All language subtitles for My.Name.Is.Emily.2015.720p.BluRay.x264-[YTS.AM]

A vida passa muito r�pido,
como as montanhas ao fundo.

Um dia, voc� acorda
sem saber como foi parar l�.

E pensa: "H� quanto tempo
estou dormindo?

Por onde eu andei?"

Nada mais � reconhec�vel.

Est� tudo diferente
da �ltima vez em que acordou.

Anos se passaram
e anos v�o passando.

E, de repente,
voc� tem a no��o exata

de que vai morrer.

E a� voc� precisa fazer
uma escolha: voltar a dormir

na esperan�a de que,
quando acordar,

voc� ter� se resolvido
e ser� feliz;

ou voc� escolhe
ficar acordada

para lidar com aquele ambiente
nada satisfat�rio.

Para criar alguma coisa,
qualquer coisa.

Para amar.

Eu nasci
de ventos contr�rios.

Furac�es s�o batizados
com o meu nome.

Se esconder da morte
� se esconder da vida.

O meu nome � Emily.

MEU NOME � EMILY

Voc� disse que esse dia
mudou a sua vida.

Est� indo muito bem.

Isso, continue.

O tempo parou,
e nada mais existia.

S� aquela sala,
sua mulher...

e eu.

E voc� se deu conta
de que era pai.

E que n�o sabia nada.

Voc� disse
que fitou um grande vazio

e deu um passo.

Tudo que voc� lia,

todas as estradas e rios
de pensamento

conduziam voc�
para a mesma e �nica verdade:

voc� tinha uma filha

e voc� n�o sabia nada.

Ela sempre disse
que voc� era quieto.

Um ano depois de eu nascer,
voc� ficou ainda mais quieto.

N�o sa�a mais de casa.
N�o dizia o motivo.

Ficava trancado no escrit�rio
dia e noite.

At� que, uma noite,

de forma inesperada,
voc� falou.

Mortos ou vivos.

Tem pessoas que andam por a�
como se tivessem 100 anos

e fossem viver por mais 100.

Elas vestem sua armadura,

mas os olhos denunciam
o medo que sentem.

Voc� falou sobre
o que tinha lido no �ltimo ano,

sobre ser pai,

sobre como nadava no mar
quando era menino.

Voc� falou de um jeito
que nunca tinha falado antes.

Ela disse que era como ver
um homem parindo a si mesmo.

Voc� contou
que tinha uma nova professora

que ensinava as coisas
mais importantes da vida.

Eu era a sua professora,
e voc� era o meu professor.

Me chamaram de "esquisita".

- Eles t�m raz�o.
- Eu estava lendo um livro!

Eles continuam tendo raz�o.

Venha c�.

Leia.

"Esquisito: sugere algo
sobrenatural ou misterioso."

E aqui.

"Do ingl�s arcaico 'wyrd'.

Significa destino, sina

ou poder
de controlar o destino."

- Isso.
- E da�?

- E da�?
- Eles n�o sabem disso.

Mas, agora, voc� sabe.

Era o que eu sentia
quando voc� falava comigo.

O mundo � novo e pequeno,
e grande e expansivo.

O cora��o bate forte no peito
s� porque voc� est� viva.

Voc� come�ou a dar aula
numa escola.

Vida para iniciantes.

N�s andamos cegamente
por caminhos feitos por outros,

e a maior trag�dia de todas

� acreditarmos
na grande mentira...

Que viveremos para sempre,
que nunca morreremos.

Mas todos os caminhos
levam � morte.

E, ao viajar por caminhos
feitos por outros,

n�s chegamos � morte
sem ter vivido verdadeiramente.

Voc� incentivava as pessoas
a viver, a nadar,

a lutar, a amar.

Mas s� chamou aten��o quando
as incentivou a fazer sexo.

Voc� dizia que as pessoas
faziam pouco sexo e que,

em vez de gastar
com f�rias caras,

deviam ir a um motel
e transar.

� assim que n�s somos!

Vamos!

E, antes que voc� fosse visto
como uma amea�a ao sistema,

era tarde demais:
voc� era um sucesso.

Voc� foi abra�ado
pela cultura de massa.

Mas voc�
s� estava come�ando.

Nos ensinaram a nos esconder:
da vida, do outro.

Descobrimos tantas formas
de passar o tempo:

observando, preparando,

planejando como ser� nossa vida
quando estivermos prontos.

Voc�s est�o prontos?

Pessoal!

Emily est� se juntando
a voc�s hoje.

