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Neste mundo espantoso

que nos foi dado, para cuidarmos,

existe um lugar especial.

Onde o sol e a �gua

criaram algumas das regi�es
mais invulgares

e belas do nosso planeta deslumbrante.

Onde os milagres da natureza

transbordam por toda a parte.

Nesta terra, um caleidosc�pio de habitats

criou um arco-�ris magn�fico
de formas de vida.

Desde glaciares na alta montanha...

... a florestas de bruma...

... e p�ramos pantanosos.

De selvas equatoriais...

... a savanas rasgadas...

... e plan�cies verdejantes.

De plan�cies desertas...

... a lagos misteriosos...

... e mundos inexplorados.

E tamb�m ilhas rochosas
rodeadas por oceanos abundantes.

De rios turbulentos...

... �s terras antigas mais espetaculares
e inexploradas do planeta.

Este � um pa�s
com algumas das criaturas mais ins�litas

e os habitats mais contrastantes
do planeta.

� a Col�mbia, terra de magia selvagem.

A sua espantosa diversidade florestal
faz da Col�mbia

o segundo pa�s
com maior biodiversidade do mundo.

Para a sua dimens�o,

sustenta a maior variedade de seres vivos
do planeta.

A vida resplandece
atrav�s de uma variedade de p�ssaros...

... r�s...

... r�pteis...

... borboletas...

... e orqu�deas
que batem recordes mundiais.

A Col�mbia � o lar

de tr�s criaturas lend�rias
da Am�rica do Sul.

A maior ave.

A mais formid�vel das cobras.

E o felino mais poderoso.

Esta maravilha vem da d�diva transbordante
que a Col�mbia recebe da natureza.

A �gua.

A Col�mbia � banhada
pelo indomado Oceano Pac�fico

e pelo quente Mar das Cara�bas.

Rodeiam-na as bacias
do Amazonas e do Orinoco

e os grandes rios Cauca e Magdalena
enriquecem os seus solos.

A Col�mbia tem uma rela��o eterna
com a �gua.

A viagem das suas �guas
come�a nas montanhas,

a cordilheira dos Andes

e os picos �mpares
da Sierra Nevada de Santa Marta.

A apenas 42 km do mar,
estas eleva��es �picas

s�o as montanhas costeiras mais altas
do planeta.

Reza a lenda que estes picos
coroados de branco,

a tocar as nuvens, s�o as portas do c�u.

Mesmo hoje, os ind�genas
da Sierra Nevada de Santa Marta

honram estas cristas rochosas

como parte da sua devo��o � M�e Terra.

A sul da Sierra,
a majestosa cordilheira dos Andes

atravessa orgulhosamente a Col�mbia,
estendendo-se como os dedos de uma m�o.

As �guas jorram destas v�rtebras rochosas.

Resultam do degelo da neve
que caiu h� s�culos

e ficou compactada
para formar glaciares tropicais.

As vastas forma��es de gelo do El Cocuy

est�o entre as �guas mais antigas
da Col�mbia.

O condor sobrevoa estas p�rolas glaciais.

� a ave com maior envergadura de asa,
mais de tr�s metros.

O condor andino voa sem bater as asas.

Tira partido das correntes de ar quente
que ascendem da terra rochosa.

O condor pode viver at� aos 75 anos

e passa muito desse tempo
a patrulhar estas montanhas.

A sua popula��o diminui

� medida que o ser humano
invade o seu reino.

As condi��es adversas
afetam todos os animais.

Aqui, na alta montanha,

s� um f�lego separa a vida da morte.

Ao fim do dia,

a temperatura desce abruptamente,

muitas vezes, dos 23� para
temperaturas negativas, em poucas horas.

Quando o sol nasce,

a terra sob os picos gelados

desperta para revelar
uma gl�ria insuspeita.

Um processo extraordin�rio
em que a vida renasce.

O nevoeiro e as nuvens que passam

matar�o a sede de milh�es de pessoas.

Isto faz parte
da paisagem mais distinta da Col�mbia.

O p�ramo.

� o mais rico dos ambientes
de alta montanha no mundo.

A Col�mbia possui
mais de metade dos p�ramos do planeta.

H� mais de 700 tipos de plantas
�nicos nesta �rea.

O p�ramo � como uma esponja gigante.

Absorve o degelo dos glaciares
e atrai �gua das nuvens.

� um fen�meno chamado "condensa��o".

Aqui, em Chingaza,
os gigantescos frailejones,

verdes e prateados, cumprem a sua fun��o.

