele é leal,

forte e imperturbável.

Uma amiga da minha filha mais velha,
que morreu num acidente de viação,

numa tarde, em Chicago,

no funeral da Beth, disse-me: "Sr. Ramsey…

… se eu morresse, não quereria
que os meus pais ficassem tristes."

Esse comentário
foi muito importante para mim.

Sei que a Beth não nos quereria tristes.
A JonBenét também não.

Sabe, toda a loucura à volta disso
foi errada.

E de certeza que ela ficaria chateada

por os pais dela
terem sido acusados da sua morte.

Ela sabia que era amada.
Eu dizia-lho quase diariamente.

Ainda digo aos meus filhos adultos.
Falo com eles. Sabem que são amados.

E a JonBenét tinha orgulho
de ter o nome do pai.

Quando os miúdos lhe perguntavam…

"O meu nome vem do nome do meu pai."

E, sim, era… Não sei, só…

Não sei.
Sei que ficaria triste pela família dela,

porque gostava de nós.

Ela pintou aquilo.

Assinou em cima, JonBenét.

O nosso ministro em Atlanta disse:

"No início, as memórias trar-vos-ão dor,
mas acabarão por vos trazer alegria."

E descobri que isso é verdade.

A dor demora muito tempo

a passar.

Mas a memória da JonBenét é alegre.

E…

- É isso que sente agora.
- Exato.

- Sim.
- Olá.

Olá, JonBenét.

31 DE JULHO DE 1995

Há sempre momentos de tristeza,
em que penso no que perdi,

mas…

… ainda bem que a tive por seis anos.

25 DE DEZEMBRO DE 1993

Fantástico! Diz ao pai o que recebeste.

O que recebeste?

Legendas: Georgina Torres