Que tal falar um pouco
sobre voc�, Emily?

Ou n�o.

Ache uma carteira, meu bem.

Ruas longas
a perder de vista,

mas nenhuma d� no mar.

Se estendem a perder de vista,
mas nenhuma d� no mar.

Nado at� o fundo.

Vou descendo, descendo.

Nadando at� o fundo.

Estou me afogando
nestas ruas.

Steve e June
n�o s�o pais adotivos ruins.

J� tive piores.

Sei que estou aqui
por desejo da June.

Ela me mata todo dia

com sua gentileza,
suas conversas casuais

e aquele frescor constante.

Me pressionando para ser feliz
todo dia, como se fosse Natal.

- Quer uma toalha limpa?
- Obrigada.

At� eu me sentir sufocada
e n�o conseguir mais respirar.

Ela � diferente.

Eu me apaixonei
por uma dan�arina.

Ela rodopiava
como uma luz dan�ante.

Eu me sentia
ainda mais distante,

por�m mais consciente
de todas as coisas.

Ela dan�ou at� eu me sentir
quente e comovido.

Por todo o caminho de casa.

Ela pensou
que eu estivesse doente,

cansado ou resfriado.

Mas era amor.

Arden, venha aqui agora!

Nada, querida?

Tenho certeza
de que vai chegar.

Estou atrasada
para a escola.

Feliz anivers�rio...

Pai...

Houve outras,
mas nenhuma era como ela.

Eu queria sumir pelos poros
da sua pele p�lida.

Quem j� levou um choque
entende isso.

O corpo todo
vira o cora��o e para.

Voc� se sente vivo e morto
ao mesmo tempo.

Era assim.

"Embora o fulgor
outrora brilhante

tenha se tornado
raro e distante;

embora nada possa
nos devolver a hora -

do esplendor da relva,
da flor que vigora -

n�o choraremos,
mas for�a encontraremos

no passado
que ainda trazemos."

Peguem seus cadernos.

Em sil�ncio!

Analisem essa estrofe
considerando o seguinte:

tom,

estilo

e forma.

- N�o entendeu o exerc�cio?
- Entendi.

- Ent�o qual � o problema?
- Nenhum.

Acha que n�o precisa seguir
as regras por ser nova?

Que merece tratamento especial,
como se fosse...

a princesinha da creche?

N�o.

Ent�o o que �?

S� n�o quero fazer
o que voc� pediu.

Acontece que o que voc�
entendeu como um pedido

foi na verdade uma ordem.

N�o. Estou exercendo
o meu direito de n�o obedecer.

N�o quer nos ensinar
o livre-arb�trio,

para n�o virarmos nazistas?

- Vai bancar a espertinha?
- N�o quero partir o poema.

Por que n�o?

Porque, quando partimos algo,
n�s o matamos.

Ent�o explique para n�s

qual seria a melhor abordagem
para esse verso.

Wordsworth
est� falando de sexo.

De quando ele transou
com uma garota na relva.

Provavelmente,
a primeira vez dele. E a dela.

N�o � nada disso.

Sexo com uma francesa,
Annette Vallon,

filha de um barbeiro cirurgi�o,

com quem ele teve uma filha
ileg�tima, Anne Caroline.

Ele estava
completamente apaixonado,

mas ficou t�o envergonhado
que abandonou ela e a filha.

Ele se sentia t�o culpado

que nunca escrevia abertamente
sobre amor e sexo,

s� nas entrelinhas
das refer�ncias � natureza.

"Embora o fulgor
outrora brilhante

tenha se tornado
raro e distante;

embora nada possa
nos devolver a hora -

do esplendor da relva,
da flor que vigora -

n�o choraremos,

mas for�a encontraremos
no passado que ainda trazemos."

Ele a amava, mas,
por causa da moral da �poca,

ele abandonou as duas.

E nunca mais viu a filha.

O que h� de errado com voc�?

Deixem a garota em paz.

- N�o liga...
- Eu sei me cuidar, obrigada.

Quando ela morreu,
levou a luz com ela.

Quer um sandu�che?

Disseram que ela
estava em outro lugar,

num lugar melhor.

Mas eu sabia que n�o.

Ela sempre sabia
onde eu estava,

n�o importava
em que parte da casa.

Agora eu n�o sentia mais
a presen�a dela.

Disseram
que ela foi para um lugar.

Mas, se tivesse ido,
eu teria ido junto.

Ela n�o estava
em lugar nenhum,

e agora ningu�m mais
sabia onde eu estava.