Cada folha tem uma fina penugem,

especialmente adaptada
para capturar humidade no ambiente.

Algumas plantas podem capturar
at� 40 % do seu peso em �gua.

As florestas e as plantas
respiram o orvalho do p�ramo.

As terras h�midas filtram a �gua
para a purificar.

E depois a esponja transborda
de �gua fresca.

Milhares de milh�es de litros
jorram das montanhas.

S�o os reservat�rios que infundem vida
nas cidades em maior expans�o da Col�mbia.

Cidades din�micas como Cali,

Medell�n, Bucaramanga ou Bogot�,

saciam a sua sede a partir desta fonte.

Milh�es de colombianos

bebem destas �guas sem ter consci�ncia

do milagre do p�ramo que as produz.

Mas este recurso n�o � ilimitado.

E a �nica forma de preserv�-lo
� protegendo os p�ramos.

Esta paisagem delicada
abrange apenas 2 % da Col�mbia,

mas fornece 70 %
de toda a �gua pot�vel do pa�s.

E a trag�dia � que os preciosos p�ramos

est�o a ser devorados
pelas exig�ncias agr�colas e industriais.

A perda destas terras
cortaria o suprimento de �gua

a milh�es.

Para l� dos p�ramos,

onde h� calor e humidade suficientes
para as �rvores crescerem,

a verdura luxuriante adorna as montanhas.

Nas encostas f�rteis crescem
bosques de n�voa

que transbordam de vida.

Um urso-de-lunetas, espet�culo raro,
descobre algum alimento.

� uma esp�cie em risco
e o �nico urso da Am�rica do Sul.

Trepa �s �rvores para comer fruta,
frutos secos e mel.

Este urso juvenil

precisa de toda a pr�tica poss�vel
a subir �s �rvores.

Nas zonas temperadas e verdejantes

vive uma criatura que simboliza a Col�mbia
mais do que qualquer outra.

Por todo o pa�s,

mais de 147 esp�cies de beija-flor
esvoa�am entre as flores.

Mais do que em qualquer outro lugar
na Terra.

V�o e v�m num piscar de olhos.

Dizem as lendas que s�o o sol disfar�ado,

enviado � Terra para seduzir a Lua.

Ou que voam longas dist�ncias,

apanhando boleias no dorso dos gansos.

A verdade n�o � menos surpreendente.

As suas asas batem
cerca de 60 vezes por segundo.

Podem visitar de 2000
a 5000 flores por dia.

Consomem o dobro do seu peso
para ganhar energia suficiente.

Como cada flor
� uma fonte preciosa de alimento,

h� que defender o territ�rio.

O vencedor fica com a flor preciosa.

O derrotado ter� de tentar a sorte
noutro lugar.

Mas, nas terras abundantes da Col�mbia,
as oportunidades s�o ilimitadas.

Na Col�mbia ocidental,
entre os Andes e o Pac�fico,

ficam as regi�es chuvosas
de Cauca e Choc�.

Estas encostas florestadas excecionais

foram declaradas
o lugar mais h�mido da Terra.

A previs�o do tempo para hoje:

chuva.

A humidade
ao longo da costa ocidental da Col�mbia

faz desta
a zona de maior biodiversidade do mundo.

Diz-se que em poucos dias
a caminhar pela floresta,

podemos encontrar
cerca de 1500 esp�cies de borboleta.

Muitas bebem do ch�o h�mido da floresta,

que est� ensopado
com l�quidos ricos em minerais.

Tamb�m se encontram
mais de 800 esp�cies de aves.

O manaquim
bate as suas asas 100 vezes por segundo,

emitindo um som semelhante ao canto.

Entretanto, os rabo-de-arame macho

competem entre si
para ver quem dan�a melhor.

Ser� a f�mea a decidir.

Esta estufa natural
tamb�m � perfeita para as orqu�deas.

T�o perfeita, que alberga mais esp�cies
do que qualquer outra parte do mundo.

No sub-bosque h�mido

encontra-se um dos animais
mais mort�feros do planeta.

A r� dourada venenosa,

o vertebrado mais temido do mundo.

T�o venenosa
que foi classificada hipert�xica.

Est� em perigo de extin��o

e s� se encontra na Col�mbia.

Para sermos mais precisos, s� aqui,
no muito chuvoso Choc�.

A sua cor dourada e brilhante

serve de aviso a poss�veis predadores.

A sua toxicidade

vem de uma dieta de formigas
e t�rmitas ligeiramente venenosas.