Quando franzimos o rosto
debaixo d'�gua, faz barulho,

mas n�o d� para chorar.

�s vezes eu escuto,

como um furac�o,
como um vento submerso...

a m�sica.

Eles escutavam alto
quando eu n�o estava no carro.

Para se sentirem
jovens de novo.

Meu pai guardava tudo,

anota��es de aulas
e rabiscos de pensamentos,

no porta-malas do carro.

Quando eles bateram,

os pap�is se espalharam
numa onda de ru�do branco.

Todas as preocupa��es,
todos os medos...

desapareceram, num instante,

diante de algo muito pior
do que se pode imaginar.

Eu estava em casa,
esperando por eles.

Era o meu anivers�rio.

O que aconteceu?
Voc� est� bem?

Voc� n�o sabe nadar?

Voc� n�o sabe nadar...

Que ideia foi essa?

Mergulhar na parte funda
sem saber nadar?

O que h� de errado com voc�?

� meu anivers�rio.

Meu Deus! Pode ir.
J� terminou por hoje.

Maluca.

Vamos l�, pessoal.

Oi.

- Eu sou da escola.
- Eu disse que sei me cuidar.

�, mas me pareceu triste,
ent�o segui voc� at� aqui.

Eu trouxe isto
para animar voc� um pouco.

� melhor voc� entrar.

Est� bem.

Hoje � mesmo
seu anivers�rio?

Podia ser brincadeira...

Voc� segue alguma religi�o
que pro�ba presentes?

Como n�o te conhe�o bem,
eu n�o sabia o que comprar,

ent�o escolhi algo
de que gosto.

"AS VINHAS DA IRA"
STEINBECK

- Voc� j� leu?
- J�.

- � um exemplar antigo.
- �.

Minha av� prefere os antigos
por terem a mem�ria das m�os.

Era dela. Ela me deu.

- Como voc� se chama?
- Arden.

Feliz anivers�rio!

Voc� n�o quer o presente?

Ent�o a gente se v� por a�.

Droga!

At� amanh�.

Tamb�m sou novo aqui.
Nos mudamos no ano passado.

Sou metade irland�s.
A minha av� nasceu na Irlanda.

Meu pai tamb�m, claro,
filho dela.

Eu trabalho
numa videolocadora.

Ent�o voc� gosta de nadar?

� aqui.

Casa bonita.

�. Quer entrar?

- At� amanh�.
- Tchau.

Oi, Emily.

Nada ainda, querida?

Por que n�s sorrimos
em fotos?

N�s simplesmente esquecemos?

N�o sabemos
como nos sentimos

at� que nos mandem sorrir?

MUITO AMOR, PAPAI

Dorme.
Dorme, meu anjo.

- N�o estou cansada.
- Eu sei.

- Tente fechar os olhos.
- Est� bem.

- Vai ficar aqui comigo?
- Vou.

- At� eu dormir?
- At� voc� dormir.

Estarei aqui
quando voc� acordar.

NOTA F

O que � isto?

Nem tente.
Voc� tirou nota baixa.

Aqui diz
"se distrai com facilidade".

�, mas a professora
� uma idiota...

N�o responda � sua m�e!

Passe menos tempo
naquele suposto emprego

e com a louca da sua av�.

At� mais tarde.

Pegue sua bolsa,
estamos indo.

O Arden est�?

Est�. Um momento.

- Oi.
- Oi. Posso falar com voc�?

Tudo bem.

Bater � sua resposta
para tudo!

Outro dia voc� disse
que queria me ajudar.

- Isso mesmo. O que foi?
- Estou de partida.

- De partida?
- Agora.

Meu pai
est� numa cl�nica psiqui�trica,

e minha m�e morreu
no meu anivers�rio.

� por isso que eu estava
estranha naquele dia.

Estou me abrindo porque
n�o conhe�o mais ningu�m aqui

e eu confio em voc�,
n�o sei por qu�.

Meu pai me escreve todo m�s
e no meu anivers�rio,

mas n�o recebi nenhuma carta
e estou preocupada.

Ent�o vou ajud�-lo a fugir
da cl�nica onde o internaram.

N�o posso fazer isso sozinha.
Preciso de ajuda.

Se quiser me ajudar,
temos que ir agora.

Quando n�o me virem no caf�,

meus pais adotivos
avisar�o o Servi�o Social.

Eles s�o obrigados.
Ent�o preciso me adiantar.

Ent�o, � isso.
Temos que ir agora.

Voc� vai me ajudar?

Eu...

Esquece.

Bater nele
n�o ajuda em nada!