A sua l�ngua pegajosa funciona bem.

Por vezes, demasiadamente bem.

Especialmente se a formiga tiver
tempo para morder.

Depois de comer formigas suficientes
e extrair o seu veneno,

a pouco e pouco, a r� transpira
um superveneno pelas costas.

Suficientemente forte
para matar a maioria dos animais,

incluindo os seres humanos.

Outra criatura que vive
perto dos rios caudalosos de Choc�

tem ideias diferentes
sobre a forma de se defender.

Usa a luz do sol para aquecer os m�sculos

e poder escapar ao menor sinal de perigo.

Nesta selva,
o perigo espreita por todo o lado.

A velocidade e p�s palmados do basilisco

significa que a �gua n�o impede a fuga.

A riqueza criada pelas chuvas
sustenta os aspetos extremos da natureza.

Dentro desta cris�lida
est� uma das maiores

e mais coloridas criaturas da sua ordem.

� a borboleta morf�dia-azul.

O seu ciclo de vida,
incluindo o tempo como lagarta,

n�o dura mais do que quatro meses.

As chuvas do Choc� alimentam
rios que correm para ocidente,

pelas encostas abaixo.

Passam por aldeias,
ziguezagueando at� ao seu destino.

O Oceano Pac�fico, o maior do mundo.

Este grande reino oce�nico
� a estrada da baleia-corcunda.

Todos os meses de julho,
numa enseada secreta,

aqui no Parque Nacional de Utria, Choc�,

ecoa por estas �guas
a can��o mais invulgar do mundo.

� a can��o da baleia-corcunda

que migra das �guas frias
da pen�nsula Ant�rtica.

A guardar a entrada da enseada,
um jovem macho.

Enquanto o macho solit�rio canta,

chegam as baleias sob sua prote��o.

Uma m�e com a sua cria.

A ba�a torna-se uma sala de aulas.

Est� prestes a oferecer
uma experi�ncia inesquec�vel

a um grupo de observadores de baleias.

Hoje, a f�mea ensina � sua cria

o golpe de cauda.

N�o � uma tarefa f�cil para a cria,
que s� nada h� umas semanas.

Mas, com esta habilidade,

poder� limpar os micr�bios que tem na pele

e atordoar peixes para os apanhar.

Quando seguimos para norte em Choc�,

a chuva � mais contida
e a floresta menos densa.

Aqui, uma das �rvores oferece
uma del�cia especial

a um dos mam�feros mais peludos
e bizarros da Col�mbia.

A flor da mafumeira.

As flores ca�das n�o bastam
� pregui�a-de-tr�s-dedos.

Precisa de flores frescas
da copa da �rvore.

Viaja grandes dist�ncias,

lentamente, para chegar
a esta iguaria fresca.

Quando est� cheia,

dois ter�os do seu peso corporal
s�o do alimento.

O almo�o pode levar mais de um m�s
a ser digerido.

O seu aspeto engra�ado
faz delas uma presa rent�vel

para os traficantes de animais.

Um dos neg�cios il�citos em maior expans�o
na Col�mbia.

Como as pregui�as est�o
adaptadas especificamente

� vida selvagem,

as capturadas para servir de animal
de estima��o morrem quase sempre.

Esta pregui�a juvenil foi encontrada
doente e moribunda numa loja clandestina.

Vai ser libertada na floresta.

Voltar�, muito lentamente,

� selva a que pertence.

Esta pregui�a tem a sorte de viver
numa das florestas protegidas da Col�mbia.

Noutros lugares,
os habitats est�o a ser destru�dos.

No noroeste da Col�mbia,
s� resta 5 % da floresta original.

Um s�mbolo belo, mas tr�gico, desta perda

tornou-se um emblema da Col�mbia ex�tica.

S�o as grandes palmeiras-de-cera
de Quindio.

Crescem muito, algumas mais de 60 metros.

Mas s�o vulner�veis.

Outrora, fizeram parte
de uma variedade de �rvores altaneiras

no seio de uma floresta pr�spera.

A floresta desapareceu

e o mesmo suceder� em breve
a estas belas palmeiras.

O gado pasta constantemente neste terreno.

Sem a prote��o da floresta tropical,
as pl�ntulas n�o podem crescer.

Mas o gado significa alimento e dinheiro.

O que se pode fazer
para proteger o habitat florestal

produzindo alimentos ao mesmo tempo?

Numa gera��o,
estas sentinelas calmas e centen�rias

ter�o desaparecido todas.

Servem de alerta
para se salvar as florestas

antes que seja demasiado tarde.

Todos os anos, por toda a Col�mbia,

a biodiversidade �nica do pa�s
est� a ser destru�da.

Os rios Cauca e Magdalena,

que atravessam o centro
e o norte da Col�mbia,

exemplificam a destrui��o
do habitat natural.

S�o art�rias fluviais para a ind�stria

e ligam as cidades ao litoral do pa�s.

Florestas luxuriantes
ladeiam as suas �guas limpas.

Agora, as �rvores novas s�o queimadas
antes de poderem crescer.

As suas �guas s�o polu�das
por res�duos industriais e dom�sticos,

despejados sem regulamenta��o.

As suas margens reservadas
para monoculturas e opera��es mineiras.

Uma criatura min�scula, entre muitas,

aguentou a pior parte da desfloresta��o.

O saguim-cabe�a-de-algod�o.

S� vivem na Col�mbia,

em florestas
que outrora cobriam o noroeste.

Calcula-se que restem
menos de 2000 esp�cimes adultos na Terra.

Estes saguins s�o t�o raros

que a lei protege o seu habitat.

Essa � a boa not�cia.

A m� � que a lei est� a ser ignorada.

Os �ltimos retalhos de floresta

est�o a ser consumidos
pelo abate ilegal e pela agricultura.

A luta pela sobreviv�ncia
deste saguim � outra li��o urgente

para deter a destrui��o
dos habitats naturais.

Mas quando se perde o habitat,
perde-se o animal.

Quando se extingue uma esp�cie,
todos perdemos algo.

Para outra criatura ic�nica,

os meandros dos vales fluviais da Col�mbia

s�o as antigas estradas
que a levam ao seu terreno de ca�a.

Pode ser vista nas suas rondas

do sul dos Estados Unidos
ao norte da Argentina.

E a Col�mbia � o ponto central
do seu percurso,

um local chave para a sua preserva��o.

No topo da cadeia alimentar,

o jaguar, com o seu ar de leopardo
e comportamento de tigre,

� o maior felino das Am�ricas.

Outrora, vagueou livremente.

Agora, o seu territ�rio
est� reduzido a farrapos

e a ind�stria agr�cola
destr�i-lhe o habitat.

No entanto, come�a a surgir
uma nova consci�ncia.

As pessoas come�am a compreender
que esta criatura maravilhosa sobreviver�

se os seus caminhos forem protegidos.

Existe um plano para procurar,
criar e preservar caminhos

que atravessem toda a Col�mbia,
para que os jaguares do sul

se possam encontrar
com os seus companheiros do norte.

Para este animal continuar
como �cone da fauna colombiana,

h� que agir muito depressa.

A mand�bula do jaguar
� a mais forte dos felinos.

Podem matar com uma �nica mordedura

na nuca, perfurando o cr�nio da v�tima.

Esta presa basta a um jaguar esfaimado,

mas tem de a levar para local seguro

de modo a banquetear-se em privado.

A leste dos Andes

ficam Los Llanos,
parte da grande Bacia do Rio Orinoco.

LLANOS ORIENTAIS
ORINOCO

Estas vastas plan�cies aluviais,
rodeadas de picos majestosos,

s�o as grandes plan�cies da Col�mbia.

Cobrem mais de 30 %
da superf�cie terrestre do pa�s.

� uma das pradarias com maior
diversidade biol�gica no mundo.

� o lar do maior roedor do mundo,
a capivara.

E da maior cobra da Am�rica do Sul,
a anaconda.

H� cerca de cinco milh�es
de cabe�as de gado nesta regi�o.

Todos os anos, s�o arrebanhadas.

Pode ser uma altura muito agitada
para alguns animais.

Estes p�ssaros t�m bons motivos
para se preocuparem.

Um ninho subterr�neo

n�o � o s�tio mais seguro
durante uma debandada de gado.

Mas para as corujas-buraqueiras
faz parte da vida.

Assim que o macho se assegura
de que n�o h� perigo,

os pintainhos podem sair.

Sentir pela primeira vez

as plan�cies gloriosas e rasgadas
dos Llanos Orientais.

A vida n�o ser� f�cil
para estas corujas juvenis.

Nos pr�ximos meses, de janeiro a abril,

a vida tornar-se-� mais dura
para todos os animais da regi�o.

Os ventos mudaram de dire��o

e os ventos al�sios de nordeste,
que chegam das Cara�bas,

sopram pelas plan�cies orientais.