- Aonde voc� vai?
- Estou saindo.

- N�o esqueceu alguma coisa?
- Estou indo embora.

Pegue o seu material
e entre no carro.

Vai fazer o qu�? Me bater?

Ent�o � melhor me nocautear.

Emily!

Meu Deus...

- Ela � quieta.
- Nem tanto.

Basta come�ar a falar.

- Voc� est� fugindo de casa?
- N�o. Acho que n�o.

S� quero ajud�-la
com uma coisa.

Que bom!

Qualquer um pode fugir.

Seu pai
fez isso a vida toda.

Mas n�o pode ir
com este uniforme encharcado.

Seu av� me pediu em casamento
com este terno,

no topo do Empire State.

Foi a �ltima vez
em que ele usou.

Ele dizia que o terno
tinha cumprido sua fun��o.

- N�o posso, v�.
- Por que n�o?

Seu av�
est� debaixo da terra.

Venha aqui.

Me d� uma ajuda.

Voil�!

Vamos, entre.

� bem confort�vel.

- N�o vai ligar.
- Tente.

Deixo com o tanque cheio.
Seu av� me ensinou.

Caso
eu precise fugir um dia.

Tem tudo de que voc�
precisa no porta-malas.

Obrigado, v�.

Boa sorte.
Boa sorte.

- Bonito terno, a prop�sito.
- Obrigado.

MAPA DAS MELHORES ESTRADAS

Podemos ir mais r�pido?

N�o.

- Voc� perdeu a entrada.
- N�o perdi, n�o.

- Pegue a autoestrada.
- Nem pensar.

- N�o vamos chegar nunca.
- Vamos, sim.

Mas chegaremos inteiros.

Sem bateria.

- E o seu?
- Eu n�o tenho.

Azul para mim,

e branco para voc�.

- O qu�?
- Carros.

- Um...
- N�o, obrigada.

Tudo bem.

Continua na dire��o norte.

Lamento pela sua m�e.

Obrigada.

Qual � a hist�ria
do seu pai?

Ele � escritor.

Legal!

�, legal.

- N�o muito.
- N�o.

De onde voc� �?

Est�vamos sempre
nos mudando.

Eu pulava
de uma escola para outra.

A� ele decidiu
que era perda de tempo

e me tirou de vez da escola.

A gente vivia viajando.

Turn�s do livro,
semin�rios...

Nunca falamos dela.

Meu pai
s� pensava em viver o presente

e esquecer o passado.

Mas eu o ouvia de noite.

Ele ficou obcecado
com o trabalho.

N�o dormia, quase n�o comia.

Dia e noite.

Ele ficou obcecado com a ideia
de que, no n�vel molecular,

n�o h� diferen�a
entre n�s e uma folha de grama.

Aquela ideia o perseguia.

Ele come�ou a me dizer
que n�o havia limites.

Que o importante era viver
como n�s quer�amos.

E ele fez isso.

Que belo dia!

Todo dia
ele ia um pouco mais longe.

Olha s� para isso.

A pol�cia recebia queixas
de "comportamento estranho".

E os vizinhos
come�aram a deixar mensagens.

ABERRA��O

Ent�o tamb�m
deixamos a nossa mensagem.

UM FATO � UM PONTO DE VISTA

Mas foi piorando.

N�o importa.
Se sou uma folha de grama...

Ou se ela
� uma folha de grama...

Sou uma folha de grama,

com as mesmas mol�culas,
as mesmas mol�culas...

Ela tem as mesmas mol�culas,

eu tenho
as mesmas mol�culas.

N�s temos as mesmas mol�culas
de uma folha de grama!

� a mesma coisa!
� a mesma coisa!

Ela � a mesma coisa,
ela � tudo.

Ela � tudo junto,
e eu sou tudo separado.

Ela est� toda separada,
flutuando, s� separada.

Eu estou todo torcido,
todo junto, torcido e junto.

Porque todas as mol�culas
est�o juntas.

Somos a mesma coisa,
a mesma coisa...

- Somos...
- Pai?

O incidente em Dublin
foi a gota d'�gua.

Ele disse que estava feliz.

Que tinha aprendido
o segredo de tudo.

Que a vida e a morte
estavam ligadas

e que ele tinha, finalmente,
desapegado da minha m�e.

Libertado ela.

Mas eles n�o viam assim.

Convenceram um parente distante
a assinar os pap�is.

INTERNADO � FOR�A

N�o, n�o, n�o! N�o! Pai!