Sem montanhas que provoquem a chuva,

as savanas alagadas secam.

Durante a seca,

a natureza luta pela sobreviv�ncia.

Mas estes caim�es t�m um plano.

Enterram-se na lama

e entram num modo let�rgico
chamado estiva��o.

Praticamente im�veis,
utilizando muito pouca energia,

permanecer�o inativos
at� que a �gua regresse

e com ela o alimento.

Bem cedo de manh�, na esta��o seca,

em certas margens remotas
da Bacia do Orinoco,

pode ouvir-se um dos sons mais raros
e estranhos do planeta.

� o macho de uma das esp�cies de r�pteis
mais amea�adas do planeta.

Foi ca�ado
quase at� � extin��o pela sua pele.

Se fosse um crocodilo-do-Orinoco f�mea,

acharia este som irresist�vel.

Evidentemente, resultou.

O macho e a f�mea come�am a reconhecer-se

e rodeiam-se numa corte ritualizada.

O macho acabar� por virar a f�mea

e, barriga com barriga, submergir�o.

A f�mea deposita at� 40 ovos
debaixo da terra.

Ter�o de ficar em seguran�a
80 dias at� eclodirem.

Se n�o forem enterrados a profundidade
suficiente, os predadores detetam-nos.

O tei�-comum saboreia o ar
durante a sua busca.

Ap�s quase tr�s meses, a m�e regressar�.

Com a barriga encostada ao ch�o,

est� atenta aos sons de eclos�o.

O grito d�bil dos crocodilos pequeninos
chamar� a aten��o da m�e.

Ela escavar� para os ajudar a emergir.

Calcula-se que menos de 200 crocodilos
selvagens sobrevivam na Col�mbia.

Estes beb�s ainda t�m muito pela frente.

Esperemos que os ca�adores de peles
j� se tenham ido embora.

A esta��o seca continua.

As coisas pioram antes de melhorarem.

Por fim, chega a chuva.

Durante mar�o e abril,

o n�vel das �guas em certos rios
sobe at� oito metros, mais de 25 p�s.

A abund�ncia regressa.

Toda a natureza se deleita
com a chegada da �gua.

As �bis-escarlate re�nem-se
nos seus poleiros altos.

Esperam por insetos
perturbados pelo subir das �guas.

Ao cair da noite, a seca,
que certamente voltar� para o ano,

parece um sonho long�nquo.

A ocidente dos Llanos,

na Sierra de la Macarena,

o fim da esta��o seca

leva a um desabrochar
incrivelmente colorido.

O rio arco-�ris
� um tesouro �nico da Col�mbia.

Chamado Ca�o Cristales,

� para muitos o rio mais belo do mundo.

As �guas l�mpidas e cristalinas

destacam as cores vivas
das plantas aqu�ticas.

Pensa-se que a cor vermelha

protege a planta do sol equatorial.

Este espet�culo deslumbrante
dura pouco tempo.

Se a �gua � escassa, as plantas morrem.

Se chove demais, o rio cresce,

inundando esta gl�ria.

Mais para sul,

as �guas fluem obedientemente
para alimentar a m�e de todos os rios.

BACIA DO AMAZONAS

O rio mais longo do mundo
e da Am�rica do Sul.

� a bacia do Amazonas na Col�mbia.

O serpentear calmo das �guas
acaricia a floresta.

A floresta est� viva.

Um sapo-de-chifre-da-Amaz�nia
observa a atividade.

Os macacos-uivadores fazem jus ao nome.

Os macacos-lanudos
andam � cata de alimento.

Sendo a esta��o seca,

os macacos-esquilo procuram
sustento entre as folhas ca�das.

Mas h� algo inusitado no ar.

Ouve-se um rumor na selva.

A esta��o das chuvas chegou ao sul.

Os rios avolumam-se
na bacia colombiana do Amazonas.

As florestas s�o inundadas.

O ambiente transforma-se.

O rio e a selva tornam-se um s�.

Sob a superf�cie, aparece um novo mundo.

O que era floresta
� agora um rico habitat subaqu�tico.

O territ�rio da anaconda cresceu.

Os peixes t�m novos locais
para se alimentarem.

Entre eles, um ca�ador
a que se chama "tigre do rio",

o aruan�-prateado.

Este peixe de forma curiosa
mudou muito pouco

ao longo de 150 milh�es de anos.

Mas isso n�o � o mais estranho.

O macho cuida dos juvenis dentro da boca.

Talvez ainda mais invulgar
� a forma como o aruan� ca�a.

Viver numa �rvore n�o significa
que estejamos a salvo das suas mand�bulas.

Este grilo felizmente n�o imagina
o perigo que est� l� em baixo.

O aruan� tem um olho dividido

que lhe permite ver debaixo de �gua

e a superf�cie ao mesmo tempo.

Sabe-se que podem saltar
mais de dois metros

para capturar uma presa num ramo
ou numa liana pendente.

Nas florestas tropicais
das terras baixas da Col�mbia,

os grandes rios serpenteiam
� medida que o seu caudal aumenta.

As �guas enriquecidas
pelos res�duos org�nicos que desalojam

assumem uma cor castanho-escura
por causa das folhas.

A patrulhar as �guas escuras

est� uma criatura
que s� em lendas se pensava existir.

O maior dos golfinhos,

o raro boto-cor-de-rosa.

Tantos foram mortos por pescadores,

que agora est�o amea�ados.

Ca�am nas �guas turvas,

usando a ecoloca��o.

Havendo tantas hist�rias sobre eles,

outrora acreditava-se que este golfinho
era uma criatura m�tica.

Mas s�o prova viva da magia que existe

na Col�mbia selvagem.

A cada ano, surgem novas criaturas

para nos lembrarem que devemos tomar conta
dos territ�rios selvagens,

porque nunca se sabe o que escondem.

Em 2010,
foi descoberto um animal fant�stico

nas florestas densas
e impenetr�veis da Col�mbia.

� um mam�fero pequeno e t�mido,
completamente desconhecido pela ci�ncia.

O macaco titi de Caquet�...

... o macaco mais raro do mundo.

Pensa-se que s� existem 250...

... e apenas aqui, na Col�mbia.

Formam casais para toda a vida

e manifestam o v�nculo
entrela�ando das caudas.

Este casal envolve o seu filho
num abra�o familiar.

� um privil�gio espantoso
ver o precioso titi pela primeira vez.

N�o devia ser a �ltima.

Esta beleza rec�m-descoberta

prova que a vida selvagem colombiana
est� cheia de surpresas.

Mais uma raz�o para proteger
os seus territ�rios inexplorados.

E h� mais surpresas no mar.

Duas ilhas �nicas perto da costa pac�fica

t�m a sua hist�ria de sobreviv�ncia
para contar.

Malpelo e Gorgona.

Aqui, na ilha pac�fica de Gorgona,

a natureza est� a recuperar da morte.

H� menos de um s�culo,
a floresta foi abatida e queimada

para criar uma pris�o.

Entretanto fechou
e, agora, a ilha � um parque nacional

e as �rvores e a fauna est�o a regressar,

provando que a natureza recupera
se tomarmos as medidas adequadas.

Mais longe da costa,
na parte mais ocidental da Col�mbia,

a natureza ignora todas as regras.

N�o h� outro lugar como este.

A ilha de Malpelo � um monolito vulc�nico,

a 378 km da costa, no meio do nada.

Malpelo � uma pedra.

N�o devia sustentar a vida,

mas nela correm caranguejos e lagartos.

A vida existe aqui
gra�as aos dejetos de uma ave marinha.

O piqueiro de Nazca.

H� mais de 100 000 nesta ilha escarpada,

mais do que em qualquer outra parte
do planeta.

O ambiente in�spito
e a escassez de alimento

tornam a sobreviv�ncia implac�vel.

Os piqueiros podem ter
duas crias de cada vez,

mas um ser� cinco dias mais velho

e mais forte do que o outro.

O mais velho est� programado
para cuidar de si de forma dr�stica.

Enquanto os adultos observam,
matar� o seu irm�o mais d�bil.

Expulsando o irm�o do ninho,

garante que receber�
comida suficiente dos pais.

A segunda cria tornar-se-�
um jantar nutritivo para os caranguejos

e a vida continuar�.

Assim que a cria se livra
do irm�o ou da irm�,

os pais diligentemente do vencedor tenaz,
mas ternurento.

� a ap�lice de seguro da natureza.

Assim, em cada �poca de procria��o,
se o primeiro ovo n�o eclodir,

haver� sempre outro
para tomar o seu lugar.

Os piqueiros de Nazca que vivem em Malpelo
s�o prova viva da sabedoria da natureza.

Mais a norte, ao largo da costa caribenha,

fica um grupo de pequenas ilhas tropicais.