Pai! Pai, n�o v�!
Por favor, n�o v�!

- Vou me despedir da minha filha.
- Por favor, n�o v�!

Emily,

nada pode nos separar,
est� ouvindo?

Nem essas pessoas,
nem ningu�m, nem nada.

Sabe por qu�? Porque temos
o oceano dentro de n�s.

Veja.

N�o se preocupe.

N�o se preocupe,
minha filha linda.

Apenas se lembre de quem voc� �,
est� bem?

Se lembre de quem voc� �.

Voc� � a minha esquisita,
n�o �?

- Voc� � a minha esquisita.
- N�o, n�o, n�o.

N�o, n�o, n�o, n�o!
Por favor, n�o!

N�o! Ele � meu pai!

N�o! Volta!

Eu preciso de voc�,
por favor!

No come�o eu ia visit�-lo,

mas ele foi ficando
cada vez mais distante.

Ele parou de sair do quarto,
de me chamar pelo meu nome.

Emily
era o nome da minha m�e.

No final, eles disseram

que as minhas visitas
faziam mal a ele.

Que eu o fazia se lembrar muito
da minha m�e.

Que ele precisava de tempo.

Que �timo! Que �timo!

Mas e voc�?

Eu pulei
de um parente para o outro

e acabei
na casa dos meus tios.

Eles tinham um filho.

Alguns anos mais velho
que eu. Meu primo.

Ele leu os livros do meu pai
e quis p�r em pr�tica.

N�o deu muito certo.

Fiquei sem fam�lia
depois disso.

Mas meu pai nunca parou
de escrever para mim.

As cartas viraram fragmentos,
mas n�s convers�vamos.

De repente,
elas pararam de chegar.

O irm�o de um amigo meu
morreu,

e a fam�lia
passou a usar Photoshop

para incluir o rosto dele
nas fotos de fam�lia.

N�o sei por que eu disse isso,
eu...

O qu�?

� a coisa mais estranha
que eu j� ouvi.

�.

N�o vou conseguir dormir
assim.

Espera!

Ela mandou olhar
no porta-malas.

Qual � o plano?

Eu vou visit�-lo.

Voc� provoca uma distra��o,
e eu o tiro de l�.

- S� isso?
- �.

E se n�o deixarem
voc� entrar?

Precisam deixar,
eu sou filha dele.

E se ele n�o estiver...

bem?

Ele est� bem.

Meu pai contou que, quando era
estudante, ele adorava livros.

Ele s� comia e bebia livros.

Um dia ele conseguiu um emprego
numa livraria grande da cidade.

Ele disse
que ficou muito feliz.

Ele cheirava livros.

De tanto que gostava deles.

Ele adorava o cheiro
de um livro novo.

Quando ficou encarregado
das entregas,

ele ia no estoque catalogar
os livros novos que chegavam.

Eram milhares
e milhares de livros,

centenas de exemplares
do mesmo livro,

que formavam
blocos coloridos imensos.

Para ele, aquilo parecia
um quebra-cabe�a gigante.

Poucos dias depois,
ele pediu demiss�o.

Ele n�o conseguia mais ver
um livro novo da mesma forma,

sem ver a l�mina da gr�fica
cortando o papel.

N�o provocavam mais
um sentimento especial.

Seu cheiro virou industrial.

Hoje ele n�o l� mais nada.

Isso � muito triste.

�.

�, eu sei, desculpa.
N�o sei por que falei disso.

Caf� da manh�.

Um fato � um ponto de vista.

- N�o, n�o �.
- �, sim.

Um fato � um fato.

De onde
voc� acha que eles v�m?

� como as coisas s�o.

Estamos andando
no supermercado: fato.

N�o, � o seu ponto de vista.

Talvez n�o estejamos aqui.
Talvez eu nem exista.

Um mais um � igual a dois.

Tudo o que voc�
chama de "fato"

� s� um monte de gente
que se juntou

e combinou
chamar algo de "fato".

Os fatos mudam porque
as pessoas mudam de ideia.

"A Terra � plana."
"N�o, � redonda."

N�o se pode culpar ningu�m
por querer acreditar em fatos,

mas, sem outro ponto de vista
que concorde conosco,

de um alien�gena,
por exemplo,

nunca saberemos se nossa opini�o
sobre algo � certa ou errada.

Mesmo tendo um alien�gena,
seriam dois pontos de vista.

Fatos n�o s�o errados
s� porque s�o opini�es.

Eles costumam ser certos.

S� que esquecemos que s�o
opini�es bem desenvolvidas.