Uma, Providencia,
no arquip�lago de San Andres,

� o que se espera
de um para�so nas Cara�bas.

Salvo quando a noite cai.

Nessa altura, cuidado com os mortos-vivos.

Todos os anos, normalmente ap�s as chuvas,

o "caranguejo zombie",
melhor conhecido como caranguejo preto,

desce das colinas.

A sua miss�o � chegar � praia e p�r ovos

para que possam eclodir no mar.

Normalmente, os caranguejos
s�o uma iguaria local.

Mas, durante a migra��o,
as estradas est�o vedadas aos autom�veis

e os ciclistas andam com cuidado.

Os colombianos tentam
proteger os caranguejos

durante a �poca de procria��o.

E funciona.

Os caranguejos sobrevivem
e reproduzem-se aos milh�es.

� a sustentabilidade em a��o.

Alimenta��o para os seres humanos
e uma popula��o saud�vel de caranguejos.

Tantos caranguejos p�em tantos ovos

que, mesmo com a concentra��o
de predadores naturais,

sobreviver�o caranguejos suficientes
para a pr�xima gera��o.

Para l� das praias, nos recifes de coral
e reservas marinhas naturais,

a vida prospera sob as ondas.

No Pac�fico ao largo da Col�mbia,
perto do Equador,

a quantidade de criaturas marinhas
� espantosa.

O calor do sol equatorial
impele uma corrente rica em alimento

que cresce nas profundezas.

Cria uma das mais extraordin�rias

e �mpares cadeias da vida oce�nica.

Pargos, atuns, guaiubas e barracudas

dan�am � luz do sol.

� um teatro m�gico de luz e de vida.

De janeiro a abril,
a magia intensifica-se ainda mais.

Tem lugar a mais espetacular reuni�o
debaixo de �gua.

Centenas de tubar�es-martelo
surgem do Pac�fico profundo...

... num dos maiores ajuntamentos da Terra.

Alguns t�m ferimentos
e cicatrizes infetadas.

Por isso, abre-se um posto informal
de sa�de para os atender.

Os peixes-anjo e as r�moras

alimentam-se dos parasitas
nas zonas infetadas da pele do tubar�o.

� comida para eles e cuidados m�dicos
para os tubar�es-martelo.

� um exemplo maravilhoso
de como duas criaturas podem coexistir

e beneficiar uma com a outra.

Mais de quatro mil milh�es de anos
de evolu��o na Terra

e a natureza continua a manter
este equil�brio complexo e delicado.

H� mais de 15 000 anos,
chegou � Col�mbia um animal

que come�ou a alterar esse equil�brio.

Uma criatura curiosa

que caminha sobre duas pernas,
usa ferramentas e veio de �frica.

Vindos do norte,

a Col�mbia foi a primeira paragem
dos seres humanos na Am�rica do Sul.

Os ca�adores-recoletores viviam
nas florestas tropicais e orlas litorais.

Alguns constru�ram povoados permanentes.

Com a passagem dos s�culos,
com maior sabedoria e habilidade,

constru�ram grandes cidades
sobre planaltos de pedra.

Esta � uma das mais bem preservadas

e antecede o imp�rio inca.

Foi descoberta no princ�pio da d�cada
de 1970 e � um monumento � civiliza��o.

Durante quase 1000 anos,

esta constru��o �pica,

conhecida como a Cidade Perdida,

era o centro de todo o com�rcio
nas florestas do norte da Col�mbia.

Os descendentes dos primeiros ind�genas

ainda hoje sobrevivem,

vivendo em bolsas isoladas
nas florestas remotas...

... e na alta montanha.

Os primeiros colonos
instalaram-se na floresta,

transformando os rios em rotas comerciais.

Tal como hoje,

viviam perto dos lagos, lagoas
e orlas costeiras.

Prosperaram gra�as � �gua,
pescando para sobreviver.

Durante milhares de anos,

os colombianos viveram
em comunh�o com a natureza.

Mas com o tempo, a popula��o cresceu

e, com ela, as necessidades
e a gan�ncia do homem.

Os recursos naturais da Col�mbia

destinavam-se a saciar
a fome mundial pelo ouro,

pedras preciosas e exporta��es ex�ticas.

Grandes cidades e portos, como Cartagena,

ergueram-se para acolher
comerciantes e visitantes.

� medida que as vilas e cidades cresciam,

os seus habitantes consumiam
a riqueza da terra

e come�aram a contaminar
as �guas dos rios e dos mares.

E continua a acontecer hoje.

Poluem os rios
e transformam as florestas em desertos.

As terras selvagens da Col�mbia,
�nico lar da vida selvagem,

est�o a ser saqueadas.

A fome de ouro, carv�o, esmeraldas,

petr�leo, caf�, arroz, palmito,

soja e a��car parece impar�vel.

Cada ind�stria deixa cicatrizes
na paisagem.

E manchas nas �guas.

A destrui��o de habitats originais
� irrevers�vel.

As selvas, pantanais e rios,

lar de todas as plantas
e criaturas da Col�mbia,

est�o a ser destru�dos.

Os humanos levam mais do que o que d�o.

Mas nem tudo est� perdido
em certas partes da Col�mbia.

Por todo o pa�s,
h� agora 59 �reas protegidas,

mais de metade do territ�rio,
cada uma delas um parque nacional.

Ser�o preservadas para todos, para sempre.

Nelas, a paisagem
e a vida selvagem s�o a prioridade.

Um destes parques
excede a imagina��o de qualquer um.

� o segredo mais bem guardado
da Am�rica do Sul.

E o cora��o desconhecido da Col�mbia.

Chama-se Chiribiquete.

E serve como lembran�a
da natureza primitiva da Col�mbia.

Neste ref�gio virginal,

abunda a vida selvagem
e pensa-se que a� vivem tribos isoladas.

� verdadeiramente um mundo perdido.

Orgulhosamente elevadas acima de tudo
est�o as grandes torres rochosas,

as mesas dos deuses, chamadas "Tepui",

talhadas na rocha mais antiga da Terra.

Ningu�m sabe o que aguarda a descoberta,

aqui, no cora��o desconhecido da Col�mbia.

� o ecossistema mais inexplorado
do planeta.

Agora, coisa que ningu�m esperava,

as pedras de Chiribiquete falam connosco.

Escrita nas pedras
est� uma mensagem do passado,

em pinturas cor de sangue.

Com mais de 20 000 desenhos,

o primeiro grande templo de arte americana

envia uma mensagem de preserva��o
atrav�s dos s�culos.

As pessoas que aqui viveram

deixaram um testemunho pict�rico
da sua admira��o e respeito pela natureza.

As suas imagens mostram-nos
que os seres humanos n�o est�o destinados

a destruir o mundo.

A mensagem � universal.

Devemos cuidar do mundo que herd�mos.

Foi-nos confiada a prote��o
de todos os seres vivos do planeta.

As criaturas m�gicas
que vivem na Col�mbia selvagem

s�o prova de que n�o � tarde para agir.

O condor e o beija-flor devem continuar
a adornar o c�u limpo da Col�mbia.

As grandes raias e baleias

devem ser livres de nadar
em oceanos limpos.

Os rios impolutos devem correr
para os golfinhos...

... peixes...

... e todos os que bebem das suas �guas.

As florestas devem ser protegidas.

Novas florestas devem ser criadas
para os macacos amea�ados

e animais preciosos
que t�m o seu lar na selva.

Para o bem de todos os seres,

as terras selvagens da Col�mbia
devem ser protegidas.

Lutar para preservar a terra do jaguar,

em prol de todas as criaturas que chamam
casa a este pa�s maravilhoso...

... � o dever de todos,
de cada colombiano.

Cabe-nos deter e inverter
os estragos causados aos nossos recursos.

A verdadeira riqueza da Col�mbia
est� na natureza:

�gua, biodiversidade e paisagem.

Eduquemos as crian�as para protegerem a
fauna, a flora e ecossistemas da Col�mbia.

Paremos de poluir os nossos rios,
ravinas e mares.

A �gua de que dependemos nasce nos p�ramos
e florestas e plan�cies. Protejamo-las.

Criemos novas �reas protegidas
em cada prov�ncia, sem exce��o.

Aprendamos a reciclar e eliminar
os res�duos que produzimos, devidamente.

Promovamos a pesca respons�vel

e desencorajemos
tr�fico de esp�cies protegidas.

O beija-flor, a r� dourada venenosa,
o crocodilo,

o titi e o jaguar
precisam de n�s para sobreviver.

Eis a Col�mbia como nunca a viu antes.

"N�o herd�mos a terra,
pedimo-la emprestada aos filhos."

Os lucros deste filme
ir�o para a Funda��o Exito

e para Gen Cero, que combate
a desnutri��o infantil na Col�mbia.

Um agradecimento especial aos 41 000
colaboradores do Exito Group.

Legendas: Jorge M Machado