E a� as pessoas fazem besteiras,
como criar a bomba at�mica.

Elas pensam:
"Um fato � um fato.

Tivemos que fazer
para mostrar que pod�amos."

Fatos s�o desculpas
para tudo.

O Sol vai nascer amanh�.
� um fato?

N�o, � um ponto de vista.
De um ser humano.

Meu, neste momento.

� um bom ponto de vista

porque acho que o Sol
vai nascer amanh�.

- Mas nasceria sem minha opini�o?
- N�o sei. Eu n�o sei, Emily.

Voc� est� pirando
a minha cabe�a.

O que espera que eu diga?
Que eu n�o sei? Eu n�o sei.

Satisfeita agora?

O qu�?

Voc� faz...

Voc� faz
com que eu me sinta burro.

Desculpa.

Foi a coisa mais bonita
que j� me disseram.

S� as flores, por favor.

N�o olhe para tr�s, s� ande.

Ande normalmente.

- Estou andando normalmente.
- Agora corre! Corre!

V�!

V�! V�!

Tchau!

O que voc� fez?

O qu�? Voc� disse que
precis�vamos tomar caf�.

Mas pagando,
como pessoas normais!

Eu tenho dinheiro.
Aqui est�!

Precisamos do dinheiro
para a gasolina.

- E o que � normal?
- N�o come�a! Escuta!

Se quer a minha ajuda,
n�o fa�a mais isso!

Tudo bem.

Quero saber o plano,
como vai ser...

- Tudo bem.
- N�o est� tudo bem!

Isso n�o foi legal!
Sei que tem problemas, mas...

O que voc� sabe, com a sua vida
e seus pais perfeitos?

Voc� n�o sabe nada
sobre a minha fam�lia.

Voc� n�o pergunta,
ent�o n�o sabe.

Voc� n�o � a �nica
que tem problemas e...

Voc� s� pensa em si mesma...

- Eu n�o sou um fantoche.
- Eu sei.

Voc� n�o sabe tudo.

Eu sei.

Me desculpa.

Tudo bem.

Obrigada
por ter vindo comigo.

De nada.

Onde n�s estamos?

N�o sei se est� pensando
que vai rolar alguma coisa,

mas n�o vai.

Se ofereceu para me ajudar.
Eu n�o devo nada a voc�.

Voc� n�o me deve nada.

Eu escolho azul.

- Eu escolho...
- Um.

Jura?

Trapaceira.

Droga!

- Est�o perdidos?
- N�o.

N�o.

- Carteira?
- Sim...

- Merda!
- Como disse?

Eu deixei...
Ficou em casa. Ficou em casa.

Tudo bem.
S� um segundo.

Ande! Ande!

- O qu�?
- Seremos presos.

- Calma, ele s�...
- Acha que ele vai nos liberar?

- Sim. N�o fizemos nada errado.
- N�s fugimos.

E roubamos no mercado.

Arden, por favor.
Eu preciso ver o meu pai.

Obrigado, seu policial!
J� encontrei! Tchau!

Essa garotada...

H� uma tristeza neste pa�s.

Nas cidades, nas ruas.

Nos campos e nas �rvores.

Uma tristeza
que n�o conseguimos esconder.

- Estou faminto.
- Voc� est� sempre faminto.

N�o reconhe�o este lugar.

Faz muito tempo.

Desculpa,
era para eu ter entendido?

Vamos achar.

Como � a sua fam�lia?

� normal.

Se "normal" significa
totalmente doente.

Mas nem sempre foi assim.

� estranho.

Fico pensando
quanto tempo vou levar

para ficar igual a eles.

Ou se o estrago
j� est� feito.

Estamos
completamente perdidos.

Eu conhe�o este lugar.

Pode ir pela praia. Faz�amos
isso quando eu era pequena.

Tudo bem.

- Muito perto da �gua!
- O qu�?

Estamos muito perto da �gua!
Saia daqui!

At� parece que vai adiantar!

Voc� � um g�nio!

Espere por mim!

- Monte a frente.
- Tudo bem, saia da�.

N�o tem um fundo?

- O qu�?
- N�o tem um fundo para o ch�o?

Deve ter.

A vareta.
Me passe aquela vareta.

J� fez isso antes?

J� terminaram a�?
Ou a camisinha ficou grande?

- N�o vai!
- Est� tudo bem.

Deem uma sacada
nesse veadinho babaca.

J� terminou?
Algu�m mais pode ir?

Caiam fora.

Calma a�, garoto.

Chegou o mandachuva!
Est� me mandando cair fora?

�, cai fora...

N�o quero brigar com voc�s.

Voc� est� bem?

Seu riquinho esnobe!

Ande, seu ot�rio!

Eu disse
que ele era um veadinho!

Seu namorado fugiu.

Mas a gente
ainda pode se divertir.

V� embora.

- Eoin! Eoin!
- O qu�?

- Eoin! Eoin!
- O qu�?

Eoin! Eoin!

Sai da�.

- Voc� est� bem?
- Estou.

N�o � de verdade!

Era a arma do meu av�.
Ele lutou na Guerra Civil.

N�o que voc� entenda disso,
seu ignorante de merda!

N�o, Arden!

Odeio valent�es.

Agora sumam daqui!
Some daqui!

V�o.

V�o, v�o, v�o, v�o!

Caf� da manh�?

AS VINHAS DA IRA

� ali.

Constru��o antiga,
funcion�rios nos jardins...

Tudo bem, James Bond.
Qual � o plano?

TEMA A DEUS EM VIDA

O que � aquilo? Est� vendo?

Quem �?

Ei!

Quem � esse?

Estou perdida. Estou procurando
o quarto do meu pai.

Pensei que fosse para c�.

- Como ele se chama?
- Robert Egan.

- Voc� � quem?
- Emily Egan.

Quarto 114. Suba a escada
e vire � esquerda.

Obrigada.

Ei, desce da�!

Ei, ei! Desce da�!

Pai?

Emily?

Ei!

Ei! Venha c�!

Ei, para!

- Onde ele est�?
- Ele se foi.

Como assim?

H� poucos dias.

Dr. Golding.
Sou o diretor desta institui��o.

Cad� o meu pai?

Vamos tomar um ch�
na minha sala.

Seu amigo pode entrar quando
parar de brincar com os guardas.

Sempre acho
que o mundo est� pelo avesso,

e que mandam
as pessoas mais s�s para mim.

J� leu Plat�o?

Ele tem um texto incr�vel
chamado "O Mito da Caverna".

� sobre um grupo de pessoas
sentadas numa caverna

que observavam
sombras tremularem na parede.

Essas pessoas
estavam presas por correntes.

Para elas, as sombras
eram sua �nica realidade.

Veja as pessoas acorrentadas,
observando as sombras.

Como numa sala de cinema.

Mas um homem
lutou contra as correntes,

se soltou e descobriu
o caminho at� a luz.

De p� sob o sol,
esse homem viu a verdade.

A hist�ria
podia ter acabado a�,

mas ele voltou para a caverna,
para a sombra,

para libertar os outros.

Esse homem que viu a luz
e, em vez de se aquecer nela,

voltou
para ajudar os outros,

de acordo com Plat�o,
� o fil�sofo.

Esse homem � o seu pai.

O problema � que, ao tirar
as pessoas da escurid�o,

o pr�prio fil�sofo,

cego pelo brilho do Sol
ou por uma grande tristeza,

pode perder a no��o
do que � real ou ilus�o.

Meu pai n�o � maluco.

Este lugar � uma caverna
para muita gente, Emily,

um esconderijo do mundo.

N�o h� vergonha nisso.
A vida...

Meu pai
n�o estava se escondendo.

Voc�s o prenderam aqui.

Emily...

seu pai
estava aqui voluntariamente.

- Voc� est� mentindo.
- Por que eu mentiria?

Porque eu estava l�
quando ele foi levado!

Sim, Robert foi internado
� for�a num primeiro momento,

mas, ap�s um m�s de observa��o,
ele decidiu ficar aqui.

Emily,
voc� precisa entender...

Pare de dizer o meu nome!
Voc� n�o me conhece!

N�o prendemos pessoas s�s
contra a vontade delas.

�s vezes
as pessoas desmoronam.

Mesmo os nossos pais.

Ei, ei, ei, ei!

O que houve?
Onde ele est�?

Vamos embora.

Ele foi embora?

Mas para onde?

Tem um lugar.

De quem � esta casa?

� do meu av�.
N�s pass�vamos o ver�o aqui.

�s vezes
a madeira incha no inverno.

Me ajuda aqui.

� do meu pai.

Vamos acender a lareira.

E se ele n�o vier?

Ele vir�.

Por que voc�
topou vir comigo?

Para enfiar a m�o
debaixo da minha blusa?

N�o sou burra. Sei por que
as pessoas fazem as coisas.

� o que voc� acha?

As pessoas mentem.
As pessoas v�o embora.

- N�o sei por que viemos aqui.
- N�s podemos voltar.

- Voc� n�o tem ideia, n�o �?
- N�o.

N�o. Mais uma vez,
eu n�o estou entendendo.

Nem todo mundo mente.
�s vezes s� queremos ajudar.

Quer saber? Eu...

Eu n�o sei por que estou aqui.
Acenda a lareira voc�.

Arden! Arden, volta!

Pai!

Oi...

Eu estava � sua procura.

Eu fui tirar voc� de l�.

Falei com o dr. Golding, pai.

Por que voc� n�o me contou?

Eu queria contar
pessoalmente.

Voc� me deixou acreditar
durante todo esse tempo...

Voc� me deixou
com aquelas pessoas.

Eu sei.

N�o espero que voc�
me perdoe, mas...

Eu n�o faria bem a voc�.

- Eu precisava...
- Eu precisava de voc�!

Eu tinha 14 anos!

Voc� disse que nada
conseguiria nos separar.

Mas voc� nos separou.

Ent�o o qu�?
Est� melhor agora?

N�o sei como eu estou. S� sabia
que estava na hora de ir embora.

Eu queria ver voc�.

Por qu�?

Por que agora?

Eu n�o sei.

Voc� n�o sabe?

Voc� n�o sabe?

O maldito M�gico de Oz
n�o sabe?

Que piada...

N�o devia ter perdido tempo
vindo atr�s de voc�.

Emily!

Emily!

Nado at� o fundo.

Vou descendo, descendo.

Nadando at� o fundo.

Vou nadando at� o fundo.

Eu tenho
o oceano dentro de mim.

Eu te peguei, Emily!
Eu te peguei.

Eu te peguei!
Eu te peguei!

Voc� est� segura!
Voc� est� segura!

- Voc� pirou? Voc� pirou de vez?
- Eu estou bem.

Voc� quase
me matou de susto!

Voc� me pediu para vir.

Eu me importo
se voc� vive ou morre!

N�o quero voltar para l�.

Eu estarei com voc�.
Podemos entrar quando quiser.

Obrigada por ter vindo comigo,
Arden.

De nada.

Vamos.
Me apresente ao seu pai.

Pai, este aqui � o Arden.
Arden, meu pai.

Oi.

Ele � meu namorado.

Vou me trocar.

- Sente-se.
- Certo...

Achei caf�.
Esquentei no fog�o...

� da mam�e.

Eu sei.

Pode me emprestar
uma camisa?

Claro. L� em cima,
no arm�rio � direita.

Fique � vontade.

June � uma boa pessoa.

Ela me escreve,
me conta como voc� est�.

Ela adora voc�.

Eu queria encontrar voc�
para pedir desculpas.

Por tudo.

E para dizer
que estarei ao seu lado,

se voc� me aceitar.

Eu s� sei uma coisa...

Eu sou um velho idiota.

E eu te amo.

S�o duas coisas.

Eu tamb�m te amo, pai.

- Bom dia.
- Bom dia. Dormiu bem?

- Caf�?
- Sim, por favor.

Obrigada.

N�o fui um bom pai, n�o �?

Voc� ainda n�o morreu.

Foi o que eu pensei
quando acordei hoje.

O que voc� vai fazer?

Vou ficar com a June.

Fique aqui,
escreva um pouco.

Boa ideia.

Quem sabe
eu escrevo um livro?

"Minha Vida no Hosp�cio".

Eu leria.

Voc� pode me visitar.
Venha quando quiser.

Eu virei.

June deve estar
preocupada comigo.

�.

E esse namorado?

Ele leva caf� para mim.

Quem j� levou um choque
entende isso.

H� uma tristeza neste pa�s.

Nas cidades, nas ruas.

Nos campos e nas �rvores.

Uma tristeza
que n�o conseguimos esconder.

� o fato
de perdermos quem amamos,

o fato de estarmos s�s.

Emily!

Mas fatos
s�o apenas pontos de vista,

e pontos de vista mudam.

Venha c�.

A vida passa muito r�pido,
como as montanhas ao fundo.

Um dia voc� acorda
sem saber como foi parar l�.

E pensa: "H� quanto tempo
estou dormindo?

Por onde eu andei?"

Nada mais � reconhec�vel.

Est� tudo diferente
da �ltima vez em que acordou.

E voc� sorri numa foto
simplesmente porque est� feliz.

E, de repente,
a voz que fala � a sua.

Revisora: Raquel Pereira

Tradutora: Sylbeth Soriano
BRAVO EST�DIOS